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DANÇA COMO CONTEÚDO DA EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO

CURRICULAR OBRIGATÓRIO II – CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA


UFG – RC
1º Autor: Passos Amorim, Hayton. E-mail: hayton20091@hotmail.com

2º Autor: Batista De Oliveira, Bruno. E-mail:

Professora Orientadora: Dr.ª Ana Carla Dias Carvalho

Universidade Federal de Goiás/ Regional Catalão/ Unidade Acadêmica Especial de Biotecnologia

RESUMO: Este trabalho tem o objetivo de retratar a experiência dos alunos do curso de educação física
acerca da experiência de estagio curricular obrigatório com o conteúdo de dança, problematizando a prática
metodológica com o contexto da realidade escola campo a partir do cotidiano vivenciado na mesma, tratando
de forma pedagógica o conteúdo de dança. A presente experiência metodológica se passa no Colégio
Estadual Dona Iaya, instituição da rede estadual de educação, com Duas turmas do ensino médio, as
intervenções eram realizadas uma vez por semana, a experiência na referida escola se dá através do Estágio
curricular obrigatório II e consequentemente na recém aderida residência pedagógica. O percurso
metodológico acontece juntamente com as observações que fazemos dentro do ambiente escolar, sua rotina e
seus ritos. Nota-se uma disciplinarização dentro do ambiente escolar extremamente forte o que seria um
empecilho ou uma certa contradição em nossa pratica, pois levamos como referência principal uma
educação crítica e inovadora proposta pelo coletivo de autores(1992), levando em consideração o trabalho
acerca da cultura corporal temas foram escolhidos pois sempre foram conteúdos renegados nas aulas de
educação física, os temas propostos como integrantes dos temas transversais de dança foram Cultura de
Resistencia, Sexualidade, e mercadorização.

Palavras–Chave: Dança, Estágio, Cultura Corporal.

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1-INTRODUÇÃO. Este trabalho aborda a prática extremamente disciplinatório de educação, por
pedagógica desenvolvida a partir da experiência na conta do histórico violento dentro da instituição e
disciplina de Estágio Curricular Obrigatório do curso uma atenção exacerbada a ideia de sexualização
de educação Física (EF) da Universidade Federal de presente no imaginário coletivo dos alunos de
Goiás - Regional Catalão (UFG-RC). No trato com acordo com o que podemos notar no cotidiano
as danças. Privilegiou-se pesquisar a prática escolar. Com a observação dessas características
pedagógica tendo como eixo articulador a relação adotamos uma visão de currículo pós crítico,
teoria-prática, atravessando a experiência de estagio onde baseávamo-nos na desestabilização de
articulada a noção de construção de pesquisa, com o poder presente intensamente na escola sobre os
objetivo central de qualificar a formação de alunos, a garantido a eles direito criação e
professores num contexto de permanente participação do conhecimento, adotando como
questionamento e Criatividade sobre o pensar teórico referencial base o conceito de cultura corporal
e o fazer acadêmico. presente na Metodologia de ensino da Educação
Física (1992) foram escolhidos os conteúdos de
2-METODOLOGIA. A experiência de prática
Dança. De forma com que os conteúdos
pedagógica ligada a pesquisa em desenvolvimento se
dialogassem com as mazelas presente na escola
dá através da disciplina de Estágio Curricular
foram escolhidos os temas transversais para que a
Obrigatório II, vinculada ao curso de EF presente na
educação aconteça de forma integral, onde as
UFG-RC, a experiência citada mais adiante teve
necessidades do ambiente fariam parte da
como espaço formador, a Escola Estadual Dona
educação para que ocorra uma formação crítica e
Yaya (CEDI), instituição de ensino da rede pública
emancipatória, de acordo com Paulo freire em
do governo do Estado de Goiás, Localizada na
pedagogia da autonomia, ensinar exige apreensão
cidade de Catalão, com alunos do terceiro e segundo
da realidade, é necessário identificar as mazelas
ano do ensino médio. A escolha dos conteúdos a
que perturbam e estão presente no ambiente para
serem trabalhados na instituição tem como objetivo
que a transformação seja possível (FREIRE,1996
introduzir um conceito amplo do que seria espaço da
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EF na cultura escolar, tendo em vista que por muito
a educação física se isenta do trato de alguns 3-RESULTADOS E DISCUSSÃO. Tematiza-se
conteúdos no ambiente escolar por serem as danças como conhecimentos da cultura
contradizentes com o currículo proposto pela corporal os quais encontram-se secundarizados
no âmbito da prática pedagógica de educação
instituição de ensino ou por falta de condições física. O trato com o conhecimento da dança
estruturais de trabalho. A educação Física presente identifica-se com a necessidade de acesso ao seu
na escola-campo baseava-se em um conceito universo, desmistificando sua imagem, apenas,
como espetáculo folclórico contemplativo.
monocultural que excluía algumas facetas Entendendo-a, portanto, como conhecimento
importantes da cultura corporal. Observando o significativo nas ações corpóreas, podendo ser
cotidiano da escola, seus ritos e características exploradas no repertório popular, folclórico,
clássico, contemporâneo, na improvisação e na
podemos observar uma grande afeição a um modelo
composição coreográfica. (BRASILEIRO, 2002). reforçassem nos alunos essa ideia de criticidade,
Aborda-se as relações entre as danças indígenas e enquanto sujeitos transformadores do seu
afro-brasileiras e as danças circulares.
ambiente, reconhecendo-se como classe perante a
Especialmente, o “Maculelê” como uma dança/luta
com traço marcantes para a história e cultura afro- sociedade em que estão inseridos. A resistência
brasileira, e seus mitos, como expressão da de alguns alunos é facilmente vencida pois nos
historicidade e das formas de racismo e preconceito
propomos a realizar uma educação física para
presentes na atualidade. O funk foi introduzido como
conteúdo a ser trabalhado pois consideramos uma todos, com algum esforço e diálogo acabamos
importante cultura de resistência aos jovens e por conseguindo levar todos a prática do que
estar bastante presente no seu cotidiano,
propomos. torna uma ruptura entre uma educação
considerando essa ser uma cultura periférica e a
escola-campo ser uma escola pública onde a grande física tradicionalista que dá ênfase aos esportes
maioria dos alunos ingressantes são moradores de coletivos adotada pela escola. Porém o que
regiões periféricas da cidade de catalão, o funk foi
notamos foram experiências acerca dos
escolhido com o objetivo de aproximar o processo
educacional do ambiente em que estão inseridos, conteúdos extremamente ricos e formativos com
afim de resinificar, reconstruir uma cultura que está pouquíssimas rejeições ao que havíamos proposto
presente em seu cotidiano, mas que muitas vezes
como conteúdo.
aparece carregado de preconceitos e mazelas dentro
da sociedade por ser uma cultura negra e periférica.
AGRADECIMENTOS.
Portanto organizamos o conteúdo de dança da
seguinte maneira, Danças Matriciais e indígenas, Sinceros agradecimentos a Professora supervisora
Maculelê, Funk, Capoeira, e judô, trazendo a todo Dr.ª Ana Carla, responsável por nos ter dado a
tempo a ideia de historicidade da cultura corporal
oportunidade e autonomia para a realização desse
para que possamos trazer aos alunos a consciência
do ambiente em que estão inseridos, e também trabalho, onde a todo momento fomos
provocá-los a ideia de como a sociedade se encontra encorajados e respeitados por nossas decisões
e constante modificação e eles são agentes
enquanto grupo e por nossas escolhas durante a
precursores dessa mudança, evidenciando sua
importância nesse constante fluxo para que se construção do trajeto metodológico.
reconheçam como autores da história. (FERREIRA,
et all,2017). 5- REFERÊNCIAS.

