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ÁLVARO JOSÉ DA ROCHA CAVALCANTE

ARTIGO FINAL DE PÓS-GRADUAÇÃO - MBA


A UTILIZAÇÃO DO VEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO NA
REALIZAÇÃO DE OPERAÇÕES POLICIAIS

Maceió, 01 de março de 2015.


CENTRO UNIVERSITÁRIO TIRADENTES - UNIT
Pós-Graduação MBA em Gerenciamento de Projetos

ARTIGO FINAL DE PÓS-GRADUAÇÃO - MBA


A UTILIZAÇÃO DO VEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO NA
REALIZAÇÃO DE OPERAÇÕES POLICIAIS
Artigo submetido à banca examinadora do Curso Pós-
Graduação MBA em Gerenciamento de Projetos obtenção do
grau de Especialista.

Autor: Álvaro José da Rocha Cavalcante

Maceió, 01 de dezembro de 2014.

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SUMÁRIO

SUMÁRIO.................................................................................................................................................3

RESUMO ..................................................................................................................................................4

ABSTRACT ..............................................................................................................................................5

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................6

2. DEFINIÇÃO DE VEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO (VANT)....................................................7

3. CLASSIFICAÇÃO DOS VANTS .................................................................................................. 10

4. APLICAÇÕES .............................................................................................................................. 12

5. CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 14

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 15

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RESUMO

Este trabalho aborda a utilização de veículos aéreos não tripulados pelas forças
policiais, onde estas podem ser utilizadas no monitoramento eletrônico móvel, com o
emprego de aeronaves não tripuladas autônomas, servindo de plataformas de observação
aérea, nas ações de policiamento ostensivo, seja em ambiente urbano ou rural. A metodologia
aplicada à pesquisa baseou-se no método hipotético-dedutivo, buscando dados qualitativos e
quantitativos nas fontes primárias e secundárias de conhecimento acerca do tema. A revisão
bibliográfica revelou a potencialidade de emprego dos sistemas de veículos aéreos não
tripulados nas atividades de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento de áreas de interesse
do Policiamento no Estado. A pesquisa avança ao demonstrar a capacidade de antecipação,
produção de análises e de diagnósticos, proporcionada pelos veículos aéreos não tripulados,
quando empregados em atividades de fiscalização do policiamento ostensivo em ambiente
urbano e rural. Como resultado, este trabalho demonstra a viabilidade do emprego de veículos
aéreos não tripulados, da classe Mini VANT, destacando-se a otimização da fiscalização, face
ao aumento do alcance visual proporcionado pela observação aérea por meio do equipamento.
Ficam comprovadas a eficiência e a eficácia da tecnologia para emprego no policiamento
ostensivo.
Palavras-Chave: VANT; Policiamento; Operações Policiais.

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ABSTRACT

This paper discusses the use of unmanned aerial vehicles by the police, where
they can be used in mobile electronic monitoring, with the use of non-autonomous drones,
serving as aerial observation platforms, the ostensible policing actions, whether in urban
environment or rural. The methodology applied to the search was based on the hypothetical-
deductive method, seeking qualitative and quantitative data on primary and secondary sources
of knowledge on the subject. The literature review revealed the employment potential of
aerial vehicles unmanned systems in the Intelligence activities, surveillance and
reconnaissance areas of interest of Policing in the state. The research advances to demonstrate
foresight, production analysis and diagnostic, provided by unmanned aerial vehicles, when
used in surveillance activities of street policing in urban and rural environment. As a result,
this study demonstrates the feasibility of using unmanned aerial vehicles, the Mini UAV class,
especially the optimization of inspection, with the increased visual range provided by aerial
observation through the equipment. Are proven the efficiency and effectiveness of the
technology for use in street policing.

Keywords: VANT; Policing, Police Operations.

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1. INTRODUÇÃO

A Constituição Federal de 1988 estabelece que a administração pública direta e


indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá, dentre outros princípios, ao da eficiência, ou seja, a administração pública deverá
realizar suas atribuições de forma a conferir-lhes rapidez, perfeição e rendimento.
Atualmente, devido às extensas áreas territoriais em que o policiamento ordinário atua e à
necessidade de detectar eventuais ou potenciais infrações ou crimes, impõem-se a constante
busca e identificação de novos instrumentos que aumentem o poder de detecção dessas
ocorrências, ou de circunstâncias indicadoras de sua deflagração futura, por parte das
patrulhas, quer estejam operando com viaturas terrestres, quer com aquáticas (fluviais ou
marítimas). Mesmo porque, de outra forma, a solução tenderia a caminhar para o aumento de
efetivo.
As atividades de policiamento no Estado de Alagoas necessitam de estudos e medidas de
inovação e alternativas tecnológicas, que otimizem os recursos humanos e materiais. A
plataforma de observação aérea e de monitoramento eletrônico móvel, através de veículos
aéreos não tripulados, da classificação Mini VANT, em tal contexto, é inovação tecnológica
que já chegou ao cenário nacional para auxiliar no reconhecimento, em tempo real, e no
diagnóstico de áreas de interesse do policiamento ostensivo, otimizando os processos de
fiscalização da Polícia Militar no Estado de Alagoas, por meio do seu emprego pelas forças de
patrulha especializadas, proporcionando observação aérea e, consequentemente, o
desenvolvimento da atividade de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento, bem como
registro de situações, para a realização de diagnósticos.
Este trabalho tem como tema o monitoramento eletrônico móvel, com o emprego de veículos
aéreos não tripulados, como plataforma de observação aérea, pelas forças policiais do Estado
de Alagoas, nas ações de policiamento ostensivo.

