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CONTABILIDADE PÚBLICA

INTRODUÇÃO

Mudanças e Transformações na Contabilidade Brasileira


A Contabilidade brasileira, em especial, a aplicada ao setor público, passa por um momento de
profundas mudanças e
transformações.

Para o setor privado foi Aprovada, em 28 de dezembro de 2007, a Lei no 11.638, que altera e revoga
dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no .385, de 7 de dezembro de
1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração edivulgação de
demonstrações financeiras.

Para a Contabilidade Aplicada ao Setor Público, o Conselho Federal de Contabilidade – CFC editou
a Resolução nº. 1.111/07, que aprova o Apêndice II da Resolução CFC nº.
750/93, objetivando um maior esclarecimento sobre o conteúdo e abrangência dos Princípios
Fundamentais de Contabilidade sob a perspectiva do Setor Público.
Posteriormente foi editada a Portaria nº. 184/08, pelo Ministério da Fazenda, que dispõe sobre as
diretrizes a serem observadas no setor público quanto aos procedimentos, práticas, elaboração e
divulgação das demonstrações contábeis, de forma a torná-las convergentes com as Normas
Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público.

Nestas condições, em 21 de novembro de 2008, o Conselho Federal de Contabilidade - CFC


aprovou 10 (dez) Normas de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público, de forma
obrigatória para os fatos ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2010.

Normas Brasileiras de Contabilidade Aprovadas-NBC

16.1 – Conceituação, Objeto e Campo de Aplicação.


16.2 – Patrimônio e Sistemas Contábeis.
16.3 – Planejamento e seus Instrumentos sob o Enfoque Contábil.
16.4 – Transações no Setor Público.
16.5 – Registro Contábil.
16.6 – Demonstrações Contábeis.
16.7 – Consolidação das Demonstrações Contábeis.
16.8 – Controle Interno.
16.9 – Depreciação, Amortização e Exaustão.
16.10 – Avaliação e Mensuração de Ativos e Passivos em Entidades do Setor Público.

De acordo com a Norma Brasileira de Contabilidade - NBC T 16.1, a Contabilidade Aplicada ao


Setor Público é o ramo da ciência contábil que aplica, no processo gerador de informações, os
Princípios Fundamentais e as normas contábeis direcionados ao controle patrimonial das entidades
do setor público. Tem como objetivo fornecer aos usuários informações sobre os resultados
alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da

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entidade do setor público, em apoio ao processo de tomada de decisão, à adequada prestação de
contas e ao necessário suporte para a instrumentalização do controle social.

RESUMO DAS NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE APLICADAS AO SETOR PÚBLICO

NBC T 16.1 - CONCEITUAÇÃO, OBJETO E CAMPO DE APLICAÇÃO

A Contabilidade Pública aplica, no processo gerador de informações, os princípios e as normas


contábeis direcionados à gestão patrimonial de entidades públicas, proporcionando as informações
necessárias para a compreensão de todos os resultados alcançados, em apoio ao processo de tomada
de decisão e à adequada prestação de contas. Tem-se como objeto o patrimônio da entidade pública.
As normas e as técnicas são aplicadas por todos os entes que movimentem os recursos públicos,
pelas entidades que registram operações orçamentárias, que atuem para o cumprimento dos serviços
sociais, os conselhos profissionais, incluindo aquelas sem fins lucrativos sujeitos a julgamento de
contas pelo controle externo.

A Unidade Contábil é a entidade organizacional que possui patrimônio próprio. Caso ocorra a
descentralização do patrimônio, resulta em nova unidade contábil. As unidades contábeis são
classificadas em: originárias que possuem patrimônio próprio; descentralizadas que representam
parcelas do patrimônio de uma mesma entidade pública; unificadas que representam a soma de
elementos patrimoniais de duas ou mais unidades de natureza contábil; e as consolidadas que
representam a soma de duas ou mais entidades públicas.

O conceito de Unidade Contábil é aplicável aos casos de registro e controle das transações de
parcelas do patrimônio de entidades públicas, em atendimento a controles internos; unificação de
unidade contábil vinculada à unidade contábil ou entidade pública; e consolidação de entidades
públicas para fins de atendimento de exigências legais ou entidade pública.

NBC T 16.2 - PATRIMÔNIO E SISTEMAS CONTÁBEIS

Patrimônio Público é o conjunto de bens e direitos, tangíveis ou intangíveis, onerados ou não,


adquiridos com recursos públicos, integrantes do patrimônio de qualquer entidade pública, que
prestem serviços públicos.

O Patrimônio Público é estruturado em:

Ativo que são as disponibilidades, os bens e os direitos que possam gerar benefícios econômicos ou
potencial de serviço; sendo dividido em Circulante quando estão disponíveis para utilização
imediata, são realizados, consumidos ou vendidos até o final do exercício financeiro subseqüente,
os outros ativos são classificados como Não-Circulante.

Passivo que são obrigações, as contingências e as provisões, classificados como Circulante quando
corresponderem a valores exigíveis até o final do exercício financeiro subseqüente e os valores de
terceiros ou retenções em nome deles quando a entidade pública for à fiel depositária, outros
passivos são classificados como Não-Circulante.

Patrimônio Líquido é a diferença entre Ativo e Passivo, deve ser evidenciado o resultado do
exercício separado dos resultados acumulados de exercícios anteriores.

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O Sistema Contábil Público é composto pelas etapas de planejamento, execução, controle e
avaliação. Este representa a macroestrutura de informações de todos os atos e fatos da gestão
pública, para orientar o processo de decisão e a correta prestação de contas. É dividido em
subsistemas contábeis como: de Informações Orçamentárias, de Informações Financeiras, de
Informações Patrimoniais, de Custos e de Compensação. Tais subsistemas devem ser integrados
a outros subsistemas de informação para gerar a administração pública o desempenho da
organização, a avaliação dos resultados obtidos, das metas fiscais estabelecidas, dos riscos e das
contingências fiscais.

NBC T 16.4 - TRANSAÇÕES NO SETOR PÚBLICO

Transações no setor público são atos e fatos que promovem alterações no patrimônio das entidades
públicas, as quais são objeto de registro contábil em observância aos Princípios Fundamentais de
Contabilidade e às Normas Brasileiras de Contabilidade.

As transações no setor público são classificadas pelas seguintes naturezas:

Econômico-Financeira que afetam o patrimônio público, realizadas, ou não, em decorrência da


execução do orçamento; e

Administrativa que são originadas de atos praticados pelos gestores públicos, com o objetivo de
dar cumprimento às metas programadas e o funcionamento das atividades da entidade pública,
podendo provocar alterações no patrimônio da mesma.

As transações que provocam alterações de valor do resultado econômico são consideradas variações
patrimoniais, que caso afetem o patrimônio líquido devem manter correlação com as respectivas
contas patrimoniais. Tais variações são classificadas em quantitativas que são decorrentes de
transações que aumentam ou diminuem o patrimônio líquido; e qualitativa que decorrem de
transações que alteram a composição dos elementos patrimoniais sem afetar o patrimônio líquido.

NBC T 16.5 - REGISTRO CONTÁBIL

A entidade pública deve manter sistema de escrituração uniforme aos atos e fatos de sua gestão, por
meio de processo manual, mecanizado ou eletrônico, em ordem cronológica, como uporte às
informações contábeis.

Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário bem como o Ministério Público devem manter um
sistema integrado de Contabilidade Pública, enquadrados em um Plano de Contas, que deve
compreender: terminologia de todas as contas e a sua adequada codificação, a enunciação das
funções atribuídas a cada uma das contas, o funcionamento das contas com os seus movimentos de
débitos e créditos, e a utilização do método das partidas dobradas em todos os registros contábeis,
de acordo com sua natureza orçamentária, financeira, patrimonial ou compensatória, nos respectivos
subsistemas contábeis.

A entidade que fizer uso de estrutura de eventos para registros contábeis em sistemas
informatizados deve demonstrar o fluxo dos lançamentos por atos e fatos e por sistemas contábeis,
como anexo do plano de contas.