4-CONCLUSÃO. Ao iniciarmos os trabalhos na ALVES, Michelle Silva et al. O ENSINO DA


escola-campo, trazemos conosco uma certa DANÇA NO ENSINO FUNDAMENTAL II E
preocupação acerca de como seria a aceitação do MÉDIO DA REDE ESTADUAL DO RECIFE -
público alvo, por levarmos uma educação física com REGIÃO SUL. Pensar a Prática, [S.l.], v. 18, n.
um objetivo critico de formação idealizado pelo 2,jun.2015. ISSN 1980-6183.Disponível
coletivo de autores e Paulo freire, principalmente em:<https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/
levando em consideração que esse modelo critico se 31025/18788>. Acesso em: 04 out. 2018.
torna uma ruptura entre uma educação física
tradicionalista que dá ênfase aos esportes coletivos BRASILEIRO, L. T. O conhecimento no
adotada pela escola. Porém o que notamos foram currículo escolar: o conteúdo dança em aulas de
experiências acerca dos conteúdos extremamente Educação Física na perspectiva crítica.
ricos e formativos com pouquíssimas rejeições ao Movimento, Porto Alegre, V. 8, n. 3, p. 5-18,
que havíamos proposto como conteúdo. Para as setembro/dezembro. 2002 COLETIVO DE
aulas objetivamos desde o início que as aulas
AUTORES, Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo Cortez. 1992.

DAVID, N. Pesquisa como Princípio Educativo e de


Formação Docente. Licenciatura em Educação Física.
Universidade Federal de Goiás – UFG. Vol. 1. 2011.
FERREIRA, A. C. P. et all. A Experiência
Metodológica do PIBID com a Dança, Criação e
Manifestações Culturais na

Escola Municipal Nilza Aires. In. Anais do


Congresso de GPT e Dança do Centro Oeste.
Disponível em:
http://www.anais.ueg.br/index.php/GPT/article/viewF
ile/994 5/7483. Acesso em 01/09/2018. VASQUES,
Daniel Giordani; BELTRÃO, José Arlen. MMA e
Educação Física Escolar: a luta vai começar.
MOVIMENTO. Porto Alegre, v. 19, n. 04, p. 289-
308, out/dez de 2013.

Freire, Paulo Pedagogia da autonomia: saberes


necessários à prática educativa / Paulo Freire. – São
Paulo: Paz e Terra, 1996. – (Coleção Leitura)

MARTINS, Carlos Henrique dos Santos; RIBEIRO,


Claudia. CULTURA JUVENIL E ESCOLA: O
FUNK COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA E
DE IDENTIDADE DA JUVENTUDE NEGRA
CARIOCA. Revista da Associação Brasileira de
Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), [S.l.], v. 10, n.
Ed. Especi, p. 91-108, jun. 2018. ISSN 2177-2770.
Disponível em:
<http://www.abpnrevista.org.br/revista/index.php/revi
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