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Aula 04

Direito Processual Penal p/ Polícia Civil-CE - Escrivão e Inspetor (com videoaulas)

Professor: Renan Araujo

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Direito Processual Penal PC-CE (2014)
ESCRIVÃO E INSPETOR DE POLÍCIA
Teoria e exercícios comentados
Prof. Renan Araujo Aula 04

AULA 04: LEI DE INTERCEPTAÇÃO DAS


COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS (LEI 9.296/96).

SUMÁRIO PÁGINA
Apresentação da aula e sumário 01
I – Lei de Interceptação das Comunicações 02
Telefônicas (Lei 9.296/96)
Questões para praticar 14
Questões comentadas 23
Gabarito 46

Olá, meus amigos concurseiros!

Hoje vamos estudar a Lei de Interceptação das Comunicações


Telefônicas (Lei 9.296/96).
Trata-se de uma lei pequena, com poucos artigos, mas que possui
algumas polêmicas sobre as quais o STF já se manifestou e que podem
cair na prova!
Na aula de hoje, excepcionalmente, trabalharemos também
com questões no formato “certo ou errado”, pois a Banca que
melhor explora esta matéria é o CESPE, de maneira que analisar tais
questões irá fortalecer nossa preparação!

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Bons estudos!

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I – LEI DE INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS
(LEI 9.296/96)

A primeira coisa que temos que ter em mente quando iniciamos o


estudo desta lei é que ela tem por finalidade regulamentar um
dispositivo da Constituição Federal que é um dos pilares de um
Estado verdadeiramente Democrático de Direito: O direito à privacidade.

Vejamos o que diz o artigo 5º, XII da CRFB/88:

Art. 5º (...)

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas,


de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de
1996)

Por sua vez, o art. 1º da Lei 9.296/96 estabelece que:

Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza,


para prova em investigação criminal e em instrução processual penal,
observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da
ação principal, sob segredo de justiça.

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Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de


comunicações em sistemas de informática e telemática.

No entanto, o que seria “interceptação de comunicações


telefônicas”? Esse termo significa a captação de conversas realizadas
por meio telefônico, entre TERCEIROS, e ocorre quando NENHUM
DOS INTERLOCUTORES TEM CIÊNCIA DA GRAVAÇÃO DA
CONVERSA.

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Não podemos confundir “interceptação de comunicações


telefônicas” com escuta telefônica e gravação telefônica. A
primeira é medida de exceção, mas autorizada em alguns casos. As duas
últimas seguem regramentos distintos.

Quanto à ESCUTA TELEFÔNICA, é a modalidade na qual um dos


interlocutores tem ciência da gravação, que é feita por TERCEIRA
PESSOA. À semelhança da interceptação telefônica, só é admitida
mediante autorização judicial.

Já a GRAVAÇÃO TELEFÔNICA é a modalidade na qual um dos


interlocutores realiza a gravação da conversa, ou seja, não há a
participação de terceiros. É considerada prova LÍCITA (STJ: RHC
19136/MG 2007, Rel. Min. Félix Fischer).

Muito se questiona, ainda, a respeito das chamadas


INTERCEPTAÇÕES AMBIENTAIS (Que incluem a interceptação
ambiental estrito sensu, a gravação ambiental e a escuta ambiental).

Primeiramente, temos que saber o que é uma “comunicação


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ambiental”. Uma comunicação ambiental é aquela realizada


pessoalmente, e não através de qualquer aparelho de
transmissão.

Assim, uma gravação ambiental, por exemplo, seria uma gravação


feita por um dos interlocutores da conversa, sem o conhecimento do
outro.

Os Tribunais Superiores aplicam as mesmas regras da


interceptação telefônica às interceptações ambientais. Vejamos:

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Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRAVAÇÃO AMBIENTAL


FEITA POR UM INTERLOCUTOR SEM CONHECIMENTO DOS OUTROS:
CONSTITUCIONALIDADE. AUSENTE CAUSA LEGAL DE SIGILO DO CONTEÚDO DO
DIÁLOGO. PRECEDENTES. 1. A gravação ambiental meramente clandestina,
realizada por um dos interlocutores, não se confunde com a interceptação,
objeto cláusula constitucional de reserva de jurisdição. 2. É lícita a prova
consistente em gravação de conversa telefônica realizada por um dos interlocutores,
sem conhecimento do outro, se não há causa legal específica de sigilo nem de reserva
da conversação. Precedentes. 3. Agravo regimental desprovido.
(AI 560223 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em
12/04/2011, DJe-079 DIVULG 28-04-2011 PUBLIC 29-04-2011 EMENT VOL-02511-01
PP-00097 LEXSTF v. 33, n. 388, 2011, p. 35-40)

CUIDADO: O STF já decidiu (HC 81154/SP) que interceptações


telefônicas realizadas antes da vigência da Lei são PROVAS ILÍCITAS, e
geram a nulidade do processo, se foram a única prova sobre a qual se
fundamentou a sentença condenatória.

É bom lembrar que a interceptação de comunicação telefônica é


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medida excepcional, por representar enorme invasão na esfera de


privacidade das pessoas, de forma que todo processo em que haja esse
tipo de prova deverá tramitar em SEGREDO DE JUSTIÇA. Os Tribunais,
contudo, entendem que é possível a divulgação das conversas em alguns
casos, notadamente quando houver “justa causa” (Que ninguém sabe
precisar exatamente o que é).

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O art. 1º da Lei fala, ainda, em “Juiz Competente”. Juiz competente
seria aquele que teria atribuição para, em tese, processar e julgar a ação
penal futura ou em curso.

Mas e se for autorizada por Juiz incompetente? Neste caso,


teremos uma prova ilícita e, portanto, não poderá ser utilizada no
processo.

CUIDADO MASTER! O STF entende que se a incompetência do Juízo


que decretou a medida somente foi reconhecida em razão de fatos cujo
conhecimento é posterior à decisão judicial, aplica-se a TEORIA DO
JUÍZO APARENTE, ou seja, o Juízo que decretou a medida não era, de
fato, competente, mas considerando-se apenas os fatos conhecidos à
época da decisão, ele era o Juízo aparentemente competente.

Vejamos o seguinte julgado do STF:

(...) 7. Quanto à celeuma acerca da determinação da quebra de sigilo pelo Juízo


Federal de Itaperuna/RJ, que foi posteriormente declarado incompetente em
razão de ter sido identificada atuação de organização criminosa (art. 1º da
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Resolução Conjunta n. 5/2006 do TRF da 2ª Região), há de se aplicar a teoria


do juízo aparente (STF, HC 81.260/ES, Tribunal Pleno, rel. Min. Sepúlveda
Pertence, DJ de 19.4.2002). 8. Ordem denegada, cassando a liminar deferida.

(HC 110496, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em


09/04/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-238 DIVULG 03-12-2013 PUBLIC 04-12-
2013)

O art. 2º da Lei estabelece algumas restrições à autorização de


interceptações telefônicas. Vejamos:

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Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas
quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:

I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração


penal;

II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;

III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com


pena de detenção.

Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a


situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos
investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada.

Assim, presente qualquer das situações acima narradas, não se


poderá admitir a interceptação telefônica. A contrario sensu, podemos
dizer que as condições para a autorização de interceptações telefônicas
são as seguintes (CUMULATIVAS):

 Haver indícios razoáveis de autoria ou participação em infração penal

 A prova não puder ser feita por outros meios

 O fato investigado deve ser punido com pena de reclusão

 A situação objeto da investigação deve ser descrita com clareza, com


a qualificação dos suspeitos, SALVO SE ISSO FOR IMPOSSÍVEL

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Desta forma, não é possível, por exemplo, a autorização de


interceptação telefônica para investigar um crime de PREVARICAÇÃO,
que é crime punido com detenção. Vejamos:

Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou


praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

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Também não se admite a chamada “autorização genérica”, ou “carta
branca”. Assim, não é possível, por exemplo, que o Judiciário autorize a
interceptação telefônica de todos os moradores de uma favela, pois há
suspeitas de que alguém esteja praticando tráfico de entorpecentes. Ora,
essa autorização é genérica demais, não especifica exatamente qual é o
fato, quem são os suspeitos, etc.

