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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

IAGO AREAS CAZOTTO

LEANDRO CASSA MACEDO

RAFAEL RODRIGUES MÉDICI

PROJETO DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS

Vitória

2018
1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

IAGO AREAS CAZOTTO

LEANDRO CASSA MACEDO

RAFAEL RODRIGUES MÉDICI

PROJETO DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS

Projeto apresentado à disciplina


Resistência dos Materiais I do
departamento de Engenharia Mecânica da
Universidade Federal do Espirito Santo
como requisito parcial de avaliação.

Orientador: Dr. Guilherme Fabiano


Mendonça dos Santos

Vitória

2018
2

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 4

2 MOTIVAÇÃO ................................................................................................... 5

3 DESENHO TÉCNICO SIMPLIFICADO ........................................................... 6

4 INTRODUÇÃO TEÓRICA ............................................................................... 8

4.1 ABNT NR 17.3 .......................................................................................... 8

4.2 Centroides, Momento e produto de inércia ............................................... 9

4.3 Equilíbrios de força e momento ................................................................ 9

4.4 Tensões .................................................................................................. 10

4.5 Deformações .......................................................................................... 10

4.6 Flexão ..................................................................................................... 11

4.7 Cisalhamento .......................................................................................... 12

4.8 Transformação de tensão ....................................................................... 13

4.9 Fator de Segurança ................................................................................ 14

5 METODOLOGIA............................................................................................ 15

6 CONSIDERAÇÕES ....................................................................................... 16

6.1 Banco...................................................................................................... 16

6.2 Cabo de Aço ........................................................................................... 16

6.3 Materiais ................................................................................................. 16

6.4 Seção transversal ................................................................................... 17

6.5 Condições climáticas .............................................................................. 20

6.6 Distribuição de esforços.......................................................................... 21

7 CÁLCULOS ................................................................................................... 22

7.1 Análise preliminar do sistema ................................................................. 22

7.1.1 Ângulos, carregamento por próprio peso ......................................... 22

7.1.2 Momento de Inércia.......................................................................... 23


3

8 MAPA CONCEITUAL .................................................................................... 25

9 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS ..................................................................... 25

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 27
4

1 INTRODUÇÃO

Neste projeto serão abordados os conteúdos lecionados na disciplina de


Resistência dos Materiais I na forma de estudo de caso. A análise do
equipamento partirá da modelagem física do complexo mecânico, e utilizará das
relações construtivas para os cálculos de esforços requisitantes. Tais resultados
colaborarão para a análise de engenharia da viabilidade mecânica do aparelho.

O objeto de estudo será um equipamento de academia chamado Supino Vertical,


também conhecido como Supino 90°, que tem a função de fornecer ao usuário
um melhor condicionamento ao grupamento do peitoral juntamente com alguns
membros pêndulos superiores.

Serão feitas considerações a partir de modelos simplificados para a aplicação da


teoria. Vale ressaltar que as considerações, como a escolha dos materiais e
dimensões serão realizadas tanto a partir de conhecimentos adquiridos nas
aulas como a partir da orientação de fabricantes do equipamento em análise. Em
adição, este projeto auxiliará a compreensão do processo de seleção de
materiais, visto que os valores adotados para os cálculos procederão,
preferencialmente, de fichas técnicas e tabelas provisionadas pelos
fornecedores.
5

2 MOTIVAÇÃO

O supino vertical é habitualmente utilizado no intuito de desenvolver a


coordenação motora em simultâneo ao estímulo dos músculos peitorais. Este
exercício, quando executado na máquina, promove o mesmo tipo de movimento
e amplitude que o tradicional supino com barra livre, mas com o diferencial da
maior segurança. Esta variação é ideal para pessoas idosas e iniciantes devido
ao fato de sua construção guiar o movimento dos braços e, portanto, garantir a
correta prática do exercício.

Sabendo da importância da prevenção de uma falha que pode lesar um


esportista e entendendo que a compatibilidade de corpo e máquina é uma
requisição fundamental para aparelhos de academia; é imprescindível que os
conhecimentos de engenharia sejam aliados aos de educação física para a
garantia da integridade dos atletas. Atentando também para a ausência uma
norma regulamentadora nacional da construção de equipamentos de treino
estacionário (contrário ao que ocorre para os países que adotam a ISO 20957),
este estudo procura conhecer mais a fundo os possíveis modos de falha e fator
de segurança de um dos vários equipamentos disponíveis em academias para a
prática de musculação.
6

3 DESENHO TÉCNICO SIMPLIFICADO

Nessa seção, serão apresentadas imagens ilustrativas e também uma


esquematização 2D do projeto. Ao final, no relatório final será feito uma
esquematização do equipamento analisado em 3D produzidas no Solid Edge,
juntamente com algumas implicações adotadas neste projeto. Dimensões em
centímetros exceto onde indicado ao contrário.

