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Edição em língua portuguesa do texto da Peshitta

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1a Edição - Julho 2019

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ISBN - 978-85-8158-177-4 (Vinho)


978-85-8158-182-8 (Marrom)
978-85-8158-183-5 (Preto com Marrom)

Todos os direitos reservados

1. Bíblia Sagrada
2. Antigo e Novo Testamento
ii

Os céus e a Terra passarão, mas minhas palavras não passarão.


Mt 24:35
PREFÁCIO
Leia primeiro isto, antes de ler a Bíblia Peshitta!
A BÍBLIA PESHITTA EM PORTUGUÊS, TRADUÇÃO DOS ANTIGOS MANUSCRITOS
ARAMAICOS, é um esforço para levar ao povo cristão de fala portuguesa a tradução ao
português de um dos textos das Escrituras mais antigos, conservados, respeitados e admi-
rados pelos eruditos da investigação bíblica.
Este labor intenso de tradução se tem levado a cabo com o propósito de apresentar
aos cristãos de fala portuguesa a riqueza, a sabedoria e o poder da Palavra de Deus
num estilo ágil e contemporâneo, apegado à gramática moderna do idioma português. A
simplicidade e clareza do texto Peshitta estão agora ao alcance de todo aquele que queira
se aprofundar no conhecimento da verdade da Palavra de nosso Senhor e Deus, com o
fim supremo de levar uma vida agradável e consagrada ao Senhor Jesus Cristo, pessoa
central das Escrituras tanto do Antigo como do Novo Pacto.
Podemos afirmar que a Palavra de Deus que ficou registrada para a posteridade no
texto Peshitta é profunda em sua simplicidade e simples em sua profundidade. O vocá-
bulo Peshitta expressa em seu significado a própria qualidade principal desse texto: claro,
simples, direto. Na mente dos recompiladores originais do texto Peshitta estava a ideia de
apresentar ao povo de fala aramaica (ou siríaca, como se conhece na atualidade) a men-
sagem da Palavra de Deus de uma maneira clara e direta, tal como o havia transmitido o
Senhor Jesus Cristo a seus apóstolos e ao povo quando Ele se dirigia a eles em seu próprio
idioma: o aramaico.
O Senhor Jesus Cristo tinha como língua materna o aramaico. Era seu meio de comuni-
cação cotidiano; era a língua de uso diário em Israel naquela época e, portanto, o idioma de
uso comum para o Senhor, seus discípulos e o povo. O idioma hebraico estava reservado
para o culto entre a classe sacerdotal judia; o grego se utilizava para a política e o comércio
internacional romano da época. Mas o aramaico foi o idioma no qual Jesus Cristo deu sua
mensagem de salvação para os judeus e para os gentios. Muitos eruditos concordam que
o evangelho escrito é produto de sua pregação oral em aramaico.
O Senhor Jesus Cristo falava hebraico? Sem dúvida. Conhecia o grego? Naturalmente,
Ele era Deus encarnado e se relacionava com os sacerdotes no culto, o qual o levaria a
usar o hebraico Ele conhecia políticos, militares e comerciantes romanos; talvez lhes
falou em grego ou latim. Mas sua língua de uso cotidiano foi sem dúvidas o aramaico e
foi neste idioma em que ele pregou originalmente seu evangelho.

INSCRIÇÃO EM ARAMAICO (SIRÍACO), 6 D. C., BIRECK, TURQUIA. IMAGEM 1.


iii

É importante enfatizar que quando Ele pregava, se dirigia principalmente a gente co-
mum de seu povo. Os discípulos que escolheu eram todos judeus. As multidões para
as quais falava eram pessoas que se dedicavam às atividades próprias de uma região
sob domínio romano: donas de casa, pastores e pescadores. Os políticos e judeus abas-
tados da época regularmente se identificavam com Roma, e o mais seguro é que eles
utilizassem o grego e latim como seus idiomas de uso regular, mas também falavam o
aramaico, já que o Senhor se dirigiu a alguns deles diante do povo, e todos entenderam
o que falava. A classe sacerdotal judia dava leitura no templo as Escrituras em hebraico,
porém havia intérpretes para o aramaico, que transmitiam a mensagem ao povo. Enfim,
sua principal relação era com gente cujo idioma era o aramaico como língua de uso co-
tidiano. Esta tradução, pois, apresenta ao povo cristão de fala portuguesa a mensagem
do Senhor Jesus Cristo baseada em uma das obras originais da Escritura mais antiga e
melhor preservada através dos tempos. Esta é a Bíblia Peshitta, que é a tradução dos
antigos manuscritos aramaicos.
O aramaico é um dos idiomas mais antigos, já que é contemporâneo do ugarítico e
do acádio. Pertence ao ramo dos idiomas semíticos, isto é, dos descendentes de Sem,
dos quais também descende o hebraico, o cananeu, o fenício e o árabe. Era falado pelas
tribos arameias cerca de 1.200 a.C. e chegou a ser o idioma oficial do império assírio,
babilônico e persa, pelo que se converteu na língua franca ou universal do mundo co-
nhecido. É importante ressaltar que, durante o exílio babilônico, os judeus adotaram o
aramaico como seu idioma de uso comum, e reservaram o hebraico somente para o
culto; prosseguiram falando aramaico até a época do Senhor Jesus Cristo, e, ainda até
o século VI d.C., o aramaico seguiu sendo amplamente utilizado no Oriente Médio. Cabe
assinalar que, com a conquista de Alexandre o Grande nessa área, passou a ser chama-
do de siríaco, já que em grego Aram é chamado Sur, de onde se derivou Síria, e dali o
termo siríaco para se referir ao aramaico. O idioma aramaico antigo é falado ainda hoje
em algumas regiões da Armênia, Azerbaijão, Irã, Iraque, Israel, Georgia, Líbano, Rússia,
Síria e Turquia por comunidades cristãs que o utilizam principalmente em seus cultos.
Desde que Cassiodoro de Reina traduziu pela primeira vez as Escrituras do idioma
hebraico, aramaico e grego ao espanhol da época de 1569, vemos que a Peshitta atrai
a atenção dos que de alguma maneira temos contato com os textos originais bíblicos.
Cassiodoro declara textualmente: Não nos haveria ajudado pouco no que se refere ao
Novo Testamento se houvesse saído antes a versão Siríaca, da que com grande bem e
riqueza da República Cristã tem saído à luz este mesmo ano, mas tem sido no momento
que já a nossa estava impressa, de tal modo que não pudemos nos apoiar nela, que não
há que duvidar senão que (não obstante que não seja sua a suprema autoridade sobre
as edições gregas), ainda daria grande luz em muitos lugares difíceis, como temos visto
que o fazem nos que a temos consultado (escrito originalmente no espanhol da época da
Bíblia, que é, os Sagrados Livros do Velho e Novo Testamento traduzidos ao espanhol).
Em português, também há um grande despertar no interesse pelo texto Peshitta. Em
versões contemporâneas traduzidas do hebraico, aramaico e grego, algumas porções da
Escritura têm sido tomadas diretamente da Peshitta e as têm incorporado no texto, ou se
têm feito anotações em referência à Peshitta como variantes da tradução de certa porção.
A estela de Tel-dan, única referência histórica onde se menciona o rei Davi, descoberta
em julho de 1993 em Israel, está escrita no aramaico do século IX a.C. Inclusive no âmbi-
to secular, em 2004, Mel Gibson, produziu um filme chamado A Paixão de Cristo, o qual
se fala principalmente em aramaico, dando a conhecer ao público em nível mundial que
o aramaico era a língua de Jesus Cristo.
Assim também, a British Library pôs em exibição, entre abril e setembro de 2007,
antigos documentos tanto do Diatessarón como do texto Peshitta que evidenciam a rele-
vância histórica e contemporânea desde documentos do aramaico.
iv