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A escrituração deve ser executada em idioma e moeda corrente nacional, sejam eles em livros ou
meios magnéticos que permitam a identificação e o seu arquivamento de forma segura. Quando se
tratar de transação em moeda estrangeira, esta deverá ser convertida em moeda nacional ajustando-
se a taxa de câmbio oficial vigente na data da transação.

O Diário e o Razão constituem fontes de informações contábeis, logo nestes devem estar registrados
os atos e fatos da gestão pública. Os registros devem ser efetuados de forma analítica, tendo como
base os Princípios Fundamentais da Contabilidade.

São elementos fundamentais do registro contábeis: a data da ocorrência da transação, a(s) conta(s)
debitada(s) e creditada(s), histórico de forma descritiva, o valor da transação e o número de controle
para identificação do documento.

Os atos de gestão pública que provoquem efeitos de caráter econômico e financeiro no patrimônio
da entidade devem ser mensurados monetariamente e registrados pela contabilidade, sendo
reconhecidas e registradas integralmente no momento em que ocorrerem. Quando houver conflito
entre dispositivos da legislação e os preceitos das Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao
Setor Público, o profissional de contabilidade deve observar, para a elaboração das demonstrações
contábeis, as diretrizes estabelecidas nessas normas, e deve evidenciar em notas explicativas, as
disposições conflitadas da legislação específica.

NBC T 16.6 - DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

As demonstrações contábeis definidas no campo de aplicação das entidades do setor público são:
Balanço Orçamentário, Balanço Financeiro, Demonstrações das Variações Patrimoniais,
Balanço Patrimonial, Demonstração do Fluxo de Caixa e Demonstrações do Resultado
Econômico. As Demonstrações Contábeis de cada exercício financeiro devem ser acompanhadas
por anexos, outros demonstrativos exigidos por lei e pelas notas explicativas.
Ao término de cada exercício financeiro, devem ser publicadas as Demonstrações Contábeis com
identificação da entidade pública, com a assinatura da autoridade responsável e do contabilista da
entidade devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade, sendo colocada a
disposição da sociedade.

BALANÇO PATRIMONIAL
Estruturado em Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido, têm por objetivo evidenciar qualitativa e
quantitativamente a situação patrimonial da entidade pública. A classificação dos elementos
patrimoniais considera a segregação em Circulante e Não-Circulante, com base em seus atributos de
conversibilidade, exigibilidade e interesse social.

BALANÇO ORÇAMENTÁRIO
Tem por finalidade evidenciar o orçamento inicial, suas alterações, incorporação de superávit e suas
reestimativas, confrontando-os individualmente, com a execução da receita e da despesa. É
estruturado de forma a evidenciar a integração entre o planejamento e a execução orçamentária.
BALANÇO FINANCEIRO
Demonstra a movimentação de disponibilidades da entidade no período a que se refere,
evidenciando: a receita orçamentária arrecadada, a despesa orçamentária paga, os recebimentos e os
pagamentos extra-orçamentários, o saldo inicial e o saldo final das disponibilidades.

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DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

Tem por objetivo apurar o resultado patrimonial e evidenciar as variações patrimoniais qualitativas
e quantitativas resultantes e independentes da execução orçamentária. As variações são agrupadas
em:

* Variações Patrimoniais Ativas: que proporcionam aumento da situação patrimonial da entidade.

* Variações Patrimoniais Passivas: que proporcionam redução da situação patrimonial da


entidade.

O Resultado Patrimonial do Período é apurado pelo confronto entre as variações patrimoniais ativas
e passivas.

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA


Apresenta a movimentação financeira histórica da entidade pública, programa, projeto, fundo ou
outra unidade de acumulação relevante, permitindo ao usuário projetar cenários de fluxos futuros de
caixa e elaborar análise sobre eventuais mudanças em torno da capacidade da entidade de manter o
regular financiamento dos serviços públicos sob sua responsabilidade.
Tal demonstração deve ser elaborada pelos métodos direto ou indireto e deve evidenciar as
movimentações em três grandes grupos que são: fluxo de caixa das operações, fluxo de caixa dos
investimentos e fluxo de caixa dos financiamentos.
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ECONÔMICO
Evidencia o resultado econômico, em cada nível de prestação de serviços, fornecimento de bens ou
produtos pela entidade pública, obtido do confronto entre a receita econômica e os itens de custos e
despesas dos serviços, dos bens ou dos produtos, oriundos dos sistemas orçamentários, financeiro e
patrimonial em cada período.
Deve ser elaborada considerando a interligação sistêmica com o Plano Plurianual e apresentar a
seguinte estrutura: receita econômica dos serviços prestados e dos bens ou dos produtos fornecidos,
custos e despesas identificados com a execução da ação pública e resultado econômico apurado.
A receita econômica é o valor medido a partir dos benefícios futuros gerada à sociedade pela ação
pública.
NOTAS EXPLICATIVAS
Suas informações devem ser relevantes, complementares ou suplementares àquelas não
evidenciadas nas Demonstrações Contábeis.

NBC T 16.7 – CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

As demonstrações consolidadas de um ente ocorrerão pela soma ou agregação de saldos ou grupos


de contas, excluídas as duplicidades, formando o patrimônio resultante da agregação de patrimônios
autônomos pertencentes a duas ou mais entidades governamentais.
Os procedimentos de consolidação são feitos através de ajuste e eliminações que se realizam através
de documentos auxiliares, não originando nenhum tipo de lançamento de escrituração. As
informações utilizadas para consolidação devem ser levantadas na mesma data.
A participação patrimonial nas entidades estatais não-dependentes será reconhecida nas
demonstrações da entidade governamental controladora através de equivalência patrimonial.
As demonstrações contábeis consolidadas devem ser completadas por notas explicativas.

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NBC T 16.8 – CONTROLE INTERNO

O controle interno é o conjunto de recursos, métodos e processos adotados pela entidade


governamental objetivando garantir razoável grau de eficiência e eficácia do sistema de informação
contábil.
Tem-se como finalidade comprovar atos e fatos que afetem o patrimônio; garantir a integralidade
das informações prestadas. O controle interno deverá ser exercido em todos os níveis da entidade
governamental.
Os procedimentos de prevenção compreendem-se no mapeamento de risco; avaliação de riscos e
resposta ao risco. Os procedimentos de detecção compreendem meios de identificação de práticas
ineficientes e antieconômicas, erros, fraudes.
O monitoramento é feito para acompanhamento do controle interno para permanência da qualidade
do desempenho da gestão e soluções das deficiências identificadas.
NBC T 16.9 – DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO

Para o registro da depreciação, amortização e exaustão devem ser abordados os seguintes aspectos:

* Obrigatoriedade do seu reconhecimento;


* Valor da parcela que deve ser reconhecida como variação passiva independente da execução
orçamentária;
* Circunstâncias que podem influenciar seu registro.

Entende-se que:

Depreciação é a redução do valor dos bens pelo desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da
natureza ou obsolescência.

Amortização é a redução do valor aplicado na aquisição de direitos de propriedade e quaisquer


outros, inclusive ativos intangíveis, com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto
sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado.

Exaustão é a redução do valor de investimentos necessários à exploração dos recursos minerais,


florestais e outros recursos naturais esgotáveis ou de exaurimento determinado, bem como do valor
de ativos corpóreos utilizados no processo de exploração.
O valor depreciado, amortizado ou exaurido, apurado mensalmente, deve ser reconhecido nas
variações patrimoniais do exercício durante sua vida útil econômica. O valor residual e a vida útil
econômica de um ativo devem ser revisados, pelo menos, no final de cada exercício; quando as
expectativas diferirem das estimativas anteriores, as alterações devem ser efetuadas. A depreciação,
amortização e exaustão devem ser reconhecidas até que o valor contábil do ativo seja igual ao valor
residual.
Os métodos de depreciação, amortização e exaustão utilizados devem estar compatíveis com a vida
útil econômica do ativo e serem aplicados uniformemente, podem ser utilizados:

*O método linear;

*O método dos saldos decrescentes;

*O método das unidades produzidas.

