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ENERGIA – entre Magia e Ciência

Robson Max de Oliveira Souza

Sem dúvida todo aquele que se preocupa com um conhecimento que seja verdadeiro,
com uma busca que seja profunda, ou um caminho que lhe dê o gosto da plenitude, já
sentiu o desconforto e a decepção de perceber que muitas palavras bonitas e concepções
filosóficas deixam a desejar no alcance da orientação necessária ao buscador, e na
prática da vida real, ao menos naquilo que entendemos como “vida real”.
Sociedades antigas dão a essa busca profunda, o nome de “iniciação”. São os esforços
de vivenciar e entender os “mistérios”, mais através de uma percepção holística, do que
apenas mental e intelectual.
Na realidade, esses mistérios são as leis universais. As mesmas que essa ou aquela visão
de mundo dá o nome disso ou daquilo.
Tudo o que existe, o macrocosmo e o microcosmo formou-se a partir de forças,
princípios e elementos que na Tradição Africana dos Orixás, chamamos Asè (Axé), e a
ciência chama Energia. Nós também somos energia, somos consciência, somos energias
conscienciais.
Todo sistema iniciático, de qualquer tipo, sempre propõe uma condição e tarefa:
conhecermos a nós mesmos.
Isso também equivale a dizer: Conheça a sua própria energia, e saiba quem é você. O
universo é energia. Estamos envolvidos por ela, a manipulamos, causamos impacto,
fornecemos, acumulamos e gastamos, numa troca contínua e permanente com tudo e
todos – terra, água, sol, ar, matas, animais e seres humanos. Eletricidade, magnetismo e
eletromagnetismo são forças dinâmicas presentes nas manifestações da Vida universal.
Acrescente-se a essa alquimia, dois ingredientes que fazem toda a diferença:
Pensamento e Vontade!
Aí então, temos a possibilidade de “criar” nossas realidades, a partir da matéria e da
não-matéria, no dizer da Física Quântica. Pensamento é realidade, ele é tão significativo
na mobilização das energias quanto o leito é importante para a fluição do rio.
A reflexão e a percepção das energias nos dá uma percepção do Divino na natureza, e
no Homem, que é parte dela. Este sentido novo, não só pode permitir ao indivíduo ver
realidades, mas criar no presente, seu próprio futuro. Podemos ultrapassar a relatividade
do corpo e da mente para alcançar níveis de integração sempre mais amplos que deem a
nós, uma consciência de unidade e nos possibilite (re)conhecermos a nós mesmos na
unidade universal que a tudo une. Apesar da multidimensionalidade, há o que nos
unifica.
A concepção filosófica e espiritual da tradição dos Orixás propõe esse caminho. É na
manipulação das energias imanentes, no reconhecimento e no uso do poder proveniente
da natureza – do mineral, vegetal, animal e hominal através das terapêuticas usadas no
reequilibrio material orgânico e sistêmico que se buscam as respostas para as questões
existenciais.
Os estudos da Física Quântica tornam sempre mais cômoda a posição dos fenômenos
para psíquicos e energéticos, muitos deles considerados sobrenaturais e milagrosos.
Vão sendo comprovados os mecanismos de funcionamento do Universo (ou seria multi-
versos?), por exemplo, a ocorrência de tudo o que existe no Universo, vista como
consequência da atuação de agentes externos ao domínio cósmico, capazes de atuar
sobre eles, modulando sua energia em expansão, ou o contrário, em contração. Esses
agentes podem ser o que entendemos por espírito, anjos, consciências. Os estudos
laboratoriais de Física e Mecânica Quântica verificam que a energia é capaz de “fugir”
de uma dimensão para outra; uma realidade pode ser transformada segundo o olhar do
observador; a matéria é modificada segundo a pulsão de vontade externa, e ainda a
própria teoria dos Campos. São experimentos que dizem: A quarta dimensão existe!
Nossos antigos dizem que a magia é a arte pela qual se conhece e domina as forças da
natureza, fazendo um uso de seus efeitos, segundo a vontade. Esse conceito fundamenta
as práticas Xamânicas e sacerdotais afro-brasileiras. O conhecimento das leis da
natureza, que permanecem imutáveis tanto no mundo objetivo como nos subjetivos, é
que favorecem a aplicação e os resultados colhidos pelos sacerdotes e iniciados. Magia
na verdade, é a alta ciência. Que se revela sempre mais à medida que a ciência
convencional e humana, alarga seus horizontes e expande suas capacidades. Um dos
entendimentos mais básicos da magia é o de que não vivemos apenas em uma
dimensão. Na realidade o Universo é plural.
Gosto de pensar na definição de Deus dos Yorubá, Olorum, como o senhor de todos os
espaços e do tempo. Acho pertinente a combinação de três dimensões do espaço e uma
de tempo na teoria da relatividade.
Muitos cientistas, desde os pioneiros da Física e Mecânica Quântica até hoje imaginam
que a biologia e seus sistemas podem se comportar de maneira a serem indescritíveis
pelo conhecimento clássico. Com a teoria quântica se desenvolvendo, teorias e
experimentos vão sendo propostos, e vão-se aproximando das verdades antigas, mas
ainda estamos longe de entender claramente como funciona a Consciência, que é
energia.
Os Yorubá chamam a Consciência de Ori, um dos conceitos mais finos e complexos a
meu ver, na filosofia e religião Yorubá. Ori é a Divindade primordial. é a Divindade em
você, como diz a canção do poeta Caetano Veloso: “Ele em mim, ele sou eu”.

“Vejo a Consciência como fundamental. Vejo a matéria como um derivado da


Consciência. Não podemos nos interpor à consciência. Tudo aquilo que falamos, tudo
aquilo que consideramos existente, postula consciência.” (Max Planck, 1931)

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