Figura 01 – Imagens Ilustrativas do equipamento

Figura 02 – Torre de pesos

9 pesos de 10kg
7

Figura 03 – Vista lateral simplificada (supressão da torre)


8

4 INTRODUÇÃO TEÓRICA

4.1 ABNT NR 17.3


Esta norma regulamentadora fala sobre a ergonomia. Como já citado, não há
normatização nacional quanto à fabricação de equipamentos de musculação.
Dessa forma, as normativas ABNT NR 17.3.1 e 17.3.2 servirão de base para os
parâmetros de segurança do equipamento em estudo, de forma que onde é
mencionado trabalhador entende-se como o usuário que executa o movimento.

Nas normativas mencionadas, é pontuado que todo trabalho, quando realizado


sentado, deve possuir o local planejado para esta posição, e também oferecer
para o usuário condições de boa postura, visualização e operação, além de
atender requisitos mínimos como:

1. Ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o


tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de
trabalho e com a altura do assento;
2. Ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador;
3. Ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e
movimentação adequados dos segmentos corporais.

Além disso os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos
seguintes requisitos mínimos de conforto:

1. Altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida;


2. Características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento;
3. Borda frontal arredondada;
4. Encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região
lombar.

Portanto, o equipamento em questão atende às recomendações previstas na


norma. Os cálculos a serem desenvolvidos e apresentados durante o projeto
resultarão em uma base para um estudo de possíveis falhas mecânicas e uma
aproximação de como aumentar a confiabilidade do equipamento.
9

4.2 Centroides, Momento e produto de inércia


Segundo Beer (2012) o centroide é um ponto onde as coordenadas indicam o
centro geométrico do elemento, e é determinada pelas fórmulas a seguir:

∫𝐴 𝑦 𝑑𝐴 ∫𝐴 𝑥 𝑑𝐴
𝑦= 𝑥=
∫𝐴 𝑑𝐴 ∫𝐴 𝑑𝐴

O momento de inércia é a integração sobre a secção da viga do produto de cada


elemento da área pelo quadrado de sua distância do eixo.

𝐼𝑦 = ∫ 𝑥² 𝑑𝐴 𝐼𝑥 = ∫ 𝑦² 𝑑𝐴
𝐴 𝐴

O produto de inércia é a integração do seu domínio do produto de cada elemento


da área pelo produto de sua coordenada x e y.

𝐼𝑥𝑦 = ∫ 𝑥𝑦 𝑑𝐴
𝐴

Onde:

𝑥̅ : a coordenada x do centro de área do elemento;

𝑦̅: a coordenada y do centro de área do elemento;

𝑥: a distância do centroide até o eixo y;

𝑦: a distância do centroide até o eixo x;

4.3 Equilíbrios de força e momento


O estudo de equilíbrio de força e momento é de suma importância para o
desenvolvimento desse projeto, onde serão encontradas as reações internas
causadas por forças externas no material estudado. Segundo Beer (2012) as
equações de equilíbrio são:

∑ 𝐹𝑥 = 0 ∑ 𝐹𝑦 = 0 ∑ 𝑀𝑂 = 0
10

4.4 Tensões
Hibbeler (2010) definiu que a tensão é uma intensidade da força interna sobre
um plano específico, ou seja, uma carga finita dividida igualmente para toda área
da secção. Serão usadas a tensão normal (𝜎) e a tensão de cisalhamento (𝜏).

A tensão normal é a intensidade da força que age perpendicular à área da


secção, e a tensão cisalhante é a intensidade da força que age tangente à área
da secção. Logo, as equações fornecidas por Hibbeler (2010) são:

∆𝐹
𝜎 = lim
∆𝐴→0 ∆𝐴

∆𝐹
𝜏 = lim
∆𝐴→0 ∆𝐴

Onde:

𝜎: tensão normal;

𝜏: tensão cisalhante;

4.5 Deformações
De acordo com Hibbeler (2010) a deformação é variação de forma e tamanho do
elemento, essas alterações acontecem devido às propriedades e características
do elemento, e a carga aplicada no mesmo. Temos que tomar cuidado quanto à
deformação de um material, pois se a deformação for exagerada haverá o
rompimento, assim causando um acidente não desejável.