Outro acontecimento
contemporâneo importante
é a divulgação, por diver-
sos meios de comunica-
ção internacionais durante
o ano de 2007 e 2008, do
descobrimento de aldeias
do Oriente Médio, cujos
habitantes ainda falam o
aramaico como na época
do Senhor Jesus Cristo e se
guiam em seu ensinamento
com a Peshitta. Em outubro
de 2008, diante da onda de
perseguição contra os cris-
tãos hindus e a petição de
que “foram expulsos do
país todas as religiões es-
trangeiras”, o primeiro-mi-
nistro da Índia respondeu
ESTELA DE TEL-DAN, ISRAEL, INSCRIÇÃO EM ARAMAI- que o cristianismo é um
CO, SÉCULO IX A.C. ÚNICA EVIDÊNCIA ARQUEOLÓGICA
DA EXISTÊNCIA DO REI DAVI. IMAGEM 2. dos cultos mais antigos do
© OREN ROZEN / WIKIMEDIA COMMONS país, o qual chegou no ano
52 d.C. a território hindu e é
parte do patrimônio nacional da Índia. Com isto se confirma o que os cristãos de Kerala
(Malabar) têm sustentado durante toda a sua história: que o evangelho lhes foi levado a
seus antepassados nos primórdios do cristianismo. Em sua tradição, eles afirmam que
originalmente lhes foram pregados em aramaico os ensinamentos de Jesus pelo apósto-
lo Tomé e seus discípulos. Disto restam reminiscências nos caracteres siríacos do dialeto
suriyiani ou siríaco malayalam e em antigas inscrições em cruzes de pedra. Em 2012 o
Ministério de Educação de Israel aceitou o oferecimento oficial de cursos de aramaico às
comunidades, apoiados por uma numerosa comunidade arameia na Suécia. Ante a con-
vulsionada guerra civil na Síria em 2014 se temia a ocupação de Malula, uma aldeia cujos
habitantes falam em sua maioria o aramaico e têm diversas antiguidades nesse idioma.
Tudo isso confirma a resistência do aramaico desde os primórdios da história humana
até a época contemporânea e a vigência de suas contribuições ao estudo das Escrituras,
sobressaindo como sua maior contribuição espiritual e cultural o texto Peshitta. É por
isso que apresentamos esta versão bíblica da Peshitta, com a intenção de dar luz no
estudo da Palavra de Deus, para que essa luz permita nos levar a uma vida consagrada e
agradável a Deus, que é o fim supremo da Bíblia; assim, uma vez que levamos à prática
a Palavra de Deus, daremos fruto para a vida eterna.
v

INTRODUÇÃO
Os autores desta obra concentraram-se exclusivamente na tradução do texto Peshitta,
o Instituto Alef-Tau para o espanhol e a BV Books Editora para o português, procurando
ser fiéis aos originais, do aramaico para o espanhol e do espanhol para o português, sob
a supervisão, do Prof. Fernando Lucius, conhecedor dos costumes, das leis e do idioma
aramaico. A polêmica sobre se os originais do Novo Testamento foram em aramaico ou
em grego deixamos aos eruditos, acadêmicos e especialistas no tema. A nossa motiva-
ção é somente dar a conhecer ao povo cristão de língua portuguesa a existência deste
manuscrito e sua tradução ao português. É nossa intenção neste espaço apresentar um
breve resumo do desenvolvimento do idioma aramaico, o surgimento do texto Peshitta e
o interesse contemporâneo no tema.
O manuscrito bíblico original, conhecido como tex-
to Peshitta, é uma obra da Bíblia escrita no aramaico
do primeiro século, posterior à época de nosso Senhor
Jesus Cristo. Alguns o chamam siríaco como se fosse
uma língua diferente do aramaico, mas certamente é um
dialeto aramaico, embora eles sejam essencialmente o
mesmo. O termo aramaico se deriva de Aram, que eram
algumas tribos que ocupavam o que atualmente são Sí-
ria, Líbano e Iraque, e que na época da conquista de Ale-
xandre o Grande os gregos chamaram de Sur, do qual
derivou o nome Síria, de modo que se referia ao idioma
dos arameus como siríaco; a única variante foi o tipo de
letra utilizado na época em que se escreveu o texto Pe-
shitta, porque o aramaico usava os mesmos caracteres
que o hebraico para sua escritura, mas o aramaico já ha-
via desenvolvido uma escritura com caracteres cursivos
que foram os utilizados para escrever o texto Peshitta.
É aqui onde se tem pretendido fazer a separação entre
aramaico e siríaco. Assim pois, concluindo, o idioma é
MANUSCRITO DO SÉCULO V basicamente o mesmo, a única variante foram os carac-
DO ANTIGO TESTAMENTO, teres de escritura. É como escrever a mesma mensagem
PESHITTA. IMAGEM 3. em português com maiúsculas e com minúsculas, com
variantes do estilo de Portugal e Brasil; os familiarizados
com o idioma poderão lê-la indistintamente.
Ao se referir ao texto Peshitta, alguns acadêmicos afirmam que é um targum do he-
braico, mas isso está fora de toda realidade. O texto
Peshitta, de acordo ao que mostram as últimas in-
vestigações de manuscritos bíblicos, é uma tradu-
ção direta do hebraico, do mais alto valor espiritual
e acadêmico. O aramaico é uma linguagem semítica
com 3.000 anos de história. Tem sido o idioma de
administração de impérios, e a linguagem de adora-
ção divina. Foi a linguagem dos judeus no exílio do
Talmude. O aramaico foi o idioma falado por Jesus
Cristo, e ainda hoje é falado como idioma principal
numa grande quantidade de pequenas comunidades.
O termo aramaico provém de Aram, que era filho
de Sem, neto de Noé. O idioma aramaico surge como
tal entre as tribos descendentes de Aram ao mesmo
tempo de idiomas tão antigos como o ugarítico ou o
acádico. Durante o século XII a.C. as tribos arameias
começaram a se estabelecer em grande número
PAPIRO PESHITTA SÉCULO IX
no que hoje são a moderna Síria, Iraque e Turquia.
D. C. IMAGEM 4
Como a linguagem começou a ganhar relevância,
vi