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As Demonstrações Contábeis devem divulgar, para cada classe de imobilizado, em nota explicativa:
o método utilizado, a vida útil econômica, a taxa utilizada, valor contábil bruto e a depreciação,
amortização e exaustão acumuladas, no início e no fim do período.

NBC T 16.10 – AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO DOS ATIVOS E PASSIVOS EM ENTIDADES


DO SETOR PÚBLICO

Entende-se como:

Avaliação:atribuição de um valor monetário a itens do ativo ou passivo cuja obtenção decorreu de


julgamento fundado em consenso entre as partes e que traduza, com razoabilidade, o processo de
evidenciação dos atos e fatos da gestão.

Mensuração: ato de constatação de valor monetário para itens do ativo ou passivo, expresso
processo de evidenciação dos atos e fatos da gestão, revelado mediante a aplicação de
procedimentos técnicos suportados em análises tanto qualitativas quanto quantitativas.

Reavaliação: adoção do valor de mercado ou do valor de consenso entre as partes. As


disponibilidades em moeda estrangeira são expressas no balanço patrimonial do final do exercício
ao câmbio vigente nessa data. Os ajustes e as diferenças de câmbio apurados são contabilizados em
contas de resultado.

Os direitos de créditos e as obrigações serão avaliados pelo valor original, feita a conversão, quando
em moeda estrangeira, à taxa de câmbio vigente na data do balanço. Os riscos de recebimentos de
dívidas devem ser reconhecidos por meio de uma conta de ajuste, a qual será reduzida ou anulada
quando deixarem de existir os motivos que a originaram.

Os ajustes e as diferenças de câmbio apuradas são contabilizados em contas de resultado.

Os estoques são mensurados com base no valor de aquisição ou valor de produção ou construção.
Os gastos de distribuição, de administração geral e os financeiros não são incorporáveis no valor de
produção. O método de custeio das saídas dos estoques adotado é o custo médio ponderado.
Quando houver deterioração física parcial, obsolescência, bem como outros fatores análogos,
deverá ser utilizado o preço de mercado. Relativamente às situações previstas nos itens anteriores,
as diferenças serão expressas em contas de ajustamento dos estoques em contas de resultado.

As participações no capital de empresas serão mensuradas de acordo com o custo de aquisição, ou,
quando relevantes, pelo método da equivalência patrimonial. Os ajustes apurados são contabilizados
em contas de resultado.

O ativo imobilizado, incluindo os gastos adicionais ou complementares, deve ser mensurado ao


valor de aquisição ou ao valor de produção e construção. Quando os respectivos elementos tiveram
vida útil limitada, ficam sujeitos a depreciação, amortização ou exaustão sistemática durante esse
período, sem prejuízo das exceções expressamente consignadas. Quando se tratar de ativo
imobilizado obtidos a título gratuito deverá ser considerado o valor resultante da avaliação obtida
com base em procedimento de valorização desses bens devidamente justificada. No caso de
transferências de ativos, o valor a atribuir será o valor contábil constante nos registros da entidade
de origem, desde que em conformidade com os critérios de avaliação estabelecidos na presente
norma, salvo se existir valor diferente fixado no instrumento que autorizou a transferência. Os bens
de uso comum, que absorvem ou absorveram recursos públicos, serão incluídos no ativo
permanente da entidade responsável pela sua administração ou controle, estejam ou não afetos à sua
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atividade operacional. A valorização dos bens de uso comum será efetuada, sempre que possível, ao
valor de aquisição ou ao valor de produção e construção.

Contabilidade pública é o ramo da contabilidade que estuda, orienta, controla e demonstra a


organização e execução da fazenda pública o patrimônio público e suas variações.

Campo de atuação

A contabilidade pública é um dos ramos mais complexos da ciência contábil e tem por objetivo
captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações
orçamentárias, financeiras e patrimoniais das entidades de direito público interno, ou seja, união,
estados, distrito federal e município e respectivas autarquias, através de metodologia especialmente
concebida para tal, que utiliza-se de contas escrituradas nos seguintes sistemas:
A) Sistema orçamentário;
B) Sistema financeiro;
C) Sistema patrimonial;
D) Sistema de Custos; e
E) Sistema de compensação

 Sistema orçamentário
Evidencia o registro contábil da receita e da despesa orçamentária e no final do exercício
apresenta os resultados comparativos entre a previsão e a execução orçamentária.

 Sistema financeiro
Engloba todas as operações que resultem débitos e créditos de natureza financeira.

 Sistema patrimonial
Registra analiticamente todos os bens de caráter permanente, com indicação dos elementos
necessários para a perfeita caracterização de cada um deles. Bem como, mantém registro
sintético dos bens móveis e imóveis.

 Sistema de Custos
Registra, processa e evidencia os custos dos bens e serviços, produzidos e ofertados à sociedade
pela entidade pública;

 Sistema de compensação
Registra e movimenta as contas representativas de direitos e obrigações, geralmente decorrentes
de contratos, convênios e ajustes.

Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964


A lei n. 4.320/64 constitui a carta magna da legislação financeira do país. Estatui normas gerais de
direito financeiro para a elaboração e controle dos orçamentos e balanços da união, dos estados, dos
municípios e do distrito federal.

 REGIMES CONTÁBEIS

A) Regime de caixa
Podemos dizer que é aquele em que, como norma geral, a receita é reconhecida no período em
que é arrecadada e a despesa paga neste mesmo período. Portanto, regime de caixa é o que
compreende, exclusivamente, todos os recebimentos e pagamentos efetuados no exercício,
mesmo aqueles relativos a períodos contábeis anteriores.
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B) Regime de competência
Define-se como, em resumo, aquele em que as receitas e as despesas são atribuídas aos
exercícios de acordo com a real incorrência, isto é, de acordo com a data do fato gerador, e não
quando são recebidos ou pagos em dinheiro. Pelo regime de competência, toda receita e toda
despesa do exercício pertencem ao próprio exercício.

 REGIMES CONTÁBIL ADOTADO NO BRASIL

A) Pelo texto legal devem pertencer ao exercício financeiro, as receitas nele arrecadadas, ou seja,
regime de caixa, pois só deve ser considerada a receita que for efetivamente arrecadada no
exercício.
B) Com relação às despesas, diz o texto que devem pertencer ao exercício financeiro “as despesas
nele legalmente empenhadas”, ou seja, era utilizado o regime de competência, uma vez que a
despesa é atribuída e apropriada ao exercício, de acordo com sua real incidência, ou seja, de
acordo com a data do fato gerador. No caso da despesa o fato gerador é o empenho, pois é ele
que cria para o estado a obrigação de pagamento.

Concluindo, podemos dizer que no Brasil, a administração pública deve adotar o regime contábil de
escrituração misto , ou seja, o regime de caixa para a arrecadação das receitas e regime de
competência para a realização das despesas.

RELACIONAMENTO DO REGIME ORÇAMENTÁRIO COM O REGIME DE COMPETÊNCIA


É comum encontrar na doutrina contábil a afirmação de que na área pública o regime contábil é um
regime misto, ou seja, de competência para a despesa e de caixa para a receita. Tal entendimento
deriva da interpretação dada ao artigo 35 da Lei nº 4.320/1964.

“Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro:


I – as receitas nele arrecadadas;
II – as despesas nele legalmente empenhadas.”

Contudo, a Contabilidade Aplicada ao Setor Público, assim como qualquer outro ramo da ciência
contábil, obedece aos Princípios Fundamentais de Contabilidade. Dessa forma, aplica-se o
princípio da competência em sua integralidade, ou seja, tanto para o reconhecimento da receita
quanto para a despesa.

Assim, conclui-se que o artigo 35 da Lei nº 4.320/1964 refere-se ao regime orçamentário e não ao
regime contábil aplicável ao setor público. A partir do artigo 83 a referida Lei trata da
Contabilidade.
Dessa forma, a Lei nº 4.320/1964, em seus artigos 85, 89, 100 e 104, determina que as variações
patrimoniais devam ser evidenciadas, sejam elas independentes ou resultantes da execução
orçamentária.