A deformação elástica de um elemento é causada por uma carga axial, ou seja,


o elemento irá sofre uma deformação de tração (elemento alongado) ou uma
deformação de compressão (elemento comprimido). Logo a equação fornecida
por Hibbeler (2010):

𝐿
𝑃(𝑥) 𝑑𝑥
𝛿=∫
0 𝐴(𝑥)𝐸

Em que:

𝛿: deslocamento de um ponto na barra relativo a outro ponto;


11

𝐿: distância original entre os pontos;

𝑃(𝑥): força axial interna na secção, localizada a distância x de uma extremidade;

𝐴(𝑥): área da secção transversal da barra, expressa em função de x.

𝐸: módulo de elasticidade para o material;

A deformação térmica é causada pela propriedade do material denominada


coeficiente linear de expansão térmica. Se o material for homogêneo e isotrópico
o valor dessa deformação pode ser calculada pela fórmula fornecida por Hibbeler
(2010).

𝐿
𝛿𝑇 = ∫ 𝛼 ∆𝑇 𝑑𝑥
0

No qual:

𝛼: coeficiente linear de expansão térmica;

∆𝑇: variação na temperatura do elemento;

𝛿𝑇 : variação do comprimento do elemento;

4.6 Flexão
Hibbeler (2010) define flexão como a deformação de um elemento em uma
direção perpendicular ao seu eixo longitudinal. O momento fletor no elemento é
o esforço que causa a flexão.

Quando a flexão ocorre, um dos lados sofre deformação por tração e o outro por
compressão.

O eixo neutro é um fator importante para o cálculo da tensão quando ocorre


flexão. O momento de inércia da área transversal é calculado em torno do
mesmo. Assim a formula para tensão máxima do elemento é:

𝑀𝑐
𝜏𝑚á𝑥 =
𝐼

No qual:

𝑀: Momento interno resultante em torno do eixo neutro;


12

𝑐: Distância perpendicular e mais afastada do eixo neutro;

𝐼: Momento de inércia em torno do eixo neutro;

Pode ocorrer que em um elemento o momento aplicado não esteja alinhado com
um dos eixos, estando inclinados em relação a eles. Assim devemos decompor
esse momento e fazer um cálculo de tensão normal resultante.

𝑀𝑧 𝐼𝑦 + 𝑀𝑦 𝐼𝑦𝑧 𝑀𝑦 𝐼𝑧 + 𝑀𝑧 𝐼𝑦𝑧
𝜎𝑥𝑥 = ± 2 𝑦± 𝑧
𝐼𝑦 𝐼𝑧 − 𝐼𝑦𝑧 𝐼𝑦 𝐼𝑧 − 𝐼𝑦𝑧 2

Onde:

𝑀𝑦 , 𝑀𝑧 : componentes do momento interno direcionado no eixo Y e Z;

𝐼𝑦 , 𝐼𝑧 : Momentos principais de inércia em torno do eixo Y e Z;

𝐼𝑦𝑧 : produto de inércia em torno do eixo Y e Z;

𝑦, 𝑧: coordenadas do ponto em relação aos eixos principais com origem no


centroide da área da secção transversal;

𝜎𝑥𝑥 : tensão normal resultante;

4.7 Cisalhamento
Hibbeler (2010) define que cisalhamento é uma deformação causada por uma
distribuição de tensão cisalhante transversal que age sobre a área de secção
transversal. Portanto como é uma distribuição, cada ponto do elemento tem um
valor de tensão de cisalhamento. Essa tensão é calculada pela fórmula;

𝑉𝑄
𝜏=
𝐼𝑡

Em que:

𝑉: Força cortante interna resultante;

𝑄: ∫𝐴′ 𝑦 𝑑𝐴′ = 𝑦𝐴′ , onde 𝐴′ é a área superior ou inferior da linha onde passa pelo
ponto desejado e 𝑦̅ é à distância do eixo neutro até o centroide da área de 𝐴′;

𝐼: Momento de inércia da secção do elemento em relação ao eixo neutro;