converteu-se em uma língua falada desde a costa do Mediterrâneo pelo ocidente, até
o Tigre pelo oriente, chegando a ser assim o idioma universal dos impérios Assírio,
Babilônico e Persa. No exílio, os judeus adotaram o aramaico como seu idioma comum,
e ao regressar do cativeiro levaram consigo o aramaico a Israel e dali o levaram ao norte
da África e até a Europa. Na era cristã, os missionários enviados ao oriente levaram o
idioma aramaico até a Pérsia, a Índia e até mesmo a China. No século I d.C., o prestigiado
historiador judeu Flávio Josefo, escreveu suas principais obras As Guerras dos Judeus e
Antiguidades Judaicas em aramaico, sua língua materna, sendo esta uma prova histórica
digna de crédito do aramaico como idioma de uso cotidiano no Israel da época do Senhor
Jesus Cristo.
Atualmente, o aramaico permanece como língua literária e litúrgica em algumas co-
munidades cristãs do Oriente Médio, Europa e Estados Unidos. As turbulências sociais,
políticas e militares nos últimos séculos, levaram a que falantes do idioma aramaico
emigrassem ao redor do mundo, de modo tal que agora se encontram comunidades
arameias na Austrália, Estados Unidos, Rússia e Europa. Hoje, o aramaico tem evoluído
e tem incorporado termos da era moderna entre estas comunidades, mas se preservam
os documentos originais no aramaico clássico.
O alfabeto aramaico original estava baseado nos caracteres da escritura fenícia, mas
com o passar do tempo, o aramaico desenvolveu seu próprio e distinto estilo conhecido
como “aramaico quadrático”. O hebraico adotou posteriormente a grafia deste alfabeto
para sua linguagem. Outro sistema de escritura aramaica da mais alta importância surgiu
entre as comunidades cristãs da época imediatamente posterior ao Senhor; era a forma
cursiva do aramaico que na atualidade se identificam como siríaco, mas na realidade tra-
ta-se do aramaico com um estilo especial chamado estrangela, do qual houve posteriores
desenvolvimentos como o serto (uma mescla de consoantes aramaicas com vocalização
grega) e o nestoriano.
O texto Peshitta surge da necessidade de conservar acuradamente a mensagem original
do Senhor entre as comunidades cristãs primitivas da Síria, e utilizaram para isso uma
escritura com caracteres cursivos do aramaico chamada estrangela. Isto é de maior im-
portância, e se têm preservado documentos antiquíssimos que confirmam sua existência.
Resumindo, podemos dividir a história do aramaico em três grandes períodos:
• O período do aramaico antigo, o qual vai desde 1.100 a.C. até 200 d.C.
• O período do aramaico médio, que vai desde 200 d.C. até 1.200 d.C.
• E o período do aramaico moderno, desde 1.200 d.C. até o presente.
O período do aramaico antigo inclui o que seria o aramaico original das tribos arameias,
o qual já se encontra extinto. Cobre também o que é o aramaico imperial que se converteu
no idioma oficial do governo, a religião, a cultura e o comércio dos impérios Assírio, Babi-
lônico e Persa. Nesta época em que havendo sido exilado o povo judeu na Babilônia, adota
o aramaico como idioma de uso comum, prática que permaneceria até 200 d.C. Com base
nisto, podemos afirmar que nos tempos do Senhor Jesus Cristo, o aramaico era o idioma
falado cotidianamente em Israel.
No período de transição entre o aramaico antigo e o médio, é quando surge o aramaico
em escritura estrangela, portanto os primeiros escritos evangélicos. A data comumente
aceita de sua origem é cerca do final do século II d.C., se consideramos como base pri-
mitiva ao Diatessaron de Taciano e a Vetus Síria. Enquanto a expansão das Escrituras até
o ocidente utilizava o idioma grego como meio, a pregação do Evangelho ao oriente se
utilizou do aramaico, o qual era amplamente conhecido, havendo chegado até a Índia e
China, do qual ainda hoje existem testemunhos. Quando se estabeleceu o cânon do texto
Peshitta havia sérias divisões quanto a quais livros e quais textos seriam os inspirados,
de modo tal que os documentos originais não incluíam os versículos de João 7:53 a
8:11, as epístolas de 2Pedro, 2 e 3João, Judas e Apocalipse, mas foram incorporados
em documentos posteriores. Isto não dizia respeito somente à Peshitta, mas foi comum
também para o estabelecimento do cânon hebraico e grego. Nos três cânones houve di-
ficuldades para determinar quais livros ou passagens incluir, quer por dúvidas sobre sua
inspiração, que por autenticidade em sua autoria. Uma característica dos textos aramaico
do Diatessaron e da Vetus Síria é que incluem a passagem de Marcos 16:9-20.
vii

