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degeneração do

Espiritismo
Dalmo Duque dos Santos

Comparando a história do Espiritismo com a do Cristianismo Primitivo,


podemos tirar algumas conclusões importantes para a o futuro da nossa
doutrina e o do seu movimento social.

O Cristianismo, cuja pureza doutrinária do Evangelho e simplicidade de


organização funcional dos primeiros núcleos cristãos foi conquistando
lenta e seguramente a sociedade de sua época, sofreu com o tempo um
desgaste ideológico. Corrompeu-se por força dos interesses políticos,
financeiros e institucionais. Os novos adeptos e seus líderes, não
conseguindo penetrar na essência do Evangelho, que é regeneração, ou
seja, o mergulho doloroso no mundo interior e a reversão das atitudes
exteriores, adaptaram o mesmo às suas conveniências psico-sociais,
atacando suas idéias mais contundentes à moral animalizada, alimentando
os mecanismos de defesa da mente, fazendo concessões às fraquezas dos
adeptos e desviando-os para o comodismo dos disfarces rituais exteriores.
Repressão de forças espirituais espontâneas e idéias consideradas
ameaçadoras ao clero, como a mediunidade e a reencarnação; a
falsificação de tradições e a adoção do sincretismo do costumes bárbaros,
foram as principais estratégias dessa clericalização do cristianismo.

O resultado de tudo isso é bem conhecido: dois milênios de intolerâncias,


violências, atraso espiritual, perpetuação das injustiças sociais,
agravamento de compromissos com a lei de ação e reação e forte
comprometimento da regeneração do nosso planeta.

Com o Espiritismo não está sendo muito diferente.

Apesar das advertências dos Espíritos e do próprio Allan Kardec quanto


aos períodos históricos e tendências do movimento, os espíritas insistem
em cometer os mesmos erros do passado. Os mesmos erros porque
provavelmente somos as mesmas almas que rejeitaram e desviaram o
Cristianismo da sua vocação e agora posamos de puristas ortodoxos,
inimigos ocultos do Espírito da Verdade.

Negligentes com a oração e a vigilância, cedemos constantemente aos


tentáculos do poder e da vaidade. Desprezamos a toda hora a idéia do
“amai-vos e instruí-vos”, entendendo-a egoisticamente, ora como
fortalecimento intelectual competitivo, ora como o afrouxamento dos
valores doutrinários. Não conseguindo nos adaptar ao Espiritismo,
compreendendo e vivenciando suas verdades, vamos aos poucos
adaptando a doutrina aos nosso limites, corrompendo os textos da
codificação, ignorando a experiência histórica de Allan Kardec e dos seus
colaboradores, trazendo para os centros espíritas práticas dogmáticas das
nossas preferências religiosas, hábitos políticos das agremiações que
freqüentamos e mais comumente a interferência negativas dos nossos
caprichos e vaidades pessoais.

Como os primeiros cristãos, também lutamos pelo crescimento de nossas


instituições, deixando-nos seduzir pelo mundo exterior e imitando os
grupos já pervertidos, construindo palácios arquitetônicos, cuja finalidade
sempre foi causar impressão aos olhos e a falsa idéia de prestígio político;
e dentro deles praticamos as mesmas façanhas da deslealdade, das
rivalidades, das perseguições aos desafetos, da auto-afirmação e liderança
autoritária, de crítica e boicote às idéias que não concordamos.

E, finalmente, cultivamos uma equívoca concepção de unificação,


esperando ingenuamente que a nossas idéias e grupos sejam majoritários
num Grande Órgão Dirigente do Espiritismo Mundial, do nosso imaginário,
e muitas outras tolices e fantasias que nem vale a pena enumerar aqui.

E assim caminhamos, unidos em nossas displicências e divididos nas


responsabilidades. Preferimos esquecer figuras exemplares que atuaram
na Sociedade Espírita de Paris quando ignoramos nossa história
sabiamente registrada na Revista Espírita. Deixamos de lado líderes
agregadores – ainda que divergências normais e toleráveis existissem
entre eles – para ouvir e nos deixar dominar por um disfarçado clero
institucional, comando por vozes medíocres e ciumentas, figueiras
estéreis, sofistas encantadores e improdutivos, enfim, velhas almas e
velhas tendências, vinho azedo e frutas podres em nossos mais caros
celeiros doutrinários.

Mas como evitar esse processo de corrupção e, em alguns casos notórios,


de contaminação e má conduta? Como reverter a situação para reconduzir
essas experiências para os rumos verdadeiramente espíritas? O que fazer
com as más instituições, com os maus dirigentes, os maus médiuns, maus
comunicadores, enfim os maus espíritas? Devemos identificá-los e
expulsá-los dos nossos quadros? Devemos denunciá-los e discriminá-los
como fazia a Inquisição com os acusados de heresia?

O que fazer com os livros que consideramos impuros ou inconvenientes ao


movimento?: devemos queimá-los em praça pública, censurá-los em
nossas bibliotecas ou então deixar que a própria comunidade espírita
pratique o livre arbítrio e aprenda a fazer escolhas corretas e adequadas
às suas necessidades?

O Espiritismo foi certamente uma doutrina elaborada por Espíritos


Superiores e isto nos deixa tranqüilos quanto ao seu futuro doutrinário.
Mas o seu movimento vem sendo feito por seres humanos, espíritos ainda
imaturos e inexperientes. Isso realmente tem nos deixado muito
preocupados, pois sabemos que, hoje, os inimigos do Espiritismo estão
entre os próprios espíritas.

Ressurreição de todos
José Reis Chaves

A palavra reencarnação (renascimento, ressurreição) é em Grego


“paliggenesia”, em Português palingenesia ou paligênese. Deriva-se de
duas palavras gregas: “palin”, de novo, e “gênesis”, nascimento. Significa
a ação de renascer, ressurgir, surgir de novo. O Concílio Ecumênico de
Constantinopla (553) condenou a doutrina de Orígenes da preexistência
da alma, com relação à fecundação do corpo. Sem essa preexistência, não
pode haver reencarnação. Mas não ficou esclarecido se a condenação é
para toda a espécie de preexistência ou só para a que afirmava que as
almas pecaram no céu, e que, por isso, teriam sido mandadas para a
Terra por castigo de Deus (nosso livro: “A Reencarnação Segundo a Bíblia
e a Ciência” (Ed.Martin Claret).

Jesus foi ressuscitado por Deus (At 5,30), que nos ressuscitará a todos,
também. A ressurreição não é, pois, um privilégio só para Jesus. E ela é
do espírito e perispírito, inclusive a de Jesus. “...morto, sim, na carne,
mas ressuscitado no espírito” (1 Pedro 3,18, e 1 Co 15,44). ”. E o espírito
tanto ressuscita no mundo espiritual, como na carne (reencarnação), até
que ressuscite em definitivo no mundo espiritual, de outras dimensões.“Ao
vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais
sairá...”(Ap.3,12). E é isso o que querem dizer os teólogos cristãos,
quando afirmam que Jesus nos precedeu! As aparições Dele são
materializações, de que há vários outros exemplos bíblicos. Os anjos,
além de se materializarem em episódios bíblicos, a exemplo de Jesus, até
comiam também (Gn 19,3). E vemos esses fenômenos de materializações
em todas as culturas, comprovados por grande número de cientistas
renomados.

A confusão com a ressurreição do corpo físico ou da carne veio da


corporeidade ou corporalidade da alma aceita por muitos padres da Igreja
Antiga: São Basílio, São Gregório Nazianzeno, São Cirilo de Alexandria,
Bernardo, Stº Ambrósio, Evódio (bispo de Uzala), João de Tessalônica,
Tertuliano etc. (Abrahm, liv. 2, parágrafo 58, Edição Beneditina, 1686,
citação de vários autores, entre eles Leon Denis, “Cristianismo e
Espiritismo”, págs. 312). Mas a corporalidade da alma, aceita hoje
também pela Igreja, nada mais é do que o perispírito da Doutrina Espírita,
o qual é constituído de matéria muito sutil. O perispírito acompanha o
espírito. E é por meio do perispírito que o espírito se manifesta. E tem ele
vários nomes nas diversas culturas: Ochema, eidolon, somod, ferouer,
lúcido, etéreo, aura, corpo sidéreo, ka, aromático, corpo astral, corpo
bioplasmático (russo) ,“Corpo Espiritual” (de São Paulo) e “Perispírito” (de
Kardec). “Se a alma não tivesse corpo, a imagem dela não teria a imagem
de corpos” (Tertuliano). O perispírito (corporalidade) foi pesquisado pelos
cientistas, que se tornaram espíritas: William Crokes, descobridor dos
Raios Catódicos, da energia radiante, e isolador do tálio, “Pesquisas sobre
os Fenômenos Espíritas”; Russell Wallace, “O Moderno Espiritualismo”;
Aksakof, “Animismo e Espiritismo”; Charles Richet, Prêmio Nobel de
Medicina; Gustave Geley etc. Já as ressurreições bíblicas, na verdade,
foram de epilépticos. Por isso Jesus dizia sobre as pessoas que
ressuscitava, aparentemente mortas, que elas dormiam. Mais tarde, é
óbvio, é que elas morreram de fato. E a subida de Elias vivo em um
veículo espacial confundiu também muito os teólogos sobre a
ressurreição. Eles concluiram que ele foi de alma e corpo para o mundo
espiritual. Mas ele ficou ainda na Terra, pois Jeorão, depois, recebeu dele
uma carta (2 Crônicas 21, 12).

Se ressurreição (palingenesia) é a ação de retorno nosso à vida, essa ação


de retornar só pode ser feita pelo sujeito, o espírito vivo, jamais pelo
corpo morto, que é pó. “A carne para nada aproveita!” (Jo 6,63).

Fragmentos de
Kardec
Orson Peter Carrara

Data sugere conhecer melhor o Codificador

A ocorrência do bicentenário de nascimento de Allan Kardec, o Codificador


do Espiritismo, em 03 de outubro de 2004 (o nascimento ocorreu em
1804), sugere que, além dos dados biográficos – amplamente divulgados
e conhecidos –, ampliar-se o conhecimento de seus pensamentos, para
identificação de seu perfil psicológico.

Colhemos em Obras Póstumas (1), alguns fragmentos de seus


raciocínios, para homenagear a importante efeméride.

Para conhecer seu perfil moral, a transcrição seguinte traz preciso


embasamento: “Um dos primeiros resultados das minhas observações foi
que os Espíritos, não sendo senão as almas dos homens, não tinham nem
a soberana sabedoria, nem a soberana ciência que o seu saber era
limitado ao grau de seu adiantamento, e que a opinião deles não tinha
senão o valor de uma opinião pessoal. Esta verdade, reconhecida desde o
começo, evitou-me o grave escolho de crer na sua infalibilidade e
preservou-me de formular teorias prematuras sobre a opinião de um só
ou de alguns. Só o fato da comunicação com os Espíritos, o que quer que
eles pudessem dizer, provava a existência de um mundo invisível
ambiente era já um ponto capital, um imenso campo franqueado às
nossas explorações, a chave de uma multidão de fenômenos inexplicados.
O segundo ponto, não menos importante, era conhecer o estado desse
mundo e seus costumes, se assim nos podemos exprimir. Cedo, observei
que cada Espírito, em razão de sua posição pessoal e de seus
conhecimentos, desvendava-me uma face desse mundo exatamente como
se chega a conhecer o estado de uma país interrogando os habitantes de
todas as classes e condições, podendo cada qual nos ensinar alguma coisa
e nenhum deles podendo, individualmente, ensinar-nos tudo.”

Para conhecer o método aplicado nos estudos e observações sobre o


Espiritismo, basta analisar esta frase: “(...) apliquei a esta ciência o
método experimental, não aceitando teorias preconcebidas, e observava
atentamente, comparava e deduzia as conseqüências, dos efeitos
procurava elevar-me às causas, pela dedução e encadeamento dos fatos,
não admitindo por valiosa uma explicação, senão quando ela podia
resolver todas as dificuldades da questão. Foi assim que procedi sempre
em meus anteriores trabalhos, desde os quinze anos”.

Sobre a responsabilidade que se impunha, expõe Kardec: “compreendi


logo a gravidade da tarefa, que ia empreender, e entrevi naqueles
fenômenos a chave do problema, tão obscuro e tão controvertido, do
passado e do futuro da humanidade, cuja solução vivi sempre a procurar
era, enfim, uma revolução completa nas idéias e nas crenças do mundo.
Cumpria, pois, proceder com circunspecção e não levianamente, ser
positivo e não idealista para não me deixar levar por ilusões”.

Comentando sobre o sistema de análise nas comunicações com os


Espíritos: “Incumbe ao observador formar o conjunto, coordenando,
colecionando e conferindo, uns com os outros, documentos que tenham
recolhido. Desta forma, procedi com os Espíritos como teria feito com os
homens considerei-os, desde o menor até o maior, como elementos de
instrução e não como reveladores predestinados”.

Estabeleceu duas máximas que se imortalizaram de maneira patente a


indicar os caminhos da Doutrina Espírita: a) Fora da caridade não há
salvação, princípio que ressalta a igualdade entre as criaturas humanas,
perante Deus, a tolerância, a liberdade de consciência e a benevolência
mútua; b) Fé inabalável é aquela que pode encarar a razão face a
face, em todas as épocas da humanidade, ressaltando que a fé
raciocinada se apoia nos fatos e na lógica.

Para concluir, nada melhor que trazer aos leitores Uma Prece de Allan
Kardec, também extraída de Obras Póstumas, onde podemos sentir toda
grandeza d’alma deste nobre espírito: “Senhor! Se vos dignastes lançar os
olhos sobre mim, para satisfazer os vossos desígnios, seja feita a vossa
vontade! A minha vida está em vossas mãos disponde do vosso servo.
Para tão alto empenho, eu reconheço a minha fraqueza. A minha boa
vontade não faltará, mas podem trair-me as forças. Supri a minha
insuficiência, dai-me as forças físicas e morais, que me sejam necessárias.
Sustentai-me nos momentos difíceis e com o vosso auxílio e o dos vossos
celestes mensageiros esforçar-me-ei por corresponder às vossas vistas”.

O mundo está cada


vez melhor
Jávier Godinho

A todo momento, se ouve dizer que a família se encontra em processo de


extinção.

Quanta falsidade nesse conceito!

A família nunca se consolidou tanto quanto nos últimos decênios e não é


difícil compreender por quê.

Recorramos à Bíblia.

Geralmente, os que mais se apegam ao Livro Sagrado de cristãos e


judeus, radicalizando tudo, são os maiores detratores da família moderna.

Para cada família em desalinho, existem milhares de outras buscando o


caminho reto, mas desconsideradas nesse juízo. A lei civil cada vez
protege e ampara mais a família.

Famílias em ebulição são exceções, destacadas pelo descalabro que


apresentam. As famílias decentes e produtivas quase nunca merecem
espaços na mídia, porque é o escândalo que dá ibope.

Consideremos tal qual narra a Bíblia. Vejamos a primeira família: Adão e


Eva, Caim e Abel.

Nela, irmão matou irmão. A humanidade, segundo a versão bíblica, era


composta por quatro pessoas. Então 25% dela estava podre.

Ainda no Gênesis, observemos Lot e sua família. Deus procurou em


Sodoma e Gomorra 40 famílias corretas, apenas 40, para livrar as duas
cidades pervertidas de uma chuva de fogo. Deixou por 35, depois por 30,
20 e 10 famílias, e Abraão não as encontrou.

Mas havia Lot, sua esposa e as duas filhas. Eles não eram maus e seriam
livrados da catástrofe divina. Na hora da fuga de Sodoma, a mulher de
Lot, vencida pela curiosidade, olha para trás e vira estátua de sal. Sobram
o pai e as duas donzelas, que vão morar numa gruta. Lá, elas
embebedam o genitor, com ele mantêm relação sexual e ficam grávidas.
As crianças que nascem são, ao mesmo tempo, filhos e netos de Lot.

Já Abraão, o pai de todos os hebreus, tendo que ir um dia à cidade dos


egípcios, convence sua mulher Sarah, que era linda, a tratá-lo como se
não fosse sua esposa, mas irmã.

Assim, enquanto ela, com sua beleza, entretém os homens inimigos, o


marido proxeneta faz outras coisas.

O rei Davi, autor das decantadas maravilhas dos Salmos, seduz Betsabá,
espoça do seu general Urias. Ela fica grávida, ele manda buscar o marido
que lutava na guerra, para que a infiel, dormindo com ele, o convencesse
de que gerara o filho que já estava no seu ventre. Urias a evita,
argumentando que não podia usufruir prazeres enquanto seus camaradas
sofriam e morriam nos combates. O soberano, então, o devolve à frente
de batalha, levando uma ordem secreta ao comandante geral do exército,
no sentido de que envie Urias para a morte, e é prontamente obedecido.

Salomão, o mais sábio dos homens, era casado com a filha do faraó e
mantinha um harém com 300 concubinas e 700 princesas.

Que beleza de famílias existiam nos tempos bíblicos, justamente


constituídas por aqueles considerados exemplos de virtude!

Eram escândalos tenebrosos, em proporção espantosa,


incomparavelmente maior do que na atualidade. Naquele tempo, a
população do mundo não passava de algumas dezenas de milhões de
pessoas.

Hoje, a população da Terra é de mais de seis bilhões de habitantes.

Até o próprio Jesus teve problemas em família. Seus irmãos - São Mateus
cita quatro, nominalmente: Tiago, José, Simão e Judas, e fala em irmãs -
não o consideravam. São Marcos relata que seus irmãos tentaram
expulsá-lo da Judéia, considerando-o louco.

Família é isso mesmo, pois nela reencarnam espíritos que já se amavam


em outras existências, para ampliação do amor na atual reencarnação, e
até espíritos inimigos, para a transformação, no aconchego do lar, do ódio
de ontem em amor, por ser o lar a maior e mais sublime escola do
Universo.

A humanidade já foi, incomparavelmente, pior, aperfeiçoando-se


lentamente nos ditames da lei da evolução. A História está aí,
confirmando essa grande verdade. É só conferir o passado com o presente
e projetar o futuro.

A solidariedade se amplia, o conforto surpreende. A segurança pública,


tão criticada nestes dias, é mil e uma vezes mais abrangente e eficiente
do que há 50 anos, quando a população também era bem menor.

Os povos se auxiliam nas tragédias coletivas. O jornal, a televisão, o rádio


e a revista vigiam os governos, denunciam e cobram dos políticos. As
entidades de direitos humanos estão mais ativas do que nunca. As
guerras caminham para o desaparecimento, na aldeia global em que a
comunicação por satélites transformou todos os continentes.

A ciência, a técnica, a justiça dos homens e as relações internacionais,


tudo melhora e numa velocidade alucinante.

Mas a violência, o crime organizado, não se tornou incontrolável? É


indagação. Não é bem assim. Recorramos à matemática, também
chamada ciência exata.

No Cepaigo, por exemplo, estão cerca de 850 detentos. Na Casa de Prisão


Provisória, aguardando julgamento, 820 homens e mulheres. No Estado
de Goiás inteiro, 3.500 infelizes roem de arrependimento nas cadeias.

Qual a população de Goiás? Segundo o IBGE, 4,5 milhões de habitantes.

Suponhamos que, no total, os criminosos comprovados no Estado,


somados aos ainda em liberdade, sejam 10 mil. Pois 10 mil em 4,5
milhões representam uma parcela ínfima.

Recorrendo à calculadora, representam, apenas, 0,22% da população.

As penas futuras
segundo o
Espiritismo
Octávio Caúmo Serrano
No capítulo VII da primeira parte do livro “O Céu e o Inferno”,
encontramos interessantes questões sobre a vida futura.

As explicações do Espiritismo sobre a crença na vida futura, não se


fundamentam em teorias nem em sistemas preconcebidos, mas nas
constantes observações oferecidas pelas almas que deixaram a matéria e
gravitam na erraticidade nos diferentes planos evolutivos.

Há quase século e meio, essas informações são cuidadosamente anotadas,


comparadas e selecionados e formam um compêndio que esclarece
devidamente o estado das almas no mundo espiritual.

Quando levamos em conta a universalidade das informações, observamos


que as pessoas que viveram em diferentes raças, credos, condições
sociais ou intelectuais, religiões, e mesmo ateus, confirmam que a sua
situação atual é decorrência do seu próprio passado.

Ao reencarnar, o espírito vem com uma programação geral, tendo como


base os velhos erros e acertos, sem que isso determine um destino
fatalista. Submete-se às provas e expiações que mais possam ajudá-lo a
livrar-se do passado delituoso e fazê-lo avançar na escala espiritual. Há
vezes que, além dos fatos da encarnação imediatamente anterior, há
outros pendentes de outras passagens pelos planetas que já podem ser
enfrentados. Porém, se forem penosos, só poderão ser atendidos por um
espírito amadurecido e com capacidade para vencer problemas mais
graves. Se ele ainda não tem condição, as provas e as expiações serão
ainda suaves, em atenção à pouca capacidade do espírito, no atual
momento, e as mais difíceis ficam para outra oportunidade.

A vida do espírito na erraticidade e a sua intenção ou não, conhecimento


ou não, aceitação ou não de encarnar depende da situação em que se
encontra. A maioria dos que desencarnam na Terra continuam imperfeitos
e sofrem na espiritualidade todas as conseqüências dos defeitos que
carregam. É este grau de pureza ou impureza que o faz feliz ou infeliz no
plano espiritual.

Para ser ditoso o espírito necessita da perfeição. Como isso é raro neste
mundo, é fácil concluir-se que a erraticidade que circunda o planeta é
ainda um vale de lágrimas, semelhante ao mundo material. É essa
comunidade que nos rodeia e influencia os nossos pensamentos, exigindo
de nós muita oração e vigilância.

A compreensão e a crença nessa verdade farão os homens melhorar para


sofrer menos. Cada um tratará de construir com sabedoria seu próprio
futuro para ficar livre das dores.

Estas notícias deixam claro que não há castigo de Deus porque Deus é a
Lei. Não pune nem dá prêmios. Toda imperfeição, e as faltas dela
nascidas, embute o próprio castigo em condições naturais e inevitáveis.
Assim como toda doença é uma punição contra os excessos, como da
ociosidade nasce o tédio, não é necessária uma condenação especial para
cada falta ou para cada pessoa em particular. Quando segue a lei o
homem pode livrar-se dos problemas pela sua vontade. Logo, pode
também anular os males praticados e conseguir a felicidade.

A advertência dos espíritos nessa nossa escalada é objetiva e segura.


Dizem que “o bem e o mal que fazemos decorrem das qualidades que
possuímos. Não fazer o bem quando podemos, é, portanto, o resultado de
uma imperfeição.” Observem que não basta não fazer o mal. É preciso
fazer o bem.

Os espíritos advertem, também, que não é suficiente que o homem se


arrependa do mal que fez, embora seja o primeiro e importante passo;
são necessárias a expiação e a reparação.

Quando falta ao espírito a crença na vida futura, fica difícil ele lutar por
algo que não acredita e, nesse caso, pratica o mal sem preocupar-se com
futuras conseqüências. Por isso, é comum aos espíritos atrasados
acreditarem que continuam vivos, materialmente, mesmo após a
desencarnação. Continuam com as mesmas necessidades que tinham
quando eram humanos. Sentem fome, frio e enfermidades, como qualquer
encarnado.

Tudo o que acontece a qualquer um de nós está inscrito na nossa


consciência. Dela não podemos fugir por mais longe que estejamos do
lugar onde cometemos as faltas. A solução para ter a consciência tranqüila
é reparar os erros e desfazer-se do presente que nos atormenta. Quanto
mais demoramos na reparação mais sofremos. Não devemos adiar. Nas
suas lições, já nos ensinou Jesus: “Reconcilia-te com teu adversário
enquanto estás a caminho.”

No próprio capítulo em questão de “O Céu e o Inferno”, há uma indagação


que todos nós certamente já fizemos algum dia: Por que tanto
sofrimento? “Deus não daria maior prova de amor às suas criaturas
criando-as infalíveis, perfeitas, nada mais tendo a adquirir, quer em
conhecimento quer em moralidade?” Mas a resposta é óbvia. Deus poderia
tê-lo feito, mas não o fez para que o progresso constituísse uma lei geral.
Deixou o bem e o mal entregue ao livre-arbítrio de cada um, a fim de que
o homem sofresse as dores dos seus erros, mas também o prazer dos
seus acertos. E dando “a cada um, segundo as suas obras, no Céu como
na Terra.” Esta é a Lei da Justiça Divina. Se assim não fosse, a vida não
teria tempero.

O sofrimento, em resumo, é inerente à imperfeição. Livre-se o homem da


imperfeição pela sua própria vontade e anulará os males dela decorrentes;
conquistará nesse momento a sonhada felicidade.
Evolução Espiritual
Exige Esforço
Helena Carvalho

Muitas das almas que se conscientizam da necessidade de promoverem


urgentemente sua evolução espiritual não estão alertadas quanto aos
esforços sobre-humanos que devem efetuar para a realização de tais
desejos.

A maior parte costuma inclusive confiar aos "bons anjos" a abertura do


caminho, dizendo até:

- O que tiver que ser, será.. Deus me abrirá as portas que julgar
necessário.

Ou ainda:

- Se Deus achar que devo me dedicar às tarefas fraternas, ele mesmo me


apontará o caminho.