Embora as interceptações telefônicas só possam ser autorizadas nestes


casos expressamente previstos, o STF admite que a prova obtida
através de uma interceptação lícita (que obedeceu aos requisitos
legais) possa ser utilizada como “prova emprestada” em outros
processos criminais ou até mesmo procedimentos administrativos
disciplinares instaurados em face dos mesmos investigados OU DE
OUTROS. Vejamos a seguinte decisão do STF, galera:

Ementa: HABEAS CORPUS. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO.


DESDOBRAMENTO DAS INVESTIGAÇÕES. IDENTIFICAÇÃO, NO CURSO DAS
DILIGÊNCIAS, DE POLICIAL MILITAR COMO SUPOSTO AUTOR DO DELITO APURADO.
DESLOCAMENTO DA PERSECUÇÃO PARA A JUSTIÇA MILITAR. VALIDADE DA
INTERCEPTAÇÃO DEFERIDA PELO JUÍZO ESTADUAL COMUM. ORDEM DENEGADA. 1.
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Não é ilícita a prova obtida mediante interceptação telefônica autorizada por Juízo
competente. O posterior reconhecimento da incompetência do Juízo que deferiu a
diligência não implica, necessariamente, a invalidação da prova legalmente produzida. A
não ser que “o motivo da incompetência declarada [fosse] contemporâneo da decisão
judicial de que se cuida” (HC 81.260, da relatoria do ministro Sepúlveda Pertence). 2.
Não há por que impedir que o resultado das diligências encetadas por autoridade
judiciária até então competente seja utilizado para auxiliar nas apurações que se
destinam a cumprir um poder-dever que decola diretamente da Constituição Federal
(incisos XXXIX, LIII e LIV do art. 5º, inciso I do art. 129 e art. 144 da CF). Isso, é claro,
com as ressalvas da jurisprudência do STF quanto aos limites da chamada prova

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emprestada 3. Os elementos informativos de uma investigação criminal, ou as
provas colhidas no bojo de instrução processual penal, desde que obtidos
mediante interceptação telefônica devidamente autorizada por Juízo
competente, admitem compartilhamento para fins de instruir procedimento
criminal ou mesmo procedimento administrativo disciplinar contra os
investigados. Possibilidade jurisprudencial que foi ampliada, na Segunda
Questão de Ordem no Inquérito 2.424 (da relatoria do ministro Cezar Peluso),
para também autorizar o uso dessas mesmas informações contra outros
agentes. 4. Habeas corpus denegado.
(HC 102293, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em 24/05/2011,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-239 DIVULG 16-12-2011 PUBLIC 19-12-2011)

Mas, quem pode requerer a autorização para realização de


interceptação telefônica? A lei nos diz, em seu art. 3º:

Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada


pelo juiz, de ofício ou a requerimento:

I - da autoridade policial, na investigação criminal;

II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na


instrução processual penal.

Assim, temos três hipóteses:

 De ofício, pelo Juiz (Sem pedido de ninguém)


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 A requerimento da autoridade policial, durante a investigação


criminal

 A requerimento do MP, durante a investigação ou durante a


instrução processual penal

Mas, e no caso de crimes de ação penal privada? A Doutrina


entende que a vítima tem legitimidade para requerer autorização
para realização de interceptação telefônica.

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O art. 4º determina, ainda, que o pedido deverá cumprir
determinadas formalidades (simples):

Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a


demonstração de que a sua realização é necessária à apuração de infração
penal, com indicação dos meios a serem empregados.

§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado


verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a
interceptação, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a
termo.

§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o


pedido.

O art. 5º, por sua vez, estabelece que a decisão (que deferir ou
indeferir o pedido) deverá ser fundamentada (em respeito ao art. 93, IX
da Constituição Federal):

Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando


também a forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo
de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a
indispensabilidade do meio de prova.

A parte final do artigo trouxe muitas polêmicas. Poderia ou


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não a interceptação ser renovada mais de uma vez? A redação legal


é clara ao dizer apenas uma vez. No entanto, o STF firmou
entendimento no sentido contrário, adotando a tese de que é
possível a renovação por sucessivas vezes, desde que isso se
mostre indispensável às investigações. Vejamos:

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Ementa: HABEAS CORPUS. PENAL. PROCESSUAL PENAL. PROVA. INTERCEPTAÇÃO


TELEFÔNICA. VIOLAÇÃO DE SIGILO DA COMUNICAÇÃO ENTRE O PACIENTE E O
ADVOGADO. CONHECIMENTO DA PRÁTICA DE NOVOS DELITOS. ILICITUDE DA PROVA.
TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ALEGAÇÃO INSUBSISTENTE. ORDEM DENEGADA. 1. É
lícita a escuta telefônica autorizada por decisão judicial, quando necessária, como único
meio de prova para chegar-se a apuração de fato criminoso, sendo certo que, se no
curso da produção da prova advier o conhecimento da prática de outros delitos, os
mesmos podem ser sindicados a partir desse início de prova. Precedentes: HC nº
105.527/DF, relatora Ministra Ellen Gracie, DJe de 12/05/2011; HC nº 84.301/SP,
relator Ministro Joaquim Barbosa, Segunda Turma, DJ de 24/03/2006; RHC nº
88.371/SP, relator Ministro Gilmar Mendes, DJ de 02.02.2007; HC nº 83.515/RS, relator
Ministro Nélson Jobim, Pleno, DJ de 04.03.2005. 2. A renovação da medida ou a
prorrogação do prazo das interceptações telefônicas pressupõem a
complexidade dos fatos sob investigação e o número de pessoas envolvidas,
por isso que nesses casos maior é a necessidade da quebra do sigilo telefônico,
com vista à apuração da verdade que interessa ao processo penal, sendo, a
fortiori, “lícita a prorrogação do prazo legal de autorização para interceptação
telefônica, ainda que de modo sucessivo, quando o fato seja complexo e exija
investigação diferenciada e contínua” (Inq. Nº 2424/RJ, relator Ministro Cezar
Peluso, Dje de 25.03.2010). 3(...)
(HC 106225, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX,
Primeira Turma, julgado em 07/02/2012, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-059 DIVULG 21-
03-2012 PUBLIC 22-03-2012)
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Vejam que o STF, portanto, contraria o que está


expressamente previsto na Lei.

Quem conduz o procedimento para a realização da interceptação é a


autoridade policial, dando ciência de tudo ao MP, nos termos do art. 6º:

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Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos
de interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá
acompanhar a sua realização.

Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a


autoridade policial poderá requisitar serviços e técnicos especializados às
concessionárias de serviço público.

Após a realização dos trabalhos, a autoridade policial encaminhará o


resultado ao Juiz, acompanhado de resumo das operações realizadas.
Neste momento o Juiz determinará que os documentos relativos à
interceptação sejam autuados em apartado, apensados aos autos
principais, tramitando em segredo de justiça. Após, dará ciência ao MP:

§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da


interceptação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá
conter o resumo das operações realizadas.

§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art. 8° ,


ciente o Ministério Público.

(...)

Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza,


ocorrerá em autos apartados, apensados aos autos do inquérito policial ou do
processo criminal, preservando-se o sigilo das diligências, gravações e
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transcrições respectivas.

É claro que durante este procedimento muitas das gravações obtidas


serão completamente inúteis às investigações, motivo pelo qual deverão
ser descartadas, mediante requerimento da parte interessada ou do MP,
naquilo que se chama de “incidente de inutilização”:

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Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão
judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude
de requerimento do Ministério Público ou da parte interessada.

Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério


Público, sendo facultada a presença do acusado ou de seu representante
legal.

Até mesmo em razão da existência de muito material irrelevante


para as investigações, os Tribunais Superiores firmaram entendimento no
sentido de que não é necessária a transcrição (degravação) de todo
o conteúdo interceptado, mas apenas daquelas partes que sejam
importantes à investigação. Vejamos:

(...)É pacífico o entendimento nos tribunais superiores no sentido de que não é


necessária a transcrição in totum do conteúdo da quebra do sigilo das
comunicações telefônicas, visto que a Lei n.º 9.269/96 não traz qualquer
exigência nesse sentido.

