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ISSN 2358-9981

Volume 3 | Número 2 | Dezembro de 2017

Manaus - AM
REITOR DO IFAM
Antônio Venâncio Castelo Branco

PRÓ-REITOR DE ENSINO
Antônio Ribeiro da Costa Neto

PRÓ-REITOR DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E INOVAÇÃO


José Pinheiro de Queiroz Neto

PRÓ-REITORA DE EXTENSÃO
Sandra Magni Darwich

PRÓ-REITOR DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL


Jaime Cavalcante Alves

PRÓ-REITORA DE ADMINISTRAÇÃO
Josiane Faraco de Andrade Rocha

COMITÊ EDITORIAL
Dra. Sandra Magni Darwich – Editora Executiva
Esp. Aline Zorzi Schultheis de Freitas
Msc. Raimundo Vicente Jimenez
Dr. Fabiano Waldez Silva Guimarães
Dr. João Batista Neto
Msc. José Roselito Carmelo Silva
Dra. Juliana Mesquita Vidal Martinez de Lucena
Msc. Vanessa Costa Sena
Dr. Valdely Ferreira Kinupp

Avaliadores Ad hoc
Dra. Ana Lúcia Soares Machado
Msc. Danielli Cristina Oliveira Ferreira
Dr. Luiz Henrique Claro Junior
Dra. Maria Ireide Andrade de Queiroz
Dr. Paulo Marreiro dos Santos Júnior
Dra. Soraya Farias Aquino

Capa e Diagramação
Esp. Anne Karoline da Silveira Cabral

Revisor de Normas Técnicas


Esp. Beatriz Pereira Dias
Msc. Karina Batista de Sales as
Msc. Odimar José Ferreira Porto

Revisor de Língua Portuguesa


Esp. Augusto José Savedra Lima

Revisor de Língua Inglesa


Esp. Andrezza Barbosa Carvalho

Organização e Edição
Aline Zorzi Schultheis de Freitas
Jorge Ernande Gomes de Magalhães Filho
Camilla de Sousa Simplicio (Estagiária de Tecnologia em Produção
Publicitária)
Sharllyne Luyze de Souza Chaves (Estagiária de Tecnologia em
Produção Publicitária)

Supervisor Gráfico
Jorge Ernande Gomes de Magalhães Filho

Tiragem
300 exemplares
© Copyright 2017 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Amazonas - IFAM.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

N338
Nexus: Revista de Extensão do IFAM/ Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Amazonas. v. 1, n. 1 (abr. 2015-) Manaus: Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, 2015 - .

Semestral. (v. 3 n. 2 nov. 2017)


ISSN: 1982-5498
ISSN-E: 2238-4286

1. Educação-Brasil 2. Tecnologia 3. Produtos e Processos. 4. Experiências


Pedagógicas.
CDD 371.2

Elaborada pela Bibliotecária/Documentalista: Mirlândia Regina Amazonas Passos CRB-AM 767/11


EDITORIAL
Sandra Magni Darwich
Pró-Reitora de Extensão/IFAM
SUMÁRIO

ARTIGOS

11 IMPLANTAÇÃO DE BIBLIOTECA COMUNITÁRIA NA ALDEIA


INDÍGENA MOYRAY

23 CIDADANIA DE RESULTADOS: A LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO


COMO ALIADA DA PESQUISA E CONTROLE SOCIAL

31 JOGOS LÓGICOS: UMA EXPERIÊNCIA COM OS ALUNOS IFAM


MANACAPURU

39 LIXEIRA ECOLÓGICA: ESTUDO DE CASO SOBRE


ACONDICIONAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM LÁBREA,
AM

RELATO DE EXPERIÊNCIA

51 ORGANIZAÇÃO DOS JOGOS TRADICIONAIS INDÍGENAS DE


MANACAPURU DE 2017

61 III SEMANA DA CONSTRUÇÃO CIVIL DO INSTITUTO FEDERAL DE


EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO AMAZONAS

69 RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ATIVIDADES LÚDICAS DE DANÇA


DE SALÃO PARA A COMUNIDADE DA REGIÃO DO ALTO RIO
NEGRO, AMAZONAS, BRASIL - PURANGA PURASI

75 DIA MUNDIAL DA ÁGUA: A GINCANA COMO FERRAMENTA DE


ENSINO E SENSIBILIZAÇÃO

83 ESTÁGIO PROFISSIONAL NA ESCOLA: UMA EXPERÊNCIA


EXITOSA NO CONTEXTO DAS AÇÕES DA COORDENAÇÃO DE
EXTENSÃO DO CAMPUS AVANÇÃDO DE MANACAPURU

91 FORMAÇÃO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE: VIVÊNCIA


NA ATENÇÃO AO IDOSO

97 AS HISTÓRIAS LOCAIS TRANSFORMADAS EM HISTÓRIAS EM


QUADRINHOS - HQs NA SALA DE AULA

109 EVOLUÇÃO DO CARRINHO DE ROLIMÃ: GRAVITY RACING DAS


CACHOEIRAS 2016
Artigos
IMPLANTAÇÃO DE BIBLIOTECA
COMUNITÁRIA NA ALDEIA INDÍGENA
MOYRAY
Nara Bezerra de Oliveira1
Aline Zorzi Schultheis de Freitas2

Resumo: O presente artigo tem como objetivo apresentar os resultados


do Projeto de Extensão “Biblioteca Comunitária da Aldeia Indígena
Moyray”, que teve como finalidade implantar uma biblioteca comunitária
na referida aldeia. O projeto foi desenvolvido como parte do Programa de
Voluntariado do Instituto Federal do Amazonas, por meio da Pró-Reitoria
de Extensão, no período de agosto a dezembro de 2016 e contou com a
participação de voluntários, entre eles discentes e servidores do IFAM,
além dos próprios comunitários da aldeia. A participação da comunidade
foi essencial para execução do projeto, pois o mesmo tinha como objetivo
realizar uma ação social, mas ao mesmo tempo contribuir para formação
cultural dos envolvidos. Por esse motivo, escolheu-se como caminho
metodológico a pesquisa-ação com abordagem qualitativa. O projeto foi
dividido em quatro etapas. A primeira etapa teve como finalidade realizar
um diagnóstico da realidade e, a partir disso, construiu-se coletivamente
o projeto. Na segunda etapa, houve a arrecadação de livros e revistas para
composição do acervo da biblioteca. A terceira etapa teve como objetivo
a formação dos comunitários por meio de oficinas. Por fim, houve a
organização e inauguração da biblioteca. Utilizou-se como instrumento
de coleta de dados depoimentos e observação. Os resultados apontam
um efetivo envolvimento da comunidade na execução do projeto.
Observou-se também uma mudança gradativa quanto aos hábitos de
leitura, passando os comunitários a entender a importância do espaço
de leitura para a construção social do conhecimento na comunidade.

Palavras-chave: Biblioteca Comunitária. Leitura. Formação Cultural.

Abstract:

Keywords:

1 Graduada em Gestão Pública, Coordenadora Geral de Programas e Projetos da Pró-


Reitoria de Extensão, Instituto Federal do Amazonas – IFAM/PROEX. nara.oliveira@
ifam.edu.br
2 Mestra em Educação Escolar, Coordenadora Geral de Ações Inclusivas da Pró-
Reitoria de Extensão, Instituto Federal do Amazonas – IFAM/PROEX. aline.schultheis@
ifam.edu.br

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12 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM
INTRODUÇÃO a realização de ações voluntárias com a
finalidade de propor solução a problemas
A leitura pode ser considerada uma sociais de comunidades, ao mesmo tempo
das formas de o cidadão conhecer o em que ocorrem trocas de experiências
mundo, porém a realidade atual aponta a e conhecimentos, o que contribui para
necessidade de democratização do acesso formação de valores e exercício da cidadania
à leitura e a escrita, principalmente quando (IFAM, 2015, p. 1).
pensamos nas comunidades indígenas. Por Para a construção do projeto foi
se localizarem, na maioria das vezes, longe realizada uma reunião com o Presidente
dos centros urbanos, os comunitários só da Comunidade, na qual se apresentou
têm acesso a livros ou a internet quando se os objetivos das ações pretendidas. O
deslocam para outros lugares. Esse fato pode Presidente, imediatamente, demonstrou
dificultar o desenvolvimento do gosto pela interesse na realização do projeto.
leitura nos habitantes dessas comunidades. Delineou-se como objetivo geral do
Nesse contexto, encontramos a projeto democratizar o acesso à leitura e as
Comunidade Indígena Moyray, localizada no informações por meio da implantação de
Km 97 da Rodovia AM-254, na Zona Rural uma biblioteca na Comunidade Indígena
do Município de Autazes. A comunidade é Moyray. Os objetivos específicos foram: i)
composta basicamente por Índios da Etnia estimular o interesse e prazer pela leitura
Mura, que ocupam vastas áreas no complexo entre os comunitários da Aldeia Moyray; ii)
hídrico dos Rios Madeira, Amazonas e Purus potencializar por meio da leitura a criatividade,
(NO AMAZONAS É ASSIM, 2013). Escolheu-se autonomia e formação de cidadãos críticos; e
esta comunidade para realização do projeto iii) promover um espaço de integração social
em função do IFAM já ter oferecido cursos de entre comunitários.
qualificação profissional nesta comunidade e
conhecer parcialmente a realidade local. A DEMOCRATIZAÇÃO DA
Atualmente os indígenas estudantes LEITURA
dessa comunidade frequentam escolas nas
proximidades. No geral, as únicas fontes Talvez não seja tão comum pensarmos
de pesquisa dos comunitários são os livros em bibliotecas em aldeias indígenas. Quando
fornecidos pelas escolas, visto que a Biblioteca é esse o assunto, é inevitável pensarmos
mais próxima fica a 30 km de distância, no nas questões culturais envolvidas, levando
Município de Autazes e a conexão com a ao temor de uma influência negativa nas
internet na comunidade é limitada e precária. culturas tradicionais. É necessário que exista
Apesar da Biblioteca Municipal de Autazes esse tipo de preocupação, pois respeitar e
existir é importante ressaltar as dificuldades manter as culturas tradicionais são formas
de deslocamento que existem na região de preservação do conhecimento. Porém, é
amazônica, o que impossibilita o acesso de extrema relevância social atravessar as
frequente dos comunitários a tais espaços. barreiras culturais de forma a levar meios de
Baseado nessa realidade foi proposto preservação e melhoramento, fazendo com
pela Pró-Reitoria de Extensão (PROEX/IFAM) que diminua o distanciamento cultural. Cohn
O projeto “Biblioteca Comunitária da Aldeia (2001, p. 2) corrobora dessa ideia ao afirmar
Indígena Moyray”, como parte do Programa que:
de Voluntariado do Instituto Federal do
Amazonas (IFAM). O Programa viabiliza

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A percepção das dinâmicas sociais fator de exclusão. Em tempos em que inclusão
e culturais exige que se atente não
é vista como algo essencial na sociedade, é
apenas às tradições, como também
à inovação; não se nega, assim, a
intolerável que existam povos que caminham
reprodução social, mas amplia-se a as margens da sociedade, não tendo acesso
noção de reprodução social, de modo ao mínimo de informação possível, a menos
que inclua a possibilidade de mudança.
que por vontade própria. Portanto, observa-
Desse modo, vai-se além da proposição
de que estas sociedades têm, em todos
se a emergente necessidade de democratizar
os seus aspectos, como objetivo único a as fontes de conhecimento e as informações
perpetuação estanque. [...] às mais diversas comunidades, inclusive as
indígenas.
Assim, trata-se de pensar em uma Além de contribuir para a inclusão social
biblioteca que além de contribuir para o incentivo a leitura estimula a criatividade e
pesquisas escolares, contribua também para a autonomia, contribuindo para formação de
as atividades diárias dos comunitários. Um cidadãos críticos. De acordo com Gil (2006, p.
dos aspectos observados nas comunidades 4):
indígenas é que seu principal modo de
subsistência ainda se origina das atividades Ler é transcender, é possibilitar, é ir
além do nosso por vezes cruel mundo
realizadas dentro da própria comunidade,
imediato – tantas e tantas vezes nos
como plantar, colher, criar animais, fazer abrigamos no confronto acolhedor
artesanatos, entre outras, mantendo assim da leitura quando estamos amuados
os meios tradicionais de subsistência. ou pesarosos. Ler é abrir janelas,
destramelar portas, enxergar com
Baseados nesses conceitos, procurou-se na
outros olhares, estabelecer novas
implantação da Biblioteca Comunitária na conexões, construir pontes que ligam
Aldeia Moyray acervos bibliográficos que o que somos com o que outros,
tratassem dos temas relacionados ao dia a tantos outros, imaginaram, pensaram,
escreveram. Ler é fazer-nos expandidos.
dia dos comunitários, a fim de contribuir para
o melhoramento das práticas diárias.
O que os indígenas esperam da sociedade A leitura contribui para construção de
envolvente não é necessariamente que eles olhares e participação na sociedade, portanto
lhes ensinem como manter suas tradições e em todas as fases da vida o ser humano deve
ser estimulado a desenvolver o hábito da
apontem o que deva ser preservado de sua
leitura. Mas ler não apenas para decodificar
cultura, pois isso é iminente do próprio grupo
palavras, mas para aprender a escrever a sua
indígena. No entanto, o que eles esperam,
própria vida como autor, isto é, conscientizar
além do respeito às diferenças culturais,
de sua existência (FREIRE, 1987).
é o acesso ao conhecimento e as técnicas
Mas como ler se não há livros? As
produzidas por outras culturas (GOMES;
bibliotecas, comuns em escolas, podem ter
AGUIAR; ALEXANDRE, 2012).
difícil acesso para comunidades indígenas
A exclusão social pode ocorrer motivada
longe da zona urbana. Portanto, faz-se
por diversos fatores, entre elas, as deficiências
necessário a construção de espaços que
físicas e mentais, as diferentes condições
oportunizem que todos tenham acesso a
econômicas, a falta de escolaridade, entre
leitura.
muitos outros. Inseridos na sociedade,
De acordo com Martins (1994), dentro
denominada muitas vezes como “Sociedade
de toda uma sociedade, de uma cultura,
do Conhecimento” (CASTELLS, 2000), a falta
não podemos nos esquecer que a peça
de conhecimento e informação pode ser um
fundamental de todo este processo,

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primeiramente, somos nós. Ler também faz As bibliotecas comunitárias são criadas
parte de um contexto pessoal. Temos que pela comunidade e para a comunidade.
valorizá-lo para podermos ir além. Além de Sua característica principal é seu local de
tudo o que se pode simplesmente ler, ir até funcionamento, pois no geral são locais
onde nossa imaginação possa ser capaz de caracterizados pela exclusão social. Com
nos levar. a finalidade de valorizar a comunidade
Nessa direção, as bibliotecas e o ambiente em que está inserida, são
comunitárias têm sido construídas como instrumentos para o desenvolvimento do
forma de democratizar o acesso à leitura hábito e o prazer pela leitura. É importante
e o conhecimento. Existem diversos tipos destacar a forma de constituição dessas
de bibliotecas. Entre elas podemos citar: as bibliotecas, que surgem da necessidade na
bibliotecas escolares, as bibliotecas públicas, e comunidade de um espaço de interação,
as bibliotecas comunitárias. Embora todas as onde os cidadãos possam ter informação
bibliotecas possuam propósitos semelhantes de uma maneira que possam compartilhar
elas têm em sua essência características e e serem inseridos em uma nova realidade: o
modos funcionamentos específicos. mundo dos livros.
A biblioteca escolar é um dos
instrumentos auxiliadores de grande METODOLOGIA
importância para o processo de ensino
aprendizagem. Como procedimento metodológico
De acordo com o manifesto da IFLA/ adotou-se para o projeto a pesquisa-ação,
UNESCO (2013) a biblioteca pública é o visto se tratar de uma ação de extensão.
centro local de informação, tornando De acordo com o Thiollent (2000, p. 14) a
prontamente acessíveis aos seus utilizadores pesquisa-ação é:
o conhecimento e a informação de todos
os gêneros. As bibliotecas públicas têm [...] é um tipo de pesquisa social
como característica principal serem de com base empírica que é concebida
e realizada em estreita associação
responsabilidade de autoridades locais ou com uma ação ou com a resolução
nacionais. Seu funcionamento e sua gestão de um problema coletivo e no qual
devem estar baseadas nas legislações e os pesquisadores e os participantes
planos estratégicos definidos por uma rede representativos da situação ou do
problema estão envolvidos de modo
nacional de bibliotecas, segundo instrui o
cooperativo ou participativo.
manifesto.
As bibliotecas comunitárias possuem
A base da pesquisa-ação não é apenas
características próprias, conforme podemos
obter dados, mas sim construir uma ação de
observar nas palavras de Guedes (2010, p.1):
bases colaborativas que buscam a solução de
problemas. Portanto, no projeto de extensão
[...] As bibliotecas comunitárias
são ambientes físicos criados “Biblioteca Comunitária da Aldeia Indígena
e mantidos por iniciativa das Moyray” ao mesmo tempo em que se realizou
comunidades civis, geralmente ações sociais, buscou-se também a formação
sem a intervenção do poder
cultural dos comunitários, discentes e
público. Estes centros
comunitários possuem um acervo servidores. Como instrumentos de coleta de
bibliográfico multidisciplinar, dados utilizou-se depoimentos e observação.
abarcando diversas tipologias Os sujeitos participantes foram discentes,
documentais.
servidores e os próprios comunitários da

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Aldeia Moyray. Este é um aspecto importante, por meio de fixação de cartazes do projeto
tendo em vista o conceito de extensão nos murais e conversa com servidores e
adotado pelo IFAM, que é a extensão como alunos, nos Campi do IFAM na Capital.
“processo educativo, cultural, político, social, A terceira etapa consistiu na organização
científico e tecnológico que promove a e na montagem dos mobiliários da biblioteca
interação dialógica e transformadora entre que foram compostos por estantes
as instituições e a sociedade, levando em reaproveitadas dos Campi, além de mobiliários
consideração a territorialidade” (FORPROEXT, que foram construídos utilizando-se materiais
2015). recicláveis: como caixas de madeira que
A implantação da biblioteca na serviram como prateleiras, garrafas PETs
Comunidade Indígena Moyray ocorreu em para confecção de pufes e outros materiais.
quatro etapas distintas. A primeira etapa Para isso foi realizado uma campanha para
foi constituída pelo diagnóstico, na qual foi arrecadação de garrafas PETs. O Setor de
realizado uma visita a aldeia com o objetivo Engenharia do IFAM voluntariamente cedeu
de realizar uma reunião com a liderança um engenheiro e um arquiteto para pensar
da aldeia e representação significativa da nas possibilidades de melhorias na estrutura
comunidade. A equipe fez apresentação dos física do espaço onde seria a biblioteca na
objetivos do projeto e usou como estratégia comunidade.
ouvir os comunitários sobre a importância Posteriormente, alunos e servidores
da implantação de uma biblioteca dentro da se deslocaram até a Aldeia Moyray para
aldeia. Nessa reunião foi possível detectar realização das oficinas. Foram realizadas 4
os anseios dos comunitários quanto à oficinas: 1) Oficina de Confecção de Pufes
biblioteca, bem como que tipos de livros os com garrafas Pets; 2) Oficina Tons da Terra;
interessavam. Durante essa visita, foi possível 3) Oficina Cantinho da Leitura e 4) Oficina
conhecer o local onde a comunidade já havia de Corte e Costura. As oficinas foram
reservado para que o sonho da biblioteca realizadas simultaneamente em um dia de
começasse a se concretizar. Nessa visita, ação na comunidade, envolvendo a maioria
foi realizado o primeiro estudo do espaço dos comunitários, no qual as lideranças
para implantação da biblioteca. Ao retornar organizaram os grupos que participaram
ao IFAM, foi apresentando aos servidores em cada oficina e posteriormente seriam
e alunos o diagnóstico realizado e assim foi os responsáveis por aplicar o conhecimento
possível construir coletivamente as próximas aprendido na construção na Biblioteca.
fases do projeto. Na quarta fase, servidores, alunos e
A segunda etapa foi dar início à comunitários montaram, com os materiais
campanha para estimular servidores e confeccionados durante as oficinas, a
alunos do Instituto Federal do Amazonas biblioteca comunitária. Nessa fase, com o
e a comunidade em geral a doarem livros auxílio dos Bibliotecários do Campus Manaus
e revistas para constituição do acervo. A Zona Leste, os comunitários, ao mesmo
campanha teve como objetivo, além de tempo em que aprenderam sobre os tipos de
arrecadar os livros e revistas, estimular entre biblioteca e o sobre o funcionamento delas,
os alunos e servidores do IFAM o espírito puderem iniciar a catalogação do acervo. E por
solidário. Através das redes sociais, como fim, no dia 16 de dezembro de 2016, houve
as fanpages do IFAM e da PROEX - Conexão a inauguração da Biblioteca Comunitária
Proex, e na página oficial do IFAM começaram Moyray. Na inauguração estiveram presentes,
as divulgações. Houve também a divulgação o Reitor do IFAM, a Pró-Reitora de Extensão,

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alguns Diretores Gerais, servidores e alunos. uma diversidade de literatura. Entre os livros
Este foi um momento emocionante para que eles citaram que gostariam que havesse
todos os envolvidos. na biblioteca estavam: filosofia, romance,
gibis, história moderna, agricultura, literatura
RESULTADOS E DISCUSSÃO infantil, entre outros. Uma das comunitárias
se ofereceu para ser responsável pela
Na fase do diagnóstico foi realizada uma biblioteca e se dispôs a aprender como fazer
reunião em forma de roda de conversa (figura a catalogação do acervo. É interessante
1), com em torno de 40 comunitários. Nesse ressaltar que nessa visita os comunitários
momento, pode-se observar o anseio dos apresentaram a equipe do projeto o espaço
comunitários para ter uma biblioteca. Ficou destinado à futura biblioteca. Isso demonstrou
evidente nas falas dos mesmos a preocupação o interesse e prontidão da comunidade em
com as crianças e jovens da comunidade, ter uma biblioteca.
pois, segundo eles, a falta de opção de Em seguida foi apresentado aos
entretenimento, tem feito que as crianças servidores envolvidos o diagnóstico realizado
fiquem muito tempo assistindo televisão e os e construiu-se coletivamente as próximas
jovens se sentirem desestimulados a darem fases do projeto. Cada servidor apresentou
continuidade aos estudos. propostas de oficinas que poderiam ser
realizadas durante a construção da biblioteca
Figura 1: Reunião de diagnóstico na Aldeia Moyray com o objetivo de proporcionar a capacitação
necessária. Nessa reunião construiu-se um
cronograma das atividades e como se daria
o envolvimento de cada um. Essa construção
coletiva se faz necessária quando se trata de
um projeto de extensão com uma abordagem
de pesquisa-ação. De acordo com Thiollent
(2000, p. 2): “[...] a construção extensionista
não está limitada aos pares, abrange uma
grande diversidade de públicos externos
com os quais é preciso estabelecer uma
Fonte: O Próprio autor, 2016.
interlocução para identificar problemas,
informar, capacitar e propor soluções”.
Após a equipe apresentar o objetivo
Na segunda fase do projeto, servidores
do projeto, houve uma adesão imediata ao
e alunos do IFAM foram convidados a
mesmo. Foi possível observar, também uma
participarem fazendo suas doações. Na
preocupação dos comunitários em relação ao
figura 2 podemos observar um dos cartazes
fortalecimento da comunidade com relação
confeccionados pela equipe do projeto para
à educação. Todos abraçaram a causa e se
realização da campanha.
propuseram a fazer com que a realização
fosse possível. Essa fase foi de suma
importância para concretização do projeto,
pois não se pode pensar em um espaço para
uma comunidade fora da mesma.
Nesse diagnóstico observou-se também
que os comunitários se interessavam por

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Figura 2: Cartaz para doação de livros de garrafas PETs” (figura 3), coordenada
pelo docente Abraão de Souza Silva e com
a participação de alunos voluntários do
Campus Presidente Figueiredo, visava utilizar
materiais recicláveis para construção do
mobiliário da biblioteca. Optou-se por utilizar
esse tipo de material devido à preocupação
com o meio ambiente, pois no geral esse
tipo de material leva anos para se decompor
quando descartado de forma incorreta no
meio ambiente. Além disso, é um material de
fácil acesso e pode ser utilizado para construir
outros móveis e ser uma fonte de geração de
renda. “Comportamentos ambientalmente
corretos devem ser aprendidos na prática,
por meio de conscientização ambiental no
cotidiano da vida escolar, contribuindo para a
formação de cidadãos críticos responsáveis”
(LOPES; NUNES, 2010, p. 89). Além de
contribuir para o conhecimento ambiental
dos comunitários, foram confeccionados
durante a oficina os pufes para comporem o
mobiliário da Biblioteca.
Fonte: O Próprio autor, 2016.

Figura 3: Oficina de reaproveitamento de garrafas PETs


As atividades de extensão dentro do
contexto da formação profissional contribuem
para o reconhecimento e atendimento de
demandas sociais, bem como oportunizam
o discente a articular teoria e prática (ROCHA
et al., 2012). Nesse projeto, os discentes
dos Campi Manaus Centro, Manaus Zona
Leste e Presidente Figueiredo, orientados
por docentes e técnicos administrativos,
participaram na execução das oficinas.
Foram recebidos centenas de livros
e revistas dos mais diversos conteúdos.
Observou-se um grande envolvimento de Fonte: O Próprio autor, 2016.
servidores e alunos em contribuírem com
a construção da Biblioteca Comunitária A oficina “Tons da Terra: tinta ecológica
Moyray. Houve nessa fase também uma de baixo custo”, coordenada pelos docentes
campanha para arrecadação de garrafas pets Fernanda Tunes Villani e Gyovanni Augusto
para confecção dos pufes da biblioteca. Aguiar Ribeiro, com a participação dos
Na terceira fase foram realizadas as alunos do Curso de Química, do Campus
oficinas. A primeira oficina, “Reutilização Manaus Centro, teve como objetivo ensinar

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aos comunitários a fabricação de tinta lúdicos em espaços de leituras é fundamental
utilizando pigmentos do solo da própria para interação das crianças, pois, conforme
comunidade. O desenvolvimento da oficina destaca Kishimoto (2008), a brincadeira é um
trata-se da transferência de uma tecnologia importante elemento para a aprendizagem e
social, pois os comunitários podem produzir desenvolvimento infantil.
a tinta utilizando materiais de baixo custo e A oficina de costura (figura 6), coordenada
extraídos da própria comunidade. Durante pela Professora Etelvina Leão, teve como
a execução do projeto, a tinta produzida foi objetivo a produção das capas dos pufes.
utilizada para a pintura da própria Biblioteca Essa oficina foi escolhida, pois observa-se
(figura 5). A aprendizagem da técnica foi de na comunidade uma economia voltada para
grande relevância para os comunitários, pois subsistência. Devido à distância dos centros
a mesma poderá ser aplicada para pintura de urbanos e dificuldades de deslocamento,
outros ambientes da comunidade. a maior parte das necessidades básicas da
comunidade são supridas a partir do trabalho
Figura 4: Oficina Tons da terra
dos próprios comunitários.

Figura 6: Oficina de costura

Fonte: O Próprio autor, 2016.

Figura 5: Pintura da Biblioteca com a Tinta Ecológica


Fonte: Os próprios autores, 2016.

Todas as oficinas resultaram em


elementos necessários para construção
da biblioteca, mas, ao mesmo tempo,
contribuíram de forma significativa para
a aprendizagem e interação de discentes,
servidores e comunitários. A última etapa
foi então, a montagem da Biblioteca, com
orientações de Bibliotecários do IFAM,
Fonte: O Próprio autor, 2016.
Campus Manaus Zona Leste. Esse espaço
se fez relevante para o desenvolvimento do
A oficina “Cantinho da Leitura”,
projeto, pois, ao mesmo tempo em que os
coordenada pelas servidoras Antônia de
próprios comunitários, junto com os discentes
Jesus Andrade Braga e Julmara Nascimento
montaram a Biblioteca, aprenderam sobre os
Paredes, criou um espaço lúdico, a fim de
tipos de bibliotecas e a forma de gerenciar
que as crianças da comunidade se sentissem
uma biblioteca comunitária.
atraídas a biblioteca. A criação de espaços

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Todo desenvolvimento do projeto não pode contribuir para uma formação crítica.
focou apenas em fazer, mas no aprender Com a popularização de mídias, como a
como fazer, pois não haveria significado uma televisão, muitas crianças têm sido levadas
Instituição de Ensino ir até uma Comunidade a substituir momentos de leituras por
implantar uma Biblioteca sem a participação momentos extensivos na frente da televisão,
dos próprios comunitários. Os depoimentos o que não contribui para o desenvolvimento
dos próprios comunitários demonstram que da criatividade e autonomia. Assim, entende-
os objetivos foram alcançados, conforme se que a Biblioteca poderá contribuir para
podemos observar a seguir: mudar essa realidade, que foi no diagnóstico
apontado com uma das preocupações dos
É muito gratificante para os comunitários.
comunitários. Estamos muito felizes
No depoimento do Comunitário João,
por termos atingido nosso objetivo. Não
só a aldeia Moyray, mas outras aldeias observamos os resultados das oficinas
estão felizes por termos uma biblioteca realizadas durante a implantação da
dentro de uma comunidade indígena. Biblioteca:
Sonhávamos com isso. Sonhávamos
com o momento de ter um pouquinho
As oficinas que vieram com o projeto
do mundo dentro da nossa aldeia.
da biblioteca significam muito, pois
Em conversa com o presidente da
antes a gente conhecia a garrafa pet
comunidade chegamos até a pensar
apenas como lixo, hoje podemos estar
que a realização não seria possível,
transformando ela. Essa oficina dos
pois até no município de Autazes não
deu a possibilidade de a gente olhar a
existe biblioteca, apenas biblioteca
garrafa pet com outra visão. Usá-la para
dentro nas escolas, o que é normal.
o artesanato, fabricação dos pufes. Isso
Mas hoje temos uma biblioteca dentro
foi muito importante, incluindo o tons
da nossa comunidade. Nos sentimos
da terra, pois são coisas que fazem parte
honrados e agradecemos muito ao
de nós, nós aprendemos a transformar
IFAM por esse tesouro. Agradecemos
a terra, não só para pisar mas para usar
pelas nossas crianças, que são nossa
em nosso favor, utilizando em forma de
futura geração, que são elas quem vão
tinta para pintar a nossa biblioteca.
transmitir todo conhecimento para os
outros que virão. Se hoje temos uma
biblioteca, as primeiras que estão lá Observamos as contribuições
são elas. Com todo entusiasmo em significativas resultantes das oficinas
poder aprender esse conhecimento que
desenvolvidas durante o projeto, pois,
só viam pela televisão em pequenas
oportunidades. A partir dessas crianças elementos como garrafas PETs anteriormente
os conhecimentos serão repassados descartadas como lixo, agora podem ser
aos pais, pois não é um hábito entre reaproveitadas pelos comunitários, o que
os comunitários a leitura, e a partir das
pode contribuir para preservação do meio
experiências das crianças vão abrir-se
o interesse dos pais. Os mesmos vão ambiente. Assim, pode-se afirmar que o
começar a se integrar com as crianças. projeto atingiu os objetivos traçados, que
(Comunitária Maria) não eram apenas levar uma biblioteca para
a Aldeia Moyray, mas sim construí-la a partir
No depoimento de Maria, observamos a da interação entre discentes, servidores e
gratidão pelo projeto. Ela destaca um aspecto comunitários.
relevante para formação intercultural quando
diz que eles queriam um pouquinho do
mundo dentro da Aldeia. O acesso à biblioteca
pode significar a formação de leitores o que

20 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS

O projeto Biblioteca na Aldeia CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 8. ed.,


São Paulo: Paz e Terra, 2000.
oportunizou servidores e alunos do IFAM a
demonstrar um espírito solidário por doarem
COHN, Clarice. Culturas em Transformação:
livros e revistas e ainda participarem na os índios e a civilização. Perspectiva, São
organização e implantação da biblioteca Paulo, v. 15, n. 2, abr/jun. 2001. Trimestral.
na Comunidade Indígena Moyray. Essas Disponível em < http://www.unifra.br/
ações voluntárias possibilitaram trocas de eventos/sepe2012/Trabalhos/6569.pdf>
experiências e conhecimentos, contribuindo Acesso em 22 out 2017.
para a formação de valores e atendimento
FORPROEXT, Fórum dos Pró-Reitores de
da nossa responsabilidade social perante a
Extensão dos Institutos Federais. 2015.
sociedade. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Editora
A implantação da biblioteca no ambiente Paz e Terra, 1987.
da aldeia, organizado como um ambiente
atrativo e funcional, foi o ponto principal GIL, Gilberto. Ler é abrir janelas. In: BRASIL,
do projeto. Com a implantação esperava-se Plano Nacional do Livro e da Leitura. Brasília,
estimular nos comunitários o hábito e o prazer 2006. Disponível em http://www2.cultura.gov.
br/upload/PNLL_1185372866.pdf Acesso em
pela leitura. Além disso, que a leitura seja vista
junho de 2016.
como o ponto de partida para inserção social
e cultural por essa comunidade. Atualmente, GOMES, Rauany Lopes; AGUIAR, Rúbia
seis comunidades são beneficiadas pela Beatriz Renner de; ALEXANDRE, Ivone Jesus.
Biblioteca Comunitária da Aldeia Moyray. A O Desrespeito As Diferenças Na Cultura
biblioteca tem sido um local aberto para que Indígena. Revista Eventos Pedagógicos v.3,
a troca de experiência entre os comunitários n.2, p. 422 - 429, Maio - Jul. 2012. Disponível
em: http://sinop.unemat.br/projetos/revista/
ocorra. Um local onde a cultura daquele povo
index.php/eventos/article/viewFile/639/497
encontre um lugar de preservação e estímulo.
Acesso em 01 Ago 2017.
Além de ser uma fonte de conhecimento e
estímulos para desenvolver novos hábitos GUEDES, Roger de Miranda. Bibliotecas
como o da leitura e da escrita. comunitárias e espaços públicos de
O projeto foi uma porta aberta para o informação. Disponível em: < https://www.
desenvolvimento de outros projetos junto ufmg.br/proex/cpinfo/cultura/docs/11a_
à comunidade. Em dezembro de 2016 Bibliotecas_comunitarias_-_Roger_Guedes.
pdf> Acesso em: 26 jan. 2018.
foi firmada uma parceria entre IFAM e a
comunidade e prospecta o desenvolvimento IFLA/UNESCO. Diretrizes da IFLA sobre os
de um Curso Técnico na área de agroecologia serviços de Biblioteca Pública. IFLA Publications
dentro da própria aldeia, o que representa 147: Berlin, 2013.
um ganho significativo para comunidade.
INSTITUTO FEDERAL DO AMAZONAS, IFAM.
Programa de Voluntariado. 2015. Disponível
em: < http://www2.ifam.edu.br/pro-reitorias/
extensao/proex/programas/programa-de-
voluntariado> Acesso em 15 jun. 2017.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. (Org) Brincar e


suas teorias. São Paulo: Pioneira, 2008.