Tal maneira de pensar é totalmente falsa. Jesus, há quase dois mil anos já
nos advertia: "Estreita é a porta que conduz à Verdadeira Vida”.

Essa displicência representa até mesmo um perigo pois que, na espera do


que possa acontecer, alguma abertura “lhe pode ser mostrada, mas,
cuidado! (nem sempre por Espíritos amigos) para afastá-lo, isto sim, de
seus bons propósitos no tocante ao seu esforço evolutivo, interessando-o
por outras realizações de caráter material.

O Livro dos Espíritos traz-nos inúmeras respostas para estas questões,


diante das quais concluímos que aquilo que vem pronto raramente abrirá
caminho para o que quer que seja pois a Evolução é Lei para ser
cumprida, atingida através de nosso esforço consciente e inteligentemente
dirigido.

Já nos alertam os Espíritos Instrutores que tudo quanto representa um


passo a mais para beneficio de nosso Espírito demanda muito trabalho e
luta de nossa parte e que devemos analisar bem as coisas que se nos
oferecem já "prontas".

Devemos traçar planos e orar. Assim, conseguiremos força e coragem


para suplantar todas as formas de “atrapalhação” que nos costumam
aparecer com a intenção de nos desestimular da arrancada ascensional. E
é bom que os candidatos se alertem quanto a essas "atrapalhações" que
não são meramente casuais mas dirigidas, na sua quase totalidade, por
Espíritos invejosos, mesmo inimigos da criatura ou da Doutrina ou ainda
das Forças Superiores da Criação.

Para dar cumprimento ao seu desejo de progredir espiritualmente, a


criatura terá que se exercer sobre si mesma e sobre sua vontade, uma
vigilância enorme buscando na prece freqüente (várias vezes ao dia) e na
leitura do Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, efetuada em
horas certas e em voz alta, o reforço de que carece para conseguir
realizar aquilo a que se propôs.

Porque ao contrário do que imagina, coisa alguma se lhe cairá aos pés.
Evolução é, muito ao contrário do que imaginam quase todos os que ainda
não conhecem a Doutrina Espírita, Evolução é uma opção.

A Evolução Espiritual não é totalmente semelhante à Evolução Biológica


que se efetua sem a conscientização das espécies.

O Espírito pode, sim, estar sujeito a uma renovação espiritual compulsória


que se efetua quer ele queira ou não, porém de maneira dolorosa, pelos
aleijões, pelas doenças pelas desgraças, enfim, pela Dor. No entanto,
quando o ser já se torna capar de orientar esse movimento de
revitalização moral, muito do que se chamava antes de "fatalidade" vai
sendo afastado ou diminuído. em face da nova visão do problema
evolutivo que o ser humano resolve inteligentemente abraçar, para
promover ele próprio e conscientemente, a "subida" progressiva, rumo a
redentorização moral.

Esforço e luta. Vontade firme. Saber porque deve avançar.

Eis o leme dos que descobriram a Verdadeira Vida.

Meditações acerca da
inteligência
Hermínio C. Miranda

Ninguém diria com maior autoridade que o próprio Kardec que o


Espiritismo é doutrina essencialmente evolutiva, o que significa dizer que
não nos foi trazida inteira acebada, cristalizada e dogmática. O Espiritismo
é um corpo vivo de pensamento e, como tal, suscetível de
desdobramentos cujos limites não temos condições de alcançar ou prever.
É preciso observar bem, no entanto, onde e quando, como e porque
devemos e podemos trabalhar as suas inúmeras sínteses a fim de que,
movidos pela intenção de desenvolver certos aspectos doutrinários, não
cometamos o desacerto de deformá-los irreparavelmente. E isto é fácil de
ilustrar, quando nos lembramos de que toda a complexa teologia moderna
cita cristã não é mais do que o “desdobramento” dos simples e luminoso
conceitos evangélicos formulados pelo Cristo. Como foi possível partir de
afirmativas como “... não busco minha vontade e sim a vontade daquele
que me enviou”, para chegar-se, por exemplo, à formulação da divindade
de Jesus? Por onde entrou, nessa teologia, o dogma do pecado original?
Como nasceu a doutrina das penas eternas? Ou o conceito de uma só
existência para o ser humano, com um julgamento final e irrecorrível?

Enfim, os exemplos poderiam ser multiplicados, se a finalidade aqui não


fosse apenas a de ilustrar uma idéia, ou seja, a diretiva de que os
comentaristas da Doutrina Espírita precisam manter um elevado padrão
de lucidez e de humildade intelectual para não contaminarem o
Espiritismo com os seus preconceitos e não o retransmitirem sob uma
ótica que, em lugar de ampliar determinados aspectos, o deformem
grotescamente, a ponto de torná-lo irreconhecível. A Doutrina não é um
cadáver sobre o qual poderemos, à vontade, realizar nossas
experimentações mutiladoras, nem um aparelho, ao qual possamos
substituir peças e adaptar a outras finalidades. Repitamos: é um
organismo vivo e dever ser tratado como tal, ou seja, com todos os
cuidados necessários e com o máximo respeito que toda manifestação de
vida deve merecer-nos.

Não obstante, o Espiritismo não rejeita aqueles que se aproximam dele


com o respeito a que acima nos referimos, dispostos a desdobrar aspectos
que ainda lá estão em síntese, à espera dos trabalhadores qualificados
que, por certo, andam por aí e ainda virão. É o caso da mediunidade, por
exemplo, para citar apenas um entre muitos aspectos. Os estudos sobre
essa faculdade começaram ainda com o próprio Kardec, em “O Livro dos
Médiuns”, continuaram nas notáveis obras de Gabriel Delanne. Aksakof,
Lombroso e tantos outros e, ainda em nossos dias, prosseguem em novos
desdobramentos, com André Luiz. E estamos longe de veros limites do
território e explorar, pois os seus contornos escapam à nossa percepção.
Mas, que em todos esses cometimentos não percamos de vista os
parâmetros de eferição e os marcos implantados nas obras básicas, a fim
de que não percamos pelos domínios da fantasia ou do personalismo
doutrinário, que fraccionaria o Espiritismo em ramos e seitas que muito
teríamos a no futuro. Em suma: na frase felicíssima do confrade Jorge
Andréa: é preciso dinamizar Kardec, não dinamitar Kardec.

Ainda há pouco, aqui mesmo em “Obreiros do Bem” (artigo sob o título


“Centenário de uma Frase”, junho de 1976) propunhamos a formulação de
modelos espíritas para a sociedade futura, em vez de nos demorarmos
indefinidamente pelos caminhos, a tentar convencer da realidade do
Espírito aqueles que não desejam ainda ser convencidos. Dizíamos, então,
que não vemos muito sentido nesse esforço gigantesco de acumular
provas que, de certa forma, não servem nem a nós, os que não mais
precisamos elas, nem àqueles que não as desejam aceitar, porque se
obstinam em defender suas fortalezas de opereta de ceticismo estéril.

Tentemos, porém, ser mais específicos quando mencionamos os tais


modelos ou matrizes, pois é necessário, desde logo, relembrar um
princípio inarredável em qualquer dessas inúmeras possibilidades de
ampliação e aplicação dos conceitos doutrinários: O Espiritismo não é um
movimento arregimentador de massas, nem se presta a servir de base
para militâncias políticas de qualquer colaboração ou tendência. Sua
filosofia de ação é aquela que se dirige ao homem, ou melhor, ao Espírito
imortal reencarnado, pois entende que, como soma dos indivíduos, a
sociedade não poderá, jamais ser melhor do que os seus componentes. Os
cemitérios da História estão cheios de doutrinas que alimentaram a ilusão
de arrumar a sociedade de baixo para cima, ou seja, cuidando do ser
coletivo, quando o trabalho precisa ser feito no indivíduo, por meio do
despertamento para a sua realidade espiritual interior. Somos Espíritos e
não unidades de produção, votos, consumidores, massa de manobra,
enfim.

Sejamos ainda mais específicos, na descida cautelosa aos pormenores, ao


particular.

O capítulo quarto do “O Livro dos Espíritos”, ao referir-se à questão do


princípio vital, cuida dos aspectos subsidiários dos conceitos de
inteligência e instinto. (Questões 71 a 75, páginas 78 e 79 da 34ª edição
da FEB). O que Kardec considerou prudente perguntar e o que os Espíritos
decidiram suficiente ensinar na época está, pois resumido em apenas 5
questões. É óbvio que isto não esgota a temática suscitada, nem era esse
o objetivo dos elaboradores da Doutrina. Quantas sugestões preciosas, no
entanto, partem daqueles discretos comentários! A que amplos
desdobramentos não se prestam as sínteses propostas pelos Espíritos e as
observações adicionais de Kardec!

Desejava o Codificador saber se inteligência a matéria são independentes,


“porquanto um corpo pode viver sem a inteligência. Mas, a inteligência só
por meio dos órgãos materiais pode manifestar-se. Necessário é que o
Espírito se una à matéria animalizada para intelectualizá-la”. (1) A fonte
da inteligência é a inteligência universal, sendo, no entanto, “faculdade
própria de cada ser, e constitui sua individualidade moral”. Advertiram,
porém, neste ponto, que havia limites por aí, além dos quais o homem
não poderia seguir, por enquanto.

Será que o instinto dependeria da inteligência? - desejou saber Kardec.


- “Precisamente, não, - respondem os Espíritos - por isso que o instinto é
uma espécie de inteligência. É uma inteligência sem raciocínio. Por ele é
que todos os seres provêem às suas necessidades”.

Instinto e inteligência acham-se tão intimamente ligados que muitas vezes


se confundem. A força diretora do instinto é tão preciosa que os Espíritos
acrescentaram que também ele “pode conduzir ao bem”. E mais ainda:

- “Ele quase sempre nos guia e algumas vezes com mais segurança do
que a razão. Nunca se transvia”. (Os destaques são meus,
evidentemente).

Ante o inusitado do ensinamento, Kardec desejou saber por que nem


sempre a razão é guia infalível.

- “Seria infalível - respondem seus amigos invisíveis - se não fosse


falseada pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo. O instinto não
raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o livre-arbítrio.

Aí está, pois, em apenas duas páginas, um mundo fascinante de


sugestões para futura especulação.

Que interessante definição, por exemplo, essa de que o instinto é uma


inteligência sem raciocínio, que funciona como instrumento através do
qual os seres vivos atendem às suas necessidades. Podemos lembrar aqui
as recentes e curiosas experiências do Prof. Bakster com as plantas, que
confirmam com notável precisão os ensinamentos transmitidos pelos
Espíritos há mais de um século. O instinto, que ele foi descobrir nas
plantas, por meio de seus sensíveis aparelhos, é exatamente isso: uma
inteligência sem raciocínio a serviço da integridade da planta. Que
necessidade seria mais essencial do que a da conservação? As plantas
reagem nitidamente tento às vibrações de afeto com as de ódio; àquele
que cuida delas ou que procura destruí-las, informa da sua alegria ao
serem confortadas, com um pouco de água ou da sua apreensão ao
sentirem-se em terreno ressecado. Dentro do seu limitado círculo de
recursos instintivos, a planta age realmente com inteligência, ainda que
desprovida de razão, pois que, se a tivesse, disporia também de livre-
arbítrio, como também ensinaram os Espíritos. A razão começa junto com
a consciência de si mesmo, o que nem plantas nem animais possuem.

A reflexão nos levará a inferir que o instinto é a pré-história da


inteligência racional e, por isso, tem que ser mais seguro na sua direção
do que a fase subseqüente. Ainda sem dispor de razão, o ser vivo não
pode errar, porque não teria como corrigir o erro. Por isso os Espíritos
disseram que o instinto nunca se transvia. Nunca é uma expressão de
tremenda força. A possibilidade de transviamento começa, pois, quando
surge a razão que nos proporciona o livre arbítrio, ou seja, a capacidade
de decidir entre duas ou mais alternativas. Por outro lado, novo aspecto
digno de profundas meditações é o de que a razão seria orientadora
infalível dos nossos atos, se não fosse falseada pela má educação, pelo
orgulho e pelo egoísmo”.

E, assim, com esta razão falseada que as inteligências transviadas


montam complexas estruturas filosóficas, aparentemente muito racionais,
mas totalmente falsas, porque a razão que lhes serviu de modelo estava
contaminada pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo.

Lembremos aqui à razão absoluta, purificada, é que se referia Kardec ao


recomendar que a fé teria que, também ela, submeter-se, e isto é tão
verdadeiro que vemos variedades espúrias de fé. Paixão e razão que se
misturam. A razão é fria porque neutra, embora não insensível.

Mas, nestas reflexões, por mais atraentes que sejam, nos afastamos um
pouco do nosso tema. Ou não?

Retomemos o conceito de inteligência e experimentemos projetá-lo um


pouco mais longe. Após os ensinamentos trazidos pelos Espíritos a
Kardec, como se desenvolveu no meio científico a especulação em torno
da inteligência? Que é inteligência em termos de ciência?

Uma pesquisa histórica revela que a palavra em ai foi utilizada pela


primeira vez por Cícero, ao transpor a expressão dia-noesis, criada por
Aristóteles, sendo útil aqui lembrar que noesis é entendimento,
compreendido.

A incipiente psicologia escolástica medieval, derivada, em grande parte,


dos conceitos aristotélicos, acabou cristalizando a “definição”, se assim
podemos chamá-la, de que inteligência era a qualidade abstrata comum e
característica dos processos intelectuais. Isso, como se vê, corresponde a
declarar que a água é molhada, mas, enfim, tal era a escolástica...

Com a decadência dessa corrente filosófica, o termo entrou em desuso e


só foi retomado por Herbert Spencer, já no século 19, que, no entanto,
deu-lhe uma interpretação meramente biológica, ou seja, materialista e
que praticamente perdura até hoje. Sem poder explicá-la em termos
precisos, e desapoiado de qualquer suporte espiritualista, Spencer achava
que a inteligência explicava-se pela presença dos pais na formação do ser,
o que vale dizer que ele apenas transferia o problema para a geração
anterior e o desta para a imediatamente anterior e assim por diante, sem
chegar às raízes da questão.

Seja como for , as especulações de Spencer permitiram conceituar


psicologicamente a inteligência como capacidade de resolver, com êxito,
situações novas, entendimento aceitável que, ao que eu saiba, prevalece
até hoje.
Inegavelmente, porém, as pesquisas em torno da inteligência ainda não
se libertaram das amarras e das vendas materialistas, e ao campo da
ciência ortodoxa não chegou ainda a iluminação que se irradia a partir das
informações colhidas no mundo espiritual, nem das eu decorrem de todo o
acervo de fatos documentados pelos investigadores da fenomenologia
espírita.

Ainda se pensa que inteligência é uma questão basicamente genética


colorida por influências mesológicas, ou seja, hereditária e desenvolvida
sob forte pressão do meio ambiente. Para sermos justos, é preciso
reconhecer que alguma influência realmente exercem a hereditariedade e
o meio, mas não tanto quanto julgam os cientistas acadêmicos, e não
propriamente sobre a inteligência em si, mas sobre suas manifestações.

Vamos tentar compreender melhor isso. Um casal de criaturas marcadas


pela debilidade mental pode gerar uma criança também prejudicada
mentalmente mas isso não significa que este novo ser seja
espiritualmente um débil mental. Na verdade, pode ser um gênio que
apenas não conseguiu criar no corpo físico, em gestação sob condições tão
adversas, um instrumento adequado de manifestação de seu potencial.
Não são raros, porém, os casos de filhos altamente inteligentes nascidos
de pais deficientes. A recíproca também é válida: pais inteligentes
gerando filhos retardados.

Por outro lado, o ambiente em que se desenvolve a criança exerce sobre


sua inteligência uma influência que não pode ser desprezada, mas não
deve ser exagerada, porque sob as condições mais hostis podem
desenvolver-se inteligências brilhantes.

Isso tudo tem demonstrado à saciedade que a inteligência não é um fator


basicamente genético ou mesológico, mas uma faculdade do Espírito
preexistente, que traz para a sua nova existência os recursos intelectuais
que já tenha conseguido desenvolver no passado, dentro, porém, das
condicionantes criadas pelo seu comportamento moral, ou seja, pelo bom
ou mau uso que deu à sua inteligência.

Voltemos, por um instante, ao ensinamento dos Espíritos.

- ... “a inteligência - dizem eles, em resposta à pergunta 72 - é uma


faculdade própria de cada ser e constitui a sua individualidade moral”.

Não é exatamente isso o que provam as observações? Ou seja, que cada


ser se encontra no estágio que lhe é próprio de desenvolvimento
intelectual e que o uso da inteligência tem nítidas e inelutáveis
implicações morais? Confere, portanto, mais este aspecto.

Enquanto isso, no entanto, os cientistas desligados das correntes


espiritualistas continuam a pesquisar as razões das dessemelhanças
intelectuais entre gêmeos, partindo do pressuposto de que, gerados
simultaneamente, teriam de ser pelo menos semelhantes em inteligência,
senão idênticos, o que está longe de ser verdadeira pois cada um deles é
um Espírito diferente, em diferente estágio evolutivo.

Vejamos, porém, um pouco mais além, já que falamos em estágio


evolutivo.

Ao que indica a observação apoiada no conhecimento espiritual, a


inteligência é a resultante do conhecimento acumulado ao longo dos
milênios e das inúmeras encarnações. (2) Não somos inteligentes por
causa de uma combinação genética particularmente feliz, ou porque nos
desenvolvemos em ambiente adequado, mas porque, no passado, já nos
habituamos a manipulação e apropriação do conhecimento, através do
estudo e do aprendizado. As noções que adquirimos, as experiências
porque passamos, as coisas que descobrimos incorporam-se à nossa
memória, cujos registros básicos se encontram no perispírito, e, embora
armazenadas na zona crespuscular do chamado inconsciente, estão ali, à
nossa disposição. Quanto mais conhecimento tenhamos adquirido no
passado, mais fácil se torna “resolver com êxito situações novas”, porque
temos um banco de dados mais vasto, contra o qual confrontamos
analogicamente os fatos novos, as novas proposições, os novos
aprendizados. É sempre mais fácil construir em cima do alicerce já
consolidado.

Seria interessante, por exemplo, desdobrar ainda mais este aspecto para
examinar o papel que desempenha nisso tudo a memória, ou, ainda, a
intuição, mas seria ir muito longe num artiguete como este, que pretende
apenas levantar questões para estudo, sem a tola pretensão de resolvê-la.

Há, também, por aqui, analogias notáveis com a cibernética, pois os


computadores modernos não passam de cérebros artificiais, ainda muito
primitivos e limitados em comparação com o cérebro humano. São meros
bancos de dados que decidem entre duas opções, segundo um programa
preestabelecido e de acordo com o acervo de informações que têm
armazenado em suas memórias. É claro que não desejamos dizer que o
computador seja inteligente, nem que tenha instinto, mas é certo que se
utiliza de um dos dispositivos da inteligência humana, isto é, a memória.

Fiquemos aqui mesmo, para concluir.

Creio ter conseguido evidenciar, com estas reflexões, o que se costuma


ter em mente ao se dizer que inúmeros conceitos formulados pelos
Espíritos dentro da Codificação estão à espera de desdobramento e
aplicação, sem, no entanto, mutilar a Doutrina. Esse desdobramento, no
correr do tempo, há de deslocar, rearrumar e tornar obsoletos muitos dos
mais caros conceitos da ciência moderna, não apenas na Psicologia, mas
em todos os ramos do conhecimento, naquilo que concerne ao ser
humano, como unidade social. É justo admitir, no entanto, que muitas das
noções catalogadas pela ciência, serão aproveitadas e iluminadas sob um
novo ângulo, com uma nova luz e acabarão por oferecer uma visão nítida
do homem e do mundo que o cerca, objetivo multimilenar da especulação
humana.

Que estamos esperando? Onde estão os pensadores espíritas? Os


psicólogos, sociólogos, biólogos, médicos, enfim, os artífices
espiritualizados e evangelizados da sociedade futura? Os temas aí estão, e
a Ciência aguarda aqueles que irão conciliar conhecimento e moral, razão
e fé, o homem e Deus.

(2) Relembremos o sentido da expressão noesis escolhida por Aristóteles


e que quer dizer conheciment

Revelação e Evolução
Juvanir Borges de Souza

Mostra-nos a doutrina espírita que os ensinos do Cristo contêm, na


maioria das vezes, mais de uma significação.

Algumas lições serviram de imediato àquelas criaturas simples, que O


ouviram falar de estórias baseadas na vida diária. Ouviram e guardaram
as palavras, procurando seguir os ensinamentos que elas encerram.

Outros aspectos, mais transcendentes, entretanto, ficaram velados nas


parábolas, destinando-se aos que os pudessem entender no porvir.

Graças à Revelação Espírita, podemos hoje compreender muitas das


palavras de sabedoria do Rabi da Galiléia, porque os Espíritos do Senhor
descerraram o véu que cobria o sentido mais profundo, da sua Mensagem
de Amor.

Por que assim aconteceu? Por que não teria dado Jesus, invariavelmente,
o ensino claro, despido do véu da letra?

Muitos não compreendem, ainda hoje, a necessidade do ensino


progressivo. De posse de tantas facetas da Verdade, graças à revelação
gradativa que se processou neles mesmos, esquecem-se de que outros,
vivendo contemporaneamente, não guardam a maturidade espiritual que
lhes possibilite apreender o sentido esotérico da mensagem crística.

Lembremo-nos de que Jesus usou de linguagem apropriada às


circunstâncias. Ao povo, indiscriminadamente, suas palavras, como que
dirigidas a crianças, se revestiam de simplicidade. Aos doutores, mestres
em Israel, procurou mostrar aspectos e sentido bem mais profundos que
os admitidos pela interpretação corrente da Lei. Ao seu Colégio Apostólico
reservava lições mais elevadas.

Todavia, mesmo os discípulos, Espíritos já qualificados para coadjuvar-Lhe


a missão, evidenciavam dificuldade em compreender todos os ensinos. Os
Evangelhos testemunham abundantemente as muitas indagações deles a
respeito das lições que o Mestre lhes ia ministrando.

Não resta dúvida de que, os Evangelhos têm sido entendidos, ao longo


dos séculos, precipuamente em sua feição literal; mas, com a Revelação
dos Espíritos, a interpretação literal, tendo em vista o estádio evolutivo
das gerações, de há muito não prevalece.

O Espiritismo — Terceira Revelação —, com suas raízes mais profundas


fincadas no Evangelho do Cristo, não deixa de apresentar-se como
doutrina essencialmente dinâmica, evolutiva. Codificado e apresentado ao
mundo pelo missionário Allan Kardec, diz-se, com inteira procedência, que
o Espiritismo, como Doutrina dos Espíritos, não termina com Kardec;
antes, começa com ele.

A Codificação é a base sólida, firme, incontestável da Doutrina. Mas, assim


como o Cristo não explicitou tudo, nem convinha que o fizesse, também o
Consolador, por Ele prometido, e que aí está, assentou os fundamentos,
as grandes linhas mestras do majestoso edifício, deixando os detalhes
para depois do mestre lionês. Os esclarecimentos e complementações
continuam chegando. O intercâmbio entre os dois mundos, que jamais
deixou de existir, com o advento dos tempos novos tornou-se fonte
permanente de elucidação e assistência aos Espíritos reencarnados.

Espiritismo e Cristianismo, sendo uma só e mesma coisa, em espírito e


verdade, têm em comum, dentre as inúmeras afinidades, o caráter
evolucionista de seus postulados, o que lhes confere, na marcha
gradativa, o poder maravilhoso de proporcionar, continuamente, novos
conhecimentos ao Espírito eterno.

Daí porque o espírita convicto não teme o futuro. Nem nutre as


preocupações que outros alimentam, em religiões e filosofias que se
tornam pessimistas diante de certos acontecimentos e descalabros que
atingem este orbe. O espírita, ciente de que a evolução, embora lenta, do
ponto de vista moral, é uma das leis imutáveis, sabe, por isso, que todo
mal é passageiro.

A verdade não se encontra totalmente revelada, em certas passagens


evangélicas. Alguns acontecimentos futuros jazem envoltos em
conjecturas, até que a Espiritualidade Superior, a serviço do Governador
do planeta, diante de novas conquistas da Humanidade, nos campos da Fé
e do Amor, julgue oportuno descerrar amplamente a cortina, para que
jorre mais luz.

Novo enviado celeste virá à Terra. Não sabemos da época exata de tal
evento. Todos os que aceitam a mensagem crística precisam estar
vigilantes, para não se deixarem envolver pelos cânticos dos falsos Cristos
e falsos profetas.

Compete a todos os seguidores do Cristo preparar os caminhos para o


advento do Mensageiro que despojará todo o espírito da letra e que
precederá a segunda vinda do Senhor.

Como disse o Batista, o precursor, precisamos, para isso, “endireitar


nossos caminhos”, ou seja, os homens de boa-vontade precisam
regenerar as estradas do mundo.

Para que alguém sinta a influência retificadora do Cristo, precisa retificar a


própria estrada, modificando, no sentido do bem, os impulsos oriundos de
hábitos de um passado delituoso, desfazendo as sombras que o rodeiam.

Precisamos todos afeiçoar a exortação do Batista às nossas próprias


necessidades.

A evolução da Terra, do ponto de vista do adiantamento científico, é um


fato inegável, por todos constatado.

