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ALVES DE LIMA Luiz, A iniciação cristã ontem e hoje in Revista de Catequese 32 (2009) nº 126, abril-junho, pp. 06 – 22. Parte
desse material já foi apresentado por esse mesmo autor na II Semana Brasileira de Catequese (8-12 de Outubro de 2001) e
publicado como Memória do catecumenato na História in CNBB, Segunda Semana Brasileira de Catequese. São Paulo: Paulus
2002, pp. 229-244 (com bibliografia). Estudos da CNBB 84.
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Cf Ad Gentes 14; Presbiterorum Ordinis 2; Sacrosanctum Concilium 71.
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“Na Igreja primitiva catecumenato e iniciação aos sacramentos do batismo e da eucaristia se identificavam” (CT 23).
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FLORESTÁN Cassiano, Catecumenato: história e pastoral da iniciação. Petrópolis: Vozes 1995, pg. 30.
5
Cf apresentação e críticas em FLORISTÁN C., Catecumenato: história e pastoral da iniciação, pp. 137-140; ALBERICH E.,
Formas e modelos de Catequese de Adultos. São Paulo: Editora Salesiana 2000, pp. 59-60.
6
Cf apresentação e críticas em FLORISTÁN C., Catecumenato: história e pastoral da iniciação, pp 140-143.
7
ZORZI Lúcio, Catecumenato Crismal: gente em busca de algo mais. 15a. ed. São Paulo: Paulinas 2008, 224 pp.; ID., Uma
proposta para o Rica simplificado. São Paulo: Paulinas 2009, 88 pp.
8
Cf FANTINI Giuliano – Marilene Sabarense, Uma experiência Catecumenal com Adultos em Volta Redonda in Revista de
Catequese 32 (2009) nº 127, julho – setembro, pp.
9
Cf apresentação em MASUERO Lívio, Discipulado Católico adulto in Revista de Catequese 29 (2006) nº 116, outubro-
dezembro, pp. 44-60.
10
Cf apresentação em MOREIRA John Cléber Hood, Uma experiência catequética com o RICA in Revista de Catequese 29
(2006) nº 116, outubro-dezembro, pp. 61-64.
11
Cf apresentação em MICHELETTI Guillermo Daniel, A paróquia hoje e o desafio da evangelização e da catequese in Revista de
Catequese 30 (2007) nº 117, janeiro-março, pp. 35-42; ID., Itinerário catequético paroquial de inspiração catecumenal in Ibid.
32 (2009) nº 127, julho – setembro, pp.
12
Apresentação em HAENRAETS Paulo, Iniciação na fé e catequese familiar in Revista de Catequese 31 (2008) nº 123, julho-
setembro, pp. 44-52.
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10. Experiência de Campinas, SP (Pe. Antonio A. M. Busch ); 11. Catecumenato Crismal:
Chapecó, SC (D. Manoel João Francisco 14).
Com relação a diretrizes diocesanas concretas nessa linha catecumenal, podemos citar: 1.
Experiência do Regional Leste I (RJ) com suas Diretrizes para Iniciação Cristã da Arquidiocese
15
; 2. Diretório Diocesano de Catequese de Umuarama (PR) 16; 3. Orientações para a iniciação
cristã de adultos: ad experimentum da Arquidiocese de Curitiba 17; 4. Por uma mobilização
bíblica Nacional (Dom Orlando Brandes 18)
A CNBB, repercutindo o Diretório Nacional de Catequese e, sobretudo, Aparecida,
tomou como tema prioritário da Assembléia de 2009 esse tema, que está se tornando central em
sua vida hoje 19; retornará possivelmente em Assembléias futuras. E é esse também o tema de
nossa III SBC.
Aqui, faremos primeiro uma abordagem histórica da Iniciação Cristã e em segundo
lugar, uma apresentação dos Documentos Eclesiais que urgem hoje a retomada do catecumenato
em suas várias formas.
Ä (a partir desse momento pode-se seguir a palestra pela Revista de Catequese 32
[2009] nº 126, julho-set., pp. 9 – 21, com os acréscimos que se seguem)
20
Este documento está publicado em SCALA, A formação iniciática de catequistas in Revista de Catequese 31 (2008) nº 123,
julho-setembro, pp. 53 ss.