Também existiram em aramaico palmireno, nabateu, arsácida e o assim chamado an-


tigo siríaco. Quanto a este último, no reino de Osroena localizado em Edessa e fundado
no ano 132 a.C., o dialeto regional se converteu no idioma oficial. Taciano, um discípulo
de Justino Mártir, conhecido por seu asceticismo extremo e certa simpatia pelo gnosti-
cismo, chegou desde a Assíria e escreveu cerca do ano 170 d.C. sua obra o Diatessaron
(uma harmonia dos quatro relatos do Evangelho), neste antigo siríaco, além de tê-lo feito
em aramaico e grego.
Na época do Senhor Jesus Cristo se falavam sete variantes do aramaico ocidental. A
variante mais relevante na Jerusalém e na Judeia era o aramaico judaico. Na região da
Samaria se falava o aramaico samaritano. Na área de Em-guedi se usava o aramaico
sul-oriental; em Alepo se falava o aramaico de Orontes; na margem oriental do Jordão se
utilizava o aramaico jordano oriental; em Damasco, o aramaico damasceno; e na região
onde regularmente andava o Senhor Jesus Cristo, falava-se o aramaico galileu. Havia
poucas diferenças entre um e outro, de modo que realmente se distinguiam com acentos
e variantes mínimas de pronúncia. O caso de Pedro Marcos 14:70 e Mateus 26:73 é
evidência disto.
Durante o período do aramaico médio começam a mudar as linguagens e dialetos ara-
maicos. Os derivados do aramaico imperial deixaram de ser idiomas vivos, e as linguagens
oriental e ocidental começaram a recobrar vida. Graças ao aramaico do período médio se
conhece o vocabulário e a gramática do aramaico do período antigo. No quarto século,
João Crisóstomo escreveu sua Homília do Evangelho de João em estrangela. Neste período
os missionários propagaram o Evangelho até a Pérsia, a Índia e a China. Também neste
período se completou o Talmude babilônico. Do aramaico arsácido surge nesta época o
mandaico, que era essencialmente o mesmo idioma, mas com diferente escritura.
Hoje em dia, mais de quatrocentas mil pessoas falam aramaico, ou melhor dizendo,
neo-aramaico. Entre eles estão cristãos, judeus, árabes e mandeus. A imensa maioria
deles esteve vivendo em áreas isoladas, conservando suas tradições. Durante os últimos
duzentos anos, o infortúnio tem perseguido aos de fala aramaica. A instabilidade no
Oriente Médio provocou uma diáspora deles ao redor do mundo. No princípio do século
vinte, muitos cristãos de fala aramaica foram sujeitos à perseguição com a queda do
Império Otomano. Em 1950 muitos judeus de fala aramaica se mudaram para o recente-
mente criado Estado de Israel, e com o tempo absorveram o idioma hebraico, tendendo
na atualidade a desaparecer a fala aramaica desta comunidade. Muitos outros membros
de comunidades de fala aramaica emigraram principalmente para a Austrália, Estados
Unidos e Europa, onde continuaram praticando e levando o uso do aramaico clássico,
preservando suas tradições particulares, mas todos concordando em conservar a obra-
-prima neste idioma: o texto Peshitta.
O termo Peshitta significa claro, direto, comum, simples. Não há consenso quanto
ao autor e base desse texto, mas a maioria dos eruditos concordam que foi uma compila-
ção feita no século V d.C. por Rabula, bispo de Edessa, baseando-se para isso em diversos
textos aramaicos traduzidos do hebraico para o A.T. que circulavam nessa época ao oriente
da Palestina, e em textos aramaicos (embora já influenciados pela tradução dos Setenta
LXX) que circulavam entre os cristãos desde o oriente do Tigre até Antioquia. Mas isto não
é conclusivo nem se sustenta, pois a Peshitta tinha uma ampla difusão nessa época. É con-
siderada mais uma tradição que um dado histórico. Não obstante, isto encontra forte opo-
sição entre os partidários da primazia aramaica, pois eles afirmam que o texto Peshitta é a
transmissão direta da mensagem do Senhor a seus discípulos e apóstolos em aramaico, e
que estes elaboraram seus manuscritos em aramaico. Sua base para esta argumentação é
simples: todos eles falavam aramaico e dirigiam seus escritos originalmente a comunida-
des judias de fala aramaica ou a gentios que viviam em zonas de fala aramaica.
Não cabe dúvidas de que o centro das origens do texto Peshitta são as regiões de
Edessa e Adiabene (uma zona de abundante população judia e cristã ao leste do rio tigre,
atual Iraque). Ali se concentravam judeus e cristãos cuja língua era o aramaico, portanto
eles tiveram a necessidade de um texto aramaico das Escrituras tanto do Antigo como
do Novo Testamento. Os judeus se basearam, para o Antigo Testamento, diretamente no
texto hebraico, e dali surgiram os targum. Os cristãos se basearam originalmente, para o
Novo Testamento, nos diversos textos aramaicos que circulavam em Israel e no oriente da
viii

Palestina, dos quais o mais destacado e apreciado era uma obra chamada o Antigo Siríaco
(chamada assim em virtude de que circulava principalmente em áreas de influência síria).
Há consenso entre os eruditos que esta antiga obra pode haver sido a base original do
texto Peshitta antes do século II, antes que a compilação de Rabula incorporasse textos
influenciados pelo grego. Para o Antigo Testamento, os cristãos se basearam no texto
hebraico diretamente, mas não resta dúvida de que depois incorporaram também textos
influenciados por traduções do grego como a versão dos Setenta, LXX. O texto Peshitta
não surgiu espontaneamente de uma só vez, antes foi tomando forma através do tempo
acrescentando e eliminando livros da Bíblia. Originalmente incluía os deuterocanônicos,
mas foram sendo eliminados gradualmente. Por outro lado, a versão original não incluía
a passagem da mulher adúltera do capítulo 8 do relato do Evangelho de João (exatamente
Jo 7:53-8:11), porções do livro de Atos, 2Pedro, 2 e 3João, Judas e Apocalipse, os quais
se acrescentaram posteriormente, baseando-se também em textos aramaico bem antigos.
Não existe fundamento algum para afirmar que o Antigo Testamento do texto Peshitta
se baseou nos targum aramaicos. Os targum eram interpretações do texto hebraico tra-
duzidas para o aramaico, o qual diminuía sua qualidade como tradução, pois incorporava
tradições judaicas e interpretações teológicas além da tradução literal. Mas a Peshitta
não se baseou em targum aramaicos, mas diretamente no texto hebraico, e assim se
preservou até o século II d.C. em que começaram a ser acrescentadas influências dos
textos gregos.
Apesar de tais influências, o texto Peshitta se preservou através dos séculos, e apesar
das oscilações religiosas de todos os tempos, ao se inclinar a balança a favor dos ma-
nuscritos gregos do Novo Testamento, fez com que a Peshitta se conservasse em seu
frescor e fidelidade original devido a que não foi dada a ela a importância que tinha, salvo
nos princípios da era da Igreja e hoje nos últimos tempos, nos quais há um surgimento
mundial pelo estudo e preservação do aramaico. Isto, sem dúvida, contribuiu a que mui-
tas passagens que sofreram modificação em outros textos tenham se preservado mais
fielmente no texto Peshitta.
Como declaramos no início desta Introdução, os tradutores desta obra se concentra-
ram essencialmente a traduzir tanto para o português como para o espanhol o texto Pe-
shitta; não pretendemos nos constituir em apologistas resolutos da primazia aramaica,
pois para isso há especialistas no tema.
Os partidários da primazia grega argumentam que os manuscritos gregos existentes são
os que se têm conservado com maior antiguidade e quantidade, e que Paulo dirigiu seus
escritos a comunidades de fala gregas distribuídas pelo ocidente do Império Romano. Os
partidários da primazia aramaica argumentam que Jesus Cristo, seus discípulos, apóstolos
e primeiros convertidos eram de fala aramaica, assim como que a antiguidade de seus
manuscritos rivaliza com a dos manuscritos gregos. Independentemente da controvérsia
que isto gera, não diminui em nada o valor original do texto Peshitta, porque embora não
fosse o idioma original do Antigo e Novo Testamento, sua preservação, conteúdo, clareza
e fidelidade, lhe conferem um lugar privilegiado entre os textos bíblicos. Damos glória ao
Pai Celestial, ao Senhor Jesus Cristo e ao Espírito Santo pelo privilégio de haver participado
em levar esta obra ao povo cristão de fala portuguesa, e é nosso desejo que sirva de luz e
inspiração e dê frutos para a vida eterna, e que motive para uma maior busca do rosto de
Deus em tempos nos quais o avivamento espiritual é uma necessidade urgente.