1. Existe diferença entre o regime orçamentário e o regime contábil aplicável ao setor público.
Para este (regime contábil) aplica-se o regime de competência em sua integralidade;

2. O regime orçamentário é tratado no art. 35, da Lei 4.320/64 e o regime contábil, nos artigos 85,
89, 100 e 104;

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ORÇAMENTO PÚBLICO

Ainda não se chegou a uma definição de orçamento que fosse livre de crítica e aceita pacificamente
pela maioria dos autores

DEFINIÇÕES DE ORÇAMENTO PÚBLICO

 Orçamento é um ato de previsão de receita e fixação da despesa para um determinado período


de tempo, geralmente, um ano, e constitui documento fundamental das finanças do estado, bem
como da contabilidade pública.

 Orçamento público é um planejamento de aplicação dos recursos esperados, em programas de


custeios, investimentos, inversões e transferências durante um período financeiro.

 ESTIMATIVA DA RECEITA

A tarefa não é fácil. Os procedimentos adotados na estimação da receita evoluíram, mas ainda não
existem normas concretas e definitivas que conduzam a uma avaliação exata da receita.

A oscilação dos preços, o crescimento vegetativo, o aumento demográfico, o incremento dos centros
de produção, a política tributária, a revisão da planta de valores, as alterações de alíquotas, a
eficiência na cobrança dos contribuintes faltosos e a intensificação da fiscalização são, entre outros,
alguns fatores de influência direta na estimativa da receita.

Um dos procedimentos mais corretos na avaliação da receita global é dividi-la em seus diversos
componentes, isto é, analisar e mensurar separadamente, uma por uma, as fontes de arrecadação.
Cada uma delas tem a sua peculiaridade. A seção central de orçamento deve conhecer
profundamente as características de cada espécie de tributo.

 ORÇAMENTO ANUAL DE CUSTEIO

Para atender às necessidades da população, o governo mantém, em pleno funcionamento, uma


complexa rede de serviços: postos de saúde, hospitais, escolas, assistência social, comunicações,
segurança, saneamento, produção, transmissão e distribuição de energia, tratamento e fornecimento
de água, coleta e tratamento de esgoto e lixo, conservação de estradas e vias públicas, iluminação
pública, distribuição de justiça, relacionamento com outros países, etc. São as funções do governo.

Tais serviços são custeados pelos governos.

Os benefícios prestados à população pelo poder público exigem para sua manutenção, recursos
materiais e humanos: materiais de consumo, materiais permanentes, máquinas e equipamentos,
instalações, imóveis, técnicos de vários graus de qualificação profissional, cientistas, pesquisadores,
auxiliares de diferentes níveis de especificação, trabalhadores braçais, etc.

Os bens adquiridos e os recursos humanos contratados são pagos pelo governo.

Denominam-se despesas de custeio, os gastos destinados à manutenção dos serviços públicos.


Anualmente os dirigentes das repartições elaboram uma previsão dos custos dos serviços públicos a

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serem executados no exercício seguinte. Calculam os recursos materiais e humanos necessários para
atender a demanda prevista.

Essas previsões de custos, devidamente ordenados, classificados e sistematizadas segundo padrões


estabelecidos em lei, constituem o orçamento de custeio. Ele especifica, qualifica, quantifica e fixa
o custo de cada serviço. O orçamento de custeio é também conhecido como orçamento
administrativo. É o orçamento anual.

 PLANO PLURIANUAL

A população aumenta, a cidade desenvolve-se e as necessidades do povo crescem. Mais pessoas


procuram os hospitais, os postos de saúde e as escolas. A assistência social é cada vez mais
solicitada.

Para atender ao aumento da demanda o governo é obrigado a criar mais hospitais e postos de saúde,
mais escolas, aumentar o fornecimento de água e ampliar os serviços de saneamento básico. E, para
o desenvolvimento econômico, terá de abrir e pavimentar mais estradas e vias urbanas; aprimorar os
meios de comunicação, incentivar os centros produtivos, dando prioridade àqueles que seguem o
sentido da vocação ou regional.

E para atender às ampliações dos serviços públicos, serão necessários mais imóveis, mais
instalações, aparelhamentos, equipamentos, materiais e mais pessoal. Tudo isso resultará em
maiores dispêndios e., consequentemente, mais recursos financeiros serão reclamados. Os órgãos de
planejamento elaboram esses estudos, definem os novos investimentos, estabelecem seus graus de
prioridade; fazem os projetos, orçam os custos, traçam os cronogramas físicos e financeiros e
prevêem as épocas de início de cada programa.

Esse plano plurianual da ampliação dos serviços público devidamente ordenado, classificado e
sistematizado segundo os graus de prioridade, constitui o que se chama de plano plurianual de
investimentos. Ele específica, qualifica, quantifica e orça o custo de cada projeto.

 LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS - LDO

Esta também tem duração maior que a do exercício financeiro anual. Nela deverão constar as metas
e as prioridades da administração, bem como servirá de critério para a elaboração da Lei
Orçamentária anual e compreenderá:

 As metas e prioridades da administração, incluindo as despesas de capital para o exercício


financeiro subseqüente.

 Orientará a elaboração da lei orçamentária anual.

 Disporá sobre as alterações na legislação tributária.

 Estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF ELEVOU A IMPORTÂNCIA DA LDO COM


NOVAS EXIGÊNCIAS DA ABRANGÊNCIA DE DISPOSIÇÃO SOBRE:

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a) equilíbrio entre receitas e despesas;

b) critérios e forma de limitação de empenho;

c) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas


financiados com recursos dos orçamentos;

d) demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e


privadas;

e) sinaliza as modificações na política de pessoal;

f) previsão do valor da reserva de contingência em relação à receita corrente líquida e a forma


de sua utilização;

g) o poder executivo de cada ente encaminhará ao legislativo, até a data do envio do projeto de
lei de diretrizes orçamentárias, relatório com as informações necessárias ao cumprimento do
disposto neste artigo, ao qual será dada ampla divulgação.

INTEGRARÁ O PROJETO DE LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS:

I) Anexo de Metas Fiscais


II) Anexo de Riscos Fiscais

 LEI DO ORÇAMENTO ANUAL – LOA

De acordo com o Inciso I do parágrafo 5º do artigo 165 da Constituição Federal, a lei orçamentária
compreende o orçamento fiscal (relativo à receita e despesa) de todos os poderes da União, seus
fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público.

Também no parágrafo 5º do artigo 165 é previsto o orçamento de investimento das empresas em


que a União direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto (inciso
II). Isto é significativo, pois assim há um bom controle da União sobre estas empresas, inclusive
com uma orientação no planejamento dos recursos.

Na seqüência (inciso III do artigo 5º) encontramos um orçamento da seguridade social, que
igualmente abrange todas as entidades e órgãos a ela vinculados. Fazem parte da seguridade social a
previdência, a saúde e a assistência social, que terão sua atuação feita pelo Estado. O artigo 195 da
CF estabelece os meios de financiamento da seguridade social.

 ORÇAMENTO TRADICIONAL DE RECEITAS E DESPESAS

Denomina-se orçamento tradicional aquele que se elaborava antes do advento do orçamento


programa. Tratava-se de um simples relacionamento das receitas a arrecadar e das despesas de
custeio. Já a ampliação dos serviços públicos ficava a mercê da existência de saldo positivo entre a
receita e a despesa, ou seja, não eram planejados os investimentos. Portanto o orçamento ortodoxo
nada mais era do que um extenso rol, profundamente analítico, das receitas e das despesas do
exercício. Não tinha cunho de planejamento
APOSTILA DE CONTABILIDADE PÚBLICA 12
Profa. Jandra Maria Camargo de Araújo
 ORÇAMENTO PROGRAMA

O orçamento programa, põe em destaque as metas, os objetivos e as intenções do governo.


Consolida um grupo de programas que o governo se propõe a realizar durante um período.
Os planos são expressos em unidades mensuráveis e seus custos definidos. É um programa de
trabalho e constitui, portanto, um instrumento de planejamento.

Enquanto o orçamento tradicional mostrava o que se pretendia gastar ou comprar, o orçamento-


programa realça o que se pretende realizar. O orçamento comum restringe os gastos e as compras ao
montante da receita estimada, enquanto o orçamento—programa não limita as metas
governamentais aos recursos orçamentários previstos.