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 21


LOPES, Flavio Marques; NUNES, Andréia
Neves. Reutilização de materiais recicláveis
para o incentivo à educação ambiental e
auxílio ao ensino didático de ciências em um
Colégio Estadual de Anapólis – GO. Revista de
Educação, v. 13, n.15, p. 87-103, 2010.

MARTINS, Maria Helena: O que é leitura. São


Paulo: Brasiliense, 1994.

NO AMAZONAS É ASSIM. Tudo sobre os Povos


Indígenas Mura. 2013. Disponível em: <http://
noamazonaseassim.com.br/tudo-sobre-os-
povos-indigenas-mura/> Acesso em 01 Ago.
2016.

ROCHA, Aline NoschanG et al. A importância


do projeto de extensão para a formação
acadêmica. Disponível em: < http://www.
unifra.br/eventos/sepe2012/Trabalhos/6569.
pdf> Acesso em 26 jan. 2018.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-


ação. 10 ed. São Paulo: Cortez: Autores
Associados, 2000.

22 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


CIDADANIA DE RESULTADOS: A LEI
DE ACESSO À INFORMAÇÃO COMO
ALIADA DA PESQUISA E CONTROLE
SOCIAL
Citizenship of results: the law of access to information
as an alliance of research and social control
Marcos Daniel Cano 1
Silvestre Antonio Venancio da Silva 2

Resumo: Este artigo descreve as ações e dados obtidos com a execução


do Projeto de Extensão “Cidadania de Resultados” que, por meio de
palestras, orientaram alunos e professores da Escola Estadual Maria
Calderaro, em Presidente Figueiredo – AM, sobre os temas de Controle
Social e Lei de Acesso à Informação – LAI. Durante a ação, foi fomentada
a reflexão e criticidade sobre a importância das informações públicas
e a fiscalização por parte da população e seus representantes. O
projeto também objetivou estabelecer uma parceria com a Prefeitura
Municipal e Câmara Municipal trazendo as sugestões dos conteúdos de
interesse dos alunos das redes Federal, Estadual e Municipal de ensino
aos portais. Dos 171 alunos que responderam o questionário, apenas
6% haviam acessado os portais do poder público municipal. Os dados
demonstraram que apenas 5% deles conheciam a LAI e que, destes,
apenas 3% já solicitaram pedido de informação ao poder público. Os
temas mais pontuados pelos alunos para ver nos portais foram: Turismo
(21%) e Eventos (15%). As principais sugestões de melhoria foram: Cursos
para Jovens (28%) e Balancetes mais detalhados (27%). Este trabalho
mostra que a maioria dos alunos ainda desconhece as formas para
acompanhar os dados do município e também o dever que os órgãos
públicos têm de disponibilizar, ativamente, esses dados em seus portais.
O projeto contribuiu para disseminar a potencialidade que a LAI oferece,
permitindo que os dados da administração pública do município possam
ser utilizados tanto em pesquisas quanto para melhorar a participação
do cidadão no controle social do município.

Palavras-chave: Controle Social. Cidadania. Lei de Acesso à Informação.

Abstract: This article describes the actions and data obtained with the
execution of the Extension Project “Citizenship of Results” that, through
lectures, have guided students and professors of the Maria Calderaro State
School in Presidente Figueiredo - AM, on the themes of Social Control and
Law of Access to Information - LAI. During the action, reflection and criticism
on the importance of public information and inspection by the population
and its representatives was fostered. The project also aimed to establish
a partnership with the City Hall and City Council bringing the suggestions
of content of interest of the students of the Federal, State and Municipal

1 Mestre em Ciência da Computação, Docente, Instituto Federal do Amazonas, Campus


Presidente Figueiredo – IFAM/CPRF. marcos.cano@ifam.edu.br
2 Acadêmico do Curso Técnico em Administração, Instituto Federal do Amazonas,
Campus Presidente Figueiredo - IFAM/CPRF. silvestreantonio76@gmail.com

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 23


teaching networks to the portals. Of the 171 students who have answered the
questionnaire, only 6% had accessed the portals of municipal public power.
The data have showed that only 5% of them knew the LAI and that of these,
only 3% have already asked for information from the public authorities. The
most points scored by the students to see in the portals were: Tourism (21%)
and Events (15%). The main suggestions for improvement were: Youth courses
(28%) and more detailed balance sheets (27%). This work shows that most of
the students still do not know the ways to follow the data of the municipality
and also the duty that the public agencies have to make this data available
in their portals. The project contributed to disseminate the potential of LAI,
allowing the data of the public administration of the municipality can be used
both in research and to improve citizen participation in the social control of
the municipality.

Keywords: Social control. Citizenship. Law of Access to Information.

24 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


INTRODUÇÃO em sítios oficiais da rede mundial de
computadores (internet).
É notório o crescimento das discussões Há uma grande falta de divulgação
políticas e da administração pública por por parte do poder público da cidade de
jovens nas redes sociais e tecnologias de Presidente Figueiredo sobre os meios pelos
troca de mensagens por meio de dispositivos quais a população pode acompanhar os
móveis. dados da administração pública municipal.
Um outro problema notado foi a falta de
Segundo Evangelista (2010, p. 6), atualização de informações importantes e
notícias sobre as ações da prefeitura e da
“O acompanhamento da gestão Câmara.
e fiscalização dos gastos no setor Segundo o Ranking da Transparência
público, quando realizados pela própria
(MPF, 2017), projeto do Ministério Público
sociedade, recebe a denominação de
controle social.” Federal que analisa a transparência de um
município, a cidade de Presidente Figueiredo,
O Governo Federal (PORTAL DA tirou nota 0,0 (zero) na primeira avaliação
TRANSPARÊNCIA, 2017), reforça que: e, em seguida, 5,90 na segunda avaliação,
ficando em 11º posição entre os 62 municípios
“ As ideias de participação e controle do Estado do Amazonas.
social estão intimamente relacionadas: O objetivo deste projeto é orientar alunos
por meio da participação na gestão
e professores da rede pública municipal,
pública, os cidadãos podem intervir
na tomada da decisão administrativa, estadual e federal da cidade de Presidente
orientando a Administração para que Figueiredo sobre os seus direitos garantidos
adote medidas que realmente atendam por meio da Lei de Acesso à informação e
ao interesse público e, ao mesmo
como podem utilizar o portal da prefeitura
tempo, podem exercer controle sobre
a ação do Estado, exigindo que o gestor para interagir com o poder público.
público preste contas de sua atuação. ” Com esse conhecimento é possível dar
poderes para que, alunos e professores,
A Constituição Federal, em seu artigo possam desenvolver a cidadania, sendo que
5, XXXIII, estabelece o direito do cidadão ter esta precisa ser estabelecida como um dos
amplo acesso às informações de seu interesse poderes extra-oficiais do Brasil. (RESENDE,
perante os órgãos públicos. 2001).
Com a entrada em vigor da Lei de Acesso A “Cidadania de Resultados” é a forma de
à informação, 12.527/11, sancionada pela cobrar via requerimentos os órgãos públicos
Presidente da República em 18 de novembro visando enviar sugestões, reclamações ou
de 2011, tem o propósito de regulamentar o informações, com o intuito de melhorar
direito constitucional de acesso dos cidadãos a qualidade dos serviços prestados pela
às informações públicas e seus dispositivos Prefeitura ou Câmara Municipal.
são aplicáveis aos três Poderes da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios. METODOLOGIA
Para cumprimento das informações a
serem divulgadas à população, os órgãos Inicialmente foi desenvolvida uma
e entidades públicas deverão utilizar todos pesquisa sobre a Lei de Acesso à Informação,
os meios e instrumentos legítimos de que em que os bolsistas puderam conhecer mais
dispuserem, sendo obrigatória a divulgação sobre a lei, seus prazos e detalhes sobre os

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 25


pedidos de informação por parte do cidadão. Quadro 1 – Instituições de ensino selecionadas para
participar do projeto.
A pesquisa contou com visitas aos
órgãos públicos para entender o processo de
atualização do portal e análise prévia de quais
informações garantidas pela Lei 12.527/11
estão ou não disponíveis nos portais do poder
público municipal.
Durante as visitas, os bolsistas
compreenderam o processo de respostas
às solicitações de acesso à informação
e foi constatado que ambas, a Câmara
e a Prefeitura, mantém uma área para
requisições físicas e também para respostas
através da internet.
Fonte: Próprio autor, 2017.
Após o levantamento, os bolsistas
trabalharam no desenvolvimento de uma
A divulgação das palestras foi realizada
apresentação sobre o tema “Lei de Acesso à
por meio de portais de notícias do município
Informação”, onde foram expostas imagens
e através de banners e panfletos nas escolas.
e endereços eletrônicos dos portais da
Nas palestras, foi feito um planejamento para
Prefeitura, Câmara Municipal e também
disponibilizar um folder com as informações
a página para acesso ao Diário Oficial do
sobre o que é controle social e lei de acesso
município.
a informação e a importância da participação
Para as palestras, foi desenvolvido
popular na administração pública. O
um questionário para coleta de quais
Coordenador do projeto e os bolsistas
informações a população mais tem interesse
puderam divulgar o conhecimento para os
em acompanhar no portal, contendo também
demais jovens e professores, auxiliando a
perguntas qualitativas e quantitativas sobre o
multiplicar esse conhecimento na população.
acesso ao mesmo.
As atividades de pesquisa e levantamento
de informações iniciais foram realizadas
RESULTADOS OBTIDOS
através da internet e junto aos órgãos
Através deste projeto os bolsistas
públicos municipais. Foi estruturada uma
puderam participar de visitas à Prefeitura
planilha com as informações levantadas
Municipal e a Câmara de Vereadores de
em que foi possível visualizar os itens que a
Presidente Figueiredo, podendo interagir
prefeitura já atende em seu portal, e/ou em
com os servidores municipais, conhecendo
suas dependências físicas e as quais ainda não
assim a estrutura e contribuindo para sua
estão disponíveis. O Quadro 1 demonstra as
experiência cidadã.
cinco escolas selecionadas para as palestras
aplicadas ao longo do projeto.
Ações realizadas
A primeira palestra ocorreu na Escola
Estadual Maria Calderaro para as turmas
do ensino médio do matutino. No total,
foram realizadas palestras para 8 turmas,
totalizando aproximadamente 250 alunos.

26 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


A palestra foi ministrada pelos bolsistas e Nesta primeira escola, ao todo foram
docente, onde os temas foram divididos para recolhidos 171 questionários nas três
que os bolsistas pudessem ter a experiência palestras que foram realizadas.
de palestrar sobre o objeto pesquisado.
Durante a palestra (Figura 1) foi Análise dos Dados
informado aos alunos de que modo, através
dos portais digitais das prefeituras e câmaras Como se observa no Gráfico 1, a
municipais, podem obter informações e/ participação da turma do 1° ano do período
ou abrir requerimentos junto aos órgãos matutino foi maior, representando 46% dos
públicos. alunos.

Figura 1- Apresentação de palestra pelos bolsistas Gráfico 1- Percentual de alunos que assistiram as
palestras.

Fonte: Próprio autor, 2017.

Os resultados obtidos foram mensurados


Fonte: Próprio autor, 2017.
com a aplicação de um questionário que
avaliou o conhecimento do público e Analisando o resultado do percentual
identificou os conteúdos que eles mais de alunos na questão em que buscava
gostariam de ver publicados nos portais do identificar se eles já haviam acessado o portal
poder público municipal (Figura 2). da prefeitura municipal, os dados mostram
que a maioria deles nunca acessou a página
Figura 2 - Preenchimento do questionário pelos alunos
(94%). Isso demonstra que eles não buscam
informações através deste canal, queixando-
se de o portal permanecer muito tempo
desatualizado e sem nenhum marketing por
parte do poder público.
Obtivemos o mesmo percentual de
respostas (94%) também para o portal da
Câmara Municipal, demonstrando que a
grande maioria dos alunos não acompanha
as informações do município através destes
portais.
Fonte: Próprio autor, 2017.

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 27


Num dos momentos, quando Entre as notas que receberam valor 5,
questionados sobre onde liam informações observa-se que o Turismo obteve 21% das
públicas sobre a cidade, os alunos de maiores notas, sendo seguido por Eventos
prontidão responderam que o faziam por (15%). Por outro lado, Transporte ficou com
meio do Portal do Urubuí (PORTAL DO apenas 3% (Gráfico 2).
URUBUÍ, 2017), um portal de notícias que
Gráfico 2 – Conteúdo de interesse atribuído com nota 5
nem mesmo em sua página apresenta uma
equipe editorial.
Quando analisada a questão que
objetivava verificar se os alunos conheciam
a Lei de Acesso à Informação, apenas 5%
afirmaram conhecer o conteúdo da lei.
Através dos dados, foi constatado
que 92% dos alunos nunca solicitaram
informações públicas, e destes, apenas 3%
informam que o fizeram através da internet.
Durante as palestras foi reforçada a
importância dos pedidos de informação
através do Portal da Transparência para
determinados tipos de pesquisa, como por
exemplo, pesquisas em que são necessários
dados estatísticos como: número de
Fonte: Próprio autor, 2017.
residências, volume de coleta de lixo e
tratamento de água, os quais, são realizados
Entre as notas que receberam valor
pelo poder público municipal.
4, observou-se novamente o Turismo e
Em apenas 20 casos, os alunos
Cultura somando aproximadamente 30%,
informaram já terem feito alguma solicitação
reforçando que estes são os dois principais
de informações públicas e, destes, 60% deles
assuntos dos jovens que assistiram
informaram que não receberam resposta ao
a palestra. Notou-se que transporte
seu pedido e 15% receberam respostas de
novamente ficou com menor percentual,
forma inadequada.
apenas 7%.
Foram frequentes as dúvidas de alunos
Seguindo a análise, encontramos os
que não sabiam a quem reclamar quando
itens Cultura (16%) e Habitação (14%) como
viam buracos ou vazamentos de água na
os de maior percentual quando foi atribuído
rua onde moravam. Alguns manifestaram
a nota 3.
pensamentos dizendo “Não adianta reclamar
Considerando as notas que receberam
que eles não fazem nada. Só sabem roubar. ”
valor 2, temos os assuntos de Saúde (16%),
Com o objetivo de identificar quais os
Cultura (12%) e Empreendedorismo (12%)
conteúdos os alunos mais têm interesse
como os mais selecionados.
em ler no portal da prefeitura municipal,
Na análise dos assuntos que receberam
foi solicitado para que escolhessem cinco
a nota 1, temos Transporte (14%) e Esporte
conteúdos e então estes fossem classificados
(12%).
atribuindo notas de 1 a 5, sendo 5 a maior
A última questão do questionário
nota e 1 a menor nota.
solicitava que os alunos sugerissem outros

28 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


assuntos que gostariam de encontrar no de sistemas de informações com módulos
portal da prefeitura municipal, onde era gerenciais, o que facilitaria a geração desses
esperado coletar assuntos que não foram dados.
anteriormente especificados. Foi percebido também que a falta de
O Gráfico 3 apresenta o percentual publicações constantes e atualizadas nos
relativo a 11 sugestões de assuntos para portais dos órgãos públicos fez com que
o portal da prefeitura municipal, sendo o as pessoas procurassem outros meios de
assunto “Cursos para jovens” (28%) como o informações, como blogs, Facebook, grupos
de maior percentual, seguido de “Balancetes de WhatsApp.
mais detalhados” com (27%). Desta forma, a apresentação de palestras
sobre o tema proporcionou aos alunos e
Gráfico 3 - Sugestões de assuntos adicionais para o
Portal da Prefeitura Municipal
professores conhecerem os portais públicos
do município e o modo como podem através
destes solicitar informações públicas que
possam ser úteis às pesquisas escolares e
também para, acima de tudo, poderem ajudar
na fiscalização e no controle social.

AGRADECIMENTOS

Ao IFAM pelo apoio através da PROEX.


A todos os servidores da Prefeitura,
Câmara e escola onde o projeto foi realizado.
Aos bolsistas pela participação das ações
realizadas.

REFERÊNCIAS
EVANGELISTA, L. Controle Social Versus
Fonte: Próprio autor, 2017. Transparência Pública: Uma questão de
Cidadania. Brasília: [s.n.], 2010. Disponivel
CONSIDERAÇÕES FINAIS em: <http://www.cge.pr.gov.br/arquivos/
File/Transparencia_e_Acesso_a_Informacao/
controlesocialxtransparencia.PDF>. Acesso
Durante a execução deste projeto foi
em: 22 out. 2017.
constatado que grande parte dos órgãos
públicos tem dificuldade na publicação de MPF. Ranking da Transparência,
suas informações na internet. 2017. Disponivel em: <http://www.
Este processo muitas vezes depende rankingdatransparencia.mpf.mp.br/>.
de profissionais do ramo da tecnologia de Acesso em: 22 out. 2017.
informação e também de equipamentos
apropriados para a digitalização dos dados. PORTAL DA TRANSPARÊNCIA. Portal da
Transparência - Controle Social, 2017. Disponivel
Além disso, a compilação de dados,
em: <http://www.portaldatransparencia.gov.
de modo a facilitar o entendimento de br/controlesocial/>. Acesso em: 22 out. 2017.
pessoas leigas é extremamente difícil, visto
que os órgãos públicos ainda não dispõem

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 29


PORTAL DO URUBUÍ. O Informativo Eletrônico
de Presidente Figueiredo, 2017. Disponivel em:
<http://portaldourubui.com/>. Acesso em: 22
out. 2017.

RESENDE, Ê. Chega de ser o país do futuro:


novos paradigmas para resolver o Brasil. São
Paulo: Summus, 2001.

30 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


JOGOS LÓGICOS: UMA EXPERIÊNCIA
COM OS ALUNOS DO IFAM
MANACAPURU

Logical games: An experience with IFAM Manacapuru


students

Nilton Miguel da Silva1

Resumo: O presente artigo discute a experiência do projeto de extensão


Jogos Lógicos, realizado pelo Instituto Federal do Amazonas, Campus
Avançado de Manacapuru. Considerando estudos que apontam que um
dos grandes entraves no aprendizado seja o uso de uma metodologia
mecânica e repetitiva, que não desperta o interesse do aluno, deixando
de privilegiar a reflexão e a investigação, acreditamos que a inclusão de
atividades que estimulem o raciocínio lógico como ferramenta facilitadora
da aprendizagem da Matemática possa contribuir significativamente para
a melhoria do ensino na educação básica. Nesse sentido, promovemos
curso destinado a alunos do ensino fundamental e médio de toda rede de
ensino municipal, visando promover o desenvolvimento da capacidade
científica entre os estudantes, através da motivação e a competividade,
contribuindo no desempenho acadêmico, social, cultural e econômico
dos participantes, assumido no contexto da escola enquanto instituição
promotora da transformação social. Embora não possamos afirmar que
os alunos participantes do projeto tenham “aprendido mais matemática”,
podemos garantir alunos mais preparados, que podem não ser capazes
de demonstrar um teorema, mas certamente estão mais bem adaptados
para compreender a sua demonstração.

Palavras–chave: Educação. Jogo. Lógica.

Abstract: This article discusses the experience of logical games extension


project, conducted in the city of Manacapuru, on the campus of the
Federal Institute of Amazonas. Considering studies that show that the
greatest obstacle of learning is the use of a mechanical and repetitive
methodology, which does not awake the students’ interest, leaving the
reflection and research. We believe that the inclusion of activities that
encourage logical reasoning as a tool to facilitate learning mathematics
can significantly contribute to the improvement of teaching in basic
education. In this sense, we promote the course for students of primary
and secondary education throughout the school system, we sought to
promote the development of scientific skills among students through
motivation and competitiveness, contributing to academic performance,
social, cultural and economic development of the participants assuming
the context of the school as an institution promoting social transformation.
Although you cannot assert that students participating in the project has

1 Mestre em Matemática, Docente, Instituto Federal do Amazonas, Campus Avançado


de Manacapuru – IFAM/CAM. nilton.silva@ifam.edu.br

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 31


“learned more mathematics”.We can assure more prepared students, that
may not be able to prove a theorem, but certainly are better prepared to
understand your demonstration.

Keywords: Education. Game. Logic.

32 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


INTRODUÇÃO dialoga com autores do campo da educação
Matemática, especialmente para produzir
Em frequentes conversas com docentes compreensão sobre o estudo realizado.
da disciplina Matemática, ficou claro que a Na fundamentação teórica para
maior dificuldade encontrada nas aulas é realização dessa pesquisa foram analisadas
envolver os alunos, de modo a despertar o as proposições e ideias de pensadores,
interesse para o estudo e as realizações das pesquisadores e teóricos que têm contribuído
atividades propostas para aprendizagem. de forma significativa na área deste objeto de
Nesse sentido, o presente trabalho tem como estudo. Entre eles podemos citar D’Ambrósio
intenção interferir em um quadro aparente de (1998) onde retrata o desafio de preparar o
desinteresse e apatia dos alunos. A inclusão professor do século XXI frente às dificuldades
sistemática dos jogos lógicos, a nosso ver, seria no aprendizado, Micotti (1999) que apresenta
uma ferramenta poderosa para minimizar um levantamento no ensino da matemática
as dificuldades dos alunos. Acreditamos e lógica sobre o prisma de que a maneira de
que atividades que utilizem argumentação ensinar reflete concepções e perspectivas
lógica, enigmas lógicos e atividades lúdicas no ensino, Moreto (2002) que em sua obra
que envolvam jogos lógicos despertarão nos enfatiza que a maneira que o professor
discentes um maior interesse e envolvimento ensina reflete na aprendizagem do aluno,
durante as aulas. Copi (1978) com sua apresentação formal da
Os critérios utilizados pelo pesquisador na lógica, Abar (2011) que apresenta uma linha
escolha das atividades, bem como do tempo do tempo com o desenvolvimento da Lógica
de duração do experimento, foram baseados pelo mundo. Esses e outros autores discutem
em sua experiência como professor, no o ensino da Matemática e suas especificidades
vasto material disponibilizado pela internet, no cotidiano escolar atual.
nas bibliografias pesquisadas sobre o tema, Portanto, a pesquisa busca
na adequação a maturidade dos alunos, no fundamentação que justifique a inclusão
tempo e condições oferecidos pela instituição de atividades que desenvolvam o raciocínio
onde a experiência foi realizada, assim como lógico de modo que ofertem aos discentes
aplicar as atividades dentro da vivência mais e maior facilidade para o aprendizado.
dos alunos. Houve a preocupação para que Os resultados das avaliações do Ensino
todas as atividades propostas e realizadas no Fundamental e Médio realizadas nos últimos
computador fossem também reproduzidas anos apontam para um baixo desempenho
sem o uso da tecnologia, em caso de eventual no que tange aos conteúdos matemáticos.
necessidade técnica. A situação é extremamente grave e assinala
O estudo também se apoia em aspectos as dificuldades encontradas por alunos
preconizados nos Parâmetros Curriculares e professores no cotidiano das escolas
Nacionais - PCN (BRASIL, 1997), quando brasileiras.
incentiva atividades que permitem questionar O trecho abaixo nos dá a proporção desta
a realidade, formulando-se problemas e situação:
tratando de resolvê-los, utilizando para isso o
Apenas 11% dos estudantes que
pensamento lógico, a criatividade, a intuição,
terminam o ensino médio aprendem
a capacidade de análise crítica, selecionando matemática - Os alunos das escolas
procedimentos e verificando sua adequação. brasileiras não estão tendo o
Levanta aspectos enunciados pelos PCN com aprendizado adequado, conforme
apontam dados divulgados nesta
relação à área da disciplina Matemática e

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 33


quarta-feira pelo movimento Todos Pela UMA EXPERIÊNCIA EM ANÁLISE:
Educação. Apenas 11% dos estudantes
que terminam o terceiro ano do O DESEMPENHO DOS ALUNOS
ensino médio estão tendo aprendizado APÓS ATIVIDADES DE JOGOS
apropriado em matemática e apenas LÓGICOS
14,8% dos que concluem (8º ou 9º ano)
o ensino fundamental. (...) Os dados
fazem parte do relatório “De olho nas Manacapuru, localizada a 84 km de
Metas”, divulgado nesta quarta-feira, Manaus, possui em sua rede de ensino
que é elaborado anualmente pelo Todos fundamental e médio mais de trinta mil
Pela Educação (...). Embora nenhuma
das séries avaliadas esteja próxima da
alunos e conta com mais de uma centena de
meta estabelecida. No ensino médio professores de matemática distribuídos em
atualmente 28,9% atingem o objetivo mais de duzentas escolas. Dados do IDEB
para a etapa, enquanto eram 27,6% (Índice de Desenvolvimento da Educação
há 10 anos, mas em matemática eram
11,9%, e hoje são 11%. Significa que 89%
Básica) apontam fraco desempenho
das nossas crianças estão concluindo dos alunos nas avaliações nacionais em
a educação básica sem aprender o matemática, como pode ser visto pelos dados
mínimo2. a seguir:

OBJETIVO Figura 1: Resultado IDEB Manacapuru

A presente pesquisa objetiva analisar e


comparar o desempenho escolar dos alunos,
envolvidos em atividades que estimulam
e desenvolvam o raciocínio lógico. Como
desdobramento desse objetivo: pretendemos
elaborar material didático para subsidiar o
professor nas propostas de atividades que
desenvolvam o raciocínio lógico, identificar
as vantagens da inclusão de atividades que
desenvolvam o raciocínio lógico enquanto
facilitadoras do ensino da matemática,
segundo a opinião dos alunos envolvidos Fonte: http://www.inep.gov.br/, 2018
no projeto, e sugerir propostas de ensino/
aprendizagem que ampliem as práticas da Os dados apresentados no quadro
matemática no cotidiano das escolas públicas. demonstram que esforços precisam ser
envidados para que tenhamos uma melhoria
no ensino. Apoiado nesses índices, podemos
observar que o ensino de matemática
apresenta um resultado desfavorável, ou
seja, um baixo índice de aprendizagem,
deixando claro que uma mudança na prática
pedagógica no ensino é, além de necessária,
urgente.
2 Disponível em: http://oglobo.globo.com/ Direcionamos esse projeto a 20 (vinte)
educacao/mat/2010/12/01/apenas-11-dos-
alunos do ensino fundamental e médio. E
estudantes-que-terminam-ensino-medio-aprendem-
matematica-923157453.asp. Acesso em 12 abr. 2016. estudo foi realizado durante dez semanas,

34 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


com aulas nas segundas-feiras e quartas- Fundamentado nas considerações acima
feiras, em três tempos de 45 (quarenta e no referencial teórico utilizado nessa
e cinco) minutos cada dia, totalizando 60 pesquisa, acreditamos que este estudo visa
(sessenta) aulas. corroborar o entendimento de que atividades
Inicialmente todos os alunos que envolvam jogos lógicos desenvolvem
responderam a duas questões. A primeira o raciocínio lógico, auxiliam na formação e
questão foi: na construção do conhecimento, além de
“Num navio há 26 carneiros e 10 cabras. constituírem um componente significativo
Qual é a idade do capitão?”. A segunda: para a motivação.
“O elevador de um edifício de 10 andares O experimento foi elaborado de modo
parte do térreo com 4 pessoas: 2 mulheres, 1 a envolver atividades que estimulassem
homem e 1 criança. Para no 4º andar e aí sai e desenvolvessem o raciocínio lógico dos
1 mulher e entram 3 homens. No 7º, saem 2 alunos.
pessoas. Sabendo-se que houve apenas mais O experimento foi elaborado de modo a
uma parada no 9º onde não desceu nenhuma ser possível “medir” o desempenho dos alunos
criança e que o elevador chegou ao 10º andar submetidos às atividades de jogos lógicos
com 11 pessoas, pergunta-se qual a idade do através de comparação com desempenho de
ascensorista?”. alunos não submetidos a tais atividades.
Na primeira questão apenas um aluno, As atividades ocorriam no Laboratório de
de uma turma de vinte alunos, percebeu que Informática sob a supervisão do professor/
faltavam dados para resolver o problema. pesquisador, cujo papel era fornecer
Já na segunda, no resultado das respostas, orientação para a realização das atividades
verificou-se que dos vinte alunos, doze propostas. Cada computador era utilizado por
operaram com os números do problema e um aluno. Também nesse tempo era feita e
apresentaram uma resposta, explicitando a apresentação de conteúdo teórico necessário
idade do ascensorista; um respondeu que para realização das atividades.
os dados apresentados não se relacionavam Após as dez semanas de realização do
com a pergunta; dois responderam que o projeto, toda turma foi submetida a uma
ascensorista era a criança e quatro 2 não nova avaliação. Dentre as várias atividades
responderam. propostas online, apresento a calculadora
Ficou clara, pelos dados apresentados, a quebrada a seguir:
desobediência aos princípios básicos da lógica,
pois, uma leitura crítica no enunciado bastaria Figura 2: Calculadora Quebrada

para a resolução da mesma. O conhecimento


matemático era irrelevante para resolução
da questão. Muitos alunos consideram a
Matemática uma disciplina com resultados
precisos e procedimentos infalíveis, em que
os elementos fundamentais baseiam-se
nas operações aritméticas, procedimentos
algébricos. Dessa forma, o conteúdo é fixo e
seu estado pronto e acabado. Matemática é
uma disciplina de investigação. Uma disciplina
em que o avanço se dá como consequência
do processo de investigação. Fonte: https://rachacuca.com.br/, 2018.