Instituto Cultural Álef e Tau, A.C.


Hermosillo, Sonora, México

BV Books Editora
Niterói, Rio de Janeiro, Brasil

Sugerimos ver a seção DADOS HISTÓRICOS E TRADICIONAIS RELACIONADOS AO TEXTO


PESHITTA E OUTRAS OBRAS EM ARAMAICO, para maior informação cronológica.
ix

EXPLICAÇÕES DIVERSAS SOBRE ESTA OBRA

NUMERAÇÃO DOS VERSÍCULOS: Varia em alguns poucos casos, em virtude do


texto Peshitta original ter diferenças com respeito aos textos fonte de tradução do he-
braico e do grego. Os manuscritos originais não tinham divisão de versículos nem de
capítulos, nem pontuação alguma.
NOMES: Os nomes de algumas pessoas e lugares não coincidem com as versões do
hebraico e grego. Nos que coincidem, optamos por deixá-los como são conhecidos regu-
larmente; nos que não coincidem, procuramos dar a eles uma fonética o mais facilmente
pronunciável em português. Aos nomes das pessoas mais conhecidas das Escrituras, fo-
ram traduzidos como são conhecidos convencionalmente, mesmo quando são diferentes
em aramaico. Para efeitos de ajuda um pouco nisto, temos incluído no final desta obra uma
seção chamada Relação de nomes de pessoas e lugares sobressalientes.
Desta forma, esta obra seguiu a seguinte metodologia para a transliteração de nomes de
pessoas e lugares: Quando o nome no texto aramaico Peshitta coincide com o texto hebraico,
ou no caso das pessoas mais conhecidas das Escrituras, adotamos os nomes convencionais
do público de fala portuguesa, tais como Abraão, Isaque, Jacó, Jesus, Tiago, etc. Em alguns
casos, os nomes da Peshitta não apresentam similaridade com o texto hebraico, demons-
trando que o texto hebraico usado pela Peshitta não era o mesmo, apresentando variantes de
pronúncias ou mesmo nomes completamente diferentes daqueles do texto hebraico conven-
cional. Alguns nomes aramaicos possuem um termo hebraico paralelo; por exemplo, o nome
Yeshu (nos livros de Neemias e Esdras) é paralelo ao nome Yeshua do texto hebraico, nestes
casos adotamos os nomes usados convencionalmente na língua portuguesa (no exemplo ci-
tado, a transliteração convencional é Jesua – Ed 2:2). Porém, em alguns casos, o nome usado
pela Peshitta não é o mesmo apresentado pelo texto hebraico, em tais casos o leitor encon-
trará a variante do nome conforme apresentada pelo texto aramaico; nestes casos optamos
por uma transliteração que seja o mais facilmente pronunciável em português, abandonando
o uso de traços, sinais e acentos convencionais das regras de transliteração, para que o leitor
possa ter mais facilidade para pronunciar o termo.
FILHO: Invariavelmente com maiúscula quando se refere ao Senhor Jesus Cristo, em
passagens messiânicas ou no Novo Testamento.
NOME: Com maiúscula quando faz referência ao nome de Deus e não se menciona
Yahweh, Jesus ou Jesus Cristo. Ex.: Êxodo 5:23 (com maiúscula) e 20:7 (com minúscu-
la). Com minúscula quando são mencionados.
YAHWEH: Este nome não aparece nos manuscritos originais do Texto Peshitta. O vocá-
bulo Marya é usado na Peshitta nas porções onde aparece o nome Yahweh no texto hebrai-
co, e em algumas porções do Novo Testamento aramaico. Eruditos no idioma aramaico que
consultamos afirmam que Marya está formado por Mare ou Mara, que significa Senhor,
e Yah, forma abreviada de Yahweh. Para sua localização no Novo Testamento desta obra
consultamos a tradução aramaico-hebraica da Peshitta.
CÉU: Quando faz referência à morada de Deus, possui maiúscula. Quando seu significa-
do é atmosférico ou astronômico, possui minúscula.
ELE: Este pronome possui maiúscula quando se refere à Divindade. Assim também
outras expressões que incontroversamente se refiram à Divindade como Altíssimo, o
Verbo, Senhor, etc. Não confundir o pronome Ele com o vocábulo El, que é a designação
primitiva para se referir à Divindade entre os povos semitas.
MÉTODOS DE TRADUÇÃO: Existem três métodos básicos de tradução a partir dos
originais da Escritura aos diferentes idiomas do mundo. O método de equivalência formal
ou literal, que consiste na tradução, “palavra por palavra”, do texto original, produzindo
uma obra difícil de entender, orientada principalmente a eruditos e acadêmicos; é muito
usada para obras interlineares. A tradução de equivalência dinâmica ou funcional, que
x