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2. DEFINIÇÃO DE VEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO (VANT)

O termo veículo aéreo não tripulado (VANT), embora possa parecer autoexplicativo,
necessita ser corretamente definido. Desta forma, a seguir, serão apresentadas algumas
definições.
Marques (2007, p.1) definiu VANT apresentando a definição do Departamento de
Defesa dos Estados Unidos da América (United States Department of Defense - DoD):

[...] veículo aéreo motorizado que não transporta um operador humano, usa forças
aerodinâmicas para a sustentação aérea, pode voar de maneira autônoma ou ser
pilotado por controle remoto, pode ser descartável ou recuperável e pode
transportar uma carga útil letal ou não-letal.

Da mesma forma, Oliveira (2009, p. 25) buscou uma definição para veículo aéreo não
tripulado, citando aquela elaborada pela autoridade de aviação civil do Reino Unido: “uma
aeronave projetada para operar sem um piloto humano a bordo” capaz de voar sem ter um
piloto humano a bordo”.
Adota também a definição do DoD para seu estudo, que abordou a análise de cálculos
de níveis de segurança relacionados à operação de veículos aéreos não tripulados:

Veículo aéreo motorizado que não carrega um operador humano, usa forças
aerodinâmicas para fornecer elevação, pode voar de forma autônoma ou ser
pilotado remotamente, pode ser descartável ou recuperável, e pode carregar uma
carga útil (payload) letal ou não-letal. Veículos balísticos ou não balísticos, mísseis
marítimos e projéteis de artilharia não são considerados veículos aéreos não
tripulados (OLIVEIRA, 2009, p. 25, grifo nosso).

Medeiros (2007, p.18, grifo nosso), ao definir VANTs, conceitua-os como “[...]
pequenas aeronaves, sem qualquer tipo de contato físico direto, capazes de executar diversas
tarefas, tais como monitoramento, reconhecimento tático, vigilância e mapeamento [...]”.
Furtado et al. (2008, p. 506-507) definem VANT como sendo o “[...] termo genérico
que identifica uma aeronave que pode voar sem tripulação, normalmente projetada para
operar em situações perigosas e repetitivas em regiões consideradas hostis ou de difícil
acesso.”
Rasi (2008, p. 25) adota a definição de VANT exposta por Medeiros (2007, p. 18),
conforme acima. Igualmente, cita a conceituação da Associação Brasileira de Aeromodelismo
(ABA) para VANT, bem como para sistema aéreo não tripulado (SANT):

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[...] a definição para Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) é: “um veículo capaz de
voar na atmosfera, fora do efeito de solo, que foi projetado ou modificado para não
receber um piloto humano e que é operado por controle remoto ou autônomo”. O
Sistema Aéreo Não Tripulado (SANT) significa o conjunto de veículos aéreos não
tripulados, seus controles de voo e seu sistema de operação, isto é, a união de todas
as atividades que estão interligadas no plano de voo.