Entretanto, para haver progresso verdadeiro, necessário acrescentar-se


ao progresso científico, diversificado no campo das ciências físicas, da
Medicina da Astronomia, das ciências aplicadas em geral, o
aperfeiçoamento moral do homem. Aí está o grande desafio.

Os Espíritos Instrutores mostraram a Kardec, com toda clareza, a


diferença entre a verdadeira civilização e o simples adiantamento
tecnológico e científico, a responderem à questão 793 (“O Livro dos
Espíritos 39ª ed. FEB):

“793 — Por que indícios se pode reconhecer uma civilização


completa?”

“Reconhecê-la-eis pelo desenvolvimento moral. Credes que estais muito


adiantados, porque tendes feito grandes descobertas e obtido
maravilhosas invenções; porque vos alojais e vestis melhor do que os
selvagens. Todavia, não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos
civilizados, senão quando de vossa sociedade houverdes banido os vícios
que a desonram e quando viverdes como irmãos, praticando a caridade
cristã. Até então, sereis apenas povos esclarecidos, que hão percorrido a
primeira fase da civilização.”
A Geologia já comprovou as inúmeras transformações físicas da Terra,
desde os tempos primitivos de sua formação até os nossos dias. Antes do
aparecimento do homem, a crosta terrestre passou por modificações
profundas, até que os elementos permitissem o aparecimento da vida
orgânica.

O homem foi o último ser da escala animal a vir habitar a crosta terrestre.
Antes dele, em milhões e milhões de anos, muitas espécies de animais e
vegetais surgiram e desapareceram da face do orbe.

A evolução física do globo, portanto, é outro fato comprovado, e essa


evolução continua a processar-se incessantemente.

Os Espíritos do Senhor já revelaram que nossa Terra se transformará em


mundo de regeneração. Não podemos precisar o dia exato, nem o ano,
nem o século em que se dará o evento, mesmo porque tal revelação é
progressiva; mas, é certo que esse tempo se aproxima.

“Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém o sabe, nem os anjos que
estão no céu, nem o Filho, mas somente o Pai.” (Marcos, cap. XIII, v.
32.)

“Levantar-se-ão muitos falsos profetas que seduzirão a muitas pessoas; —


e porque abundará a iniqüidade, a caridade de muitos esfriará; — mas
aquele que perseverar até ao fim será salvo. — E este Evangelho do Reino
será pregado em toda a Terra, para servir de testemunho a todas as
nações. É então que o fim chegará.” (Mateus, cap. XX1V, versículos 11 a
14.)

A alegoria e as imagens encerradas nas palavras registradas pelos


evangelistas estão bem evidentes. Tomadas ao pé da letra, deixaria de
haver sentido no texto. Falando aos homens de então, acenando-lhes com
a salvação, percebe-se que Jesus tinha em mente muitos desses Espíritos
reencarnados, em futuro então distante. É o ensino para as gerações
futuras, registrado intuitivamente pelo evangelista. O “Evangelho do
Reino” é o da pureza primitiva, difundido por toda a Terra. É o reino da
fraternidade e da paz, posto em prática por todos os povos.

Linguagem figurada, “é então que o fim chegará” não significa a


destruição do mundo, como concluem os desavisados, mas a sua
transformação em esfera mais feliz, o fim do mundo velho, onde impera o
egoísmo, o orgulho, a incredulidade, as paixões aviltantes, os preconceitos
de toda ordem.

Para quem tem “olhos de ver”, os Evangelhos, entendidos em espírito e


verdade, estão a avisar aos homens sobre os acontecimentos de ordem
física, mas especialmente sobre os de natureza moral que hão de suceder,
até que seja implantado o Reino de Deus na Terra.
No que concerne à ordem física, a Natureza continuará transformando a
Terra, até que atinja a condição de globo imerso em fluidos mais puros.

Acompanhando o aperfeiçoamento físico, as raças humanas serão


renovadas, pela reencarnação de Espíritos melhor preparados. Parte dessa
nova população da Terra Renovada será constituída pelos que já tenham
aceito os caminhos indicados pelo Cristo, Espíritos que aqui habitam e que
aspiram pelo Bem. Outra parte será formada pelos Espíritos oriundos de
outros mundos, cujo adiantamento tenha chegado ao mesmo nível dos
novos habitantes da Terra.

Os rebeldes, os que persistirem nas ilusões, os negativistas encarniçados


no mal, a todos esses só restará o afastamento para outro planeta, cujas
condições se coadunem com suas próprias condições morais.

É a esperada hora da “separação do joio do trigo”, quando o Senhor, que


se reserva à colheita, lançará o joio ao fogo do sofrimento e das tarefas
penosas, tal como se deu há milênios com os Espíritos que aqui
aportaram, vindos de um Paraíso perdido, para lutas redentoras.

A irresistível lei do progresso, conjugada à infalível Justiça Misericordiosa,


determinará a posição de cada um, “de conformidade com as próprias
obras”.

O sinal do Filho do Homem, segundo as palavras de Jesus, que há de


aparecer no céu, é o advento do reino do amor. É a Terra Regenerada,
onde, em lugar do predomínio da materialidade, imperará o Espírito, com
a compreensão de seu destino feliz, com a esperança sempre presente, a
alegria diante das graças conquistadas. Então, o joio, que hoje se constitui
em avassaladora massa, já não mais poderá perturbar as aspirações de
fraternidade e de bondade, pois não mais crescerá.

Na prestação das contas, a Justiça do Senhor, como sempre, será


eqüitativa; cada um receberá o equivalente ao próprio mérito, sopesadas
as circunstâncias determinantes dos erros e acertos, a boa ou má-vontade
de cada ser.

“Quando estas coisas começarem a suceder — disse Jesus — erguei a


cabeça e olhai para o alto, pois que se aproxima a vossa redenção.”
(Lucas, cap. XXI, v. 28.)

Redenção, no sentido evangélico, tem o significado de regeneração.

O advento do reinado do amor e da fraternidade já está sendo preparado


pelos Espíritos enviados pelo Senhor à Terra.

O apressamento desse reino depende, em grande parte, de nós mesmos,


dos esforços dos que têm boa-vontade para endireitar os caminhos.
“Passarão o Céu e a Terra, mas não passarão minhas palavras.”

As palavras de Jesus não ficarão sem cumprimento integral, eis que elas
se constituem no caminho e na verdade.

É desconhecida a hora predita para a depuração da Humanidade. Por isso


mesmo, os que crêem, os que esperam, precisam estar alertas. A
vigilância é não só necessária para todos os atos de nossa vida como
essencial ao exame de todos os acontecimentos previstos. Os Evangelhos
enfatizam a necessidade da vigilância, vinculando-a à oração persistente.
As parábolas da figueira, do servo fiel e do mau servo, das virgens
prudentes e das virgens loucas são os chamamentos de Jesus para que
estejamos despertos em espírito.

Avulta a responsabilidade do aprendiz das verdades eternas — do espírita


especialmente —, diante dos conhecimentos que a Revelação Nova lhe
trouxe. Se a Justiça Divina é misericordiosa, não deixa de ser equânime,
ao exigir mais daquele a quem mais foi dado.

Da primeira vez, o Mestre veio e uns poucos discípulos receberam-no com


alegria.

A segunda vigília começa com a Era Nova. Ele virá pela segunda vez,
então para presidir à colheita, “separar os bodes das ovelhas” e mostrar
toda a Verdade.

“Tornada adulta, a Humanidade tem novas necessidades, aspirações mais


vastas e mais elevadas; compreende o vazio com que foi embalada, a
insuficiência de suas instituições para lhe dar felicidade; já não encontra,
no estado das coisas, as satisfações legitimas a que se sente com direito.
Despoja-se, em conseqüência, das faixas infantis e se lança, implica por
irresistível força, para as margens desconhecidas, em busca de novos
horizontes menos limitados.

É a um desses períodos de transformação, ou, se o preferirem, de


crescimento moral, que ora chega a Humanidade,” (“A Gênese”, Allan
Kardec, cap. XVIII, item 14. 18. ad., FEB.)

Trabalho e Evolução
Alberto de Souza Rocha

É conhecida uma estória de certo cidadão que, havendo partido desta


vida, demorava-se na Erraticidade em absoluta e prolongada ociosidade,
nada lhe sendo exigido que fizesse. Conta-se que tudo lhe sorria mas que,
a certa altura dos acontecimentos, já implorava aos bons gênios que o
retirassem daquele paraíso de contemplação, pois que se enfadara do ócio
e da inutilidade. Só então soube que estava a rigor, mesmo nas estâncias
do Inferno. A ociosidade era lhe o suplício...

- Meti Pai trabalha cem cessar E Eu também trabalho." - terá dito o Mestre
dos Mestres. E em "O Livro dos Espíritos" (questão 676) muito
apropriadamente lemos: "Sem o trabalho, o homem permaneceria na
infância intelectual.”

Se for verdade que Deus prove as necessidades vitais de todos os seres,


consoante o estágio evolutivo, a partir dos mais ínfimos, ria série
irracional, preservando-lhes a vida dentro da lei da conservação,
executam-nos por sua vez tarefas de indeclinável importância no balanço
ecológico, integrando-se na grande equação da vida planetária, por
desígnio providencial. Se os lírios não tecem a sua túnica nem os pássaros
aram ou ceifam, nem por isso se furta à grande Harmonia que atesta a
presença de Deus tia Natureza. A, palavras de Jesus não são um endosso
à inação ou à imprevidência como se fossemos esperar o maná do Céu,
ante, tinia advertência à avidez e a insofreguidão de quer, não confia rias
benção do trabalho.

Trabalho é lei soberana em toda à parte. Através dele ,e equilibrara os


Mundos. Espíritos soberanamente sábios, co-criadores divinos, regera a
orquestra incessante tio infinito do, Espaço,. "- Meti Pai trabalha sem
cessar. E Eu também trabalho"- Desçamos, roa entanto, da Paz das
Estrela, ao no minguado plano terreno. Para mis, trabalho é toda a
atividade produtiva material ou intelectual. Ocupação, esforço. Em física,
a produção de movimento em um corpo por meio de unia força, a medir-
se em quilogrâmetros o produto da intensidade dessa força pelo espaço
percorrido.

Os homens, como se sabe, passaram do nomadismo para o sedentarismo


há já tantos séculos. Com isso ao, pouco, se institucionalizou a atividade
laborativa com a divisão do trabalho por nível e especialização. Costuma-
se reconhecer u trabalho material (dispêndio de energia física) e o
intelectual ou mental. Ainda no primeiro diz-se braçal (força brita do
organismo) e/ou mecânico, quando passamos a associar a máquina, a
partir da piai, simples dela,, a alavanca. Ou colocamos ainda, a nosso
serviço, a força bruta dos irracionais. Sob outro sentido, temos ainda a
considerar: o trabalho escravo; o servil; e o assalariado.

Muitos romances focalizam com ênfase o conceito que vigia antigamente


com relação ao trabalho material. Para os patrícios romanos, por exemplo,
constituía humilhação a contingência de ter que executar qualquer
atividade laborativa. Viviam nas pelejas do campo esportivo, quando irai,
Com o advento do Cristo nasceu uma mentalidade nova que deu
dignidade ao trabalho. Paulo de Tarso marcou fundo a sua transformação
quando renunciou aos bens de herança e se dedicou a tecer as próprias
vestes. E o Espiritismo, por ser o próprio Cristianismo Redivivo, institui o
dever do serviço por princípio. asseverando que ninguém é imune a esse
dever. Nasce cota o Cristianismo e esplende com o Espiritismo o sentido
ético do trabalho. Erige-se conto urna das leis naturais em seu alto valor
social. A dignidade não está mais com o homem fátuo, sem trabalho. E a
do trabalhador, do operário mais humilde em suas condições pessoais ao
diretor de indústria ou ao intelectual da peita. Não advoga lucro imediato
corri vistas ao supérfluo. Os bens decorrem do trabalho honesto, não mais
da exploração do homem pelo homem. Não condena a riqueza bem
constituída quando posta a serviço da coletividade. gerando empregos e
contribuindo para a dignidade do homens. A igualdade absoluta de riqueza
não é possível,cria para logo se rompida Tentada. Contrariaria a lei do
mérito, do esforço próprio da, criatura, era contrafacção corria do menor
esforço. O egoísmo, siri, é a chaga social a condenar-se. Herculano Pire,
na tradução que fez de "O Livro dos Espírito em nota de rodapé (pág 275)
declara: - O paraíso terrestre do marxismo equivale ao paraíso celeste dos
beatos. O Espiritismo não aceita um extremo nem outro, colocando a,
cousas em seu devido lugar".

A divisão em classes, era grupos de atividade,, em especialidades, com


Ford e Ta Taylor à frente. dá muita importância ao sentido cooperativista,
à integração do trabalhador rio campo e sobretudo da indústria. Mas o
Cristianismo do Cristo. diferente do Cristianismo dos homens, aquele que
o Espiritismo procura reviver, dá um outro destaque, sem apelo, à luta de
classes, serra ambições de supremacia a hegemonias de grupos. Essa
ética pede agora respeito aos direito, individuais e das classes,
abrangendo trabalhadores e dirigente,, com a solidariedade fraterna.
Lembra a todos que junto aos direitos alegados estão também deveres
recíprocos. “O Livro dos Espíritos", há mais de um século, fala dos direito,
ao repouso, à aposentadoria, da assistência to desemprego. Chega a
classificar de flagelo o desemprego. O trabalho não visa apenas à
subsistência do lar, a nutrir os corpos e dar-lhes abrigo e lazer. Ele educa
o homem, explicitando deveres, em se constituindo no melhor remédio
contra toda sorte de pensamentos corrosivos da mente. É fundamental na
vida do homem e da sociedade, com vistas à própria evolução. Evolvemos
mesmo, podemos dizer, do trabalho material ao intelectual. A
Humanidade como um todo e as gerações, no tempo, à medida que
avançam, vêem cair percentualmente o índice de esforço material em
favor da contribuição da inteligência. Na "Revue Spirite" (março 11564)
encontramos a afirmação de Vaucansen - Espírito: "O homem é um
agente espiritual que deve chegar, em período não distante, a submeter
ao seu serviço e para todas as operações materiais a própria matéria,
dando-lhe como único motor à inteligência, que se expande nos cérebros
humano". E isso tem acontecido.

Vida e Evolução
Ivan Régis de Arruda Frota

Qual o posicionamento de nosso planeta no espaço sideral?

O homem, no atual estágio do desenvolvimento científico, ainda não


conseguiu conhecer, com exatidão, o mecanismo como foi criado o seu
Universo material.

O obscurantismo do processo da criação do Universo vem instigando a


inteligência humana a formular várias hipóteses a respeito.

Inquestionável, podemos afirmar, somente um fato: alguém ou algo, com


inteligência superior, o criou! Inquestionável porque o raciocínio é
plenamente lógico: não existe efeito sem causa e para um efeito
inteligente deve haver uma causa inteligente. O acaso sendo cego e
arbitrário jamais poderia dar origem à tão magnífica obra (LE-Cap. l,2).

A Ciência progride a passos largos e o pensamento religioso deve


acompanhar a soma destes novos conhecimentos. Não adianta as religiões
enfiarem a cabeça num buraco, tal qual as avestruzes, ignorando o que
está ocorrendo em volta.

O Espiritismo, dentro de sua postura marcadamente evolutiva, afirma, de


forma corajosa, que, se o avanço científico demonstrar que algum ponto
de sua doutrina merece reparos, ela se modificará naquele ponto de
referência, assimilando a orientação da Ciência (Gênese-cap. 1-item 55).

Entretanto, já no ano de 1857, os espíritos nos informavam que tudo se


encadeia na natureza, do átomo primitivo até ao arcanjo (LE-Questão
604/540). Por conseguinte, passado - presente - futuro do microcosmo ao
macrocosmo, tudo se relaciona de forma harmoniosa obedecendo as Leis
Gerais criadas por Deus. Não estaria neste singular, mas profundo
ensinamento, uma das chaves para desvendar os grandes enigmas da
humanidade?

O notável cientista Albert Einstein lançou, em 1905, a Teoria da


Relatividade, que revolucionou todo o conhecimento científico sobre o
Universo, que prevalecia na época. O Espaço e o Tempo, tidos como
matérias abstratas, passaram a ser realidades concretas, sujeitas às
influências de forças físicas. Mais recentemente surgiu a teoria da criação
do Universo através de uma formidável explosão - "Big-Bang" - de toda
matéria altamente concentrada, que teria ocorrido há, aproximadamente,
20 bilhões de anos. O Tempo e o Espaço não seriam eternos e infinitos
como se pensava, mas teriam surgido no mesmo instante da grande
explosão. O Universo, portanto, seria finito, tanto no tempo como no
espaço. Assim, não haveria sentido em especular sobre o tempo antes do
momento da criação do Universo, porque, simplesmente, o tempo não
existia. Estima-se que o planeta Terra tenha se formado há bem menos
tempo: cerca de 4,5 bilhões de anos.

Infelizmente, a grande complexidade desses estudos, dificulta, em muito,


o seu conhecimento para a maioria das pessoas. No entanto, é importante
que, pelo menos, se tenha à noção do posicionamento do nosso mundo no
espaço sideral. O planeta Terra pertence a um sistema planetário que tem
uma estrela-sol como centro. Entretanto, nossa estrela-sol pertence a
uma galáxia (Via-Láctea) que, por sua vez, contém outras 100 bilhões de
estrelas-sóis, cada qual, com possíveis sistemas planetários. Por sua vez,
nossa galáxia integra um Universo que contém bilhões e bilhões de outras
galáxias, cada qual com bilhões e bilhões de estrelas-sóis e,
conseqüentemente, com bilhões e bilhões de outros sistemas planetários,
contendo bilhões, bilhões e bilhões de planetas. Isso tudo, sem considerar
a hipótese de que a Ciência, através da teoria dos colapsos gravitacionais
- "Buracos Negros" -, assinala a existência de outros Incontáveis
universos!

Diante de tanta grandiosidade, ainda existem pessoas que pensam que o


homem é o soberano e único ser pensante deste Universo.

Coerente com a lógica, a Doutrina Espírita sempre proclamou a


pluralidade de mundos habitados, conclusão esta que fatalmente a Ciência
irá confirmar brevemente.

O surgimento da vida na Terra também é motivo de polêmicas. Dentro da


escala evolutiva das espécies, proposta por Charles Darwin, em 1859,
estima-se que as primeiras formas rudimentares de vida teriam surgido
há 3,5 bilhões de anos; os peixes, a cerca de 500 milhões de anos; os
anfíbios, cerca de 325 milhões de anos; os répteis, cerca de 300 milhões
de anos; os mamíferos, cerca de 200 milhões de anos e as aves, cerca de.
180 milhões de anos.

A Ciência, até o momento, também não conseguiu desvendar por


completo, o momento e o local onde surgiu o espécime que pode se
considerado como, efetivamente, o elemento da atual raça humana.O
espécime "australapithecus", hominídea de forma animalesca antecessor
do gênero humano, data de cerca d 4 milhões de anos. O "Homo Halis",
considerado o primeiro espécime pré-humano a utilizar rudimentares
ferramentas de pedras, viveu há cerca de 2 milhões de anos. O "Honro
Erectus", um pouco mais evoluído, viveu há cerca de l milhão e 500 mil
anos. O "Honro Sapiens", já corri razoável grau de inteligência, viveu há
Cerca de 250 mil anos. Finalmente o "Honro Sapiens Sapiens", que
possuía a mesma anatomia do homem atual, data de, apenas, 50 mil
anos.

A Ciência atual estima que o Homem primitivo deve ter surgido em algum
ponto da escala evolutiva situado entre o "Honro Erectus" e o "Honro
Sapiens". Obviamente, as datas e as classificações aqui mencionadas não
podem ser tomadas com rigor absoluto, embora possuam certo consenso
cientifico. Este é um campo no qual tanto a Ciência como a Doutrina
Espírita ainda tem muita a revelar.

Deve ser ressaltado que, em princípio, a Teoria da Evolução das Espécies,


proposta por Darwin, se harmoniza perfeitamente com o que prega a
Doutrina Espírita. O conhecimento da cronologia da criação do Universo e
da evolução da vida nos permite um entendimento maior sobre o caminho
evolutivo percorrido pelo espírito, magistralmente sintetizado por Léon
Denis: a Alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e
acorda no Homem. A espécie humana, portanto, continua em constante
evolução em todos os sentidos: físico, moral e espiritual.

Como vemos, apesar do progresso cientifico, as questões e as incertezas


ainda são muitas, mas a Ciência continua a avançar de forma inexorável.
E não há duvidas, como afirma Djalma Motta Argollo, que o próximo
milênio presenciará o encontro do cientista com a realidade do Espírito e,
conseqüentemente, com a Divindade

Mediunidade no
tempo de Jesus
Paulo da Silva Neto Sobrinho

“Se alguém julga ser profeta ou inspirado pelo Espírito, reconheça um


mandamento do Senhor nas coisas que estou escrevendo para vocês”
(PAULO, aos coríntios).

Introdução

A mediunidade é uma faculdade humana que consiste na sintonia


espiritual entre dois seres. Normalmente, a usamos para designar a
influência de um Espírito desencarnado sobre um encarnado, entretanto,
julgamos que, acima de tudo, por se tratar de uma aquisição do Espírito
imortal, pouco importa a situação em que se encontram esses dois seres,
para que se processe a ligação espiritual entre eles.

É comum que ataques ao Espiritismo ocorram por conta desse “dom”,


como se ele viesse a acontecer exclusivamente em nosso meio. Ledo
engano, pois, conforme já o dissemos, é uma faculdade humana, e assim
sendo, todos a possuem, variando apenas quanto ao seu grau.
Os detratores querem, por todos os meios, fazer com que as pessoas
acreditem que isso é coisa nova, mas podemos provar que a mediunidade
não é coisa nova e que até mesmo Jesus dela pode nos dar notícias. É o
que veremos a seguir.

A mediunidade e Jesus

Quando Jesus recomenda a seus doze discípulos a divulgação de que o


“reino do Céu está próximo” fica evidenciado, aos que estudaram ou
vivenciam esse fenômeno, que o Mestre estava falando mesmo era da
faculdade mediúnica. Entretanto, por conta dos tradutores ou dos
teólogos, essa realidade ficou comprometida no texto bíblico. Entretanto,
como é impossível “tapar o sol com uma peneira”, podemos perfeitamente
identificá-la, apesar de todo o esforço para escondê-la.

O evangelista Mateus narra o seguinte:

“Eis que eu envio vocês como ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam
prudentes como as serpentes e simples como as pombas. Tenham
cuidado com os homens, porque eles entregarão vocês aos tribunais e
açoitarão vocês nas sinagogas deles. Vocês vão ser levados diante de
governadores e reis, por minha causa, a fim de serem testemunhas para
eles e para as nações. Quando entregarem vocês, não fiquem
preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa
hora, será sugerido a vocês o que vocês devem dizer. Com efeito, não
serão vocês que irão falar, e sim o Espírito do Pai de vocês é quem falará
através de vocês”. (10,16-20).

A primeira observação que faremos é que por ter tentado a Eva, dizem
que a serpente seria o próprio satanás, entretanto, isso fica estranho,
porquanto o próprio Jesus nos recomenda sermos prudentes como as
serpentes. Esse fato demonstra que tal associação é apenas fruto do
dogmatismo que só produz o fanatismo religioso.

Essa fala de Jesus é inequívoca quanto ao fenômeno mediúnico: “não


fiquem preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar,
porque, nessa hora, será sugerido a vocês”, e arremata: “Com
efeito, não serão vocês que irão falar, e sim o Espírito do Pai de
vocês é quem falará através de vocês”. A tentativa de esconder o
fenômeno fica por conta da expressão “o Espírito do Pai”, quando a
realidade é “um Espírito do Pai” a mudança do artigo indefinido para o
artigo definido tem como objetivo principal desvirtuar a fenomenologia em
primeiro plano e em segundo, mais um ajuste de texto bíblico para apoiar
a trindade divina copiada dos povos pagãos.

O filósofo e teólogo Carlos Torres Pastorino abordando a questão da


mudança do artigo, diz:
“...Novamente sem artigo. Repisamos: a língua grega não possuía artigos
indefinidos. Quando a palavra era determinada, empregava-se o artigo
definido ‘ho, he, to’. Quando era indeterminada (caso em que nós
empregamos o artigo indefinido), o grego deixava a palavra sem artigo.
Então quando não aparece em grego o artigo, temos que colocar, em
português, o artigo indefinido: UM espírito santo, e nunca traduzir com o
definido: O espírito santo”. (Sabedoria do Evangelho, volume 1, pág 43).

Se sustentarmos a expressão “o Espírito do Pai” teremos forçosamente


que admitir que o próprio Deus venha a se manifestar num ser humano.
Pensamento absurdo como esse só pode ser pela falta de compreensão da
grandeza de Deus. Dizem os cientistas que no cosmo há 100 bilhões de
galáxias, cada uma delas com cerca de 100 bilhões de estrelas, fazendo
do Universo uma coisa fora do alcance de nossa limitada imaginação,
mas, mesmo que a custa de um grande esforço, vamos imaginar tamanha
grandeza. Bom, façamos agora a pergunta: o que criou tudo isso? Diante
disso, admitir que esse ser possa estar pessoalmente inspirando uma
pessoa é fora de proposto, coisa aceitável a de povos primitivos, cujos
conhecimentos não lhes permitem ir mais longe, por restrição imposta
pelo seu hábitat.