consiste numa tradução que tende à paráfrase, orientada a um público que não tem
cultura de leitor nem é estudioso da Palavra; este método serve como base para obras
infantis. E por último, o de equivalência ótima, que é o método que adotamos para levar
a cabo esta obra.
O método de equivalência ótima consiste principalmente numa tradução que se sus-
tenta no texto original, mas ao mesmo tempo procura apresentar a mensagem de uma
forma clara, em leitura ágil e em linguagem contemporânea no idioma de destino. Favo-
rece a transmissão do sentido e propósito da mensagem até onde é possível, sem que
se afete o que diz o texto original. Em casos de expressões idiomáticas ou textos de
difícil compreensão, se interpretam para entendimento na linguagem contemporânea,
mas informando ao leitor com notas de rodapé de outras acepções, formas de leitura ou
literalidades.
PASSAGENS PARALELAS: As passagens paralelas no Antigo Testamento se identifi-
cam porque a referência do versículo diz “(v.) comp. (vs.)”. Ex: Gn 10:1-29 comp. 1Cr 1:4-23.
Significa que Gênesis 10:1-29 é passagem paralela de 1Crônicas 1:4-23. Quando são pas-
sagens paralelas no Novo Testamento, se identificam porque se põem abaixo dos subtítulos
das passagens a comparar. Ex: em Mt 3:1: João Batista prega no deserto (Mc 1:1-8; Lc 3:1-9,
15-17; Jo 1:19-28).
SUBTÍTULOS: Os subtítulos pretendem orientar quanto ao tema que está expondo o
autor inspirado original numa passagem em particular. Não aparecem nos textos origi-
nais da Peshitta, mas foram postos pelos autores da presente obra.
NOTAS: As notas de rodapé pretendem ampliar a informação sobre os textos assina-
lados, apresentar outras possíveis traduções ou informar de literalidades. São expostos
com um sobrescrito numérico na palavra correspondente.
REFERÊNCIAS: O corpo de referências cruzadas da presente obra está baseado na tradu-
ção da mesma, pelo qual pode haver variantes quanto ao sentido e mensagem regularmente
conhecidos. São expostos com um sobrescrito alfabético no texto a referenciar. O sistema de
referências que utilizamos foi extensivo não exaustivo. Isto significa que as referências não
pretendem levar uma linha doutrinal, senão simplesmente englobar numa mesma citação
mensagens ou temas similares. Assim, você encontrará que não se segue a referência direta
com uma palavra, antes se busca interconectar numa referência a um ou mais temas ou
alusões juntas. Por exemplo, se você busca algo sobre o sangue de Jesus Cristo, o mesmo
o levará a seu sangue derramado, que à lavagem, redenção ou limpeza por meio do sangue
de Jesus Cristo, e não como tradicionalmente as temos conhecido que se usa uma referência
para seu sangue derramado, outra para lavagem por seu sangue, outra para redenção por seu
sangue e outra para limpeza por seu sangue.
ORTOGRAFIA: Na presente obra se tem buscado dar a ela uma redação ágil, clara e
de fácil leitura, embora o original do texto Peshitta é assim por mérito próprio. Se tem
aplicado as regras gramaticais mais atualizadas do português.
TEXTOS EM VERMELHO: No Antigo Testamento aparecem em letra vermelha as
porções que se consideram fazer referência a Jesus Cristo. No Novo Testamento apare-
cem em vermelho as palavras faladas pelo Pai, o Senhor Jesus Cristo e o Espírito Santo.
PASSAGENS POÉTICAS: Para distinguir da prosa simples, os textos poéticos do An-
tigo e Novo Testamento se apresentam em formato diferente como uma ajuda para o leitor.
ASPAS: Usam-se principalmente para indicar expressões declaradas em um passado
ou que se declararão no futuro.
Livro de

GÊNESIS

Aram., Sipra d’Berita se traduz como Livro da Criação. Heb: Bere-


shit, que significa Em Princípio. O nome Gênesis, que traduzido
significa origem, procede da versão grega do Antigo Testamento.
Se considera que seu autor foi Moisés, e sua data de redação se
situa cerca de 1440 a.C. É o primeiro livro da Torá ou Pentateuco.
Ele relata a criação do universo (os céus e a terra), a maravilhosa
obra de Deus em seis dias e o repouso no sétimo, a criação do ser
humano, a queda de Adão e a corrupção da raça humana devido
ao pecado, o dilúvio, o pacto de Deus com Noé, a torre de Babel,
a razão da proliferação dos idiomas, a destruição de Sodoma e
Gomorra, a vida e a obra dos patriarcas, com ênfase em Abraão,
Isaque e Jacó, a promessa a Abraão da benção para as nações em
sua Semente, as doze tribos de Israel, José no Egito, a experiência
dos israelitas no Egito e o início do seu posterior Êxodo a Canaã.
Gênesis 1
Yahweh e sua criação 12 Então a terra produziu vege-

1
a 1 tação: erva que produzia semente
Em princípio criou Deus os
segundo sua espécie; e árvores
céus e a terrab.2
frutíferas que produziam fruto se-
2 E a terra era o caos e o vazioc, e
havia trevas sobre a superfície do gundo a sua capacidade nele,
abismo profundo; e o Espírito de segundo sua espécie. E viu Deus
Deusd incubava3 sobre a superfí- que era bom.
13 E houve a tarde e houve a ma-
cie das águas.
3 Então disse Deus: Haja Luz. E
nhã, e foi a manhã o terceiro dia.
14 Então disse Deus: Haja lumi-
houve Luz.
4 E Deus viu que a Luz era boa;
nares na expansão dos céus, para
então separou Deus a luz das separar o dia da noite; e sirvam de
trevas. sinais para as estaçõesg, para os
5 E chamou Deus à luz dia; e dias e para os anos;
às trevas chamou noite. E houve 15 também sirvam como luminá-
a tarde e houve a manhã, e foi a rias na expansão dos céus para ilu-
manhã um dia. minar a terra. E assim aconteceu.
6 Então disse Deus: Haverá uma 16 Depois fez Deus dois lumi-
expansão no meio das águas, para nares grandes: o luminar maior
que separe as águas das águas. para dominar durante o dia, e
7 E fez Deus a expansão, e sepa- o luminar menor para dominar
rou as águas que estavam debaixo durante a noite. Também fez as
da expansão das águas que esta- estrelash.
vam acima da expansão; e assim 17 Então Deus os colocou na ex-
aconteceu. pansão dos céus para iluminarem
8 E chamou Deus à expansão a terra,
céus. E houve a tarde e houve a ma- 18 para que dominem durante o
nhã, e foi a manhã o segundo dia. dia e durante a noite, e para sepa-
9 E disse Deus: As águas que es- rarem a luz das trevas. E viu Deus
tão debaixo dos céus se reunirão que era bom.
em um lugar; e apareça a parte 19 E houve a tarde e houve a ma-
seca. E assim aconteceue. nhã, e foi a manhã o quarto dia.
10 E chamou Deus à parte seca 20 Em seguida disse Deus: As
terra; e a reunião das águas chamou águas se encham de uma grande
mares. E viu Deus que era bom. quantidade de seres vivos e haja
11 Depois disse Deus: Que a ter- aves que voem sobre a terra, no
ra produza vegetação: erva que firmamento dos céus.
produza semente segundo sua es- 21 Também criou Deus os gran-
pécie; e árvores frutíferas que pro- des dragões4, e todo ser vivo que
duzam fruto sobre a terra segun- se move, dos quais se encham as
do sua espécie, cuja capacidade águas segundo suas espécies, e
de reprodução nele esteja. E assim toda a ave alada segundo sua es-
aconteceuf. pécie. E viu Deus que era bom.
1:1 aJo 1:1 bJó 38:4; Is 45:2; 45:18 1:2 cJr 4:23-28 dGn 41:38; Êx 31:3; Jó 33:4; Is. 11:2 1:9 eSl 24:2;
136:6; 2Pe 3:5 1:11 fMc 4:28 1:14 gSl 104:19 1:16 hSl 8:3; 136:7-9; Jó 38:7; Jr 31:35