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perspectivas as conhecidas categorias do ser, saber conviver, saber e saber fazer do catequista;
insiste na vida interior, comunitária, de oração, litúrgica e mariana.
1. Introdução
O tema da iniciação cristã é conseqüência da caminhada da Igreja nesses últimos anos e é
tão urgente que foi escolhido como tema prioritário da 47a. Assembléia Geral da CNBB de 2009.
Logo ficou claro que não se trata só de iniciação cristã, como tradicionalmente se diz, mas sim
de “iniciação à vida cristã”. Essa expressão procura traduzir a comunicação de uma fé que não se
reduz à intimidade com Jesus Cristo, mas que tenha reflexos e influências vitais na própria
existência, levando à participação da comunidade, que no seu conjunto, deve dar Testemunho do
Evangelho 21.
Para elaborar o esquema fundamental do texto, a comissão para isso nomeada 22, entre
tantas possibilidades, tomou como ponto de partida o insistente pedido de Aparecida: “Impõe-se
a tarefa irrenunciável de oferecer uma modalidade [operativa!] de iniciação cristã, que além de
marcar o que, dê também elementos para o quem, o como e o onde se realizam. Dessa forma,
assumiremos o desafio de uma nova evangelização, à qual temos sido reiteradamente
convocados” (nº 287). Acrescentando-se mais dois elementos (por quê? e para quem?), nosso
texto ficou estruturado com esses 5 capítulos:
I – Iniciação à vida cristã: por quê? - Motivações
II – Iniciação à vida cristã: o que é? – Natureza
III – Iniciação à vida cristã: como? - Metodologia
IV – Iniciação à vida cristã: para quem? – Destinatários - Interlocutores
V – Iniciação à vida cristã: com quem? onde? – Agentes e Lugares.
Embora sejam categorias marcadamente distintas, entretanto elas se completam e estão
intimamente relacionadas. Assim sendo, por vezes, ao tratar de uma delas, já se começa a falar
da outra e vice-versa, como fica evidente no I capítulo. Pode parecer repetitivo, mas são
realidades que não podem ser tratadas sempre independentes entre si.
21
Esse tema está aprofundado por LELO, Antonio Francisco, A Iniciação Cristã: catecumenato, dinâmica sacramental e
testemunho. São Paulo: Paulinas 2005 (tese de doutoramento).
22
Foram esses os membros nomeados: Bispos: Dom Eugène Lambert Adrian Rixen (Presidente), Dom Manuel João Francisco,
Dom Tarcísio Scaramussa, sdb, Dom Carlos Verzelleti. Assessores: Pe. Videlson Telles de Meneses (posteriormente
substituído pela Profª. Maria Cecília Rover), Ir. Zélia Maria Batista, cf, Pe. Luiz Alves de Lima, sdb, Pe. Domingos Ormonde
(posteriormente substituído pelo Ir. Israel José Nery, fsc), Profª. Therezinha Motta Lima Cruz, Ir. Marlene dos Santos, cf, e
Sra. Maria Ângela Zoldán Guenka. Cf. CNBB - PRESIDÊNCIA, Carta de 30 de Setembro de 2008. SG - C - no. 0865/08, assinada
pelo Secretário Geral, Dom Dimas Lara Barbosa. Dois outros membros nomeados não participaram.
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Após reflexões e decisões da comissão encarregada de elaborá-lo, o texto foi redigido por
cinco pessoas diferentes 23. A seguir tentou-se unificar a redação num único estilo e assim,
retornou à comissão que o reviu, corrigiu, complementou e documentou.
O texto, discutido e emendado durante a Assembléia, passou por diversas outras
correções posteriores e está sendo publicado na coleção Estudos da CNBB e lançado nessa III
Semana Brasileira de Catequese. Não dando tempo de, nesta palestra, apresentar todo o
documento, me restrinjo aos capítulos II e III.
23
Para a primeira redação, o cap. I foi elaborado por Therezinha Lima Motta Cruz; o II pelo Pe. Luiz Alves de Lima, sdb; o III
pelo Pe. Domingos Ormonde, com complementação de Dom Manuel João Francisco e Maria Ângela Zoldán Guenka; o IV por
Ir. Marlene Santos, cf; e o V pelo Ir. Israel José Nery.
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CNBB- GRECAT, Com adultos, catequese adulta: texto base elaborado por ocasião da 2ª Semana Brasileira de catequese-
Estudos da CNBB 80. São Paulo: Paulus 2001, nos 102-103.