A mediunidade no apostolado

Um fato, que reputamos como de inquestionável ocorrência da


mediunidade, aconteceu logo depois da morte de Jesus, quando os
discípulos reunidos receberam “como que línguas de fogo” e começaram a
falar em línguas, de tal sorte que, apesar da heterogeneidade do povo que
os ouvia, cada um entendia o que falavam em sua própria língua. Fato
extraordinário registrado no livro Atos dos Apóstolos, desta forma:

“Quando chegou o dia de Pentecostes, todos eles estavam reunidos no


mesmo lugar. De repente, veio do céu um barulho como o sopro de um
forte vendaval, e encheu a casa onde eles se encontravam. Apareceram
então umas como línguas de fogo, que se espalharam e foram pousar
sobre cada um deles. Todos ficaram repletos do Espírito Santo, e
começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia
que falassem. Acontece que em Jerusalém moravam judeus devotos de
todas as nações do mundo. Quando ouviram o barulho, todos se reuniram
e ficaram confusos, pois cada um ouvia, na sua própria língua, os
discípulos falarem”. (Atos 2, 1-6).

Aqui podemos identificar o fenômeno mediúnico conhecido como


xenoglossia, que na definição do Aurélio é: A fala espontânea em língua(s)
que não fora(m) previamente aprendida(s). Mas, como da vez anterior,
tentam mudar o sentido, para isso alteram o artigo indefinido para o
definido, quando a realidade seria exatamente que estavam “repletos de
um Espírito santo (bom)”.
Fato semelhante aconteceu, um pouco mais tarde, nomeado como o
Pentecostes dos pagãos:

“Pedro ainda estava falando, quando o Espírito Santo desceu sobre todos
os que ouviam a Palavra. Os fiéis de origem judaica, que tinham ido com
Pedro, ficaram admirados de que o dom do Espírito Santo também fosse
derramado sobre os pagãos. De fato, eles os ouviam falar em línguas
estranhas e louvar a grandeza de Deus...” (At 10, 44-46).

Episódio que confirma que “Deus não faz acepção de pessoas” (At 10,34),
daí podermos estender à mediunidade como uma faculdade exclusiva a
um determinado grupo religioso, mas existindo em todos segmentos em
suas expressões de religiosidade.

A mediunidade como era “transmitida”

A bem da verdade não há como ninguém transmitir a mediunidade para


outra pessoa, entretanto, pelos relatos bíblicos, a imposição das mãos
fazia com que houvesse sua eclosão, óbvio que naqueles que a possuíam
em estado latente. Vejamos algumas situações em que isso ocorreu.

Em Atos 8, 17-18:

“Então Pedro e João impuseram as mãos sobre os samaritanos, e eles


receberam o Espírito Santo. Simão viu que o Espírito Santo era
comunicado através da imposição das mãos. Dêem para mim também
esse poder, a fim de que receba o Espírito todo aquele sobre o qual eu
impuser as mãos”.

Simão era um mago que, com suas artes mágicas, deixava o povo da
região de Samaria maravilhado. Mas, ao ver o “poder” de Pedro e João,
ficou impressionado com o que fizeram, daí lhes oferece dinheiro a fim de
que dessem a ele esse poder, para que sobre todos os que ele impusesse
as mãos, também recebessem o Espírito Santo.

Em Atos 19, 1-7:

“Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo atravessou as regiões mais


altas e chegou a Éfeso. Encontrou aí alguns discípulos, e perguntou-lhes:
‘Quando vocês abraçaram a fé receberam o Espírito Santo?’ Eles
responderam: ‘Nós nem sequer ouvimos falar que existe um Espírito
Santo’. Paulo perguntou: ‘Que batismo vocês receberam?’ Eles
responderam: ‘O batismo de João’. Então Paulo explicou: ‘João batizava
como sinal de arrependimento e pedia que o povo acreditasse naquele
que devia vir depois dele, isto é, em Jesus’. Ao ouvir isso, eles se fizeram
batizar em nome do Senhor Jesus. Logo que Paulo lhes impôs as mãos, o
Espírito Santo desceu sobre eles, e começaram a falar em línguas e a
profetizar. Eram, ao todo, doze homens”.
Será que podemos entender que o batismo de Jesus é “receber o Espírito
Santo”, conseguido pela imposição das mãos? A narrativa nos leva a
aceitar essa hipótese, apenas mantemos a ressalva feita anteriormente
quanto à expressão “o Espírito Santo”.

A mediunidade como os dons do Espírito

Na estrada de Damasco, Paulo, que até então perseguia os cristãos, numa


ocorrência transcendente, se encontra com Jesus, passando, a partir daí,
a segui-lo. Durante o seu apostolado se comunicava diretamente com o
Espírito de Jesus, demonstrando sua incontestável mediunidade.

Aliás, o apóstolo Paulo foi quem mais entendeu do fenômeno mediúnico,


tanto que existem recomendações preciosas de sua parte aos
agrupamentos cristãos de então. Ele o chamava de “dons do Espírito”.
“Sobre os dons do Espírito, irmãos, não quero que vocês fiquem na
ignorância” (1Cor 12,1), mostrando-se interessado em que todos
pudessem conhecer tais fenômenos.

E esclarece o apóstolo dos gentios:

“Existem dons diferentes, mas o Espírito é o mesmo; diferentes serviços,


mas o Senhor é o mesmo; diferentes modos de agir, mas é o mesmo
Deus que realiza tudo em todos. Cada um recebe o dom de manifestar o
Espírito para a utilidade de todos. A um, o Espírito dá a palavra de
sabedoria; a outro, a palavra de ciência segundo o mesmo Espírito; a
outro, o mesmo Espírito dá a fé; a outro ainda, o único e mesmo Espírito
concede o dom das curas; a outro, o poder de fazer milagres; a outro, a
profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, o dom de falar
em línguas; a outro ainda, o dom de as interpretar. Mas é o único e
mesmo Espírito quem realiza tudo isso, distribuindo os seus dons a cada
um, conforme ele quer”. (1 Cor 12,4-11).

Novamente, mudando-se “o Espírito” para “um Espírito”, estaremos diante


da faculdade mediúnica, basta “ter olhos de ver”.

Ao que parece, naquela época, os médiuns se preocupavam mais com a


xenoglossia Paulo para desfazer esse engano novamente faz outras
recomendações aos coríntios (1Cor 14,1-25). Disse ele:

“...aspirem aos dons do Espírito, principalmente à profecia. Pois aquele


que fala em línguas não fala aos homens, mas a Deus. Ninguém o
entende, pois ele, em espírito, diz coisas incompreensíveis. Mas aquele
que profetiza fala aos homens: edifica, exorta, consola. Aquele que fala
em línguas edifica a si mesmo, ao passo que aquele que profetiza edifica
a assembléia. Eu desejo que vocês todos falem em línguas, mas prefiro
que profetizem. Aquele que profetiza é maior do que aquele que fala em
línguas, a menos que este mesmo as interprete, para que a assembléia
seja edificada...”.

Conclusão

Como apregoa a Doutrina Espírita o fenômeno mediúnico nada mais é que


uma ocorrência de ordem natural. Podemos identificá-lo desde os mais
remotos tempos da humanidade, e não poderia ser diferente, pois, em se
tratando de uma manifestação de uma faculdade humana, deverá ser
mesmo tão velha quanto a permanência do homem aqui na Terra.

Mas, infelizmente, a intolerância religiosa, a ignorância e, por vezes, a


má-vontade, não permitiu que fosse divulgada da forma correta, ficando
mais por conta de uma ocorrência sobrenatural, que só acontecia a uns
poucos privilegiados. Coube ao Espiritismo a desmistificação desse
fenômeno, bem como a sua explicação racional. Kardec nos deixou um
legado importantíssimo para todos que possam se interessar pelo assunto,
quando lança O Livro dos Médiuns, que recomendamos aos que buscam o
conhecimento dessa fenomenologia, ainda muito incompreendida em
nossos dias.

O verdadeiro espírita
Jamil Salomão

“O espírita é reconhecido pelo esforço que faz para sua transformação


moral e para vencer suas tendências para o mal.” – Allan Kardec

O verdadeiro espírita é aquele que aceita os princípios básicos da Doutrina


Espírita. Quando se pergunta ao praticante: Você é espírita? Comumente
ele responde: “Estou tentando”. Na verdade, a resposta deveria ser sem
hesitação: Sou espírita!!! Quanto ao fato de ser perfeito ou qualquer
qualificação moral é outro assunto, que não exime o profitente de ser
incisivo na sua resposta. Nesse ponto, o praticante não tem que hesitar na
sua definição, porquanto Allan Kardec foi claro no seu esclarecimento ao
afirmar que se reconhece o espírita pelo seu esforço, pela sua
transformação, e não pelas suas virtudes ou pretensas qualidades, raras
nos habitantes deste Planeta.

O que acontece com freqüência, seja iniciante ou mesmo com os mais


antigos, é que, será mais cômodo não assumir uma postura mais
responsável ou permanecer com um pé na canoa e outro na terra.
Admite-se até, em determinadas ocasiões que se queira dar uma
demonstração de modéstia, mas, que não se justifica sob o ponto de vista
de definição pessoal.
A propósito, lembro-me de ter ouvido em uma emissora de rádio da
Capital um pronunciamento de um padre católico, ao referir-se aos
católicos, que freqüentam os Centros Espíritas para os habituais Passes e
a “aguinha fluidificada” e passam a vida sem ter a mínima noção do que
representa o Passe e a água. Para esses meio-cá-meio-lá, o mencionado
reverendo denominou-se de “catóritas”. Engraçado, não!?

Como chamar os espíritas que se dedicam aos trabalhos nos Centros


Espíritas, mas que continuam batizando os filhos, sob o pretexto de que
quando maiores escolherão sua própria religião, casam os filhos na Igreja
com as pompas e as cerimônias habituais, fazem a Primeira Comunhão
com as tradições da Igreja Católica, etc?

Quando os Centros Espíritas se organizarem verdadeiramente,


proporcionando aos seus freqüentadores, além do Passe e da Água
Fluidificada, a orientação doutrinária, para maior compreensão dos
princípios básicos que devem nortear o aprendiz e os trabalhadores na
Seara Espírita, certamente, o verdadeiro espírita terá uma nova postura
na sociedade, mais convincente, porque passará a distinguir o que é ser
espírita, segundo a analogia explicitada por Allan Kardec nas obras básicas
organizadas pelo codificador sob a orientação dos Benfeitores Espirituais.

“Solidários, seremos união. Separados uns dos outros seremos pontos de


vista. Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos.” – Bezerra
de Menezes

Que é Deus ?
Paulo Roberto Martins

O professor Rivail, já utilizando desde então o codinome "Allan Kardec",


abre o capítulo primeiro, do livro primeiro da codificação da Doutrina
(Ensinamentos) dos Espíritos, com a pergunta título deste artigo.

Kardec já tomava por base que para iniciar e ter total empenho nas suas
pesquisas espíritas, nunca seria demais a máxima frieza e o sistemático
controle das paixões evitando descambar-se para a religiosidade muito
forte da época, para a curiosidade pueril, para a sede do sobrenatural ou
quaisquer manifestações deste gênero. Tanta convicção tinha neste
comportamento que mais adiante advertiria os seus seguidores: "O
Espiritismo será científico ou não subsistirá".

Recebeu dos Espíritos que "assinam" os prolegômenos de "O livro dos


Espíritos" a resposta mais próxima da verdade científica até hoje já
concebida: - Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as
coisas.
A lei básica que rege o Universo (todas as coisas) é a lei de Causa e Efeito
ou Ação e Reação, como é conhecida no meio científico. Para um efeito
inteligente sempre haverá uma causa inteligente correspondente.

Para que possamos chegar próximos a entender o que é Deus, devemos


fazer um esforço para idealizarmos mais ou menos o que seria o Universo,
começando portanto pela tomada de consciência do espaço tridimensional
(comprimento, largura e altura) que ocupamos no mesmo, passando daí
para a percepção do espaço da nossa residência, bairro, cidade, estado,
país, continente e planeta Terra com seus 40.000 quilômetros de extensão
na circunferência. A Terra faz parte de um sistema solar que possui
apenas 9 planetas com 57 satélites no total de 68 corpos celestes. A
"grosso modo" em relação a outros astros do sistema solar, a Terra possui
um volume 49 vezes maior que o da lua e 1.300.000 vezes menor que o
do sol. É preciso que tenhamos noção de sua pouca importância diante do
restante do Universo.

Nosso sistema solar faz parte de uma pequena galáxia conhecida por Via
Láctea, um aglomerado de cerca de 100 bilhões de estrelas, com pelo
menos cem milhões de planetas e conforme os astrônomos, no mínimo
cem mil com vida inteligente e mil com civilizações mais evoluídas que a
nossa.

As últimas observações do telescópio Hubble (em órbita), elevaram o


número de galáxias conhecidas para 50 milhões. Em 1991, em Greenwich,
na Inglaterra, o observatório localizou um quasar (possível ninho de
galáxias) com a luminosidade correspondente a 1 quatrilhão de sóis.

Diante destes números pensaríamos haver chegado na idéia do que é o


Universo; ledo engano, pois estas áreas, ou melhor, volumes,
representariam apenas 3% do que seria a totalidade de tudo dentro do
tridimensional e espaço / tempo como conhecemos. Os espaços
interplanetários, interestrelares e intergalácticos, obviamente, formariam
a maior parte daquilo que chamamos de Universo.

Os fenômenos de aporte (transporte de matéria através de outras


dimensões) tão conhecidos dos pesquisadores da paranormalidade e a
anti-matéria já produzida em laboratórios experimentais mais
desenvolvidos através do planeta, nos dão a confirmação dos estudos de
pesquisadores da capacidade de um Friedrich Zöllner, que no século
passado , comprova a existência da quarta dimensão e conseqüentemente
outros tantos Universos, quantas tantas dimensões for possível
conhecermos.

A teoria mais moderna da criação do Universo, nos remete não apenas


para o Bigbang (a grande explosão) início de tudo, mas, para a idéia de
vários bigbangs, com Universos cíclicos através de quatrilhões ou mais de
anos.
E aí? Será que conseguimos chegar perto da idéia da concepção e
tamanho da obra de Deus, para tentar entendê-lo?

Não seria no mínimo estranho que após esta monumental obra


inteligente, Deus colocasse em um planeta que representa um ínfimo grão
de areia em uma cadeia de montanhas como o Himalaia, sua grande
criação, o homem, feito sua imagem e semelhança?

Nosso grande irmão e amigo Jesus, há 2000 anos, já passava em forma


de contos e parábolas vários conhecimentos intelectuais e morais que
possuía devido ao seu grande estado evolutivo, quando em missão entre
nós, confiada pelo Criador afirmou: "Na casa de meu pai existem muitas
moradas".

Para concluirmos esta nossa pequena intenção de lançarmos nossos


confrades na especulação ao entendimento do que seria Deus, iremos nos
valer da "coleção de livros" chamada Bíblia, que no entender do grande
intelectual e eminente espírita Dr. Carlos Imbassahy, é um livro como
outro qualquer, em que nos seus textos contém tudo que a gente queira
para justificar, a favor ou contra qualquer coisa.

No Antigo Testamento, Livro Gênesis, Capítulo 1 (Criação do homem),


versículo 26 temos: "e (por fim) disse: Façamos o homem à nossa
imagem e semelhança (sic...)".

Se tomarmos como verdadeira a hipótese de que a Bíblia é a palavra de


Deus, qual seria a imagem correta do nosso Criador? Um homem ou
mulher? Velho, ariano de barbas longas ou de cor negra, e magro como os
etíopes (teoricamente os primeiros hominídeos) ?

Não seria melhor tentarmos entender uma concepção mesmo que não a
conheçamos bem? Como por exemplo: o que sabemos a respeito do que
somos (espírito)? Qual a imagem fiel que temos do mesmo? Ninguém
sabe, ou melhor, conhecemos bem o corpo material, e relativamente o
periespiritual, mas não o espírito. Conforme Allan Kardec, o espírito é
alguma coisa formado por uma substância, mas cuja matéria, que afeta
nossos sentidos, ele não nos pode dar uma idéia.

Pode-se compará-lo a uma chama ou centelha cujo clarão varia de acordo


com o grau de sua depuração. Sendo assim, pois, teríamos o
entendimento melhor de nossa imagem de acordo com a de Deus.

No tocante a semelhança é mais fácil a sua comparação quando


procuramos compreender a eternidade, já que a palavra pressupõe algo
que não tem início nem fim, como Deus; que é infinito, único, perfeito e
todo-poderoso. Já ao passo que nós somos algo como semi-eternos;
tivemos um começo criado por Ele e evoluímos na Sua direção conforme o
Seu desejo.
A Doutrina do Bom-
Senso
Bernardino da Silva Moreira

A Filosofia Espírita prima sempre pelo equilíbrio, e não pelos extremismos


alienantes da rebeldia arrogante, que insulta e violenta a todos com o
disparatar do verbalismo inflamado, a incendiar com a discórdia o campo
da paz.

O Movimento Espírita Brasileiro está sendo agitado, por abusos cometidos


pelos pseudo-sábios espíritas, que disseminam absurdos à mancheias. Os
fluidistas são estudiosos da obra de Roustaing e os laicistas adversários
dos roustainguistas.

Lamentavelmente com esse bate-boca, Kardec é colocado em segundo


plano, ou, o que é pior, esquecido.

Fazer do espiritismo meio de dissensão é, sem dúvida nenhuma, um


absurdo dos mais grosseiros. Allan Kardec, o mestre por excelência,
mostrou que a educação espírita se faz de forma integral com Jesus, aliás,
esse é o pensamento que dá base a toda Doutrina Espírita. Então por que
toda essa algaravia em torno de Jesus?

A religião Espírita é natural, está na Natureza, porque é aonde


encontramos as leis de Deus, que também está em nossa consciência.
Não vai levar a nada os formalismos farasaístas, e nem a indiferença
daqueles que propagam um Espiritismo sem Jesus.

Na introdução de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, Kardec em suas


primeiras palavras, declara com sabedoria:

“Podem dividir-se em cinco partes as matérias nos Evangelhos: os atos


comuns da vida do Cristo; os milagres; as predições; as palavras que
foram tomadas pela Igreja para fundamento de seus dogmas; e o ENSINO
MORAL. As quatro primeiras têm sido objeto de CONTROVÉRSIAS: a
última porém, conservou-se constantemente INATACÁVEL. Diante desse
código divino, a própria incredulidade se curva. É terreno onde todos os
cultos podem reunir-se, estandarte sobre o qual podem todos colocar-se,
quaisquer que sejam suas crenças, porquanto jamais constituiu MATÉRIA
DAS DISPUTAS RELIGIOSAS, que sempre e por toda parte se originam
das questões dogmáticas. Aliás, se discutissem, nele teriam as seitas
encontrado a sua própria CONDENAÇÃO, visto que, na MAIORIA, elas se
agarram mais à parte MÍSTICA do que à parte MORAL, QUE EXIGE DE
CADA UM A REFORMA DE SI MESMO.”

Sublinhamos algumas palavras que, é bem possível, tenham passado


despercebidas daqueles que pretendem, fazer da Doutrina Espírita, um
angu de caroço.

Nem oito, nem oitenta, o Espiritismo deve ser o fiel da balança das leis
morais e deixar as carolices ou impertinências dos ideólogos quixotescos
que pensam revolucionar o mundo, no disparatar acidulante da
verborragia desvairada no matraquear desnecessário dos propagadores da
discórdia.

Vamos botar a mão na consciência e lembrar que as leis de Deus, estão


escritas em nossa consciência e não esquecer, que Jesus continua senso
“o tipo mais perfeito” que ele é para toda humanidade, o guia e modelo
que todos devemos seguir.

E para encerrar:

“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos


esforços que emprega para domar suas inclinações más.”

Comunicação com os
mortos na Bíblia
Introdução

Dentre vários outros, a comunicação com os chamados mortos é um dos


princípios básicos do Espiritismo, inclusive podemos dizer que é um dos
fundamentais, pois foi de onde surgiu todo o seu arcabouço doutrinário.

Na conclusão de O Livro dos Espíritos, Kardec argumenta que:

“Esses fenômenos ... não são mais sobrenaturais que todos os fenômenos
aos quais a Ciência hoje dá a solução, e que pareceram maravilhosos
numa outra época. Todos os fenômenos espíritas, sem exceção, são a
conseqüência de leis gerais e nos revelam um dos poderes da Natureza,
poder desconhecido, ou dizendo melhor, incompreendido até aqui, mas
que a observação demonstra estar na ordem das coisas”. (p. 401).

Essa abordagem de Kardec é necessária, pois apesar de muitos


considerarem tais fenômenos como sobrenaturais, enquanto que inúmeros
outros os quererem como fenômenos de ordem religiosa, as duas teses
são incorretas. A origem deles é espontânea e natural e ocorrem conforme
as leis Naturais que regem não só o contato entre o mundo material e o
espiritual, mas toda a complexa interação que mantém o equilíbrio
universal. Por isso não precisaríamos relacioná-los, nem mesmo buscar
comprovação de sua realidade, entre as narrativas bíblicas.

A Bíblia, apesar de merecer de todos nós o devido respeito, por ser um


livro considerado sagrado por várias correntes religiosas, não é, nunca foi
e jamais será um livro que contém todas as leis que regem o Universo,
nem tão pouco o que acontece em função das leis naturais, portanto,
divinas, já desvendadas pelo homem.

A Ciência vem, ao longo dos tempos, demonstrando a impossibilidade de


serem verdadeiros certos fatos narrados pelos autores da Bíblia, como
também, trazendo outros que nem supunham existir. A Terra como o
centro do Universo, Adão e Eva como o primeiro casal humano, entre
inúmeros outros pontos da Bíblia, que não poderão ser mais considerados
como verdades, uma vez que a Ciência provou o contrário. A fertilização
in vitro, a ida do homem ao espaço, a clonagem, o transplante de órgãos,
esse computador com o qual estamos escrevendo, como milhares de
outras maravilhas descobertas pela Ciência não se encontram
profetizadas, em uma linha sequer, nas Escrituras Sagradas.

Apesar disso tudo, estaremos desenvolvendo esse estudo com a finalidade


de constatar que a comunicação dos mortos está na Bíblia, não por nós,
mas por aqueles que insistem em relacionar esses fenômenos como de
cunho religioso e que, para serem verdadeiros, teriam que constar na
Bíblia.

Passagens bíblicas para comprovação

A primeira coisa que teremos que buscar para apoio é algo que venha nos
dar uma certeza da sobrevivência do espírito, pois ela é a peça
fundamental nas comunicações. Leiamos:

• Quanto a você [Abraão], irá reunir-se em paz com seus


antepassados e será sepultado após uma velhice feliz. (Gn 15,15).

• Quando Jacó acabou de dar instruções aos filhos, recolheu os pés na


cama, expirou e se reuniu com seus antepassados. (Gn 49,33).

• Eu digo a vocês: muitos virão do Oriente e do Ocidente, e se


sentarão à mesa no Reino do Céu junto com Abraão, Isaac e
Jacó. (Mt 8,11).

• E, quanto à ressurreição, será que não leram o que Deus disse a


vocês: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de
Jacó”? Ora, ele não é Deus dos mortos, mas dos vivos. (Mt
22,31-32).

Podemos concluir dessas passagens que há no homem algo que sobrevive


à morte física. Não haveria sentido algum dizer que uma pessoa, após a
morte, irá se reunir com seus antepassados, se não se acreditasse na
sobrevivência do espírito. Além disso, para que ocorra a possibilidade de
alguém poder “sentar à mesa no Reino do Céu junto com Abraão, Isaac e
Jacó” teria que ser porque esses patriarcas estão tão vivos quanto nós. A
não ser que Jesus tenha nos enganado quando disse, em se referindo a
esses três personagens, que Deus é Deus de vivos.

Os relatos bíblicos nos dão conta que o intercâmbio com os mortos eram
fatos corriqueiros na vida dos hebreus. Por outro lado, quase todos os
povos, com quem mantiveram contato, tinham práticas relacionadas à
evocação dos espíritos para fins de adivinhação, denominada
necromancia. O Dicionário Bíblico Universal nos dá a seguinte explicação
sobre ela:

Meio de adivinhação interrogando um morto. Babilônios, egípcios, gregos


a praticavam. Heliodoro, autor grego do III ou do século IV d.C., relata
uma cena semelhante àquela descrita em 1Sm (Etíope 6,14). O
Deuteronômio atribui aos habitantes da Palestina “a interrogação dos
espíritos ou a evocação dos mortos” (18,11). Os israelitas também se
entregaram a essas práticas, mas logo são condenadas, particularmente
por Saul (1Sm 28,3B). Mas, forçado pela necessidade, o rei manda evocar
a sombra de Samuel (28, 7-25): patético, o relato constitui uma das mais
impressionantes páginas da Bíblia. Mais tarde, Isaías atesta uma prática
bastante difundida (Is 8,19): parece que ele ouviu “uma voz como a de
um fantasma que vem da terra” (29,4). Manasses favoreceu a prática da
necromancia (2Rs 21,6), mas Josias a eliminou quando fez sua reforma
(2Rs 23,24). Então o Deuteronômio considera a necromancia e as outras
práticas divinatórias como “abominação” diante de Deus, e como o motivo
da destruição das nações, efetuada pelo Senhor em favor de Israel
(18,12). O Levítico considera a necromancia como ocasião de impureza e
condena os necromantes à morte por apedrejamento (19,31; 20,27).
(Pág. 556).

