associadas, sendo preocupante o seu

desaparecimento.
A sua madeira é pesada e dura, utilizada em
marcenaria, cestaria, construção naval,
tanoaria. As folhas e cascas, ricas em taninos,
são empregues na medicina tradicional e no
tingimento de peles.
A castanha de excelente valor nutricional é
substituída pela batata na Península Ibérica ,
pode ser consumida de todas as formas
possíveis: crua, assada, cozida, frita, em sopas,
doces, « pilada » ( secas ao fumo). Um ícone na
gastronomia de Marvão.

O Castanheiro
O nome origina de Kastana, Kastamonu
(cidade do norte da Turquia) e Sativa, planta
ou produto cultivado, não espontâneo -
Castanea sativa.
Esta espécie é a mais importante das 12 que
podemos encontrar na Euro-Asia, América do
Norte e Europa. A Itália possui a maior área
florestal de castanheiro, atingindo centenas
de milhar de hectares. Em Portugal estende-se
por todo o país, onde a sua maior
concentração é no Nordeste Transmontano. A
Serra de S. Mamede é considerada « um
verdadeiro santuário do castanheiro ».
Existindo há cerca de 40 milhões de anos, o
castanheiro é uma arvore de porte majestoso,
muito robusta, podendo alcançar 30m de
altura e 20m de diâmetro de copa e atingir um
milhar de anos de idade.
Muito apreciada em jardins, prefere solos
profundos, bem drenados, graníticos ou
xistosos. Brota lentamente no início para
acelerar o seu crescimento até aos 50 anos.
Folhas caducas, dentadas de 10 - 20cm,
floresce de Maio a Junho, tendo
simultaneamente flores masculinas e
femininas; os seus frutos -as castanhas-
atingem a maturação em Outubro e
Novembro, libertando-se dos ouriços. Pode
aparecer juntamente com carvalhos ou em
povoamentos mono específicos : o manso,
vocacionado para a produção de castanhas-
souto; o bravo, vocacionado para a
produção de lenho - castinçal.
A sua presença contribui para a diversidade
biológica, devido ao crescimento espontâneo
de vegetação debaixo das suas copas:
bolbos, ervas aromáticas e diversas espécies
de cogumelos, em simbiose com a arvore.
Devido ás alterações climáticas, o
castanheiro tem revelado algumas
fragilidades devido a doenças
A Castanha de Marvão:
Denomição de Origem Protegida
Obtidas a partir do castanheiro Castanea
sativa Miller, das variedades Bárea, Clarinha
ou Enxerta e Bravo.
Área geográfica: Marvão, Castelo de Vide,
Portalegre.
Variantes: castanha fresca e pilada.
Calibre: 80/125 frutos / Kg
Fruto seco: castanha pilada (pelada).
Licor de castanha:
Composição: castanha pilada, aguardente.
Bordados com casca de castanha:
A origem dos bordados é desconhecida; os
mais antigos datam dos anos - 1840 e 1917 -
Museu de Marvão.
Os bordados são executados com a casca
de castanha molhada para se tornar moldável
e pode ser utilizada em ambos os lados, sendo
fixa com pontos de filosel, em bastidor.
Coordenação: Lígia Lima Casa Nova, Boto
Arquitectura: António J. R. Realinho
Arquitectura Paisagística: Manuela J. B. F.
Pólo de
Murteira Exposição
Espólio da oficina: Propriedade da Família
Permanente
Delgado.
Declarado de Interesse Turístico. do
Artesanato
Bibliografia:
IBN MARUAN- Revista Cultural do Concelho de
do
Marvão, nº7, Castanheiro
Dezembro de 1997-”Artes e Ofícios tradicionais
Relacionados com o castanheiro e com a
castanha, no Concelho de Marvão”, de
Henrique Videira.
Textos e Ilustrações: Lígia L. Casa-Nova Boto Santo António das Areias
Agradecimentos: Nunes Sequeira, S .A., Regina
Delgado, Drª Maria Ana Castelo Branco Marvão, Alentejo
(PPART), Portugal
Drª Jesus Ceia (Associação de Agricultores de
Portalegre).
Patrocinadores:
Grácio, Boto e Casa-Nova, Lda.
Avenida 25 de Abril, nº 20-A,
7330 Santo António das Areias
Tel.: 351 245 992640 / 245992247
Fax: 351 245 992500 / 992276
Horário: 10,30 / 13,00 e 14,30 / 17,00 horas.
Grupos: marcação prévia
Outros serviços: exposições temporais, área de
descanso, loja de produtos regionais.
 A Cestaria
A cestaria compreende algumas das
primeiras técnicas inventadas pelo homem e
em Portugal a sua origem remonta pelo
menos ao tempo dos castros.
A existência de castinçais nas encostas de
Marvão desde tempos imemoriais, tornou a
sua cestaria num dos símbolos mais
representativos do artesanato do concelho.
De excelente robustez, os cestos de
castanho, as canastras, eram utilizados para
o transporte e armazenamento de frutos -
apanha da azeitona, da cereja, nas hortas -
e utensílios domésticos. Marcante nos usos e
costumes das suas gentes mas, cuja
actividade se encontra-se em vias de
extinção,.pretende esta exposição preservar
os cestaria do castanheiro protegendo os
instrumentos relacionados, contribuindo para
a divulgação do Património Cultural,
valorizando as Artes e Ofícios da Freguesia e
do Concelho.
