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Comportamentos improdutivos

Interessante perceber que dentro de uma perspectiva de busca pela felicidade, há alguns
conceitos, aspectos e diretrizes presentes em diversos estudos, entre eles:

1 – Howard Gardner: “Estruturas da mente”

Os testes de QI, por muito tempo, foram amplamente utilizados para medir a
inteligência. Um QI alto, para alguns, significava que a pessoa era competente e teria
muitas oportunidades na vida, já um QI baixo, por sua vez, significava que você era
lento, potencial limitado e com isso teria oportunidades limitadas. Pelo menos era isso
se propunha de forma geral naquela época.
A questão é que os testes QI podiam até predizer, de forma razoável, o quão bom o
indivíduo se sairia nas matérias escolares pautadas em lógica-matemática, porém,
não para mensurar várias outras habilidades como compor uma nova sinfonia,
programar um computador, aprender novas línguas ou lidar de forma produtiva com as
próprias variações de humor.
O psicólogo de Harvard, Howard Gardner, indo contra as convenções e paradigmas da
época, alegou que todos nós possuímos 7 tipos de inteligências em proporções e
combinações diferentes. São elas:
Inteligência linguística: capacidade de apreciar e utilizar a linguagem com facilidade,
de aprender novas línguas, de persuadir, influenciar, contar histórias;
• Inteligência lógico-matemática: envolve a capacidade de abordar assuntos científicos
e matemáticos, bem como analisar e aplicar operações matemáticas;
• Inteligência musical: habilidade de pensar em termos de ritmos, sons, padrões
musicais e de compor, para citar algumas habilidades;
• Inteligência corporal cinestésica: facilidade com a linguagem e a expressão corporal,
controlando e coordenando movimentos físicos complexos inclusive:
• Inteligência visual-espacial: implica a capacidade de entender e manipular objetivos
no espaço, tipo o que escultores e a arquitetos fazem;
• Inteligência interpessoal: habilidade de criar e manter laços sociais e efetivos
significativos, de entender os objetivos, necessidades e motivações do outro;
• Inteligência intrapessoal: reflete a habilidade de identificar, reconhecer, gerir os
próprios sentimentos e motivações, de entender o self por meio de uma consciência
elevada de si .
A percepção e a noção dessa teoria influencia não só o nosso aprendizado e
desenvolvimento, mas também a forma como interagimos e nos relacionamos. Já
pensou nisso? Ainda, qual das 7 inteligências acredita sobressair em você? E na pessoa
que mais se relaciona?

2 – Martin Seligman: “Felicidade autêntica”


Segundo determinado estudo, de cada 100 artigos sobre tristeza e depressão, 1 é
voltado para felicidade. O que reflete, de certa forma, o quanto a psicologia ao longo
de anos se dedicou ao ‘que está errado com as pessoas’ e deixou de lado questões
voltadas para o que faz com que as pessoas sejam ‘felizes ou realizadas’. Ou seja, era
uma psicologia direcionada às doenças mentais e não à positividade.
Seligman se dedicou a estudar os sentimentos de desamparo e pessimismo, o que levou
à seguinte inquietação: como o otimismo e as emoções positivas podem ser
preservadas e aumentadas nas nossas vidas? Suas pesquisas forjaram uma nova linha
dentro da psicologia, a da “psicologia positiva”. Já ouviu falar?
Comparando com centenas de pesquisas no mundo todo, Seligman cunhou a concepção
que por meio do desenvolvimento de caráter e virtudes atingimos a felicidade autêntica.
Dinheiro, um bom casamento, o clima, a sociabilidade, entre outros aspectos,
influenciam sim o índice de felicidade, contudo, não passa de 15%. O que determina
mesmo a felicidade genuína é a relação de caráter e virtudes, tais relações são agrupadas
em 6 virtudes e 24 forças de caráter. Em suma:
I. Sabedoria e Conhecimento: habilidade e qualidades cognitivas que envolvem a
obtenção e o bom uso do conhecimento. Suas forças são: amor ao saber; curiosidade;
descobridor; perspectiva e criatividade.