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transformadora, que nos precede e nos cumula com os dons divinos em Cristo 25. 2) Esta obra
divina se realiza na Igreja e pela mediação da Igreja. Como corpo de Cristo, coloca os
fundamentos da vida cristã e principalmente incorpora a Cristo os que estão sendo iniciados
pelos sacramentos da iniciação. Não é iniciação a um movimento ou escola de espiritualidade,
embora possam ajudar muito. 3) Este dom de Deus realizado na e pela Igreja tem um terceiro
elemento: requer a decisão livre da pessoa. No processo ou itinerário de iniciação a pessoa é
envolvida inteiramente em todas as esferas e dimensões do ser. O fracasso ou falta de
perseverança no caminho da fé se deve, muitas vezes, à falta deste envolvimento total dos
iniciandos. 4) Por fim, a iniciação cristã é a participação humana no diálogo da salvação. É na
iniciação cristã que a pessoa começa a fazer parte da História da Salvação.
25
“A iniciação cristã, em seu significado mais profundo, é sobretudo ação interior e transformadora operada por Deus por meio
dos sacramentos do batismo, da confirmação e da eucaristia”. (Emílio Alberich, Catequese Evangelizadora p 154). Muitas
vezes a catequese, em vez de iniciação, transforma-se em ensinamento doutrinal ou processo de socialização (cf Ib.)
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primeira característica essencial é o seu caráter cristocêntrico e gradual. Está a serviço de quem
decidiu seguir Jesus Cristo e busca a conversão (cf DGC 89).
O catecumenato é uma função vital da Igreja. Sua responsabilidade é de toda a
comunidade cristã. Todo o processo é impregnado do mistério da Pascal. É lugar privilegiado de
inculturação, onde são acolhidas na Igreja as “sementes da Palavra” presentes nas pessoas e nas
culturas. Garante uma formação intensa e integral, está vinculado a ritos, símbolos e sinais, e
está em função da comunidade cristã.
O processo catecumenal, de acordo com o RICA, é organizado em quatro tempos
(períodos ou fases) e em três grandes celebrações ou etapas, das quais participam membros da
comunidade, parentes e amigos.. A palavra “etapa” aqui significa chegada e conclusão de um
período (tempo) e passagem para o seguinte: são momentos fortes marcados por uma celebração
específica lançando o catecúmeno para o tempo seguinte. Como se vê no quadro abaixo, por
exemplo, embora a celebração dos sacramentos seja um sinal forte na caminhada, esta etapa não
é o fim do processo (como comumente fazemos na atual catequese), mas é a “porta” que se abre
para a catequese mistagógica, que vai aprofundar a educação para a vivência do mistério:
O texto descreve com detalhes, cada um dos quatro tempos com suas etapas, fazendo
sempre a distinção entre catecúmenos (não batizados) e catequizandos (já batizados) e entre
esses, os que se encaminham para a primeira comunhão eucarística e confirmação, ou apenas
para a confirmação. São eles:
ESQUEMATICAMENTE:
Pré-catecumenato (1º tempo)
Rito de admissão ao catecumenato (1ª etapa)
Catecumenato (2º. Tempo)
Celebração da eleição ou inscrição do nome (2ªetapa)
Purificação e iluminação (3º. Tempo)
Celebração dos sacramentos da iniciação (3ª etapa)
Mistagogia (4º Tempo).
QUADRO GERAL DA INICIAÇÃO CRISTÃ: tempos, etapas, conteúdos...
de Iniciação : Vigília
Sacramentos
Preparação para os
Candidatos
1° TEMPO
2° TEMPO 3° TEMPO 4° TEMPO
Celebração dos
Pré-
Catecumenato Purificação e Mistagogia
sacramentos
Catecumenato
(tempo mais longo Iluminação (tempo
ou Primeiro
(eleição)
(querigma)
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Nas etapas (celebrações de passagem de um tempo para o outro) são feitas as entregas
que representam os compromissos que vão sendo assumidos, como acontece na entrega da
Palavra de Deus, do símbolo da fé (o Credo) e da oração do Senhor (o Pai Nosso). Elas
representam também a herança da fé que é passada aos novos cristãos. Outros rituais vão
acompanhando o processo: a unção, os exorcismos e os escrutínios.