Iremos ver, no decorrer desse estudo, algumas dessas passagens, mas,


por hora, apenas destacaremos:

• Não se dirijam aos necromantes, nem consultem adivinhos,


porque eles tornariam vocês impuros. Eu sou Javé, o Deus de
vocês. (Lv 19,31).

• Quem recorrer aos necromantes e adivinhos, para se prostituir


com eles, eu me voltarei contra esse homem e o eliminarei do seu
povo. (Lv 20,6).
• Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der, não
apreenderás a fazer conforme as abominações daqueles povos. Não
se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua
filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem
feiticeiro; nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem
quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal cousa é
abominação ao Senhor; e por tais abominações o Senhor teu Deus
os lança de diante de ti. Perfeito serás para com o Senhor teu Deus.
Porque estas nações, que hás de possuir, ouvem os
prognosticadores e os adivinhadores; porém a ti o Senhor teu Deus
não permitiu tal cousa. (Dt 18,9-14).

As três passagens acima dizem respeito à adivinhação e à necromancia –


que é um tipo de adivinhação, conforme explicação, já citada, do
dicionário –, devemos observar que elas se encontram entre as
proibições. A preocupação central era proibir qualquer tipo de coisa
relacionada à adivinhação, não importando por qual meio fosse realizada,
como fica claro pela última passagem onde se diz “... estas nações, ....
ouvem os prognosticadores e os adivinhadores...”, reunindo assim todas
as práticas a essas duas.

Por outro lado, a grande questão a ser levantada é: os mortos atendiam


às evocações ou não? Se não, por que da proibição? Seria ilógico proibir
algo que não acontece. Teremos que tentar encontrar as razões de tal
proibição. Duas podemos destacar. A primeira é que consideravam deuses
os espíritos dos mortos, mais à frente iremos ver sobre isso, quando
falarmos de 1Sm 28. Levando-se em conta que era necessário manter, a
todo custo, a idéia de um Deus único, Moisés, sabiamente, institui a
proibição de qualquer evento que viesse a prejudicar essa unicidade
divina. As consultas deveriam ser dirigidas somente a Deus, daí, por
forças das circunstâncias, precisou proibir todas as outras. A segunda
estaria relacionada ao motivo pelo qual iam consultar-se aos mortos.
Normalmente, eram para coisas relacionadas ao futuro, como no caso de
Saul que iremos ver logo à frente, ou para situações até ridículas, quando,
por exemplo, do desaparecimento das jumentas de Cis, em que Saul, seu
filho, procura um vidente, para que ele dissesse onde poderiam encontrá-
las.

A figura do profeta aparece como sendo a pessoa que tinha poderes para
fazer consultas a Deus, ou receber da divindade as revelações que
deveriam ser transmitidas ao povo. Em razão de querer a exclusividade
das consultas a Deus, por meio dos profetas, é que Moisés disse que:
“Javé seu Deus fará surgir, dentre seus irmãos, um profeta como eu em
seu meio, e vocês ouvirão”. (Dt 18,15). Elucidamos essa questão com o
seguinte passo: “Em Israel, antigamente, quando alguém ia consultar
a Deus, costumava dizer: 'Vamos ao vidente'. Porque, em lugar de
'profeta', como se diz hoje, dizia-se 'vidente'”. (1Sm 9,9). O que é vidente
senão quem tem a faculdade de ver os espíritos? Poderá, em alguns
casos, ver inclusive o futuro, daí a idéia de que poderia prever alguma
coisa, uma profecia, derivando-se daí, então, o nome profeta. Podemos
confirmar o que estamos dizendo aqui nesse parágrafo, pela explicação
dada à passagem Dt 18,9-22:

“Contrapõem-se nitidamente duas formas de profetismo ou de mediação


entre os homens e Deus. O profetismo de tipo cananeu, com suas práticas
para conhecer o futuro, ou vontade dos deuses (v.9-14), visava controlar
a divindade, tornado-a favorável ao homem. Contra isso o Dt estabelece a
mediação do ‘profeta como Moisés’ (v.15-22; cf. Ex 20,18-21), a cuja
palavra, pronunciada em nome de Deus, o israelita deve obedecer”.
(Bíblia Sagrada, Ed. Vozes, pág. 217).

É interessante que, neste momento, venhamos a dizer alguma coisa sobre


profeta. Buscaremos as informações com Dr. Severino Celestino, que nos
diz:

A palavra profeta, em hebraico, significa “Navi”, no plural, “Neviim”.


Apresenta ainda outros significados como “roê” (videntes). Veja I Samuel
9:9: “antigamente em Israel, todos os que iam consultar IAHVÉH
assim diziam: vinde vamos ter com o vidente (roê); porque aquele
que hoje se chama profeta (navi), se chamava outrora vidente
(roê)”.

A palavra vidente, em hebraico, também significa (chozê), pois,


consultando o texto original, encontramos citações que usam o termo
(roê) sendo que outras citam (chozê), como veremos adiante. O vidente
era, portanto, o homem a ser interrogado quando se queria consultar a
Deus ou a um espírito e sua resposta era considerada resposta de Deus.

O termo profeta chegou ao português, derivado do grego (???)


“prophétes” que significa “alguém que fala diante dos outros”. No
hebraico, o significado é bem mais amplo, possui uma raiz acádica que
significa “chamar”, “falar em voz alta”, e interpretam-no como
“orador, anunciador”. (Analisando as Traduções Bíblicas, pp. 259-260).
(Grifos do original).

Dito isso, podemos agora concluir que Moisés não era totalmente contra o
profetismo (mediunismo), apenas era contrário ao uso indevido que
davam a essa faculdade. Podemos, inclusive, vê-lo aprovando a forma
com que dois homens a faziam, conforme a seguinte narrativa em Nm 11,
24-30:

Moisés saiu e disse ao povo as palavras de Iahweh. Em seguida reuniu


setenta anciãos dentre o povo e os colocou ao redor da Tenda. Iahweh
desceu na Nuvem. Falou-lhe e tomou do Espírito que repousava sobre ele
e o colocou nos setenta anciãos. Quando o Espírito repousou sobre eles,
profetizaram; porém, nunca mais o fizeram.
Dois homens haviam permanecido no acampamento: um deles se
chamava Eldad e o outro Medad. O Espírito repousou sobre eles; ainda
que não tivessem vindo à Tenda, estavam entre os inscritos. Puseram-se
a profetizar no acampamento. Um jovem correu e foi anunciar a Moisés:
“Eis que Eldad e Medad”, disse ele, “estão profetizando no
acampamento”. Josué, filho de Nun, que desde a sua infância servia a
Moisés, tomou a palavra e disse: “Moisés, meu senhor, proíbe-os!”
Respondeu-lhe Moisés: “Estás ciumento por minha causa? Oxalá todo o
povo de Iahweh fosse profeta, dando-lhe Iahweh o seu Espírito!” A seguir
Moisés voltou ao acampamento e com ele os anciãos de Israel.

Fica claro, então, que pelo menos duas pessoas faziam dignamente o uso
da faculdade mediúnica (profeta), daí Moisés até desejar que todos
fizessem como eles.

Outro ponto importante que convém ressaltar é a respeito da palavra


Espírito, que aparece inúmeras vezes na Bíblia. Mas afinal o que é
Espírito? Hoje sabemos que os espíritos são as almas dos homens que
foram desligadas do corpo físico, pelo fenômeno da morte. Assim,
podemos perfeitamente aceitar que fora às vezes que atribuem essa
palavra ao próprio Deus, todas as outras estão incluídas nessa categoria.

Tudo, na verdade, não passava de manifestações dos espíritos, que


muitas vezes eram tomados à conta de deuses, devido a ignorância da
época, coisa absurda nos dias de hoje.

Isso fica tão claro que podemos até mesmo encontrar recomendações de
como nos comportar diante deles, para sabermos suas verdadeiras
intenções. Citamos: “Amados, não acrediteis em qualquer espírito, mas
examinai os espíritos para ver se são de Deus,...” (1 Jo 4, 1).

Disso pode-se concluir que era comum, àquela época, o contato com os
espíritos. De fato, já que podemos confirmar isso com o Apóstolo dos
gentios, que recomendou sobre o uso dos “dons” (mediunidade),
conforme podemos ver em sua primeira carta aos Coríntios (cap. 14).
Nela ele procura demonstrar que o dom da profecia é superior ao dom de
falar em línguas (xenoglossia), pois não via nisso nenhuma utilidade
senão quando, juntamente, houvesse alguém com o dom de interpretá-
las.

Ao lado dos espíritos, também vemos inúmeras manifestações do


demônio. Sobre ele, encontramos a seguinte informação, citada pela Dra.
Edith Fiore, sobre o pensamento do historiador hebreu Flávio Josefo: “Os
demônios são os espíritos dos homens perversos” (Possessão Espiritual, p.
29). Com isso as manifestações espirituais se ampliam, pois agora se nos
apresentam os demônios como espíritos de seres humanos
desencarnados, ficando, portanto, provado que a Bíblia está repleta de
fenômenos mediúnicos. Onde há mediunidade haverá, conseqüentemente,
manifestação espiritual, pouco importa a denominação que venha se dar
aos que se apresentam aos encarnados,por essa via.

Vejamos, então, um caso específico relatado sobre uma consulta aos


mortos. Chamamos a sua atenção para o motivo da consulta, que não
poderá passar despercebido, visto o termos citado como uma das causas
da proibição de Moisés. Leiamos:

Samuel tinha morrido. Todo o Israel participara dos funerais, e o


enterraram em Ramá, sua cidade. De outro lado, Saul tinha expulsado do
país os necromantes e adivinhos. Os filisteus se concentraram e
acamparam em Sunam. Saul reuniu todo o Israel e acamparam em
Gelboé. Quando viu o acampamento dos filisteus, Saul teve medo e
começou a tremer. Consultou a Javé, porém Javé não lhe respondeu, nem
por sonhos, nem pela sorte, nem pelos profetas. Então Saul disse a seus
servos: "Procurem uma necromante, para que eu faça uma
consulta". Os servos responderam: "Há uma necromante em Endor".
Saul se disfarçou, vestiu roupa de outro, e à noite, acompanhado de dois
homens, foi encontrar-se com a mulher. Saul disse a ela: "Quero que
você me adivinhe o futuro, evocando os mortos. Faça aparecer a
pessoa que eu lhe disser". A mulher, porém, respondeu: "Você sabe o que
fez Saul, expulsando do país os necromantes e adivinhos. Por que está
armando uma cilada, para eu ser morta?" Então Saul jurou por Javé:
"Pela vida de Javé, nenhum mal vai lhe acontecer por causa disso". A
mulher perguntou: "Quem você quer que eu chame?" Saul respondeu:
"Chame Samuel". Quando a mulher viu Samuel aparecer, deu um
grito e falou para Saul: "Por que você me enganou? Você é Saul!" O rei a
tranqüilizou: "Não tenha medo. O que você está vendo?" A mulher
respondeu: "Vejo um espírito subindo da terra". Saul perguntou: "Qual é
a aparência dele?" A mulher respondeu: "É a de um ancião que sobe,
vestido com um manto". Então Saul compreendeu que era Samuel, e se
prostrou com o rosto por terra. Samuel perguntou a Saul: "Por que
você me chamou, perturbando o meu descanso?" Saul respondeu: "É
que estou em situação desesperadora: os filisteus estão guerreando
contra mim. Deus se afastou de mim e não me responde mais, nem pelos
profetas, nem por sonhos. Por isso, eu vim chamar você, para que
me diga o que devo fazer". Samuel respondeu: "Por que você veio me
consultar, se Javé se afastou de você e se tornou seu inimigo? Javé fez
com você o que já lhe foi anunciado por mim: tirou de você a realeza
e a entregou para Davi. Porque você não obedeceu a Javé e não executou
o ardor da ira dele contra Amalec. É por isso que Javé hoje trata você
desse modo. E Javé vai entregar aos filisteus tanto você, como seu povo
Israel. Amanhã mesmo, você e seus filhos estarão comigo, e o
acampamento de Israel também: Javé o entregará nas mãos dos
filisteus". (1Sm 28,3-19)

Inicialmente, se diz que Saul consultou a Javé, como não obteve resposta,
resolveu então procurar uma necromante para que, pessoalmente ,
pudesse consultar-se com um espírito. Isso foi o que dissemos sobre uma
das razões da proibição de Moisés. Saul diante da necromante foi
taxativo: quero que adivinhe o futuro evocando um morto. Aqui é o
próprio rei que vai consultar-se com um morto, pelo motivo de querer
saber o futuro. Se os mortos nunca tivessem revelado o futuro, estaria o
rei numa situação ridícula dessa?

Mas Saul não desejava consultar-se com qualquer um espírito, queria


especificamente a presença de Samuel. Após a evocação da mulher, o
relato confirma que a necromante viu Samuel-espírito aparecer. Sem
margem a nenhuma dúvida. Quando descreve o que vê o próprio Saul
reconhece ser o profeta Samuel que estava ali. Fato confirmado, pela
indubitável afirmativa de que foi o próprio Samuel quem fez uma pergunta
a Saul. Após a resposta de Saul, novamente, Samuel responde ao que
veio o rei saber.

Algumas Bíblias ao invés de “vejo um espírito subindo da terra” traduzem


por “vejo um deus subindo da Terra”. A frase dessa maneira nos é
explicada:

“A palavra hebraica para significar Deus, também designa os seres supra-


humanos e, como neste caso, o espírito dos mortos. Havia a convicção de
que os espíritos dos mortos estavam encerrados no sheol, e este se
situaria algures por baixo da terra” (Bíblia Sagrada, Ed. Santuário, pág.
392).

Com isso, fica fácil entender por que Saul, após certificar-se de que
Samuel-espírito estava ali, se prostra diante dele (v. 14). Atitude própria
de quem endeusava os espíritos e, conforme já o dissemos anteriormente,
esse foi um dos motivos pelo qual Moisés proibiu a comunicação com os
mortos.

A frase “Javé fez com você o que já lhe foi anunciado por mim” tem
a seguinte tradução em outras Bíblias: “O Senhor fez como tinha
anunciado pela minha boca”, do que podemos concluir que naquele
momento não estava falando pela sua boca, usava a boca da mulher, pela
qual confirmou o que tinha falado a Saul quando vivo, não deixando então
nenhuma dúvida que era mesmo Samuel-espírito quem estava ali.
Estamos dizendo isso, porque com algumas interpretações distorcidas,
bem à moda da casa, querem insinuar que quem se manifestou foi o
demônio. A isso, poderemos, além do que já dissemos, colocar para
corroborar nosso pensamento uma explicação dada a 28,15-19:

O narrador, embora não aprove o proceder de Saul e da mulher (v. 15),


acredita que Samuel de fato apareceu e falou com Saul: isso Deus podia
permitir. Logo, não é preciso pensar em manobra fraudulenta da mulher
ou em intervenção diabólica.... (Bíblia Sagrada, Ed. Vozes, pág. 330).
Por outro lado, ninguém conseguirá provar que em algum lugar da Bíblia
está dizendo que os demônios aparecem no lugar dos espíritos evocados.
Assim, de modo claro e inequívoco, temos essa questão de que não são os
demônios como definitivamente resolvida. Não bastasse isso, a própria
Bíblia confirma o ocorrido quando falando a respeito de Samuel está dito:
“Mesmo depois de sua morte, ele profetizou, predizendo ao rei o seu
fim. Mesmo do sepulcro, ele levantou a voz, numa profecia, para
apagar a injustiça do povo”. (Eclo 46,20). Sabemos que os protestantes
não possuem esse livro, mas como os católicos também afirmam que sua
Bíblia não contém erros, pegamos a deles para a confirmação dessa
ocorrência.

Ao que parece, a consulta aos mortos era fato tão corriqueiro, que, às
vezes, era esperada, conforme podemos ver em Isaías:

“Quando disserem a vocês: ‘Consultem os espíritos e adivinhos, que


sussurram e murmuram fórmulas; por acaso, um povo não deve
consultar seus deuses e consultar os mortos em favor dos vivos?’,
comparem com a instrução e o atestado: se o que disserem não estiver
de acordo com o que aí está, então não haverá aurora para eles”. (Is
8,19-20).

Isaías até sabia o que iriam dizer, realidade da época, com certeza.
Quanto à expressão seus deuses, explicam-nos que equivale a os
espíritos dos antepassados (Bíblia Sagrada, Ed. Ave Maria, pág. 950).
O que vem reforçar a justificativa para a proibição de Moisés, que buscava
fazer o povo hebreu aceitar o Deus único. Interessante que essa
passagem irá nos remeter a uma outra, que fala exatamente dos
antepassados, como uma explicação que nos ajudará a entendê-la.
Vejamo-la:

“Consulte as gerações passadas e observe a experiência de nossos


antepassados. Nós nascemos ontem e não sabemos nada. Nossos dias
são como sombra no chão. Os nossos antepassados, no entanto, vão
instruí-lo e falar a você com palavras tiradas da experiência
deles”. (Jó 8,8-10).

Considerando que à época não se tinha muita coisa escrita, e se tivesse


talvez pouco adiantaria, pois poucos sabiam ler, só poderemos entender
essa passagem como sendo uma consulta direta às gerações passadas. O
que em bom Português significa que isso ocorria através da consulta aos
seus deuses, em outras palavras, aos espíritos dos antepassados, que
pessoalmente viam transmitir suas experiências. É notável que
exatamente isso que está ocorrendo nos dias de hoje com os Espíritos,
que, mesmo sem que tenham sido evocados para serem consultados, vêm
livremente, com a permissão de Deus, é claro, nos passar as suas
experiências pessoais, para que possamos aprender com elas, de modo
que podemos evitar erros já cometidos por ignorância das leis divinas.
Uma coisa nós podemos considerar. Se ocorriam manifestações naquela
época, por que não as aconteceria nos dias de hoje? Veremos agora a
mais notável de todas as manifestações de espíritos que podemos
encontrar na Bíblia, pois ela acontece, nada mais nada mesmos do que,
com o próprio Cristo. Leiamos:

Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, os irmãos Tiago e João, e os
levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E se transfigurou
diante deles: o seu rosto brilhou como o sol, e as suas roupas ficaram
brancas como a luz. Nisso lhes apareceram Moisés e Elias,
conversando com Jesus. Então Pedro tomou a palavra, e disse a Jesus:
"Senhor, é bom ficarmos aqui. Se quiseres, vou fazer aqui três tendas:
uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias." Pedro ainda estava
falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra, e da
nuvem saiu uma voz que dizia: "Este é o meu Filho amado, que muito me
agrada. Escutem o que ele diz." Quando ouviram isso, os discípulos
ficaram muito assustados, e caíram com o rosto por terra. Jesus se
aproximou, tocou neles e disse: "Levantem-se, e não tenham medo." Os
discípulos ergueram os olhos, e não viram mais ninguém, a não ser
somente Jesus. Ao descerem da montanha, Jesus ordenou-lhes: "Não
contem a ninguém essa visão, até que o Filho do Homem tenha
ressuscitado dos mortos".(Mt 17,1-9).

Ocorrência inequívoca de comunicação com os mortos, no caso, os


espíritos Moisés e Elias conversam pessoalmente com Jesus. E aí
afirmamos que se fosse mesmo proibida por Deus, Moisés-espírito não
viria se apresentar a Jesus e seus discípulos, já que foi ele mesmo,
quando vivo, quem informou dessa proibição, e nem Jesus iria infringir
uma lei divina. Portanto, a proibição de Moisés era apenas uma proibição
particular sua ou de sua legislação de época. Os partidários do demônio
ficam sem saída nessa passagem, pois não podem afirmar que foi o
demônio quem apareceu para eles, já que teriam que admitir que Jesus
foi enganado pelo “pai da mentira”.

Podemos ainda ressaltar que, depois desse episódio, Jesus não proibiu a
comunicação com os mortos, só disse aos discípulos para não contassem
a ninguém sobre aquela “sessão espírita”, até que acontecesse a sua
ressurreição. E se ele mesmo disse: “tudo que eu fiz vós podeis fazer e
até mais” (Jo 14,12) os que se comunicam com os mortos estão seguindo
o exemplo de Jesus. Os cegos até poderão ficar contra, mas os de mente
aberta não verão nenhum mal nisso.

Já encontramos pessoas que, querendo fugir do inevitável, afirmaram que


Moisés e Elias não morreram, foram arrebatados. A coisa é tão séria, que,
no afã de se justificarem, desvirtuam a realidade mudando até mesmo
narrativas bíblicas, pois, até onde sabemos, existe a passagem falando da
morte e sepultura de Moisés, o que poderá ser comprovado em Dt 34,5-8.
Quanto a Elias é que se diz ter sido arrebatado. Acredite quem quiser. Mas
o que faremos com o corpo físico na dimensão espiritual? “O espírito é
que dá vida a carne de nada serve” (Jo 6,63), “a carne e o sangue não
podem herdar o reino do céu” (1Cor 15,50). São passagens que
contradizem peremptoriamente um suposto arrebatamento de Elias de
corpo e alma.

Por várias vezes, Jesus apresentou a seus discípulos ensinamentos por


meio de parábolas. Há uma que poderemos citar, pois nela encontramos
algo que irá nos auxiliar no entendimento daquilo que propomos.
Vejamos:

Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino, e dava


banquete todos os dias. E um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas,
que estava caído à porta do rico. Ele queria matar a fome com as sobras
que caíam da mesa do rico. E ainda vinham os cachorros lamber-lhe as
feridas. Aconteceu que o pobre morreu, e os anjos o levaram para junto
de Abraão. Morreu também o rico, e foi enterrado. No inferno, em meio
aos tormentos, o rico levantou os olhos, e viu de longe Abraão, com
Lázaro a seu lado. Então o rico gritou: 'Pai Abraão, tem piedade de mim!
Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque
este fogo me atormenta'. Mas Abraão respondeu: 'Lembre-se, filho: você
recebeu seus bens durante a vida, enquanto Lázaro recebeu males.
Agora, porém, ele encontra consolo aqui, e você é atormentado. Além
disso, há um grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse,
nunca poderia passar daqui para junto de vocês, nem os daí poderiam
atravessar até nós'. O rico insistiu: 'Pai, eu te suplico, manda Lázaro à
casa de meu pai, porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los,
para que não acabem também eles vindo para este lugar de tormento'.
Mas Abraão respondeu: 'Eles têm Moisés e os profetas: que os escutem!'
O rico insistiu: 'Não, pai Abraão! Se um dos mortos for até eles, eles vão
se converter'. Mas Abraão lhe disse: 'Se eles não escutam a Moisés e aos
profetas, mesmo que um dos mortos ressuscite, eles não ficarão
convencidos'. (Lc 16,19-31).

Poderemos tirar várias reflexões dessa parábola, mas nos restringiremos


ao assunto deste estudo. Uma pergunta nos vem à mente: se não
acreditassem na comunicação entre os dois planos, por que então o rico
pede a Abraão para enviar Lázaro para alertar a seus irmãos? Da análise
da resposta de Abraão podemos dizer que há a possibilidade da
comunicação, entretanto, ela é completamente inútil, pois se nem aos
vivos as pessoas deram ouvidos, que dirá aos mortos. Fato incontestável,
que vem acontecendo até nos dias de hoje, já que a grande maioria
prefere ignorar a comunicação dos mortos, que vêm nos alertar para que
transformemos as nossas ações, de modo que beneficiem ao nosso
próximo, a fim de evitar que, depois da morte física, tenhamos que ir para
um lugar de tormentos.
A expressão “mesmo que um dos mortos ressuscite” significa que mesmo
que algum dos mortos ressuscite na sua condição espiritual, para se
comunicar, que eles não se convenceriam. Mas alguém pode objetar
dizendo que esse texto implica na necessidade de uma ressurreição
corpórea para que ocorra esta comunicação. Isto é um subterfúgio, já que
na própria Bíblia encontramos indícios de que o termo ressurreição
também era usado para indicar a influência dos mortos sobre os vivos,
conforme podemos confirmar no seguinte passo: “Alguns diziam: ‘João
Batista ressuscitou dos mortos. É por isso que os poderes agem nesse
homem’”. (Mt 14,2; Mc 6,14).

Quem já teve a oportunidade de ler a Bíblia, pelo menos uma vez,


percebe que ela está recheada de narrativas com aparições de anjos. Na
ocasião da ressurreição de Jesus algumas delas nos dão conta do
aparecimento, junto ao sepulcro, de “anjos vestidos de branco” (Jo
20,12; Mt 28,2), enquanto que outras nos dizem ser “homens vestidos
de branco” (Lc 24,4; Mc 16,5). Demonstrando que anjos, na verdade, são
espíritos humanos de pessoas desencarnadas. Até mesmo os nomes dos
anjos são nomes dados a seres humanos: Gabriel, Rafael, Miguel, etc.
Vejamos se isso é coerente.

