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CONHECIMENTOS
ESPECÍFICOS
(PARA O CARGO DE
ATENDENTE DE
REINTEGRAÇÃO SOCIAL)
BRASÍLIA, FEV/2010.
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SUMÁRIO
1. MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
3. EXCLUSÃO SOCIAL
1. MEDIAÇÃO DE CONFLITOS¹
2
I. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Assim é que, em nosso país, embora ainda não exista uma legislação
regulamentando a prática de Mediação, verifica-se a existência de várias
instituições púbicas ou particulares, que desenvolvem tanto a prática como cursos
de mediação.
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pessoas, permite o desenvolvimento de capacidades sociais, maior capacidade de
comunicação e mesmo de autonomia.
5
bom termo. O mediador deve ser imparcial, não deve emitir juízo de valores e deve
apenas conduzir o processo, ser um veículo entre as partes. A resolução do
problema deve ser trazida pelos envolvidos, mesmo que o mediador não concorde
com os termos do contrato,
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revelador de toda intenção e disponibilidade na resolução do conflito, o que aliado,
e neste caso particular na mediação, às habilidades cognitivas, facilitará todo o
processo.
Realizada diretamente
Negociação pelas partes em
conflito.
Formal ou informal.
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A escuta ativa é uma técnica de comunicação que pretende e permite que as
barreiras de comunicação que se estabeleceram entre as partes de um conflito se
eliminem, ou pelo menos se atenuem. Implica que prestemos atenção não só ao
conteúdo da mensagem de cada uma das partes, mas também aos sentimentos e
emoções nelas envolvidas, aos índices não verbais e ao contexto em que a
mensagem é proferida.
8
Vezulla (2004) em sua Dissertação de Mestrado em que avaliou exatamente
a Mediação de conflitos em adolescentes em conflito com a lei aponta a grande
validade desses conhecimentos e dessa ferramenta dentro desse contexto. Assim
ele comenta:
“Assim, o Estado poderia auxiliá-lo no atendimento de suas necessidades de constituir-se
como sujeito e a tomar consciência de sua situação para deixar de ser objeto da dependência e
produzir o efeito desejado na conquista de seus direitos, transformando o ato infracional em
experiência vital que contribua à sua emancipação.
Consideramos que a procura do efeito emancipador permitiria ao adolescente em conflito
com a lei poder transformar a expressão de violência do ato infracional na compreensão do pedido
de auxílio envolvido nela, ao verbalizar, num diálogo respeitoso e cooperativo, suas necessidades e
pressões e, assim, remanejar seus relacionamentos estruturais. Neste trabalho, o adolescente
poderia tomar consciência de si, de sua identidade, de sua inserção social e de seus direitos,
aceitando a sua contrapartida: as obrigações para com os outros. Tentaremos, nos dois próximos
capítulos, apresentar a mediação como procedimento que atenderia às necessidades dos
adolescentes aqui trabalhadas e servisse para produzir o efeito emancipador facilitando ao
adolescente a elaboração de sua situação de adolescente em conflito com a lei”.(Vezulla, 2004)
VIII. BIBLIOGRAFIA
SCHNITMAN, D.F.. Novos paradigmas na resolução de conflitos. In: Schnitman,
D.F. & Littlejohn, S. (org.) Novos paradigmas em mediação. Porto Alegre: Artmed
Editora, 1999.
WARAT, L.A.. O ofício do mediador. Florianópolis: Habitus, 2001.
9
VEZULLA, J. C. A mediação de conflitos com adolescentes autores de ato infracional.
Dissertação de Mestrado em Serviço Social pela Universidade Federal de Santa
Catarina. Florianópolis, 2004.
Quanto à NATUREZA:
- relações do agressor com os filhos vítimas se caracterizam por serem uma
relação sujeito objeto;
- os filhos devem satisfazer as necessidades dos pais;
- a disciplina física é sempre enfatizada como um método adequado de
educação;
Quanto à DIREÇÃO:
- as vítimas tanto podem ser do sexo feminino quanto do sexo masculino;
- predomínio do sexo feminino, especialmente na adolescência;
- agressores: pai, mãe, padrasto, madrasta, pais adotivos;
- maior índice de vítimas nas faixas etárias de 07 aos 13 anos;
- fenômeno aparece nas diferentes classes sociais, sendo mais denunciadas
ao poder do Estado pelas classes mais populares.
Quanto às CONSEQUENCIAS:
Orgânicas:
– seqüelas provenientes de lesões diversas que poderão causar invalidez
permanente ou temporária;
- morte da vítima (violência fatal).
Psicológicas:
- sentimentos de raiva, medo do agressor;
- dificuldades escolares;
- dificuldades quanto a confiar nos outros;
- autoritarismo criando uma paradoxal subserviência para com a autoridade e
a rebelião contra ela;
- delinqüência;
- violência doméstica;
- parricídio/matricídio.
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carícias, até cópulas oral, anal e vaginal. Ambas as formas podem ocorrer com ou
sem emprego de força física. As relações podem ser com pessoas do mesmo sexo
e/ou com diversos graus de parentesco: pai e filha, irmão e irmã etc. Isso quer
dizer que o agressor poderá ser um adolescente.
Estamos, portanto, diante de um fenômeno muito complexo que gera
dificuldades conceituais, pois nem sempre atendem adequadamente os aspectos
médico, jurídico, psicológico e ético que esses crimes envolvem e que interferem
em sua identificação e com certeza em sua intervenção. Daí a relevância de
estudos sobre essa questão para unificar a nossa linguagem e o nosso saber e
podermos estar bem mais preparados para lidar com esse fenômeno.