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 35


Como jogar “Calculadora Quebrada” 3. Acredita que tem alguma relação às
atividades do laboratório com a Matemática?
Use os números e as operações
disponíveis na calculadora para fazer os 4. Você mudou como aluno ao longo
números pedidos no menor tempo possível. desta disciplina?

Figura 3: Atividade realizada no laboratório de 5. O que você aprendeu nesse curso terá
Informática
aplicação na sua vida?

6. Você está satisfeito com seu


desempenho durante o projeto?

7. Você gostou do método de ensino?

8. Recomendaria a outra pessoa


participação em projetos dessa natureza?

Gráfico 1: Gráfico da análise das respostas

Fonte: o autor, 2016.

DESCRIÇÃO DA ENTREVISTA E
QUESTIONÁRIO DE AVALIACAO
DO PROJETO

Por se tratar de um público com pouca Fonte: o autor, 2016.


experiência na elaboração de textos, optamos
por um questionário objetivo, seguido de Na pergunta número 6 dois alunos
uma entrevista coletiva, onde foi possível responderam não. Em todas as demais, todos
obter maiores considerações acerca do os alunos responderam sim. Na entrevista
projeto na visão dos alunos. Apresentaremos destacamos algumas considerações feitas
a seguir o questionário seguido da análise do pelos alunos. Os alunos julgaram ser a aula
mesmo e da entrevista coletiva, com o aluno desenvolvida no projeto mais interessante,
respondendo sim ou não. por ser mais dinâmica e desafiadora, pois se
sentiam motivados na busca da solução das
Questionário Avaliação do aluno. atividades propostas. A passividade, comum
nas salas de aula, foi substituída por uma
1. Você gostaria de participar de novos atitude ativa despertada pela curiosidade e
projetos envolvendo jogos? pelo compromisso na busca da solução.
Destacaram que, para resolver as questões
2. As atividades desenvolvidas no
propostas, não precisaram fazer uso da
laboratório facilitaram o aprendizado de
memorização ou utilizar métodos e modelos
Matemática?
repetidos, mas sim desenvolver estratégias,

36 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


ter diferentes planos. Os problemas não Esses atributos foram todos consolidados ao
constituem experiência repetida, a cada longo do experimento, além de ficar latente
problema um novo desafio sem uma receita uma mudança de postura da turma, como
pronta para resolver. Sentiam-se encorajados por exemplo: melhor relacionamento aluno-
a fazer questionamentos e trabalhar em aluno e aluno-professor; maior estimulo para
grupo era mais agradável. Todos tinham discussão e o uso de estratégias matemáticas;
o mesmo objetivo, somando forças para maior crença na auto capacidade de
realizar as tarefas e, podendo discutir com realização. Os alunos participantes das
o colega do grupo estratégias para resolver, atividades demonstraram mais atenção e
traziam maior eficiência. maior interesse pela aprendizagem.
A competição entre os grupos também Acreditamos que para superar o atual
era um fator de motivação, pois, era preciso quadro do ensino da Matemática é necessário
iniciativa e criatividade para resolver problemas que o ambiente escolar constitua-se num
aliado ao conhecimento e estratégias. À espaço que permita a introdução de novas
medida que resolviam as atividades, ficavam formas de transmissão do conhecimento.
confiantes, diferentemente do que acontecia Esse trabalho, juntamente com as atividades,
antes, onde os fracassos causavam frustração pode servir de inspiração aos educadores que
e desinteresse. Sentiam que mesmo errando sentem o desejo de inovar, mas não sabem
e não chegando a resposta se sentiam como.
motivados para tentar novamente. Acreditamos que a falta de motivação
Julgaram que as aulas no laboratório é causada, muitas vezes, por frequentes
permitiram estudar matemática com maior fracassos que acabam marcando o aluno,
senso crítico, avaliando melhor estratégias gerando um sentimento de incompetência
para resolver os problemas e avaliar se a e influenciando negativamente na
solução era compatível com o enunciado. aprendizagem.
Sobre a semelhança encontrada entre
as aulas do laboratório com a matemática, REFERÊNCIAS
usaram o videogame como referência: para “ir
bem” nas atividades precisávamos jogar, mas ABAR, C. A. A. P. Noções de lógica matemática.
antes precisávamos conhecer as regras e ter São Paulo. 2011. Disponível em <www.pucsp.
br/~logica> (roteiro teórico) e <www.pucsp.
uma boa dose de imaginação, não diferindo
br/~abarcaap> (exercícios). Acesso: 15 fev
do que podemos aplicar na matemática.
2012.

CONSIDERAÇÕES FINAIS COPI, Irving M. Introdução a Lógica. São Paulo.


Mestre Jou, 1978.
Inicialmente existia a preocupação de
D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Etnomatemática: a
verificar a validade da máxima, de que o
arte ou a técnica de aplicar e conhecer. 4.ed.
estudo sobre jogos poderia melhorar o São Paulo: Ática, 1998.
desempenho intelectual, mas seu efeito se
mostrou bem mais abrangente MICOTTI, Maria Cecília de Oliveira. O ensino e
No aspecto qualitativo, destacamos que as propostas pedagógicas. In: BICUDO, Maria
os alunos aprenderam que errar faz parte do Aparecida Viggiani. Pesquisa em educação
matemática: concepções e perspectivas. São
processo da aprendizagem. E ter sucesso nas
Paulo: Editora UNESP, 1999.
realizações das atividades exigiria paciência,
organização, raciocínio lógico e disciplina.

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 37


MORETTO, Vasco Pedro. Prova um momento
privilegiado de estudo não um acerto de contas.
6 ed. DP&A editora, 2002.

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental.


Parâmetros Curriculares Nacionais:
Matemática. Brasília: MEC/SEF, 1997.

38 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


LIXEIRA ECOLÓGICA: ESTUDO DE
CASO SOBRE ACONDICIONAMENTO
DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM LÁBREA,
AM
Ecological Recycle Bin: Case study on solid waste
packaging in Lábrea-AM
Arquimar Barbosa de Oliveira1
Manoel Galdino da Silva2
Rosecleia Moraes Simonato3
Marinaldo Felipe da Silva4

Resumo: O presente trabalho tratou de um projeto de extensão


desenvolvido por dois alunos bolsistas e 15 estudantes voluntários do IFAM
– Campus Lábrea, tendo como público-alvo moradores da comunidade
Terra Solidária localizada em um bairro periférico da cidade de Lábrea
– AM. A proposta teve como objetivo desenvolver responsabilidade
socioambiental e sanitária a partir do reaproveitamento de madeira do
polo moveleiro na confecção de lixeiras ecológicas residenciais. A partir
da instalação das lixeiras foram desenvolvidas ações sobre o descarte
e reaproveitamento dos resíduos sólidos gerados pelas famílias da
comunidade. Os resultados do trabalho foram apresentados na I Mostra
de Extensão do IFAM Campus Lábrea.

Palavras-chave: Responsabilidade socioambiental. Reaproveitamento


de madeira. Lixeiras ecológicas.

Abstract: The present work is the result of an extension project developed


by two scholarship students and 15 volunteer students from IFAM – Campus
Lábrea, having as its principal audience the community residents of the
place called “Terra Solidária” located in a peripheral neighborhood of the
city of Lábrea – AM. The project aimed to develop socioenvironmental and
sanitary responsibility through the reuse of wood from the furniture segment
in the production of residential ecological bins. From the installation of
the recycle bins, were developed actions on the disposal and reuse of solid
residues generated by the families of the community. The results of the work
were presented in the first Extension Exhibition of IFAM - Campus Lábrea.

Keywords: Socio-environmental responsibility. Reuse of wood. Ecological


recycle bin.

1 Mestrando em Educação Escolar, Docente, Instituto Federal do Amazonas, Campus


Lábrea – IFAM/CLAB. arquimar.oliveira@ifam.edu.br
2 Especialista em Metodologia do Ensino das Artes, Docente, Instituto Federal do
Amazonas, Campus Lábrea – IFAM/CLAB. manoel.galdino@ifam.edu.br
3 Mestranda em Educação Escolar, Estudante, Universidade Federal de Rondônia,
Campus Porto Velho – UNIR. rosesimonato@gmail.com
4 Doutor em Engenharia Elétrica, Docente, Universidade Federal de Rondônia, Campus
Porto Velho – UNIR. felipe@unir.br

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 39


INTRODUÇÃO entanto a coleta não é realizada diariamente,
em consequência disso o lixo acumula-se
O projeto surgiu após uma ação dentro e fora das lixeiras espalhando-se
de Extensão na qual foi realizada uma pelas ruas, avenidas e igarapés. Além disso,
campanha do dia D de Combate à Dengue, a decomposição da matéria orgânica libera
Zika e Chikungunya. Estudantes e professores gases que exalam mal cheiro, liberação de
do Instituto Federal de Educação, Ciência e chorume no solo atraindo roedores, insetos,
Tecnologia do Amazonas - IFAM Campus Lábrea urubus e cachorros que podem ser vetores
saíram pelas ruas dos bairros entregando de algumas doenças, além da poluição visual.
panfletos, orientando os moradores sobre os Outro problema que o município
sintomas dessas doenças e principalmente enfrenta, principalmente na época de
sobre a prevenção. Além disso, foram estiagem das chuvas (junho a setembro), são
recolhidos resíduos das ruas, lotes baldios e as queimadas das florestas para dar lugar ao
quintais das casas que poderiam ser possíveis pasto para a criação de gado. Esses incêndios
criadouros do mosquito Aedis aegypti. são mais incidentes nos períodos de estiagem
Durante essa ação os educandos devido à baixa umidade relativa do ar (DEPPE
observaram que a maioria das casas dos et al, 2004). As queimadas podem ocorrer
bairros não possuíam recipientes para por causas naturais ou pela ação do homem
coletar o lixo, perceberam também que (FREITAS et al, 2005).
havia muitos resíduos descartados nas ruas, Essas atividades liberam na atmosfera
principalmente, próximos às lixeiras coletivas centenas de metros cúbicos de fuligem o
instaladas pela prefeitura conforme podemos que causam grandes problemas à saúde
verificar na figura 1. humana, atingindo principalmente o sistema
respiratório e circulatório (CARMO et al, 2010).
Figura 1: Lixeira coletiva implantada pela prefeitura. As crianças e idosos são os que mais sofrem
com esses problemas (MASCARENHAS et al,
2008).
Além dos incêndios florestais existe na
região a produção ilegal de carvão vegetal,
atividade esta muito comum no município.
Os moradores coletam das marcenarias e
serrarias do polo moveleiro as sobras de
madeiras para produzir o carvão vegetal
ilegalmente. O produto é vendido de
forma ilícita nos comércios da cidade e nas
comunidades no interior. Este ato, além de
liberar grandes quantidades de poluentes
na atmosfera, coloca em risco a saúde dos
produtores.
Estudos revelam que a fumaça liberada
Fonte: Próprio autor, 2016.
durante a queima da biomassa (vegetação),
durante a produção proibida de carvão,
As lixeiras coletivas foram instaladas,
contém mais de 130 substâncias, sendo
em geral, nos cruzamentos das ruas. Os
10 delas os hidrocarbonetos policíclicos
moradores recolhem os resíduos domésticos
aromáticos HPAs genotóxicos, incluindo o
e os encaminham para esses coletores, no
benzo-a-pireno (PENNISE et al, 2001; POPPI

40 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


& SILVA, 2002; BARBOSA et al, 2006). Essas METODOLOGIA
substâncias são as mais danosas à saúde,
apresentando atividades mutagênicas, O projeto foi realizado entre os meses
carcinogênicas e como desreguladoras do de maio a novembro de 2016 por 02
sistema endócrino (ZAMPERLINI et al, 1997; alunos bolsistas, 15 alunos voluntários,
GODOI et al, 2004). 03 professores colaboradores além do
Após reuniões com os estudantes, foram coordenador/orientador.
discutidas alternativas para minimizar tais A tarefa foi realizada na comunidade
problemas, dentre elas surgiu uma proposta Terra Solidária localizada no Bairro da
de produzir lixeiras residenciais a partir Fonte, considerado um dos mais periféricos
de sobras de madeiras descartadas pelas e carentes do município. O referido local
madeireiras e marcenarias ou apreendidas enfrenta vários problemas sociais, entre eles
do comércio ilegal, reaproveitando-as e o alto índice de violência e graves problemas
transformando-as em lixeiras ecológicas, com sanitários causados pela falta de saneamento
base no conceito ambiental dos 3Rs: Reduzir, básico.
Reutilizar e Reciclar. Desta forma, trabalham- A comunidade é formada por 110 famílias
se tanto as questões de descarte correto do de baixa renda, compostas por pessoas
lixo doméstico como o uso de forma ecológica originárias de comunidades ribeirinhas e
e sustentável dos resíduos de madeira do indígenas da região ou de cidades vizinhas.
Polo Moveleiro de Lábrea. A Paróquia Nossa Senhora de Nazaré
Este trabalho teve como objetivo pertencente à Igreja Católica da Prelazia de
trabalhar responsabilidade socioambiental Lábrea e possui na comunidade 103 casas
e educação sanitária. Segundo o Ministério cedidas para a moradia de famílias carentes.
do Meio Ambiente (2017), a responsabilidade Para que as famílias consigam vagas para
socioambiental está ligada a ações que morar nas residências gratuitamente é
respeitam o meio ambiente e a políticas que realizada uma entrevista com as mesmas e
tenham como um dos principais objetivos a assinado um termo (anualmente renovado)
sustentabilidade. Todos têm que zelar pela responsabilizando-os pelo imóvel. É
preservação ambiental: governos, empresas importante salientar que para pleitear uma
e cada cidadão. Nesse sentido, sensibilizar casa na comunidade não obrigatoriamente
os moradores quanto a sua contribuição em a família necessita ser adepto a religião
relação ao meio ambiente, à sustentabilidade católica, basta comprovar que não tem
e às questões ambientais, tendo como ponto moradia e se encaixar como família de baixa
de partida o reaproveitamento das sobras de renda.
madeiras na confecção das lixeiras ecológicas. A primeira etapa do trabalho foi reunir a
Com a instalação das lixeiras ecológicas equipe executora formada por professores
foram realizadas ações preventivas colaboradores, alunos bolsistas e voluntários.
quanto as doenças provocadas pelo Nesta fase discutiram-se as funções e o
descarte incorreto dos resíduos. Educação plano de trabalho de cada um no projeto,
Sanitária tem como principal diretriz levar iniciaram-se estudos sobre o descarte de
informação sobre formas de manter hábitos resíduos sólidos residenciais bem como
saudáveis de higiene na população o que, seu aproveitamento. Esses resíduos são
consequentemente, ajuda na prevenção das os originários de atividades domésticas
parasitoses intestinais (BARBOSA e VIEIRA em residências urbanas, tais como restos
2017). de alimentos, resíduos sanitários (papel

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 41


higiênico, por exemplo), papel, plástico, vidro, contemplando todas as faixas etárias.
entre outros (BRASIL, 2010). Foram feitas também oficinas sobre
Para isso foi realizado um estudo sobre a reaproveitamento dos resíduos para
legislação de resíduos sólidos com leituras de compostagem, reaproveitamento na
artigos científicos sobre a temática. Nessa fase alimentação, produção de brinquedos a
de fundamentação os alunos apresentaram partir de materiais que seriam descartados,
seminários sobre o tema para os professores rodas de conversas sobre saúde do homem e
e mediaram debates que foram discutidos da mulher, saúde sanitária e bucal, gincanas
com os moradores da comunidade por meio com as crianças, oficinas de pintura de rosto,
de rodas de conversas. mostra microscópica onde foram coletadas
Firmou-se então uma parceria com amostras de água, além de apresentações
algumas marcenarias do Polo Moveleiro de artísticas como teatro e apresentação musical.
Lábrea, onde foram realizadas coletas de Para o evento foi criada uma parceria com a
sobras de madeiras. Como no IFAM Campus Universidade Estadual do Amazonas - UEA,
Lábrea não há uma marcenaria montada, Associação dos Moradores do Bairro da Fonte
houve a necessidade de contratar uma e Secretaria Municipal de Saúde. As ações e
empresa para cortar e preparar as peças para os resultados do trabalho foram divulgados
montagem das lixeiras. por meio de diferentes redes sociais do IFAM.
A montagem foi realizada no próprio A figura 2 é um registro de uma peça teatral
campus pelos alunos bolsistas e voluntários sob realizada durante o evento.
orientação dos professores colaboradores.
Figura 2: Peça teatral apresentada no evento realizado
As lixeiras foram grafitadas pelos estudantes
na Comunidade
voluntários do projeto “Oficinando Artes”.
Os trabalhos na Comunidade iniciaram-
se com uma visita de campo. Nesse primeiro
contato os estudantes puderam conhecer
em loco seu campo de atuação, conversar
com os moradores e verificar os anseios
da comunidade. Durante a visita foram
realizados registros fotográficos e entrevistas
com os moradores.
Foi efetuado um trabalho de sensibilização
Fonte: Próprio autor, 2016.
com os moradores da comunidade por meio
de visitas locais, entregas de panfletos e
Os resultados do trabalho foram
rodas de conversas sobre a importância das
apresentados na forma de pôster por um
lixeiras residenciais, bem como os benefícios
aluno bolsista na I Mostra de Extensão do IFAM
que o descarte correto dos resíduos traz para
Campus Lábrea. O evento aconteceu no final
uma melhor qualidade de vida das famílias da
do mês do novembro de 2016 como mostra
comunidade.
a figura 3. Nessa mostra foram apresentadas
Durante o período de execução do projeto
todas as etapas do projeto.
foram realizadas visitas para acompanhar as
famílias na questão de descarte e utilização
das lixeiras.
Foi realizado um evento na comunidade
no qual houve ações variadas, envolvendo
educação sanitária, social e ambiental

42 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


Figura 3: Apresentação dos resultados na I Mostra de • Excelência na gestão educacional;
Extensão do IFAM - Campus Lábrea.
• Valorização das pessoas; 

• Cidadania e justiça social;

• Responsabilidade socioambiental;

• Solidariedade.

Nesse sentido, o Instituto Federal do


Amazonas não se restringe apenas ao Ensino,
à Pesquisa e à Extensão, há um compromisso
com as diferenças, com o social e o ambiental.
Desta forma o trabalho foi direcionado para
Fonte: Próprio autor, 2016. atender as demandas dessa comunidade.
O trabalho teve caráter socioambiental, no
RESULTADOS E DISCUSSÃO qual se solidariza com os problemas locais,
valorizando a população menos favorecida.
A primeira fase do projeto estava prevista Ao total foram coletados
para ser realizado na Vila Falcão, bairro vizinho aproximadamente três metros cúbicos (3
ao Campus, porém durante a elaboração da m3) de sobras de madeiras. A meta inicial
proposta a Instituição recebeu a visita de um era produzir e instalar uma lixeira para cada
representante dos Freis Agostinianos na qual família da comunidade num total de 110
relataram alguns problemas enfrentados em lixeiras, porém alguns fatores inviabilizaram
uma das comunidades onde a Igreja Católica a proposta inicial, sendo os principais deles:
presta assistência. O objetivo dessa visita o curto período de duração da proposta e o
foi pedir apoio ao IFAM Campus Lábrea para tempo para os estudantes confeccionarem
desenvolver ações sobre educação sanitária as lixeiras, uma vez que eles estudavam em
com os moradores da referida comunidade. tempo integral e o custo de produção.
Os freis relataram os principais problemas Para minimizar tempo e custo e assim
que os moradores estavam enfrentando, atender todas as famílias, produziu-se uma
como por exemplo: a falta de saneamento, a lixeira para cada duas famílias. Assim a
violência, o tráfico de drogas e a questão do meta definida foi a instalação de 55 lixeiras.
lixo. O trabalho foi dividido em duas etapas:
A missão do IFAM é promover com na primeira foram atendidas 60 famílias
excelência a Educação, Ciência e Tecnologia e instaladas 30 lixeiras atendendo um
para o desenvolvimento sustentável da quantitativo aproximado de 300 pessoas.
Amazônia. O Instituto tem como valores
(IFAM 2017):

• Acessibilidade e inclusão social;

• Ética e transparência;

• Gestão democrática participativa;

• Inovação e empreendedorismo;

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 43


Figura 4: Lixeira ecológica Cultural instalada na À medida que eram realizadas as coletas
Comunidade.
dos resíduos estes eram separados de acordo
com a classificação de suas características
físicas (peso específico). Assim as lixeiras
foram confeccionadas tendo o cuidado para
agrupar as madeiras com características
semelhantes, onde as madeiras de menor
resistência (normalmente as de baixo peso
específico) eram colocadas em pontos
estratégicos, assim como as de maior
resistência em lugares onde entrariam em
contato direto como os resíduos. Esses
cuidados foram tomados para prolongar a
vida útil das lixeiras ecológicas.
Inicialmente, foram confeccionadas
lixeiras em um formato cilíndrico, porém
devido ao tempo gasto para produzir as
peças foi necessário repensar o formato
dos coletores ecológicos. Chegou-se então à
Fonte: Próprio autor, 2016.
conclusão de que a forma mais viável seria
Para que as lixeiras pudessem ser mudar o formato das lixeiras, levando-se em
divididas entre as famílias foi realizado um conta a questão de tempo e custo-benefício.
trabalho de sensibilização e colaboração As lixeiras ecológicas têm dimensões
onde as famílias aceitaram compartilhar padronizadas: 100cm de comprimento, 30cm
os coletores e pôde-se observar um fator de largura e 50cm de altura. O volume total
positivo: o uso compartilhado das lixeiras fez de cada lixeira é aproximadamente 150 litros.
com que houvesse aproximação das famílias. Para a confecção dos recipientes de lixo
Essa aproximação melhorou o convívio entre foi necessária a preparação e manipulação
vizinhos, possibilitou conversas sobre a das peças de madeiras onde contratou-se
problemática do lixo, além da ajuda entre as uma empresa para cortar e preparar as peças
famílias em relação aos descartes de forma para montagem das lixeiras.
correta e no reaproveitamento dos resíduos Após o preparo, as peças de madeira
compartilhando, por exemplo, o adubo foram levadas para o campus onde foram
orgânico, resultado da compostagem dos montadas no espaço destinado à marcenaria,
resíduos orgânicos. sendo realizada a confecção das lixeiras pelos
As demais 25 lixeiras estão sendo bolsistas e voluntários, supervisionados por
produzidas no segundo ciclo do projeto um professor orientador, conforme podemos
desenvolvido de maio a novembro de 2017. observar na figura 5.
Para produzir as lixeiras os estudantes
receberam uma capacitação com os
professores colaboradores, abordando as
principais características sobre as madeiras,
como anatomia, densidade, teor de umidade,
grã, brilho e preservação da madeira.

44 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


Figura 5: Confecção das lixeiras ecológicas culturais. primária (local correto de descarte de lixo)
as lixeiras passaram a ter uma função
secundária, servindo de vitrine para os
estudantes expressarem sua arte, saindo
assim dos “muros” da Instituição.
Com isso a proposta contribuiu não
apenas para uma vida mais saudável aos seus
moradores, mas também com a paisagem
estética da comunidade e do município,
além de servir como referência para outras
comunidades.
Viana (2014) corrobora com tal ideia ao
afirmar que o valor final do produto não está
Fonte: Próprio autor, 2016.
atrelado exclusivamente ao tipo de madeira,
mas sim ao designer e ao melhor uso de
Para prolongar a sua vida útil as lixeiras
acordo com a característica da espécie. Desta
ecológicas foram revestidas com selador,
forma, a arte do grafite tornou o produto
tinta antimofo e antifúngica. Pensando no
mais atraente ao público agregando assim
visual do produto foi realizada uma parceria
valor às lixeiras ecológicas, aproximando
com o professor de artes do Campus onde
a comunidade para que cuide e faça a
os alunos do projeto “Oficinando Artes”
manutenção do produto.
se voluntariaram e puderam divulgar seu
Após a instalação das lixeiras a equipe
trabalho de pintura com grafite conforme
do projeto foi procurada por várias pessoas,
podemos ver na figura 6.
tanto da cidade de Lábrea como da capital,
Figura 6: Alunos do Projeto “Oficinando Arte” grafitando querendo comprar as lixeiras. Cabe ressaltar
as lixeiras. que o objetivo do projeto não é de cunho
comercial, entretanto a produção das lixeiras
pode vir a ser uma fonte alternativa de renda
para os próprios moradores da comunidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto oportunizou vários benefícios,


não somente para a comunidade na qual foi
executado, mas para toda a população de
Lábrea.
As lixeiras chamaram a atenção de
moradores de outros bairros que, ao vê-las na
Fonte: Próprio autor, 2016. comunidade, tomaram a iniciativa de também
produzirem suas próprias lixeiras ecológicas
Esses alunos expressaram sua visão aproveitando os resíduos de madeiras.
crítica por meio do grafite sobre os mais Na comunidade pôde ser percebida
variados temas debatidos pela sociedade: uma mudança dos moradores em
educação, política, religião, meio ambiente, relação aos hábitos quanto ao descarte e
dentre outros. Assim, além de ter a função reaproveitamento dos resíduos sólidos.

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 45


Durante as visitas foi possível, através REFERÊNCIAS
de fotografias, observar uma diminuição
significativa da quantidade de lixo espalhado BARBOSA, J. M. S.; POPPI, N. R.; SILVA, M. S.
nas ruas. Algumas famílias estão fazendo Polycyclic aromatic hydrocarbons from wood
compostagem e produzindo adubo orgânico, pyrolysis in charcoal production furnaces.
Environmental Research. V. 101, p. 304-311,
utilizado no cultivo de suas hortaliças,
2006.
principalmente em cebolinha, pimenta de
cheiro, couve e alface. BARBOSA, V. A.; VIEIRA, F. O. Educação
O projeto ajudou ainda os garis durante a sanitária como prática de prevenção de
coleta, facilitando seu trabalho e diminuindo parasitoses intestinais em creches. Disponível
o tempo dentro da comunidade. em:< file:///C:/Users/arquimar.oliveira/
Downloads/408-1224-1-PB%20(1).pdf >.
Contribuiu ainda com a paisagem
Acesso em: 2 dez. 2017.
estética da Comunidade de modo a oferecer
uma vida melhor e mais saudável aos seus BRASIL. Lei n° 12.305 de 2 de agosto de
moradores, servindo de referência para 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos
outras comunidades. Sólidos. Brasília-DF, agosto, 2010.
Cabe ressaltar que o projeto trabalhou
CARMO, C. N.; HACON, S.; LONGO, K. M.;
a mudança de paradigmas, buscando FREITAS, S.; IGNOTTI, E.; LEON, A. P.; ARTAXO,
solucionar problemas ligados ao saneamento P. Associação entre material particulado de
básico, onde, de certa forma, há a ausência queimadas e doenças respiratórias na região sul
do poder público, mas priorizado pela missão da Amazônia brasileira. Revista Panamericana
do Instituto, que é contribuir com a educação de Saúde Pública, Washington, v. 27, n. 1, p.
e qualidade de vida no Estado do Amazonas. 10-16, 2010.

DEPPE, F.; MENEGHETTE, C. R.; VOSGERAU, J.


AGRADECIMENTOS Comparação de Índice de RIF com focos de calor
no estado do Paraná. Revista Floresta, Curitiba,
v. 34, 2004.
Os autores agradecem à Pró-Reitoria FREITAS, S. .; LONGO R, K. M.; DIAS, M.; SILVA,
de Extensão do IFAM e ao Campus Lábrea, A. F.; DIAS, P. L. S. Emissões de queimadas
pela oportunidade do desenvolvimento em ecossistemas da América do Sul. Estudos
do projeto. Agradece ainda aos parceiros: Avançados. São Paulo, v. 19, n. 53, p. 167-185,
Prelazia de Lábrea, Universidade do Estado 2005.
do Amazonas, Secretaria Municipal de Saúde
GODOI, A. F. L.; et al. Fast chromatographic
de Lábrea e Associação dos Moradores do
determination of polycyclic aromatic
Bairro da Fonte pela valiosa participação e
hydrocarbons in aerosol samples from sugar
contribuição no projeto. Estende também cane burning. Journal of Chromatography A. V.
seus agradecimentos aos envolvidos de forma 1027, p. 49-53, 2004.
direta e indireta na execução do projeto, como
os alunos bolsistas, voluntários, alunos do MASCARENHAS, M. D. M.; VIEIRA, L. C.;
projeto “Oficinando Artes” e aos moradores LANZIERE, T. M.; LEAL, A. P. P. R.; DUARTE, A.
F.; HATCH, D. L. Poluição atmosférica devida à
da Comunidade Terra Solidária, pois sem eles
queima de biomassa florestal e atendimentos
o projeto não teria sido desenvolvido.
de emergência por doença respiratória em
Rio Branco, Brasil - Setembro, 2005. Jornal
Brasileiro de Pneumologia, Brasília, v. 34, n. 1,
p. 42-46, 2008.

46 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


Missão, Visão e Valores do IFAM.
Disponívelem:<http://www2.ifam.edu.br/
instituicao/missao-e-visao>. Acesso em 15 de
Abril de 2017.

Ministério do Meio Ambiente. Disponível


em:<http://www.mma.gov.br/
responsabilidade-socioambiental>. Acesso 2
dez. 2017.

PENNISE, D. M.; SMITH, K. R.; KITHINJI, J. P.;


REZENDE, M. E.; RAAD, T. J.; ZHANG, J.; FAN,
C. Emissions of greenhouse gases and other
airborne pollutants from charcoal making
in Kenya and Brazil. Journal of Geophysical
Research. V. 106, p. 143-155, 2001.

POPPI, N. R.; SILVA, M. R. S. Identification


of polycyclic aromatic hydrocarbons and
methoxylated phenols in wood smoke
emitted during production of charcoal.
Chromatographia. V. 55, p. 475-481, 2002.

VIANA, Álefe Lopes. Aplicação do método


de custeio baseado em atividades (ABC)
na produção de artefatos de madeira.
Dissertação (mestrado em Ciências Florestais
e Ambientais) – Universidade Federal do
Amazonas. 146p. il. Color. 2014.

ZAMPERLINI, G. C. M.; SILVA, M. R. S.;


VILEGAS, W. Identification of polycyclic
aromatic hydrocarbons in sugar cane soot
by gas chromatography-mass spectrometry.
Chromatographia. V. 46, p. 655-663, 1997.

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 47


Relato de
Experiência
ORGANIZAÇÃO DOS JOGOS
TRADICIONAIS INDÍGENAS DE
MANACAPURU DE 2017
ORGANIZATION OF THE INDIGENOUS TRADITIONAL
GAMES OF MANACAPURU OF 2017
Alexandre Ricardo von Ehnert1
Gilder Branches Vieira2
Josué Cordovil Medeiro3
Thiago Valente Bazilio Lima4

Resumo: O presente relato de experiência tem por objetivo descrever as


atividades realizadas pelos servidores do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Amazonas, na organização dos XII Jogos
Indígenas do Município de Manacapuru, realizado em comemoração ao
Dia do Índio e coordenado pela aldeia Sahú-Apé. Durante as atividades, o
Campus teve a oportunidade de atender a uma demanda realizada pelos
indígenas. Para isso, organizou-se uma equipe de servidores e alunos
para auxiliar na organização e arbitragem dos jogos, além de realizar
campanha de conscientização dos alunos sobre questão indígena,
inclusive com a realização de uma ação solidária de coleta de roupas
para serem doadas aos indígenas. Além disso, recebemos o convite para
participar novamente do processo de organização dos XIII jogos, que
serão organizados pela aldeia Surá em 2018. Também tivemos o prazer
de registrar a matrícula do primeiro aluno indígena do Campus, no curso
de Recursos Pesqueiros.
Sendo assim, acreditamos que estabelecemos uma aproximação
e uma relação de confiança entre o IFAM e a comunidade indígena
Manacapuruense.

Palavras-chave: Jogos Indígenas. Comunidades Indígenas.