Nesse tempo, o rei Herodes começou a perseguir alguns membros da


Igreja, e mandou matar à espada Tiago, irmão de João. Vendo que isso
agradava aos judeus, decidiu prender também Pedro. Eram os dias da
festa dos pães sem fermento. Depois de o prender, colocou-o na prisão e
o confiou à guarda de quatro grupos de quatro soldados cada um.
Herodes tinha a intenção de apresentar Pedro ao povo logo depois da
festa da Páscoa. Pedro estava vigiado na prisão, mas a oração fervorosa
da Igreja subia continuamente até Deus, intercedendo em favor dele.
Herodes estava para apresentar Pedro. Nessa mesma noite, Pedro dormia
entre dois soldados. Estava preso com duas correntes, e os guardas
vigiavam a porta da prisão. De repente, apareceu o anjo do Senhor, e a
cela ficou toda iluminada. O anjo tocou o ombro de Pedro, o acordou, e
lhe disse: "Levante-se depressa." As correntes caíram das mãos de Pedro.
E o anjo continuou: "Aperte o cinto e calce as sandálias." Pedro obedeceu,
e o anjo lhe disse: "Ponha a capa e venha comigo." Pedro acompanhou o
anjo, sem saber se era mesmo realidade o que o anjo estava fazendo,
pois achava que tudo isso era uma visão. Depois de passarem pela
primeira e segunda guarda, chegaram ao portão de ferro que dava para a
cidade. O portão se abriu sozinho. Eles saíram, entraram numa rua, e
logo depois o anjo o deixou. Então Pedro caiu em si e disse: "Agora sei
que o Senhor de fato enviou o seu anjo para me libertar do poder de
Herodes e de tudo o que o povo judeu queria me fazer." Pedro então
refletiu e foi para a casa de Maria, mãe de João, também chamado
Marcos, onde muitos se haviam reunido para rezar. Bateu à porta, e uma
empregada, chamada Rosa, foi abrir. A empregada reconheceu a voz de
Pedro, mas sua alegria foi tanta que, em vez de abrir a porta, entrou
correndo para contar que Pedro estava ali, junto à porta. Os presentes
disseram: "Você está ficando louca!" Mas ela insistia. Eles disseram:
"Então deve ser o seu anjo!" Pedro, entretanto, continuava a bater.
Por fim, eles abriram a porta: era Pedro mesmo. E eles ficaram sem
palavras. (At 12,1-16).

Com a prisão de Pedro, por Herodes, todos já esperavam que aconteceria


com ele o mesmo destino de Tiago, seria morto. Mas um anjo o solta. Ele
se dirige à casa onde os outros estavam reunidos, bate à porta. Rosa, que
atende a porta, reconhece a voz de Pedro, espavorida corre para dentro a
fim de contar aos outros. Entretanto, como supunham que Pedro havia
morrido disseram a ela: “Então deve ser o seu anjo”. Isso vem dizer
exatamente o que estamos querendo concluir, que anjo, na verdade, é um
espírito de um ser humano que morreu, o que não contradiz a narrativa,
antes ao contrário, lhe é extremamente coerente.

Conclusão

Ao que podemos concluir, sem sombra de dúvidas, é que realmente a


comunicação com os mortos está comprovada pela Bíblia, por mais que se
esforcem em querer tirar dela esse fato.

Apenas para reforçar tudo o quanto já dissemos do que encontramos na


Bíblia, poderemos ainda enumerar as pesquisas que estão sendo
realizadas sobre a comunicação dos espíritos por aparelhos eletrônicos: a
Transcomunicação Instrumental – TCI. Buscamos comprovar com isso
que, conforme o dissemos no início, tais ocorrências, são de ordem
natural, dentro, portanto, das leis da natureza, que acontecem até os dias
de hoje e que elas vêm despertando grande interesse por parte de
inúmeros pesquisadores descompromissados com dogmas religiosos.

A pesquisadora Sonia Rinaldi, em seu livro Espírito – O desafio da


Comprovação, traz gravações de vozes paranormais. Muitas possuem a
particularidade de terem sido gravadas também, e simultaneamente, no
lado reverso da gravação normal. Isso vem colocar as coisas num nível
bem próximo da prova científica, pois ainda não existe tecnologia humana
para produzir gravações desse tipo. Resta-nos esperar que cientistas,
menos compromissados com dogmas religiosos, se disponham a realizar
essas pesquisas com o rigor científico, com todo o controle e
instrumentação técnica necessária para se chegar a uma conclusão final e
definitiva.
Integração do Centro
Espírita na
Sociedade
Marcus Alberto De Mario

Rio de Janeiro - RJ

Temos visto Centros Espíritas insistirem em se colocar numa atuação


intra-muros, desvinculados até mesmo da rua em que se localizam,
completamente alheios à comunidade que os envolve. Erro fatal para
divulgação da própria Doutrina Espírita, que dirá para o esclarecimento do
ser humano!

Sendo o Centro Espírita uma estrutura social humana, embora com


ascendente espiritual, insere-se que ele faça parte – e o faz – da
sociedade dos homens. Está, portanto, na dinâmica de relacionamento
dos seres que vivem em coletividade. Se assim não fosse, seu isolamento
o igrejificaria, tornando-o apenas um ponto de convergência religioso que,
historicamente, já sacrificou diversas religiões que transcende o aspecto
meramente religioso, e que ele deve ser entendido como um doutrina, um
conjunto de princípios norteadores da vida. Sua base filosófica é mesmo
sua força, mas que não se perde no labirinto confuso dos sofismas,
porque tem por razão a pesquisa científica. Acreditamos na reencarnação
pela lógica, pelo bom-senso e pelos fatos comprovados. E a religião, que
deve esclarecer o homem quanto à sua origem, destinação e ligação com
Deus, no Espiritismo ganha vida prática, porque entranha-se no dia-a-dia
do cotidiano humano. Só compreendemos a paternidade divina se a
vivenciarmos em nós e para os outros.

O isolamento é sempre um mal que devemos combater. Ninguém se


forma em medicina pelo simples fato de cursar teoria médica na
universidade. E a prática? O mesmo raciocínio devemos aplicar no
Espiritismo. Não basta freqüentar um Centro Espírita para tornar-se
Espírita. É preciso aprender na teoria e vivenciar na prática. Essa
conjugação deve ser propiciada pelo Centro Espírita dentro de sua
organização e também para fora desta.

O Centro Espírita que se isola da sociedade não participando das


problemáticas desta, tende a se distanciar dos interesses da mesma, pois
não estará colocando o Espiritismo ao nível das aspirações humanas.
São de dois tipos a forma de participação na sociedade: interior e exterior.

Comecemos pela forma interior.

A programação de estudo doutrinário do Centro Espírita não pode


obedecer a padrões rígidos, inflexíveis e mesmo cegos, de abordagem das
obras da Codificação. "O Livro dos Espíritos" é dinâmico e contém temas
que se prestam à análise das vicissitudes do homem na Terra. Sua leitura
deve ser feita com duplo interesse: conhecer o Espiritismo e esclarecer o
homem quanto ao uso que faz de sua potencialidade intelectual e moral.
Em outras palavras: o estudo das obras da Codificação deve estar
associado à discussão dos temas cotidianos da vida, para que o
freqüentador do Centro Espírita saiba colocar em prática a doutrina que
aprende. É por isso que Kardec se preocupou em agrupar perguntas e
respostas por temas, e nos coloca tanto diante do "aborto" quanto do
"conhece-te a ti mesmo". Preparar o homem para bem viver na sociedade
é tarefa do núcleo espírita.

Exteriormente temos a ação espírita nos setores da assistência social, do


evangelho no lar, da aplicação domiciliar do passe, da utilização das artes
e mesmo das realizações beneficentes para angariação de fundo
financeiro. Todas essas demonstrações da prática espírita envolvem o
elemento social. São feitas com a participação do homem no seio da
sociedade. Destinam-se a estar com ele no que ele é, onde está e com
suas necessidades imediatas. As atividades externas do Centro Espírita
devem se adequar ao público que irá atingir, o que requer planejamento,
organização e trabalhadores conscientes, o que só poderá ocorrer se estes
forem bem assistidos no interior do Centro Espírita.

Quando visitamos alguém para aplicação do passe ou pequena leitura


evangélica, estamos colocando em prática, vivenciando, o aprendizado
espírita que o Centro nos forneceu. Estamos agindo na sociedade e sendo
porta-voz do Espiritismo através da ação mais contundente que existe: o
próprio exemplo. Nossa conduta, muito além que nossas palavras, dirá da
nossa convicção e retratará a doutrina e a instituição que representa.

O Centro Espírita não é uma igreja parada no tempo. É um lar/escola


dinâmico que visa carinho e afeto, estudo e trabalho, sempre preocupado
em colocar o Espiritismo ao alcance de seus freqüentadores e
respondendo às dúvidas e observações as mais diversas, tendo por base a
codificação kardeciana. Não lhe cabe agir como instrumento político, mas
cabe-lhe fazer a política da educação espiritual das almas que lhe
comungam os ideais.

Temos visto Centros Espíritas insistirem em se colocar numa atuação


intra-muros, desvinculados até mesmo da rua em que se localizam,
completamente alheios à comunidade que os envolve. Erro fatal para
divulgação da própria Doutrina Espírita, que dirá para o esclarecimento do
ser humano!

As reuniões públicas de estudo, como o nome já indica, são feitas para a


população, para todos os interessados, seja qual for o motivo que os levou
ao Centro, pois procuram o Espiritismo e devem ser atendidos.
Entretanto, como pode o público acorrer ao Centro Espírita se não é
informado do que neste acontece?

Uma placa na entrada com os dias e horários das atividades. Uma


recepção com distribuição de mensagens avulsas, jornais e revistas
espíritas, além de prestar todas as informações aos visitantes. Um boletim
informativo que possa ser distribuído gratuitamente. Um cartaz nas
associações de moradores da localidade. Pequenos exemplos de serviços
que podem ser executados para a boa integração do Centro Espírita na
sociedade, além de outro serviço muito importante: o exemplo, o ir em
socorro ao próximo, não esperando apenas que este venha à procura.

A falta de renovação dos trabalhadores do Centro Espírita, quando não


ocasionada por distorções administrativas, pode ter sua origem no
isolacionismo em que se acomoda o núcleo representante da Doutrina,
fazendo um Espiritismo fechado em quatro paredes.

Que um grupo familiar não se renove é compreensível, afinal trata-se de


um grupo restrito e de caráter domiciliar, mas um Centro Espírita deve
obedecer a uma organização ativa e participativa, integrada no
conhecimento e solução dos problemas sociais, mesmo que para isso o
trabalho tenha de ser de longo curso, até a conscientização dos que
freqüentam as atividades realizadas em seu interior.

A todo freqüentador deve ser mostrada a diferença existente entre ele e


um trabalhador, pois sentar e ouvir uma palestra e depois tomar o passe,
sem nenhum vínculo de responsabilidade, não o pode categorizar como
um trabalhador sincero do Centro Espírita, que dedica seu tempo,
voluntariamente, para a causa que abraça. Para isso, deve o Centro
Espírita permitir a participação de todos os que o procuram, nos diversos
serviços existentes, dando a cada um segundo o seu conhecimento e
experiência.

Assim temos que a integração do Centro Espírita na sociedade é inevitável


e inadiável.

Se o Espiritismo existisse apenas para os desencarnados, o Centro Espírita


não teria razão de existir, pois é de todos os tempos sabido que o
intercâmbio mediúnico não é privilégio de ninguém, podendo ser praticado
em qualquer lugar, embora reconheçamos que o Centro Espírita é o local
melhor indicado, pela seriedade, reconhecimento e estudo que o
caracteriza.
O Espiritismo está no mundo para interagir como todo o conhecimento
humano, e o Centro Espírita existe para conviver com toda a sociedade
humana.

Com Jesus

A renúncia será um privilégio para você.

O sofrimento glorificará sua vida.

A prova dilatará seus poderes.

O trabalho constituirá título de confiança em seu caminho.

O sacrifício sublimará seus impulsos.

A enfermidade do corpo será remédio salutar para a sua alma.

A calúnia lhe honrará a tarefa.

A perseguição será motivo para que você abençoe a muitos.

A angústia purificará suas esperanças.

O mal convocará seu espírito à prática do bem.

O ódio desafiar-lhe-á o coração aos testemunhos de amor.

A Terra, com os seus contrastes e renovações incessantes, representará bendita escola


de aprimoramento individual, em cujas lições purificadoras deixará você o egoísmo para
sempre esmagado.

Estes e os demais temas abaixo formam a nossa página sobre o Espiritismo, elaborada a partir das perguntas
que nos são mais frequentemente endereçadas. Para um estudo completo, indicamos consulta aos livros da
Codificação Espírita.
.
01. ESPIRITISMO
02. ESPIRITISMO OU ESPIRITUALISMO?
03. O QUE É ESPIRITISMO?
04. QUEM FOI ALLAN KARDEC?
05. ESPIRITISMO NO MUNDO
06. ESPIRITISMO NO BRASIL
07. O ESPIRITISMO E AS RELIGIÕES AFRO-
BRASILEIRAS
08. BEZERRA DE MENEZES
09. EMMANUEL
10. ANDRÉ LUIZ
11. FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
12. DIVALDO PEREIRA FRANCO
13. MOVIMENTO ESPÍRITA
14. UNIFICAÇÃO ESPÍRITA
15. O ESPIRITISMO E O FUTURO
"Fé inabalável só é a que pode encarar
a razão, face a face,
em todas as épocas da Humanidade." -
ALLAN KARDEC

01. ESPIRITISMO: O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio
de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas
relações com o mundo corpóreo. Ele no-lo mostra, não mais como coisa
sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar atuantes
da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje
incompreendidos e, por isso, relegados para o domínio do fantástico e do
maravilhoso. É a essas relações que o Cristo alude em muitas circunstâncias e daí
vem que muito do que ele disse permaneceu ininteligível ou falsamente
interpretado. O Espiritismo é a chave com o auxílio da qual tudo se explica de modo
fácil.
A lei do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação; a do Novo
Testamento tem-na no Cristo. O Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus, mas
não tem a personificá-la nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado,
não por um homem, sim pelos Espíritos, que são as vozes do Céu, em todos os
pontos da Terra, com o concurso de uma multidão inumerável de intermediários.
É, de certa maneira, um ser coletivo, formado pelo conjunto dos seres do mundo
espiritual, cada um dos quais traz o tributo de suas luzes aos homens, para lhes
tornar conhecido esse mundo e a sorte que os espera.
Assim como o Cristo disse: “Não vim destruir a lei, porém cumpri-la”, também o
Espiritismo diz: “Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução.” Nada ensina
em contrário ao que ensinou o Cristo; mas, desenvolve, completa e explica, em
termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica. Vem
cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realização das
coisas futuras. Ele é, pois, obra do Cristo, que preside, conforme igualmente o
anunciou, à regeneração que se opera e prepara o reino de Deus na Terra. (Fonte: O
Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. I, nº 5 O Espiritismo)

"O Espiritismo esclarecido, como o é hoje, procura destruir as idéias supersticiosas, mostrando
o que há de real ou de falso nas crenças populares, denunciando o que nelas existe de absurdo,
fruto da ignorância e dos preconceitos.
O sobrenatural desaparece à luz do facho da Ciência, da Filosofia e da Razão, como os deuses
do paganismo ante o brilho do Cristianismo. Sobrenatural é tudo o que está fora das leis da
Natureza, O positivismo nada admite que escape à ação dessas leis; mas, porventura, ele as
conhece a todas?
Em todos os tempos foram reputados sobrenaturais os fenômenos cuja causa não era
conhecida; pois bem: o Espiritismo vem revelar uma nova lei, segundo a qual a conversação
com o Espírito de um morto é um fato tão natural, como o que se dá por intermédio da
eletricidade, entre dois indivíduos separados por uma distância de cem léguas; o mesmo
acontece com os outros fenômenos espíritas.
O Espiritismo repudia, nos limites do que lhe pertence, todo efeito maravilhoso, isto é, fora das
leis da Natureza; ele não faz milagres nem prodígios, antes explica, em virtude de uma dessas
leis, certos efeitos, demonstrando, assim, a sua possibilidade. Ele amplia, igualmente, o domínio
da Ciência, e é nisto que ele próprio se torna uma ciência; como, porém, a descoberta dessa
nova lei traz conseqüências morais, o código das conseqüências faz dele, ao mesmo tempo,
uma doutrina filosófica.
Deste último ponto de vista, ele corresponde às aspirações do homem, no que se refere ao seu
futuro; e como a sua teoria do futuro repousa sobre bases positivas e racionais, ela agrada ao
espírito positivo do nosso século." - ALLAN KARDEC (O que é o Espiritismo)

DOUTRINA ESPÍRITA, O QUE É? É o mesmo que Espiritismo.


"Espiritismo", "Doutrina Espírita" e "Doutrina dos Espíritos" significam a mesma coisa.
Veja acima explicação sobre o que é Espiritismo.

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02. ESPIRITISMO OU ESPIRITUALISMO:

Esta questão, que muitas vezes confunde inclusive aos espíritas, é respondida aqui
pelo próprio Allan Kardec e inserido no Opúsculo " O que é o Espiritismo":
A. K. — De há muito tem já a palavra espiritualista uma acepção bem determinada; é
a Academia que no-la dá: Espiritualista, aquele ou aquela pessoa cuja doutrina é
oposta ao materialismo.
Todas as religiões são necessariamente fundadas sobre o espiritualismo. Aquele que
crê que em nós existe outra coisa, além da matéria, é espiritualista, o que não
implica a crença nos Espíritos e nas suas manifestações. Como o podereis distinguir
daquele que tem esta crença? Ver-vos-eis obrigado a servir-vos de uma perífrase e
dizer: É um espiritualista que crê ou não crê nos Espíritos.
Para as novas coisas são necessários termos novos, quando se quer evitar
equívocos. Se eu tivesse dado à minha Revista (Rèvue Spirite - nota nossa), a
qualificação de espiritualista, não lhe teria especificado o objeto, porque, sem
desmentir-lhe o título, bem poderia nada dizer nela sobre os Espíritos, e até
combatê-los.
Já há algum tempo, li num jornal, a propósito de uma obra filosófica, um artigo em
que se dizia tê-la o autor escrito do ponto de vista espiritualista; ora, os partidários
dos Espíritos ficariam singularmente desapontados se, confiantes nessa indicação,
acreditassem encontrar alguma concordância entre o que ela ensina e as idéias por
eles admitidas.
Se adotei os termos espírita, espiritismo, é porque eles exprimem, sem equívoco, as
idéias relativas aos Espíritos.
Todo espírita é necessariamente espiritualista, mas nem todos os espiritualistas são
espíritas. (Grifos nossos - Instituto André Luiz)
Ainda que os Espíritos fossem uma quimera, havia utilidade em adotar termos
especiais para designar o que a eles se refere; porque as falsas idéias, como as
verdadeiras, devem ser expressas por termos próprios.
As palavras espiritualismo e espiritualista são inglesas, e têm sido empregadas nos
Estados Unidos desde que começaram a surgir as manifestações dos Espíritos; no
começo e por algum tempo, também delas se serviram na França; logo, porém, que
apareceram os termos espírita, espiritismo, compreendeu-se a sua utilidade, e foram
imediatamente aceitos pelo público.
Hoje, seu uso está tão generalizado que os próprios adversários, aqueles que no
princípio os classificavam de barbarismos, não empregam outros. Os sermões e as
pastorais que fulminam o Espiritismo e os espíritas viriam produzir enorme confusão,
se fossem dirigidos ao espiritualismo e aos espiritualistas.
Bárbaros ou não, esses termos estão hoje incluídos na língua usual e em todas as
línguas da Europa; são os únicos empregados em todas as publicações, favoráveis ou
contrárias, feitas em todos os países. Eles ocupam o vértice da coluna da
nomenclatura da nova ciência; para exprimir os fenômenos especiais dessa ciência,
tínhamos necessidade de termos especiais; o Espiritismo hoje possui a sua
nomenclatura, tal como a Química.
As palavras espiritualismo e espiritualista, aplicadas às manifestações dos Espíritos,
não são hoje mais empregadas senão pelos adeptos da escola americana.

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03. O QUE É ESPIRITISMO?


É o conjunto de princípios e leis, revelados pelos Espíritos Superiores, contidos nas
obras de Allan Kardec que constituem a Codificação Espírita: O Livro dos Espíritos, O
Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A
Gênese.
“O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos,
bem como de suas relações com o mundo corporal.” Allan Kardec (O que é o
Espiritismo – Preâmbulo)
“O Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das
coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na
Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela
esperança.” Allan Kardec (O Evangelho segundo o Espiritismo – cap. VI – 4).3
O QUE REVELA:
Revela conceitos novos e mais aprofundados a respeito de Deus, do Universo, dos
Homens, dos Espíritos e das Leis que regem a vida.
Revela, ainda, o que somos, de onde viemos, para onde vamos, qual o objetivo da
nossa existência e qual a razão da dor e do sofrimento.
SUA ABRANGÊNCIA:
Trazendo conceitos novos sobre o homem e tudo o que o cerca, o Espiritismo toca
em todas as áreas do conhecimento, das atividades e do comportamento humanos,
abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade.
Pode e deve ser estudado, analisado e praticado em todos os aspectos fundamentais
da vida, tais como: científico, filosófico, religioso, ético, moral, educacional, social.
SEUS ENSINOS FUNDAMENTAIS:
Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas. é eterno, imutável,
imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom.
O Universo é criação de Deus. Abrange todos os seres racionais e irracionais,
animados e inanimados, materiais e imateriais.
Além do mundo corporal, habitação dos Espíritos encarnados, que são os homens,
existe o mundo espiritual, habitação dos Espíritos desencarnados.
No Universo há outros mundos habitados, com seres de diferentes graus de
evolução: iguais, mais evoluídos e menos evoluídos que os homens.
Todas as leis da Natureza são leis divinas, pois que Deus é o seu autor. Abrangem
tanto as leis físicas como as leis morais.
O homem é um Espírito encarnado em um corpo material. O perispírito é o corpo
semimaterial que une o Espírito ao corpo material.
Os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Constituem o mundo dos Espíritos,
que preexiste e sobrevive a tudo.
Os Espíritos são criados simples e ignorantes. Evoluem, intelectual e moralmente,
passando de uma ordem inferior para outra mais elevada, até a perfeição, onde
gozam de inalterável felicidade.
Os Espíritos preservam sua individualidade, antes, durante e depois de cada
encarnação.
Os Espíritos reencarnam tantas vezes quantas forem necessárias ao seu próprio
aprimoramento.
Os Espíritos evoluem sempre. Em suas múltiplas existências corpóreas podem
estacionar, mas nunca regridem. A rapidez do seu progresso intelectual e moral
depende dos esforços que façam para chegar à perfeição.
Os Espíritos pertencem a diferentes ordens, conforme o grau de perfeição que
tenham alcançado: Espíritos Puros, que atingiram a perfeição máxima; Bons
Espíritos, nos quais o desejo do bem é o que predomina; Espíritos Imperfeitos,
caracterizados pela ignorância, pelo desejo do mal e pelas paixões inferiores.
As relações dos Espíritos com os homens são constantes e sempre existiram. Os
bons Espíritos nos atraem para o bem, sustentam-nos nas provas da vida e nos
ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os imperfeitos nos induzem ao
erro.
Jesus é o guia e modelo para toda a Humanidade. E a Doutrina que ensinou e
exemplificou é a expressão mais pura da Lei de Deus.
A moral do Cristo, contida no Evangelho, é o roteiro para a evolução segura de todos
os homens, e a sua prática é a solução para todos os problemas humanos e o
objetivo a ser atingido pela Humanidade.
O homem tem o livre-arbítrio para agir, mas responde pelas conseqüências de suas
ações.
A vida futura reserva aos homens penas e gozos compatíveis com o procedimento de
respeito ou não à Lei de Deus.
A prece é um ato de adoração a Deus. Está na lei natural e é o resultado de um
sentimento inato no homem, assim como é inata a idéia da existência do Criador.
A prece torna melhor o homem. Aquele que ora com fervor e confiança se faz mais
forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assisti-lo. é
este um socorro que jamais se lhe recusa, quando pedido com sinceridade. (Fonte:
FEB e SobreSites)

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04. QUEM FOI ALLAN KARDEC?