(...)

(HC 245.108/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
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julgado em 22/04/2014, DJe 02/05/2014)

Mas, professor, me surgiu uma dúvida: É necessária a


realização de perícia para analisar se o material (conversas) é
verdadeiro ou montagem? Em regra não, mas nada impede que
alguém, desconfiando da veracidade da prova, requeira a realização de
perícia. Este é o entendimento do STJ:

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(...) não há no referido diploma legal qualquer orientação no sentido de que


devem ser periciadas as gravações realizadas, com a finalidade de demonstrar
sua genuinidade e intangibilidade, pois a regra é que sejam idôneas, tratando-
se, portanto, de providência não tingida de imprescindibilidade. (...)

(HC 245.108/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
julgado em 22/04/2014, DJe 02/05/2014)

A Lei, lá no final, ainda nos traz um tipo penal novo, que é o de


realizar interceptação telefônica, de informática ou telemática, ou quebrar
segredo de Justiça, SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL OU COM
OBJETIVOS NÃO AUTORIZADOS EM LEI:

Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas,


de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização
judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Vejam que a parte grifada é o que se chama de elemento normativo


do tipo penal, pois estabelece uma situação que, se presente, torna a
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conduta prevista anteriormente em legal. Assim, se há autorização


judicial, a quebra de segredo de Justiça, por exemplo, será um indiferente
penal.

Esse crime é de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA, vez


que a lei nada fala a respeito do tipo de ação penal.

Bons estudos!

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EXERCÍCIOS PARA PRATICAR

01 - (CESPE – 2004 – DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL)

Julgue o item a seguir, acerca da tentativa de violação do sigilo do voto,


que é um crime eleitoral punível com detenção de até dois anos.
Seria ilícita decisão judicial que autorizasse a interceptação de
comunicações telefônicas no curso de investigação relativa à prática desse
crime.

02 - (CESPE – 2004 – DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL)

No item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma


assertiva a ser julgada.

Hugo é um agente de polícia civil que realizou interceptação de


comunicação telefônica sem autorização judicial. Nessa situação, o ato de
Hugo, apesar de violar direitos fundamentais, não constitui crime
hediondo.

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03 - (CESPE – 1997 – DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL)

De acordo com a Lei n.° 9.296/96, que regulamentou o inciso XII, parte
final, do art. 5.° da Constituição Federal, poderá o juiz autorizar a
interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para
instruir ação relativa a direito de família.

04 - (CESPE – 1997 – DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL)

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De acordo com a Lei n.° 9.296/96, que regulamentou o inciso XII, parte
final, do art. 5.° da Constituição Federal, admitir-se-á interceptação das
comunicações telefônicas em relação a qualquer crime, desde que punível
com pena privativa de liberdade de qualquer natureza.

05 - (CESPE – 1997 – DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL)

De acordo com a Lei n.° 9.296/96, que regulamentou o inciso XII, parte
final, do art. 5.° da Constituição Federal, recebida a denúncia e
instaurado o processo por crime de ação penal pública, somente o
Ministério Público tem legitimidade para requerer a interceptação das
comunicações ao juiz, o qual, por sua vez também poderá determinar tal
medida de oficio.

06 - (CESPE – 1997 – DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL)

De acordo com a Lei n.° 9.296/96, que regulamentou o inciso XII, parte
final, do art. 5.° da Constituição Federal, a despeito de inexistirem
indícios razoáveis de autoria ou participação do sujeito passivo da
interceptação telefônica na infração penal, poderá tal medida ser
determinada se a autoridade policial demonstrar sua conveniência para o
sucesso das investigações.

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07 - (CESPE – 1997 – DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL)

De acordo com a Lei n.° 9.296/96, que regulamentou o inciso XII, parte
final, do art. 5.° da Constituição Federal, deferido o pedido de
interceptação, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de
interceptação, mas deverá dar ciência ao Ministério Público, que poderá
acompanhar a sua realização.

08 - (CESPE – 2009 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO)

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Direito Processual Penal PC-CE (2014)
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A respeito da interceptação das comunicações telefônicas, julgue o item a
seguir, com base no entendimento do STF.

Considere que, após realização de interceptação telefônica judicialmente


autorizada para apurar crime contra a administração pública imputado ao
servidor público Mário, a autoridade policial tenha identificado, na fase de
inquérito, provas de ilícitos administrativos praticados por outros
servidores. Nessa situação hipotética, considerando-se que a
interceptação telefônica tenha sido autorizada judicialmente apenas em
relação ao servidor Mário, as provas obtidas contra os outros servidores
não poderão ser usadas em procedimento administrativo disciplinar.

09 - (CESPE – 2009 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO)

A respeito da interceptação das comunicações telefônicas, julgue o item a


seguir, com base no entendimento do STF.

É possível a prorrogação do prazo de autorização para a interceptação


telefônica, mesmo que sucessiva, especialmente quando se tratar de fato
complexo que exija investigação diferenciada e contínua.

10 - (CESPE – 2009 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO)

A respeito da interceptação das comunicações telefônicas, julgue o item a


seguir, com base no entendimento do STF. 00189996382

Uma vez realizada a interceptação telefônica de forma fundamentada,


legal e legítima, as informações e provas coletadas dessa diligência
podem subsidiar denúncia com base em crimes puníveis com pena de
detenção, desde que estes sejam conexos aos primeiros tipos penais que
justificaram a interceptação.

11 - (CESPE – 2010 – ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE


INTELIGÊNCIA)

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Com base nos delitos em espécie, julgue o próximo item.
Constitui crime realizar interceptação de comunicações, sejam elas
telefônicas, informáticas, ou telemáticas, ou, ainda, quebrar segredo da
justiça sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

12 - (CESPE – 2002 – DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)

No âmbito da jurisdição constitucional das liberdades, a proscrição da


prova ilícita no processo é tema recorrente, seja porque o aparelho
policial brasileiro ainda se entremostra arbitrário, seja porque há
dificuldades, em certos casos, de avaliar-se a extensão dos efeitos que a
inadmissão da prova tida por ilícita acarreta para a investigação e
persecução criminal. Na esteira da doutrina dominante e das decisões do
Supremo Tribunal Federal (STF), julgue o item abaixo, relativo a esse
assunto.
Por não se tratar de hipótese de interceptação telefônica sem autorização
judicial, a conversa informal mantida pelo indiciado com policiais, na
delegacia, pode ser gravada por estes, e a eventual confissão de prática
delituosa constante na gravação é tida por prova válida para sustentar
pedido de prisão temporária do confesso.

13 - (CESPE – 2007 – AGU – PROCURADOR FEDERAL)


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Julgue o item abaixo de acordo com as leis penais especiais.


A interceptação das comunicações telefônicas somente pode ser
autorizada se outros meios de prova mostrarem-se insuficientes para a
elucidação do fato criminoso e se existirem indícios razoáveis de autoria
ou participação em crime punido com reclusão. Entende o STF, todavia,
que, uma vez realizada a interceptação telefônica de forma
fundamentada, legal e legítima, as informações e provas coletadas dessa
diligência podem subsidiar denúncia com base em crimes puníveis com

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pena de detenção, desde que conexos aos primeiros tipos penais que
justificaram a interceptação.

14 - (CESPE – 2013 – PGDF – PROCURADOR)


De acordo com a Lei n.º 9.296/1996, a intercepção das comunicações
telefônicas poderá ser determinada a requerimento da autoridade policial,
na fase de investigação criminal, ou a requerimento do MP, somente na
fase de instrução criminal.

15 - (CESPE – 2013 – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO)


Apesar de a lei prever o prazo máximo de quinze dias para a
interceptação telefônica, renovável por mais quinze, não há qualquer
restrição ao número de prorrogações, desde que haja decisão
fundamentando a dilatação do período.