Abstract: The present experience report aims to describe the activities


carried out by the government employees of the Federal Institute of Education,
Science and Technology of Amazonas, in the organization of the XII Indigenous
Games of the Municipality of Manacapuru, held in commemoration of the
Indian Day and coordinated by the Indian Village called Sahú- Apé. During the
activities, the Campus had the opportunity to attend a demand made by the
indigenous people. To do so, it organized a team of servants and students to
assist in the organization and arbitration of the games, as well as carrying out
a campaign to raise awareness among the students about indigenous issues,
including a social action to collect clothing to be donated to the indigenous.

1 Mestre em Geografia Humana, Docente, Coordenador de Extensão, Instituto Federal


do Amazonas, Campus Avançado Manacapuru - IFAM/CAM. alexandre.ehnert@ifam.
edu.br
2 Especialista em Gestão Escolar, Docente, Instituto Federal do Amazonas - IFAM/CAM.
gilder.vieira@ifam.edu.br
3 Especialista em Gestão Escolar, Docente, Instituto Federal do Amazonas - IFAM/CAM.
josue.medeiros@ifam.edu.br
4 Especialista em Ensino de Química, Docente e árbitro federado de voleibol, Instituto
Federal do Amazonas - IFAM/CAM. thiago.lima@ifam.edu.br

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 51


In addition, we were invited to participate in the process of organizing the
XIII games again, which will be organized by the village Surá in 2018. We
also had the pleasure to enroll the first indigenous student of Campus, in the
course of Fishing Resources. Therefore, we believe that we have established an
approximation and a relationship of trust between IFAM and the indigenous
community Manacapuruense.

Keywords: Indigenous Games. Indigenous Communities.

52 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


APRESENTAÇÃO • Reserva indígena Tururukari-Uka: etnia
Kambeba, localizada às margens do lago do
O presente relato de experiência trata Ubim, no quilômetro 47 da rodovia Manoel
da participação do Instituto Federal de Urbano (AM-070), com 12 famílias;
Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas
• Reserva indígena Sahú-Apé: etnia
– IFAM, Campus Avançado Manacapuru, na
Sateré-Mawé, localizada às margens do rio
organização dos Jogos Tradicionais Indígenas
Ariaú em Iranduba, no quilômetro 37 da
de Manacapuru.
rodovia Manoel Urbano (AM-070), com 12
Os jogos foram realizados nos dias 21,
famílias;
22 e 23 de abril de 2017, em comemoração
ao Dia do Índio. O evento contou com a
• Reserva indígena Fortaleza do Patauá:
presença de, aproximadamente, trezentos
etnia Ticuna, localizada no rio Manacapuru,
indígenas de várias etnias.
com 06 famílias;
De acordo com o Sistema de Informações
da Atenção à Saúde Indígena – SIASI, há um • Reserva indígena São Francisco do
total de 545 indígenas, divididos em 115 Patauá: etnia Apurinã, localizada no rio
famílias, residentes em onze agrupamentos Manacapuru, com 10 famílias;
nos municípios de Manacapuru e Iranduba.
Apesar de não estarem localizadas • Comunidade indígena Rosa Vermelha:
geograficamente no mesmo município, etnias Apurinã e Ticuna, localizada no ramal
as etnias estão ligadas por meio de ações Nova Esperança, quilômetro 69 da rodovia
realizadas pela Casa de Apoio à Saúde Manoel Urbano (AM-070), com 11 famílias;
do Índio, CASAI/MPU. Por essa razão, as
atividades esportivas e recreativas sempre • Comunidade indígena Surá: etnia
são realizadas de forma conjunta. As Apurinã, Km 07 da AM 352 (Manacapuru –
comunidades indígenas são as seguintes: Novo Airão). Essa comunidade ainda não
teve suas famílias recenseadas, assim como
• Reserva indígena Kaxtipiri: etnia Apurinã, a reserva indígena Kaxtipiri, de onde é
localizada no Km 07 da AM 352 (Manacapuru originária.
– Novo Airão), com 30 famílias;
O evento contou também com a
• Reserva indígena Espírito Santo: etnias presença de indígenas de outras etnias que
Ticuna e Apurinã, localizada no rio Manacá, não possuem terras demarcadas, além de
constituída por 06 famílias; convidados não-indígenas.
Para a realização do evento, as etnias
• Reserva indígena Santo Antônio: etnias contaram com o apoio de instituições públicas
Ticuna e Apurinã, localizada no rio Manacá, como a Funai, a CASAI/MPU, a Secretaria
com 04 famílias; Municipal de Educação de Manacapuru e
o Instituto Federal de Educação, Ciência e
• Reserva indígena São Francisco do
Tecnologia do Amazonas - IFAM, Campus
Guiribé: etnia Apurinã, localizada no bairro da
Manacapuru.
Correnteza em Manacapuru, com 13 famílias;
A cada edição, os jogos são organizados e
realizados em uma aldeia diferente. Em 2017,
• Reserva indígena Jatuarana: etnia
o evento ficou sob a responsabilidade da
Apurinã, localizada no Rio Manacapuru, com
aldeia Sahú-Apé. Porém, devido a questões
12 famílias;

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 53


de logística e de espaço físico, os jogos foram ausência de energia elétrica, dificuldade de
realizados na a aldeia Tururukari-Uka, que realização de atividades que possam gerar
cedeu o espaço, mas não se envolveu na e agregar valor para os produtos cultivados
coordenação e organização do evento. pelas etnias, além do desejo de formação
educacional para as crianças e jovens da
HISTÓRICO DE AÇÕES VOLTADAS aldeia.
PARA AS COMUNIDADES No ano de 2017, o Campus foi convidado
INDÍGENAS pela Coordenadoria Indígena da Secretaria
Municipal de Educação de Manacapuru para
Acreditamos que o convite para participar participar da coordenação da II Conferência
da organização dos XII Jogos Tradicionais Municipal de Educação Escolar Indígena –
Indígenas de Manacapuru, seja fruto de ações COMEEI. Durante os dias 23 e 24 de março,
de aproximação realizadas pelo Campus uma equipe de professores do IFAM/CAM
Avançado Manacapuru junto às comunidades esteve à frente dos trabalhos de elaboração de
indígenas em momentos pretéritos. propostas para a Educação Escolar Indígena,
Desde o ano de 2014, o IFAM/CAM tem momento em que tivemos a oportunidade
realizado diálogos com essas comunidades. de sugerir a inserção de propostas voltadas
Isso foi fundamental para consolidar a para a Educação Técnica nas comunidades
parceria existente entre o Instituto e os indígenas.
indígenas.
A primeira ação significativa com uma OS JOGOS TRADICIONAIS
comunidade indígena do município se deu a INDÍGENAS
partir da realização de um projeto de pesquisa,
financiado pelo CNPQ/TIM em 2016, que Foi durante os trabalhos da II COMEEI,
tinha como temática a fotossíntese. Durante que o IFAM/CAM recebeu o convite participar
a execução, foram atendidas treze escolas da organização dos XII Jogos Tradicionais
públicas municipais de Manacapuru e dentre Indígenas de Manacapuru.
elas a EMEEI Tururukari-Uka, localizada na Inicialmente, foi realizada uma pesquisa
aldeia de mesmo nome e de etnia Kambeba. com o intuito de compreender o que
Durante a realização desse trabalho, foram significaria participar desse evento. É notório
realizadas seis visitas à escola da aldeia. o fato de que há, em escala mundial, um
Ainda no ano de 2016, o Campus movimento muito forte de reafirmação da
recebeu um convite para que os professores identidade indígena por meio de realização
realizassem visitas às comunidades indígenas de jogos, que, mais do que gerar uma disputa
localizadas no município. Aceitamos o entre as etnias, busca integrar os grupos.
convite e, acompanhados pelo Agente Segundo Vinha,
de Saúde Indígena, Francisco Uruma, de
etnia Kambeba, estivemos em três aldeias jogos tradicionais indígenas são
compreendidos como atividades com
localizadas no complexo do Lago Grande de características lúdicas que representam
Manacapuru, sendo elas: Reserva Indígena importantes elementos culturais
Jatuarana, Fortaleza do Patauá e São Francisco como valores tradicionais, mitos e
do Patauá. magia manifestados geralmente em
cerimônias religiosas. (2004, p.1)
Durante a visita, tivemos a oportunidade
de ouvir os anseios e as dificuldades
vivenciadas por essas comunidades, como a

54 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


Os jogos tradicionais indígenas de OS PREPARATIVOS PARA O
Manacapuru e entorno, no formato que EVENTO
é realizado atualmente, é relativamente
recente, pois está apenas na sua 12ª edição. Para a preparação do evento, realizamos
Entretanto, é possível observar que há uma uma reunião nas dependências do Campus
tendência nacional de realização de eventos com a coordenação indígena composta por
similares. Os Jogos dos Povos Indígenas, por Lucemir da Silva Freitas (Coordenador Geral),
exemplo, tiveram início em 1996 e os Jogos Alizeth Maia da Silva (1ª Secretária), Leonardo
Mundiais dos Povos Indígenas, registraram Gomes (2º Secretário), Selma Maia da Silva
sua primeira edição em Palmas (TO), Brasil e Marlete Cruz (Apoios Técnicos), com a
em 2015. Coordenação de Extensão e com a Direção
Uma característica dos jogos indígenas de Geral do IFAM/CAM.
Manacapuru é que ainda se preservam, com Entre as demandas apresentadas pelos
muita riqueza, as modalidades natas, como indígenas, havia seis ações prioritárias, no
arco e flecha, a corrida com tora, a canoagem, entanto, às vésperas dos jogos, surgiu uma
o arremesso de lança, a zarabatana, o sétima. As demandas foram as seguintes:
mergulho e o cabo de guerra, além de integrar
jogos populares, como futebol e vôlei. Há 1 - Organização das modalidades de
ainda, a disputa do mais belo casal indígena esportes coletivos, como futebol e vôlei,
dos jogos. masculino e feminino;
Linnekin apud Grünewald (1997), observa 2 - Elaboração de material de comunicação
que “as tradições indígenas vêm sendo visual do evento;
construídas ao longo do tempo, uma vez 3 - Logística de transporte de pessoas e
que são mutáveis, e que essas podem ser materiais;
utilizadas para um propósito moderno sem 4 - Material para a realização dos jogos,
que haja perda de autenticidade no grupo como bolas e redes;
portador da tradição.” Dessa maneira, a 5 - Ajuda com donativos para indígenas
tendência de incorporar as modalidades em situação de vulnerabilidade, como artigos
populares, pode ser entendida como uma de vestuário e alimentícios;
busca pela reafirmação da identidade 6 – Arbitragem, com imparcialidade
indígena e não a perda da mesma, uma vez e isenção, das modalidades que seriam
que essas modalidades populares cumprem disputadas; e
a função de unir os povos em momentos de 7 - Aquisição de medalhas para premiação
confraternização. dos atletas ganhadores das modalidades.
Sendo assim, entendemos que o nosso
papel nesse processo, enquanto instituição Frente às necessidades demandadas na
parceira, deve ser o de facilitadores e primeira reunião, foi realizado um movimento
mediadores. Não devemos, portanto, para envolver os demais servidores do
influenciar na forma como o evento é Campus, a fim de que aderissem ao grupo
realizado. da coordenação do evento. A partir da
constituição do grupo de servidores que
fariam parte de evento, foram realizadas
novas reuniões com a comissão indígena
para elaborar o plano de trabalho e definir as
atribuições de cada participante.

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 55


Por fim, a equipe foi composta por um o tempo e permitir que todos os indígenas
professor de Educação Física, responsável tivessem a mesma oportunidade de participar
pela organização dos jogos em geral; um no evento.
professor de química que é árbitro federado Para satisfazer às demandas de
de voleibol, responsável pelos jogos da divulgação, foi elaborado o material de
modalidade; um professor de Língua comunicação visual a partir de esboços
Portuguesa, responsável pelos jogos de produzidos pelos indígenas. A arte do slogan
futebol; um professor de Geografia, também do evento foi toda baseada em tramas de
Coordenador de Extensão do Campus e pinturas tradicionais e teve como mascote
responsável pela coleta de donativos, além a formiga tucandeira, tradicionalmente
das articulações entre a comunidade indígena utilizada pela etnia Sateré-Mawé nos rituais
e o IFAM/CAM. de dança. Toda a arte foi digitalizada e, em
Os demais professores ficaram parceria com a Semed/Manacapuru, foram
responsáveis por realizar ações de ensino impressos folders e cartazes de divulgação do
com o objetivo de socializar, com os alunos, evento (figura 02).
a ação que estávamos realizando e também
sensibilizá-los sobre a presença dos
Figura 02: Identidade visual do evento
indígenas no município, o que para muitos
era desconhecido. Como fruto dessas ações,
foi realizada uma caminhada em alusão ao
Dia do Índio com a presença de servidores e
alunos (figura 01).

Figura 01: Passeata Dia do Índio

Fonte: Próprio autor, 2017

A Direção Geral do IFAM/CAM autorizou o


uso do carro institucional nos dias do evento,
a fim de transportar pessoas e cargas, haja
vista que o local do evento ficava a 40 km de
distância do perímetro urbano do município
Fonte: Próprio autor, 2017
de Manacapuru.
O Instituto também disponibilizou
AÇÕES REALIZADAS PARA materiais esportivos para as modalidades
ATENDER ÀS DEMANDAS DOS de jogos coletivos como: futebol e vôlei. Para
INDÍGENAS essas modalidades, foi possível realizar o
empréstimo de bolas, redes, cartões, apitos e
Para atender à primeira demanda, cronômetros.
os professores ligados à área esportiva Ainda com o intuito de colaborar
organizaram as tabelas e as chaves de no sentido de atender às necessidades
enfrentamento entre os times de modalidades apresentadas pelas comunidades indígenas,
coletivas e as estratégias para a realização das foi realizada uma campanha de ação solidária,
modalidades tradicionais, visando otimizar

56 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


junto aos alunos e servidores do IFAM/CAM. Outra ação implementada pela equipe
Essa ação arrecadou cerca de seiscentas de professores do IFAM foi a arbitragem
peças de roupas usadas. Tudo foi doado para dos jogos. Os docentes se revezaram para
as etnias participantes dos jogos. Durante a que tudo ocorresse de acordo com o que foi
campanha (figura 03), buscamos sensibilizar planejado e as equipes pudessem competir
a comunidade escolar do Instituto a respeito com tranquilidade.
da situação de vulnerabilidade em que as
comunidades indígenas se encontram. OS DIAS DE JOGOS
Figura 03: Cartaz da ação solidária
Na manhã do primeiro dia, houve a
chegada das delegações e, posteriormente,
a abertura do evento (figura 04). Em seguida,
foi definido quem estaria à frente das
modalidades e, na sequência, aconteceram
as inscrições dos atletas e das equipes. No
período da tarde, foi dado início aos jogos.
Os primeiros a participarem foram os atletas
que competiram nos esportes tradicionais
individuais. No período da noite, foi realizado
um evento cultural com a participação de
todos os envolvidos no evento.

Fonte: Próprio autor, 2017


Figura 04: Delegações de Atletas participantes do
evento
Às vésperas do jogo, surgiu uma nova
demanda, pois um parceiro do evento que
havia prometido doar as medalhas, não
conseguiu cumprir com esse compromisso.
Diante da necessidade de realizar a
premiação dos vencedores, o IFAM/CAM
doou 96 medalhas e conseguiu, com o IFAM
Campus Manaus Zona Leste, uma doação
de 180 medalhas, todas utilizadas para
condecoração dos primeiros, segundos e
terceiros lugares das modalidades. Fonte: Próprio autor, 2017
Com a finalidade de dinamizar o processo
de integração entre o Instituto e a comunidade No segundo e terceiro dias, foram
indígena e prestigiar o evento esportivo, realizados os esportes coletivos, paralelos
também foi realizado um convite aberto para aos individuais, uma vez que muitos dos
participação de toda a comunidade escolar. atletas estavam participando em mais de
Alguns professores, técnicos, alunos dos uma modalidade.
Cursos Técnicos Integrados em Nível Médio O voleibol teve de ser adaptado para a
de Recursos Pesqueiros e Informática, além realidade e estrutura oferecida na aldeia,
da Diretora Geral do Campus, marcaram de modo que foram formadas equipas com
presença no evento. apenas quatro integrantes, ao invés de seis,

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 57


como acontece nos jogos oficiais, além de ser não houve nenhum tipo de situação adversa
realizado em uma área de grama. Já o futebol, que dificultasse a atuação da equipe do IFAM/
foi realizado em campo gramado, parte da CAM na participação dos jogos. Mesmo nos
estrutura de lazer da própria aldeia. Ambas momentos de tensão que ocorreram durante
as modalidades tiveram competidores do as competições, a autoridade e a experiência
sexo masculino e feminino (figura 05). dos árbitros foram respeitadas, inclusive com
a observação dos competidores acerca da
Figura 05: Atletas participantes do evento
imparcialidade demonstrada pela equipe de
árbitros.
O evento foi uma excelente oportunidade
para os alunos do IFAM/CAM conhecerem
os modos de produção agrícola e criação de
animais utilizados na aldeia como: criação de
aves e peixes e produção de hortaliças (figura
06).

Figura 06: Alunos conhecendo o modo de produção da


aldeia

Fonte: Próprio autor, 2017

Devido a questões internas da


coordenação indígena do evento, duas
modalidades foram suspensas: o cabo de
guerra e a corrida com tora. A primeira se
deu devido à falta da corda para a realização
Fonte: Próprio autor, 2017
da competição, já a segunda, foi cancelada a
partir de um acordo entre as delegações.
A ação solidária de doação de roupas
No terceiro dia dos jogos, pela manhã,
foi um meio de apresentar a comunidade
houve a disputa das finais dos jogos coletivos
indígena para os alunos e demonstrar que a
e a premiação dos atletas ganhadores. A
sociedade manacapuruense é composta por
aldeia Kaxtipiri, de etnia Apurinã, sagrou-se
outros grupos étnicos, questão desconhecida
como vencedora geral dos jogos.
por grande parte dos alunos. Por outro
lado, também foi possível demonstrar aos
RESULTADOS ALCANÇADOS
indígenas que estamos atentos e sensíveis
às necessidades que eles nos apresentaram.
Entre os resultados alcançados, podemos
Esse tipo de trabalho, também nos coloca em
destacar o êxito obtido durante todo o
sintonia com o Manual de Extensão do IFAM,
evento, desde a fase de planejamento até
quando diz que é nosso dever a
à sua execução. É importante registrar, que

58 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


realização de ações voluntárias que prática, a partir de ações que envolveram a
possibilitam trocas de experiências e
integração entre indígenas e não-indígenas,
conhecimentos, contribuindo com a
formação de valores, com a participação
percebemos que as relações de confiança
social e com o exercício da cidadania são essenciais, uma vez que é necessária a
que se traduz numa relação de aceitação e o reconhecimento de uma relação
solidariedade e de participação cívica
de amizade para que as atividades possam
individual e comunitária, exercida de
forma livre, responsável e organizada,
ser desenvolvidas com sucesso.
tendo em vista a solução dos problemas Por fim, salientamos que fomos
que afetam alguns grupos sociais ou, convidados novamente para participar como
mesmo, a sociedade em geral (IFAM,
colaboradores na realização dos XIII Jogos
2016, P.35).
Tradicionais Indígenas, que serão realizados
em 2018, desta vez sob a coordenação
Como resultado da ação, também
da Aldeia Surá, de etnia Apurinã. Dessa
tivemos a inscrição, aprovação e matrícula do
forma, acreditamos ter sido relevante nossa
primeiro aluno indígena do IFAM Manacapuru,
participação em todas as etapas de realização
de etnia Sateré-Mawé, para o Curso Técnico
do evento, tanto para representar o IFAM/
Subsequente em Recursos Pesqueiros, que
CAM de forma positiva para a sociedade,
iniciou no segundo semestre de 2017.
quanto para atender às demandas e anseios
da sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
“O importante não é competir e sim
GRÜNEWALD, Rodrigo de Azeredo. A Tradição
celebrar”, esse foi o lema do I Jogos Mundiais
como Pedra de Toque da Etnicidade. Anuário
dos Povos Indígenas. Em Manacapuru, Antropológico, Rio de Janeiro, v. 96, p. 113-
tivemos a oportunidade observar que esse 125, 1997. On line: disponível em <http://
era claramente o mesmo sentimento de www. d an . un b . b r/image s/p d f/anuario_
todos os indígenas envolvidos no evento. antropologico/Separatas1996/anuario96_
Foram três dias de muitos jogos e também rodrigogrunewald.pdf> Acesso em: 20 set.
de festa e confraternização, de modo que a 2017.
harmonia se sobrepôs às diferenças. Não era
INSTITUTO FEDERAL DO AMAZONAS - IFAM.
a vitória o alvo, mas o entretenimento. Manual de Extensão. Manaus: IFAM, 2016.
É interessante ressaltar que a demanda
para a participação dos servidores do IFAM, VINHA, Marina. Tradição Recentemente
como colaboradores, na organização do Inventada - Terras Indígenas e Jogo Cabo-de-
evento, foi gerada pela comunidade externa Guerra. In: XVII Encontro Regional de História:
ao campus, fato esse que nos dá a certeza da o lugar da História, 2004, Campinas. Anais:
CD Rom XVII Encontro Regional de História: o
relevância da instituição na região, pois fomos
lugar da História. Campinas: Unicamp, 2004.
convidados para ajudar a sanar problemas
práticos e obtivemos êxito no processo.
Outro aspecto importante da participação
no evento, diz respeito à relação de parceria
que estamos estabelecendo entre o Instituto
e a comunidade indígena manacapuruense.
Sendo assim, conforme experienciamos na

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 59


III SEMANA DA CONSTRUÇÃO
CIVIL DO INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
DO AMAZONAS
3rd Civil Construction Week of the Federal Institute of
Education, Science and Technology of Amazonas
Efraim Menezes de Lima Costa1
Luísa Vitória Mendonça do Nascimento2
Hiago Dias Costa3
Bruno Oliveira dos Santos4

Resumo: Este trabalho tem o objetivo de relatar as experiências na


organização de um evento tradicional acadêmico-institucional no âmbito
do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas-IFAM,
que foi a III Semana da Construção Civil do IFAM, por meio da perspectiva
de verificação de atividades, dados e resultados de edições anteriores do
evento, discussão no âmbito de campus das melhorias e inovações para a
edição atual e verificação de novos resultados, satisfação e interação da
comunidade externa com a comunidade interna, de forma a disseminar
as atividades realizadas pelos cursos do Departamento Acadêmico de
Infraestrutura do Campus Manaus Centro.

Palavras-chave: Semana. Construção Civil. Evento.

Abstract: This paper has the objective of reporting the experiences in the
organization of a traditional academic-institutional event within the scope
of the Federal Institute of Education, Science and Technology of Amazonas-
IFAM. The 3rd Civil Construction Week, through the perspective of verification
of activities, data and results of previous editions of the event, discussion in
the field of campus improvements and innovations for the current edition
and verification of new results, satisfaction and interaction of the external
community with the internal community of IFAM. In order to disseminate
the activities carried out by the courses of the Infrastructure Academic
Department of the Campus Manaus Centro of IFAM.

Keywords: Week. Construction. Event.

1 Acadêmico do curso de Engenharia Mecânica, Instituto Federal de Educação, Ciência


e Tecnologia do Amazonas – IFAM/CMC. efraimmcosta@gmail.com
2 Acadêmica do curso de Engenharia Civil, Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Amazonas – IFAM/CMC. luisavitorianascimento@gmail.com
3 Acadêmico do curso de Engenharia Civil, Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Amazonas – IFAM/CMC. hiagoodias@gmail.com
4 Acadêmico do curso de Engenharia Civil, Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Amazonas – IFAM/CMC. santos.bruno17a@gmail.com

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 61


INTRODUÇÃO AS OPORTUNIDADES PARA A III
SEMANA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Os eventos de extensão vêm se
consolidando como um importante espaço A informação, em seu sentido mais
de dinamização de discussões e avanços de amplo, tem sido fundamental em todas as
pesquisas de uma determinada especialidade, sociedades (CASTELLS, 1999). Assim, utilizou-
promovendo a integração do ensino e o se das informações dos anos anteriores,
desenvolvimento cultural e científico na dos sistemas de inscrição e credenciamento
sociedade. Os diversos tipos de encontros utilizados anteriormente, dos contatos dos
variam, principalmente, em abrangência e patrocinadores e apoiadores, dos recursos
objetivos, mas, de maneira geral, exibem aplicados pelo IFAM em eventos através dos
uma estrutura semelhante que adquire programas e projetos da instituição.
singularidade de acordo com a dimensão Com base no sistema de inscrição e
projetada (CAMPELLO, 2000). Além disso, credenciamento da I e II SCC conseguiu-se
oferecem a oportunidade, aos estudantes ter uma expectativa de quantos participantes
e à comunidade externa, do intercâmbio compareceriam na III Semana da Construção
de informações científicas e relatos de Civil.
experiência. Em 2016, foram 285 inscritos pelo site,
A Semana de Construção Civil (SCC) é um dos quais 143 compareceram, e 121 inscrições
evento que reúne acadêmicos e profissionais presenciais, totalizando 264 pessoas no
da área de Construção Civil e tem como objetivo evento. E ainda, notou-se que o primeiro
ampliar a visão dos estudantes de cursos dia do evento seria aquele com o maior
técnicos e de graduação, proporcionando número de presentes. Em 2016, por exemplo,
experiências e troca de conhecimentos que o primeiro dia contou com 187 presentes,
vão além do que é ensinado nas salas de aula. ou seja, 70% do total de inscritos online e
Em 2015, a I Semana da Construção presencialmente. Em percentuais, estimou-se
Civil do IFAM contou com a participação do, que 50% dos inscritos online compareceriam
à época, recém-criado curso de Engenharia e em torno 45% da quantidade de pessoas
Civil, além dos acadêmicos de Tecnologia em inscritas no site compareceriam para se
Construção de Edifícios e Técnico Subsequente inscrever presencialmente. Ou seja, 95%
em Edificações. No ano seguinte, realizou-se da quantidade de inscritos pelo site, seria
a segunda edição do evento, com melhorias a estimativa de pessoas presentes na III
e maior apoio e contato com empresas da Semana da Construção Civil.
área. Em ambos os anos, houve palestras, Em 2015 e 2016, os recursos utilizados
minicursos, mostras e a participação tanto na Semana de Construção Civil foram
do público interno do Campus Manaus Centro oriundos de doações de professores e alunos
(CMC), quanto do externo. A segunda edição e poucas participações de patrocinadores.
foi realizada devido à enorme procura pelos Foi verificado que outros eventos de
alunos de diversas instituições de Manaus e extensão do Campus Manaus Centro, como
empresas que tinham o desejo de contribuir a Semana de Licenciaturas e a Semana de
de forma expositiva para o evento. Através Tecnologia em Alimentos, entre outros,
disso, foi possível notar a importância para os eram subsidiados através dos recursos da
alunos, professores e para o público externo. Política Socioassistencial do IFAM, por meio
dos Programas Integrais, além dos materiais
disponibilizados via compras diretas do CMC.

62 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


Em 2015, na I SCC, os certificados e melhor organizar o evento. Os membros
controle da frequência foram feitos de maneira da comissão foram escolhidos da seguinte
manual, além das listas de frequência, pois, forma: anúncios foram feitos com as turmas e
não existia um controle preciso de quantas convites pessoalmente. Foram definidos dois
pessoas estariam presentes em cada palestra membros de apoio em cada palestra, com a
e minicurso, fazendo com que os certificados função de auxiliar o palestrante, desde levar
tivessem que ser gerados de forma manual água, montagem de equipamento, manter
e individualmente. Após impressos, os organização, limpeza do ambiente e controlar
certificados eram disponibilizados na Diretoria frequência dos participantes. Outras duas
de Relações Institucionais e Empresariais pessoas para coordenar cada atividade do
(DIREC), para retirada pelo participante. Em evento, como coffee-break, credenciamento,
2016, com o intuito de controlar melhor o inscrição, minicursos, divulgação, redes
acesso às palestras e minicursos, na II SCC, sociais, etc.
foi elaborada uma planilha de controle, onde Na divulgação, priorizou-se a online com
durante o credenciamento, já se contabiliza a antecedência de três meses da abertura
quantidade de pessoas que estaria presente do evento, utilizando-se principalmente da
em cada apresentação, facilitando assim página do Facebook do Centro Acadêmico
o controle da frequência nas palestras e de Engenharia Civil (CAEC). Entre os dias que
minicursos, e também a elaboração dos antecederam e os em que ocorreram a III SCC,
certificados, uma vez que, utilizou-se a a página demonstrou ser uma ferramenta
própria planilha de controle de presença com considerável alcance chegando a médias
como base de dados para a mala direta que de até 1.300 pessoas acessando por dia,
gerou os certificados de forma automática. como mostra no Gráfico 1.
A forma de entrega dos certificados foi a
Gráfico 1: Alcance orgânico da página do Centro
mesma que a adotada em 2015, porém com Acadêmico de Engenharia Civil no período de 12 de
a entrega presencial, muitos certificados não setembro a 21 de outubro de 2017.
eram retirados na DIREC pelos participantes.
Quanto à divulgação, na primeira e
segunda edições do evento, limitou-se a
acontecer com a antecedência de 1 mês da
realização do evento, através de redes sociais,
do site do IFAM e de entidades parceiras.
Além dos aspectos citados, percebeu-
se que nos eventos anteriores a Comissão
Organizadora foi limitada a comissões com
número pequeno de pessoas com cerca
de 20 integrantes e com muitas tarefas
Fonte: FACEBOOK, 2017
encarregadas a elas.

Além da divulgação na internet, foi


ATIVIDADES RELACIONADAS AO
executada também a divulgação em espaços
EVENTO
acadêmicos na Universidade Federal do
Amazonas, Universidade Estadual do
A Comissão Organizadora da III Semana
Amazonas, Centro Universitário do Norte,
da Construção Civil contou com 55 membros
Universidade Nilton Lins, Faculdade
e trabalhou em diversas frentes a fim de

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 63


Metropolitana de Manaus, Universidade Além dos recursos oriundos dos
Luterana do Brasil em Manaus e, Programas Integrais o Campus Manaus
principalmente, no stand do IFAM na Feira Centro do IFAM contribuiu com a impressão
Norte do Estudante, que é um evento que de faixas, folders, pastas, blocos e banners
reúne anualmente cerca de 18 mil estudantes personalizados para o evento, através de
em Manaus com atividades variadas e a empenhos específicos para tal fim. Os demais
presença de renomadas instituições de recursos (50%) foram obtidos através de
educação da região norte (LIMA, 2016). empresas e instituições parceiras.
Em 2017, no 1º semestre, a organização Quanto às inscrições, a III Semana da
da Semana da Construção Civil submeteu Construção Civil contou com 798 inscritos,
o projeto intitulado “Apoio à participação sendo 563 pelo site e 235 presencialmente.
dos alunos na III Semana da Construção Compareceram 302 pessoas no primeiro dia,
Civil” aos Programas Integrais da Política 278 no segundo e 233 no terceiro, conforme
Socioassistencial do IFAM/ CMC (Figura 1), mostra o Gráfico 2, totalizando 472 pessoas
na seguinte linha de pesquisa: Programa de nos 3 dias de evento.
apoio pedagógico: apoio à participação dos Gráfico 2: Número de participantes na II SCC versus III
discentes em eventos internos e externos SCC
que tinha como objetivo zerar os custos de
inscrição para cada participante externo
e interno, aumentar o público e divulgar
o evento através da impressão de folders
e cartazes. Através deste projeto, a III
SCC obteve 40% dos recursos financeiros
necessários para realização do evento.
Figura 1: Defesa do Projeto Apoio à participação
dos alunos na III Semana da Construção Civil nos
Programas Integrais.
Fonte: Próprio autor, 2017

Analisando as inscrições presenciais,


percebeu-se que a maioria ocorreu no
primeiro dia de evento. Foram 119 inscritos no
primeiro dia, 71 no segundo e 45 no terceiro.
Um aumento de mais de 100% comparados
aos inscritos presenciais da II SCC.
Quanto às inscrições on-line, ocorreu
um aumento de quase 100% também na
quantidade de inscritos, no entanto, o índice
de abstenção desses inscritos, comparado ao
da edição anterior, aumentou de 50% para
59%, já que apenas 237 dos 569 inscritos
compareceram a III SCC.