1
1:1 Aram., Alaha. Significa Deus, Divindade, a Suprema Divindade. Heb., Elohim. 21:1 Em letras ara-
maicas: Bereshit bera Alaha yat Shmaia’ veyat Area 31:2 Aram., merahpa, que pode ser traduzido como
criava, cuidava, cobria, chocava, abrigava, pairava sobre, rondava, movia-se suavemente de um lado
para o outro, formava ondas, criava ondas, agitava. Heb., movia-se, criava, sacudia. 41:21 Aram., tanine
que significa dragões. Heb., tanim, que se refere a monstros terrestres ou marinhos, dragões, baleias.
Gênesis 1-2
22 Então Deus os abençoou, di- sobre a superfície de toda a terra.
zendo: Frutificai e multiplicai, e E toda a árvore frutífera, cuja se-
enchei as águas que estão nos ma- mente seja semeada, servirá para
res, e multipliquem-se as aves so- mantimento.
bre a terra. 30 E para toda besta do campo, a
23 E houve a tarde e houve a ma- toda a ave do céu, e todo que ras-
nhã, e foi a manhã o quinto dia. teja sobre a terra, em que há alma
24 Depois disse Deus: Produza a vivente, toda a erva verde servirá
terra o ser vivo segundo sua espé- por mantimento. E assim aconte-
cie; gado, répteis e bestas da ter- ceu.
ra segundo sua espécie. E assim 31 E viu Deus tudo que fez, e eis
aconteceu. que era muito bom. E houve a tar-
25 Assim fez Deus as bestas da de e houve a manhã, e foi a manhã
terra segundo sua espécie, o gado o sexto dia.

2
segundo sua espécie, e todos os Assim foram concluídos os céus,
répteis da terra segundo sua espé- a terra e todos os seus exércitos.e
cie. E viu Deus que era bom. 2 E terminou Deus no dia sexto
Deus cria o ser humano as suas obras que fizera, e repou-
sou no dia sétimo de todas as suas
26 Então disse Deus1: Façamosa obras que fizeraf.
o ser humano2 segundo a nossa 3 E abençoou Deus o dia sétimo, e
imagem, como a nossa semelhan- o santificou, que nele ele repousou
çab, e tenham domínio sobre os de todas as suas obras que Deus ha-
peixes do mar, sobre as aves do via criado para que existissem.
céu, sobre o gado, sobre todas as
bestas da terra, e sobre todo os O jardim do Éden
répteis que rastejam sobre a terrac.
27 Criou, pois, Deus o gênero 4 Estas são as origens dos céus e
humano3 conforme a sua imagem, da terra ao serem criados, no dia
a imagem de Deus o criou; ho- que Yahwehg4 Deus fez os céus e
mem e mulher os crioud. a terrah,
28 E Deus os abençoou, dizen- 5 e todas as árvores do campo
do: Frutificai e multiplicai; enchei ainda não estavam na terra, e toda
a terra, e sujeitai-a, e dominai os a erva do campo ainda não brota-
peixes do mar, as aves do céu, o ra, porque Yahweh Deus não fi-
gado, e sobre todo ser vivo que zera choveri sobre a superfície da
rasteja sobre a terra. terra, e tampouco havia homem5
29 Então disse Deus: Eis que te- para trabalhar a terra.
nho dado a vós toda a erva que 6 E uma fonte brotava da terra, e
produza semente a ser semeada regava toda a superfície da terra.

1:26 aGn 3:22; 11:6, 7; Jo 10:30; 14:9-11; 1Pe 1:2 bGn 5:1; 1Co 11:7; Tg 3:9 cSl 8:6-8; Tg 3:7
1:27 dGn 5:2; Mt 19:4; Mc 10:6 2:1 eDt 4:19; 17:3 2:2 fÊx 20:11; 31:17; Hb 4:4, 10 2:4 gGn 4:26;
17:1; 26:24; Êx 6:3; Is 43:11, 15; 44:24 hJó 38:4 2:5 iGn 6:17; 7:4

1
1:26 Ou, a Divindade. 21:26 Aram., nasha. Geralmente traduzido como homem em seu sentido
mais amplo. 31:27 Lit., Adam. Do hebraico Adam, nome do primeiro homem à imagem e seme-
lhança de Deus, também traduzido como homem, ser humano, raça humana. 42:4 Aram., Marya,
vocábulo usado na Peshitta exclusivamente em referência ao Senhor Yahweh. Mar significa Senhor,
e Yah é a forma curta de Yahweh. O nome Yahweh se deriva da raiz hayah que significa ser ou
existir. Portanto, dessa forma, o significado de Yahweh seria o Auto-existente ou Aquele que é por Si
mesmo. 52:5 Aram. e Heb., Adam.
A Mensagem de