Uma questão que poderá ser feita é: “quem procura manter relações
sexuais com crianças e adolescentes”?
Sob o ponto de vista da psicopatologia, uma pequena parcela da
população apresenta um quadro denominado como Pedofilia, que conceitualmente
é uma parafilia – ou sema, um transtorno sexual, caracterizado por “um impulso ou
excitação sexual recorrente e intenso por crianças de 13 anos de idade ou menos,
persistindo por, no mínimo, seis meses...” e que acomete preferencialmente as
pessoas do sexo masculino.
Contudo, será que todos aqueles que buscam crianças ou
adolescentes para relacionamento sexual podem ser considerados portadores de
um quadro de Pedofilia?
Segundo Azevedo e Guerra (USP/LACRI, 1997), existem dois tipos de
agressores: os preferenciais e os situacionais. Os primeiros são mais raros e se
enquadram no que se considera como Pedofilia. Os segundos são mais comuns,
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seriam pessoas imaturas, com comportamentos sociais inadequados que se
envolvem sexualmente como crianças e adolescentes em função de diversos
motivos em uma circunstância dada.
ALGUNS CONCEITOS
Quanto a natureza
Trata-se de um fenômeno que ocorre num certo tipo de família: as
incestogênicas. Consiste num subtipo do gênero famílias conflitivas onde a
estrutura e dinâmica dificultarão o desenvolvimento de seus membros.
Quanto à direção
- vítimas (mulheres) agressores (homem)
- existem vítimas do sexo masculino (nº pequeno)
- o tipo mais freqüente é o incesto pai – filha (ordinário)
- o agressor sofre de distúrbios psiquiátricos (minoria)
- idade mais freqüente da vítima 8 a 12 anos.
Quanto às conseqüências
- graves para vítima a curto e longo prazo (gravidez precoce, suicídio etc)
Quanto à visibilidade
- índice muito baixo de notificação.
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As crianças e adolescentes abusados podem reagir ou experienciar a
violência sexual de várias maneiras:
Algumas fingem que não são elas e tentam ver o abuso à
distância.
Outras tentam entrar em estado alterado de consciência, como se
estivessem dormindo.
Outra forma é dissociar o corpo dos sentimentos, às vezes negam
a existência da parte inferior do corpo.
1. Indicadores físicos:
Dificuldade de caminhar.
Apresenta nas áreas genitais ou anais dor ou inchaço.
Lesão ou sangramento.
Infecções urinárias.
Secreções vaginais ou penianas.
Baixo controle dos esfíncteres.
Sintomas que indicam presença de “DST’s”.
Enfermidades psicossomáticas.
Presença de transtorno alimentar (inapetência ou obesidade).
Dificuldade de engolir devido à inflamação na garganta devido sexo oral.
Roupas íntimas rasgadas ou manchadas de sangue.
2. Indicadores comportamentais:
Vergonha excessiva.
Medo constante, principalmente de pessoas do sexo masculino.
Comportamento agressivo e inquietude.
Uso ou abuso de álcool ou drogas.
Descontrole emocional.
Culpa ou autoflagelação.
Comportamento sexual inadequado para sua idade (interesse, expressão
erotizada, masturbação compulsiva).
Regressão a estado de desenvolvimento anterior.
Descuido com a própria higiene pessoal.
Tendência ao isolamento social.
Desempenho escolar alterado com baixa concentração.
Tendências suicidas.
Fugas constantes de casa.
3. Características da família:
Muito possessiva com a criança, negando-lhe contatos sociais normais.
Menina assumindo o papel maternal.
Acusa a criança de promiscuidade ou sedução sexual.
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O agressor pode já ter sofrido este tipo de abuso na infância.
Acredita que a criança tem atividade sexual fora de casa.
Crê que o contato sexual é forma de amor familiar.
Conta estórias alegando outro agressor para proteger membros da
família.
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- Abandono Material
- Entrega de Filho Menor à Pessoa Idônea
- Abandono Intelectual
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Uma gravidez não aceita – Mesmo a gravidez planejada e desejada traz
elementos estressores, porém advinda de situação não esperada são por vezes
muito difíceis de serem administradas sem conflitos, sentimentos de negação e
rejeição não somente do casal, mas que também interfere em toda dinâmica
familiar.
Finalmente podemos relacionar de forma esquemática os efeitos em curto e
longo prazo encontrado na literatura corrente.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
21
Como e por que ocorre o abuso sexual?
E os maus-tratos psicológicos?
23
Didaticamente, quais e como são as formas mais comuns de maus-
tratos?
24
Habitualmente, quando falamos em abuso sexual contra crianças,
associamos o caso a um psicopata ou a um pedófilo. Na maioria das vezes,
porém, isso ocorre com homens comuns, que agem normalmente em
sociedade, mas em casa mostram-se doentes, deprimidos, têm dificuldades
nas atividades sexuais, neuróticos que acabam encontrando nas filhas a
relação que lhes preenche o vazio afetivo. Essa situação é muito comum.
Até porque, quando a sociedade ainda não estava organizada nos padrões
atuais, a relação endogâmica era aceita. Hoje, proibido, o incesto é um tabu
não respeitado por muitos.