A elaboração do orçamento-programa abrange quatro etapas:


Planejamento: é a definição dos objetivos a atingir;
Programação: é a definição das atividades necessárias à consecução dos objetivos;
Projeto: é a estimação dos recursos de trabalho necessários à realização das atividades;
Orçamentação: é a estimação dos recursos financeiros para pagar a utilização dos recursos de
trabalho e prever as fontes dos recursos.

 Fontes de recursos para execução do orçamento–programa

1. Receitas próprias, provenientes dos tributos.

2. Contribuição de melhoria que permite recuperar o custo de certas obras que beneficiam
indiretamente determinados grupos de contribuintes.

3. O financiamento de obras de infra-estrutura física, tributáveis, que garantem o retorno do capital


aplicado, a curto e a médio prazo.

4. Os empréstimos a curto, a médio e a longo prazo são recursos hábeis e legais. Podem ser
obtidos por meio de operações financeiras ou emissão de títulos da dívida pública.

PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA E ORÇAMENTO PÚBLICO

Constitui uma das atribuições do congresso nacional examinar, discutir, emendar e aprovar,
anualmente, os planos de custeio e de investimentos do poder executivo.

Assim, o planejamento completo é encaminhado ao poder legislativo para exame, discussão,


emenda e aprovação.

O conjunto de documentos, sintéticos e analíticos, demonstrando os planos do governo,


enviados à casa legislativa, denomina-se proposta orçamentária.

Com a aprovação, pelo legislativo, a proposta orçamentária transforma-se em orçamento


público.

APOSTILA DE CONTABILIDADE PÚBLICA 13


Profa. Jandra Maria Camargo de Araújo
Somente após a publicação da lei, o chefe do poder executivo poderá dar início à execução dos seus
planos. Passa-se então, das atividades de estimação da receita e da fixação da despesa (proposta
orçamentária) às atividades de realização da receita e da despesa (execução orçamentária).

EXAME DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA PELO PODER EXECUTIVO

A proposta orçamentária da união é examinada no congresso nacional por uma comissão mista de
senadores e deputados. Nas unidades da federação, as propostas são examinadas e aprovadas pelas
assembléias legislativas. Nos municípios, pelas câmaras de vereadores.

Dos prazos

O poder executivo deverá enviar o projeto de lei orçamentária, ao poder legislativo, dentro dos
prazos estabelecidos. No âmbito federal, o prazo termina em 31 de agosto, e nos estados e
municípios até 30 de setembro. A aprovação deverá ser efetuada até 31 de dezembro.

As propostas orçamentárias das autarquias são por elas elaboradas e aprovadas por decreto, após
exame e aprovação dos órgãos técnicos do poder executivo.

CONTEÚDO DA LEI ORÇAMENTÁRIA

A lei que aprova a receita orçamentária não pode conter matéria estranha ao orçamento; isto
significa que a lei orçamentária não disporá sobre assunto que não se relacione estritamente com o
orçamento. É o princípio da exclusividade

Pode a lei orçamentária conter autorização ao poder executivo para abrir créditos suplementares e
para realizar operações de créditos por antecipação de receita.

PREVISÃO E REALIZAÇÃO DA RECEITA

A receita que se espera arrecadar, conforme já estudado, denomina-se receita prevista ou receita
estimada, ou ainda receita orçada. As três expressões são equivalentes. Elas figuram no orçamento
público devidamente discriminadas e codificadas segundo as categorias econômicas, fontes, sub-
fontes e rubricas.

A efetiva arrecadação dos valores estimados em cada rubrica denomina-se receita realizada. No
final do exercício, a receita realizada, numa rubrica poderá ser igual, maior ou menor que a
estimada.

Queda de arrecadação

Denomina-se queda de arrecadação a diferença negativa entre as receitas previstas e realizadas.


Suponha-se, por exemplo, que a receita do imposto territorial rural foi estimada em $ 100.000,00.
Mas a efetiva realização atingiu apenas $ 85.000,00. Houve uma queda de arrecadação, nessa
rubrica, da ordem de $ 15.000,00.

Excesso de arrecadação
APOSTILA DE CONTABILIDADE PÚBLICA 14
Profa. Jandra Maria Camargo de Araújo
Denomina-se excesso de arrecadação a diferença positiva entre as receitas previstas e realizadas.
Retomando ao exemplo anterior, se a realização tivesse alcançado a cifra de $ 120.000,00, teria
ocorrido um excesso de arrecadação, naquela rubrica, da ordem de $ 20.000,00.

Contabilização da receita
A contabilidade analítica registra em contas individuais, rubrica por rubrica, debitando cada uma
pelo valor da receita prevista. Diariamente; cada conta é creditada pela receita realizada,
diminuindo o saldo devedor. No encerramento do exercício, os saldos devedores representam queda
de arrecadação e os saldos credores acusam excesso de arrecadação. Eventualmente alguma conta
poderá apresentar saldo zero, o que significará uma realização de receita exatamente igual à
previsão.

Comparações
No final da execução orçamentária umas tantas rubricas de receita terão alcançado excesso de
arrecadação, enquanto outras mostrarão uma queda de arrecadação; e algumas eventualmente,
poderão demonstrar uma realização igual ã previsão. A análise da receita prevista com a realizada,
rubrica por rubrica, é uma operação denominada comparação.

FIXAÇÃO E REALIZAÇÃO DA DESPESA

Ao contrario da receita que é estimada, a despesa é fixada pela lei orçamentária. Assim, a realização
da receita pode ultrapassar sua previsão, mas a realização da despesa encontra seu limite no valor
fixado.

Às despesas orçamentárias, costumam ser denominada: despesa fixada, despesa prevista, despesa
autorizada, dotação, verba, autorização de despesas, recurso orçamentário, crédito orçamentário ou
simplesmente crédito. Todas essas expressões são equivalentes.

Os créditos figuram no orçamento devidamente discriminados e codificados segundo as categorias


econômicas, elementos, sub-elementos e rubricas.

A efetiva aplicação dos recursos orçamentários – os pagamentos – denomina-se, na contabilidade


orçamentária, despesa realizada e na escrituração financeira despesa paga.

No final do exercício, a despesa realizada poderá ser igual ou menor que a despesa fixada. Nunca
será superior à autorizada.

Economia orçamentária
Denomina-se economia orçamentária o saldo não utilizado de uma dotação. Suponha-se, por
exemplo, de num determinado programa, a dotação de material de consumo, foi fixada em $
180.000,00. No final do exercício, verifica-se que desse crédito foi utilizado apenas $ 175.000,00.
Houve uma economia orçamentária, nessa dotação, da ordem de $ 5.000,00.

Contabilização
A contabilidade analítica registra em contas individuais, um por um, todos os créditos concedidos,
creditando em cada conta o valor da dotação correspondente. Diariamente essas contas são
debitadas pelos pagamentos, diminuindo o saldo credor. No encerramento do exercício existirão
contas com saldo zero, significando aplicação total do recurso orçamentário concedido. Outras
contas poderão apresentar-se com saldo credores; são as economias orçamentárias do exercício.
Nenhuma conta poderá apresentar saldo devedor, o que revelaria a realização de despesa sem
crédito correspondente..
APOSTILA DE CONTABILIDADE PÚBLICA 15
Profa. Jandra Maria Camargo de Araújo
Comparações
No final da execução orçamentária umas tantas dotações terão sido totalmente utilizadas, enquanto
outras mostrarão economia orçamentária. A análise da despesa prevista com a despesa realizada,
crédito por crédito, é uma operação denominada comparação.