Fonte: Próprio autor, 2017

64 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


OS DIAS DO EVENTO E AS o intuito de distribuir de forma igualitária
ATIVIDADES OFERECIDAS os participantes, a quantidade de vagas
nas palestras dependia da escolha dos
A III Semana da Construção Civil participantes, ou seja, se a palestra A tinha
contabilizou 20 palestras e 11 minicursos mais procura que a palestra B, era necessária
concomitantes e presenciais, totalizando que a palestra B atingisse um número mínimo
quase 50 horas de atividades disponibilizadas de pessoas para que fossem liberadas
de forma gratuita para alunos, servidores e mais vagas para a palestra A. Isso garantiu
membros da comunidade em geral. Houve que nenhuma palestra ficasse com poucos
grande logística na definição da programação, participantes.
de forma a organizar os horários dos No dia 9 de outubro de 2017, às 18 horas,
palestrantes com o horário de evento e de no Auditório Jorge Alberto Furtado lotado,
forma cômoda tanto para participantes deu-se início ao evento com a presença do
quanto para palestrantes. Magnífico Reitor do IFAM, Professor MSc.
O controle do credenciamento e da Antônio Venâncio Castelo Branco, da diretora
frequência nas palestras e minicursos foi feito do IFAM/CMC, Professora MSc. Maria Stella
em planilha do Microsoft Excel. A escolha do de Vasconcelos Nunes de Melo, da Chefe do
Excel como ferramenta para auxiliar tal tarefa Departamento Acadêmico de Construção
foi feita devido às diversas funcionalidades Civil do IFAM/CMC, Professora MSc. Cristiane
que o mesmo possui, possibilitando a Barbosa e do Diretor Sistêmico de Graduação
contagem de pessoas por palestra ou do IFAM, Professor Dr. Nilton Ponciano.
minicursos, contabilizando quantas pessoas
Figura 2: Painel com as atividades da III SCC
estiveram presentes em cada dia do evento
e ainda gerando as folhas de frequência para
as apresentações.
A princípio, para elaboração da planilha
que controlou o credenciamento, foi
necessário exportar os dados dos inscritos
via site e ter em mãos a programação da
III SCC. Foram criadas, ao lado da coluna
que possuem os nomes dos participantes,
diversas colunas, cada uma representando
uma palestra ou minicurso, bastando
apenas preencher um “X” na coluna para
Fonte: Próprio autor, 2017
indicar a presença do participante, na aba
da planilha chamada de “Frequência Geral”. Uma das novidades da III SCC foi o
Outra aba, com o resumo da programação e Concurso de Concreto Leve de Alta Resistência
quantitativos de vagas e inscritos, foi criada, a cujo objetivo foi construir um corpo de prova
aba “Eventos”. Nessa parte da planilha que se cilíndrico de concreto leve, com dimensões
encontravam as fórmulas para contagem de pré-estabelecidas, que fosse capaz de atingir
participantes no evento e o controle do limite alta resistência no ensaio à compressão axial,
de inscritos por palestra ou minicurso. visando testar as habilidades dos alunos de
Como a III SCC contou com diversas Construção Civil, como mostra a Figura 3.
atividades, algumas palestras e minicursos Obtiveram-se 50 inscrições e a partir delas
ocorreram simultaneamente (Figura 2). Com

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 65


foram analisados os relatórios técnicos e os Figura 4: Parte da Comissão Organizadora da III SCC
corpos de provas que foram entregues. Foi
montada uma banca de avaliadores formada
por docentes do IFAM e de outras instituições,
que premiaram as duas melhores equipes.

Figura 3: Corpo de Prova em teste no Concurso de


Concreto Leve de Alta Resistência

Fonte: Próprio autor, 2017

Com o término da III SCC foi feita a


verificação das presenças nas palestras e
minicursos, para contagem final de quantas
pessoas assistiram às apresentações.
Neste ano os certificados foram enviados
por e-mail aos participantes, evitando assim
o desperdício de papel, pois, nos anos
anteriores muitos certificados impressos não
foram retirados pelos participantes. No total,
foram enviados 1509 certificados digitais,
esta ação inovadora foi feita em parceria
com a Diretoria de Relações Empresariais
e Comunitárias (DIREC) do Campus Manaus
Fonte: Próprio autor, 2017 Centro, sendo este o primeiro evento do
Campus com certificação 100% digital e com
ATIVIDADES PÓS-EVENTO registro nos livros da diretoria.

A III SCC encerrou-se, mas o trabalho da CONSIDERAÇÕES FINAIS


Comissão Organizadora (Figura 4) seguirá até
a realização da IV SCC, com a certificação dos Na elaboração de um evento é
palestrantes e participantes, assim como a importante fazer um estudo das suas edições
organização dos preparativos para a próxima anteriores e de outros eventos semelhantes,
edição. para obter métodos que melhorem a sua
dinâmica, estudo do perfil do público-alvo
para o evento e da disponibilidade dos
participantes, além do contato com outras
instituições e profissionais antes, durante e
após a cerimônia.

66 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


Os eventos de extensão possibilitam REFERÊNCIAS
a troca de informações e experiências
profissionais que se complementam com os CAMPELLO, B. S. Encontros científicos. In:
adquiridos dentro da sala de aula, fazendo Campello, B. S.; Cendòn, B. V.; Kremer, J. M.
parte de um processo educativo, cultural, (Org). Fontes de informação para pesquisadores
e profissionais. Belo Horizonte: Editora da
político, social, científico e tecnológico.
UFMG, 2000.
Através da promoção de interação dialógica
e transformadora entre as instituições e a CASTELLS, M. A. A Sociedade em Rede. 2. ed.
sociedade estes se tornam fundamentais na São Paulo: Paz e Terra, 1999.
vida acadêmica.
A III Semana da Construção Civil LIMA, Inês. Feira Norte 2016. Disponível
do IFAM contou com participações de em: <http://feiranortedoestudante.com.br/
manaus/>. Acesso em: 03 de Nov. de 2017.
docentes e discentes, que proporcionou
o intercambio dentro da Instituição e
externamente, possibilitando a formação de
profissionais preparados para o mercado
de trabalho, principalmente pela integração
do Departamento de Construção Civil e dos
agentes que a compõem proporcionando
uma educação integral e transformadora.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus e aos nossos


familiares, amigos e professores por todo
o apoio concedido durante esses meses
na organização e execução da III Semana
da Construção Civil do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas.
Agradecemos também à Reitoria do IFAM,
à Diretora do Departamento Acadêmico de
Infraestrutura Profa. MSc. Cristiane Barbosa,
a Coordenadora do Curso de Engenharia Civil,
Profa. MSc. Luz Marina Maruoka, a Diretora
de Relações Empresarias e Comunitárias,
Profa. Licelda Libório, aos professores Felipe
Leão, Fábio Martins e Jussara Cury e aos
demais docentes, técnicos-administrativos e
discentes que contribuíram para a realização
da III SCC.

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 67


ATIVIDADES LÚDICAS DE DANÇA DE
SALÃO PARA A COMUNIDADE DA
REGIÃO DO ALTO RIO NEGRO

Ludic Activities of Ballroom Dance for the community


of the Region of the High Negro River

João Renato Aguiar Soares Junior1


Mirely Ferreira dos Santos2
Patrícia Rossi dos Reis3
Kátia Silva Machado4

RESUMO: Para externar suas emoções o homem recorreu


ao movimento e ao gesto, que é a dança em sua forma mais
elementar. Por meio desta expressividade, o homem demonstrava
sua relação consigo próprio e com o outro, sendo essa sua forma de
manifestação social e que serviu para auxiliá-lo a afirmar-se como
membro da sociedade. Sendo assim, a dança e a sociedade
estão sempre interligadas. O objetivo deste projeto de
extensão é auxiliar na integração social e na conquista da autonomia
dos participantes. Para tanto, foram desenvolvidas metodologias que
buscassem trabalhar a convivência social, a autoestima e superação
dos limites, levando em consideração, além do ato motor, as dimensões
conceitual, procedimental e atitudinal, trabalhadas através das aulas
de danças e apresentações realizadas na comunidade local. O projeto
contou com a participação de 40 alunos, sendo 24 do Instituto Federal
do Amazonas, Campus São Gabriel da Cachoeira – IFAM/CSGC e 16
das instituições públicas do município, como um novo atrativo para a
comunidade Gabrielense.

Palavras-chave: Dança. São Gabriel da Cachoeira. Integração social.

ABSTRACT: To extern emotions, humans have appealed to the movement


and to the gesture which is the dance on its most elementary form. By means
of expressivity, humans demonstrated its relation with itself and another
one, being that its form of social manifestation and which have served to
help it to firm itself as a member of the society. Therefore, dance and society
are always bonded. The purpose of this extension project is to help in the
social integration and in the achievement of autonomy of the participants
of the project. For that it was developed methodologies that could work the
social acquaintanceship, self- esteem and overrun limits, considering the

1 Graduado em Engenharia da Computação, Docente, Instituto Federal do Amazonas,


Campus São Gabriel da Cachoeira - IFAM/CSGC. joaorenatojr87@gmail.com
2 Mestra em Ciências da Saúde, Docente, Instituto Federal do Amazonas, Campus São
Gabriel da Cachoeira - IFAM/CSGC. mirelyferreira85@gmail.com
3 Pós-Graduada em Educação Inclusiva e Especial, Docente, Instituto Federal do
Amazonas, Campus São Gabriel da Cachoeira - IFAM/CSGC. patricia.reis@ifam.edu.br
4 Especialista em Gestão de Pessoas, Administradora, Instituto Federal do Amazonas,
Campus São Gabriel da Cachoeira - IFAM/CSGC. katia.silva@ifam.edu.br

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 69


motor act, the conceptual dimensions, procedural and attitudinal worked
through dance classes and presentations performed in the local community.
The project was composed of 40 students, 24 from IFAM-CSGC and 16 from
other public institutions of the county, being an attraction to the Gabrielense
community.

Keywords: Dance. São Gabriel da Cachoeira. Social integration.

70 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


INTRODUÇÃO A dança é um conteúdo que deve ser
trabalhado na escola e que se encontra incluída
Ao se estudar a vida de qualquer nos Parâmetros Curriculares Nacionais da
civilização, verificam-se as mais diversas Educação, portanto pela sua relevância não
formas de manifestações culturais pode ser esquecida ou deixada de lado. Ela
proporcionadas por meio dos jogos, deve ser vivenciada por considerar que é uma
desportos e dança. Para externar manifestação artística integradora do corpo
suas emoções, o homem recorreu ao e de mente. Além de ser “um ótimo recurso
movimento, ao gesto que é a dança em para desenvolver uma linguagem diferente
sua forma mais elementar (GARIBA et al, da fala e da escrita, aumentar a sociabilidade
2007). do grupo e quebrar a timidez”, afirma Atte
Por meio desta expressividade o homem Mabel Bottelli, professora da Faculdade Angel
demonstrava sua relação consigo próprio, Viana e da Universidade Federal do Rio de
com o outro e com a natureza. Essa foi sua Janeiro (BARRETO, 2008).
forma de manifestação social e que serviu No que tange a melhora na qualidade de
para auxiliá-lo a afirmar-se como membro da vida e saúde dos alunos, sabe-se que a dança
sua sociedade. é um vetor para essa condição, pois age como
Sendo assim, a dança e a sociedade uma intervenção multi e intersetorial sobre
estão sempre interligadas. Não há como os fatores determinantes do processo saúde-
falar da dança sem deixar de falar do homem, doença.
da sua corporeidade e de suas necessidades. Segundo Campos e Rodrigues Neto
Para Freire (2001), há claramente a influência (2008, p. 232), as políticas públicas colocam
da dança na formação sociocultural de um a promoção da saúde como além de evitar
povo e afirma a necessidade da mesma ser doenças e prolongar a vida, buscam meios e
trabalhada na escola. Nessa perspectiva, situações que ampliem a qualidade de vida.
Pereira et al, 2001 nos traz que: Considera-se intervenção multissetorial
quando os resultados são proveitosos e
[...] a dança é um conteúdo fundamental vão além do ambiente em que o aluno está
a ser trabalhado na escola: com ela, inserido, ou seja, melhora a autoestima,
pode-se levar os alunos a conhecerem
diminui a tensão emocional, bem como
a si próprios e/com os outros; a
explorarem o mundo da emoção e da aumenta a resistência corporal, o que é
imaginação; a criarem; a explorarem percebido não só pelos familiares do cidadão,
novos sentidos, movimentos livres [...]. mas também por todos que convivem
com ele. Já a intervenção intersetorial diz
Dançar é uma forma de os alunos respeito as melhoras que são evidenciadas
vivenciarem uma das maneiras mais principalmente com relação ao convívio
divertidas e adequadas para se trabalhar dentro da instituição de ensino que ele está
na prática todo o potencial de expressão inserido, bem como no aperfeiçoamento do
do corpo humano. Enquanto dançam, por rendimento escolar do aluno.
meio da movimentação, do relaxamento Diante de tais premissas, este projeto de
e contração os alunos aprendem sobre o extensão vem ao encontro do que se pode
desenvolvimento físico, motor e cognitivo, conceituar como inclusão social por meio
momento em que o corpo fala através das de atividades lúdicas, promoção cultural,
expressões. educacional, de saúde e bem-estar. Assim,
o objetivo desse projeto, PURANGA PURASI

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 71


(Dança Bonita em Nheengatu - Língua Geral), A chamada para participação no projeto
é auxiliar a integração social e autonomia se deu através de meios digitais e cartazes
dos participantes como também relatar as (Figura 1) distribuídos pelo IFAM/CSGC e em
experiências vivenciadas nesta ação com os escolas da rede pública de ensino.
discentes do ensino médio do IFAM/CSGC e
Figura 1: Cartaz de divulgação das aulas de dança de
de membros da comunidade local. salão.

PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO
E EXECUÇÃO DO PROJETO

O presente projeto de extensão, de


caráter qualitativo e exploratório, foi realizado
no IFAM - Campus São Gabriel da Cachoeira,
baseado na observação dos participantes e no
desenvolvimento das atividades propostas.
O mesmo contou com a participação 40
alunos, sendo 60%(n=24) do IFAM/CSGC e Fonte: Próprio autor, 2016
40% (n=16) da comunidade local, de ambos
os sexos. As aulas ocorreram nos meses de julho,
Os estilos de danças selecionadas foram: agosto e setembro nos dias de terças-feiras
xote, forró, baião, sertanejo, bolero, salsa, e sextas-feiras das 18:00h as 19:00h. Muitos
bachata, zouk, lambada e samba. estilos de dança foram vivenciados, entre
O projeto teve início nos meses de eles o xote (Figura 2), sertanejo, forró, salsa e
julho, agosto e setembro, com a preparação zouk, nessa ordem.
de um espaço físico que fosse adequado As aulas tinham sequência de acordo
para as aulas de dança. Se fez necessário com o estilo de dança, se observando o
investimentos iniciais para a adequação de movimento, o tempo e o ritmo. Foi levado
um ambiente com funcionalidade. Reformas, em conta a dimensão conceitual onde se
pinturas, aquisição de equipamentos foram relatava dados históricos do estilo de dança,
fundamentais para efetivação do projeto. o contexto em que foi criado e a sua evolução.
Ocorreram ajustes na infraestrutura (GALVÃO, 2009).
do instituto, como troca de piso, pintura No momento, usava-se a dimensão
interna, pintura externa, adequação elétrica, procedimental com a realização dos
móveis e utensílios, tais como: bancos sem movimentos básicos do estilo de dança. E, por
encosto para vestiário, espelhos, máquinas fim, as dimensões atitudinais onde reflexões
e equipamentos, como aparelho de som 450, a respeito da ética, desempenho, eficiência,
televisão 42”, DVD Player, bebedouro, entre conhecimento do corpo, percepção e respeito
outros. sobre seus limites eram discutidos (GALVÃO,
Os critérios de seleção foram: 20 vagas 2009).
para alunos dos 2°s e 3ºs anos do ensino
médio, cuja faixa etária compreendia entre os
16 aos 21 anos, matriculados no IFAM/CSGC
e 20 vagas ofertadas a comunidade local,
respeitando a mesma faixa etária.

72 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


Figura 2: Aulas de dança de salão estilo xote. os movimentos e ritmos parcialmente,
conforme ilustra o Gráfico 1.

Gráfico 1 - Gráfico das aprendizagens

Fonte: Próprio autor, 2016


Fonte: Próprio autor, 2016

ANÁLISE QUALITATIVA
Outro ponto positivo ocorreu com
Em cada aula foi perceptível a influência a formação de um grupo de dança,
das atividades corporais e artísticas nos constantemente convidado para
alunos. Ficou claro que a dança educação apresentações locais promovidas pelo
busca o desenvolvimento não apenas IFAM/CSGC (Figura 3) ou em parceria com
das capacidades motoras, como também outras instituições, tais como Federação
do desenvolvimento das dimensões das Organizações Indígenas do Alto Rio
atitudinais, conceituais e procedimentais, Negro (FOIRN), Secretaria do Estado de
que ajudaram na formação integral do Educação (SEDUC) e Secretaria Municipal de
indivíduo. Se diferenciando daquelas Educação (SEMEC), tendo em vista a inovação
normalmente propostas pela educação física, e a singularidade dos estilos de dança e a
que “caracterizam o corpo do aluno como característica dos alunos participantes, que
um apanhado de alavancas e articulações impactaram na rotina do município de São
herdadas do tecnicismo esportivo” Gabriel da Cachoeira.
Strazzacappa (2001), nem apresentam um
Figura 3: Participação em eventos promovidos pelo
caráter competitivo, comumente presente IFAM/CSGC.
nos jogos desportivos. Busca, por meio do
corpo, expressar suas emoções e estas podem
ser compartilhadas entre seus participantes.

PONTOS POSITIVOS

Ao fim do projeto, foram perceptíveis os


pontos positivos. Os alunos mostravam-se
menos inibidos e mais sociáveis. Observou-
se também que as aulas terminavam
com 80%(n=32) conseguindo realizar os
movimentos de maneira correta e no ritmo
da música e 20%(n=8) conseguiram executar Fonte: Próprio autor, 2016

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 73


CONSIDERAÇÕES FINAIS STRAZZACAPPA, M.; A educação e a fábrica de
corpos: a dança na escola.  Cadernos Cedes,
2001.
O projeto de extensão PURANGA PURASI
atingiu seu objetivo, proporcionando aos
alunos uma identificação com a dança
vivenciada por meio da ludicidade e das
atividades rítmicas e expressivas.
Houve a superação das expectativas
nas relações interpessoais e elevação da
autoestima.
O projeto foi um sucesso com suas
danças coreografadas, proporcionando
aos dançarinos a participação em variados
eventos desenvolvidos na cidade de
São Gabriel da Cachoeira. Fato este que
engrandecia os participantes ao perceberem
que eram reconhecidos pelos seus talentos
externados através das belas apresentações.

REFERÊNCIAS
BARRETO, D. Dança... Ensino, Sentido e
Possibilidades na Escola. p. 163, Ed. Autores
Associados, 2008.

CAMPOS, M. O.; RODRIGUES NETO, J. F.


Qualidade de Vida: um instrumento para
promoção de saúde. Revista Baiana de Saúde
Pública, n. 2, v. 32, p. 232-240, 2008.

FREIRE, I. M.. Dança-educação: o


corpo e o movimento no espaço do
conhecimento. Caderno Sedes, v. 21, n. 53, p.
31-55, 2001.

GALVÃO, Z.; Educação física escolar: a prática


do bom professor.  Revista Mackenzie de
Educação Física e Esporte, v. 1, n. 1, 2009.

GARIBA, C. M. S. et al. Dança escolar: uma


possibilidade na Educação Física. Movimento.
v. 13, n. 2. 2007.

PEREIRA, S. R. C. et al., Dança na escola:


desenvolvendo a emoção e o pensamento.
Revista Kinesis, Porto Alegre, n. 25, p.60-
61,2001.

74 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


DIA MUNDIAL DA ÁGUA: A GINCANA
COMO FERRAMENTA DE ENSINO E
SENSIBILIZAÇÃO
World water day: the gymkhana as education and
awareness tool
Luiz Antônio Tavares de Oliveira1
Enickson Paes de Moura2
Alcides Pereira Santos Neto3

Resumo: A água é um recurso natural imprescindível à existência dos


seres vivos, portanto, precisa ser conservada, não contaminada e não
desperdiçada. Uma substância de grande importância para a nossa
sobrevivência necessita de ações de educação urgentes, pois o equilíbrio
e o futuro do planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos.
Diante dessa necessidade, a Organização das Nações Unidas instituiu o
dia 22 de março como o “Dia Mundial da Água”. Este dia faz parte das
datas comemorativas do calendário escolar do Instituto Federal do
Amazonas – Campus Maués. Na sua promoção a comissão organizadora
optou pela metodologia das gincanas, por implicarem numa mudança
significativa nos processos de ensino e aprendizagem, permitindo assim
mudar o modelo de ensino tradicional. As competições incluíram: teatro,
paródias, frase de impacto e o desenvolvimento de projetos. A Gincana
do Dia Mundial da Água como Ferramenta de Ensino e Sensibilização,
teve como objetivo fazer com que os discentes compreendessem e
impactassem a real importância da utilização adequada da água e a
sua conservação como patrimônio indispensável a vida. O resultado da
atividade foi de grande sucesso. Este dia ganhou dinamismo, fugindo das
engessadas palestras que ocorreram em anos anteriores, o que também
possibilitou um maior engajamento da comunidade escolar, sendo 120
discentes de forma direta. Os participantes gostaram, conforme os seus
comentários. O evento possibilitou o aumento da atenção, concentração,
mobilização, estudo e reflexão da real situação dos recursos hídricos
seja pela escassez, desperdício e poluição, tudo proporcionado graças
a gincana.

Palavras-chave: Jogos. Projeto. Recursos naturais.

Abstract: Water is a natural resource essential to the existence of living


beings, so it must be preserved, uncontaminated and not wasted. A substance
of great importance to our survival requires urgent educational actions,
because the balance and future of the planet depends on the preservation
of water and its cycles. Faced with this need, the United Nations established

1 Mestre em Educação Agrícola, Docente, Instituto Federal do Amazonas, Campus


Maués – IFAM/CMA. luiz.oliveira@ifam.edu.br
2 Tecnólogo em Produção Pesqueira, Auxiliar de Biblioteca, Instituto Federal do
Amazonas, Campus Maués – IFAM/CMA. enickson@ifam.edu.br
3 Mestre em Ciências Florestais, Docente, Instituto Federal do Amazonas, Campus
Maués – IFAM/CMA. falcides.neto@ifam.edu.br

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 75


March 22 as the “World Water Day”. This day is part of the commemorative
dates of the school calendar of the Federal Institute of Amazonas - Campus
Maués. In its promotion, the organizing committee chose the methodology
of the gymkhanas, as they imply a significant change in the teaching and
learning processes, thus allowing changing the traditional teaching model.
The competitions included: theater, parodies, phrase of impact and the
development of projects. The World Water Day Gymkhana as a Teaching and
Awareness Tool aimed that the students understand and let them impact the
real importance of proper water use and conservation as an essential asset to
life. The result of the activity was a great success, this day gained dynamism,
avoiding the engaging lectures that took place in previous years, which also
allowed a greater engagement of the school community, being 120 students
directly, the participants liked, according to the comments. The event made
it possible to increase the attention, concentration, mobilization, study and
reflection of the real situation of the water resources, be it by scarcity, waste
and pollution, all provided thanks to the gymkhana.

Keywords: Games. Project. Natural resources.

76 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


INTRODUÇÃO O desperdício também é um outro
problema que precisa ser combatido com
O equilíbrio e o futuro de nosso planeta ações de sensibilização. A comunidade global
dependem da preservação da água e de seus necessita se unir e no esforço mútuo, assumir
ciclos. Estes devem permanecer intactos e o desafio de proteger e melhorar a qualidade
funcionando normalmente para garantir da água, em todas as fontes: nascentes,
a continuidade da vida sobre a Terra. córregos, lagos, rios, aquíferos, oceanos e das
Este equilíbrio depende em particular, da torneiras.
preservação dos mares e oceanos, por onde Neste intuito, a Organização das Nações
os ciclos começam (ONU,1992). Unidas - ONU, em 1992, instituiu o dia 22
A água é um bem imprescindível a março como o “Dia Mundial da Água”, como
existência humana, estando presente em um dia de luta em defesa da preservação da
todos os aspectos da civilização, desde o natureza, e, sobretudo, da água que é a fonte
desenvolvimento agrícola e industrial até aos da vida.
valores culturais e religiosos estabelecidos na Um dia de grande importância não
sociedade. poderia ficar ausente do calendário acadêmico
Pensamento conjugado por Gomes do Instituto Federal do Amazonas - IFAM,
(2011), a água é um recurso natural essencial, Campus Maués. Para a comemoração desta
seja ela como componente bioquímico dos data foi criada uma comissão formada por
seres vivos, como meio de vida de várias nove servidores que comandaram toda uma
espécies vegetais e animais, como elemento programação voltada para a sensibilização
representativo de valores sociais e culturais e dos recursos hídricos. A metodologia
até como fator de produção de vários bens de escolhida para a execução do projeto foram
consumo final e/ou intermediário. as gincanas escolares.
A água que responde as necessidades O emprego da gincana nas escolas possui
precisa ser potável e em quantidade, mas um grande potencial para a aprendizagem em
a qualidade da água em todo o mundo é várias áreas de conhecimento. As utilizações
cada vez mais ameaçada à medida que as desses jogos implicam numa mudança
populações humanas crescem, atividades significativa nos processos de ensino e
agrícolas e industriais se expandem e as aprendizagem, permitindo assim mudar
mudanças climáticas ameaçam alterar o ciclo o modelo de ensino tradicional (SMOLE et
hidrológico global (ONU, 2017). al,2008).
Não o bastante a escassez, a cada dia O trabalho com jogos, quando bem
milhões de toneladas de esgoto e resíduos planejado, auxiliam no desenvolvimento
agrícolas, industriais e domésticos são de habilidades como observação, reflexão,
despejados nas águas de todo o mundo. A análise, tomada de decisão, argumentação,
poluição da água enfraquece e em casos organização, entre outras. Estas habilidades
extremos destrói os ecossistemas naturais são desenvolvidas porque, ao jogar, os
que sustentam a saúde humana, a produção alunos têm a possibilidade de resolver
alimentar e a biodiversidade. problemas, investigar, refletir, analisar as
A consequência disso é que todos os anos regras e descobrir a melhor estratégia para a
morrem mais pessoas em decorrência de competição. Podemos dizer que as gincanas
água contaminada do que de todas as formas possibilitam uma situação de aprendizagem
de violência, incluindo a guerra (ONU, 2017). e prazer significativo nas aulas de qualquer
disciplina.

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 77


A Gincana “Dia Mundial da Água como apoio técnico, mobilizando mais de 120
Ferramenta de Ensino e Sensibilização” alunos e seis professores somente nos times.
foi utilizada com o objetivo de fazer com A programação pelo Dia Mundial da
que os discentes do IFAM – Campus Maués Água iniciou-se com a abertura realizada pela
compreendessem e impactassem para a real comissão explicando o objetivo da gincana
importância da utilização adequada da água e reforçando as regras do edital, seguida de
na geração atual e a sua conservação como uma conferência que contextualizou sobre
patrimônio indispensável a vida. o uso e a nossa responsabilidade pela água.
A atividade foi um grande sucesso, Após a explanação aconteceu a gincana
principalmente pelo modo como foi que foi desenvolvida em quatro provas, a
desenvolvida a sua programação, assim pontuação máxima da competição seria de
apresentamos nosso relato de experiência, 500 pontos, distribuídos da seguinte forma.
com o objetivo de divulgar esta ação exitosa.
• A primeira prova: Dramatização (de 0 a
A GINCANA – DIA MUNDIAL DA 150 pontos) - Consistiu na apresentação
ÁGUA de uma dramatização de qualquer ramo
das artes cênicas;
A gincana em comemoração ao “Dia
• A segunda prova: Paródia (de 0 a 100
Mundial da Água”, com o subtítulo: “Água
pontos) - Consistiu na interpretação de
comum, nossa responsabilidade” foi
uma letra musical composta a partir de
desenvolvida no IFAM, Campus Maués, no dia
qualquer música conhecida;
22 de março de 2016 no período matutino.
A programação foi elaborada, planejada e • A terceira prova: Frase de Impacto (de
executada por uma comissão designada pela 0 a 50 pontos) - Consistiu na criação de
Portaria nº 070-GD/IFAM/CMA, formada por uma frase que causasse efeito quanto a
nove componentes. Um mês antes do evento utilização da água pelas pessoas;
o comitê reuniu-se para buscar estratégias
• A quarta prova: Ideia ou Projeto de Ino-
para uma melhor implementação deste dia,
vação (de 0 a 200 pontos) - Consistiu na
onde optou-se pela metodologia do uso das
criação ou adequação de alguma ideia
gincanas.
ou projeto que previna ou corrija os da-
Com a escolha da aplicação das gincanas,
nos causados pelo uso inadequado da
fez-se necessário a elaboração de um edital,
água na região e no município.
que regia sobre a participação dos discentes,
docentes, as provas, os procedimentos,
julgamento, penalizações e premiação.
No julgamento das provas foram
A inovação nesta competição foi a
convidadas pessoas das áreas artísticas e
interação entre as modalidades de ensino
engajadas na defesa do meio ambiente. Na
Integrado e Subsequente na formação
prova de dramatização os itens julgados
das equipes, em que as mesmas seriam
foram: enredo dentro da temática da
compostas por discentes de, no mínimo, três
conservação da água, segurança dos autores,
cursos distintos, o que evitou uma rivalidade
figurino e cenário. Na prova da paródia foram
entre os cursos.
julgados: a letra da paródia e a apresentação.
O limite de inscrições foi de seis equipes,
Na prova da frase de impacto foram julgados:
compostas, no máximo, por vinte discentes
originalidade e a relevância. Na prova da ideia
e um docente, chamado de “padrinho”, para

78 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


ou projeto de inovação foram julgados: a Figura 1: Palestra Água Fonte de Sustentabilidade
funcionalidade, viabilidade e a aplicabilidade
do projeto ou ideia.
As premiações foram assim distribuídas:
1º lugar - um troféu e um dia de lazer com
direito a um almoço para toda a equipe; 2º
lugar - um bolo e um fardo de refrigerante e
3º lugar - um bolo.
Na aquisição das premiações, buscamos
ajuda do empresariado local e colaboração
dos professores.
Para avaliar o resultado das ações da
gincana sobre a responsabilidade com a água,
Fonte: Próprio autor, 2016.
foram entrevistados alguns participantes.

A REALIZAÇÃO DO EVENTO A COMPETIÇÃO

O interesse foi grande, mas o edital


O Evento possibilitou a interação dos
permitiu apenas seis equipes: Os Batutinhas,
diversos segmentos escolares, agregando
Não faço a mínima ideia, Unidos pelo H2O, The
o corpo discente, docente, administrativo e
Crazy, Unidos pela sustentabilidade e Hydra.
público externo na construção participativa
A partir de uma ordem pré-estabelecida
da sustentabilidade. Neste sentido, autores
no edital, a primeira prova apresentada
como Freire (1983) e Demo (1994) distinguem
foi a dramatização, na qual as equipes
a importância da participação como o cerne
apresentaram de maneira criativa e lúdica os
da sociedade democrática; sendo assim,
principais problemas e propondo soluções
a interação civil torna-se relevante na
relacionados a água.
construção do desenvolvimento sustentável
Posteriormente, o público pôde assistir
que deve estar baseado nas dimensões
a paródias elaboradas pelos grupos, seguida
humanas e ambientais.
da apresentação das frases de efeito acerca
O tema “Água Comum, Nossa
deste bem natural. Experiências com
Responsabilidade” baseou-se na campanha
paródias e dramatizações (TREZZA e SANTOS,
ecumênica da Fraternidade 2016, a fim de
2007; MARTINS, 2009), foram relatadas como
realizar uma abordagem contextualizada do
uma forma de linguagem interessante e
uso e conservação da água. Essa temática foi
motivadora para o ensino e aprendizagem
abordada pela representante da Fundação
tanto para professores quanto para os alunos.
Amazonas Sustentável, Jousanete Dias (Figura
Durante o evento realizou-se
1), a qual apresentou projetos desenvolvidos
apresentações de ideias e projetos sobre uso,
pela Fundação nas diversas áreas do
vigilância e conservação da água.
Desenvolvimento Sustentável no Estado do
A figura 2 apresenta um programa de
Amazonas.
informática para o gerenciamento da água.
A figura 3 mostra um filtro para águas com
turbidez elevada. A figura 4 apresenta as
doenças de veiculação hídrica e a ação do
hipoclorito de sódio. A figura 5 apresenta

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 79


uma engenhoca para a destilação de água Figura 4: Hipoclorito de sódio o super-herói
por meio da energia solar.
Neste momento os discentes mostraram
possibilidades práticas de melhoria
do recurso no cotidiano das pessoas,
apresentando ao público interno e externo
as maneiras sustentáveis de lidar com água.
De acordo com Pereira et al. (2000) gincanas
e feiras de Ciência propiciam um conjunto de
experiências capazes de estimular a atividade
científica e a elaboração de soluções aos
problemas da atualidade.