13

𝑡: largura da área 𝐴′ onde passa pelo ponto desejado;

Seguindo a definição de Hibbeler (2010), parede fina é a razão entre a largura e


espessura, essa razão é igual a 10. Para tubos de parede fina a tensão de
cisalhamento tem um torque invés de uma cortante agindo no elemento. Logo
sua tensão de cisalhamento médio:

𝑇
𝜏=
2𝑡𝐴𝑚

Onde:

𝑇: torque interno resultante na secção transversal;

𝑡: espessura do tubo onde a tensão deve ser determinada;

𝐴𝑚 : área média contida no contorno da linha central da espessura do tubo;

4.8 Transformação de tensão


A transformação de tensão é estudada na engenharia em um plano, onde há três
componentes que agem no mesmo. Segundo Hibbeler (2010) essas
componentes são as tensões normais principais e a tensão cisalhante. Porém
nem sempre temos essas tensões principais nas direções principais, pois o
elemento está rotacionado. Logo as fórmulas para encontrar essas tensões são:

𝜎𝑥 + 𝜎𝑦 𝜎𝑥 − 𝜎𝑦
𝜎𝑥′ = + cos 2𝜃 + 𝜏𝑥𝑦 sin 2𝜃
2 2

𝜎𝑥 + 𝜎𝑦 𝜎𝑥 − 𝜎𝑦
𝜎𝑦′ = − cos 2𝜃 − 𝜏𝑥𝑦 sin 2𝜃
2 2

𝜎𝑥 − 𝜎𝑦
𝜏𝑥′𝑦′ = − sin 2𝜃 + 𝜏𝑥𝑦 cos 2𝜃
2

𝜏𝑥𝑦
tan 2𝜃𝑝 =
(𝜎𝑥 − 𝜎𝑦 )/2
14

No qual:

𝜎𝑥 , 𝜎𝑦 : tensões principais dos eixos x e y;

𝜏𝑥𝑦 : tensão cisalhante perpendicular aos eixos x e y;

𝜎𝑥′ , 𝜎𝑦′ : tensões principais dos eixos x’ e y’;

𝜏𝑥′𝑦′ : tensão cisalhante perpendicular aos eixos x’ e y’;

Segundo Beer (2012) há um método gráfico para representar essas tensões.


Proposto por Otto Mohr (1835-1918), esse método é conhecido como círculo de
Mohr. Esse método gráfico demonstra melhor a visualização do que está
ocorrendo no elemento, onde seus eixos são tensão normal na abscissa e tensão
cisalhante na ordenada.

𝜎𝑥 + 𝜎𝑦
𝜎𝑚é𝑑 =
2

𝐶 = (𝜎𝑚é𝑑 , 0)

𝜎𝑥 − 𝜎𝑦 2
𝑅 = √( 2
) + 𝜏𝑥𝑦
2

Onde:

𝐶: centro do círculo;

𝑅: raio do círculo;

𝜎𝑚é𝑑 : tensão média do elemento;

4.9 Fator de Segurança


Hibbeler (2010) define fator de segurança sendo a razão entre a tensão de
ruptura e a tensão admissível, ou seja, quanto maior for esse valor, mais
confiável é o projeto ou o elemento de análise.

𝜎𝑟𝑢𝑝
𝐹𝑆 =
𝜎𝑎𝑑𝑚

𝜏𝑟𝑢𝑝
𝐹𝑆 =
𝜏𝑎𝑑𝑚
15

Onde:

𝜎𝑟𝑢𝑝 , 𝜏𝑟𝑢𝑝 : tensão de ruptura do material determinada por ensaios experimentais;

𝜎𝑎𝑑𝑚 , 𝜏𝑎𝑑𝑚 : tensão admissível do projeto;

5 METODOLOGIA

Após estabelecer o tema deste projeto, foram realizadas pesquisas acerca dos
modelos comerciais de supino vertical, a fim de melhorar a visualização do
funcionamento da plataforma de exercícios. Assim, com o auxílio da norma ISO
20957 e do monitor, pôde-se estabelecer parte das condições do caso para o
estudo e análise de requisições.

Em seguida, ao encontrar o equipamento em serviço, foi possível coletar as


informações de dimensionamento de cada haste, assim como posição de
trabalho e disposição geométrica.