Para nossa cultura, sexo significa tabu, ou seja, algo proibido, que dificulta a
verbalização dos fatos por causar certo desconforto e vergonha das pessoas
envolvidas. Sensações de indignação e culpa se misturam com sentimentos de
amor e ódio, tanto por quem cometeu a violência como por quem a sofreu. Quando
o abuso sexual ocorre no âmbito do domicílio há uma quebra da confiança, uma
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ruptura que causa certa insegurança no funcionamento do sistema familiar como
um todo. Mesmo não sendo comprovado o abuso, o sentimento se perpetuará nas
fantasias de seus membros. Portanto, o abuso sexual mexe com toda a dinâmica
familiar, independentemente do grau em que ele ocorreu.
Isto incluiria o expressar afeto de modo inapropriado para uma criança daquela
idade. Dois outros sinais aparecem quando uma criança desenvolve brincadeiras
sexuais persistentes com amigos, brinquedos ou animais, masturbar-se
compulsivamente. Pela hiperestimulação sexual ela pode procurar sexo com
adultos, na qual pode engravidar precocemente ou entrar no mercado da
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prostituição.
Este tipo de violência ocorre fora do âmbito familiar, podendo ser cometida por
conhecidos, como vizinhos ou pessoas totalmente desconhecidas. Adolescentes
e/ou mulheres que sofrem estupro em locais públicos são vítimas desse tipo
violência.
A exploração sexual comercial pode ser caracterizada por uma relação mediada
pelo dinheiro ou pela troca de favores. A primeira ocorre para o trabalhador do sexo
ganhar recursos para a sua manutenção; parte desse recurso vai para aquele que
explora seu serviço e muitas vezes oferece proteção. São os chamados rufiões ou
cafetões, que lucram com o trabalho dos profissionais do sexo. Muitas vezes o
profissional do sexo paga integralmente seus ganhos para o seu agenciador, pois,
no início de sua atividade, aquele teve o apoio deste para pagar despesas de
moradia, alimentação, transporte, roupas, maquiagem etc., o que configura a troca
de favores. O fato é que a dívida nunca finda e o profissional torna-se refém de seu
explorador.
Nas novelas, nos filmes e nos programas não há profundidade nas discussões
sobre sexo e sexualidade, pois o assunto é um tabu social. O que sobra são
mensagens explícitas de ascensão social através da sedução, do culto ao corpo
perfeito, do sexo pelo sexo e da santificação das gestantes e/ou das mulheres com
filhos pequenos. Os meios de comunicação não são os únicos responsáveis pela
erotização precoce de crianças e adolescentes. Mas, por outro lado, atuam na
subjetividade dos indivíduos, levando-os a mudanças nas representações sociais e
no projeto de vida de cada um.
Prostituição infanto-juvenil
O que é pedofilia?
A pedofilia se define por um indivíduo que tem atração erótica por crianças,
podendo essa atração ser elaborada no terreno da fantasia ou ser atuada através
de atos sexuais com meninos ou meninas. A pedofilia pode ser um sintoma de um
indivíduo inseguro e impotente. Normalmente, esse indivíduo se imagina como
criança, projetando essa fantasia nas crianças reais do mundo externo e buscando
tratá-las como gostaria de ser tratado. Não se pode considerar como um tipo de
personalidade, mas existem fatores de risco em que o ambiente é preponderante
na sua formação. Muitos desses indivíduos sofreram violência sexual quando
crianças. Meninos que não sofreram, mas cujas irmãs sofreram, podem tornar-se
agressores por identificação. Nesse sentido, pode ocorrer o mesmo com filhos de
pais agressores sexuais. Outro fator de risco relaciona-se a indivíduos que no
transcorrer de seu desenvolvimento possuíam alto nível de excitação e baixa
tolerância à frustração, utilizando como mecanismo de defesa a sexualização da
própria dor para não senti-la. Em sua adolescência, fantasiava fazer sexo com
crianças e não considerava manifestações emocionais produzidas por outras
pessoas.
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No Poder Público/Violência Institucional
Existem várias formas de violência cometidas pelo poder público. Destaca-se a
violência policial, dos serviços públicos e especificamente a violência institucional.
Considera-se para todos os efeitos que o termo institucional refere-se às
instituições gerenciadas pelo poder público (municipal, estadual e federal) e
àquelas que foram delegadas pelo poder público às organizações da sociedade
civil. Na questão da infância e da juventude há organizações de internamento que
tratam de adolescentes que transgridem a lei e há outras instituições onde são
aplicadas outras medidas sócio-educativas, como Liberdade Assistida e Prestação
de Serviço à Comunidade. Os abrigos são organizações que recebem o maior
número de crianças e adolescentes precedentes de processos de destituição de
pátrio poder ou de suspensão da guarda dos pais e/ou responsáveis. Grande parte
dessas crianças e adolescentes é órfã ou sofreu negligência, abandono, violência
física, psicológica e sexual. A tutela das crianças e/ou adolescentes fica
provisoriamente vinculada ao Poder Judiciário, que por sua vez conta com os
abrigos para salvaguardá-las.
3.
EXCLUSÃO SOCIAL¹
O excluído social não existe por si mesmo. Ele é uma realidade ligada à
outra, pois ao dizer que alguém é excluído necessariamente faz-se as seguintes
perguntas:
Excluído de quê?
Excluído de onde?
Excluído por quem?
CONCEITOS
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Exclusão é "estar fora", à margem, sem possibilidade de participação, seja
na vida social como um todo, seja em algum de seus aspectos.