PERÍODOS DE ATIVIDADE DO ORÇAMENTO PÚBLICO

O orçamento é elaborado para o período de um ano. As despesas são rigorosamente discriminadas,


conforme dispõem os princípios orçamentários da anualidade e da especificação. Os mais
importantes princípios orçamentários discutidos doutrinariamente pela ciência das finanças estão
consagrados em nossa legislação financeira: anualidade, especificação, exclusividade, unidade e
universalidade.
Tanto a receita – recursos financeiros – como a despesa – aplicações – tem três períodos de
atividades extremamente importantes:
A) Período de estimação da receita e da fixação da despesa (proposta orçamentária)
B) Período de realização da receita e da despesa (execução orçamentária)
C) Período de confrontações das receitas estimadas com as realizadas e das despesas fixadas com
as realizadas. Os resultados deste período servirão de base à elaboração da proposta
orçamentária do ano seguinte.

CRÉDITOS ADICIONAIS

Durante a execução orçamentária, o poder executivo pode solicitar ao legislativo, e este conceder,
novos créditos orçamentários. Eles serão adicionais os créditos que integram o orçamento em vigor.
Por essa razão, denominam-se créditos adicionais.

Os créditos adicionais aumentam a despesa pública do exercício fixada no orçamento.

A fim de não prejudicar o equilíbrio do orçamento em execução, a lei determina que cada
solicitação de crédito adicional será acompanhada da indicação de recursos hábeis.

São considerados recursos hábeis:

I – o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior;

II - - os provenientes de excesso de arrecadação;

III – os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos adicionais,


autorizados em lei;

IV – o produto de operações de crédito autorizadas, em forma que, juridicamente, possibilite ao


poder executivo realizá-las.

Sem a indicação de um ou mais recursos hábeis o poder legislativo não concederá o crédito
solicitado. O valor do crédito deverá ser expresso.

Os créditos adicionais, segundo suas finalidades, classificam-se em:


A) - créditos suplementares;
APOSTILA DE CONTABILIDADE PÚBLICA 16
Profa. Jandra Maria Camargo de Araújo
B) - créditos especiais e
C) - créditos extraordinários.

1 – créditos suplementares:
Destinam-se a reforçar dotação já existente no orçamento em vigor. Sua vigência acompanha o da
dotação suplementada, ou seja, expira em 31 de dezembro. São autorizados por lei e abertos por
decreto.
São publicados concomitantemente, até no mesmo dia lei e decreto. A lei diz: fica o poder executivo
autorizado a abrir .................. Enquanto o decreto diz: de acordo com a lei n. ............ Fica aberto um
crédito.
Obs: a legislação financeira permite que a própria lei orçamentária autorize o poder executivo a
reajustar as dotações orçamentárias suplementando e reduzindo dentro de um limite percentual
estabelecido.

2 – créditos especiais
Destinam-se a amparar programas novos que não figuram no orçamento. Geralmente a autorização
para abertura de um crédito especial consta da própria lei que autoriza a inclusão no orçamento de
um novo programa.

O termo final de sua vigência é igual ao do orçamento, mas se for aberto dentro dos últimos quatro
meses do ano, sua vigência poderá estender-se até o final do exercício seguinte. Também são
autorizados por lei e abertos por decreto e exigem indicação de recursos.

3 – créditos extraordinários
Destinam-se a atender despesas imprevisíveis e urgentes como as decorrentes de guerra, subversão
interna ou calamidade pública. São abertos por decreto do poder executivo independentemente de
prévia autorização legislativa. Aberto um crédito extraordinário, o chefe do poder executivo
informará imediatamente o legislativo, justificando as causas determinantes do ato. A vigência do
crédito extraordinário expira no final do exercício, exceto se for aberto nos últimos quatro meses do
ano; neste caso sua vigência poderá estender-se até 31 de dezembro do exercício seguinte, ou
terminar antes, se cessarem as causas que determinam sua abertura.

Contabilização
Os créditos adicionais são contabilizados de modo adequado em contas orçamentárias e financeiras.

ALTERAÇÕES DO ORÇAMENTO DURANTE SUA EXECUÇÃO

Aprovado por lei, o orçamento público não pode ser alterado senão por outra lei.

Acontece com frequência casos de dotações que se esgotam antes do término do exercício
financeiro. A insuficiência de dotações deve-se a falta de previsão adequada e mostra, sobretudo
ausência de planejamento. O orçamento programa não deveria sofrer alterações, já que é totalmente
planejado. Mas uma das causas de alterações é em razão de oscilações dos preços.

Mas para estes casos, o próprio orçamento pode dispor de uma reserva de contingência.

Existe ainda, uma alteração no orçamento feita por meio de suplementações, ou seja, um aumento
da despesa sem um correspondente aumento da receita. Este fato provoca desequilibrio no
orçamento, fazendo prever uma execução deficitária. É para evitar esse perigo que a lei exige que as
suplementações sejam compensadas por recursos adequados já descritos e que agora comentaremos
um a um.
APOSTILA DE CONTABILIDADE PÚBLICA 17
Profa. Jandra Maria Camargo de Araújo
I – superávit financeiro. Este recurso, se houver, constitui um dos mais legítimos recursos para
amparar o aumento das despesas no orçamento em vigor.
Superávit financeiro significa dinheiro em caixa, disponível, proveniente de receita realizada a
maior que a despesa, em exercícios anteriores.

II – os provenientes de excesso de arrecadação. Também são recursos legítimos. O excesso de


arrecadação, como já vimos, é a diferença positiva entre a arrecadação prevista e a realizada.

III – os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias. O recurso é


legítimo. Se houver um bom planejamento da despesa, este recurso seria difícil de ocorrer.

IV – operações de créditos. Este é um recurso pernicioso. Aumenta a despesa correspondente à


dotação suplementada e, ainda aumenta a despesa da operação de crédito, além de endividar o
patrimônio público. Somente se justifica a adoção deste recurso em aplicações que proporcionem
retorno de capital. Ou se se tratar de casos urgentes e inadiáveis ou em caso de calamidade pública. .

PREVISÃO E RESULTADO ORÇAMENTÁRIOS

Equilíbrio, déficit e superávit

Considera-se equilibrado o orçamento em que o total da receita prevista coincide com o total da
despesa fixada.

Deficitário é o orçamento em que a receita orçada é inferior à despesa autorizada.

Orçamento superavitário é aquele em que a receita estimada supera o total da despesa.

Entretanto, no final do exercício, o resultado financeiro alcançado, após a execução orçamentária,


poderá coincidir ou não com a previsão da peça orçamentária original.

Partindo da previsão inicial após a execução do orçamento pode-se obter o prognósticos de


resultados finais.

Previsão inicial

Equilíbrio previsto

Prognósticos
A) Equilíbrio
B) Superávit
C) Déficit

Previsão e resultado orçamentários

Previsão inicial

Superávit previsto

Prognósticos
APOSTILA DE CONTABILIDADE PÚBLICA 18
Profa. Jandra Maria Camargo de Araújo
D) Superávit maior que o previsto
E) Superávit igual ao previsto
F) Superávit menor que o previsto
G) Equilíbrio
H) Déficit

Previsão inicial

Déficit previsto

Prognósticos
A) Déficit maior que o previsto
B) Déficit igual ao previsto
C) Déficit menor que o previsto
D) Equilíbrio
E) Superávit

Os fatores que modificam a situação prevista, responsáveis portanto pelos resultados finais
diferentes, podem ser classificados em dois grupos:
Fatores negativos e fatores positivos.

Fatores negativos

I) Queda de arrecadação
J) Ausência de economia orçamentária
Abertura de créditos adicionais com recursos provenientes de operações de crédito.

Fatores positivos

F) Excesso de arrecadação
G) Economia e ausência de créditos adicionais sustentados por operações de créditos

Assim, a soma algébrica do resultado previsto no início do exercício, com os fatores positivos e
negativos, será igual ao resultado financeiro do exercício.

FINANÇAS PÚBLICAS

Finanças públicas ou ciência das finanças é a disciplina que, pela investigação dos fatos, procura
explicar os fenômenos ligados à obtenção e ao dispêndio do dinheiro necessário ao funcionamento
dos serviços a cargo do estado, ou de outras pessoas de direito público, assim como os outros
efeitos resultantes dessa atividade governamental.