Alicerçado na bibliografia disponível e com a colaboração da SICKERT, empresa


especializada na fabricação de equipamentos de academia, foi possível
dimensionar ambos os pinos, cabos e seção transversal do perfil construtivo.
Uma série de materiais foi indicada, bem como os fornecedores, para que a
seleção fosse feita da forma mais próxima à recorrente no mercado.
Posteriormente, após o contato com a GERDAU, fornecedora de aços indicada
pela SICKERT, e munidos das fichas técnicas dos aços disponíveis, foi possível
definir tanto a geometria básica utilizada na confecção das hastes, como a
especificação do metal mais indicado para suportar a tensão de trabalho.

Com estas propriedades bem definidas, está sendo discutido as forças que agem
em cada parte da estrutura, como forças de reação e carregamentos do peso.
Assim, posteriormente aplicaremos o método das seções, para gerar os gráficos
referentes ao momento fletor e força cortante ao longo de cada barra, a fim de
se analisar o ponto mais crítico.

Ao selecionar o ponto crítico de cada haste, é possível estimar as tensões


cisalhantes e axiais, de modo a construir o tensor de tensões e calcular as
16

tensões principais para determinar as tensões axiais máximas. Por fim, essa
tensão comparada com a encontrada nas bibliografias, será possível estimar o
valor do fator de segurança aplicado a este projeto.

6 CONSIDERAÇÕES

Visto que é rotineira a adoção do supino vertical como equipamento principal da


prática de supino em várias academias, é interessante que esta plataforma seja
analisada em suas condições de trabalho, onde o atleta fica sentado com coluna
ereta, mantendo os cotovelos elevados à altura da empunhadura e,
consequentemente, perpendicular à alavanca. O modelo estudado será baseado
na plataforma SICKERT SKT 7046, cuja a construção será parcialmente
simplificada para efeitos de cálculo e suportando um atleta de aproximadamente
140 quilogramas (Caso de carregamento crítico).

6.1 Banco
O peso do atleta será distribuído no banco de maneira uniforme. Outra
consideração é uma distribuição triangular no apoio para as costas, conforme
visualizado no tópico 6.6. Dessa forma, representa de maneira mais eficiente a
reação provocada pela execução do movimento, uma vez que a carga é resistida
com maior intensidade próximo aos braços do atleta na aplicação da força na
máquina.

6.2 Cabo de Aço


Será considerado ao longo deste projeto um cabo de aço de 5 mm de diâmetro
maciço, visto que para fins de cálculo teria pouca diferença em adotar o cabo de
aço com a estrutura com alma, como é realmente é visto.

6.3 Materiais
Para o perfil do supino vertical em diferentes seções foi selecionado o aço
estrutural indicado pela empresa Sickert. O aço 1020 é um material que possui
excelente relação custo-benefício, possuindo ainda boas condições de
conformabilidade e soldabilidade.
17

Tabela 01 - Especificações do aço 1020

Espessura Peso Tensão de Resistência à Alongamento


(mm) específico Escoamento tração Rm A5
(g/cm³) Rp0.2 (min Mpa) (min %)
( MPa)
3.0 – 5.0 7,87 350 420 15
Fonte: Disponível em: https://www.materiais.gelsonluz.com/2017/10/aco-sae-1020-
propriedades-mecanicas.html

Já para os pinos utilizados nas juntas dos bancos e das cargas do equipamento,
será considerado o aço do tipo SAE 1045 cujos diâmetros são equivalentes a 8
mm, uma vez que de acordo com o Guia do Aço – Arcelor Mittal (2013), possui
média resistência e é utilizado em engrenagens, virabrequins e outros. As
propriedades deste material seguem abaixo. Vale ressaltar que foram utilizadas
as propriedades do material sem tratamento térmico.

Tabela 02 – Especificações do aço SAE 1045

Densidade Limite de Resistência a Alongamento Redução de


(kg/m³) escoamento tração base de área (%)
(MPa) (MPa) medida de 50
mm (%)
7870 450 585 16 40
Fonte: Disponível em: http://www.materiais.gelsonluz.com/2017/10/aco-sae-1045-
propriedades-mecanicas.html.