Allan Kardec foi o criador (ou Codificador) do Espiritismo. Foi a partir de suas
observações que surgiu a Doutrina Espírita, na França da século 19. Nasceu
Hippolyte Léon-Denizard Rivail, em 03 de Outubro de 1804 em Lyon, França, no seio
de uma antiga família de magistrados e advogados. Educado na Escola de Pestalozzi,
em Yverdum, Suíça, tornou-se um de seus discípulos mais eminentes.
Rivail Denizard fez em Lião os seus primeiros estudos e completou em seguida a sua
bagagem escolar, em Yverdun (Suíça), com o célebre professor Pestalozzi, de quem
cedo se tornou um dos mais eminentes discípulos, colaborador inteligente e
dedicado. Aplicou-se, de todo o coração, à propaganda do sistema de educação que
exerceu tão grande influência sobre a reforma dos estudos na França e na
Alemanha. Muitíssimas vezes, quando Pestalozzi era chamado pelos governos, um
pouco de todos os lados, para fundar institutos semelhantes ao de Yverdun, confiava
a Denizard Rivail o encargo de o substituir na direção da sua escola. O discípulo
tornado mestre tinha, além de tudo, com os mais legítimos direitos, a capacidade
requerida para dar boa conta da tarefa que lhe era confiada. Era bacharel em letras
e em ciências e doutor em medicina, tendo feito todos os estudos médicos e
defendido brilhantemente sua tese.4 Lingüista insigne, conhecia a fundo e falava
corretamente o alemão, o inglês, o italiano e o espanhol; conhecia também o
holandês, e podia facilmente exprimir-se nesta língua.(Henri Sausse)
Foi membro de várias sociedades sábias, entre as quais a Academie Royale d'Arras.
De 1835 à 1840, fundou em seu domicílio cursos gratuitos, onde ensinava química,
física, anatomia comparada, astronomia, etc.
Dentre suas inúmeras obras de educação, podemos citar: "Plano proposto para a
melhoria da instrução pública" (1828); "Curso prático e teórico de aritmética
(Segundo o método de Pestalozzi)", para uso dos professores primários e mães de
família (1829); "Gramática Francesa Clássica" (1831); "Programa de cursos usuais de
química, física, astronomia, fisiologia"(LYCÉE POLYMATIQUE); "Ditado normal dos
exames da Prefeitura e da Sorbonne", acompanhado de "Ditados especiais sobre as
dificuldades ortográficas (1849).
Por volta de 1855, desde que duvidou das manifestações dos Espíritos, Allan Kardec
entregou-se a observações perseverantes sobre esse fenômeno, e, se empenhou
principalmente em deduzir-lhe as conseqüências filosóficas.
Nele entreviu, desde o início, o princípio de novas leis naturais; as que regem as
relações do mundo visível e do mundo invisível; reconheceu na ação deste último
uma das forças da Natureza, cujo conhecimento deveria lançar luz sobre uma
multidão de problemas reputados insolúveis, e compreendeu-lhe a importância do
ponto de vista religioso.
As suas principais obras espíritas são: "O Livro dos Espíritos", para a parte filosófica,
e cuja primeira edição surgiu em 18 de Abril de 1857; "O Livro dos Médiuns", para a
parte experimental e científica (Janeiro de 1861); "O Evangelho Segundo o
Espiritismo", para a parte moral (Abril de 1864); "O Céu e o Inferno", ou "A Justiça de
Deus segundo o Espiritismo" (Agosto de 1865); "A Gênese, os Milagres e as
Predições (Janeiro de 1868); "A Revista Espírita", jornal de estudos psicológicos.
Allan Kardec fundou em Paris, a 1º de Abril de 1858, a primeira Sociedade Espírita
regularmente constituída, sob o nome de "Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas".
Casado com Amélie Gabrielle Boudet, não teve filhos.
Trabalhador infatigável, desencarnou no dia 31 de março de 1869, em Paris, da
maneira como sempre viveu: trabalhando.
(Retirado de "Obras Póstumas", Biografia de Allan Kardec, edição IDE, e organizado
por Instituto André Luiz)

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05. ESPIRITISMO NO MUNDO:


Existe Espiritismo fora do Brasil? Sim, existe, é claro, embora que não conte com a
mesma força que em nosso país. Mas, com muita alegria, ao longo destes seis anos
frente ao Instituto De Divulgação Espírita André Luiz (Instituto André Luiz e Ideal
André Luiz), tivemos o privilégio de entrar em contato com inúmeros irmãos e
entidades internacionais, envolvidos com entusiasmo no projeto de criar, manter e
ampliar casas espíritas nos lugares mais distantes do Planeta.
Dentre entre estes lugares, podemos citar: Bósnia (Movimento criado a partir de
Embaixada de língua portuguesa, por funcionários espíritas), Canadá, Holanda,
Suécia, Japão, Noruega, Itália, França, Venezuela, Argentina e Estados Unidos.
Nestes países, assim como em muitos outros, o Espiritismo começa a andar, lenta,
porém firmemente e sempre mantendo, para alegria nossa, fidelidade aos
ensinamentos repassados pelos Espíritos Codificadores ao mestre Allan Kardec.
Nos Estados Unidos, porém, é onde o Espiritismo caminha com maior vigor e rapidez.
Vejam na entrevista abaixo, um panorama do Espiritismo norte-americano:

P: - Quantos grupos espíritas existem nos Estados Unidos da América do Norte?


R: - Contam-se 50 grupos, dentre os quais 17 estão legalizados e 12 estão afiliados
ao Conselho Espírita.
P: - Como se organiza, nos EUA, o movimento espírita?
R: - Como o movimento ainda é jovem e está em organização, os centros espíritas
afiliam-se diretamente ao Conselho Espírita, com sede em Washington. Na Flórida
existe uma Federação Espírita, anterior à criação do próprio Conselho. Lá os grupos
podem se afiliar também àquela Instituição, que por sua vez, também é adesa ao
Conselho.
P: - Esses grupos compreendem a importância de Allan Kardec?
R: - Sim, esses grupos estão conscientes a respeito da codificação do Espiritismo e
procuram pautar suas atividades nos princípios básicos compilados por Allan Kardec,
com base nos ensinos da espiritualidade superior. (Fonte: Site O Mensageiro,
entrevista de Carlos Campetti. VEJA MAIS).

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06. ESPIRITISMO NO BRASIL:


JEITO BRASILEIRO DE SER ESPÍRITA - (Entrevista concedia pela antropóloga Sandra
Jacqueline Stoll, que estudou a história e linhas de força que lutam pela hegemonia
do Espiritismo no Brasil à reporter Paula Barcellos, do JB Online: "Apesar de contar
com 6 milhões de espíritas declarados e outros milhões de simpatizantes, a história e
a prática dessa religião ainda não tinham transposto os muros acadêmicos. Para
suprir essa lacuna, a antropóloga Sandra Jacqueline Stoll escreveu Espiritismo à
brasileira (Edusp, 296 páginas, R$ 35), originalmente uma tese de doutorado em
Antropologia Cultural na USP. Confrontando dois personagens fundamentais, Chico
Xavier e Luiz Antônio Gasparetto, Sandra identificou novas linhas de força da religião
espírita, desde o início dividida entre uma corrente cientificista, predominante na
Europa, e outra que privilegia o aspecto moral, hegemônica no Brasil. Nesta
entrevista, ela explica as novas divisões do espiritismo: de um lado, a ligação com o
catolicismo, expressa na aceitação voluntária, por Chico Xavier, dos votos
monásticos de pobreza e castidade. De outro, a Nova Era e a auto-ajuda de
Gasparetto, que prega a realização pessoal e o sucesso.

- O que a levou a estudar o espiritismo?


- Eu tinha curiosidade de rever a interpretação da inserção do espiritismo na cultura
religiosa brasileira. Quando se analisam certas tendências do campo religioso, os
grupos mencionados são os católicos, os carismáticos, os neopentecostais e os
grupos afro-brasileiros. Suprir essa lacuna foi uma das motivações dessa pesquisa.
Mas havia também a figura extraordinária de Chico Xavier, que, apesar da
unanimidade conquistada dentro e fora do meio espírita, não tinha sido ainda objeto
de pesquisa antropológica. O mesmo ocorre com outro médium de destaque, Luiz
Antônio Gasparetto. Suas pinturas mediúnicas chamaram tanto a atenção que ele
chegou a ser levado para a Inglaterra, para se apresentar na BBC.

- No livro, você compara a doutrina espírita francesa, fundada por Allan Kardec, com
a brasileira. Elas acabaram se tornando religiões diferentes? Ou as diferenças são,
basicamente, resultantes de comportamentos culturais distintos?
- A doutrina de Allan Kardec teve uma larga difusão na França, assim como no Brasil,
no século 19. Nestes dois países, porém, as características assumidas pela doutrina
não foram as mesmas. Na França, a produção das obras de Allan Kardec tinha como
tema central a teoria da evolução. Essa era a tônica dos debates científicos e
religiosos na Europa na época. Já no Brasil, apenas em círculos sociais restritos esse
debate encontrou ressonância. Em contrapartida, o aspecto moral da doutrina
espírita foi rapidamente assimilado, por seu estreito comprometimento com o ideário
cristão. O que demonstro no livro é que esse ideário foi aqui reinterpretado, criando-
se um ''estilo católico de ser espírita''. O médium Chico Xavier é o paradigma dessa
construção. Sua imagem pública foi construída com base na noção católica de
santidade. Isso se expressa no estilo de vida por ele adotado, marcado pela
incorporação gradativa dos votos monásticos católicos: obediência, castidade,
renúncia aos bens materiais. Traduzidas como ''sacrifício de si'', essas práticas,
juntamente à caridade, também assimilada do universo católico, conferem ao
espiritismo uma marca arraigadamente católica, cultura religiosa dominante no país.
Não se trata, porém, de uma outra religião, já que os preceitos doutrinários do
espiritismo no Brasil são os mesmos lançados na França.

- Isso teria acontecido apenas no Brasil?


- Nos países em que a religião católica é dominante, a apropriação de elementos de
sua estrutura, de sua prática ritual e ideário faz parte das estratégias de inserção de
doutrinas estrangeiras. Veja como outras religiões rapidamente se apropriam de
símbolos do catolicismo para facilitar sua inserção nas camadas populares: as figuras
dos bispos, pastores, templos, água, batismo etc. são exemplares nesse sentido. O
Brasil não foge à regra. Mas é preciso também salientar que mudanças nas relações
de poder no campo religioso podem alterar esse processo. Como demonstro no livro,
existem hoje outras correntes bastante influentes no campo religioso. O próprio
catolicismo tenta se adaptar a essas mudanças, introduzindo, de um lado, práticas
rituais que o aproximam do pentecostalismo e, de outro, estimulando as
peregrinações religiosas e o culto aos santos ao estilo Nova Era. Isso também pode
ser observado no universo espírita: a construção de novas sínteses em que o
catolicismo não ocupa lugar central. Provavelmente, como vêm demonstrando várias
pesquisas recentes, a tendência reflete o solapamento da posição hegemônica que o
catolicismo ocupava no Brasil.

- É inegável a importância de Chico Xavier no espiritismo brasileiro. Pode-se dizer


que sua produção literária mediúnica legitimou a idéia de imortalidade da alma, uma
das principais teses espíritas, a ponto de ser aceita por praticantes de outras
religiões?
- A contribuição fundamental da literatura produzida por Chico Xavier foi certamente
a popularização da doutrina espírita. Suas obras, acompanhadas cronologicamente,
permitem perceber que os temas fundamentais do espiritismo - a idéia da
imortalidade da consciência, da evolução, do carma etc. - são introduzidos de forma
gradativa, articulando-se, especialmente nos romances, por meio do enredo de
histórias de vida. Realizado por mais de 70 anos, esse projeto certamente contribuiu
para a disseminação da idéia da imortalidade da alma, inclusive entre os que se
dizem católicos, como sinalizam várias pesquisas acadêmicas e jornalísticas.

- Quais seriam as principais tendências do espiritismo brasileiro hoje?


- O espiritismo de ''viés católico'', consolidado em torno da imagem pública de Chico
Xavier, ainda é hegemônico no Brasil, mas no interior deste vêm sendo gestadas
novas tendências. Hoje temos duas correntes dominantes: uma, a exemplo da
orientação de Kardec, vem buscando a inovação da doutrina por meio da atualização
de seus conceitos científicos; a outra busca no campo religioso sua atualização,
incorporando idéias e práticas de sistemas filosóficos/doutrinários diversos,
precariamente reunidos em torno do rótulo de Nova Era e com grande ênfase na
auto-ajuda. A Nova Era e as novas idéias científicas relativas às origens e evolução
do universo tornaram-se as suas principais fontes contemporâneas de inspiração.

- Os livros de auto-ajuda têm influenciado o espiritismo?


- Essa é uma tendência que não se verifica apenas no Brasil. Hoje em inúmeras
livrarias da Índia, do Nepal, da Inglaterra, de Portugal, do Chile e da Argentina, você
encontra amplas seções de livros destinados à auto-ajuda. O espiritismo no Brasil
acompanha essa tendência e, diga-se de passagem, a Igreja Católica também. Chico
Xavier foi o primeiro best-seller do campo espírita. Hoje os livros de outros médiuns,
em especial de Zíbia Gasparetto, tomaram-lhe a dianteira. Seus livros há anos
constam entre os mais vendidos. Esse sucesso, em larga medida, explica-se por uma
mudança do modelo convencional da literatura espírita para o filão da auto-ajuda.

- O que muda?
- Os temas principais são os mesmos - carma, evolução, intervenção dos espíritos
etc. -, porém o alvo não é a vida futura, mas o aqui e agora. Usando uma linguagem
mais coloquial, moderna e situações do cotidiano, essa literatura encontra
ressonância especialmente entre os segmentos de classe média, ultrapassando os
limites do espiritismo. Nesse sentido, esta literatura também contribui para a
disseminação de temas fundamentais da doutrina espírita. A diferença é que nessa
literatura o tema do livre-arbítrio ganha centralidade, enfatizado como instrumento
de ''realização pessoal'', o que permite relativizar, por exemplo, a idéia do carma
como destino inexorável.

- Um autor como Luiz Antonio Gasparetto une rituais mediúnicos às temáticas da


Nova Era e às práticas de auto-ajuda. Como a doutrina espírita absorve tudo isso?
- Dizem os espíritas que Luiz Antônio Gasparetto já não é mais espírita. Ele mesmo
recusa essa denominação. O endosso de certas idéias e práticas da Nova Era e
especialmente da auto-ajuda, segundo eles, teria produzido o seu afastamento da
tradição doutrinária. Entretanto, outros grupos fizeram o mesmo e ainda são
considerados espíritas. O pomo da discórdia na verdade é uma questão de ordem
ética: trata-se da discordância dos espíritas com relação ao uso da mediunidade para
fins privados, em especial para o enriquecimento pessoal. Aí se evidencia o modelo
de virtudes católico disseminado no espiritismo por Chico Xavier, que fez da prática
da mediunidade um exercício do voto de pobreza. Gasparetto, ao contrário, investe
por intermédio da auto-ajuda na ética do sucesso, da prosperidade. Atua em favor do
próximo, porém não por meio da caridade, mas estimulando as pessoas a buscarem
por si a felicidade, o prazer, a realização pessoal. Ele tem tido enorme sucesso com
esse trabalho. Sustento, apesar disso, que Gasparetto continua no campo espírita. É
a partir dessa matriz que ele reinterpreta os conceitos e práticas de outras tradições.

- Projetos como os de Gasparetto podem conduzir à criação de um novo espiritismo?


- A princípio é o que ele pretendia. Mas, hoje, afirma que não é espírita. Cada
sistema religioso lida com a divergência e a dissidência de modos diversos. Os
espíritas se debateram no Brasil durante décadas entre duas tendências, aqueles
mais afinados com o discurso científico da doutrina, e os demais sintonizados com
seus valores morais. Com Chico Xavier e seus seguidores tornou-se hegemônica a
segunda corrente. Hoje existem novas tendências, dentro do campo espírita,
disputando espaço. Não se sabe ainda qual o desfecho dessa disputa que apenas se
inicia. Mas ela, forçosamente, impõe transformações.

- Muitas pessoas hoje se assumem como espiritualistas. Como você definiria esse
conceito?
- Como outros conceitos, por exemplo de Nova Era ou ''neo-esoterismo'', estes são
rótulos que demarcam um campo de trocas, disputas e diálogos e não um modo de
identidade. Quem se diz espiritualista pode num dado momento estar realizando
meditação de estilo zen, freqüentar sessões de ioga, massagem tibetana, consumir
incensos, colecionar medalhas de santos católicos. Meses depois, pode ter
abandonado um ou mais destes itens e estar envolvido numa nova síntese. Esse
exercício da espiritualidade pouco afeito a fidelidades institucionais é o que
caracteriza a religiosidade contemporânea. Talvez seja um dos principais desafios
das instituições religiosas. [28/FEV/2004 - JEITO BRASILEIRO DE SER ESPÍRITA].

VEJA também artigo sobre "Espiritismo no Brasil - Suas Origens" no site do Centro
Espírita Ismael..

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07. O ESPIRITISMO E AS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS:


Espiritismo não é Umbanda - FREQÜENTEMENTE, AS PESSOAS MENOS AFEITAS AO
ESTUDO, CONFUNDEM O ESPIRITISMO COM OUTROS SEGMENTOS RELIGIOSOS. ISTO
GERA PRECONCEITO E ATITUDES NEGATIVAS PARA AMBOS OS LADOS. NADA
MELHOR QUE ESCLARECER, ENTÃO, NOSSOS LEITORES, SOBRE ESTAS QUESTÕES. O
QUE HÁ DE SIMILAR, POR EXEMPLO, ENTRE ESPIRITISMO E UMBANDA?
Com todo respeito que nos merecem todas as religiões que induzam à prática do
bem, respondemos que não.
Religião científico-filosófica, o Espiritismo não pretende demolir aquelas que o
precederam, antes reconhece a necessidade da existência delas para grande parte
da Humanidade, cuja evolução se processa lenta, mas inexoravelmente.
Espiritismo e Umbanda ensinam a reencarnação e trabalham com a mediunidade. A
primeira usa o pensamento; a segunda, a Natureza.
O Espiritismo veio quando chegaram os tempos, através dos Espíritos Superiores que
foram apóstolos e discípulos de Jesus quando ele esteve na Terra e que voltaram, no
século passado, transmitindo seus ensinamentos a Allan Kardec, que os codificou.
Ele objetiva o progresso espiritual dos homens, com a implantação da fraternidade
entre eles.
Umbanda é basicamente prática religiosa dos africanos bantos e sudaneses, trazidos
para o Brasil como escravos. É o resultado do sincretismo com o Catolicismo,
reunindo ainda folclore, superstições e crendices, sem doutrina codificada.
A tendência natural é o umbandista se tornar espírita, como aconteceu, por exemplo,
em Goiânia, à antiga Tenda do Caminho, hoje Irradiação Espírita Cristã, com um
admirável acervo de obras assistenciais.
O Espiritismo não adota em suas reuniões: paramentos ou quaisquer vestes
especiais; vinho, cachaça, ou qualquer outra bebida alcoólica; incenso, mirra, fumo
ou quaisquer outras substâncias que produzam fumaça; altares, imagens, andores e
velas; hinos ou cantos em línguas mortas ou exóticas; danças ou procissões;
atendimento a interesses materiais, terra-a-terra, mundanos; pagamento de
qualquer espécie; talismãs, amuletos, orações miraculosas, bentinhos e escapulários;
administração de sacramentos, concessão de indulgências, distribuição de títulos
nobiliárquicos; horóscopos, cartomancia, quiromancia e astrologia; rituais e
encenações extravagantes; promessas e despachos; riscar cruzes e pontos, praticar,
enfim, a longa série de atos materiais oriundos de velhas e primitivas concepções
religiosas.
O Espiritismo não tem profissionais. Só amadores. Gente que ama o que faz,
buscando a fé com a razão e o servir ao próximo sem qualquer recompensa material.
O Espiritismo é para ser estudado, discutido e aplicado, visando a reforma intima do
seu adepto. (Fonte : Revista Espírita Allan Kardec, edição 36. VEJA MAIS!)

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08. BEZERRA DE MENEZES:


O nome mais famoso do espiritismo brasileiro foi vereador e chegou a presidente da
Câmara Municipal. Hoje em dia, não há espírita que não recorra ao doutor Bezerra de
Menezes quando tem algum problema de saúde na família.
Nascido no ano de 1831 em Riacho do Sangue, no Ceará, Adolfo Bezerra de Menezes
formou-se aos 25 anos na Escola de Medicina do Rio de Janeiro.
Conhecido por sua dedicação aos mais carentes como o "médico dos pobres", largou
o posto de cirurgião-tenente do Exército - lotado no Hospital Central, além de possuir
uma famosa clínica com uma clientela rica - para entrar na política.
O que Bezerra de Menezes recebia da classe abastada no seu consultório no Centro
da cidade gastava com os mais pobres, não só clinicando gratuitamente, como
dando a eles remédios, roupa, dinheiro, enfim, tudo de que necessitassem. Isso
levou a população do bairro de São Cristóvão a pedir que ele a representasse na
Câmara Municipal.
Vereador eleito pelo Partido Liberal, Bezerra de Menezes enfrentou logo a oposição
do líder do Partido Conservador, Hadock Lobo, que pediu a impugnação do seu
diploma, sob o argumento de que um militar da ativa não poderia exercer cargo
político. Bezerra de Menezes pediu baixa do Exército e, durante vinte anos - de 1860
a 1880, ano em que presidiu o Legislativo do Município -, foi eleito vereador,
deputado geral e indicado para o Senado.
Como político e jornalista, Bezerra de Menezes, em comícios e artigos, defendeu,
entre outras causas, a emancipação dos escravos. Nesse período, lançou o jornal A
Reforma, de orientação liberal, e criou a Estrada de Ferro Macaé-Campos, que o
enriqueceu, mas acabou falindo, não só por dar tudo que tinha para os pobres, como
também pela falta de apoio do Governo Imperial, que não liberou os meios para o
desenvolvimento da ferrovia.
Isso não impediu que continuasse atendendo às massas carentes, já convertido à
doutrina espírita, pioneiramente como médico homeopata, até falecer, pobre e
amado pelo povo, em abril de 1900.
(FONTE: Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro - Vereador histórico)

Adolfo Bezerra de Menezes, o médico dos pobres e incansável obreiro de Jesus na


difusão do Espiritismo Consolador em terras brasileiras, não foi espírita desde que
nasceu... Vejam um trecho do estudo sobre o grande médico e espírita, denominado
o “Kardec brasileiro”, apresentado em palestra no NEU-UERJ/Faculdade de Ciências
Médicas em outubro de 1999, por Eva Patrícia Baptista (graduanda do curso médico),
e disponível no site PORTAL DO ESPÍRITO:
"Adolfo Bezerra de Menezes nascera em família afortunada e católica, a 29 de agosto
de 1831, em Riacho do Sangue, na Província do Ceará. Cresceu em clima de severa
dignidade, respeito e religiosidade. Devido à sua prestimosa inteligência, inerente a
todos os espíritos superiores, distinguiu-se nos estudos desde cedo, sendo sempre o
1o aluno de sua classe. Em 5 de fevereiro de 1851, quando contava com 19 anos de
idade, transferiu-se para a Corte (atual Rio de Janeiro) para fazer seu curso médico.
Nesta época seu pai, homem de bom coração havia perdido a sua fortuna e não
pode ajudar seu filho financeiramente em seus estudos. Foi através de lutas,
privações e renúncias aos prazeres ilusórios do mundo, que Bezerra conseguiu, em
1856, doutorar-se em Medicina.
Para custear seus estudos e a subsistência própria, Bezerra de Menezes lecionava.
Numa ocasião em que se achavam totalmente esgotados os recursos, de par com a
urgência de pagar o aluguel da casa e acudir a outras necessidades inadiáveis,
reclinado em sua rede, sem grandes sobressaltos, mas seriamente preocupado com
a solução do caso, dava tratos à imaginação, em procura dos meios com que sair da
dificuldade, quando ouve bater à porta. Era um desconhecido, que vinha
nominalmente procurá-lo, e que, depois, ajustando um certo número de lições de
determinadas matérias, tira do bolso um maço de células e paga antecipadamente o
preço convencionado, ficando igualmente combinado para o dia seguinte o início das
aulas.
Bezerra reluta em receber a importância adiantada. Por fim, lembrando-se de sua
situação, resolve aceitá-la. Radiante com a inesperada e providencial visita, Bezerra
de Menezes solveu os seus compromissos e ficou a esperar, no prazo estipulado, o
novo aluno.
Mas nem no dia seguinte nem nunca mais lhe tornou este a aparecer. Foi, pois, uma
visita mais misteriosa.
Intervenções da mesma natureza, posto que não revestidas de cunho misterioso
idêntico, se haviam de reproduzir no curso de sua vida, quando, em mais de uma
ocasião, faltando-lhe o necessário para as despesas indispensáveis, longe de se
perturbar, sentava-se à mesa de trabalho e punha-se tranqüilamente a escrever.
Aparecia-lhe sempre um consulente que, atendido, lhe deixava os recursos de que
necessitava e que, com serena confiança na Providência Divina, tinha certeza de que
lhe não faltariam.2
Casou-se em 6 de novembro de 1858, aos 27 anos, com D. Maria Cândida de
Lacerda, pertencente a ilustre família. No fim de 4 anos, sua mulher desencarna,
deixando-lhe dois filhos, um de 3 anos e outro de 1 ano. Este fato produziu em
Bezerra um abalo físico e moral.
Todas as glórias mundanas que havia conquistado tornaram-se aborrecidas. Não
tinha mais prazer de ler e escrever, suas duas maiores distrações e nada encontrava
que lhe fosse lenitivo a tamanha dor.
É porque Bezerra, quando na Faculdade, na convivência de seus colegas, na maioria
ateus, esquecera-se da sua crença católica que não fora firmada em uma fé
raciocinada. Apesar disso, continuava a crer em dois pontos da religião católica: a
crença em Deus e a existência da alma.
Um dia, um amigo seu lhe trouxe um exemplar da Bíblia, traduzido pelo padre
Pereira de Figueiredo. Bezerra tomou o livro sem o intuito de lê-lo, mas folheando-o
começou a ler e esqueceu-se nesta tarefa. Leu toda a Bíblia e percebeu que algo de
estranho se passava em seu interior. Quando acabou, tinha a necessidade de crer
novamente, mas não nesta crença imposta à fé, mas numa outra firmada na razão e
na consciência. Atirou-se então à leitura dos livros sagrados, com ardor e sede. Mas
havia sempre uma falha a que seu espírito reclamava.
Começaram a aparecer as primeiras notas espíritas no Rio de Janeiro. E, apesar de
ouvir sobre esta nova Doutrina, Bezerra repelia-a sem conhecê-la, pois temia que ela
perturbasse a paz que lhe trouxera ao espírito a sua volta à religião.
Um dia, porém, seu colega Dr. Joaquim Carlos Travassos, tendo traduzido o Livro dos
Espíritos de Allan Kardec, presenteou-o com este livro. E tal como acontecera com a
Bíblia, prendeu-se neste livro, lendo-o todo. Operou-se nele um fenômeno estranho.
Ele sabia que nunca havia lido qualquer obra espírita, no entanto, tudo o que lia não
era novo para seu espírito. Ele sentia como se já tivesse lido e ouvido tudo aquilo.
São as lembranças da alma.
Foi assim que Bezerra de Menezes tornou-se espírita." (FONTE: PORTAL DO
ESPÍRITO)