Apresentam-se também características complementares do catecumenato, como a atenção
à formação integral e vivencial, a dimensão orante, a prática da caridade e a renúncia de si
mesmos. Para isso a catequese deve ir além do conhecimento de verdades e preceitos através da
dimensão bíblica, orante, celebrativa, e relacionar-se profundamente com o ano litúrgico. Há
também o acompanhamento dos introdutores, a contribuição dos padrinhos e membros da
comunidade, a participação gradativa nas celebrações da comunidade e estímulo ao testemunho
de vida. Entre catequese e liturgia deve haver íntima cooperação: elas se reforçam mutuamente
no processo catecumenal.
É um modelo inspirador, aberto a adaptações. Em muitos lugares já há experiências que
estão pondo em prática o espírito catecumenal da iniciação cristã, com criatividade e adaptação.
É um modelo deve ser estudado e aplicado na medida do possível, na ação normal da Igreja: não
é restrito a alguns grupos, movimentos, e nem é só para situações especiais ou excepcionais...
Ressalta-se que esse processo, seriamente assumido, traz grande renovação e qualidade para a
vida paroquial.
A importância que se dá à dimensão orante-ritual-celebrativa não pode deixar esquecidos
outros aspectos da pastoral.
Não se pode implantar um processo com esse nível de exigência sem a correspondente
preparação e contínua reflexão e revisão de vida dos agentes, de todos os níveis, e sem uma
grande atenção à qualidade do testemunho da comunidade inteira. Um catequista que não passou
pelo processo catecumenal dificilmente irá desenvolvê-lo eficazmente.
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Conclusão Geral
Falando de Iniciação à Vida Cristã, estamos falando da missão, da formação de
discípulos missionários, estamos dando resposta aos grandes apelos da Igreja principalmente
nestas últimas décadas. Esse tema está profundamente relacionado com a questão do Primeiro
Anúncio, do Querigma, que, no esquema catecumenal é o primeiro passo (chamado pré-
catecumenato). Relaciona-se também com o tema da formação presbiteral (cujo documento a
47a. Assembléia da CNBB aprovou em abril passado) e da formação de catequistas. Somos os
primeiros iniciados na fé, para podermos iniciar nossos irmãos. Do contrário, seremos excelentes
executivos de uma multinacional chamada Igreja Católica, agência de serviços religiosos, e não
apóstolos-missionários...
Está também relacionado com tudo o que diz respeito à maior compreensão da Palavra de
Deus, a leitura orante da Bíblia, o tema do Sínodo de 2008. Como iniciar na fé a não mediante as
Sagradas Escrituras?
Grandes temas que vivemos em nossa vida eclesial recente, fazem-se presentes na
Iniciação à Vida Cristã, como a dimensão comunitária de nossa fé (pois iniciação cristã só se faz
em comunidade e para a comunidade eclesial), a interação entre fé e vida, tão presente em nossa
tradição catequética recente, o testemunho do Evangelho no dia a dia, a dimensão sócio-
transformadora, a opção evangélica pelos pobres... Como dizia acima falar das CEBs, se hoje
redescobrimos o documento Ad Gentes por causa de seu impulso missionário mais explícito,
acentuamos mais a dimensão místico-espiritual na comunicação da fé, de maneira nenhuma
queremos deixar de lado o profético documento Gaudium et Spes... inspirador dos documentos
de Medellín, que Aparecida revisitou!
Tem importância a Iniciação à Vida Cristã? É um tema prioritário? Essa proposta não é
nossa. Estamos até, de certo modo, chegando um pouco atrasados, como Igreja no Brasil, com
relação a outros episcopados que já assumiram a Iniciação à Vida Cristã há tempo: é o apelo hoje
por toda a Igreja. Também em nível acadêmico é um tema muito pesquisado, promovem-se
estudos, congressos, assembléias, semanas em torno da Iniciação tanto em países de velha
cristandade, como na Europa, como na África e Américas (a nossa III Semana Brasileira de
Catequese é prova disso).