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A exclusão social tem sido alvo freqüente de debates entre os cientistas e
outros intelectuais, em virtude da pobreza e da miséria, cada vez mais visíveis em
nosso país. Entre os estudiosos que contribuíram para um arcabouço teórico da
exclusão, destaca-se Robert Castel (1991, 1995). A idéia de exclusão social
assinala um estado de carência ou privação material, de segregação, de
discriminação, de vulnerabilidade em alguma esfera. O excluído não escolhe a
sua condição; ela se dá numa evolução temporal como resultado das mudanças
na sociedade como, por exemplo, as crises econômicas.
A exclusão pode acontecer sob várias formas. Uma delas e, talvez a mais
grave, pois pode gerar outros tipos de exclusão, é a econômica. Quando o país,
por questões políticas, administrativas, ou como resultado de um processo
mundial, não gera emprego para seus cidadãos, deixa de lado, geralmente, os
menos preparados, os que já se encontram em uma zona menos privilegiada. O
desemprego estrutural, por sua vez, aliena uma parcela da população que
anteriormente se encontrava inserida na sociedade, com papéis definidos.
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EXCLUSÃO SOCIAL, VULNERABILIDADES DA FAMÍLIA E A DELINQÜÊNCIA
JUVENIL
A dependência química é uma doença e como tal deve ser tratada. Não
deve a sociedade, apenas, como defesa própria, se limitar à repressão com
descriminação dos atos infracionais praticados por adolescentes dependentes
químicos, mas cooperar em todos os sentidos, cobrando do Estado a
aplicabilidade de tratamentos especializados para esses dependentes. A
imposição de sanções não afastará o adolescente do convívio com as drogas;
pelo contrário, além de viciado, se especializará em outros tipos de crimes.
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fragilidade da sociedade civil.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
39
Amaro, Rogério Roque. A Exclusão Social Hoje. Cadernos do ISTA, Nº 09.
DEMO, Pedro. Charme da exclusão social. Campinas, São Paulo: Editora Autores
Associados, 1998.
Feijó, Maria Cristina; Assis, Simone Gonçalves (2004) O Contexto de Exclusão Social
e de Vulnerabilidades de Jovens Infratores e de suas Famílias. Revista Estudos
Psicológicos vol. 9 n º1 Natal.
40
e de justiça voltados ao atendimento de crianças e adolescentes. E nesse contexto
que se insere o atendimento ao adolescente em conflito com a lei desde o
processo de apuração, aplicação e execução de medida socioeducativa. Pode-se
dizer que a reunião de suas regras e critérios, de forma ordenada e que almeje
reduzir as complexidades de atuação dos atores sociais envolvidos, possibilita a
construção de um subsistema que, inserindo-se no SGD, atua sobre esse ambiente
especifico relacionado a esses adolescentes. A esse subsistema especifico dá-se o
nome de Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), o qual se
comunica e sofre interferência dos demais subsistemas internos ao Sistema de
Garantia de Direitos (tais como Saúde, Educação, Assistência Social, Justiça e
Segurança Publica).
O artigo 88 do ECA, por sua vez, traduz uma série de diretrizes de natureza
político administrativa para a construção do Sistema em questão, orientando as
ações a serem adotadas pela administração pública e pela sociedade civil
organizada.
42
do público em geral sobre a efetivação do princípio da prevalência do
melhor interesse da criança e do adolescente.
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Para promover e defender os direitos de crianças e adolescentes, quando
ameaçados e violados e controlar as ações públicas decorrentes, o Sistema de
Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente deverá priorizar alguns
determinados mecanismos estratégicos de garantia de direitos:
I - mecanismos judiciais e extra-judiciais de exigibilidade de direitos;
II - financiamento público de atividades de órgãos públicos e entidades
sociais de atendimento de direitos;
III - formação de operadores do Sistema;
IV - gerenciamento de dados e informações;
V - monitoramento e avaliação das ações públicas de garantia de direitos; e
VI - mobilização social em favor da garantia de direitos.
Competências da União:
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1988, o Brasil adotou tal concepção ao inseri-la no art. 227, da Constituição da
República Federativa do Brasil, nos seguintes termos:
49
Define os conceitos de criança e de adolescente e os diferentes
mecanismos de responsabilização em casos de conflito com a lei (medidas
protetivas e medidas socioeducativas);
50
Destinam-se ao atendimento de necessidades básicas comuns a todas as
crianças e adolescentes: educação, saúde, cultura, recreação, esporte,
profissionalização, moradia, alimentação.
Numa sociedade marcada profundamente pelas desigualdades sociais,
devem estar voltadas, prioritariamente, para as crianças e adolescentes
pobres, que têm escassas alternativas de usufruir desses direitos sociais
fundamentais
Políticas Assistenciais:
Destinam-se às crianças e adolescentes em estado temporário ou
permanente de necessidade, em razão de privação econômica ou de outros
fatores.
São orientadas, prioritariamente, para as camadas sociais mais pobres.
Exemplos: programas de alimentação complementar; de abrigo provisório;
creches comunitárias; passes para viagens e outros.
Devem articular-se aos programas derivados das políticas sociais básicas.
Devem ser transitórias e ter um caráter emancipador: contribuir para a
superação da situação de crise e para elevar o seu destinatário a uma nova
condição de vida.