....Artesãos a laborar no concelho: Abegoa e
São Salvador de Aramenha.
Passo a passo:
Preparação das varas:
O trabalho do artesão começa nos
castinçais com o cuidado desde o
nascimento dos rebentos: limpeza de ervas
daninhas, controle do seu crescimento, corte
dos retorcidos, defeituosos, desbaste.
As varas utilizadas são cortadas entre o 4º
ano e o 6º ano, durante o período de
dormência da planta -Quarto Minguante de
Janeiro, o ideal para evitar o caruncho.
O corte realizado geralmente pelos
artesãos, que negoceiam com os donos dos
terrenos as parcelas produtoras das varas. O
transporte até à oficina, outrora em burros ou
a ombro.
Segue-se a selecção por comprimentos e
diâmetros, atados em molhos.
O enterramento das varas « verdes» é
primordial para a sua conservação, caso não
sejam preparadas imediatamente - ausência
de luz e temperatura baixa.
O descasque do vime pode ser a frio -
utilizado para a variedade clara: submergido
em tanques água durante1a 2 meses.
A cozedura ajuda a desprender a casca e
a obter tonalidades acastanhadas. As varas
são cozidas em água, girando-as
continuamente, para não cozerem
demasiado (a madeira queima) nem ficarem
cruas (a madeira não serve). Esta técnica
facilita o descasque e, devido ao
arrefecimento lento, confere maior
elasticidade á madeira, pelo aumenta a
qualidade das peças. Procede-se
seguidamente á secagem das varas.
Depois de raspadas com o podão, são
abertas ao meio com o machado. Como as
rachaduras não são regulares, é necessário
lavrar cada tira no cavalo para lhes conferir
dimensões homegeneas.
Sequência, a arte de tecer:
O fundo: a elaboração de qualquer peça
inicia-se sempre pelo fundo com tiras mais
largas: cruzam-se oito pares, entrelaçadas
com fiadas torcidas de dois ou três vimes.
Tece-se do centro para o limite exterior. São
as tiras mais grossas e longas que se dobram
para continuar a estrutura lateral da peça -
costeado - fixas com um « molde» de arame.
O travamento: tiras mais finas vão sendo
entrelaçadas e apertadas alternadamente
até se atingir a altura desejada, rematando
com duas varas grossas tecidas para conferir
maior resistência - canastras de grandes
dimensões . De seguida, iguala-se o bordo,
cortando o costeado sobrante em altura,
para começar a tirar correia: usam-se tiras
finas cosidas em debrum, como remate.
As asas são aplicadas, utilizando-se uma ou
duas varas grossas entrelaças com o
costeado, antes de tirar correia
Ferramentas do ofício:
Podão corto: utensílio utilizado para cortar a
ponta do vime e rachar.
Podão direito: utilizado para esgalhar a
madeira nos castinçais
Cavalo: banco para lavrar a madeira
Facas de lavrar
Martelo, navalha
Varas de medida: tiras de castanho de
comprimentos e marcações diversas.
Utilizadas para manter a proporcionalidade
das dimensões.
LEGENDA
1- CASTINÇAIS: Castanea sp.- castanheiro bravo
A presença deste exemplares simboliza a origem do
processo artesanal.
2- Castanea sativa Miller - castanheiro manso.
Fagales, família Fagáceas.
Arvore de folha caduca utilizada em jardinaria pela
sua folhagem, porte majestoso, pelas suas flores e
frutos comestíveis. Floração estival, plenamente
resistentes. Exposição a pleno sol ou semi sombra.
Clima sub atlântico, Temperaturas superiores a -15º.
Altitudes: 400-1000m.
3-ELEMENTO ESCULTÓRICO:
analogia ao enterramento / desenterramento das
varas durante o processo evolutivo.
4- ESPELHO DE ÁGUA:
5- OFICINA
6- ZONA DE ESTAR
Francisco da Encarnação
(15/10/1920 – 6/10/2004)
O último canastreiro de Santo António das
Areias.
São as suas ferramentas e alguns cestos
aqui expostos cedidos pela sua família que
possibilitam o contacto directo com esta
actividade tradicional.
A sua oficina localizava-se na Relva. Casa
simples de piso térreo, que arrecadava
simultaneamente os seus utensílios de lavoura.
O espaço estava coberto com aparas do
lavrar da madeira em redor acondicionava
de forma característica os cestos prontos, a
matéria prima a utilizar; no exterior, situavam-
se as covas de enterramento, o tanque para
a sua conservação a curto prazo, o lume de
chaminés de pedra próprias.
As peças de cestaria de Marvão:
Cestas: utilização variada – pão, fruta, etc.
Cestas de quatro asas: utilização variada –
fruta, legumes, etc.
Cesto redondo sem asas: cestas de costura
Canastras: utilização variada – lenha,
batatas, apanha de fruta, vindima, etc.
Jigo: cesta para levar o peixe; é
caracterizada por ter oito buracos no fundo
Traineira: cesta sem asas, utilizada na faina
piscatória
Cesta de pilar castanhas
Balsa: cesto para transportar furões utilizado
pelos caçadores.
Enxugador: armação para pôr em cima das
braseiras de picão, para enxugar a roupa no
Inverno.