Figura 2: Central para o gerenciamento da água


Fonte: Próprio autor, 2016.

Figura 5. Engenhoca para destilação da água

Fonte: Próprio autor, 2016.

Figura 3: Filtro para água com elevada turbidez

Fonte: Próprio autor, 2016.

As equipes participantes foram assim


classificadas:
1º Colocado - Equipe Hydra com 446,47
pontos;
2º Colocado - Equipe Unidos pelo H2O com
417,75 pontos;
3º Colocado - Equipe Unida pela
Sustentabilidade com 399,37 pontos;
4º Colocado - Equipe The Crazy com
Fonte: Próprio autor, 2016.
378,94 pontos;
5º Colocado - Equipe Os Batutinhas com
353,05 pontos;
6º Colocado - Equipe Não faço a mínima
ideia com 344,49 pontos.

80 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


A partir de entrevistas com os tornou o processo ativo, nas quatro provas
participantes, pode-se constatar o impacto os discentes puderam mostrar criatividade,
e lições aprendidas com o evento na originalidade, ousadia e soluções práticas
comunidade escolar: acerca da temática.
“A comemoração do Dia mundial da Água no A cada prova realizada foi nítido os
IFAM, campus Maués, foi bastante organizada. sentimentos e emoções vividos. Ao fim das
Abordou-se a temática com profundidade, apresentações, todos se saíram muito bem.
envolvendo os diferentes segmentos da Os jurados tiveram dificuldades na avaliação,
sociedade, além de apresentar soluções aos a confirmação disso foi a pequena diferença
problemas enfrentados na atualidade. ” do primeiro colocado para o terceiro de
(Fundação Amazonas Sustentável). menos de cinquenta pontos.
“Foi uma excelente experiência. Interagimos A comissão ficou satisfeita com o
com os demais colegas de outros cursos. resultado e repercussão e já esboça para o
Nos divertimos e, com certeza, aprendemos próximo ano novas provas, como a criação
bastante. Espero participar de próximos eventos de música inédita no lugar de paródias e que
assim” (Discente). os recursos das premiações possam vir do
“Aprendemos a usar a água de maneira campus.
mais equilibrada. Embora moremos em um Dessa forma, foi grande a contribuição que
Estado rico em recursos hídricos, precisamos nossos discentes, docentes e administrativos
cuidar da água. Foi muito proveitoso aprender levaram para o seu dia a dia, percebendo
maneiras diferentes de conservar esse recurso de forma lúdica, através das provas, que
essencial” (Discente). ensinaram e sensibilizaram, o compromisso
“A comissão está de parabéns pela gincana, com a conservação do produto mais precioso
organização e execução, pois foi um dia de
da terra, a água.
comemoração pela passagem do dia mundial
da água que trouxe à tona uma reflexão para o
AGRADECIMENTOS
cuidado, conservação, uso racional do bem mais
precioso da humanidade, que alcançou uma
À comissão de organização do Dia
grande dimensão devido ao uso na gincana”
Mundial da Água - IFAM-Maués, à Organização
(Docente)
Fundação Amazonas Sustentável pela
palestra proferida, ao Departamento de
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ensino, Pesquisa e Extensão pelo apoio
na programação, ao Departamento de
A abordagem do Dia Mundial da
Administração e Planejamento pelo apoio na
Água realizada pelo IFAM, Campus Maués,
compra dos materiais, aos empresários de
possibilitou a construção participativa de
princípios sustentáveis para o uso dos Maués que colaboraram com a premiação e
recursos hídricos. a Professora Valdely Gomes que cedeu o seu
Com o auxílio da Gincana este dia ganhou sítio para o dia de lazer.
dinamismo, fugindo das engessadas palestras,
o que possibilitou um maior engajamento da REFERÊNCIAS
comunidade escolar, estudo e reflexão da
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DA
real situação dos recursos hídricos, seja pela
ÁGUA – Organização das nações Unidas -
escassez, desperdício e poluição.
1992. Disponível em: <http://www.pucsp.br/
Além da interação entre os diferentes ecopolitica/documentos/seguranca/docs/
segmentos da comunidade escolar, o evento

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 81


declaracao_direitos_agua_onu.pdf>. Acesso
em 10/10/2017.

DEMO, P. Pesquisa e construção de


conhecimento: metodologia científica no
caminho de Habermas. Rio de Janeiro: Ed.
Tempo Brasileiro, 1994.

FREIRE, P. Extensão ou comunicação? 7ª


edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

GOMES, M. A. F., Água: sem ela seremos o


planeta Marte de amanhã, 2011

MARTINS, N. B.; et al. utilização da música


como prática de ensino nos livros didáticos.
Vivências: revista Eletrônica de Extensão da
URI. V. 5, n. 8, p. 77-83, 2009.

ONU. Organização das Nações Unidas. A


ONU e a água. Disponível em: <http:// https://
nacoesunidas.org/acao/agua/>. Acesso em
10/10/2017.

PEREIRA, A. B.; OAIGEN, E. R.; HENNING G.


Feiras de Ciência. Canoas: Ulbra, 2000.

SMOLE, K. S; et al; Cadernos do Mathema:


Jogos de Matemática, Porto Alegre, Grupo A,
2008.

TREZZA, M. C. S. F; SANTOS, R. M. S; SANTOS,


J. M; Trabalhando educação popular em
Saúde com a arte construída no cotidiano da
enfermagem: um relato de experiência. Texto
Contexto Enferm, Florianópolis, Abri-Jun.
16(2): 326-334. 2007.

82 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


ESTÁGIO PROFISSIONAL NA
ESCOLA: UMA EXPERÊNCIA EXITOSA
NO CONTEXTO DAS AÇÕES DA
COORDENAÇÃO DE EXTENSÃO
DO CAMPUS AVANÇADO DE
MANACAPURU
Professional Trainning at School: A Successful
Experience in the Context of the Actions of
Coordination of Extension of the Advanced Campus of
Manacapuru.

Fábio Teixeira Lima1


Débora Karolyne da Silva Feitosa2
Alexandre Ricardo von Ehnert3

Resumo: O presente artigo é um relato de experiência das atividades


desenvolvidas durante o estágio supervisionado da discente Débora
Karolyne da Silva Feitosa, na Coordenação de Extensão do Campus
Avançado de Manacapuru. O objetivo deste trabalho é descrever as ações
realizadas pela Coordenação de Extensão com o acompanhamento da
estagiaria. O método utilizado neste período de estágio foi a observação
e descrição das atividades decorrentes das ações da coordenação de
extensão. Os resultados são bastante satisfatórios pois percebemos a
importância dos trabalhos junto às comunidades indígenas, ribeirinhas,
rurais, estudantis, servidores públicos, idosos e estudantes do campus.
A vantagem de realizar estágio na Instituição é manter contato direto
com os professores, orientadores e supervisores, o que facilita no
esclarecimento e nas dúvidas. A Coordenação de Extensão é um dos
setores mais importantes da Instituição, pois a mesma incentiva os
servidores e alunos a desenvolver projetos que venham trazer melhoria
nas condições sociais, econômicas e culturais, tanto da comunidade
acadêmica, como comunitária.

Palavras-chave: Estágio. Extensão. Projetos.

Abstract: This article is an experience report of the activities developed during


the supervised internship of the student Débora Karolyne da Silva Feitosa, in
the Coordination of Extension of the Advanced Campus of Manacapuru. The
objective of this work is to describe the actions carried out by the Extension
Coordination with the follow up of the trainee. The method used during this
1 Mestre em História e Estudos Culturais, Docente, Instituto Federal do Amazonas,
Campus Avançado Manacapuru – IFAM/CAM. fabio.lima@ifam.edu.br
2 Discente do Curso Técnico Subsequente em Administração, Instituto Federal do
Amazonas – IFAM/CAM. deborakarolyne_tecenf@hotmail.com
3 Mestre em Letras, Docente, Instituto Federal do Amazonas - IFAM/CAM. alexandre.
ehnert@ifam.edu.br

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 83


internship period was the observation and description of activities resulting
from extension coordination actions. The results are very satisfactory, as we
noticed the importance of the work with the indigenous communities, riverside,
rural, students, public servants, seniors and campus students. The advantage
of doing internship in the Institution is to maintain direct contact with the
teachers, tutors and supervisors. In addition, this facilitates clarification and
doubts. The Extension Coordination is one of the most important sectors of
the Institution, since it encourages employees and students to develop projects
that will bring improvement in social, economic and cultural conditions, both
in the academic community and in the community.

Keywords: Internship. Extension. Projects.

84 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


INTRODUÇÃO contribuição direta ou indiretamente deste
setor.
A Coordenação de Extensão - COEX é No decorrer do estágio tivemos vários
responsável por promover o desenvolvimento eventos coordenados pela COEX, mas é
de projetos voltados para alunos, servidores importante frisarmos aqueles que tiveram
e comunidade, sendo sua principal atribuição participação direta da estagiária contribuindo
estimular, coordenar e acompanhar as ações na organização, tais como o Projeto Doe
de pesquisa e extensão. Sangue, XIII Jogos Indígenas e III Semana de
A COEX esteve localizada, Meio Ambiente.
temporariamente, em um prédio alugado na
Rua Rio de Janeiro n° 57, Cohabam - Centro, AS ATIVIDADES DA COEX DE
local onde foram realizadas as atividades MANACAPURU
do estágio supervisionado, porém, agora,
encontra-se localizada na Estrada da Rodovia Segundo Prado (2000), o setor de
Manuel Urbano, km 77, S/N, juntamente aos extensão de projetos é um grupo pequeno
demais setores do Instituto, em sede própria. de pessoas que tem relacionamento com
Durante o período das atividades de todos os projetos da Instituição, fazendo
estágio percebemos que o IFAM/Campus fiscalização ou auditoria dos projetos.
Avançado Manacapuru visa promover à Complementando esta ideia, Sato (2004)
qualificação profissional e a melhoria da diz que isto começou em projetos da área
qualidade de vida da comunidade envolvida, militar, indústria aeroespacial e construção
trabalhando em projetos com o intuito de civil. Com o passar dos anos estes conceitos
produzir conhecimentos que sejam capazes foram estendidos para todas as organizações
de contribuir para a melhoria da qualidade que possuíam diversos projetos simultâneos
de vida da população, incentivando o e passou a envolver uma grande quantidade
crescimento pessoal, intelectual e acadêmico de responsabilidades e atividades.
dos discentes e docentes. São inúmeras as atividades implantadas
Os cursos ofertados pela Coordenação pela COEX no Campus Avançado de
de Extensão proporcionam a possibilidade de Manacapuru, como, por exemplo, “O projeto
qualificação profissional, além de contribuir Doe Sangue”, de iniciativa do Coordenador
na formação cultural, social, econômica, de Extensão, docente Alexandre Ehnert,
produtiva e acadêmica. para despertar a responsabilidade social
do Campus Avançado de Manacapuru e
O período do estágio supervisionado
promover na instituição o bem-estar aos
na coordenação de extensão foi de grande
cidadãos do município de Manacapuru.
aprendizado para a formação profissional
Durante o estágio supervisionado
e também pela contribuição que esta
tivemos a oportunidade de contribuir na
coordenação oferta para a sociedade
elaboração do projeto que apresenta como
manacapuruense.
objetivo geral realizar a conscientização sobre
A maioria dos professores participam
a importância da doação de sangue e o valor
ou já participaram dos projetos vinculados a
que este ato tem para a vida das pessoas que
COEX, pois, este setor também é responsável
necessitam da transfusão.
por revisar todas as propostas de projetos
O projeto surgiu com a necessidade
dos professores do campus, além das visitas
de sensibilizar servidores e alunos sobre a
técnicas, ou seja, todos os servidores têm a
importância da doação de sangue, tendo

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 85


em vista que a grande maioria não tinha E o curso fez jus à afirmação deste autor,
conhecimento que este procedimento era já que ao concluírem, alguns alunos chegaram
realizado na cidade de Manacapuru. a dizer que o método ensinado era bem
Pensando nessa situação, o Campus mais eficiente do que o que eles utilizavam
Avançado de Manacapuru firmou parceria atualmente.
com o Hospital Lázaro Reis, com o objetivo No curso de arquivologia colocamos em
de realizar a coleta semestral de bolsas prática a parte teórica ensinada, e com o
de sangue, com o intuito de suprir as auxílio dos próprios alunos, tivemos contato
necessidades básicas do hospital. com arquivos reais e de trabalhos reais, já
Inicialmente o projeto ocorreu por meios que em uma das aulas foi proposto mostrar
de palestras realizadas por funcionários do a ideia ou base que tínhamos sobre o que é
hospital, que mostraram a importância e a arquivo.
forma como coletam o sangue. Sabemos que a importância da
A ideia surgiu do coordenador conservação e arquivamento dos documentos
da COEX, na qual deu todo o suporte em órgãos públicos é de fundamental
necessário para organizar e preencher todas importância, pois é suscetível de consultas,
as informações necessárias para que esse pesquisas ou estudos, e também pode ser
projeto nascesse, na tentativa de aproximar o utilizado como evidência ou prova, caso haja
Instituto e a Comunidade. uma ocorrência ou existência de fatos em
uma determinada época ou lugar.
MÉTODO DE ARQUIVAMENTO E
GUARDA DOCUMENTAL XIII JOGOS INDÍGENAS

Este curso de Extensão foi promovido Durante os dias 21, 22 e 23 do mês de


pela COEX, realizado no período de 11 de abril ocorreram os XIII Jogos Indígenas na
abril a 17 de maio e teve como objetivo comunidade Tururukari-Uka, localizada na
qualificar funcionários da rede pública zona rural de Manacapuru, no Km 47 - Lago
de educação da cidade de Manacapuru, do Ubim.
integrando valores qualitativos ao Instituto, O Instituto foi convidado a participar
demostrando que o Campus Avançado de deste evento que contou com participação de
Manacapuru está atendendo e qualificando, professores e alunos que se deslocaram até
na medida do possível, a comunidade o local para, juntamente com os indígenas,
manacapuruense, com cursos práticos do executarem os jogos. A cada ano, pelo
cotidiano administrativo e organizacional. regulamento dos jogos indígenas, uma
A maioria dos participantes do curso de comunidade se torna sede, sendo que a
arquivologia são funcionários públicos do escolha da realização dos jogos do próximo
município e ainda não tinham o conhecimento ano é feita ao final do evento.
teórico para organizar um arquivo dentro dos O IFAM/Campus Avançado de
padrões ofertados pelo o curso. Manacapuru ficou responsável pelas
Nesse contexto Chiavenato (2014, p. 153), atividades desportivas: voleibol, futebol, cabo
afirma que, de guerra e sarabatana figura 01.

A orientação das pessoas é o


primeiro passo para a adequada
aplicação nas diversas atividades
da organização.

86 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


Figura 01: Jogos Indígenas manacapuruense sobre a atual situação da
natureza, mostrando tanto para os alunos
quanto para a população, o estado das águas
do município.
As atividades iniciaram com uma
caminhada do campus até o estacionamento
da rodoviária municipal e contou com a
presença de várias escolas do município
que adotaram o evento com o propósito de
unir forças em defesa da natureza. Foram
realizadas manifestações com a utilização
de cartazes confeccionados pelos alunos
do IFAM e pela comunidade estudantil de
Manacapuru. Essa união resultou em uma
linda ação, em que a prefeitura doou diversas
mudas de árvores para os participantes, com
o objetivo de incentiva-los a adotar e a plantar
árvores no município, conforme figura 02.

Figura 02: Semana do Meio Ambiente


Fonte: Próprio autor, 2017

Além das atividades esportivas, o evento


contou com a ação solidária dos alunos,
servidores e alguns pais que fizeram questão
de contribuir com a doação de roupas, que
foram destinadas aos indígenas.
No início, a campanha tinha por objetivo
arrecadar 300 peças de roupas, mas a
solidariedade dos envolvidos superou as
expectativas, arrecadando 600 peças de
roupas. Fonte: Próprio autor, 2017

III SEMANA DE MEIO AMBIENTE Os locais que receberam o evento foram:


Rodoviária de Manacapuru, Escola Estadual
O evento teve como tema central “Aguas Carlos Pinho e Escola Estadual André Vidal.
de Manacapuru: conservação x poluição” e Os alunos do IFAM realizaram palestras
foi realizado nos dias 05, 06 e 07 de junho de sobre como reciclar e descartar o lixo,
2017, em que o intuito principal foi promover como cuidar e prevenir-se contra doenças
ações que transmitam o conhecimento sobre relacionadas à água. O evento foi finalizado
como desenvolver de forma sustentável as com apresentações de peças teatrais, com a
questões ambientais, tais como: reutilizar, declamação de poesias, músicas e exposição
reciclar, descartar corretamente o lixo de fotos que os próprios alunos tiraram do
e não jogar poluente nas águas, com o município no período da enchente.
objetivo de conscientizar a comunidade No encerramento da semana do Meio
Ambiente, foi desenvolvido um projeto em

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 87


que os alunos deveriam arrecadar garrafas ofertados minicursos, circuito de palestras,
pet, para realizar a doação à associação de mesa redonda sobre a coleta seletiva
catadores de material reciclável existente em em Manacapuru, oficinas de Brinquedos
Manacapuru. Pudemos notar que o IFAM visa Pedagógicos recicláveis e reciclagem de papel.
promover ações sustentáveis e que incentiva Após a verificação e o término de
a participação direta de seus alunos. cada curso ofertado, os certificados foram
O objetivo do projeto era despertar arquivados no computador do Coordenador
nos alunos o interesse em fazer o descarte de Extensão do Campus para serem enviados
correto dos materiais recicláveis e mantê-los por e-mail.
informados sobre a existência da associação
em nossa cidade. II COMEEI CONFERÊNCIA
INDÍGENA
REGISTROS
Durante os dias 23 e 24 de março, foi
O livro de registros de Certificados da realizada a conferência indígena que teve
Coordenação de Extensão foi umas das como um dos propósitos selecionar ideias
atividades mais demoradas em sua execução, para o fórum de educação, no intuito de
pois o mesmo exigiu bastante atenção e lançar propostas para discutir a formação de
cuidado na hora do preenchimento das professores indígenas e organizar a Gestão
informações colocadas. da Educação Escolar Indígena, para atuar
Os registros são as transcrições na BNCC (Base Nacional Comum Curricular)
de documentos em livro próprio e são buscando melhorias. O evento foi realizado
destinados aos certificados, onde deve conter no auditório da Escola Estadual Nossa
a natureza do evento, nome do curso, data, Senhora de Nazaré. Figura 03.
período, carga horária, palestrante, nome do
participante, RG, CPF, e-mail, telefone para Figura 03: Conferência Indígena

contato, data de expedição em que o curso


ocorreu e nome de quem o preencheu.
Nesse período pudemos entender a
importância de registrar todos os cursos
ofertados pela coordenação de extensão e o
fundamento disto, pois mantem-se controle
e organização, quando necessária alguma
informação.
Entre os dias 13 de março a 04 de
maio de 2017 foram registrados os eventos
decorrentes dos anos de 2015 e 2016, em que
foram ofertados diversos cursos e palestras.
Efetuaram-se os registros de número
109 a 286 entre os dias 13 e 16 de março,
Fonte: Próprio autor, 2017
referente à 1º Semana de Meio Ambiente,
que tinha como tema “Lixo transformando
Vidas”, cujo objetivo foi conscientizar os
alunos e servidores sobre a importância
da coleta de lixo. Nesta semana foram

88 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


CONSIDERAÇÕES FINAIS preparados para encarar o mercado de
trabalho cada vez mais competitivo, pois o
No decorrer do estágio pode-se estágio serve para aperfeiçoar a parte prática
colocar em prática todos os conteúdos e preparar o profissional, ajudando no
teóricos ministrados em sala de aula, pois, convívio com pessoas de diferentes funções
é de fundamental importância que os e aprendendo a respeitar a importância de
alunos tenham contato com a experiência cada servidor dentro do contexto operacional
profissional, assim propiciando uma excelente da instituição.
formação acadêmica.
O estágio teve como objetivo contribuir AGRADECIMENTOS
para a na formação técnico-administrativa,
assim como afirma Vieira (2005, p 8). Ao IFAM/Campus Avançado de
Manacapuru, por ter oportunizado a
Lei n 6.494, de 1977 que assinala: possibilidade do desenvolvimento do estágio
Os estágios devem propiciar a
supervisionado, importante para a formação
complementação do ensino e da
aprendizagem, a serem planejadas,
profissional, o momento de por em prática o
executadas, acompanhados e avaliados que foi aprendido em sala de aula. Às pessoas
em conformidade com os currículos, envolvidas nas atividades, a prefeitura de
programas e calendários escolares, a
Manacapuru, a Secretaria de Meio Ambiente,
fim de se constituírem em instrumentos
de integração [...]
a Secretaria de Saúde, os Indígenas da
Comunidade do Lago do Ubim, aos amigos
No estágio adquire-se responsabilidades que ajudaram na arrecadação de roupas e a
e tarefas que nos designam a ser os melhores todos os envolvidos em projetos que visam
profissionais possíveis, como se fossemos beneficiar o desenvolvimento da população.
introduzidos ao mercado de trabalho.
O Instituto Federal de Educação, Ciência REFERÊNCIAS
e Tecnologia do Amazonas, Campus Avançado
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas:
Manacapuru, juntamente com o seu corpo
com novo papel dos recursos humanos nas
docente, procura formar profissionais organizações. 4. ed. Barueri: Manole, 2014.
preparados para atuar no mercado de
trabalho e tem exercido esta função com PRADO, Darci. Gerenciamento de projetos
maestria. nas organizações. Belo Horizonte:
Tivemos a oportunidade de reconhecer Desenvolvimento Comercial, 2000.
a importância de ter alguém administrando
SATO, Carlo Eduardo; Y. DERGI_T, Dário E. A.
este setor, pois o mesmo presta serviços a
HATAKEMA, Karzuo. A utilização do escritório
todos, sendo fundamental sua organização de projetos como instrumento para melhoria da
para sanar as dúvidas daqueles que precisam. produtividade sistêmica das organizações. In:
Podemos afirmar que o estágio Congresso da ABIPTI. Belo Horizonte, 2004.
supervisionado é muito importante para a
formação do técnico-administrativo, pois VIEIRA, Carlos Eduardo Carrusca. Manacapuru,
dá a oportunidade do contato direto com a 17 de Jun, 2005. Disponível em: http://noticias.
universia.com.br. Acesso em: 17 de Jun, 2017.
prática.
Após a experiência realizada no
estágio supervisionado, nos sentimos mais

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 89


FORMAÇÃO DO AGENTE
COMUNITÁRIO DE SAÚDE: VIVÊNCIA
NA ATENÇÃO AO IDOSO
Training of the community health agent: Living in the
attention of the elderly

Rafael Régis Aquino Maciel1


Ledinylce de Abreu Coelho2

Resumo: Este trabalho consiste em relatar uma ação focada na


população idosa, desenvolvida a partir das aulas de Saúde do idoso
no curso técnico em Agente Comunitário de Saúde, realizado em uma
Unidade Básica de Saúde da cidade de São Gabriel da Cachoeira/AM.
O objetivo do trabalho foi promover a saúde e a qualidade de vida por
meio da informação sobre o Estatuto do Idoso, alimentação saudável e
autoestima, criando, assim, condições de compartilhamento de ações
pautadas no Ensino e na Extensão. Fica evidenciada a importância das
atividades extraclasses para uma melhor aprendizagem dos alunos, bem
como a relação indispensável das instituições educacionais, unidades de
Saúde e comunidade.

Palavras-chave: Educação. Extensão. Integração. Idoso.

Abstract: This work consists in reporting an action focused on the elderly


population developed from the Health classes of the elderly in the technical
course in Community Health Agent performed at a Basic Health Unit of the
city of. The objective of the study was to promote health and quality of life
through information about the Statute of the Elderly, healthy eating and self-
esteem, thus creating conditions for sharing actions based on Teaching and
Extension. The importance of the extra class activities for a better learning
of the students, as well as the indispensable relation of the educational
institutions, units of Health and community.

Keywords: Education. Extension. Integration. Old man.

1 Especialista em Metodologia e Didática do Ensino Superior, Docente, Instituto


Federal do Amazonas, Campus São Gabriel da Cachoeira. – IFAM/CSGC rafael.regis@
ifam.edu.br
2 Especialista em Obstetrícia, Enfermeira, Unidade Básica de Saúde da Praia – SGC/AM.
leidysgc@hotmail.com

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 91


INTRODUÇÃO Disciplinas específicas como a de Saúde
do Idoso, fazem com que os profissionais da
O aumento da longevidade e a redução área de saúde, tenham uma formação para
das taxas de mortalidade nas últimas um cuidado especial com esses indivíduos.
décadas mudaram o perfil demográfico do Além da formação, é papel também
Brasil. Rapidamente, deixamos de ser um dos Institutos Federais a concepção de
“país de jovens” e o envelhecimento tornou- uma educação profissional e tecnológica
se questão fundamental para as políticas orientando ações de ensino, pesquisa e
públicas. Atualmente os brasileiros com mais extensão, que deve basear-se na integração
de 60 anos representam 8,6% da população e entre ciência, tecnologia e cultura como
esta proporção chegará a 14% em 2025, cerca dimensões indissociáveis da vida humana
de 32 milhões de idosos (BRASIL, 2003). e, ao mesmo tempo, no desenvolvimento
No entanto vale ressaltar que o da capacidade de investigação científica,
envelhecimento é um processo natural de essencial à construção da autonomia
diminuição progressiva da reserva funcional intelectual. Peruzzi e Fonfonka (2014),
dos indivíduos que é conhecida como destacam que:
senescência e em condições de sobrecarga,
provocado por doenças, acidentes ou
As aulas práticas têm seu valor
estresse emocional pode ocasionar uma reconhecido, pois estimulam a
condição patológica denominada senilidade curiosidade e o interesse de alunos,
(BRASIL, 2006). permitindo que ampliem a capacidade
de resolver problemas, compreender
Neste contexto, toda a comunidade
conceitos básicos e desenvolver
é responsável por dar condições de habilidades, possibilitando ainda o
envelhecimento aos idosos, como destaca o contato com resultados não previstos,
estatuto do idoso: desafiando sua imaginação e seu
raciocínio. (PERUZZI E FONFONKA,
2014).
É obrigação da família, da comunidade,
da sociedade e do Poder público
assegurar ao idoso, com absoluta Observada a importância do papel
prioridade, a efetivação do direito à vida, das atividades de extensão na geração e
à saúde, á alimentação, á educação, à
disseminação de conhecimento, unida ao
cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho,
à cidadania, à liberdade, à dignidade, fato da responsabilidade que os Institutos
ao respeito e à convivência familiar e Federais possuem em seu meio, uma vez
comunitária. (BRASIL, 2003). que é papel dos mesmos trabalhar ensino,
pesquisa e extensão em suas atividades
Assim, o cuidado com o idoso é papel (BEZERRA, 2016), o trabalho aqui apresentado
de todos e não somente de profissionais objetivou estimular a realização de práticas
da área da saúde, pois o Estatuto do Idoso de ensino e extensão visando a promoção
foi elaborado com maciça participação da saúde em uma Unidade básica de saúde,
das entidades de defesa dos interesses através dos alunos do curso técnico em
das pessoas idosas e ampliou a resposta agente comunitário de saúde do Instituto
do Estado e da sociedade às necessidades Federal do Amazonas – Campus São Gabriel
dessas pessoas, abrangendo desde direitos da Cachoeira.
fundamentais até o estabelecimento de
penas para crimes mais comuns cometidos
contra essa população (BRASIL, 2003).

92 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE Figura 1: Palestra de Sensibilização

A atividade aqui relatada foi planejada


durante as aulas da disciplina de Saúde do
Idoso, ministradas no curso Técnico em
Agente Comunitário de Saúde do Instituto
Federal do Amazonas/SGC e desenvolvida em
parceria com a Unidade Básica de Saúde do
Bairro Praia em São Gabriel da Cachoeira/AM.
Com uma metodologia qualitativa
(CRESWELL, 2010), cujo estudo tem caráter
descritivo e exploratório, a coleta de dados
ocorreu durante todo a atividade e logo após
o encerramento como forma de se obter Fonte: Próprio autor, 2017.
feedback da ação.
A ação em saúde ocorreu no dia 30 de Figura 2: Palestra sobre Estatuto do idoso
junho de 2017 e, além dos servidores da UBS,
contou com a participação de um grupo de
14 alunos do curso de técnico em Agente
Comunitário de Saúde do IFAM/SGC que
voluntariaram-se para participar da ação. Os
mesmos foram divididos em grupos onde
apresentaram palestra sobre o Estatuto do
Idoso conforme podemos observar na figura
2, fizeram exposição de cartazes abordando
a importância de uma alimentação saudável,
realizaram atividades práticas e dinâmicas de
grupo para melhorar a autoestima.
Todos os temas abordados na atividade Fonte: Próprio autor, 2017.
desenvolvida foram previamente trabalhados,
discutidos e teoricamente fundamentados Dentre as atividades desenvolvidas,
em sala de aula. ocorreram as palestras de sensibilização, onde
A manhã de ações voltadas para a saúde os alunos abordaram temas como o estatuto
do idoso teve a duração de quatro horas e do idoso e dicas de alimentação saudável.
foi encerrada com sorteio de brindes e um Foram apresentados cartazes que tratam dos
saboroso café da manhã, oferecido pelos temas em questão e a produção do material
alunos do IFAM e funcionários da Unidade ocorreu durante as aulas de Saúde do Idoso,
básica de saúde. na turma de agente comunitário de saúde.
No total 30 (trinta) idosos compareceram A enfermeira responsável junto com
à Unidade e foram contemplados com uma a equipe multiprofissional da unidade
manhã repleta de atividades voltadas para organizou dinâmicas de integração, com
o seu bem-estar físico e mental, conforme sorteios de brindes, cujo o objetivo era a
mostram as figuras a seguir: valorização da autoestima e autocuidado.