Nota-se que, a partir da definição do que seja um VANT, parte-se imediatamente à


definição do sistema que o envolve.
Gomes (2006, p. 133) define sistema de veículo aéreo não tripulado (SISVANT) como
o conjunto formado de um ou mais veículos aéreos, por uma ou mais estações de comando e
controle, e por sistemas embarcados: “[...] é um Sistema de Ação e Monitoração por Veículo
Aéreo Não Tripulado, sendo um meio de coleta e transmissão de dados baseado em VANT.”
Gomes (2006, p. 133) esclarece que a terminologia veículo aéreo não tripulado
(VANT) surgiu nos anos 90 e substituiu a terminologia remotely piloted vehicles (RPV),
sendo conceituada pelo Ministério da Defesa (MD) como plataforma aérea de baixo custo
operacional, operando de forma autônoma ou remotamente.
Em 2007, o Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) da Marinha Brasileira, para atender à
necessidade de observação tática, passa a testar e empregar o VANT desenvolvido pela
empresa carioca Santos Lab Comércio Aeroespacial Ltda., denominado Carcará, em
homenagem à ave brasileira de idêntico nome popular (OLIVEIRA, 2009, p. 26-29).
O VANT Carcará passou a integrar os equipamentos do Pelotão de Veículos Aéreos
Não Tripulados Táticos (PelVant), com uma configuração compacta: peso total de 1,8 kg,
formato de asa voadora enflechada, envergadura de 1,60 m e comprimento de 0,55 m, com
motopropulsão elétrica, hélice bipá na posição traseira (pusher), velocidade entre 50 e 110
km/h, autonomia de 90 minutos de voo, altura de voo em relação ao solo podendo chegar a
3.000 m. Para isto, o fabricante atendeu aos requisitos estabelecidos pela Marinha Brasileira
de:
 simplicidade;
 portabilidade;
 facilidade de operação e manutenção;
 pequena assinatura térmica, de radar e acústica;
 robustez;
 recuperabilidade;
 baixos custos;
 além de alcance mínimo de 2 km;

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 autonomia de voo de, pelo menos, 40 minutos, com propulsão elétrica
(OLIVEIRA, 2009, p. 26-29).
Além dessas características, o VANT Carcará possibilita a operação por um único
operador, consistindo em um VAAM, dotado de câmeras de observação (sistema optrônico),
capacitado a enviar imagens em cores, zoom ótico de 10x e giro de 360 graus, à estação de
terra (EBS) e a centros de comando, concomitantemente. Possui, dentre suas capacidades, o
voo preestabelecido (controle autônomo) e o voo remoto, controlado por um operador, com
apoio de uma unidade GPS e transmissão, em tempo real, do que está sendo captado por suas
câmeras em voo, bem como a gravação para análise posterior. Uma característica de destaque
é o acompanhamento autônomo de objetos de interesse, após seleção pelo operador (OLIVE,
2009, p. 26-29; PLAVETZ, 2009b, p. 125).
Em 2009, o VANT Carcará inicia fase de operação no Haiti, onde contingente do CFN
integra a Força de Paz da Organização das Nações Unidas, da qual o Brasil faz parte (OLIVE,
2009, p. 26-29; PLAVETZ, 2009b, p. 125).
A AGX Tecnologia, até a presente data, atua sozinha na utilização de VANT, na
execução de avaliação de culturas agrícolas por meio do processamento digital de imagens
aéreas captadas pelo seu SISVANT.
Seu principal produto é a aeronave de reconhecimento, assistida por rádio e autônoma,
o AGplane, capaz de realizar o reconhecimento fotográfico com pontos georreferenciados
(waypoints) ou por grade pré-configurada, cujas imagens geradas são georreferenciadas e
transmitidas em tempo real a uma EBS.
Cada missão do VANT tem autonomia entre 3 e 4 h de voo, a uma velocidade média
de 100 km/h, podendo atingir uma distância de 400 km, com capacidade de recobrimento
fotográfico de 200 ha/h.
Outros VANTs estão em desenvolvimento por empresas nacionais, mas buscaram-se
referências àqueles que historicamente marcaram o desenvolvimento da tecnologia nacional e
tiveram aplicações notadamente conhecidas e divulgadas, ou foram citados em trabalhos
científicos até o momento.

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3. CLASSIFICAÇÃO DOS VANTS

A classificação dos VANTs não segue um padrão internacional, pois não existe ainda
uma padronização aceita de comum acordo. Cada país, cada fabricante, estabeleceu uma
forma, levando em consideração sistemas de controle, dimensões das aeronaves, alcance e
missões a serem desempenhadas.
Serão expostas aquelas mais usadas e que se encaixam na finalidade deste trabalho,
tornando claras as propostas de emprego de VANT na atividade policial.
Sousa (1999, apud Rasi, 2008, p. 31-32) apresenta uma classificação para os VANTs,
descrevendo três tipos de sistemas de controle:
Os VANTs do tipo I, cujos voos são controlados com visada direta da aeronave com
rádios convencionais, geralmente, aeromodelos equipados com câmeras fotográficas ou de
vídeo, com funcionalidade mínima.
Os VANTs do tipo II, cujos voos são controlados sem visada direta, com transmissão,
em tempo real, de imagens da missão. O equipamento de bordo permite a pilotagem da
aeronave e a obtenção de imagens georreferenciadas.
Os VANTs do tipo III são capazes de voos autônomos, embora possível a
interferência de um operador. Diferem do tipo II em razão dos equipamentos e sistemas de
controle para o voo autônomo.
Gomes (2006, p. 2-3) propõe a classificação dos “[...] robôs voadores não tripulados
[...]” em três classes reunidas com atributos semelhantes:
1) Classificação VANT: aqueles cuja decolagem é livre, propulsados, utilizando-se de
trens de pouso, tanto para decolagem como para o pouso, ou de sistemas de lançamento
(como, por exemplo, catapultas) e de recuperação (como, por exemplo, paraquedas). Incluiu,
nesta classificação, os aeróstatos, que ficam atracados a centros de comando e controle, e os
dirigíveis, dotados de propulsão e controle de voo.
2) Classificação VAAM: aqueles arremessados com as mãos na decolagem, variando
de unidades de grama (nanoveículos aéreos) a uma dezena de quilograma (miniveículos
aéreos).
3) Classificação BIRA (biorrobô aéreo) ou robô biológico: aqueles cujas
plataformas aéreas são constituídas por seres vivos, como insetos ou pássaros, com sensores
incorporados.
Oliveira (2009, p. 30) apresenta a classificação brasileira, que estava inserida na