16 - (CESPE – 2013 – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO)


Segundo o entendimento do STF, é permitido, em caráter excepcional, à
polícia militar, mediante autorização judicial e sob supervisão do MP,
executar interceptações telefônicas, sobretudo quando houver suspeita de
envolvimento de autoridades policiais civis nos delitos investigados, não
sendo a execução dessa medida exclusiva da autoridade policial, visto que
são autorizados, por lei, o emprego de serviços e a atuação de técnicos
das concessionárias de serviços públicos de telefonia nas interceptações.
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17 - (CESPE – 2013 – PC-BA – DELEGADO)


Um delegado de polícia, tendo recebido denúncia anônima de que Mílton
estaria abusando sexualmente de sua própria filha, requereu, antes
mesmo de colher provas acerca da informação recebida, a juiz da vara
criminal competente a interceptação das comunicações telefônicas de
Mílton pelo prazo de quinze dias, sucessivamente prorrogado durante os
quarenta e cinco dias de investigação.

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Kátia, ex-mulher de Mílton, contratou o advogado Caio para acompanhar
o inquérito policial instaurado. Mílton, então, ainda no curso da
investigação, resolveu interceptar, diretamente e sem o conhecimento de
Caio e Kátia, as ligações telefônicas entre eles, tendo tomado
conhecimento, devido às interceptações, de que o advogado cometera o
crime de tráfico de influência. Em razão disso, Mílton procurou Kátia e
solicitou que ela concordasse com a divulgação do conteúdo das
gravações telefônicas, ao que Kátia anuiu expressamente. Mílton, então,
apresentou ao delegado o conteúdo das gravações, que foram utilizadas
para subsidiar ação penal iniciada pelo MP contra Caio, pela prática do
crime de tráfico de influência.
Com base nessa situação hipotética, julgue os itens seguintes, a respeito
das interceptações telefônicas.
A interceptação telefônica solicitada pelo delegado de polícia e autorizada
judicialmente é nula, haja vista ter sido sucessivamente prorrogada pelo
magistrado por prazo superior a trinta dias, o que contraria a previsão
legal de que o prazo da interceptação telefônica não pode exceder quinze
dias, renovável uma vez por igual período.

18 - (CESPE – 2013 – PC-BA – DELEGADO)


Um delegado de polícia, tendo recebido denúncia anônima de que Mílton
estaria abusando sexualmente de sua própria filha, requereu, antes
mesmo de colher provas acerca da informação recebida, a juiz da vara
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criminal competente a interceptação das comunicações telefônicas de


Mílton pelo prazo de quinze dias, sucessivamente prorrogado durante os
quarenta e cinco dias de investigação.
Kátia, ex-mulher de Mílton, contratou o advogado Caio para acompanhar
o inquérito policial instaurado. Mílton, então, ainda no curso da
investigação, resolveu interceptar, diretamente e sem o conhecimento de
Caio e Kátia, as ligações telefônicas entre eles, tendo tomado
conhecimento, devido às interceptações, de que o advogado cometera o
crime de tráfico de influência. Em razão disso, Mílton procurou Kátia e

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solicitou que ela concordasse com a divulgação do conteúdo das
gravações telefônicas, ao que Kátia anuiu expressamente. Mílton, então,
apresentou ao delegado o conteúdo das gravações, que foram utilizadas
para subsidiar ação penal iniciada pelo MP contra Caio, pela prática do
crime de tráfico de influência.
Com base nessa situação hipotética, julgue os itens seguintes, a respeito
das interceptações telefônicas.
O fato de Kátia –– que era interlocutora dos diálogos gravados –– ter
consentido posteriormente com a divulgação do conteúdo das gravações
não legitima o ato nem justifica sua utilização como prova.

19 - (CESPE – 2013 – PC-BA – DELEGADO)

Um delegado de polícia, tendo recebido denúncia anônima de que Mílton


estaria abusando sexualmente de sua própria filha, requereu, antes
mesmo de colher provas acerca da informação recebida, a juiz da vara
criminal competente a interceptação das comunicações telefônicas de
Mílton pelo prazo de quinze dias, sucessivamente prorrogado durante os
quarenta e cinco dias de investigação.

Kátia, ex-mulher de Mílton, contratou o advogado Caio para acompanhar


o inquérito policial instaurado. Mílton, então, ainda no curso da
investigação, resolveu interceptar, diretamente e sem o conhecimento de
Caio e Kátia, as ligações telefônicas
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entre eles, tendo tomado
conhecimento, devido às interceptações, de que o advogado cometera o
crime de tráfico de influência. Em razão disso, Mílton procurou Kátia e
solicitou que ela concordasse com a divulgação do conteúdo das
gravações telefônicas, ao que Kátia anuiu expressamente. Mílton, então,
apresentou ao delegado o conteúdo das gravações, que foram utilizadas
para subsidiar ação penal iniciada pelo MP contra Caio, pela prática do
crime de tráfico de influência.

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Com base nessa situação hipotética, julgue os itens seguintes, a respeito
das interceptações telefônicas.

A interceptação telefônica realizada por Mílton é ilegal, porquanto


desprovida da necessária autorização judicial.

20 - (CESPE – 2013 – CNJ – ANALISTA JUDICIÁRIO)

Admite-se que o juiz determine interceptação telefônica quando houver


indícios razoáveis de autoria ou participação em infração penal punida
com detenção e a prova não puder ser feita por outros meios.

21 - (ESAF – 1998 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO)

A interceptação de comunicações telefônicas é admitida para prova em:

A) instrução processual penal

B) instrução processual penal e civil

C) instrução processual penal e bancária

D) instrução processual penal e inquérito policial

E) instrução processual bancária e inquérito policial

22 - (ESAF – 2006 – CGU – AFC)


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A interceptação telefônica reclama

a) instauração de inquérito policial.

b) instauração de processo administrativo.

c) recebimento da denúncia.

d) competência do juiz da ação principal.

e) justificação judicial.

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23 - (FCC – 2008 – MPE-PE – PROMOTOR DE JUSTIÇA)

A interceptação telefônica, nos termos da lei, será admitida

a) mesmo que a prova possa ser feita por outros meios disponíveis.

b) quando houver indícios razoáveis de autoria ou participação em


infração penal.

c) em infração penal punida com qualquer tipo de pena.

d) a pedido de qualquer pessoa que tenha interesse no fato a ser


investigado.

e) pelo prazo máximo de trinta dias, prorrogável por mais trinta.

24 - (VUNESP – 2013 – TJ-RJ – JUIZ)

Relativamente à interceptação de comunicações telefônicas, assinale a


alternativa correta de acordo com a Lei n.º 9.296/96.

a) Não poderá exceder o prazo de cinco dias, renovável por igual tempo
uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova.

b) A autoridade policial, na investigação criminal, poderá verbalmente


solicitar sua realização ao juiz.

c) O juiz não poderá determinar de ofício sua realização.

d) Poderá ser realizada durante a investigação criminal e em instrução


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processual penal de qualquer crime, mas nunca de contravenções.

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QUESTÕES COMENTADAS

01 - (CESPE – 2004 – DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL)

Julgue o item a seguir, acerca da tentativa de violação do sigilo do


voto, que é um crime eleitoral punível com detenção de até dois
anos.
Seria ilícita decisão judicial que autorizasse a interceptação de
comunicações telefônicas no curso de investigação relativa à
prática desse crime.

COMENTÁRIOS: A afirmativa está correta, eis que não se admite a


autorização para realização de interceptações telefônicas para investigar
fatos criminosos punidos com pena de detenção. Vejamos o que nos diz a
Lei 9.296/96:

Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas


quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:

I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração


penal;

II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;

III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com


pena de detenção.
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Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a


situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos
investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada.

Assim, vejam que o art. 2º, III é claro ao estabelecer que o crime
investigado deve ser punido com reclusão.

Portanto, a afirmativa está CORRETA.

02 - (CESPE – 2004 – DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL)

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No item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida
de uma assertiva a ser julgada.

Hugo é um agente de polícia civil que realizou interceptação de


comunicação telefônica sem autorização judicial. Nessa situação,
o ato de Hugo, apesar de violar direitos fundamentais, não
constitui crime hediondo.