II. Coragem: habilidade emocional que envolve superar obstáculos e oposições, sejam
elas externas ou internas, mantendo assim, a determinação, o propósito e o objetivo
almejado. Aqui as forças são: coragem; perseverança; integridade e entusiasmo.
III. Temperança (ou moderação): suas as virtudes que nos preservam dos excessos.
São elas: perdão; modéstia; auto-regulação; prudência.
IV. Transcendência: forças que usamos para dar significado à nossa vida e nos
conectar com a amplitude do universo. Tais como: apreciar a beleza; gratidão;
esperança; humor; espiritualidade.
V. Humanidade: forças voltadas para os relacionamentos humanos. São elas: amor;
bondade e inteligência social.
VI. Justiça: forças que garantem a vida saudável e harmoniosa em comunidade, ou
seja, são as forças cívicas que incluem: cidadania, equidade e liderança.
A felicidade deixou de ser algo místico ou um dom e passou a ser visto como científico
do qual podemos desenvolver. Como anda desenvolvendo, de forma prática, as forças?

3 – Albert Ellis e Robert A. Harper: Um guia para a vida racional

Constantemente, frente aos diversos desafios do dia a dia, mantemos conversas internas
(aquelas vozes que surgem dentro de nós) com nós mesmos. Já se deu conta disso?
Essas declarações constantes e somadas acabam norteando nossa filosofia de vida e
nossos comportamentos, seja de forma consciente ou inconsciente, uma vez que
tendemos a formular nossas emoções e ideias com palavras e sentenças, o que carrega
consigo nossas crenças e pressupostos que achamos ser “verdades” inquestionáveis.
Dr. Albert Ellis, pai da terapia Racional-Emotiva Comportamental (TREC) e Terapia
Cognitiva (TC), identificou 11 crenças irracionais que permeiam os indivíduos e
distorcem nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos face a determinados
acontecimentos. Tais distorções, ao meu ver, podem interferir negativamente na nossa
felicidade. Conforme cita Vera Martins¹ (p. 91), essas crenças são:
I. A ideia de que existe extrema necessidade de qualquer ser humano adulto ser amado
ou aprovado por qualquer outra pessoa significativa em sua comunidade;
II. A ideia de que se deve ser inteiramente competente, adequado e realizador em todos
os aspectos possíveis para ter valor; ou seja, você tem que ser perfeito em tudo;
III. A ideia de que é terrível e catastrófico quando as coisas não são do jeito que
gostaríamos que fosse. A ideia de que há invariavelmente uma solução certa, precisa e
perfeita para os problemas humanos e que é catastrófico se essa solução perfeita não é
encontrada;
IV. A ideia de que certas pessoas são más, perversas e “velhacas” e que elas deveriam
ser severamente responsabilizadas e punidas por sua maldade;
V. A ideia de que a infelicidade humana é extremamente causada e que as pessoas têm
pouca ou nenhuma habilidade para controlar seus infortúnios e distúrbios;
VI. A ideia de que, se alguma coisa é ou pode ser perigosa ou assustadora, deve-se ficar
terrivelmente preocupado e ficar “ruminando” sua possível ocorrência;
VII. A ideia de que é mais fácil evitar certas dificuldades ou responsabilidades da vida
do que enfrentá-los;
VIII. A ideia de que se deva ser dependente dos outros e de que é necessário alguém
mais forte em que se apoiar;
IX. A ideia de que a história passada de alguém é um determinante definitivo de seu
comportamento presente e que, se algo afetou uma vez fortemente sua vida, isso
continuará tendo indefinidamente um efeito similar;
X. A ideia de que se deva ficar transtornado com problemas e preocupações de outras
pessoas;
XI. A ideia de que a felicidade humana pode ser alcançada pela inércia e inatividade.

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