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 93


Houve um momento de confraternização proporciona aos mesmos um crescimento
entre os idosos, onde os mesmos foram pessoal e profissional, como aponta Assis
estimulados a dançar músicas típicas de (2014):
região.
Como podemos observar na figura 1, Os saberes do ACS em relação à saúde
do idoso são construídos principalmente
durante a atividade também foi reforçado
através da experiência e interação com
sobre os serviços que a Unidade oferece a população no trabalho prático. (ASSIS
ao público alvo, como forma de convite e e CASTRO-SILVA, 2014).
acolhida aos mesmos, uma vez que um dia
da semana é de atendimento exclusivo a este É possível perceber na fala dos mesmos
público. a positividade da atividade, como apontado
A atividade foi encerrada com um pela aluna X:
grandioso café da manhã, realizado através “Nos sentimos privilegiados em estar
da contribuição dos alunos e profissionais participando desta atividade, pois na maioria
da unidade de saúde, haja vista que cada das vezes nos sentimos excluídos ou esquecidos,
participante levou um prato, buscando porque a profissão de ACS não é valorizada
valorizar além de comidas típicas, alimentos e em atividades como esta, pudemos ver a
mais saudáveis como frutas e sucos. importância desta profissão”. (Aluna X – Agente
Comunitário de Saúde – 2016)
CONSIDERAÇÕES FINAIS Já a aluna Y, destacou a importância de
falar em público:
Neste trabalho tivemos a oportunidade “Nunca tinha falado em público e fiquei
de desenvolver habilidades voltadas ao muito feliz quando percebi que todo mundo
processo educativo, no sentido de buscar estava prestando atenção no que eu estava
promover mudanças na comunidade através falando!” (Aluna Y – Agente Comunitário de
do papel do agente comunitário de saúde. Saúde – 2016).
Por meio das exposições aos idosos, foi A enfermeira da Unidade destacou a
possível destacar que cada indivíduo tem a importância dessa parceria estabelecida
oportunidade de controlar suas condições entre a Unidade básica de saúde e o Instituto
de saúde através de atitudes básicas de Federal do Amazonas:
prevenção, além de explicitar seus direitos, Me senti empolgada, pois gosto muito
possibilitando um novo olhar ao cuidador de fazer atividades como esta, mas sozinha
que muitas vezes é esquecido à margem do é mais difícil. Com a ajuda dos alunos do
cuidado. Instituto, sob a supervisão do professor, ficou
A participação ativa, a mobilização de muito mais fácil. Peço para que essa parceria
toda equipe de saúde da unidade, a boa seja contínua, para que outras atividades
receptividade dos trabalhos e o interesse das como esta possam ser realizadas. (Enfermeira
pessoas presentes, nos levou a avaliar que – Unidade de Saúde do Bairro da Praia).
a atividade cumpriu os objetivos a que se Em relação à importância da formação do
propôs. agente comunitário de saúde, na perspectiva
No que diz respeito aos discentes, foi de saúde do idoso, destaca-se que, conforme
possível perceber que atividades como esta apontado, há um crescimento dessa
são de suma importância para o contato população que consequentemente torna-se
do mesmo com a comunidade na qual público alvo de atendimento do ACS, o que
está inserido e irá atuar futuramente, pois nos motivou a desenvolver esta pesquisa e a

94 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


crer na ampliação deste estudo, uma vez que
trabalhos voltados à saúde do idoso, devem
ser contínuos para garantir a integralidade da
assistência.

REFERÊNCIAS
ASSIS, A. S; CASTRO – SILVA, C. R. Agente
comunitário de saúde e o idoso: Práticas de
cuidado em território de alta vulnerabilidade.
22º SIICUSP, ano 2014.

BEZERRA, I. da S. Projetos de extensão: uma


experiência multidisciplinar no IF sertão - PE
campus floresta, III CONEDU, ano 2016.

BRASIL. Lei 10.741, de 01º de outubro 2003.


Estatuto do Idoso. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.
htm. Acesso em: 01 junho 2017.

BRASIL. Portaria GM nº 648, de 28 de março de


2006. Dispões da Política Nacional de Atenção
Básica. Diário Oficial da União. Brasília (DF):
29 mar 2006.

CRESWELL, J. Projeto de pesquisa: métodos


qualitativo, quantitativo e misto. 3. ed. Porto
Alegre: Booking: Artimed, 2010.

PERUZZI, S.L.; FOFONKA, L. A importância da


aula prática para a construção significativa do
conhecimento: a visão dos professores das
ciências da natureza. Educação Ambiental
em ação, Rio Claro, n.47, ano XII, março-maio
2014.

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 95


AS HISTÓRIAS LOCAIS
TRANSFORMADAS EM HISTÓRIAS EM
QUADRINHOS - HQS NA SALA DE AULA

The Local Stories Transformed into Comic Books -


Comics in the Classroom

Denis de Olivera Silva1


Manoel Ferreira Falcão2

Resumo: A construção de Histórias em Quadrinhos – HQs, retratando


as histórias locais da comunidade, se deu no processo de diálogos com
as histórias vividas dos sujeitos da comunidade do Mato Grosso, no
Assentamento Agrícola de Vila Amazônia – Parintins/Amazonas, as quais
foram construídas pelas crianças do 4º e 5º anos do Ensino Fundamental
da Escola Municipal São Francisco, através de um Projeto de Extensão
realizado por meio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Amazonas - IFAM. Este artigo tem como objetivo demonstrar as
Histórias em Quadrinhos – HQs construídas pelos estudantes, através
do conhecimento de histórias locais da Comunidade do Assentamento
Agrícola. Nesse processo os estudantes foram os autores destas
histórias, para que as histórias locais fossem valorizadas, os professores
sentissem a importância dessas histórias no processo de aprendizagem
e percebessem a importância das memórias individuais e coletivas na
construção sócio-histórica da localidade, tendo como caráter de tipo
Qualitativo em educação (SANDÍN ESTEBAN, 2010), como método a
Fenomenologia (CERBONE, 2012). No decorrer da realização do projeto,
percebemos as diferentes histórias vividas e construídas pelas pessoas
que moram na comunidade do Mato Grosso, bem como as diversidades
da formação da comunidade em relação ao Assentamento. Esta atividade
de extensão ajudou no processo de ensino e aprendizagem das crianças
do 4º e 5º anos do Ensino Fundamental, na importância de os próprios
comunitários valorizarem suas histórias de vida com o local em que
moram e a escola se aproximou da comunidade, relacionando saber
cotidiano com o saber da escola. As crianças aprenderam a relacionar as
histórias sociais locais com o conhecimento escolar, puderam valorizar
o desenho e a criação de HQs, a partir do sócio-histórico dos sujeitos da
comunidade, bem como compreenderam a leitura como um exercício
prazeroso e a escrita como uma prática que deve ser constante em suas
vidas.

Palavras-chave: História em Quadrinhos – HQs. Histórias locais. Escola
de Assentamento.

1 Mestre em Educação e Ensino de Ciências na Amazônia, Docente, Instituto Federal do


Amazonas, Campus Parintins – IFAM/CPIN. denis89pin@gmail.com
2 Especialista em Educação de Jovens e Adultos, IFAM, Docente, Instituto Federal do
Amazonas, Campus Parintins – IFAM/CPIN. manoel.ferreira@ifam.edu.br

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 97


Abstract:The construction of Comic Books, portraying the local community
histories took place in the process of dialogues of lived stories of the people
of community Mato Grosso, in the Agricultural Settlement of Amazon Village-
Parintins/Amazonas. They were built by the children of the 4th and 5th
years of the Elementary School of São Francisco Municipal School, through
an Extension Project carried out by the Institute of Education, Science and
Technology of Amazonas - IFAM. This article aims to demonstrate the Comic
Books done by the students, through the knowledge of local histories of the
Agricultural Settlement Community. In this process, the students were the
authors of these stories, so the histories were valued and the teachers felt the
importance of the learning process and perceived the importance of individual
and collective memories in the socio-historical construction of the place.
The research has Qualitative type in education (SANDÍN ESTEBAN, 2010), as
method the Phenomenology (CERBONE, 2012). During the realization of the
project, we perceive the different stories lived and built by the people who live
in the community of Mato Grosso, as well as the diversity of the formation of
the community in relation to the settlement. This extension activity helped in
the teaching and learning process of the fourth and fifth grade elementary
school children, as well as in the importance of the community members
appreciate their life histories with the place where they live and the school
approached the community, relating everyday knowledge with the school. The
children learned to relate local social histories to school knowledge, as well as
understood the reading process as pleasurable exercise and the writing skill
as a practice that must be constant in their lives.

Keywords: Comic Books. Local Histories. Settlement school.

98 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


INTRODUÇÃO valorizadas, como também os professores
sentissem a importância dessas histórias no
As construções sócio-históricas das processo de aprendizagem e percebessem o
comunidades do Assentamento estão nas valor das memórias individuais e coletivas na
memórias dos comunitários mais velhos que construção sócio-histórica da localidade, para
moram no local e registradas por meio de a inserção deste tipo de trabalho na sala de
fotos, documentos, jornais da época, mas que aula de maneira interdisciplinar.
muitas vezes são desconhecidas das crianças. O Assentamento Agrícola de Vila
A História em Quadrinhos – HQs ajuda no Amazônia, no Município de Parintins no
processo de aprendizagem das crianças sobre Estado do Amazonas, iniciou-se na década
as histórias locais que envolvem os alunos e 70 e 80 com discussões de formação de
seus familiares. registro da localidade como terra Federal, na
Neste artigo, a construção de Histórias qual foi diferente de vários assentamentos
em Quadrinhos – HQs se deu no processo no Brasil, porque já existiam pessoas que
de diálogo com as histórias vividas dos viviam na extensão de terra que se tornou
sujeitos da comunidade do Mato Grosso no Assentamento, onde muitos comunitários
Assentamento Agrícola de Vila Amazônia imaginavam ser donos da terra, mas na
– Parintins/Amazonas. A construção foi verdade as terras foram vendidas ao governo
realizada pelas crianças do 4º e 5º anos do da época, como propriedade privada para se
Ensino Fundamental da Escola Municipal tornar o que conhecemos hoje.
São Francisco, através de um Projeto de Nesse processo de vida o local vai se
Extensão realizado por meio do Instituto modificando através da ação humana,
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do tornando o viver na comunidade do Mato
Amazonas - IFAM, que possuiu como objetivo Grosso notório por meio dos rostos, jeitos,
construir Histórias em Quadrinhos – HQs a identidades dos sujeitos viventes no local, das
partir de histórias locais da Comunidade do diferentes maneiras de construir a própria
Mato Grosso no Assentamento Agrícola de cultura, que muitas vezes, na escola passa
Vila Amazônia. Como objetivos específicos despercebida essa relação comunidade e
tivemos: a) identificação das histórias locais escola.
por meio de várias fontes orais, documentais; Este artigo tem como objetivo demonstrar
b) compartilhamento destas histórias com as as Histórias em Quadrinhos – HQs construídas
crianças; c) criação de HQs sobre as histórias pelos estudantes, através do conhecimento
locais. Como métodos de realização deste de histórias locais da Comunidade do
projeto de extensão utilizamos o caráter Assentamento Agrícola. Para isso, divide-se
Qualitativo em educação (SANDÍN ESTABAN, em dois tópicos:
2010), o qual é realizado no próprio local - Histórias vividas, representadas em
de realização das atividades escolares e histórias em quadrinhos – HQs; e
humanas dos sujeitos participantes. Como - As histórias em quadrinhos como
método a Fenomenologia (CERBONE, recurso de leitura e escrita.
2012), busca descortinar o que não é visível Esse tipo de ação na sala de aula, por
no primeiro olhar, mas numa relação de meio das HQs, auxilia na aprendizagem
processual o fenômeno vai se tornando da criança, pois sensibiliza-as ao cotidiano
visível. Nesse processo os estudantes da comunidade, tornando-se mediador do
foram os autores destas histórias, para conhecimento comunitário com o escolar.
que as histórias locais fossem conhecidas e

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 99


HISTÓRIAS VIVIDAS, Medeiros (2013) diz que os estilos das
REPRESENTADAS EM casas demonstram as manifestações da ação
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS – do ser humano no processo histórico, junto
com os saberes tradicionais. Assinala também
HQS
que as casas são de madeiras, com frestas na
parede para que durante o dia a parte interna
O assentamento da Gleba de Vila
não fique quente, expressão utilizada nesses
Amazônia, localizado no Município de
espaços para dizer que a temperatura está
Parintins no Estado do Amazonas, iniciou-se
alta.
no processo de Reforma Agrária na década de
A escola poderia aproveitar mais
1980, composto de inúmeras comunidades,
os saberes advindos da comunidade
sendo um dos maiores na Amazônia
do Mato Grosso, para que o estudante
(MEDEIROS, 2013), onde essas comunidades
perceba as relações dos conhecimentos
já existiam antes do Assentamento, ou seja,
construídos no lugar onde vive, construções
as pessoas, as comunidades já estavam na
socioeducacionais em que a escola pode se
extensão de terra.
apropriar como recurso didático de ensino.
São histórias, memórias, relações sociais
Nesse sentido, as HQs são como recurso
existentes nas comunidades do assentamento
didático, para utilização na sala de aula,
que desmitificam a lógica que os governos
construídas pelos estudantes. Merleau-
das décadas de 70 e 80 do século XX tinham
Ponty (2004) nos ajuda a compreender a
sobre a Amazônia, uma terra sem homens
importância da percepção do próprio mundo
que precisava ser habitada para adentrar ao
de vida. Diz que o mundo vivido são ações
progresso do país.
praticadas pelo sujeito através dos sentidos,
As práticas sociais presentes no
dos quais percebe no transcorrer diante de
assentamento são construídas no mundo
si de um mundo em construção, que existe
vivido pelos sujeitos, aprendidas no cotidiano
a partir da sensibilidade e inteligibilidade
do lugar, como o manusear uma canoa no
social e individual, em que a ciência tentou
lago, utilizando as forças do braço para remar
retirar, transformando-a em saber absoluto e
para chegar à escola e voltar para casa ou
verdadeiro.
para se deslocar para outras localidades,
“Tudo aquilo que sei do mundo, mesmo
ou, ainda a pescaria realizada nos lagos, o
por ciência, eu sei a partir de uma visão minha
peixe capturado servindo como meio de
ou de uma experiência do mundo sem a qual
alimentação, comercialização e meio de troca
os símbolos da ciência não poderiam dizer
com outros produtos, a luta pela terra - o que
nada” (MERLEAU-PONTY, 2011, p. 3).
acontece com frequência em um localidade
A escola pode se situar em aprender
nas quais muitos querem se apossar das terras
as histórias locais, através da ação dos
dos comunitários, o plantio de mandioca para
professores em articular as histórias do lugar
fazer o tucupi, a farinha, produtos produzidos
com o ensino escolarizado, articulado com
pelas pessoas que moram na comunidade,
as experiências do estudante, como aponta
que servem para comercializar.
Merleau-Ponty, através do transcorrer do ser
As comunidades no mês de junho
humano no mundo.
realizam festas juninas. Elas possuem bois de
Compreendemos que a escola pode ser
pano, com histórias místicas do surgimento
um dos meios de incentivo para a prática
e existência do mesmo, como as histórias
de expressões culturais dos que vivem
sociais que auxiliam na construção das
em terras de assentamento, de lutar para
comunidades de assentamento na Amazônia.

100 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


que os sujeitos valorizem mais os saberes possibilidades de aprendê-lo na convivência
tradicionais, trazendo para as aulas os com os mais velhos e pela percepção que vão
conhecimentos existentes na comunidade. possuindo sobre o lugar onde moram.
Um desses conhecimentos seriam as histórias As relações de construção social na
sócio históricas do próprio local de vida, Amazônia se realizam entre o sensível
relacionando as histórias do país e do mundo. e o inteligível. Ações representadas nas
Desafio que os professores possuem na comunidades nas expressões culturais, que
práxis no momento de trabalhar temas que juntam o que existe com o imaginário, no
sejam significativos para a vida dos estudantes qual se transformam em práticas de respeito,
a partir das histórias locais, como aponta medo, coragem, libertação, e que por meio
Caldart (2004), possam desconstruir a visão dos estudantes adentram o espaço formal da
em que a escola é apenas como um prédio escola, presentes nas falas, nas suas ações,
de repassagem dos conteúdos distantes da tornando-se significativas no viver e perceber
existência dos estudantes, em que a criança sobre qualquer coisa na comunidade.
frequenta para aprender a ler e escrever, mas A escola não pode ser um lugar que a
que não se vê como sujeito da construção comunidade veja como mais um lugar que
da escola e do mundo em que vive. A escola não faz a diferença para a existência social, as
precisa estar numa relação íntima com a atividades, os saberes contidos nas memórias
comunidade em que está inserida, com a sociais, não podem passar despercebidas no
realidade que as crianças trazem para dentro construir educação em práticas de ensino e
das salas de aula, como assinala Caldart aprendizagem na sala de aula, como assinala
(2004), o trabalho na escola do Assentamento Caldart (2004), seja uma relação construtora
precisa ser uma relação com: coletiva, do ser humano no próprio ambiente
de vida.
O trabalho na terra, que acompanha
o dia-dia do processo que faz de uma
Olhar a escola como um lugar de
semente uma planta e da planta um
formação humana significa dar-se conta
alimento, ensina de um jeito muito
de que todos os detalhes que compõem
próprio que as coisas não nascem
o seu dia-a-dia, estão vinculados a um
prontas, mas, sim, que precisam ser
projeto de ser humano, estão ajudando
cultivadas; são as mãos do camponês,
a humanizar ou a desumanizar as
da camponesa, as que podem lavrar a
pessoas. Quando os educadores se
terra para que chegue a produzir o pão.
assumem como trabalhadores do
Este também é um jeito de compreender
humano, formadores de sujeito, muito
que o mundo está para ser feito e que
mais do que apenas professores
a realidade pode ser transformada,
de conteúdos de alguma disciplina,
desde que se esteja aberto para que ela
compreendem a importância de discutir
mesma diga a seus sujeitos como fazer
sobre suas opções pedagógicas e sobre
isto, assim como a terra vai mostrando
que tipo de ser humano estão ajudando
ao lavrador como precisa ser trabalhada
a produzir e a cultivar. Da mesma forma,
para ser produtiva.
as famílias passam a compreender por
Nossa escola pode ajudar a perceber
que não podem deixar de participar da
a historicidade do cultivo da terra e da
escola e de tomar decisões sobre seu
sociedade [...] (CALDART, 2004, p.101).
funcionamento.
Trata-se de enxergar a educação,
O saber tradicional aprendido na afinal, como uma relação entre sujeitos
convivência comunitária é o conhecimento (CALDART, 2004, p. 120).

que faz o estudante se ver como ser humano


em um mundo que está a sua volta e têm as

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 101


O reaprender a ver o fazer em que a para corrigir, por falta de vontade de trabalhar
comunidade vive pode ser um dos aspectos de maneira diferenciada com os estudantes,
que a escola pode visualizar como meios são inúmeros os fatores que podem impedir
de aprendizagem para o estudante, como o o professor trabalhar com as HQs nas suas
próprio local em que estão situados. O local aulas.
possui histórias, cheias de significâncias A utilização de Histórias em Quadrinhos
sociais, que influenciam no fazer presente do no ensino nas escolas é realizada com tímidas
dia a dia, em que a criança aprende por meio abordagens, assim como os professores
das práticas visualizadas, percebidas no agir do Assentamento possuem dificuldades na
dos pais, avós, amigos. práxis na sala de aula em trabalhar a história
O conhecimento por meio das local, articulando-a com a macro história do
narrativas, documentos, imagens, vivências Brasil, para que os sujeitos que fazem parte da
e experiências sobre o local em que moram escola, reflitam sobre suas próprias histórias
são meios pelos quais os estudantes podem no local onde vivem, sendo os construtores
construir o saber dentro da escola, tornando-a do processo de ensino-aprendizagem.
significativa para suas vidas. Assim, as As Histórias em Quadrinhos por muito
histórias em quadrinhos são meios pelos tempo foram negadas no espaço escolar, por
quais a criança aprende brincando a partir serem vistas como má influência aos alunos,
do que gosta, aproveitando os desenhos que como no início do século XX, quando foram
assistem na televisão, que surgem muitas criados no Brasil as primeiras Histórias em
vezes por meio das HQs, trazendo para a Quadrinhos (SANTOS; VERGUEIRO, 2012).
sala de aula como um recurso didático, em Após muito tempo das primeiras tiragens as
que trabalhar a leitura visual e escrita dos escolas brasileiras começam a utilizar algumas
estudantes, levando-os além de leitores, histórias em quadrinhos na sala de aula. Mas,
através da construção das histórias da houve muitas represálias de educadores da
comunidade em que vivem, demonstrando época contra esse tipo de material na escola.
o sócio histórico do lugar de vida, sabendo
se identificar nesse local de luta pela terra, Aqui no Brasil, já em 1928, surgiram
as primeiras críticas formais contra as
pela sobrevivência, demonstrando-as a partir
historinhas: a Associação Brasileira de
do desenho, da narrativa, da construção do Educadores (ABE) fez um protesto contra
gênero textual das quais serão criadores do os quadrinhos porque eles “incutiam
que aprendem na vivência na comunidade, hábitos estrangeiros nas crianças”. Na
década seguinte, em 1939, diversos
assim relacionando-as com os conhecimentos
bispos reunidos na cidade de São Carlos
aprendidos em sala de aula. Na qual o (SP) deram continuidade à xenofobia,
professor possui para sua práxis um recurso propondo até mesmo a censura aos
didático que são as histórias em quadrinhos, quadrinhos, porque eles traziam “temas
estrangeiros prejudiciais às crianças”
construídas pelos estudantes, representando
(CARVALHO, 2006, p. 32, Apud SANTOS;
a história do local de vida em diálogo com os VERGUEIRO, 2012, p. 82).
saberes ensinados em sala de aula.
As Histórias em Quadrinhos - HQs Os Hábitos que os educadores da época
possuem um grande potencial para serem tinham medo de serem internalizados pelos
trabalhadas na sala de aula, apesar de pouco alunos. Mas com o tempo esse tipo de
utilizadas pelos professores, seja por falta de hostilidade foi diminuindo.
tempo, excessiva carga horária semanal, falta Nesse sentido, a relação do desenho feito
de materiais, grande quantidade de textos pelas crianças e não valorizado muitas vezes

102 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


na escola, nos despertou para inserção de não basta que eles nos tragam seus
testemunhos: é preciso também que ela
HQs nos anos iniciais do Ensino Fundamental,
não tenha deixado de concordar com
que trabalham a história local, para que isso suas memórias e que haja suficientes
despertasse o interesse da criança, surgindo pontos de contato entre ela e as outras
as HQs como recurso didático para trabalhar para que a lembrança que os outros nos
trazem possa ser reconstruída sobre
nas escolas do Assentamento, neste artigo
uma base comum” (POLLAK, 1989, p. 4).
especificamente na Comunidade Mato Groso.
A partir disso, trabalhamos as construções
As relações entre a memória coletiva
sócio-histórica da Comunidade Mato Grosso
e individuais dão essência à construção e
do Assentamento Agrícola de Vila Amazônia,
registro das histórias das localidades, nas
demonstrando suas histórias sociais. Como
quais apareceram na construção das histórias
aponta Medeiros (2013, p.3).
em quadrinhos, a partir daqueles que vivem
Com a Reforma Agrária, os posseiros
no Assentamento.
passam a ser pequenos proprietários de O professor possui mais esse gênero
terras e outras situações emergem tais textual que o possibilita trabalhar com a
como a titulação das terras, pagamentos
criatividade dos estudantes, alternativa de
de impostos (ITR), demarcação de terras,
políticas públicas de infraestrutura
tornar as aulas mais prazerosas tanto para os
na região, tais como a construção de estudantes quanto para o próprio docente.
estradas, distribuição de energia (com As HQs possuem o caráter alternativo de
o programa federal “Luz para Todos”),
tornar a leitura mais atraente, interessante
o acesso ao crédito rural e mais
recentemente a ampla disseminação de
no processo de ensino e aprendizagem em
políticas assistencialistas como o bolsa- sala de aula.
família. Assim, o professor trabalhando em
sala de aula com esse material explora a
A transformação das histórias criatividade do estudante, para que depois
do Assentamento deu ao professor a crie sua própria história através da escrita
possiblidade de realizar a práxis docente a e desenhos, composição necessária para
partir do local de vida do estudante, na qual construir as HQs em que o docente incentive
percebemos na citação acima as relações do o estudante a criar a prática de construir,
local como o tipo de desenvolvimento em registrar o que aconteceu no cotidiano.
que o Brasil passava. Colocá-las em formato Identifique com o estudante as diferentes
de histórias em quadrinhos faz com que o formas das histórias em quadrinhos, como
estudante tenha vontade, preocupações em aponta Santos e Vergueiro (2012, p. 85):
ler, em conhecer as histórias do local em
Os formatos das histórias em
que vive, relacionando-as com as histórias
quadrinhos também influenciam na
macros. maneira como elas podem ser lidas.
Através de memórias coletivas e As tiras de quadrinhos, normalmente
individuais apontadas por PollaK (1989) como: humorísticas, desenvolvem uma história
curta apresentada em uma ou, no
Em vários momentos; Maurice máximo, seis vinhetas. Há uma situação
Halbwachs insinua não apenas a inicial e uma reversão das expectativas
seletividade de toda memória, mas do leitor (presente no texto ou na
também um processo de “negociação” imagem), gerando o efeito cômico.
para conciliar memória coletiva e Já os quadrinhos publicados em
memórias individuais: “Para que nossa revistas, álbuns ou livros ocupam um
memória se beneficie da dos outros, espaço maior (de uma a centenas de

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 103


páginas) e apresentam uma narrativa anunciava: “Integrar para não entregar”, para
mais complexa. A leitura de uma página
preencher um suposto vazio demográfico,
de quadrinhos também é um exercício
de percepção mais apurada. Embora
na qual viviam pessoas construindo um
boa parte das histórias apresente Assentamento em que os sujeitos já estavam
uma estrutura mais tradicional, em nas terras.
que um quadrinho segue o outro
horizontalmente e de cima para baixo,
há histórias que são diagramadas de AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
maneira diferente, forçando o leitor a COMO RECURSO DE LEITURA E
descobrir a sequência certa de imagens
ESCRITA
e textos.

A prática de ensino e aprendizagem


Dessa maneira, o estudante percebe
de construções de HQs com as crianças
que até mesmo as HQs possuem diferentes
da comunidade do Mato Grosso no
maneiras de escritas e desenhos.
Assentamento de Vila Amazônia foi um
O estudante cria uma prática de
processo de apresentação, prática de leitura,
reescrever seus textos, compreendendo que
incentivo ao desenho, orientação para
isso é uma atividade de constante construção,
transformar os desenhos em histórias e
que possibilita a ele contar o mundo em que
posteriormente em história em quadrinhos.
vive, histórias que fazem o sujeito amazônida
As crianças do 4º e 5º anos do Ensino
viver no ambiente.
Fundamental da escola não possuíam contato
Esse tipo de abordagem ajuda o
com as HQs e poucas possuíam práticas
estudante a compreender o local em que
de leituras em casa. A inserção das HQs na
vive, relacionar com outros lugares, com
vida delas foi um processo de conquista
outras histórias, pois se sentirá sujeito do
para todos os envolvidos neste processo.
processo e que através da escrita construirá
Os alunos perceberam que há diferentes
histórias reais ou imaginárias, escrevendo o
formas de leitura em uma simples história,
que pensa, sente e vive.
sendo permitido a invenção de suas próprias,
As atividades de ensino e aprendizagem
indo além de leitores para serem os próprios
envolve o estudante no sentido de construir,
construtores de suas histórias, assim como
pesquisar o próprio local, demonstrando
do lugar em que vivem.
para as crianças de maneira significativa
A apresentação das HQs, se deu no
que o amazônida é o sujeito da construção
primeiro encontro com as crianças por
da Amazônia, por meio de lutas, educações
meio de uma roda de conversa em que
que são criadas para viver nesses locais
todos tiveram a oportunidade de participar.
espalhados em comunidades.
Envolvemos a leitura de diferentes HQs e as
No limite, é possível afirmar que a
crianças puderam ler, tocar as revistas, num
Amazônia e suas populações têm mundo de imaginações, criatividades que se
sido os informantes mais recorrentes abriam diante de seus olhos.
das oportunidades de pesquisa, além
As crianças do 4º e 5º anos não possuem a
de serem os grupos mais atingidos
diretamente em situações originadas
prática de leitura desse tipo de texto. Quando
de experimentos de desenvolvimento apresentamos a elas as HQs percebemos que
regional (FREITAS, 2009. p. 16). um mundo estava sendo descoberto por elas
e embora conhecessem vários personagens
Os amazônidas são os atingidos por destas histórias, conheceram diferentes
políticas desenvolvimentistas como o slogan histórias, como a importância da escrita como

104 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


a construção dos desenhos, os personagens, As crianças levaram para casa as HQs
o contexto, o ambiente em que se passava para que pudessem ler, observar, e imaginar
a história, sendo cada detalhe fundamental elas próprias construindo as suas histórias.
nesse tipo de texto. Após esse contato, fizemos com que elas
No momento inicial que tivemos com as compartilhassem as HQs que haviam lido
crianças, elas puderam conhecer uma outra com a turma. Este foi um momento singular
maneira de estudar em coletivo, contribuição para elas, pois, as crianças não têm a prática
essa que os professores das turmas podem de construir pensamentos reflexivos a partir
inserir as HQs em diferentes disciplinas e no de suas próprias falas.
decorrer do ano letivo. Pertencer ao ambiente de vida, perpassa
Esse tipo de metodologia de ensino na vontade de viver naquele local, como
com HQs ajuda a criança ser praticante de também transformar esse local de maneira
leitura e intepretação textual, descontruindo ética, compromissada com o coletivo, tendo
a percepção que muitas possuem que a a percepção de que o ser humano está no
escola é um lugar chato e que a leitura é algo mundo como parte dele, entendendo que
maçante, mas um processo que dá prazer, não é superior a nada. Seja uma constante
como o compartilhar o que cada um leu com para que:
o colega.
As HQs na sala de aula tem o poder de O espírito humano se abre ao mundo.
A abertura ao mundo revela-se pela
transformar o que as crianças assistem nos
curiosidade, pelo questionamento,
desenhos da televisão, como os filmes que pela exploração, pela investigação,
assistem em leitura em sala de aula que os faz pela paixão de conhecer. Manifesta-
construir conhecimento de maneira coletiva se pela estética, pela emoção, pela
sensibilidade, pelo encantamento
por meio de orientação com o professor e
diante do nascer e do pôr do sol, da lua,
com o que acontece na comunidade em que da avalanche das ondas, das nuvens,
vivem. das montanhas, dos abismos, da beleza
A figura1, abaixo representa esse dos enfeites naturais dos animais, do
canto dos pássaros; e essas emoções
momento de leitura e compartilhamento
vivas estimularão a cantar, desenhar,
coletivo do que foi lido e aprendido na HQs pintar. Incitar a todos os começos. O
que estava em suas mãos. espírito humano se sentirá estimulado
pela sua pertença ao mundo; de um
lado, há o sentimento de estranheza
Figura 1: Leitura em duplas na sala de aula das em relação a esse mundo; de outro, o
Histórias em Quadrinhos–HQs. correspondente a nosso estatuto de
filhos do cosmo, estrangeiros no cosmo
(MORIN, 2012, p. 40).

A relação de pertença ao mundo e ao


mesmo tempo o sentimento de estranheza.
Relação essa que as crianças que vivem
na comunidade do Mato Grosso no
Assentamento de Vila Amazônia precisam
ter e sentir que pertencem ao lugar como
estranhá-lo, para que olhem a comunidade
como um lugar em construção sócio-histórica.
Fonte: Próprio autor, 2017. Assim, busquem constantemente o processo

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 105


histórico da comunidade, para que seja mais Na figura 2 a criança está construindo uma
significativo para cada ser humano que vive HQs, criando a história que quiser, partindo
no Assentamento. das orientações em sala de aula, dialogando
Em outro momento, pedimos que com o que leu na HQs, para que desperte
as histórias em quadrinhos lidas fossem o senso crítico como leitor que concorda
representadas por elas por meio de e discorda do texto lido. Como Vergueiro
construções de HQs. aponta as relações entre os códigos, são
essenciais o visual e o verbal.
Figura 2: Criança desenhando a sua História em
Quadrinhos – HQs.
Em primeiro lugar, nota-se que as
histórias em quadrinhos constituem
um sistema narrativo composto por
dois códigos que atuam em constante
interação: o visual e o verbal. Cada um
desses ocupa, dentro dos quadrinhos,
um papel especial, reforçando um ao
outro e garantindo que a mensagem
seja entendida em plenitude. Alguns
elementos da mensagem são passados
exclusivamente pelo texto, outros têm
na linguagem pictórica a sua fonte
de transmissão. A grande maioria
das mensagens dos quadrinhos, no
entanto, é percebida pelos leitores por
intermédio da interação entre os dois
códigos. Assim, a análise separada
de cada um deles obedece a uma
necessidade puramente didática, pois,
dentro do ambiente das HQs, eles não
podem ser pensados separadamente
Fonte: Próprio autor, 2017.
(VERGUEIRO, 2014, p. 31).