DIREITO FINANCEIRO

Direito financeiro é, pois, o conjunto de leis que regulam a atividade financeira do estado; esta é a
definição mais aceita entre os escritores de finanças públicas e de direito financeiro. O direito
financeiro compreende o conjunto das normas sobre todas as instituições financeiras – receitas,
despesas, orçamento e crédito. É no direito financeiro que se estuda os direitos tributário e fiscal.

APOSTILA DE CONTABILIDADE PÚBLICA 19


Profa. Jandra Maria Camargo de Araújo
DIREITO TRIBUTÁRIO OU DIREITO FISCAL

Direito fiscal é sinônimo de direito tributário, que estuda a receita. Regula as relações jurídicas
entre o fisco, como sujeito ativo, e o contribuinte, como sujeito passivo.

APOSTILA DE CONTABILIDADE PÚBLICA 20


Profa. Jandra Maria Camargo de Araújo
CONTABILIDADE PÚBLICA
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
CONCEITO

O orçamento público surgiu para atuar como instrumento de controle das atividades financeiras do
governo. Através da autorização prévia, pode o órgão de representação popular (congresso) exercer
sua ação fiscalizadora sobre a arrecadação e a aplicação realizadas pelo poder executivo. Entretanto,
para real eficácia desse controle, faz-se mister que a constituição orgânica do orçamento se vincule
a determinadas regras ou princípios orçamentários.

Dos inúmeros princípios expostos sobressaem alguns que já se confirmaram na doutrina que são:
anualidade, especificação, exclusividade, unidade e universalidade.

A – PRINCÍPIO DA ANUALIDADE
De conformidade com o princípio da anualidade, também denominado princípio da periodicidade,
as previsões de receita e despesa devem referir-se, sempre, a um período limitado de tempo. O
período de doze meses tem sido considerado ideal, em quase todos os países; assim, o orçamento
vigora durante um ano, que poderá ou não coincidir com o ano civil.

B – PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO
Tem como escopo vedar as autorizações globais, tanto para arrecadar tributos como para aplicar os
recursos financeiros; exige que o plano de cobrança dos tributos e o programa de custeio e
investimentos sejam expostos pormenorizadamente.

C) – PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE
Segundo o princípio da exclusividade, a lei orçamentária não conterá matéria estranha à previsão da
receita e à fixação da despesa. O objetivo é impedir que seja utilizado um procedimento legislativo
rápido, em virtude dos prazos fatais a que está sujeito, para se aprovarem, com facilidades, medidas
que em tramitação regular talvez não lograssem êxito.

D) – PRINCÍPIO DA UNIDADE
De acordo com o princípio da unidade, o orçamento deve constituir uma só peça, compreendendo as
receitas e as despesas do exercício, de modo a demonstrar, pelo confronto das duas somas, se há
equilíbrio, saldo ou déficit.
Para outra corrente, entretanto, o conceito de unidade refere-se à unidade de caixa, isto é, todas as
receitas devem entrar em uma caixa única e daí deverá sair do dinheiro para pagamento de todas as
despesas.

F) – PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE
Em conformidade com o princípio da universalidade, todas as receitas e todas as despesas devem
ser incluídas no orçamento.

APOSTILA DE CONTABILIDADE PÚBLICA 21


Profa. Jandra Maria Camargo de Araújo
OUTROS PRINCÍPIOS

PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO

Como o próprio nome sugere, deveria tratar-se do equilíbrio entre receitas e despesas. Deve-se levar
em consideração para a observância deste princípio, o nível de intervenção do Estado no
financiamento público, pois à medida que a base de arrecadação é inflexível, previsível, as despesas
, ao contrário podem tornar-se, flexíveis, não previsíveis.

PRINCÍPIO DA RESERVA DE LEI

Por este princípio, os orçamentos e os créditos adicionais só podem ser aprovados por lei formal. A
Constituição excetua deste princípio os créditos extraordinários, que podem ser autorizados por
medida provisória em razão da urgência que se revestem.

PRINCÍPIO DA NÃO AFETAÇÃO DA RECEITA

Este princípio diz que são vedados a vinculação de receita de impostos a órgãos, fundo ou despesa,
portanto não podendo haver mutilação das verbas públicas. O Estado deve ter disponibilidade da
massa do dinheiro arrecadado, destinando-o a quem quiser, dentro dos parâmetros que ele próprio
elege como objetivos preferenciais. Ele deve ter responsabilidade para agir, não deixando assim, de
cumprir suas metas.

APOSTILA DE CONTABILIDADE PÚBLICA 22


Profa. Jandra Maria Camargo de Araújo
CONTABILIDADE PÚBLICA
RECEITA PÚBLICA

CONCEITO

Receita pública é todo e qualquer recolhimento feito aos cofres públicos.


O governo arrecada em virtude de leis, contratos ou qualquer outro título. Segundo o texto da lei
4.320/64 “a lei de orçamento compreenderá as receitas, inclusive as operações de crédito
autorizadas em lei”
A receita pública desdobra-se, inicialmente, em dois grupos:
 Receita orçamentária
 Receita extra-orçamentária

1) – RECEITA ORÇAMENTÁRIA
Integra os orçamentos públicos e depende de autorização legislativa. São os tributos, as rendas, as
transferências, as alienações, os retornos de empréstimos e as operações de créditos por prazo
superior a doze meses.
Realizam-se estas receitas pela execução do orçamento.

Classifica-se a receita orçamentária nas categorias econômicas:


 Receitas correntes
 Receitas de capital

As categorias econômicas desdobram-se em fontes de receitas e estas em sub-fontes de receitas que,


por sua vez, são analisadas em rubricas e sub-rubricas de receitas.

A) – receitas correntes dizem respeito a todas as transações que o governo realiza e que não
resultam na constituição ou criação de bens de capital, ou seja, acréscimos no seu patrimônio. Estão
vinculadas a uma despesa corrente (transferências correntes)
Receitas correntes são as receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial,
transferências correntes e receitas diversas.

 Receita tributária é a resultante da cobrança de tributos pagos pelo cidadão em razão de suas
atividades, suas rendas, suas propriedades e dos benefícios diretos e imediatos recebidos do
estado.

Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir,
que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa
plenamente vinculada. São espécies de tributo: o imposto, a taxa e a contribuição de melhoria.

Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer
atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. É pago coativamente, independentemente de
uma contraprestação imediata e direta do estado.

Taxa é o tributo que tem como fato gerador o exercício do poder de polícia, ou a utilização, efetiva
ou potencial, de serviço público específico e divisível prestado ao contribuinte ou posto à sua
APOSTILA DE CONTABILIDADE PÚBLICA 23
Profa. Jandra Maria Camargo de Araújo
disposição. Do exposto verifica-se que a taxa, ao contrário do imposto, corresponde, em princípio, a
uma contraprestação, imediata e direta do estado.

Contribuição de melhoria é o tributo destinado a fazer face ao custo de obras públicas de que
decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite
individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

 A receita de contribuições é também uma fonte das receitas correntes, destinada a arrecadar
receitas relativas a contribuições sociais e econômicas, destinadas, geralmente, à manutenção
dos programas e serviços sociais e de interesse coletivo.

 A receita patrimonial, agropecuária e industrial são as que resultam da ação direta do estado na
exploração de atividades comerciais, industriais, agropecuária. Bem como as fontes que se
compõem de rendas provenientes, respectivamente, da utilização de bens pertencentes ao
estado, como aluguéis, arrendamentos, juros, participações e dividendos, etc.

 Transferências correntes são recursos financeiros recebidos de outras entidades de direito


público ou privado e destinados ao atendimento de despesas correntes.

 Receitas diversas são as provenientes de multas, cobrança da dívida ativa, indenizações,


restituições e outras receitas sem classificação específica.

B) receitas de capital são as que resultam na constituição ou criação de bens de capital e,


consequentemente, acréscimos de patrimônio. Correspondem às operações de crédito, às
transferências de capital e outras receitas de capital.

 Operações de crédito são receitas de capital oriundas da realização de recursos financeiros


provenientes de constituição de dívidas; são os empréstimos e os financiamentos.

 Alienação de bens são as conversões em espécie de bens e direitos.

 Amortização de empréstimos concedidos consiste no retorno de valores emprestados,


anteriormente, a outras entidades de direito público.