COMENTÁRIOS: A realização de interceptação telefônica é crime,


previsto no art. 10 da Lei 9.296/96. Vejamos:

Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas,


de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização
judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Entretanto, este crime não é considerado hediondo, pois não se enquadra


no rol do art. 1º da Lei 8.072/90, que é um rol taxativo, ou seja, somente
aqueles crimes são considerados hediondos, não havendo possibilidade de
interpretação ampliativa. São eles:

Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no


Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou
tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994)

I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de


extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado
(art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
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II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)

III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); (Inciso incluído pela Lei nº
8.930, de 1994)

IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e


§§ lo, 2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)

V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); (Redação


dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

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VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (Inciso incluído pela Lei nº
8.930, de 1994)

VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998)

VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado


a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B,
com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº
9.695, de 1998)

Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio


previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, tentado ou
consumado. (Parágrafo incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)

Portanto, a afirmativa está CORRETA.

03 - (CESPE – 1997 – DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL)

De acordo com a Lei n.° 9.296/96, que regulamentou o inciso XII,


parte final, do art. 5.° da Constituição Federal,
poderá o juiz autorizar a interceptação de comunicações
telefônicas, de qualquer natureza, para instruir ação relativa a
direito de família.

COMENTÁRIOS: O art. 2º da Lei 9.296/96 estabelece algumas restrições


à autorização de interceptações telefônicas. Vejamos:

Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas


quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:
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I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração


penal;

II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;

III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com


pena de detenção.

Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a


situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos
investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada.

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Assim, presente qualquer das situações acima narradas, não se
poderá admitir a interceptação telefônica. A contrario sensu, podemos
dizer que as condições para a autorização de interceptações telefônicas
são as seguintes (CUMULATIVAS):

 Haver indícios razoáveis de autoria ou participação em infração


penal;

 A prova não puder ser feita por outros meios;

 O fato investigado deve ser punido com pena de reclusão;

 A situação objeto da investigação deve ser descrita com


clareza, com a qualificação dos suspeitos, SALVO SE ISSO
FOR IMPOSSÍVEL.

Vejam, assim, que o primeiro pressuposto é que se esteja investigando


UM CRIME. Mais que isso, esse crime deverá ser punido com RECLUSÃO,
dentre outros requisitos.

Assim, completamente inviável a autorização de realização de


interceptação telefônica em processos de Vara de Família.

Portanto, a afirmativa está ERRADA.

04 - (CESPE – 1997 – DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL)


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De acordo com a Lei n.° 9.296/96, que regulamentou o inciso XII,


parte final, do art. 5.° da Constituição Federal,

admitir-se-á interceptação das comunicações telefônicas em


relação a qualquer crime, desde que punível com pena privativa
de liberdade de qualquer natureza.

COMENTÁRIOS: O art. 2º da Lei 9.296/96 estabelece algumas restrições


à autorização de interceptações telefônicas. Vejamos:

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Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas
quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:

I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração


penal;

II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;

III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com


pena de detenção.

Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a


situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos
investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada.

Assim, presente qualquer das situações acima narradas, não se


poderá admitir a interceptação telefônica. A contrario sensu, podemos
dizer que as condições para a autorização de interceptações telefônicas
são as seguintes (CUMULATIVAS):

 Haver indícios razoáveis de autoria ou participação em infração


penal;

 A prova não puder ser feita por outros meios;

 O fato investigado deve ser punido com pena de reclusão;

 A situação objeto da investigação deve ser descrita com


clareza, com a qualificação dos suspeitos, SALVO SE ISSO
FOR IMPOSSÍVEL. 00189996382

Vejam, assim, que o primeiro pressuposto é que se esteja investigando


UM CRIME. Mais que isso, esse crime deverá ser punido com
RECLUSÃO, dentre outros requisitos.

Assim, completamente inviável a autorização de realização de


interceptação telefônica em crimes que não sejam punidos, ao menos,
com reclusão.

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Lembrando que reclusão e detenção são espécies de pena privativa de
liberdade.

Portanto, a afirmativa está ERRADA.

05 - (CESPE – 1997 – DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL)

De acordo com a Lei n.° 9.296/96, que regulamentou o inciso XII,


parte final, do art. 5.° da Constituição Federal,

recebida a denúncia e instaurado o processo por crime de ação


penal pública, somente o Ministério Público tem legitimidade para
requerer a interceptação das comunicações ao juiz, o qual, por
sua vez também poderá determinar tal medida de oficio.

COMENTÁRIOS: A lei nos diz, em seu art. 3º, quais são os legitimados
para requerer a autorização para realização de interceptação telefônica:

Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada


pelo juiz, de ofício ou a requerimento:

I - da autoridade policial, na investigação criminal;

II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na


instrução processual penal.

Assim, temos três hipóteses:

 De ofício, pelo Juiz (Sem pedido de ninguém);


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 A requerimento da autoridade policial, durante a investigação


criminal;

 A requerimento do MP, durante a investigação ou durante a


instrução processual penal.

Portanto, o MP pode requerer a autorização a qualquer tempo (tanto na


investigação quanto durante o processo criminal), podendo o Juiz

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autorizar a medida de ofício, ou seja, sem que haja requerimento de
ninguém.

Assim, a afirmativa está CORRETA.

06 - (CESPE – 1997 – DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL)

De acordo com a Lei n.° 9.296/96, que regulamentou o inciso XII,


parte final, do art. 5.° da Constituição Federal,

a despeito de inexistirem indícios razoáveis de autoria ou


participação do sujeito passivo da interceptação telefônica na
infração penal, poderá tal medida ser determinada se a autoridade
policial demonstrar sua conveniência para o sucesso das
investigações.

COMENTÁRIOS: O art. 2º da Lei 9.296/96 estabelece algumas restrições


à autorização de interceptações telefônicas. Vejamos:

Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas


quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:

I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração


penal;

II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;

III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com


00189996382

pena de detenção.

Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a


situação objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos
investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada.

Assim, presente qualquer das situações acima narradas, não se


poderá admitir a interceptação telefônica. A contrario sensu, podemos
dizer que as condições para a autorização de interceptações telefônicas
são as seguintes (CUMULATIVAS):

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 Haver indícios razoáveis de autoria ou participação em infração
penal;

 A prova não puder ser feita por outros meios;

 O fato investigado deve ser punido com pena de reclusão;

 A situação objeto da investigação deve ser descrita com


clareza, com a qualificação dos suspeitos, SALVO SE ISSO
FOR IMPOSSÍVEL.

Vejam, assim, que a ausência de indícios de que o suspeito tenha


participado do crime é um impedimento à realização da interceptação
telefônica, nos termos do art. 2º, I da Lei.

Portanto, a afirmativa está ERRADA.

07 - (CESPE – 1997 – DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL)

De acordo com a Lei n.° 9.296/96, que regulamentou o inciso XII,


parte final, do art. 5.° da Constituição Federal,

deferido o pedido de interceptação, a autoridade policial conduzirá


os procedimentos de interceptação, mas deverá dar ciência ao
Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização.
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COMENTÁRIOS: Quem conduz o procedimento para a realização da


interceptação é a autoridade policial, dando ciência de tudo ao MP, nos
termos do art. 6º:

Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos


de interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá
acompanhar a sua realização.

Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a


autoridade policial poderá requisitar serviços e técnicos especializados às
concessionárias de serviço público.

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Assim, a afirmativa está CORRETA.

08 - (CESPE – 2009 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO)

A respeito da interceptação das comunicações telefônicas, julgue


o item a seguir, com base no entendimento do STF.

Considere que, após realização de interceptação telefônica


judicialmente autorizada para apurar crime contra a
administração pública imputado ao servidor público Mário, a
autoridade policial tenha identificado, na fase de inquérito, provas
de ilícitos administrativos praticados por outros servidores. Nessa
situação hipotética, considerandose que a interceptação telefônica
tenha sido autorizada judicialmente apenas em relação ao
servidor Mário, as provas obtidas contra os outros servidores não
poderão ser usadas em procedimento administrativo disciplinar.