Conselhos de Direitos
51
Conselho Tutelar
Entidades de Atendimento (Governamentais e não Governamentais)
Operadores do Direito/Sistema de Justiça
Instâncias Representativas (Fóruns, Comitês, Comissões, Frentes, Redes)
Formadores de Opinião Pública (Comunicadores, Artistas, Igrejas, Lideranças)
Representações da Iniciativa Privada (Empresários, Etc);
Representações Políticas
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MUNICÍPIO: o Governo Municipal, as comunidades e as organizações não
governamentais executam diretamente o atendimento às crianças e adolescentes:
CEDCA: Estaduais
CMDCA: Municipais
CONANDA: CARATERÍSTICAS
Criado em 1991, pela Lei nº 8.242, o CONANDA foi previsto pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente como o principal órgão do sistema de garantia de
direitos. Por meio da gestão compartilhada, governo e sociedade civil definem, no
âmbito do Conselho, as diretrizes para a Política Nacional de Promoção, Proteção
e Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes.
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• Convocar, a cada dois anos, a Conferência Nacional dos Direitos da Criança e
do Adolescente;
Possuem autonomia política para definir questões que lhes são afetas,
tornando-se suas deliberações vontade expressa do Estado;
COMPOSIÇÃO E MANDATO
IMPEDIMENTOS
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É vedada a indicação de nomes ou qualquer outra forma de ingerência do
poder público no processo de escolha dos representantes da sociedade civil
junto ao Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Ocorrências de abandono;
Perda ou fragilidade dos vínculos familiares;
Identidades estigmatizadas em termos étnico, cultural e sexual;
Desvantagem pessoal resultante de deficiências;
Exclusão pela pobreza e, ou, no acesso às demais políticas públicas;
Usuários de álcool e drogas;
Diferentes formas de violência (maus-tratos, abuso e exploração sexual)
advinda do núcleo familiar, grupos e indivíduos;
Estratégias e alternativas diferenciadas de sobrevivência que podem
representar risco pessoal e social;
adolescentes em conflito com a lei;
moradores de rua...
DOS IMPEDIMENTOS
Art. 139 - O processo para a escolha dos membros do Conselho Tutelar será
estabelecido em Lei Municipal e realizado sob a responsabilidade do Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e a fiscalização do Ministério
Público.
BIBLIOGRAFIA
Pesquisa e Elaboração: Maria Nauza Luza Martins - Assistente Social - Bsb, abril/2008.
1. CONSELHOS TUTELARES
64
Em relação à Autoridade Judiciária:
65
08. Quais os direitos trabalhistas e previdenciários dos Conselheiros
Tutelares? Se tem direitos, como fica a substituição? (principalmente direito
a férias, licença-maternidade ou gestação, direitos previdenciários, 13º
salário, licenças para tratamento de saúde ou por motivos particulares)
Os cargos de Conselheiros Tutelares são criados por lei municipal que define,
inclusive a existência e o valor da remuneração. Portanto, a norma abrange
indistintamente todos os membros do Conselho.
Pode ocorrer, entretanto, que se um Conselheiro Tutelar for Servidor da
municipalidade, o Município pode liberar o funcionário eleito para exercício na
Conselho, arcando com o ônus, o que na prática leva a não remuneração deste
Conselheiro pela função de Conselheiro Tutelar.
66
conjunto dessas duas instâncias de promoção, proteção, defesa e garantia de
direitos são fundamentais para a efetiva formulação e execução da política de
atendimento.
Não. O ECA, em seu Art. 132, estabelece: “Em cada município haverá, no mínimo,
um Conselho Tutelar composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade
local para mandato de três anos, permitida uma recondução.
Sim. Crianças e adolescentes são um público que deve ter prioridade absoluta em
todas as áreas (saúde, educação, assistência social, cultura, esportes...). Deve
exercer o controle das ações de todos os direitos, de forma global.
67
montagem da proposta orçamentária do Fundo; constituição de comissões; edição
de resoluções e constituição da Secretaria Executiva.
Ser paritário – sua composição deve respeitar o princípio da paridade, ou seja, ser
composto por igual número de representantes do poder público e da sociedade
civil.
68
11. Os conselheiros podem ser substituídos antes do término de seu
mandato?
O próprio Conselho, contudo, pela lei ou pelo regimento interno, pode fixar
motivos para a perda de mandato dos seus membros.
O Regimento Interno deve ser elaborado pelo próprio Conselho. A prática tem
ensinado que quanto antes se der a sua elaboração, melhores são os
resultados, uma vez que para muitas questões surgidas no dia-a-dia, o
Regimento Interno é o melhor instrumento para encontrar a solução.
O Regimento Interno, como todo ato administrativo, não pode exceder os limites
da lei. Deve contemplar os mecanismos que garantem o pleno funcionamento do
Conselho. Sua publicação deve observar a regra adotada para a publicação dos
demais atos normativos do Executivo.
A diferença entre esses dois Conselhos está principalmente nas suas atribuições.
Enquanto os Conselhos dos Direitos são os órgãos que devem atuar na formulação
e no controle da execução das políticas sociais que asseguram os direitos de
crianças e adolescentes; o Conselho Tutelar atua no atendimento de casos
concretos, de ameaça ou de violação desses direitos, sendo exclusivamente de
âmbito de sua atuação.
69
3. FUNDO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE: Perguntas e Respostas
01. O que são os Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente?
São recursos públicos mantidos em contas bancárias específicas. Essas contas
têm a finalidade de receber repasses orçamentários e depósitos de doações
efetuadas por pessoas físicas ou jurídicas.