Pode parecer que estejamos ressuscitando fórmulas antigas... Revisitar o passado, ou os
inícios da Igreja, é premência de nossos tempos, é conscientizar-se do descompasso entre
algumas estruturas herdadas do regime de cristandade (por ex.: uma catequese concebida como
aprendizado doutrinal em vista de um sacramento), e corajosamente, como pede Aparecida,
buscar novos e mais eficazes caminhos. Com relação ao catecumenato, não é importante a
estrutura, tal como nos apresenta o RICA, mas sim a inspiração catecumenal. Catequese de
inspiração catecumenal significa uma catequese mais aderente à Palavra de Deus, mais orante,
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mais celebrativa, que, sem deixar a linguagem racional e doutrinal da fé, usa também e sobretudo
a linguagem simbólica, em seus vários níveis. Mistério não se explica: contempla-se!
É preciso entender que catequese, tal qual nós a entendemos e praticamos hoje, não é
sinônimo, automaticamente, de Iniciação à Vida Cristã. O processo iniciático (e aqui estamos
falando do modelo catecumenal) é muito mais amplo que a catequese. Tomada como momento
do ensino, do aprofundamento no mistério de Cristo Jesus, a catequese é um tempo, um momento
do catecumenato... o mais longo, sim, mas envolvido por outras tantas intervenções da
comunidade cristã, que, pela oração, pelos gestos, pela pedagogia da fé vai gestando seus novos
filhos.
Daí a complexidade desse novo paradigma, daí a necessidade de multiplicar os
ministérios: é impossível e impraticável uma iniciação à vida cristã conduzida só pelo tradicional
catequista. O cap. V do documento Iniciação à Vida Cristã se estende na descrição dos vários
ministérios aí implicados, principalmente os litúrgicos, o ministério ordenado (diáconos,
presbíteros e bispos!), a pastoral familiar, a animação bíblica, etc. Em termos de organização da
catequese, o documento pede que se acabe com as coordenações de preparação para Batismos,
de preparação para a Primeira Comunhão Eucarística e para a Crisma e se crie uma única
“coordenação dos sacramentos da iniciação”!
Conseqüentemente, a Iniciação à Vida Cristã bem conduzida, irá mexer com toda a
estrutura paroquial, e até diocesana! Os que a tem colocado em prática são concordes em
afirmar que o processo da Iniciação Cristã traz benefícios não só aos catequizandos e
catecúmenos, mas a toda a comunidade! E se não podemos mudar tudo de uma vez... podemos ir
aos poucos... Programar, por exemplo, o calendário catequético conforme o ritmo do Ano
Litúrgico e não do Ano Escolar... já é um bom começo: desescolarizar a catequese! Não se trata
de negar o passado, mas de revigorar o presente.
Com relação aos não batizados e aos já batizados: o RICA, que é um livro litúrgico a ser
descoberto em primeiro lugar pelos ministros ordenados (alguns catequistas já estão se
familiarizando com ele... ao menos com o nome!) propõe o processo catecumenal paradigmático
em seu I capítulo, ou seja, para adultos não batizados. Os demais capítulos contemplam as outras
situações e propõe a mesma dinâmica, tratando-se de completar a iniciação batismal com a
Eucaristia e/ou a Crisma. O que precisamos fazer também é recuperar a unidade dos três
sacramentos. No início havia um só sacramento da iniciação (cada um com sua especificidade!);
mas é o conjunto e a unidade dos três sacramentos que realizam a plena iniciação à vida cristã.
Muitas são as exigências na implantação desse novo (e tão antigo!) paradigma! Desafia-
nos a formação dos presbíteros, dos introdutores, catequistas, padrinhos... da comunidade! Se é
verdade que Deus nos fala pelos acontecimentos e pelos sinais dos tempos... levar a sério, apesar
das dificuldades, a Iniciação à Vida Cristã, é para nós apelo do Espírito! Ouçamos sua voz!
Amém
Itaici (SP), 07 de Outubro de 2009 – III Semana Brasileira de Catequese – Na. Sa. do Rosário!
Pe. Luiz Alves de Lima, salesiano, é doutor em Teologia Pastoral Catequética, assessor de catequese na
CNBB e CELAM, membro fundador da SCALA, conferencista, professor e membro da diretoria no Campus Pio XI
do Centro Universitário Salesiano de São Paulo, nas PUCs de Curitiba e de Goiânia, e no Instituto Teológico
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Latino-Americano (ITEPAL) de Bogotá; editor e redator da Revista de Catequese; redator do Diretório Nacional de
Catequese e participante da equipe que elaborou o Estudo da CNBB Iniciação à Vida Cristã.
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