COMENTÁRIOS: O STF entende que se determinada prova foi colhida de


maneira válida (No caso, mediante autorização judicial), não há óbice
algum à sua utilização para incriminar outras pessoas que não sejam
aquelas previamente previstas no pedido de autorização de interceptação
telefônica.
Mais: O STF admite a utilização destas provas para embasar pedido de
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punição administrativa de servidores públicos, vez que a prova, como


dito, é legítima.

Portanto, a afirmativa está ERRADA.

09 - (CESPE – 2009 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO)

A respeito da interceptação das comunicações telefônicas, julgue


o item a seguir, com base no entendimento do STF.

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É possível a prorrogação do prazo de autorização para a
interceptação telefônica, mesmo que sucessiva, especialmente
quando se tratar de fato complexo que exija investigação
diferenciada e contínua.

COMENTÁRIOS: O STF permite a prorrogação sucessiva de autorizações


judiciais para interceptações telefônicas, quando extremamente
necessário, notadamente em casos complexos.

A título ilustrativo, segue julgado recente do STF:

EMENTA Habeas corpus. Constitucional. Processual Penal. Interceptação


telefônica. Crimes de tortura, corrupção passiva, extorsão, peculato,
formação de quadrilha e receptação. Eventual ilegalidade da decisão que
autorizou a interceptação telefônica e suas prorrogações por 30 (trinta) dias
consecutivos. Não ocorrência. Possibilidade de se prorrogar o prazo de
autorização para a interceptação telefônica por períodos sucessivos
quando a intensidade e a complexidade das condutas delitivas
investigadas assim o demandarem. Precedentes. Decisão proferida com a
observância das exigências previstas na lei de regência (Lei nº 9.296/96, art.
5º). Alegada falta de fundamentação da decisão que determinou e
interceptação telefônica do paciente. Questão não submetida à apreciação do
Superior Tribunal de Justiça. Supressão de instância não admitida.
Precedentes. Ordem parcialmente conhecida e denegada. 1. É da
jurisprudência desta Corte o entendimento de ser possível a prorrogação do
prazo de autorização para a interceptação telefônica, mesmo que sucessiva,
especialmente quando o fato é complexo, a exigir investigação diferenciada e
contínua (HC nº 83.515/RS, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Nelson Jobim,
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DJ de 4/3/05). 2. Cabe registrar que a autorização da interceptação por 30


(dias) dias consecutivos nada mais é do que a soma dos períodos, ou seja, 15
(quinze) dias prorrogáveis por mais 15 (quinze) dias, em função da
quantidade de investigados e da complexidade da organização criminosa. 3.
Nesse contexto, considerando o entendimento jurisprudencial e doutrinário
acerca da possibilidade de se prorrogar o prazo de autorização para a
interceptação telefônica por períodos sucessivos quando a intensidade e a
complexidade das condutas delitivas investigadas assim o demandarem, não
há que se falar, na espécie, em nulidade da referida escuta e de suas
prorrogações, uma vez que autorizada pelo Juízo de piso, com a observância
das exigências previstas na lei de regência (Lei nº 9.296/96, art. 5º). 4. A

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sustentada falta de fundamentação da decisão que determinou a
interceptação telefônica do paciente não foi submetida ao crivo do Superior
Tribunal de Justiça. Com efeito, sua análise, de forma originária, neste
ensejo, na linha de julgados da Corte, configuraria verdadeira supressão de
instância, o que não se admite. 5. Habeas corpus parcialmente conhecido e,
nessa parte, denegado.

(HC 106129, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em


06/03/2012, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-061 DIVULG 23-03-2012 PUBLIC
26-03-2012)

Portanto, a afirmativa está CORRETA.

10 - (CESPE – 2009 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO)

A respeito da interceptação das comunicações telefônicas, julgue


o item a seguir, com base no entendimento do STF.

Uma vez realizada a interceptação telefônica de forma


fundamentada, legal e legítima, as informações e provas coletadas
dessa diligência podem subsidiar denúncia com base em crimes
puníveis com pena de detenção, desde que estes sejam conexos
aos primeiros tipos penais que justificaram a interceptação.

COMENTÁRIOS: Esta questão também foi baseada em julgamento do


STF, que permitiu a utilização de prova colhida de forma legítima
(interceptação telefônica) em outros crimes, punidos apenas com
00189996382

detenção, quando conexos com aqueles que ensejaram a decretação da


quebra do sigilo telefônico.

Vejamos:

EMENTA: HABEAS CORPUS. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. PRAZO DE


VALIDADE. ALEGAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE OUTRO MEIO DE INVESTIGAÇÃO.
FALTA DE TRANSCRIÇÃO DE CONVERSAS INTERCEPTADAS NOS RELATÓRIOS
APRESENTADOS AO JUIZ. AUSÊNCIA DE CIÊNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO
ACERCA DOS PEDIDOS DE PRORROGAÇÃO. APURAÇÃO DE CRIME PUNIDO
COM PENA DE DETENÇÃO. 1.(...) 5. Uma vez realizada a interceptação

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telefônica de forma fundamentada, legal e legítima, as informações e
provas coletas dessa diligência podem subsidiar denúncia com base
em crimes puníveis com pena de detenção, desde que conexos aos
primeiros tipos penais que justificaram a interceptação. Do contrário,
a interpretação do art. 2º, III, da L. 9.296/96 levaria ao absurdo de
concluir pela impossibilidade de interceptação para investigar crimes
apenados com reclusão quando forem estes conexos com crimes
punidos com detenção. Habeas corpus indeferido.

(HC 83515, Relator(a): Min. NELSON JOBIM, Tribunal Pleno, julgado em


16/09/2004, DJ 04-03-2005 PP-00011 EMENT VOL-02182-03 PP-00401 RTJ
VOL-00193-02 PP-00609)

Portanto, a afirmativa está CORRETA.

11 - (CESPE – 2010 – ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE


INTELIGÊNCIA)

Com base nos delitos em espécie, julgue o próximo item.


Constitui crime realizar interceptação de comunicações, sejam
elas telefônicas, informáticas, ou telemáticas, ou, ainda, quebrar
segredo da justiça sem autorização judicial ou com objetivos não
autorizados em lei.

COMENTÁRIO: A afirmativa retrata literalmente o que dispõe o art. 10


da Lei 9.296/96. Vejamos: 00189996382

Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas,


de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização
judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Portanto, a afirmativa está CORRETA.

12 - (CESPE – 2002 – DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)

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No âmbito da jurisdição constitucional das liberdades, a
proscrição da prova ilícita no processo é tema recorrente, seja
porque o aparelho policial brasileiro ainda se entremostra
arbitrário, seja porque há dificuldades, em certos casos, de
avaliar-se a extensão dos efeitos que a inadmissão da prova tida
por ilícita acarreta para a investigação e persecução criminal. Na
esteira da doutrina dominante e das decisões do Supremo
Tribunal Federal (STF), julgue o item abaixo, relativo a esse
assunto.
Por não se tratar de hipótese de interceptação telefônica sem
autorização judicial, a conversa informal mantida pelo indiciado
com policiais, na delegacia, pode ser gravada por estes, e a
eventual confissão de prática delituosa constante na gravação é
tida por prova válida para sustentar pedido de prisão temporária
do confesso.

COMENTÁRIO: O STF entende que a gravação clandestina de uma


"conversa informal" (O que a Corte chama de "interrogatório sub-
reptício") é PROVA ILÍCITA, pois não se insere no bojo das exceções
admitidas pela legislação ao sigilo das comunicações (no caso,
comunicação ambiental). Vejamos o seguinte julgado:

EMENTA: I. Habeas corpus: cabimento: prova ilícita. 1. (...) III. Gravação


clandestina de "conversa informal" do indiciado com policiais. 3.
Ilicitude decorrente - quando não da evidência de estar o suspeito, na
00189996382

ocasião, ilegalmente preso ou da falta de prova idônea do seu


assentimento à gravação ambiental - de constituir, dita "conversa
informal", modalidade de "interrogatório" sub- reptício, o qual - além
de realizar-se sem as formalidades legais do interrogatório no
inquérito policial (C.Pr.Pen., art. 6º, V) -, se faz sem que o indiciado
seja advertido do seu direito ao silêncio. 4. (...)