70
permitida em lei corresponde, portanto, à destinação do imposto de renda. Para
possibilitar a dedução, a declaração deverá ser feita pelo formulário completo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
71
país, sobre a desesperança que bate à nossa porta, a ausência de dignidade e as
desigualdades que permeiam nossa sociedade.
72
eximindo-se de qualquer responsabilidade. Com tal atitude, tem-se produzido
sistematicamente o agravamento da segregação e da exclusão social.
violência;
acidentes;
risco de contágio de doenças;
ausência de abrigos adequados (garantia de preservação física);
uso e tráfico de drogas;
prática de sexo sem preservativo (promiscuidade).
6 - Contextualizando a Rua
Trabalhadores
- vivem com a família
- freqüentam a escola
- trabalham para ajudar a família
- o trabalho é sua principal atividade na rua
Pedintes
- vivem com a família
- freqüentam a escola
- são utilizados pela família na mendicância
Moradores
- têm relação esporádica com a família
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- deixaram de freqüentar a escola
- usam algum tipo de droga
- realizam algum tipo de trabalho
- praticam mendicância
- praticam pequenas infrações
- prática de prostituição
Migrantes
- vêm de outros Estados à procura de parentes (não os encontram ou não se
adaptam a eles e ficam pelas ruas)
- envolvem-se com os moradores de rua (adultos e crianças/adolescentes)
- aceitam ser abrigados para o recambiamento (a demora no recambiamento,
eventualmente, possibilita maior contato com grupos na rua e sua permanência
na cidade).
Bibliografia
76
Dinis, Nilson F. (2000). Pedagogia de Rua: Reflexões sobre uma nova
Prática.Revista de Psicologia Social e Institucional, vol. 2 nº 1.UNICAMP.
RIZINNI, Irene - Coord. (2003) Vidas nas ruas: Crianças e adolescentes nas ruas:
trajetórias inevitáveis? São Paulo: Loyola.
77
a culpa desta maneira de pensar seria do Estatuto da Criança e do Adolescente -
ECA.
Mesmo tendo cometido uma infração o adolescente tem seus direitos como
cidadão os quais não devem ser esquecidos em qualquer situação que seja. Isto se
refere à garantia de sua integridade física, ao direito de ser ouvido na presença de
seus responsáveis, enfim, ao direito de ser considerado como ser em
desenvolvimento bio-psico-social.
Vale ressaltar ainda mais uma vez que por trás de uma situação infracional,
muitos outros problemas podem ser averiguados como: as relações familiares e
outras relações sociais, as possibilidades de se estabelecer vínculos afetivos que
são importantes para o desenvolvimento psicossocial, além do contexto histórico-
social no qual estão inseridos tanto a criança quanto o adolescente.
EXCLUSÃO SOCIAL
A dependência química é uma doença e como tal deve ser tratada. Não
deve a sociedade, apenas, como defesa própria, se limitar à repressão com
descriminação dos atos infracionais praticados por adolescentes dependentes
químicos, mas cooperar em todos os sentidos, cobrando do Estado a
aplicabilidade de tratamentos especializados para esses dependentes. O tipo de
prisão, o mundo carcerário, no nosso país não passa de uma universidade do
crime, não ressocializa ninguém. A imposição de sanções não afastará o
adolescente do convívio com as drogas; pelo contrário, além de viciado, se
especializará em outros tipos de crimes.
O uso de drogas que atuam sobre a mente humana é tão velho quanto a
existência da humanidade. É por demais ilusório pretender-se acabar com o uso
de drogas, apenas, por meio da repressão e do combate ao tráfico, quando tudo
depende do fator educação com acompanhamento adequado, tendo como
79
objetivo convencer o adolescente dos malefícios e danos irreparáveis causados
pelo uso de substâncias psicoativas.
80
esportiva, a falta de assistência familiar imprescindível na formação e identidade de
cada indivíduo.
Dados publicados pelo Ministério da Justiça (2005) revelam que, dos crimes
praticados no país, somente 10% são atribuídos a adolescentes, sendo que, deste
percentual, 78% são infrações cometidas contra o patrimônio, 50% são furtos e 8%
atentam contra a vida. Em síntese, segundo informação da Associação Brasileira
de Magistrados e Promotores da Infância e Juventude, menos de 3% dos crimes
violentos são praticados por adolescentes.
Fazer com que o jovem responda pelo seu ato é uma atitude de elevado teor
pedagógico-social, desde que lhe seja assegurado o devido processo, com todas
as garantias previstas na lei, e que ele tenha o direito ao pleno e formal
conhecimento do ato que lhe esteja sendo atribuído, à defesa, com todos os
recursos a ela inerentes, e à presunção da inocência, isto é, às garantias
processuais.
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delito cometido pelo adolescente e, ao mesmo tempo, deve contribuir para o seu
desenvolvimento como pessoa e como cidadão.
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Não se trata de adotar uma postura determinista diante do ingresso do
adolescente no mundo da criminalidade, como se as condições de existência
justificassem o crime, mas de indagar a respeito da fragilidade e escassez de
políticas públicas que ofereçam outras possibilidades a esta população, sobretudo
condições que favoreçam a superação da situação de pobreza e vulnerabilidade
pela via da cidadania e do acesso aos direitos e medidas de proteção preconizados
no ECA e não pela via da delinqüência e da infração através da aplicação das
medidas socioeducativas decorrentes de ato infracional.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
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representam alternativas eficazes diante do problema do ato infracional, em
detrimento de iniciativas paliativas de institucionalização.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
*Pesquisa e Elaboração: Maria Nauza Luza Martins – Assistente Social - Brasília, jan/2010.