 Transferências de capital são os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou


privado destinados à aquisição de bens.

 Outras receitas de capital constituem uma classificação genérica destinada a receber receitas de
capital não especificadas na lei.

Finalmente, constitui também receita de capital o superávit do orçamento corrente, isto é, a


diferença positiva entre as receitas e despesas correntes, embora não constitua item orçamentário.

B) RECEITA EXTRA-ORÇAMENTÁRIA

 Receita extra-orçamentária é aquela que não integra o orçamento.


 O estado é obrigado a arrecadar valores que, em princípio não lhe pertencem.
 O estado figura apenas como depositário dos valores que ingressam a esse título.
 Entra no caixa e constitui um passivo exigível

APOSTILA DE CONTABILIDADE PÚBLICA 24


Profa. Jandra Maria Camargo de Araújo
Exemplo de receita extra-orçamentária:

Cauções, fianças, depósitos para garantia de instância, consignações em folha de pagamento a favor
de terceiros, retenções na fonte, salários não reclamados, operações de crédito a curto prazo, etc.

 Pode converter em receita orçamentária, quando houver perda do direito de ressarcimento. É o


caso, por exemplo, de alguém perder, a favor do poder público, o valor de uma caução por
inadimplência contratual.

Codificação da receita

A receitas públicas podem chegar a ter três tipos de códigos: os códigos de arrecadação; os códigos
orçamentários e os códigos de escrituração contábil.

 Códigos de arrecadação
Também conhecidos como tributários, são preparados pelos técnicos das repartições tributárias e
têm por finalidade a identificação de cada item de receita são os constantes nos documentos de
arrecadação – guias

 Códigos orçamentários
São os constantes do anexo 3 , da lei federal 4.320/64, e que orientam as tabelas explicativas a
serem aprovadas pelas leis orçamentárias, onde se identificam as receitas na seguinte ordem:
categoria econômica; fonte; sub-fonte; rubrica; alínea e sub-alínea.

* códigos e escrituração contábil


Utilizados pelos serviços de contabilidade e servem para o registro e acompanhamento da
arrecadação da receita, são identificados através dos planos de contas.

PROCESSAMENTO DA RECEITA PÚBLICA

Entende-se por processamento da receita pública o conjunto de atividades desenvolvidas pelos


órgãos arrecadadores, objetivando a arrecadação de dinheiros e outros bens que, por força de lei ou
de contrato, pertençam ou possam, no futuro, pertencer ao poder público.

O estado é um cobrador implacável e, nesse mister, utiliza-se de todos os recursos que a lei e a
tecnologia colocam em suas mãos.

A matéria relativa à receita pública envolve dois períodos distintos de atividades: um período, que
denominamos estimação da receita, durante o qual se desenvolve um complexo de atividades
específicas destinadas à elaboração da proposta orçamentária e o segundo período denominado
realização da receita, que cuidaremos a seguir.

ESTÁGIOS DA RECEITA PÚBLICA

A) Previsão
B) Lançamento
C) arrecadação
D) recolhimento
APOSTILA DE CONTABILIDADE PÚBLICA 25
Profa. Jandra Maria Camargo de Araújo
A) previsão

Corresponde aos valores que a lei do orçamento consignar, pois são estimativas de receitas que se
originam de estudos de previsão, antes de comporem o projeto de lei orçamentária.

B) lançamento
É o ato administrativo que o poder executivo utiliza, visando identificar e individualizar o
contribuinte ou o devedor e os respectivos valores, espécies e vencimentos. É o imposto nominal.
Muitas espécies de receitas não sujeitas a lançamento ingressam diretamente no estágio
arrecadação.

C) arrecadação
O momento arrecadação é aquele em que os contribuintes comparecem perante os agentes
arrecadadores a fim de liquidarem suas obrigações para com o estado. Os contribuintes não tem
acesso direto ao tesouro público, portanto, eles devem liquidar suas prestações perante um órgão
intermediário denominado agente arrecadador.
Agentes arrecadadores

Os agentes arrecadadores classificam-se em dois grupos:


A) Agentes públicos:
São as próprias repartições do governo

B) Agentes privados:
São os bancos autorizados

Além dos agentes arrecadadores, há outros órgãos que prestam compulsoriamente, inestimáveis
serviços ao poder público como auxiliares de arrecadação, que denominamos depositários. Eles
deduzem dos pagamentos efetuados o imposto de renda, as contribuições previdenciárias e outros
impostos, depois entregam o produto dessas retenções aos agentes arrecadadores públicos ou
privados.

D) recolhimento
Recolhimento é o ato pelo qual os agentes arrecadadores entregam diariamente, ao tesouro público,
o produto da arrecadação.
Os agentes arrecadadores públicos realizam o recolhimento diretamente ou através de depósitos nos
bancos oficiais. Já os agentes privados, ou seja, os bancos autorizados em geral, fazem o
recolhimento transferindo, periodicamente o valor arrecadado para as contas de arrecadação
existentes nos bancos oficiais.

QUITAÇÕES

 Os agentes arrecadadores são obrigados a fornecer aos contribuintes recibos (guias de


arrecadação) dos valores recebidos.
 A quitação dos tributos lançados é feita no próprio aviso de lançamento mediante autenticação
mecânica.
 Noutros casos é o próprio contribuinte quem preenche a guia de arrecadação, cabendo-lhe uma
das vias do documento devidamente autenticado.

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Profa. Jandra Maria Camargo de Araújo
 O poder público não emite segundas vias de recibos (guias de arrecadação), em casos de
extravio, o interessado deverá requerer ao órgão competente o fornecimento de uma certidão
comprovando o pagamento efetuado.

RESÍDUOS ATIVOS OU RESTOS A ARRECADAR


 Os créditos do estado, fiscais ou de outras naturezas, não arrecadados até o último dia do
exercício financeiro a que pertencem constituirão, no futuro, receita própria do exercício em
que forem realizados.

 Já o valor da receita lançada e não arrecadada até o último dia do exercício é perfeitamente
conhecido, é o saldo da conta receita lançada. É esse saldo que constitui os resíduos ativos ou
restos a arrecadar.

 O país que adota o regime de competência apropria os resíduos aos exercício que se encerra e
classifica seu valor em conta financeira sob um dos títulos: resíduos ativos do exercício ou
restos a arrecadar

 No Brasil não se adota o regime de competência para as receitas. Portanto, o saldo não
arrecadado da receita lançada não é apropriado ao exercício ao qual pertence. Todavia, o valor
conhecido dos restos a arrecadar é incorporado ao patrimônio, no ativo permanente, como
componente da dívida ativa.

DÍVIDA ATIVA

 Constitui dívida ativa da fazenda pública o conjunto de créditos líquidos e certos.


 O artigo 39 da lei 4.320/64, classifica a divida ativa em dois grupos: dívida ativa tributária e
dívida ativa não tributária
 O primeiro grupo reúne somente os créditos relativos a tributos lançados e não arrecadados; o
segundo, engloba todos os demais créditos líquidos e certos, da fazenda pública.

RESTITUIÇÕES DE RECEITAS

 Se o contribuinte pagar importância maior que a devida ou mesmo pagar um tributo


indevidamente, cabe-lhe o direito de receber de volta o valor pago nestes casos. A iniciativa do
processo de restituição é do contribuinte mediante requerimento dirigido a repartição
competente, relatando o fato, as razões de direito e juntando os comprovantes necessários; os
órgãos competentes examinarão o pedido, constatarão o direito do contribuinte, culminando
com a autorização para restituir a importância arrecadada indevidamente.

 Restituída a importância dentro do exercício ao qual se refere o tributo, ela será contabilizada
como anulação de receita. Se não for paga até 31 de dezembro serão classificadas na conta
restituições a pagar.

 As restituições aprovadas em exercícios seguintes ao que se refere o tributo processar-se-ão


regularmente como despesas orçamentárias, onerando dotação própria de restituições e
indenizações, não sendo pago até 31 de dezembro, o valor será transferido para a conta restos a
pagar.
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Profa. Jandra Maria Camargo de Araújo

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