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HZ 141 – INTRODUÇÃO A CIÊNCIA POLÍTICA – 1606/2019

LUIZ FERNANDO BRIETT PEREZ – RA 096666

RESENHA PARA AULA DE 17/06/2019

“Todo estado está fundado na força”, enunciou Weber em 1918 (p. 194). Esta
afirmação traz toda a realidade que o texto irá analisar. O Estado, nos dias atuais,
opera numa contradição entre a violência indiscriminada, ou terror como foi enunciado
pelo autor, e a dissimulação de uma sociedade pacificada. Independente do regime
ser autoritário ou extremamente democrático, a violência generalizada como
ferramenta de controle social se faz presente (p.192).

Primeiramente o autor irá realizar uma construção história sobre como o


Estado foi fundado na violência. Mais especificamente, sobre como o foco desta
violência foi transferido do externo para o interno num fenômeno descrito como
politicídio, ou seja, matanças e mortes em consequência de políticas de Estado, e de
modo que estas ações sempre sejam suavizadas ou relativizadas. De modo geral, o
Estado se vale da legalidade que possui sobre o uso da violência para ações violentas
ilegais, e com certa passividade por conta dos instrumentos de controle e
regulamentação do próprio Estado (p.193).

Continuando esta construção história, o autor irá citar diversas fontes,


especialmente Weber, para enunciar que o Estado, tal como o conhecemos, só foi
capaz de ajuntar e pacificar vários grupos sociais, numerosos e diversos, pelo uso e
ameaça de uso da violência, ou do terror, como significado de violência física aberta.
A sociedade foi “amassada e subjulgada mas também formada”, a abnegação do uso
da força individualmente para delegar ao uso suposto controlado pelo Estado foi um
pacto legal originado principalmente pela ameaça de punição no caso de não
aceitação desta nova forma de organização. É neste ponto que repousa um ponto
fundamental da análise do autor: a promessa de por “fim a guerra de todos contra
todos” que o Estado fez à sociedade, e o exercício desta promessa por meio de uma
“não guerra” que o conforma e define (p. 193-196).

Hoje este monopólio da força tem duas funções: uma para os que controlam o
Estado e outra para aqueles que vivem regulamentados pelo Estado, onde se busca
um equilíbrio que é verificado por um desejado “grau de pacificação interna”. Todavia,
esta dupla função explicita uma contradição onde, para aparentar a diminuição da
violência ilegal, como por exemplo o crime, tipificado em lei, o Estado pratica com
cada vez mais intensidade o terror, ou seja, “Toda pacificação imposta pelo Estado é
uma falsa pacificação da violência” (p. 196). Assim, o mesmo Estado que formula as
leis na forma de direito institucionalizado é o mesmo que o distorce para garantir a
ordem. Legalidade e ilegalidade convivem num equilíbrio que pende ora para um lado
ora para outro mediante uma aparência de justiça e equidade que o Estado a todo
tempo busca construir (p. 198).

Assim a violência evoluiu para uma distinção entre violência doce e violência
aberta, onde para o funcionamento normal do terror esta violência doce funciona pela
“ameaça permanente e pelo uso contingente – legal e ilegal, ou melhor, não legal” da
violência aberta. Um existe por conta do constante e exagerado uso do outro, e é
nesta contradição – a impressão de somente uma ameaça frente ao uso
indiscriminado – que o Estado opera (p.199).

Por fim, o autor irá analisar o uso destes elementos nos regimes republicanos
atuais, especialmente no caso brasileiro, para atestar que, em países que
vivenciaram ditaduras militares e regimes de exceção, mesmo após o fim destes, o
terror e a ameaça do terror não diminuíram. A repressão física ilegal foi substituída
por outros meios de controle social, onde uma aparente justiça e favorecimento por
meio de políticas públicas empreendidas pelo Estado são vividas igualmente a
aparelhos de repressão agindo sem limitação e instrumentalizados por aqueles que
estão no poder (p.201).

Referências:

- Pinheiro, Paulo Sérgio. “Estado e terror”. In: Adauto Novaes (Org), Ética, São Paulo:
Companhia das Letras/Secretaria Municipal de Cultura, 1992, p. 191-204.

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