6.4 Seção transversal


As seções definidas abaixo são tipo retangular vazado, fazendo-se necessário
ser desconsiderados os acúmulos de tensões nas quinas, presentes em perfis
de quinas arredondadas fabricados por dobramento de chapas. Dessa forma, as
seções transversais do perfil são:
18

Figura 04- Discriminação das hastes

Para as barras ̅̅̅̅


𝐴𝐵 , ̅̅̅̅
𝐶𝐷 e ̅̅̅̅
𝐸𝐹

Figura 05- Seção transversal 1


19

̅̅̅̅
Para a barra 𝐵𝐹

Figura 06- Seção transversal 2

Para as demais barras estruturais

Figura 07- Seção transversal 3


20

6.5 Condições climáticas


Visto que o trabalho será feito na temperatura ambiente, a dilatação térmica do
material será irrelevante quando comparado com a distorção gerada por outras
forças.

Para que isso seja considerado como uma hipótese razoável, vamos calcular a
dilatação térmica causada pela variação de 10ºC, que é o que aconteceria na
temperatura ambiente no passar de um dia completo.

Dessa forma, segundo Hibbeler (2010), o coeficiente de dilatação linear para


aços estruturais equivale a 𝛼 = 12 ∗ 10−6 °𝐶 −1 . Logo, a partir da equação para
a dilatação térmica fornecida por Hibbeler (2010), têm-se que:

𝐿
𝛿𝑇 = ∫ 𝛼∆𝑇𝑑𝑥
0

Uma vez que o material é ideal, ou seja, uniforme ao longo do comprimento,


podemos simplificar a equação acima de forma a obter:

𝛿𝑇 = 𝛼∆𝑇𝐿

No qual “L” representa o comprimento da haste (equivalente a 1,50 metros para


a maior haste) e ∆𝑇 a variação de temperatura. Assim: 𝛿𝑇 = 1,8 ∗ 10−4 𝑚. Ao
passo que a dilatação é irrisória quando comparada ao comprimento da barra,
optou-se por desconsiderá-la.
21

6.6 Distribuição de esforços

Para a conveniência dos cálculos os esforços externos distribuídos e


concentrados estão dispostos no croqui abaixo:

Figura 08- Croqui e distribuição de esforços externos

Vale dizer que o carregamento distribuído devido ao próprio peso da seção


transversal é suprimido para evitar a poluição do croqui
22

7 CÁLCULOS

7.1 Análise preliminar do sistema

7.1.1 Ângulos, carregamento por próprio peso


Para os cálculos, deve-se ter em mente que os valores base são adquiridos a
partir do estudo do sistema mecânico com definição arbitrária de parte das
grandezas, já que o estudo de caso avalia um equipamento já existente.

Estas grandezas, representadas esquematicamente no desenho no tópico 6.6,


serão importantes para a análise de esforços normal e cortante.

Para descobrir o valor da carga distribuída “𝐾(𝑥)”, referente ao peso da própria


barra de perfil pelo seu comprimento, deve-se utilizar do valor da densidade do
aço, 𝜌𝑎ç𝑜 , e da área da seção transversal, 𝐴∎ .

Calculando a área, temos:

𝐴∎ = 𝐵 ∗ 𝐻 − 𝑏 ∗ ℎ

Onde temos em um perfil vazado a diferença da área externa pela interna.

Por consequência,

𝐾(𝑥) = 𝜌𝑎ç𝑜 ∗ 𝐴∎ ∗ 𝑔 = 𝐴∎ ∗ 77204,7 𝑁/𝑚

Agora, para os ângulos desconhecidos, define-se por aproximação sobre os


valores da posição dos pontos evidenciados em vermelho no desenho
esquemático.
23

Figura 09- Desenho esquemático discriminação de ângulos

7.1.2 Momento de Inércia


Partindo das seções do tópico 6.4, têm-se respectivamente à ordem disposta:

̅̅̅̅ , 𝐶𝐷
Valendo para as barras 𝐴𝐵 ̅̅̅̅ e 𝐸𝐹
̅̅̅̅ :

Tabela 03 – Cálculo do Momento de Inércia da área externa

Largura (mm) Altura (mm) 𝐼𝑍 (mm4) 𝐼𝑌 (mm4)


50 65 1,1442E+06 6,7708E+05

Tabela 04 – Cálculo do Momento de Inércia da área interna

Largura (mm) Altura (mm) 𝐼𝑍 (mm4) 𝐼𝑌 (mm4)


40 55 5,5458 E+05 2,9333E+05

Dessa forma, o momento de inércia total será a subtração entre os mesmos.