(HC 80949, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado


em 30/10/2001, DJ 14-12-2001 PP-00026 EMENT VOL-02053-06 PP-01145
RTJ VOL-00180-03 PP-01001)

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Portanto, a afirmativa está ERRADA.

13 - (CESPE – 2007 – AGU – PROCURADOR FEDERAL)

Julgue o item abaixo de acordo com as leis penais especiais.


A interceptação das comunicações telefônicas somente pode ser
autorizada se outros meios de prova mostrarem-se insuficientes
para a elucidação do fato criminoso e se existirem indícios
razoáveis de autoria ou participação em crime punido com
reclusão. Entende o STF, todavia, que, uma vez realizada a
interceptação telefônica de forma fundamentada, legal e legítima,
as informações e provas coletadas dessa diligência podem
subsidiar denúncia com base em crimes puníveis com pena de
detenção, desde que conexos aos primeiros tipos penais que
justificaram a interceptação.

COMENTÁRIO: Esse é o entendimento pacificado do STF:

EMENTA: HABEAS CORPUS. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. PRAZO DE


VALIDADE. ALEGAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE OUTRO MEIO DE INVESTIGAÇÃO.
FALTA DE TRANSCRIÇÃO DE CONVERSAS INTERCEPTADAS NOS RELATÓRIOS
APRESENTADOS AO JUIZ. AUSÊNCIA DE CIÊNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO
ACERCA DOS PEDIDOS DE PRORROGAÇÃO. APURAÇÃO DE CRIME PUNIDO
COM PENA DE DETENÇÃO. 1(...)5. Uma vez realizada a interceptação
telefônica de forma fundamentada, legal e legítima, as informações e
00189996382

provas coletas dessa diligência podem subsidiar denúncia com base


em crimes puníveis com pena de detenção, desde que conexos aos
primeiros tipos penais que justificaram a interceptação. Do contrário,
a interpretação do art. 2º, III, da L. 9.296/96 levaria ao absurdo de
concluir pela impossibilidade de interceptação para investigar crimes
apenados com reclusão quando forem estes conexos com crimes
punidos com detenção. Habeas corpus indeferido.
(HC 83515, Relator(a): Min. NELSON JOBIM, Tribunal Pleno, julgado em
16/09/2004, DJ 04-03-2005 PP-00011 EMENT VOL-02182-03 PP-00401 RTJ
VOL-00193-02 PP-00609)

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Portanto, a afirmativa está CORRETA.

14 - (CESPE – 2013 – PGDF – PROCURADOR)


De acordo com a Lei n.º 9.296/1996, a intercepção das
comunicações telefônicas poderá ser determinada a requerimento
da autoridade policial, na fase de investigação criminal, ou a
requerimento do MP, somente na fase de instrução criminal.
COMENTÁRIOS: O item está errado, porque o MP possui legitimidade
para requerer a determinação da interceptação das comunicações
telefônicas a qualquer momento, seja durante as investigações, seja
durante a instrução processual. Vejamos:

Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada


pelo juiz, de ofício ou a requerimento:

I - da autoridade policial, na investigação criminal;

II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na


instrução processual penal.

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

15 - (CESPE – 2013 – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO)


Apesar de a lei prever o prazo máximo de quinze dias para a
interceptação telefônica, renovável por mais quinze, não há
qualquer restrição ao número de prorrogações, desde que haja
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decisão fundamentando a dilatação do período.


COMENTÁRIOS: O item está correto. Embora haja tal previsão legal, o
STF entende que é possível a prorrogação sucessiva da medida, desde
que indispensável ao sucesso das investigações e devidamente
fundamentada.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

16 - (CESPE – 2013 – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO)

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Segundo o entendimento do STF, é permitido, em caráter
excepcional, à polícia militar, mediante autorização judicial e sob
supervisão do MP, executar interceptações telefônicas, sobretudo
quando houver suspeita de envolvimento de autoridades policiais
civis nos delitos investigados, não sendo a execução dessa medida
exclusiva da autoridade policial, visto que são autorizados, por lei,
o emprego de serviços e a atuação de técnicos das
concessionárias de serviços públicos de telefonia nas
interceptações.
COMENTÁRIOS: O item está correto. O STF possui entendimento no
sentido de que não há “reserva de atuação” à Polícia “Judiciária” (Polícias
Civil e Federal).
Assim, o STF entende que é possível a execução da medida pela Polícia
Militar (desde que previamente autorizada pelo Juiz, é claro). Vejamos:
(...)Reconheceu-se a possibilidade excepcional de a polícia militar,
mediante autorização judicial, sob supervisão do parquet, efetuar a
mera execução das interceptações, na circunstância de haver
singularidades que justificassem esse deslocamento, especialmente
quando, como no caso, houvesse suspeita de envolvimento de
autoridades policias da delegacia local. Consignou-se não haver ilicitude,
já que a execução da medida não seria exclusiva de autoridade policial, pois a
própria lei autorizaria o uso de serviços e técnicos das concessionárias (Lei
9.296/96, art. 7º) e que, além de sujeitar-se a ao controle judicial durante a
execução, tratar-se-ia apenas de meio de obtenção da prova (instrumento),
com ela não se confundindo. 00189996382

(HC 96986/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, 15.5.2012. (HC-96986)

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

17 - (CESPE – 2013 – PC-BA – DELEGADO)


Um delegado de polícia, tendo recebido denúncia anônima de que
Mílton estaria abusando sexualmente de sua própria filha,
requereu, antes mesmo de colher provas acerca da informação
recebida, a juiz da vara criminal competente a interceptação das
comunicações telefônicas de Mílton pelo prazo de quinze dias,

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sucessivamente prorrogado durante os quarenta e cinco dias de
investigação.
Kátia, ex-mulher de Mílton, contratou o advogado Caio para
acompanhar o inquérito policial instaurado. Mílton, então, ainda
no curso da investigação, resolveu interceptar, diretamente e sem
o conhecimento de Caio e Kátia, as ligações telefônicas entre eles,
tendo tomado conhecimento, devido às interceptações, de que o
advogado cometera o crime de tráfico de influência. Em razão
disso, Mílton procurou Kátia e solicitou que ela concordasse com a
divulgação do conteúdo das gravações telefônicas, ao que Kátia
anuiu expressamente. Mílton, então, apresentou ao delegado o
conteúdo das gravações, que foram utilizadas para subsidiar ação
penal iniciada pelo MP contra Caio, pela prática do crime de tráfico
de influência.
Com base nessa situação hipotética, julgue os itens seguintes, a
respeito das interceptações telefônicas.
A interceptação telefônica solicitada pelo delegado de polícia e
autorizada judicialmente é nula, haja vista ter sido
sucessivamente prorrogada pelo magistrado por prazo superior a
trinta dias, o que contraria a previsão legal de que o prazo da
interceptação telefônica não pode exceder quinze dias, renovável
uma vez por igual período.
COMENTÁRIOS: O item está ERRADO. Embora haja tal previsão legal, o
00189996382

STF entende que é possível a prorrogação sucessiva da medida, desde


que indispensável ao sucesso das investigações e devidamente
fundamentada.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

18 - (CESPE – 2013 – PC-BA – DELEGADO)


Um delegado de polícia, tendo recebido denúncia anônima de que
Mílton estaria abusando sexualmente de sua própria filha,
requereu, antes mesmo de colher provas acerca da informação