I. PRINCÍPIOS NORTEADORES
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Qualquer tipo de educação é, por natureza, eminentemente social. O
conceito de socioeducação ou educação social, no entanto, destaca e privilegia o
aprendizado para o convívio social e para o exercício da cidadania. Trata-se de
uma proposta que implica em uma nova forma do indivíduo se relacionar consigo e
com o mundo. Deve-se compreender que educação social é educar para o coletivo,
no coletivo, com o coletivo. É uma tarefa que pressupõe um projeto social
compartilhado, em que vários atores e instituições concorrem para o
desenvolvimento e fortalecimento da identidade pessoal, cultural e social de cada
indivíduo.
A socioeducação como prática pedagógica propõe objetivos e critérios
metodológicos próprios de um trabalho social reflexivo, crítico e construtivo,
mediante processos educativos orientados à transformação das circunstâncias que
limitam a integração social, a uma condição diferenciada de relações interpessoais,
e, por extensão, à aspiração por uma maior qualidade de convívio social.
Cabe assinalar que, de acordo com o educador Antonio Carlos Gomes da
Costa, a socioeducação se distingue, em duas grandes modalidades:
a) de caráter protetivo – Voltada para as crianças, jovens e adultos em
circunstâncias especialmente difíceis em razão da ameaça ou violação de seus
direitos por ação ou omissão da família, da sociedade ou do Estado ou até mesmo
da sua própria conduta, o que os leva a se envolver em situações que implicam em
risco pessoal e social;
b) de caráter socioeducativo, que tem como destinatários os adolescentes e
jovens em conflito com a lei em razão do cometimento de ato infracional.
Feita esta distinção, pode-se falar que essa última, está voltada para a
preparação de adolescentes e jovens para o convívio social, de forma que atuem
como cidadãos e futuros profissionais, que não reincidam na prática de atos
infracionais (crimes e contravenções). E assegurando-se, ao mesmo tempo, o
respeito aos seus direitos fundamentais e a segurança dos demais cidadãos.
O trabalho socioeducativo, nesse sentido, é uma resposta às premissas
legais do Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como às demandas sociais
do mundo atual.
A socioeducação decorre de um pressuposto básico: o de que o
desenvolvimento humano deve se dar de forma integral, contemplando todas as
dimensões do ser. Por isso o desenvolvimento das ações socioeducativas exige
que os profissionais que trabalham com o adolescente o encarem a partir de suas
vinculações históricas e sociais.
Dessa forma, não se trabalha com o marginal, o bandido, o infrator, mas
com um indivíduo que, em razão de suas condições e relações materiais e
históricas, cometeu um ato infracional. Isso garante que se vislumbre para todos os
adolescentes e em todos os momentos de suas vidas possibilidades de construir
novas relações com o mundo a sua volta.
Em síntese, cabe aos profissionais que atuam com o adolescente em conflito com
a lei:
Colocar à disposição dos jovens o saber e a experiência pessoal que
acumulou em sua trajetória de vida;
Ajudar o adolescente a descobrir caminhos, a pensar alternativas e a revelar
significados, colocando-se com facilitador desse processo;
Estimular e apoiar seu desenvolvimento pessoal e social, criando
oportunidades para manifestação de suas potencialidades;
Conhecer e compreender a realidade de vida do adolescente, respeitando
aceitando as diferenças individuais;
Criar um ambiente de confiança, acolhimento e afeto;
Conquistar o respeito do adolescente sem recorrer a palavras ofensivas,
ironias, sarcasmos, cinismo e desqualificações;
Propiciar um ambiente favorável à existência do individual dentro do
coletivo. Cuidar do bem-estar da coletividade, sem ameaçar a expressão
das individualidades;
Conhecer seus limites e possibilidades, enquanto pessoa e profissional;
Estabelecer limites, sem ser brusco, fazendo uso da palavra, relembrando
regras para uma boa convivência e mostrando as conseqüências de sua
ação;
Fazer intervenções determinadas e específicas; ser firme ou chamar a
atenção dos adolescentes, sempre que necessário;
Perceber e entender a expressão das questões pessoais dos adolescentes
sob as mais variadas formas;
Situar-se no pólo direcionador da relação educador-educando, tendo clareza
de sua função e competências;
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Refletir sobre os acontecimentos comuns do dia-a-dia, aprendendo com as
próprias vivências e os próprios erros;
Apoiar o adolescente no seu projeto de desenvolvimento pessoal e social,
ou seja, nas relações consigo mesmo e com o outro;
Restabelecer a autoconfiança do adolescente, restituindo-lhe um valor no
qual ele próprio já não acreditava;
Compreender e acolher os sentimentos, as vivências e as aspirações do
adolescente.
V. ATUAÇÃO MULTIDISCIPLINAR
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Os cuidados com a segurança, com a disciplina e o cumprimento dos
regulamentos pelos educandos não podem ser tarefas de monitores ou
agentes responsáveis pela manutenção da ordem interna. Todos os
socioeducadores devem conhecer os regulamentos e ser co-responsáveis
pelo cumprimento das regras de convivência e de segurança;
VII. BIBLIOGRAFIA
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Este enfoque da Pedagogia da Presença articula o funcionamento teórico com
propostas concretas de organização das atividades práticas, determinando as
conseqüências para o tipo de jovem que se deseja formar.