JOÃO

Aram: Carazota d’Yorranan, que se traduz a Mensagem ou a Pregação


de João. A autoria deste relato do Evangelho se atribui ao apóstolo
João, tanto pelas evidências internas como externas. Foi escrito na
Ásia Menor (talvez em Éfeso), no final do século I, cerca do ano
85 d.C. O nome João se deriva do hebraico e aramaico Yorranan,
que significa Yah favoreceu ou Yah é compassivo. Gr: Ioannes. Era
filho de Zebedeu, e primo do Senhor Jesus. Ele e seu irmão Tiago
deixaram seu ofício de pescadores para seguir a Jesus Cristo,
e ambos foram designados apóstolos. O Senhor os admoesta
severamente por sua impetuosidade e proeminência, e até lhes põe
a alcunha de “filhos do trovão”, mas uma vez que a graça fez seu
efeito neles, tornaram-se sensíveis e profundos espiritualmente, e
João até mesmo se recostava no peito de Jesus devido ao especial
afeto que Ele lhe havia conferido. A João se lhe atribuem cinco
livros do Novo Testamento; o quarto Evangelho, três epístolas
e o Apocalipse. Esteve exilado na ilha de Patmos por causa da
Palavra de Deus e por testificar de Jesus Cristo. O Evangelho de
João contém passagens sem paralelo com os outros evangelhos, e
as passagens similares são apresentadas de forma bem diferente a
respeito da linguagem e forma de falar com que prega o Senhor
Jesus, assim como os lugares de seu ministério. O objetivo do relato
de João se concentra em declarar o testemunho que Jesus deu de
si mesmo como o Filho de Deus encarnado e como Salvador do
mundo. Isto se explica em virtude das teorias filosóficas em voga
no Império Romano quanto as coisas espirituais, e em particular,
a respeito da pessoa e Divindade do Senhor Jesus Cristo. Exalta a
Divindade do Pai, de Jesus e do Espírito Santo. Narra o testemunho
de João Batista acerca do Cordeiro de Deus, e o testemunho de Jesus
a respeito de si mesmo, revelando-se não somente como o Filho do
Homem, mas também como o Filho de Deus. Tudo nEle revela a
Deus e enfatiza a mensagem de vida eterna e abundante aos que
o reconhecem como tal. Ele nos fala amplamente da revelação da
Divindade do Senhor, do Verbo ou Palavra de Deus, da necessidade
do novo nascimento ou regeneração, do sacrifício do Cordeiro, a
eternidade e pré-existência de Jesus, sua onipresença e onipotência,
sua perfeita sabedoria, e sua santidade única e absoluta. Ele se
diferencia dos outros três relatos do Evangelho em que aqueles nos
revelam as obras do Senhor, o que Ele fez, e este nos revela a pessoa
de Jesus Cristo, quem é Ele. Jesus apresenta o Pai quem o enviou, e o
Espírito Santo, que Ele enviaria como Consolador. Mostra milagres
de diversos tipos, assim como parábolas ilustrativas de sua Pessoa.
Ele nos fala de sua morte como o Cordeiro de Deus, sacrificado
precisamente durante a celebração da Páscoa, e de sua ressurreição
e ascensão ao Pai. Este Evangelho é sempre o mais recomendado
para quem inicia a vida cristã, devido a sua simplicidade e impacto
nos corações dos recém-convertidos.
João 1
O Verbo feito carne sua glória; glória como do Unigêni-

1
a 1 to do Pail, cheio de graça e verdade.
Em princípio era o Verbo , e o
Verbo estava junto de Deus2, e 15 João deu testemunho acerca
o Verbob era Deus. dEle, e exclamando, disse: Este é
2 Este existia no princípio com Aquele de quem eu dizia: “Vem
Deus. depois de mim, e existe antes de
3 Por meio dEle foram feitas to- mim, porque é primeiro que eum”!
das as coisas; e nada do que havia 16 De sua plenituden recebemos
sido feito se fez sem Elec. todos nós, e graça após graça.
4 A vida estava nEle, e a vida era 17 Porque a lei foi dada por
a luzd dos homens. meio de Moisés, mas a verdade e
5 A luz resplandece nas trevas, e a graça vieram a ser por meio de
as trevas não a perceberam. Jesus Cristoo.
18 Ninguém jamais viu a Deus;
O testemunho de João Batista o Unigênitop Deusq3, o que está no
6 Houve um varão cujo nome seio de seu Pai, Ele o tem decla-
era Joãoe, que foi enviado por rado.
Deus.
7 Este veio para testemunho, para João Batista prega no deserto
testificar acerca da luz, para que (Mt 3:1-12; Mc 1:1-8; Lc 3:1-18)
todos cressem mediante ele.f 19 Este é o testemunho de João
8 Mas ele não era a luz, mas da- quando os judeus de Jerusalém lhe
ria testemunho acerca da luz. enviaram sacerdotes e levitas para
9 Porque Ele é a luz verdadeira lhe perguntar: Quem és tu?
que veio ao mundo, a qual ilumi- 20 E ele aceitou e não negou,
na a todos os homens.g mas confessou: Eu não sou o
10 Ele esteve no mundo, e o Cristor.
mundo foi feito por meio dEle,
21 E novamente lhe pergunta-
mas o mundo não o conheceu.
11 Veio aos seus, mas os seus ram: Então quem? És Eliass? E ele
não o receberam, declarou: Não sou. És o Profeta? E
12 mas aos que o receberam, aos ele respondeu: Não.
que creem em seu Nomeh, Ele lhes 22 Então lhe disseram: Quem és,
deu o direito de chegar a serem fi- pois, para que respondamos aos
lhos de Deusi, que nos enviaram? O que tu dizes
13 os que não são nascidos de sobre ti mesmo?
sangue, nem por desejo da car- 23 Ele disse: EU SOU A VOZ
ne, nem pela vontade do homem, QUE PROCLAMA NO DESERTO:
mas de Deus.j “APLAINAI O CAMINHO AO
14 E o Verbo se fez carnek, e ha- SENHOR”t, como disse o profeta
bitou entre nós, e contemplamos a Isaías.
1:1 aGn 1:1; Cl 1:17; 1Jo 1:1 bIs 9:6; Jo 1:18; 10:30; 17:11, 22; Rm 9:5; Fp 2:6; Tt 2:13; Hb 1:8;
1Jo 5:20; Jd 4 1:3 cJo 1:10; 1Co 8:6; Cl 1:16; Hb 1:2 1:4 dMt 5:14 1:6 eMt 3:1-3 1:7 fAt 19:4
1:9 g1Jo 1:5 1:12 h1Jo 3:23 iLc 20:36; Jo 11:52; Gl 3:26 1:13 j1Jo 5:1 1:14 kGl 4:4; 1Tm 3:16 lJo 14:9
1:15 mJo 1:30 1:16 nCl 1:19 1:17 oRm 5:21 1:18 pJo 3:16, 18; 1Jo 4:9 qIs 9:6; Jo 1:1; 10:30; 17:11,
22; Rm 9:5; Fp 2:6; Tt 2:13; Hb 1:8; 1Jo 5:20; Jd 4 1:20 rLc 3:15; Jo 3:28 1:21 sMt 11:14; Dt 18:15,18;
At 3:22 1:23 tIs 40:3; Mt 3:3

1
1:1 Aram., Miltha, que se traduz como Verbo, Palavra, Expressão. Consulte também este termo no
Manual da Peshitta, editora BVbooks. 21:1 Aram., Alaha, vocábulo utilizado em aramaico para se
referir a Deus. Também pode ser traduzido como a Divindade, a Divindade Suprema. Ver nota em
Mt 3:9. 31:18 Aram., Khidaya Alaha. Clara afirmação da Divindade de Jesus Cristo. Alguns manus-
critos dizem unigênito Filho.

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