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09. EMMANUEL:
Emmanuel foi o inesquecível guia de Chico Xavier, durante o seu longo apostolado
mediúnico. Mostrou-se, em seu primeiro contato, dentro de raios luminosos em
forma de cruz e com a aparência de um bondoso ancião. Mais tarde, captado por
tintas mediúnicas, Emmanuel revelou-se um belo homem, ainda jovem, de porte
atlético (vide imagem de materialização, em Fotografias e Lembranças), andar elegante
e olhar encantador. Instado a revelar sua identidade, esquivou-se repetidas vezes,
alegando razões particulares e respeitáveis, afirmando, porém, ter sido, na sua
última passagem pelo Planeta, padre católico (Manuel da Nóbrega), desencarnado no
Brasil. (Chico Xavier, in "Emmanuel", 1938).
Veja mais sobre Nóbrega aqui.
Embora Chico Xavier tenha se iniciado no Espiritismo aos 17 anos, em 7 de maio de
1927 (fonte: FEB), apenas a partir de 1931 Emmanuel passou a guiar as suas mãos,
sendo para este, segundo suas próprias palavras, um "viajante muito educado
procurando domar um animal freado e irrequieto, afim de realizar uma longa
excursão". (Pinga-Fogo, Edicel).
Apesar de apontamentos seguidos sobre a rígida disciplina aplicada por Emmanuel
sobre Chico Xavier, este apenas teve sempre, sobre seu mentor, palavras de carinho
e gratidão. E uma profunda admiração também, perceptível nesta declaração:
"Solicitado para se pronunciar sobre esta ou aquela questão, notei-lhe sempre o mais
alto grau de tolerância, afabilidade e doçura, tratando todos os problemas com o
máximo respeito pela liberdade e pelas idéias dos outros." Ou então: "Emmanuel
tem sido para mim um verdadeiro pai na Vida Espiritual, pelo carinho com que tolera
as falhas, e pela bondade com que repete as lições que devo aprender. Em todos
estes anos de convívio estreito, quase diário, ele me traçou programas e horários de
estudo, nos quais a princípio até inclui datilografia e gramática, procurando
desenvolver os meus singelos conhecimentos de curso primário, em Pedro Leopoldo,
o único que fiz agora, no terreno da instrução oficial."
Emmanuel permaneceu ao lado de Chico até suas derradeiras horas no Planeta. O
médium morreu na noite de domingo, 30 de junho, aos 92 anos, de parada cardíaca,
na cidade de Uberaba, MG, e onde passou grande parte de sua vida.
É impossível falar em Espiritismo ou em Chico Xavier, principalmente, sem recordar
este grande Espírito que ao longo de várias e laboriosas décadas, consolidou a
Doutrina Espírita no Brasil. Foi através de múltiplos ensinamentos e mensagens, que
Emmanuel popularizou a Terceira Revelação sobre o solo brasileiro. Suas preciosas
lições e incansáveis recomendações ecoam até hoje, através de livros e lembranças,
a perpetuar um trabalho de imensurável valor e que se desenvolveu, certamente,
sob a direção direta do Cristo. ( ©2005-2006 Instituto André Luiz - Conforme Lei dos
Direitos Autorais nº 9.610, de 19.02.98. VEJA MAIS)

Mais sobre EMMANUEL, leia aqui.

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10. ANDRÉ LUIZ:


O ano de 1944 marca a estréia de André Luiz no mercado editorial espírita brasileiro,
revolucionando, de certo modo, a concepção geral acerca da vida pós-túmulo.
"Nosso Lar" descreve as atividades de uma cidade espiritual próxima à Terra, e
transforma-se em objeto de estudo, discussão e deslumbramento nos círculos
espíritas do país.
Portas até então cerradas se abrem de par em par, revelando vida e trabalho,
continuidade e justiça onde imperavam dúvidas e suposições.
Todos querem saber mais sobre o autor.
André Luiz não é o seu verdadeiro nome.
Dele sabe-se apenas que foi médico sanitarista, no século iniciante, e que exerceu
sua profissão no Rio de Janeiro, Brasil. Segundo suas próprias palavras, optou pelo
anonimato, quando da decisão de enviar notícias do além-túmulo, por compreender
que "a existência humana apresenta grande maioria de vasos frágeis, que não
podem conter ainda toda a verdade".
Declara Emmanuel, no prefácio de "Nosso Lar", que ele, "por trazer valiosas
impressões aos companheiros do mundo, necessitou despojar-se de todas as
convenções, inclusive a do próprio nome, para não ferir corações amados, envolvidos
ainda nos velhos mantos da ilusão."
Imensa curiosidade cerca a personalidade do benfeitor e aventam-se hipóteses, sem
que se chegue à sua real identidade.
André Luiz, no entanto, fiel ao desejo de servir sem láureas, e atento ao
compromisso com a verdade, prossegue derramando bênçãos em forma de livros,
sem curvar-se à curiosidade geral.
Importa o que tem a dizer, de espírito à espírito.
A vaidade do nome ou sagrações passadas já não encontram eco em seu coração
lúcido e enobrecido.
André Luiz foi, positivamente, dentre todos os Benfeitores que escreveram aos
encarnados o que manteve fidelidade maior aos postulados espíritas, notadamente à
Allan Kardec. O seu trabalho, no que concerne à forma e ao fundo, notabiliza-se em
tudo pelo respeito e lealdade mantidos, ao longo do tempo, ao Codificador e à
Codificação.
Por mais de quatro décadas, André Luiz trabalhou ativamente junto a Seara Espírita,
lhe exornando a excelência e clarificando caminhos.
Chico Xavier, o médium que serviu de "ponte", hoje desencarnado, não pode mais
oferecer mão segura à transmissão de seus ensinamentos luminosos.
Não sabemos se André Luiz retornará pela mão de outro médium.
Deste modo, resta apenas, aos espíritas e admiradores, o estudo de sua obra
magnífica, calando interrogações para ater-se às lições ministradas, de mente
despojada e coração agradecido.
Como ele, certamente, aguarda seja feito. (©1999-2005 Lori Marli dos Santos -
Instituto André Luiz. - Conforme Lei dos Direitos Autorais nº 9.610, de 19.02.98. VEJA
MAIS)

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11. FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER:


Francisco Cândido Xavier, ou Chico Xavier, foi o médium mais conhecido e
respeitado, por espíritas e não-espíritas, no Brasil e no exterior, e com maior tempo
de atividade mediúnica. Nascido na cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais, em 02
de Abril de 1910, desencarnou em Uberaba, aos 92 anos, no dia 30 de junho de
2002.
Iniciou-se no Espiritismo ao 17 anos. Auxiliado pelo irmão José Cândido Xavier,
fundou o Centro Espírita Luiz Gonzaga, em maio de 1927. Em 8 de julho do mesmo
ano, psicografou pela primeira vez, recebendo uma mensagem de 17 páginas, de um
Espírito Amigo, e que versava sobre Deveres Espíritas.
Mas José Xavier adoeceu, vindo a falecer em seguida, e o médium, sempre assediado
por multidões súplices e sofredoras e rodeado de amigos e admiradores, chegou a
trabalhar sozinho, por muito tempo, entre perseguições e preconceitos, por absoluta
falta de companheiros.
No final de 1931, conheceu Emmanuel, seu luminoso guia, e a partir daí iniciou-se o
que se pode chamar de "sublime ponte" entre o Céu e a Terra. Sob a sua orientação
espiritual, Chico Xavier psicografou milhares de páginas de instrução, educação e
consolo, ditadas por inúmeros Espíritos, e compiladas em quatrocentos e doze (412)
livros, sendo que o últimos foram "Traços de Chico Xavier", livro de poesias, em
1997, "Caminho Iluminado", do espírito Emmanuel, em 1998 e finalmente o último
livro, "Escada de Luz". Muitos destes livros, inclusive em braile, foram traduzidos
para línguas quais o inglês, o espanhol e o esperanto.
A renda da venda dos livros, uma admirável fortuna, foi, desde o início, totalmente
doada em favor de hospitais, asilos, orfanatos e outras Instituições Beneficentes,
vivendo Chico Xavier de seu parco salário de humilde funcionário público.
A máxima de Jesus: "Dai de graça o que de graça recebestes" foi o lema deste
formidável trabalhador cristão, no trato com o dinheiro havido de sua mediunidade
abençoada.
Mesmo doente e em idade avançada, compareceu, sempre que possível, aos
sábados à noite, no Grupo Espírita da Prece, para receber as centenas de pessoas
que se comprimiam no local, ansiosas por uma palavra de carinho, que ele tinha
sempre para todos, e por seu gesto de amor, uma característica especial: o beijo
terno nas mãos que o procuravam.
(Lori Marli dos Santos, Biografia exclusiva do Site Espírita André Luiz)

"A 30 de junho de 2002, por volta das 19h30, desencarnou em Uberaba o médium
mineiro Francisco Cândido Xavier, em meio às vibrações de alegria do povo brasileiro
pela conquista de mais um troféu mundial de futebol, como se o Plano Espiritual
Superior quisera, propositadamente, diluir as repercussões que a partida do médium,
por certo, viria causar em todos os segmentos da nossa sociedade. À medida que a
notícia da desencarnação se espalhava pela cidade, centenas de pessoas se dirigiam
para a casa do médium, de onde saiu o corpo, por volta das 23h, para ser velado no
Grupo Espírita da Prece, ali permanecendo por cerca de 48 horas para receber as
homenagens derradeiras do povo que ele tanto amou." (Fonte:Reformador
julho/2002 – Edição especial)

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12. DIVALDO PEREIRA FRANCO:


Divaldo nasceu em 05 de maio de 1927, em Feira de Santana na Bahia, onde cursou
a Escola Normal Rural, sem passar pelo ginásio, trabalhou como escriturário no
IPASE, em Salvador.
Seu curriculum vitae é fenomenal, que revela que ele é um educador com mais de
600 filhos e 200 netos, atendendo atualmente 3 mil crianças carentes por dia; o
orador com mais de 8.500 conferências, em mais de 1.000 cidades, em todo o Brasil
e em 52 países, concedendo mais de 1.100 entrevistas de rádio e TV e mais de 450
emissoras, e recebendo mais de 400 homenagens de instituições culturais, sociais,
religiosas e políticas.
Como médium, produziu 147 obras, traduções para 15 idiomas, com cerca de 4
milhões e meio de exemplares.
Sem dúvida trata-se de uma pessoa muito especial, que tem passado a vida
trabalhando pela causa do Evangelho e do ideal espírita nos preparativos para o
Terceiro Milênio. (Fonte: Site Divaldo Pereira Franco, biografia).

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13. MOVIMENTO ESPÍRITA:


O que é · Movimento Espírita é o conjunto das atividades que têm por objetivo
estudar, divulgar e praticar a Doutrina Espírita, contida nas obras básicas de Allan
Kardec, colocando-a ao alcance e a serviço de toda a Humanidade.
As atividades que compõem o Movimento Espírita são realizadas por pessoas,
isoladamente ou em conjunto, e por Instituições Espíritas.
Objetivos das Entidades e Órgãos Federativos e de Unificação do Movimento Espírita:
Promover o Estudo, a Difusão e a Prática da Doutrina Espírita, procurando:
Manter um constante contato com os Grupos, Centros e Sociedades Espíritas de sua
área territorial, objetivando conhecer suas atividades, suas realidades e suas
necessidades;
Manter um permanente trabalho de apoio aos Grupos, Centros e Sociedades
Espíritas de sua área de ação, procurando colaborar no atendimento a todas as suas
atividades e necessidades;
Promover e ajudar na criação, na formação e na organização de novos núcleos
espíritas, na área de sua responsabilidade;
Promover a união dos Grupos, Centros e Sociedades Espíritas e a unificação do
Movimento Espírita, em sua área de ação;
Promover e realizar reuniões periódicas dos Grupos, Centros e Sociedades Espíritas
de sua área de ação, propiciando a troca de informações e experiências relacionadas
com suas atividades, bem como a ajuda recíproca e a programação e realização de
atividades conjuntas;
Promover a união com as outras Entidades e Órgãos que lhe são congêneres de
outras áreas territoriais, com vistas à unificação do Movimento Espírita em geral;
Promover a realização de cursos, encontros, seminários, reuniões e demais
atividades, voltados ao trabalho de apoio ao Centro Espírita, à tarefa de difusão da
Doutrina Espírita e às atividades de unificação do Movimento Espírita (FONTE: Site da
Federação Espírita Brasileira).
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14. UNIFICAÇÃO ESPÍRITA:


O que é: Trabalho federativo e de unificação do Movimento Espírita é uma atividade-
meio que tem por objetivo fortalecer, facilitar, ampliar e aprimorar a ação do
Movimento Espírita em sua atividade-fim, que é a de promover o estudo, a difusão e
a prática da Doutrina Espírita.
O que realiza- Realiza um permanente contato com os Grupos, Centros ou
Sociedades Espíritas, promovendo a sua união e integração e colocando à disposição
dos mesmos, sugestões, experiências, trabalhos e programas de apoio de que
necessitem para suas atividades.
Como se estrutura - Estrutura-se pela da união dos Grupos, Centros ou Sociedades
Espíritas que, preservando a sua autonomia e liberdade de ação, conjugam esforços
e somam experiências, objetivando o permanente fortalecimento e aprimoramento
das suas atividades e do Movimento Espírita em geral.
Bezerra de Menezes - "No trabalho de unificação - O serviço de unificação em nossas
fileiras é urgente mas não apressado. Uma afirmativa parece destruir a outra. Mas
não é assim. É urgente porque define o objetivo a que devemos todos visar; mas não
apressado, porquanto não nos compete violentar consciência alguma.
Mantenhamos o propósito de irmanar, aproximar, confraternizar e compreender e, se
possível, estabeleçamos em cada lugar, onde o nome do Espiritismo apareça por
legenda de luz, um grupo de estudo, ainda que reduzido, da Obra Kardequiana, à luz
do Cristo de Deus.
A Doutrina Espírita possui os seus aspectos essenciais em configuração tríplice. Que
ninguém seja cerceado em seus anseios de construção e produção. Quem se afeiçoe
à ciência que a cultive em sua dignidade, quem se devote à filosofia que lhe
engrandeça os postulados e quem se consagre à religião que lhe divinize as
aspirações, mas que a base Kardequiana permaneça em tudo e todos, para que não
venhamos a perder o equilíbrio sobre os alicerces em que se nos levanta a
organização.
Ensinar, mas fazer; crer, mas estudar; aconselhar, mas exemplificar; reunir, mas
alimentar.
É indispensável manter o Espiritismo, qual foi entregue pelos Mensageiros Divinos a
Allan Kardec: sem compromissos políticos, sem profissionalismo religioso, sem
personalismos deprimentes, sem pruridos de conquista a poderes terrestres
transitórios.
Allan Kardec nos estudos, nas cogitações, nas atividades, nas obras, a fim de que a
nossa fé não se faça hipnose, pela qual o domínio da sombra se estabelece sobre as
mentes mais fracas, acorrentando-as a séculos de ilusão e sofrimento.
Seja Allan Kardec, não apenas crido ou sentido, apregoado ou manifestado, a nossa
bandeira, mas suficientemente vivido, sofrido, chorado e realizado em nossas
próprias vidas. Sem essa base é difícil forjar o caráter espírita-cristão que o mundo
conturbado espera de nós pela unificação.
Amor de Jesus sobre todos, verdade de Kardec para todos.
Bezerra de Menezes (Trechos da mensagem “Unificação”, Psic. F.C.Xavier –
Reformador, dez/1975)
FONTE: CEI - Conselho Espírita Internacional.

"Um dos maiores obstáculos capazes de retardar a propagação da Doutrina seria a


falta de unidade. O único meio de evitá-la, senão quanto ao presente, pelo menos
quanto ao futuro, é formulá-la em todas as suas partes e até nos mais mínimos
detalhes, com tanta precisão e clareza, que impossível se torne qualquer
interpretação divergente." ALLAN KARDEC, Obras Póstumas, Projeto 1868.
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15. ESPIRITISMO E O FUTURO:


Somente o Espiritismo, bem entendido e bem compreendido, pode tornar-se,
conforme disseram os Espíritos, a grande alavanca da transformação da
Humanidade. A experiência deve esclarecer-nos sobre o caminho a seguir.
Mostrando-nos os inconvenientes do passado, ela nos diz clara mente que o único
meio de serem evitados no futuro consiste em assentar o Espiritismo sobre as bases
sólidas de uma doutrina positiva que nada deixe ao arbítrio das interpretações. As
dissidências que possam surgir se fundirão por si mesmas na unidade principal que
se estabeleceria sobre as bases mais racionais, desde que essas bases sejam clara e
não vagamente definidas. Também ressalta destas considerações que essa marcha,
dirigida com prudência, representa o mais poderoso meio de luta contra os
antagonistas da Doutrina Espírita. Todos os sofismas quebrar-se-ão de encontro a
princípios aos quais a sã razão nada acharia para opor." ALLAN KARDEC, Obras
Póstumas, Projeto 1868.

"Para que a doutrina da vida futura doravante dê os frutos que se devem esperar, é
preciso, antes de tudo, que satisfaça completamente à razão; que corresponda à
idéia que se faz da sabedoria, da justiça e da bondade de Deus; que não possa ser
desmentida de modo algum pela Ciência. É preciso que a vida futura não deixe no
espírito nem dúvida, nem incerteza; que seja tão positiva quanto a vida presente,
que é a sua continuação, do mesmo modo que o amanhã é a continuação do dia
anterior. É necessário seja vista, compreendida e, por assim dizer, tocada com o
dedo. Faz-se mister, enfim, que seja evidente a solidariedade entre o passado, o
presente e o futuro, através das diversas existências.
Tal a idéia que da vida futura apresenta o Espiritismo, O que a essa idéia dá força é
que ela absolutamente não é uma concepção humana com o mérito apenas de ser
mais racional, sem contudo oferecer mais certeza do que as outras. Ë o resultado de
estudos feitos sobre os testemunhos oferecidos por Espíritos de dife¬rentes
categorias, nas suas manifestações, que permitiram se explorasse a vida
extracorpórea em todas as suas fases, desde o extremo superior ao extremo inferior
da escala dos seres. As peripécias da vida futura, por conseguinte, já não constituem
uma simples teoria, ou uma hipótese mais ou menos provável: decorrem de
observações. São os habitantes do mundo invisível que vêm, eles próprios, descrever
os seus respectivos estados e há situações que a mais fecunda imaginação não
conceberia, se não fossem patenteadas aos olhos do observador.
Ministrando a prova material da existência e da imortalidade da alma, iniciando-nos
em os mistérios do nascimento, da morte, da vida futura, da vida universal,
tornando-nos palpáveis as inevitáveis conseqüências do bem e do mal, a Doutrina
Espírita, melhor do que qualquer outra, põe em relevo a necessidade da melhoria
individual. Por meio dela, sabe o homem donde vem, para onde vai, por que está na
Terra; o bem tem um objetivo, uma utilidade prática. Ela não se limita a preparar o
homem para o futuro, forma-o também para o presente, para a sociedade.
Melhorando-se moralmente, os homens prepararão na Terra o reinado da paz e da
fraternidade.
A Doutrina Espírita é assim o mais poderoso elemento de moralização, por se dirigir
simultaneamente ao coração, à inteligência e ao interesse pessoal bem compreendido."
ALLAN KARDEC, Obras Póstumas, CREDO ESPÍRITA - Preâmbulo.

FUTURO DO ESPIRITISMO - "O Espiritismo é chamado a desempenhar imenso papel


na Terra. Ele reformará a legislação ainda tão freqüentemente contrária às leis
divinas; retificará os erros da História; restaurará a religião do Cristo, que se tornou,
nas mãos dos padres, objeto de comércio e de tráfico vil; instituirá a verdadeira
religião, a religião natural, a que parte do coração e vai diretamente a Deus, sem se
deter nas franjas de uma sotaina, ou nos degraus de um altar. Extinguirá para
sempre o ateísmo e o materialismo, aos quais alguns homens foram levados pelos
incessantes abusos dos que se dizem ministros de Deus, pregam a caridade com
uma espada em cada mão, sacrificam às suas ambições e ao espírito de dominação
os mais sagrados direitos da Humanidade." OBRAS PÓSTUMAS, 15 de abril de 1860,
Marselha; médium: Sr. Jorge Genouiflat; Comunicação transmitida pelo Sr. Brion
Dorgeval.

«O Espiritismo, avançando com o progresso, jamais será ultrapassado, porque, se novas


descobertas lhe demonstrarem que está em erro acerca de um ponto, ele se modificará nesse
ponto; se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.» ALLAN KARDEC (A Gênese, cap. 1 —
Caráter da Revelação Espírita.)

"O Espiritismo, na sua missão de Consolador, é o amparo do mundo neste século de


declives da sua História; só ele pode, na sua feição de Cristianismo redivivo, salvar
as religiões que se apagam entre os choques da força e da ambição, do egoísmo e
do domínio, apontando ao homem os seus verdadeiros caminhos.
No seu manancial de esclarecimentos, poder-se-á beber a linfa cristalina das
verdades consoladoras do Céu, preparando-se as almas para a nova era.
São chegados os tempos em que as forças do mal serão compelidas a abandonar as
suas derradeiras posições de domínio nos ambientes terrestres, e os seus últimos
triunfos são bem o penhor de uma reação temerária e infeliz, apressando a
realização dos vaticínios sombrios que pesam sobre o seu império perecível.
Ditadores, exércitos, hegemonias econômicas, massas versáteis e inconscientes,
guerras inglórias, organizações seculares, passarão com a vertigem de um pesadelo.
A vitória da força é uma claridade de fogos de artifício.
Toda a realidade é a do Espírito e toda a paz é a do entendimento do reino de Deus e
de sua justiça.
O século que passa efetuará a divisão das ovelhas do imenso rebanho. O cajado do
pastor conduzirá o sofrimento na tarefa penosa da escolha e a dor se incumbirá do
trabalho que os homens não aceitaram por amor.
Uma tempestade de amarguras varrerá toda a Terra. Os filhos da Jerusalém de todos
os séculos devem chorar, contemplando essas chuvas de lágrimas e de sangue que
rebentarão das nuvens pesadas de suas consciências enegrecidas.
Condenada pelas sentenças irrevogáveis de seus erros sociais e políticos, a
superioridade européia desaparecerá para sempre, como o Império Romano,
entregando à América o fruto das suas experiências, com vistas à civilização do
porvir.
Vive-se agora, na Terra, um crepúsculo, ao qual sucederá profunda noite; e ao século
20 compete a missão do desfecho desses acontecimentos espantosos.
Todavia, os operários humildes do Cristo ouçamos a sua voz no âmago de nossa
alma:
"Bem-aventurados os pobres, porque o reino de Deus lhes pertence!
Bem-aventurados os que têm fome de justiça, porque serão saciados!
Bem-aventurados os aflitos, porque chegará o dia da consolação! Bem-aventurados
os pacíficos, porque irão a Deus!"
Sim, porque depois da treva surgirá uma nova aurora. Luzes consoladoras envolverão
todo o orbe regenerado no batismo do sofrimento. O homem espiritual estará unido ao
homem físico para a sua marcha gloriosa no Ilimitado, e o Espiritismo terá retirado dos
seus escombros materiais a alma divina das religiões, que os homens perverteram,
ligando-as no abraço acolhedor do Cristianismo restaurado.
Trabalhemos por Jesus, ainda que a nossa oficina esteja localizada no deserto das
consciências.
Todos somos dos chamados ao grande labor e o nosso mais sublime dever é
responder aos apelos do Escolhido.
Revendo os quadros da História do mundo, sentimos um frio cortante neste
crepúsculo doloroso da civilização ocidental. Lembremos a misericórdia do Pai e
façamos as nossas preces. A noite não tarda e, no bojo de suas sombras compactas,
não nos esqueçamos de Jesus, cuja misericórdia infinita, como sempre, será a
claridade imortal da alvorada futura, feita de paz, de fraternidade e de redenção.
EMMANUEL, "A Caminho da Luz", final)

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