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SEIS DIAS
Palavras chave: guerra dos seis dias, aviação estratégica, geopolítica, Oriente
Médio, poder aéreo.
Introdução
O advento do avião e seu uso como meio de projeção de força por Estados
Nacionais em conflitos armados no início dos anos 1910 deu início a um novo
tipo de pensamento do campo de batalha: o uso do ar, como preconizado por
Giulio Douhet em sua obra “O Domínio do Ar” para “estar em condições de
impedir o voo do inimigo, ao mesmo tempo em que garantimos esta faculdade
para nós mesmo” e que “a aviação esteja em condições de demolir a resistência
moral e material do inimigo” (DOUHET, apud ROSA. 2007), sendo a mesma
potencializada com as inovações tecnológicas deste então.
Exatamente por diminuir as distâncias e não ser necessariamente limitada
pelas condições geográficas, o uso da força aérea se mostrou um meio eficiente
de mudar a balança de poder nas relações interestatais e como se entende a
aplicação da geopolítica, potencializando suas capacidades estratégicas e não
sendo limitada apenas pelas fronteiras internacionais para ditar o alcance
político-estratégico de um Estado, como ocorreu no Oriente Médio no dia 5 de
junho de 1967.
O momento pré-1967
O que ficou conhecido como a Guerra dos Seis Dias teve seu planejamento
realizado muito antes do conflito eclodir, às 5 horas da manhã do dia 5 de junho
de 1967 com a ofensiva do Sinai. Após a Campanha de Suez em 1956, o governo
israelense buscou meios de melhor prever e contrapor as ações dos estados
árabes, pautados nos informes de inteligência colhidos pela Comunidade de
Inteligência israelense pelo fato de Israel se encontrar sempre em um cenário de
desvantagem numérica contra Egito, Síria, Líbano e Jordânia.
No fim dos anos 1950 até meados dos anos 1960, dois fatos modificam o
entendimento político e estratégico entre os países árabes e Israel: a criação da
República Árabe Unida, unificando até certo ponto os governos egípcio e sírio,
assim como o Comando Árabe Unificado, que centralizava as operações
militares e manobras realizadas pelos exércitos dos mesmos na figura do general
egípcio ‘Ali ‘Ali ‘Amer (OREN, 2002. p. 43). O presente cenário geopolítico e as
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Dentro da comunidade de inteligência israelense, há dois “segmentos” de inteligência: a civil,
representada pelo Mossad e Shin Bet e a militar, que é o equivalente de um departamento a parte do
corpo principal do Exército.
relações de poder daí resultantes fizeram com que Israel buscasse meios de
contrapor a aliança tanto política quanto militarmente. As ações políticas
empreendidas ficaram conhecidas como a Aliança da Periferia, formando, por
isso, um “cordão de isolamento” para criar uma área de segurança contra o Egito,
assim como os acordos de compra de material militar advindos dos EUA, França,
Grã-Bretanha e Alemanha Ocidental.
A centralização dos esforços árabes sob um comando único pode ser visto
como uma tentativa de “estrangulamento” com relação à Israel, com o Egito em
sua fronteira sul/sudoeste, Síria ao norte e Jordânia ao leste em um eventual
conflito armado, que era sabido que mais cedo ou mais tarde eclodiria na região.
Isso solidificou a doutrina que é descrita por David Kimche para combater a
principal ameaça segundo Israel, o Egito, que evoluíra de condições pré-
existentes: 1) terreno; 2) as características das defesas egípcias e; 3) limitações
de tempo criadas por intervenções externas nas quais, pelo olhar israelense,
tornava a velocidade um fator essencial em qualquer plano, que se caracteriza
na seguinte fala:
Conclusão
Referências bibliográficas
CLAUSEWITZ, Carl Von. Da Guerra. São Paulo: Martins Fontes, 1996. 930 p.
GLUSKA, Ami. The israeli military and the origins of the 1967 war:
Government, armed forces and defence policy 1963-1967. 2 Park Square,
Milton Park, Adingdon, Oxon: Routledge, 2007. 317 p.
PAPE, Robert A. Bombing to win: air power and coerction in war. Ithaca-
Londres: Cornell University Press, 1996.
ROSA, Carlos Eduardo Valle. Poder Aéreo: Guia de Estudos. 2a ed. Rio de
Janeiro: UNIFA, 2015. 467 p.
SHLAIM, Avi. A muralha de ferro: Israel e o mundo árabe. Fissus, 2004. 774
p.