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recebida, a juiz da vara criminal competente a interceptação das
comunicações telefônicas de Mílton pelo prazo de quinze dias,
sucessivamente prorrogado durante os quarenta e cinco dias de
investigação.
Kátia, ex-mulher de Mílton, contratou o advogado Caio para
acompanhar o inquérito policial instaurado. Mílton, então, ainda
no curso da investigação, resolveu interceptar, diretamente e sem
o conhecimento de Caio e Kátia, as ligações telefônicas entre eles,
tendo tomado conhecimento, devido às interceptações, de que o
advogado cometera o crime de tráfico de influência. Em razão
disso, Mílton procurou Kátia e solicitou que ela concordasse com a
divulgação do conteúdo das gravações telefônicas, ao que Kátia
anuiu expressamente. Mílton, então, apresentou ao delegado o
conteúdo das gravações, que foram utilizadas para subsidiar ação
penal iniciada pelo MP contra Caio, pela prática do crime de tráfico
de influência.
Com base nessa situação hipotética, julgue os itens seguintes, a
respeito das interceptações telefônicas.
O fato de Kátia –– que era interlocutora dos diálogos gravados ––
ter consentido posteriormente com a divulgação do conteúdo das
gravações não legitima o ato nem justifica sua utilização como
prova.
COMENTÁRIOS: No caso em tela temos um exemplo clássico de
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interceptação telefônica obtida de forma ilegal, sendo considerada,


portanto, prova ilícita.
Os Tribunais Superiores entendem que o posterior consentimento de um
dos interlocutores não convalida a prova (Ver HC 161.053-SP – STJ)

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

19 - (CESPE – 2013 – PC-BA – DELEGADO)

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Um delegado de polícia, tendo recebido denúncia anônima de que
Mílton estaria abusando sexualmente de sua própria filha,
requereu, antes mesmo de colher provas acerca da informação
recebida, a juiz da vara criminal competente a interceptação das
comunicações telefônicas de Mílton pelo prazo de quinze dias,
sucessivamente prorrogado durante os quarenta e cinco dias de
investigação.

Kátia, ex-mulher de Mílton, contratou o advogado Caio para


acompanhar o inquérito policial instaurado. Mílton, então, ainda
no curso da investigação, resolveu interceptar, diretamente e sem
o conhecimento de Caio e Kátia, as ligações telefônicas entre eles,
tendo tomado conhecimento, devido às interceptações, de que o
advogado cometera o crime de tráfico de influência. Em razão
disso, Mílton procurou Kátia e solicitou que ela concordasse com a
divulgação do conteúdo das gravações telefônicas, ao que Kátia
anuiu expressamente. Mílton, então, apresentou ao delegado o
conteúdo das gravações, que foram utilizadas para subsidiar ação
penal iniciada pelo MP contra Caio, pela prática do crime de tráfico
de influência.

Com base nessa situação hipotética, julgue os itens seguintes, a


respeito das interceptações telefônicas.

A interceptação telefônica realizada por Mílton é ilegal, porquanto


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desprovida da necessária autorização judicial.

COMENTÁRIOS: O item está perfeito. A interceptação realizada por


Milton é absolutamente ilegal, eis que realizada à revelia da lei, por
pessoa sem atribuição para tal, bem como sem autorização judicial.

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

20 - (CESPE – 2013 – CNJ – ANALISTA JUDICIÁRIO)

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Admite-se que o juiz determine interceptação telefônica quando
houver indícios razoáveis de autoria ou participação em infração
penal punida com detenção e a prova não puder ser feita por
outros meios.

COMENTÁRIOS: Item errado. Isto porque não se admite a determinação


da interceptação das comunicações telefônicas para apuração de fato
punível meramente com pena de detenção, nos termos do art. 2º, III da
Lei. Vejamos:

Art. 2º. Não será admitida a interceptação de comunicação telefônicas


quando ocorrer qualquer das seguintes hipótese:
(...)
III: o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena
de detenção.

Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

21 - (ESAF – 1998 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO)

A interceptação de comunicações telefônicas é admitida para


prova em:

A) instrução processual penal

B) instrução processual penal e civil

C) instrução processual penal e bancária

D) instrução processual penal e inquérito policial


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E) instrução processual bancária e inquérito policial

COMENTÁRIO: A interceptação é admitida apenas para a instrução


criminal e para a investigação criminal (inquérito policial). Vejamos:

Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza,


para prova em investigação criminal e em instrução processual penal,
observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da
ação principal, sob segredo de justiça.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

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22 - (ESAF – 2006 – CGU – AFC)

A interceptação telefônica reclama

a) instauração de inquérito policial.

b) instauração de processo administrativo.

c) recebimento da denúncia.

d) competência do juiz da ação principal.

e) justificação judicial.

COMENTÁRIOS: Apenas a alternativa D está correta, pois se exige que o


Juiz que irá decretar a medida seja o Juiz competente para a ação
principal. Vejamos:

Art. 1º da Lei 9296 - A interceptação de comunicações telefônicas, de


qualquer natureza, para a prova em investigação criminal e em instrução
processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do
JUIZ COMPETENTE DA AÇÃO PRINCIPAL, sob segredo de justiça.

Não se exige que já tenha sido instaurado o processo, nem denúncia


recebida, nem mesmo que haja ou tenha havido Inquérito Policial (pois
pode já se estar em fase processual, não tendo havido IP).

Por óbvio, também não se exige que haja processo administrativo.

Não se exige “justificação” judicial, que é um procedimento preliminar de


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produção de provas. Exige-se, apenas, a fundamentação judicial da


decisão.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

23 - (FCC – 2008 – MPE-PE – PROMOTOR DE JUSTIÇA)

A interceptação telefônica, nos termos da lei, será admitida

a) mesmo que a prova possa ser feita por outros meios


disponíveis.

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b) quando houver indícios razoáveis de autoria ou participação em
infração penal.

c) em infração penal punida com qualquer tipo de pena.

d) a pedido de qualquer pessoa que tenha interesse no fato a ser


investigado.

e) pelo prazo máximo de trinta dias, prorrogável por mais trinta.

COMENTÁRIOS:

A) ERRADA: Exige-se que a prova não possa ser obtida por outros meios,
nos termos do art. 2º, II da Lei 9.296/96.

B) CORRETA: Esta é uma das exigências do art. 2º, I da Lei 9.296/96.

C) ERRADA: Exige-se que a infração seja punida com reclusão, nos


termos do art. 2º, III da Lei.

D) ERRADA: Somente pode ser determinada de ofício ou por


representação da autoridade policial ou requerimento do MP, nos termos
do art. 3º da Lei.

E) ERRADA: O prazo máximo é de 15 dias, renováveis por mais 15, nos


termos do art. 5º da Lei. Lembrando que o STF relativizou a quantidade
de renovações.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

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24 - (VUNESP – 2013 – TJ-RJ – JUIZ)

Relativamente à interceptação de comunicações telefônicas,


assinale a alternativa correta de acordo com a Lei n.º 9.296/96.

a) Não poderá exceder o prazo de cinco dias, renovável por igual


tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de
prova.

b) A autoridade policial, na investigação criminal, poderá


verbalmente solicitar sua realização ao juiz.

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c) O juiz não poderá determinar de ofício sua realização.

d) Poderá ser realizada durante a investigação criminal e em


instrução processual penal de qualquer crime, mas nunca de
contravenções.

COMENTÁRIOS:

A) ERRADA: O prazo é de 15 dias, renováveis por igual período, nos


termos do art. 5º da Lei.

B) CORRETA: A representação deve ser formulada por escrito, mas em


casos excepcionais se admite verbalmente (art. 4º, §1º da Lei).

C) ERRADA: Item errado, pois o Juiz pode determinar sua realização de


ofício, nos termos do art. 3º da Lei.

D) ERRADA: Item errado, pois não se admite em relação a crimes cuja


pena seja, no máximo, de detenção (somente se admite, portanto, para
crimes apenados com reclusão), nos termos do art. 2º, III da Lei.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

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1. CORRETA
2. CORRETA
3. ERRADA
4. ERRADA
5. CORRETA
6. ERRADA
7. CORRETA
8. ERRADA
9. CORRETA
10. CORRETA
11. CORRETA
12. ERRADA
13. CORRETA
14. ERRADA
15. CORRETA
16. CORRETA
17. ERRADA
18. CORRETA
19. CORRETA
20. ERRADA
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21. ALTERNATIVA D
22. ALTERNATIVA D
23. ALTERNATIVA B
24. ALTERNATIVA B

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