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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Número do 1.0778.16.002706-7/001 Númeração 0330077-


Relator: Des.(a) Carlos Levenhagen
Relator do Acordão: Des.(a) Carlos Levenhagen
Data do Julgamento: 23/11/0017
Data da Publicação: 05/12/2017

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - NÃO CONHECIMENTO DO


RECURSO - PRELIMINAR AFASTADA - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE
FAZER - INSTALAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA EM IMOVEL URBANO -
DEMORA INJUSTIFICADA - TUTELA ANTECIPADA - PRESENÇA DOS
REQUISITOS ATINENTES À ESPÉCIE - DESPROVIMENTO.

- Mostrando-se injustificável o atraso, pela concessionária, para instalação da


energia elétrica no imóvel do autor e considerando a essencialidade do
serviço, é de rigor a confirmação da decisão que deferiu a tutela de urgência.

AGRAVO DE INSTRUMENTO-CV Nº 1.0778.16.002706-7/001 - COMARCA


DE ARINOS - AGRAVANTE(S): CEMIG DISTRIBUIÇÃO S/A -
AGRAVADO(A)(S): JUVENI ALVES DE SOUZA

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 5ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de


Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos,
em REJEITAR AS PRELIMINARES E DAR PROVIMENTO PARCIAL AO
RECURSO.

DESEMBARGADOR CARLOS LEVENHAGEN

RELATOR.

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

DES. CARLOS LEVENHAGEN (RELATOR)

VOTO

Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por CEMIG


DISTRIBUIÇÃO S/A contra a decisão proferida pelo MM. Juiz de Direito
Rafael Lopes Lorenzoni às fls. 49/56 - TJ, que, nos autos da AÇÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER proposta por JUVENI ALVES DE SOUSA, deferiu o
pedido de tutela de urgência para determinar que a requerida, "no prazo de
05 (cinco) dias, proceda às instalações necessárias para o fornecimento de
energia elétrica na propriedade urbana do autor, localizada na Rua Félix
Fernandes Valadares, nº 265, Bairro Primavera I, Arinos-MG, nos termos da
carta de fls. 15", sob pena de multa diária, fixada em R$200,00 (duzentos
reais), por dia de atraso, limitada a R$16.000,00 (dezesseis mil reais).

Alega, em apertada síntese, que o procedimento adotado está


inteiramente respaldando pela legislação regulamentadora de sua atividade,
sendo que o atraso questionado se deu em razão da elevada demanda de
obras e dificuldades encontradas no local. Assegura estar providenciando os
reparos necessários para atender a unidade consumidora, conforme projeto
inicial apresentado, inexistindo, nos autos, qualquer prova de que eventual
negativa em realizar os serviços almejados pela requerente tenha sido
ilegítima ou injustificada.

Pugna, ao final, pelo provimento do recurso, para reformar a decisão


monocrática e indeferir o pedido de antecipação de tutela. Na eventualidade,
requer seja ampliado o prazo fixado para cumprimento do comando judicial.

Em juízo de admissibilidade, foi indeferido o pedido de efeito suspensivo,


nos termos da decisão de fls. 80/81 - TJ.

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Contrarrazões, suscitando preliminar de não conhecimento do recurso,


por descumprimento das exigências de que tratam o art. 1.017, inciso I, e §
2º do art. 1018, ambos do CPC. No mérito, refuta as alegações da agravante
e requer o desprovimento do recurso (fls. 83/96 - TJ).

É o relatório.

DA PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO

Quanto à preliminar aduzida pelo agravado em sede de contrarrazões, de


que a agravante não teria atendido a exigência do art. 1.018, § 2º, do CPC,
devidamente intimada (fls. 146-TJ), a CEMIG Distribuição S/A trouxe aos
autos a cópia da petição por meio da qual comunicou ao juízo a interposição
do presente recurso, assim como o comprovante de seu protocolo postal.

No que concerne ao alegado defeito na instrução do recurso, verifica-se


que as peças de traslado obrigatório, tais como cópia da petição inicial (fls.
13/22 - TJ), da decisão agravada (fls. 49/56 - TJ), reputadas ausentes pelo
agravado, acompanharam a inicial do agravo de instrumento.

Tão pouco merece prosperar a alegação de deserção, na medida em que


a guia original e comprovante do pagamento das respectivas custas
recursais foram anexadas à petição recursal (fls. 76 - TJ).

Posto isto, REJEITO A PRELIMINAR e conheço do recurso, presentes os


pressupostos de admissibilidade.

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DO MÉRITO

Quanto ao mérito, de acordo com o que estabelece o art. 300, do


CPC/15, "a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probalidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo".

A interpretação sistemática do dispositivo legal permite concluir que os


pressupostos são concorrentes, de tal forma que a ausência de um deles
inviabiliza a pretensão da parte.

Compulsando o processado, verifica-se que a parte autora, ora agravada,


cuidou de instruir a inicial da Ação de Obrigação de Fazer com o documento
de fls. 26 - Repactuação de Prazo de Obra -, por meio do qual a
concessionária se comprometia a concluir a obra necessária para a
instalação de energia elétrica no imóvel construído pelo postulante até o dia
30/06/2013.

O prazo escoou há mais de 04 (quatro) anos, não tendo a concessionária


cuidado de trazer aos autos qualquer documentação hábil a justificar, de
forma contundente, a impossibilidade de concluir os serviços até a presente
data.

Com efeito, a despeito do alegado, não é razoável que, passados 05


(cinco) anos desde o pedido realizado em 28/09/2012, a CEMIG não tenha
solucionado eventuais problemas com carência de mão-de-obra e concluído
as obras necessárias à instalação da energia elétrica no imóvel em questão.

O periculum in mora, lado outro, é manifesto e corre em favor do


agravado, na medida em que a demora na conclusão da obra, por parte da
concessionária, vem lhe causando inquestionáveis prejuízos decorrentes da
impossibilidade de concluir a construção do imóvel e auferir receita por meio
de locação ou venda do bem.

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Dito isto, é de se reconhecer que a medida contra a qual se insurge a


recorrente foi deferida mediante comprovação suficiente dos requisitos
atinentes à concessão da tutela de urgência.

Assiste, contudo, razão à agravante quanto ao prazo estipulado pelo d.


julgador, que, de fato, mostra-se demasiadamente exíguo, devendo ser
elastecido para 30 (trinta) dias.

Ante o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO apenas


para fixar em 30 (trinta) dias o prazo para cumprimento da tutela de urgência
deferida.

Custas recursais, pela agravante.

DESA. ÁUREA BRASIL - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. MOACYR LOBATO - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "REJEITARAM A PRELIMINAR E DERAM PROVIMENTO


PARCIAL AO RECURSO"

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