Portanto 𝐼𝑍 = 5,897 ∗ 105 𝑚𝑚4 , 𝐼𝑌 = 3,837 ∗ 105 𝑚𝑚4 e 𝐼𝑌𝑍 = 0 devido à simetria
do perfil escolhido.
24

̅̅̅̅, têm-se:
Para a barra 𝐹𝐵

Tabela 05 – Cálculo do Momento de Inércia da área externa

Largura (mm) Altura (mm) 𝐼𝑍 (mm4) 𝐼𝑌 (mm4)


65 65 1,4875E+06 1,4875E+06

Tabela 06 – Cálculo do Momento de Inércia da área interna

Largura (mm) Altura (mm) 𝐼𝑍 (mm4) 𝐼𝑌 (mm4)


55 55 7,6255E+05 7,6255E+05

Dessa forma, o momento de inércia total será a subtração entre os mesmos.


Portanto 𝐼𝑍 = 7,25 ∗ 105 𝑚𝑚4 , 𝐼𝑌 = 7,25 ∗ 105 𝑚𝑚4 e 𝐼𝑌𝑍 = 0 devido à simetria do
perfil escolhido.

Para as demais barras estruturais, têm-se:

Tabela 07 – Cálculo do Momento de Inércia da área externa

Largura (mm) Altura (mm) 𝐼𝑍 (mm4) 𝐼𝑌 (mm4)


51 51 5,6376E+05 5,6376E+05

Tabela 08 – Cálculo do Momento de Inércia da área interna

Largura (mm) Altura (mm) 𝐼𝑍 (mm4) 𝐼𝑌 (mm4)


35 35 1,2505E+5 1,2505E+5

Dessa forma, o momento de inércia total será a subtração entre os mesmos.


Portanto 𝐼𝑍 = 4,387 ∗ 105 𝑚𝑚4 , 𝐼𝑌 = 4,387 ∗ 105 𝑚𝑚4 e 𝐼𝑌𝑍 = 0 devido à simetria
do perfil escolhido.
25

8 MAPA CONCEITUAL
26

9 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
O projeto da disciplina está proporcionando um aprendizado mais abrangente,
de modo que, adquirimos um conhecimento prático da matéria com situações
reais da engenharia.

A metodologia empregada permitiu a compreensão mais ampla da teoria


aplicada dentro da sala de aula lecionadas até agora. Desta forma, foi criada
uma maior autonomia para pesquisas, definição de hipóteses e elaboração do
projeto, pelos integrantes do grupo.

Embora possa ter nos demandado um esforço maior no decorrer do período,


este estudo tornou-se um grande desafio e incentivo para todo o grupo
compreender a matéria.

Além disso, embora o projeto tratasse, inicialmente, da disciplina de Resistência


dos Materiais I, constatamos que diversas outras matérias estão envolvidas. Ao
longo da realização do projeto parcial recorremos as matérias que já foram
lecionadas anteriormente no curso como: Mecânica II, Princípios das Ciências
dos Materiais, Desenho Técnico; esta interdisciplinaridade proporcionou uma
integração maior entre os conteúdos já ministrados ao longo do curso, disciplinas
estas que são muito fragmentadas e que parecem, por hora, pouco relacionadas.
Não bastasse as matérias relacionadas à mecânica, também se fizeram
necessários conhecimentos básicos de educação física e normativas, o que
permitiu a avaliação de uma situação mais coerente com a realidade.

Até o desenvolvimento final, esperamos obter uma análise crítica do supino


vertical e dos seus componentes. Dessa forma, desenvolver a noção de
influência e atuação de um engenheiro no mercado de projetos.
27

REFERÊNCIAS

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NR 17.3. Disponível


em: <http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr17.htm >. Acesso em: 06
de outubro de 2018.

BEER, Ferdinand et al. Mecânica Vetorial para Engenheiros: ESTÁTICA. 9.


ed. São Paulo: AMGH Editora Ltda, 2012.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 18 - Condições e meio


ambiente de trabalho na indústria da construção. Brasília: Ministério do
Trabalho e Emprego, 2015. Disponível em:
<http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR18/NR18atualizada201
5.pdf >. Acesso em: 28 de abril de 2018.

HIBBELER, Russel Charles. Resistência dos materiais. – 7ª ed. São Paulo,


SP: Pearson Prentice Hall, 2010.

JR CALLISTER, William D.; RETHWISCH, David G. Ciência e Engenharia de


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