O processo de representar o que leu nas Após as crianças terminarem as


HQs em sala de aula foi construído através construções de suas HQs, fizemos uma roda de
de diálogos coletivo em que cada estudante conversa para apresentação de cada criação.
ou dupla compartilhava as leituras que Foi um momento rico e de aprendizado tanto
realizaram, após isso ensinamos como são para as crianças como para os professores
construídas. das turmas, quando foi possível compreender
A figura 2 representa este momento que as crianças possuem autoria e devem
mencionado. Quando iniciamos o projeto as ser estimuladas a serem autoras de histórias
crianças não conseguiam perceber que as como as que construíram, bem como passar
imagens e os cotidianos possuem informações a responsabilidade a elas pela criação de
que são importantes para o aprendizado em diferentes gêneros textuais.
sala de aula. A figura 3 representa o momento
A construção de histórias em quadrinhos da relação de um personagem das HQs,
foi o conhecimento delas, o que seria HQs. Em com a vida do estudante, demonstrando
seguida, tiveram a oportunidade de construir a experiência em andar na floresta, estar
suas próprias HQs. Depois escreveram correndo perigo e aparecer o super-herói
redação a partir das histórias de cada família para salvá-lo. Construções de escrita e
na comunidade.

106 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


desenho como essa dão a possibilidade do diversas histórias a partir de sua criatividade, a
estudante ser criativo e perceber que pode se transformar em um ser pensante, reflexivo
ser autor, criador e principalmente valorizar no seu processo de construção enquanto ser
suas experiências. humano. A relação de empatia pelo outro na
No mesmo encontro pedimos que história em quadrinho demonstrada na figura
as crianças construíssem Histórias em 3, aponta que o professor não precisa trazer
Quadrinhos representando a vida delas e apenas as histórias do livro didático, mas
da família na comunidade. Nestas histórias aproveitar esse tipo de atividade como ponte
encontramos as peculiaridades do lugar, o para o ensino interdisciplinar.
que faz o lugar existir socialmente. O diálogo retratado entre os personagens
da figura 3 demonstra o processo de criação
Figura 3: Desenho representativo do lido nas HQs com
a realidade da criança.
da criança, como o local em que ela vive,
embora coloque nomes de animais que não
existem no local em que mora, como o javali,
mas são representações do imaginário com a
realidade, processo cheio de potencial para
uma educação que nasça no ambiente de
vida e se relacione com o resto do mundo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho com HQs na educação


não é tarefa fácil. Na tentativa de inserção
na sala de aula, percebemos muitas
desconfianças de muitos profissionais tanto
no próprio instituto como na escola em que
foi trabalhado o projeto. Parece-nos que
Fonte: Próprio autor, 2017. esse tipo de metodologia no pensamento
de muitos profissionais da educação não
Na figura 3, temos uma das construções trará nenhum benefício para o ensino e
de HQs por uma criança da comunidade aprendizagem das crianças, mas através de
do Mato Grosso. No primeiro quadro à estudos e de profissionais que trabalham este
esquerda, encontramos um jovem com tipo de gênero textual em sala de aula, foi
uma cobra, que no diálogo no balão diz: possível por meio desse auxilio na construção
“não tenho medo de feras”; No outro quadro deste projeto de extensão na escola de São
encontramos a representação do Capitão Francisco na Comunidade Mato Grosso no
América enfrentando outro animal, em que o Assentamento de Vila Amazônia.
personagem diz: “meu escudo é minha defesa Este artigo demonstrou que as HQs
contra vocês”; A seguir, um jovem encontra- em sala de aula são um grande aliado para
se em perigo na floresta, sendo atacado por a aprendizagem de diferentes disciplinas
um javali, e no último quadrinho aparece o na escola, e, principalmente, trabalhar a
Capitão América onde o jovem o agradece: criatividade do estudante na construção
“obrigado, amigo por ter me salvado”. de códigos como a imagem e a linguagem
Esse tipo de atividade em sala de aula leva escrita, auxiliando o estudante a aprender
a criança a perceber-se capaz de construir as sobre seu próprio local de vida, ajudando a

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 107


escola a interagir com a comunidade e com POLLAK, Michael. Memória, esquecimento,
os sujeitos que vivem nela. silêncio. Revista Estudos Históricos. Rio de
O processo de trabalho com HQs nas Janeiro, v. 2, n.3, p.3-15, jun. 1989.
escolas do Assentamento deve ser uma
SANDÍN ESTEBAN, Maria Paz. Pesquisa em
atividade metodológica cotidiana, realizada
educação: fundamentos e tradições. Porto
por meio de constantes diálogos entre as Alegre: AMGH, 2010.
instituições escolares e as comunidades nas
quais os sujeitos e pais das crianças participam SANTOS, R. E.; VERGUEIRO, W. Histórias em
de maneira direta desse tipo de metodologia, quadrinhos no processo de aprendizado: da
em que os professores aproveitem esse tipo teoria à prática. EccoS, São Paulo, n. 27, p. 81-
de prática nas aulas e que os estudantes 95. jan./abr. 2012.
criem, registrem, pesquisem o próprio local
VERGUEIRO, Waldomiro. A linguagem dos
em que vivem, relacionando-os com as quadrinhos: uma “alfabetização necessária.
histórias macros do Brasil e do Mundo. In: ____________ (org). Como usar as histórias em
quadrinhos na sala de aula. 4ª ed. – São Paulo:
Contexto, 2014. p. 31-64.
REFERÊNCIAS
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em movimento. In: ARROYO, Miguel Gonzalez;
CALDART, Roseli Salete; MOLINA, Mônica
Castagna (org.). Por uma educação do Campo.
– Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.

CERBONE, David R. Fenomenologia. –


Petrópolis, Rj: Vozes, 2012.

FREITAS, Marilene Corrêa da Silva. Os


amazônidas contam sua história: territórios,
povos e populações. In: SHERER, Elenise;
OLIVEIRA, Aldemir de (Orgs.). Amazônia:
território, povos tradicionais e ambiente. –
Manaus: Editora da Universidade Federal do
Amazonas, 2009.

MEDEIROS, Mônica Xavier. Memórias,


histórias e reforma agrária em Vila Amazônia
(Parintins/AM). Anais do VII Encontro Regional
sul de História oral. História e a integração
Latino-americana, 2013.

MERLEAU-PONTY, Maurice, 1908-1961.


Fenomenologia da percepção. – 3ª ed. – São
Paulo: Martins Fontes, 2004.

MORIN, Edgar. O método 5: a humanidade


da humanidade. 5ª ed. – Porto Alegre: Sulina,
2012.

108 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


EVOLUÇÃO DO CARRINHO DE ROLIMÃ:
GRAVITY RACING DAS CACHOEIRAS
2016

Evolution of Rolimã Cart: Gravity Racing in the falls


2016
Benjamin Batista de Oliveira Neto1
Andrezza Barbosa Carvalho2

Resumo: O presente relato de experiência apresenta a criação de um


evento intitulado Evolução do Carrinho de Rolimã: Gravity Racing das
Cachoeiras 2016 que teve como objetivo o desenvolvimento de um
evento com a corrida de carros, os quais possuem uma estrutura mínima
de gaiola em formato de habitáculo, que foram construídos por equipes
obedecendo critérios de segurança descritos em regulamento próprio,
com o intuito de assegurar a vida do condutor e que ao mesmo tempo
garantisse o desempenho do protótipo. A realização da 1ª edição do
evento ocorreu no último dia da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia
(SNCT) de 2016 numa via da AM 240, km 7- Presidente Figueiredo. Tendo
em vista a relevância da atividade o Campus Presidente Figueiredo já
garantiu as próximas edições. Desenvolvido por vias de competição
composta por equipes de alunos do IFAM Campus Presidente Figueiredo
o projeto integrou disciplinas do eixo de controle e processos industriais,
das ciências da natureza e matemática, de forma a possibilitar a
interdisciplinaridade e multidisciplinaridade no que tange ao processo
de ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Protótipos. Gravidade. Interdisciplinaridade.

Abstract: The present experience report presents the creation of an event


titled Evolution of Rolimã Cart: Gravity Racing of Waterfalls 2016 that has as
main objective the development of an event with cars racing, which have a
minimum structure of cage in the form of a passenger compartment, which
were built by teams obeying safety criteria described in their own regulation
to ensure the life of the driver and at the same time the performance of the
prototype. The first edition of the event took place on the last day of the
National Week of Science and Technology (SNCT) of 2016 in the AM 240
km 7-Presidente Figueiredo road, because of the relevance of the activity the
Campus has already guaranteed the next editions . Developed by competition
composed by teams of IFAM Campus Presidente Figueiredo students, the
project integrated disciplines of the axis control and industrial processes, the
natural sciences and mathematics in order to allow the interdisciplinarity
and multidisciplinarity regarding the teaching-learning process.

Keywords: Prototypes. Gravity. Interdisciplinarity.


1 Especialista em Gestão de Projetos, Docente, Instituto Federal do Amazonas, Campus
Presidente Figueiredo – IFAM/CPRF. benjamin.neto@ifam.edu.br
2 Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Docente, Instituto Federal do
Amazonas, Campus Presidente Figueiredo – IFAM/CPRF. andrezza.carvalho@ifam.edu.
br

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 109


INTRODUÇÃO as matérias através da compreensão dos
diversos fatores que intervêm sobre a
O “Gravity Racing” das Cachoeiras ou realidade educacional.
corrida de carros em Presidente Figueiredo/ A interação entre as disciplinas
Amazonas, terra das cachoeiras, é uma aparentemente distintas é exequível. Quando
competição onde os competidores descem as mesmas conversam entre si, completando
ladeiras em carros que têm a gravidade umas às outras, vislumbra-se a possibilidade
como única força. O evento já é realizado em de um saber crítico- reflexivo.
outros países com participação de grandes Segundo LIBÂNEO (1994), a
montadoras tais como Audi, Bentley, Chrysler, interdisciplinaridade é eficaz se atingir as
Nissan, Lotus e Volvo. metas educacionais de maneira eficiente, ou
O projeto foi idealizado dentro dos seja, neste processo ensino x aprendizagem
moldes de uma competição que serviu como há a combinação de atividades docente
principal estímulo para os participantes. e discente para que o aluno dentro deste
Estes, a priori, denominados competidores, contexto alcance progressivamente o
desenvolveram protótipos que se deslocaram desenvolvimento intelectual.
por gravidade como única força propulsora. A multidisciplinaridade, por sua vez,
Nessa competição, composta por equipes ocorre quando há mais de uma área de
formadas por alunos do Curso Técnico conhecimento em um determinado projeto,
em Mecânica, desenvolveu-se o projeto como este, em busca de um objetivo final,
envolvendo disciplinas do Eixo de Controle mas cada uma destas disciplinas mantém
e Processos Industriais (resistências dos seus métodos e teorias em perspectiva, ou
materiais, processo de soldagem, processos seja, é um sistema de ensino que engloba
de fabricação etc.) e das Ciências da Natureza experiências em várias disciplinas, em busca
e Matemática (Física, Matemática, etc.), de metas a atingir dentro de um proposito
promovendo aos estudantes a obtenção e estabelecido.
fortalecimento de saberes escolares. FREIRE (1996) afirma que não existe
O processo do conhecimento inclui a ensino sem aprendizagem. Na relação
procura por novas informações, “fato este que educador e educando ora um aprende e/
não só possibilitou a busca de soluções para ou outro ensina e vice-versa. No processo
os mais diversos problemas da humanidade, pedagógico o aluno e o professor devem
como também permitiu o desenvolvimento ir além do ensinar e aprender. Os mesmos
social humano”. (BERNARDI, 2003, p. 101). devem assumir seus papéis de seres humanos
Apesar do enredo do projeto se desenhar com histórias e trajetórias únicas. O educador
por vias de uma competição, o enfoque e a precisa entender o seu aprendiz em toda a sua
proposta principal foi no desenvolvimento complexidade, em suas esferas biológicas,
de um projeto de cunho multidisciplinar e sociais, culturais, afetivas, linguísticas, entre
interdisciplinar que envolveu alunos do IFAM/ outras. Neste sentido o ensino-aprendizagem
CPRF, a comunidade e os servidores. promove o diálogo entre conteúdo curricular
De acordo com BRASIL (2006), a e conteúdos únicos tanto docente como
interdisciplinaridade é um elo entre a discente e o projeto oportunizou isso.
compreensão das disciplinas na diversidade Ao final, após a competição, vide figura
de áreas do conhecimento. A mesma não 1, foi promovida uma mostra dos protótipos
dilui as disciplinas, ao contrário, mantém dos carros produzidos, quando as equipes
sua individualidade e, portanto, integra fizeram o relato de experiência em relação

110 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


a construção dos protótipos, da competição 2. Inscrição das equipes - considerando
e principalmente o entendimento do que o IFAM/CPRF ofertava no atual cenário
projeto frente à sua vivência acadêmica de apenas o curso na forma subsequente foi
empoderamento dos saberes escolares e importante o quantitativo de discente por
técnicos. equipes. Dessa forma, cada equipe teria no
máximo cinco alunos do curso técnico em
A PROPOSTA Mecânica e opcionalmente mais cinco de
outro curso, de forma a minimizar os gastos
A proposta do Gravity Racing das por equipes e compartilhar conhecimentos
Cachoeiras surgiu da necessidade da adquiridos.
aplicação dos conhecimentos técnicos num
instrumento prático, de fácil interpretação 3. Reunião com as equipes inscritas
e abordagem multidisciplinar. O evento foi – a fim de promover a divulgação do
idealizado, também, como agente motivador projeto, da proposta e buscar recursos
à dinâmica de ensino-aprendizagem, pois sua com patrocinadores e apoiadores, além de
aplicação visou relevante impacto cognitivo orientá-los com o regulamento do evento e
e intelectual a fim de facilitar a busca por as normas de segurança.
conhecimento e aprendizagem.
4. Convite para as escolas do município
Figura 1: A corrida - imprescindível aspecto para promoção do
evento, do curso e da Instituição.

5. Implementação dos protótipos - os


projetos foram planejados segundo um
regulamento próprio e normas de segurança
para o piloto e equipe.

6. Divulgação do evento no município -


realizada com faixas, mídias sociais, rádio,
internet.

7. Realização do evento - ocorreu no


Fonte: Próprio Autor, 2016
último dia da Semana Nacional de Ciência e
Tecnologia (SNCT) de 2016.
O projeto foi desenvolvido em etapas:

8. Premiação das equipes - foram


1. Divulgação do projeto - a divulgação,
premiadas as equipes com melhor resultado
conforme figura 2, foi realizada nas turmas
de tempo e o protótipo com melhor design.
do Curso Técnico em Mecânica. Nessa
etapa, a divulgação orientou os discentes
9. Mostra dos protótipos - realizada na
da importância do projeto no que tange a
semana posterior a SNCT.
prática, a multidisciplinariedade, das datas e
do aspecto extensionista vislumbrado com a
competição.

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 111


Figura 2: A divulgação com Faixa Figura 3: Um dos protótipos participantes

Fonte: Próprio Autor, 2016 Fonte: Próprio Autor, 2016

UM LABORATÓRIO DE GARAGEM Para a fabricação dos protótipos o Campus


disponibilizou a estrutura do laboratório de
A concepção dos carros desenvolvidos Mecânica (materiais e equipamentos) para
respeitou regulamento próprio elaborado as equipes. No entanto, as mesmas optaram
pelo professor idealizador. por implementarem seus carros em oficinas
Cada equipe ficou responsável pelo e garagens.
projeto de um carro com uma estrutura As execuções da fabricação dos carros
mínima de gaiola em formato de habitáculo. deveriam atender, também, itens de
Para o financiamento do projeto os segurança estabelecidos no regulamento.
integrantes da equipe estavam liberados a Esses itens tinham como objetivo assegurar a
conseguir patrocinadores. Não ficou limitado integridade e a saúde do piloto e participantes.
o valor do investimento feito em cada carro, Os itens obrigatórios do protótipo foram:
porém sugeriu-se a utilização de materiais de quatro rodas, sem cantos vivos (o carro não
sucata ou recicláveis. poderia conter pontas ou cantos
Os materiais utilizados segundo “vivos” que pudessem machucar), cinto
regulamento deveriam ser sólidos, que de segurança de três pontos, freios que
garantissem a consistência dos diâmetros e mantivessem o carro parado na largada
parâmetros promovidos pela regulamentação. e controlasse a sua velocidade durante o
Dessa forma, as equipes ficaram livres para percurso, bem como garantisse a segurança
utilizar quaisquer materiais para a construção do motorista, ropps roll (Santo Antônio),
do protótipo. Na figura 3, há um exemplo de capacete homologado e aprovado para
um projeto com materiais sólidos (estrutura motos, sistema de freios nas quatro rodas,
metálica) que os participantes construíram. sistema de volante do tipo “go kart”3, roupa
apropriada e sapatos fechados.

A COMPETIÇÃO
O evento ocorreu no turno vespertino
do último dia da SNCT do IFAM/CPRF (21
3 Sistema de volante operável para garantir dirigibilidade
com segurança em modelos do tipo kart.

112 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


de outubro) numa via da AM 240, km 7 - turismo local até o cenário das mídias sociais.
Presidente Figueiredo, vide figura 4 a seguir. No que tange o turismo local houve
bastante procura por estudantes de
Figura 4: A disputa e a apreciação
Instituições de ensino superior e outras
Escolas de Manaus interessados em participar
do evento.
A expectativas dos próprios munícipes
e de todo o Campus foi fundamental para
potencializar a divulgação do evento e
inspirar as equipes e os servidores envolvidos
na realização do evento.
Repórteres de telejornais, blogs e
mídias sociais também contribuíram para
o marketing do projeto. Conforme figura 5,
houve entrevistas com as equipes e servidores
Fonte: Próprio Autor, 2016
envolvidos durante a corrida. Esse fator foi
primordial para a edição 2017.
Considerando que a proposta foi Outro aspecto de bastante relevância
implementar um protótipo que tivesse foi a institucionalização do evento. Com
apenas a gravidade como energia propulsora, todas as demandas e pontos positivos que
a corrida foi realizada numa ladeira situada o mesmo ofereceu ao IFAM/CPRF a gestão
no endereço supracitado. interpretou como uma potencial proposta de
institucionalizar o mesmo afim de garantir as
A ordem de descida dos carros foi próximas edições.
estabelecida por sorteio prévio com Figura 5: Entrevista com piloto de equipe
representantes de cada equipe. As equipes
foram responsáveis pelo deslocamento dos
carros durante o evento. Houve uma rota
para carros de apoio. Vale ressaltar que o
total de equipes participantes foram oito.
A disputa foi realizada em duas etapas.
Na primeira, cada equipe teve a chance de
teste do protótipo e possíveis melhorias antes
da próxima rodada oficial.
Na segunda etapa, foram três rodadas de
disputa para estabelecer os melhores tempos
em ordem crescente. Fonte: Próprio Autor, 2016

Além disso, houve a escolha do protótipo


com melhor design, vide figura 6.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
O Gravity Racing das Cachoeiras 2016
promoveu impactos que englobam desde o

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 113


Figura 6: Premiação da Competição O projeto Gravity Racing das Cachoeiras
pode ser compreendido da seguinte forma:
um projeto em constante melhoria. É assim
que o Gravity Racing busca se desenvolver
desde a sua criação, sempre na expectativa de
oferecer novas experiências ao seu alunado e
para a sociedade figueiredense, na tentativa
de manter a pesquisa e inovação.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao IFAM - Campus


Fonte: Próprio Autor, 2016
Presidente Figueiredo por entender a
relevância do evento para o Campus e,
CONSIDERAÇÕES FINAIS portanto, por em prática a institucionalização
garantindo as futuras edições e a Pró-Reitoria
Projeto de enfoque multidisciplinar e
de Extensão (PROEX) que possibilitou, através
extensionista consolidou o Gravity Racing
do Edital nº 005 PROEX/ IFAM, a seleção de
das Cachoeiras 2016. Na perspectiva do
trabalhos relacionados à extensão para a
saber fazer, da busca pelo conhecimento,
publicação na 6ª edição da NEXUS – Revista
do entendimento teórico-prático despertou
de Extensão do IFAM.
em toda a comunidade do IFAM/CPRF a
E de forma especial a todos os discentes
formatação de um projeto de cunho científico
que participaram das ações realizadas.
com o objetivo de promover o Curso Técnico
Por fim, agradecemos a todos os
em Mecânica e toda a Instituição num evento
colaboradores que contribuíram direta
que a comunidade pode prestigiar.
e indiretamente para a realização desse
A ideia central foi integrar a sociedade
projeto.
como um todo, tanto no Campus quanto
fora dele, a fim de estender conhecimentos
das diversas áreas contempladas no
REFERÊNCIAS
desenvolvimento do protótipo. BERNARDI, M. M. A importância da iniciação
Uma competição de carros como esta, científica e perspectivas de atuação profissional.
de forma geral, cria oportunidades para os Biológico, São Paulo, v. 65, n.1/2, p.101, jan/
alunos tomarem a iniciativa e aplicarem todos dez, 2003.
os conhecimentos adquiridos nos bancos de
BRASIL. Ministério da Educação-MEC,
sala de aula em uma situação real. Durante
Secretaria de Educação Básica. Orientações
o processo de desenvolvimento do projeto
Curriculares para o Ensino Médio: Ciências da
foi possível perceber o quanto é importante natureza, matemática e suas tecnologias.
ter disciplina, organização, criatividade e ser Brasília, 2006.
maleável para lidar com os imprevistos que
surgem. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia:
Assim, com o Evento houve o estímulo saberes necessários à prática educativa. São
nos discentes em aplicar a teoria de sala de Paulo: Paz e Terra, 1996.
aula num projeto prático e relacionado ao
LIBÂNEO, J. C. O processo de ensino na escola.
curso técnico. São Paulo: Cortez, 1994. P. 77-118.

114 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


NORMAS DE PUBLICAÇÃO NA REVISTA NEXUS

OBJETO

Selecionar propostas de trabalhos em forma de artigos inéditos e relatos de experiências


de projetos e/ou programas de extensão, executados no âmbito do IFAM ou de outras
Instituições Públicas de Ensino Superior, para serem publicados na 6ª edição da Nexus – Revista
de Extensão do IFAM.

CONCEPÇÃO DE EXTENSÃO

A extensão é o processo educativo, cultural, político, social, científico e tecnológico que


promove a interação dialógica e transformadora entre as instituições e a sociedade,
levando em consideração a territorialidade. (FORPROEXT, 2015)

CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO

Poderão apresentar propostas, servidores e alunos do IFAM e de outras Instituições


Públicas de Ensino Superior. Os alunos que apresentarem proposta deverão estar regularmente
cursando um dos cursos superiores do IFAM ou de outras Instituições Públicas de Ensino
Superior.

SUBMISSÃO DAS PROPOSTAS

A submissão dos trabalhos para a Nexus deverá ser feita por meio do sistema online SEER/
OJS no endereço www.ifam.edu.br/nexus . Em caso de dúvidas, pode-se consultar o “Tutorial
de submissão” no site da Revista. No prazo determinado por editais publicados pela PROEX.

NORMAS DE PUBLICAÇÃO

Diretrizes para o autor

A proposta de artigo ou relato de experiência deverá ser original e não poderá estar sendo
avaliada para publicação em qualquer outro periódico.

O IFAM não se responsabiliza por conflitos entre autores, financiadores, patrocinadores e


outros eventualmente envolvidos e/ou citados nos textos decorrentes de diferenças/
divergências/ interesses, sendo de total responsabilidade dos autores o conteúdo do texto
elaborado.

As propostas deverão ser revisadas gramaticalmente pelos autores, ou por quem eles
designarem, antes de serem submetidos à avaliação da revista.

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 115


Cada autor (individualmente ou em coautoria) poderá submeter até dois artigos nesta
chamada.

Artigos aprovados com ressalvas serão encaminhados para reformulação por parte dos
autores. Nesses casos, o Comitê Editorial poderá solicitar as mudanças necessárias para a
aceitação definitiva do texto.

O artigo encaminhado aos autores para reformulação deverá retornar ao Conselho


Editorial no prazo máximo de 07 dias, excedendo este prazo, o artigo não será aceito para
nova submissão.

Caso o artigo seja aceito para a publicação, é facultada ao Comitê Editorial a realização de
ajustes na formatação.

A identificação do autor não poderá constar do conteúdo do trabalho original, com


vistas à manutenção do anonimato no processo de avaliação.

Diretrizes para submissão (serão obrigatórios todos os itens)

O texto deverá estar de acordo com as Normas Técnicas da ABNT, obedecendo ainda a
seguinte configuração: ser digitado em Word, tamanho da página A4, espaço 1,5, fonte Times
New Roman, tamanho 12, margens: superior e esquerda 3,0 / inferior e direita 2,0.

O título do trabalho deverá estar escrito nas línguas portuguesa e inglesa. O título em
português deverá ser digitado primeiro (em letras maiúsculas, negrito, fonte 16), ser claro,
conciso, objetivo e não deve conter abreviaturas. O título em inglês deverá ser digitado abaixo
do título em português (em letras minúsculas, fonte 12, negrito, itálico).

O nome do autor e dos coautores deverão ser colocados abaixo do título em inglês,
alinhado à direita, devidamente enumerada em nota de rodapé, deve constar sua maior
titulação acadêmica, atuação profissional com identificação da Instituição pertencente, seguido
do e-mail. São permitidos trabalhos com até 3 coautores, além do autor principal. Os nomes
dos autores deverão constar apenas na versão final dos trabalhos, após a avaliação.

Exemplo de rodapé: Especialista em Linguística, Docente, Instituto Federal do Amazonas,


Campus Tabatinga – IFAM/CTAB. joazinho@hotmail.com

O resumo deverá conter de 100 a 250 palavras, assegurando informações quanto à


motivação do estudo, objetivos, método, resultados parciais e finais. Tamanho da fonte 10,
espaçamento simples, em um único parágrafo (aplica-se também ao Abstract).

Palavras-chave e Keywords: até três, devendo constar após o Resumo e Abstract,


respectivamente. Separadas por ponto.

116 Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 Nexus Revista de Extensão do IFAM


O corpo do texto deverá contemplar os elementos propostos para cada Categoria de
trabalho de acordo com o item 6.5. Os subtítulos de cada seção, se houver, deverão ser escritos
em maiúsculas, com alinhamento à esquerda e separação do parágrafo anterior por uma linha
em branco. O corpo do texto deverá ser formatado em duas colunas por página.

Os textos devem ter até 6 (seis) Ilustrações (desenhos, esquemas, fluxogramas, fotografias,
gráficos, mapas, organogramas, plantas, quadros, retratos, diagramas.) As imagens devem ter
resolução mínima de 1.800 x 1200 pixels ou 2,1 megapixels, com a dimensão de 10 x 15cm,
com legenda e crédito do autor, e ter espaço marcado no texto.

As ilustrações deverão ser referenciadas no texto em ordem consecutiva e identificadas,


por número arábico precedido da palavra que a corresponde, ex. Figura, Quadro, Tabela
ou Gráfico. O título na parte da superior da Ilustração, alinhado a esquerda e a autoria na
parte inferior, alinhado a esquerda. Ilustrações de própria autoria deverão ser referenciadas:
Próprio autor, seguido do ano. Figurando o mais próximo possível do texto em que foram
referenciados.

Exemplo:

Figura 1: Campi do IFAM

Fonte: Próprio autor, 2017.

As figuras, tabelas, gráficos e quadros deverão, também, ser encaminhados em arquivos


separados do texto, no formato JPG, a fim de facilitar a diagramação da revista. Fórmulas e
equações devem ser convertidas para figuras, evitando assim que os números e resultados
sejam alterados durante a formatação.

As citações e referências bibliográficas devem seguir com rigor as diretrizes da Associação


Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em especial NBR 6023/2002, para referências, e a NBR
1052/2002, para citações.

As referências às citações deverão ser feitas no corpo do texto. Exemplo: (AUTOR, ano,
página). Citações com mais de três linhas deverão vir em espaço simples, tamanho 10 e recuo
4cm. Todos os autores citados deverão constar das referências completas ao final do texto.

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 117


As citações indiretas, de acordo com NBR 10520/2002, deverão ser citadas seguidas de
referência ao autor original, de forma semelhante ao caso de citações diretas, porém sem o
número da página, desta forma (SOBRENOME, ano).

A indicação de bibliografia, ao final do trabalho, em espaço simples, justificado, com um


espaço entre uma referência e outra. O padrão para cada referência é apresentado a seguir:

No caso de livro: SOBRENOME, Nome. Título em itálico. Edição (se for a primeira, não
colocar). Local de publicação: editora, data. Página(s) utilizada(s).

No caso de coletânea: SOBRENOME, Nome. Título do capítulo. In: SOBRENOME, Nome


(Org.). Título em itálico. Edição (se for a primeira, não colocar). Local de publicação: editora,
data. Página(s) utilizada(s).

No caso de artigo: SOBRENOME, Nome. Título do artigo. Título do periódico em itálico. Local
de publicação, volume, número do periódico, mês, (abreviado) e ano de publicação, página(s)
utilizada(s).

No caso de dissertação/tese acadêmica: SOBRENOME, Nome. Título da dissertação/tese


em itálico. Ano da defesa. Número de folhas. Dissertação (Mestrado) ou Tese (Doutorado),
instituição em que foi defendida (Faculdade e Universidade), local, ano.
No caso de textos consultados em sites: SOBRENOME, Nome. Título em itálico. Disponível
em: <xxxxxx.xxx.xx>. Acesso em: xx xxx. xxxx.

Quando do envio dos trabalhos, os autores deverão concordar com o termo de submissão
de artigo e de autorização para publicação, cessão de direitos autorais e declaração de
originalidade e ineditismo, constante no sistema SEER/OJS na página www.ifam.edu.br/
nexus

A submissão dos trabalhos implica a anuência incondicional das normas da Revista


Nexus, como também a cessão total, irrevogável e gratuita dos direitos autorais a eles
pertinentes.

Os autores serão inteiramente responsáveis pelas citações, referências, titularidade e


originalidade dos trabalhos e opiniões manifestadas nos artigos/relatos de experiência.

Não serão devidos direitos autorais ou qualquer outro tipo de remuneração pela
publicação dos trabalhos na Revista Nexus , independentemente do tipo de mídia em
que sejam publicados.
CATEGORIA DE TRABALHO PARA A REVISTA

Artigos e Relatos de experiências bem sucedidas de projetos e/ou programas de extensão.

Artigos

Entende-se por Artigo os trabalhos que apresentem contribuição nova ao conhecimento


e que estejam relacionados com ações na área de Extensão. Incluem-se aqui os resumos
de trabalhos como resultados parciais ou finais originados destas ações. Devem conter:
Título (português e inglês), Resumo (100 a 250 palavras), Abstract, Palavras-chave, Keywords,
Introdução, Referencial Teórico, Metodologia, Resultados e Discussão, Considerações Finais,
Agradecimentos (Opcional) e Referências (seguir as normas da ABNT). Os Artigos deverão ter
no mínimo 10 (dez) laudas e não poderão exceder o limite de 15 (quinze) laudas, incluindo
os anexos. Na seção Resultados e Discussão os autores deverão apresentar dados que
comprovem os resultados.

Relatos de experiência

Entende-se como Relato de Experiências textos que descrevam a experiência da execução


de projetos/programas, de forma clara e concisa, demonstrando a importância dos mesmos
para o público-alvo e os impactos educacional e/ou social e/ou econômico atingidos, como
também a contribuição na formação dos discentes envolvidos. Devem conter: Título (português
e inglês), Resumo (100 a 250 palavras), Abstract, Palavras-chave, Keywords, Introdução;
Desenvolvimento (não deverá ser usado como subtítulo a palavra DESENVOLVIMENTO. A essa
seção deverá ser atribuído um subtítulo que caracterize o relato, podendo a seção ser dividida
em mais de um subtítulo); Considerações Finais, Agradecimentos (Opcional) e Referências
(seguir as normas da ABNT). Os Relatos de Experiências deverão ter no mínimo 08 (oito) laudas
e não poderão exceder o limite de 10 (dez) laudas, incluindo os anexos.

Nexus Revista de Extensão do IFAM Vol.3 | Nº1 | Jun. 2017 119

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