Trata-se, portanto, de uma pedagogia consciente, dirigida a uma finalidade. Não
basta apenas garantir os direitos fundamentais de abrigo, casa, comida, roupa,
remédio, ensino formal, profissionalização, esporte, lazer e atividades culturais.
Essas garantias são básicas e essenciais; é preciso garantir, também, relações
interpessoais positivas. Para isso, torna-se necessário superar os contatos
superficiais e efêmeros e as intervenções técnicas puramente objetivas. Só a
presença pode romper o isolamento profundo do jovem, sem violar seu universo
pessoal.
A Pedagogia da Presença exige disponibilidade e cuidado. Não é tarefa fácil
desenvolvê-la, mas, definitivamente, é uma tarefa crucial para o desenvolvimento
pessoal e social do adolescente. Infelizmente, é na internação que o adolescente
recebe um olhar, uma atenção cuidadosa que, muitas vezes, lhe foram negados ao
longo de toda sua vida. Esta visão sugere um novo caminho para a educação dos
jovens em dificuldade. Ao aceitar e assumir a função educativa, o educador
percebe claramente a singularidade de seu lugar e de seu papel na sociedade.
Todos os profissionais que desenvolvem Programas Socioeducativos trazem
consigo a capacidade imanente de estabelecer vínculos e desenvolver uma relação
por meio da presença. Assim entendido, todos são agentes de educação: ao
mesmo tempo, são os motores que engrenam a ação socioeducativa dirigida ao
adolescente e as referências que se devem fazer presentes, adentrando o universo
do educando e realizando com ele um novo projeto de vida.
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Os conhecimentos – o ser humano precisa de conhecimento para
conhecer a si mesmo; conhecer o mundo do qual é parte; participar da vida
produtiva; participar das decisões coletivas; continuar aprendendo.
Os valores - são importantes quando o ser humano tem que tomar uma
decisão. Afinal, o que cada pessoa se torna é fruto das oportunidades que
teve e das escolhas que fez ao longo da vida. A educação deve propiciar o
desenvolvimento dessa capacidade ao educando, possibilitando que ele
vivencie, identifique e incorpore valores estruturantes em sua formação.
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Os métodos e técnicas de ação socioeducativa para o trabalho
dirigido a adolescentes em conflito com a lei deve ser organizado em três
dimensões do desenvolvimento do educando:
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O autoconceito representa uma idéia boa que uma pessoa tem a respeito
de si mesma. Autoconceito é, portanto, o reflexo do sentimento de auto-
estima no espelho da razão.
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A autodeterminação é que faz com que o ser humano seja capaz de reger-
se por critérios próprios, de assumir a direção de sua vida. Uma pessoa
autodeterminada é a que, quando toma decisões importantes, o faz levando
em consideração suas crenças, seus valores, seus pontos de vistas e seus
interesses, posicionando-se no mundo como um agente de transformação.
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apoiar-se primeiramente em suas próprias forças (autoconfiança); ter um bom
pensamento a respeito de si mesmo (autoconceito); gostar de si próprio (auto-
estima); compreender-se e aceitar-se (identidade).
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• a Pedagogia da Presença;
• a Relação de Ajuda;
• a Resiliência;
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A presença educativa diz respeito a um relacionamento em que
duas pessoas se revelam uma para a outra. O socioeducador tem que deixar sua
vida ser penetrada pela vida do educando. Isso requer abertura, troca, respeito
mútuo, reciprocidade, ou seja, tem que haver um comércio singelo entre as
pessoas. Na realidade, é uma troca de “pequenos nadas”. E o que são esses
“pequenos nadas?” Um bom-dia, um olhar, um toque, uma palavra, um incentivo,
um gesto, um conselho, um sorriso, enfim, são gestos e atitudes que não custam
nada, mas que podem modificar inteiramente nosso trabalho socioeducativo.
Aqui está o segredo de todo o processo educativo. É preciso
compartilhar momentos de alegria ou de tristeza que o educando está sentindo.
Fazer-se presente na vida do educando é o dado fundamental da ação educativa.
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explorar: capacidade de avaliar a situação real em que se encontra no
momento do processo de ajuda, seus problemas, déficit, insatisfações e
definir com clareza onde está;
agir: movimentar-se do ponto onde está para o ponto onde quer chegar
escolhendo, para isto, o melhor caminho ou programa de ação, ou seja,
como chegar lá.
ETAPAS
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humano processa a sua interação com a realidade é possível identificar momentos
ou etapas, como:
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Ação diante da realidade: A ação sobre a realidade é o momento culminante
do processo de interação do educando com o contexto onde se desenvolve
a sua vida. É na ação que o ser humano define-se e realiza-se. É através da
ação que os valores manifestam-se e que os projetos concretizam-se.
a visão do jovem como parte da solução, não como parte do problema. Isto
implica sua participação em todas as etapas de resolução de problemas
reais na comunidade educativa, em seu entorno sociocomunitário e na vida
social mais ampla; e
107
Dinâmica do Atendimento Socioeducativo
III. BIBLIOGRAFIA
108
14. BRASIL, Secretaria Especial dos Direitos Humanos e Conselho Nacional
dos Direitos da Criança e do Adolescente. Sistema Nacional de Atendimento
Socioeducativo-SINASE..
16. COSTA, Antônio Carlos Gomes da. Pedagogia da presença. [s.l.]: Modus
Faciendi Publicações e Serviços.
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