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proposta de um Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica (RHBA) de número
100, pelo extinto Departamento de Aviação Civil (DAC), no ano de 2004. O Regulamento
Brasileiro de Homologação Aeronáutica (RHBA) de número 100 previa uma classificação
que levava em consideração o tipo de controle exercido sobre a aeronave pelo operador e seu
peso máximo de decolagem. Assim, nesta classificação, temos:
Para o VANT tipo I, peso máximo de decolagem igual ou inferior a 20 kg, cujo
controle é remoto.
Para o VANT tipo II, peso máximo de decolagem superior a 20 kg, cujo controle é
remoto.
Para o VANT tipo III, qualquer peso máximo de decolagem, cujo controle é
autônomo.

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4. APLICAÇÕES

A bibliografia pesquisada para este trabalho indica aplicações variadas para os


VANTs, tanto no aspecto militar como no aspecto civil. Algumas aplicações ficam na seara
das pesquisas, mas outras já demonstram efetivo emprego da tecnologia.
Originalmente tecnologia militar, os fabricantes de VANT apresentam inúmeras
propostas de seu emprego civil, tendência que se confirma pelos estudos pesquisados.
Gomes (2006, p. 27) discorre sobre o caráter dual da tecnologia desenvolvida para fins
militares, que tem ampla aplicação e difusão para uso civil. Neste mesmo sentido, discorre
Barbieri (2009, p. 3):

O estudo, realizado pelo pesquisador Marcos José Barbieri Ferreira, do Instituto de


Economia (IE) da Unicamp, mostra ainda que, apesar das diferenças, existe uma
inter-relação muito forte entre a indústria aeronáutica militar e a comercial. De
acordo com Ferreira, grande parte das inovações introduzidas nas aeronaves
militares é transferida para a área comercial.

Child (2005, apud Gomes, 2006, p. 28) relata que pesquisas de mercado indicam que
“[...] o interesse internacional em empregar SISVANT em aplicações de natureza civil (defesa
civil, sanções legais, ações científicas, ações comerciais e ações públicas) estará aumentando
[...], projetando-se aquisições da ordem de US$ 13, 6 bilhões no mundo em 2014 [...]”.
Gomes (2006, p. 122-124) esclarece os termos indicados para aplicações de natureza
civil da tecnologia de VANT:
Ações científicas: estudos climáticos, ambientais e ecológicos, cartografia,
gerenciamento e planejamento do solo, etc.
Ações comerciais: inspeção de linhas de transmissão, patrulhamento de oleodutos e
gasodutos.
Ações públicas: emissão de avisos públicos, apoio a enlace de comunicação, satélite
remoto, semeadura para reflorestamento, agricultura de precisão, apoio à pesca, apoio ao
controle de tráfego aéreo, etc.
Defesa Civil: apoio a acidentes e desastres e controle e monitoração de tráfego
rodoviário, de incêndios em florestas e da qualidade do ar, busca e salvamento, etc.
Sanções Legais: vigilância e monitoração de ocorrências públicas, patrulhamento de
fronteiras e guarda costeira, etc.
Landini et al. (2006, pp. 3-4), em trabalho intitulado Stakeholders e seus requisitos no
desenvolvimento de MINI VANT para o monitoramento de unidades agrícolas, ressaltaram
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que os VANTs têm a grande qualidade de ser silenciosos em missões de observação e
vigilância, além de fornecer imagens em tempo real, em quaisquer condições meteorológicas,
cuja operação é simples e requer um mínimo de treinamento.
Prossegue ressaltando a característica capacidade dos VANTs em empreender voo
autônomo, diminuindo os custos quando comparados com os veículos aéreos convencionais,
em aplicações civis, tais como: segurança em áreas urbanas, monitoramento de zonas
fronteiriças, inspeção de oleodutos e gasodutos, controle agrícola, controle de queimadas e de
desmatamentos, etc.
Na introdução ao seu trabalho, Landini et al. (2006, p. 1) bem asseveraram:

Monitoramento e vigilância de propriedades rurais sempre representaram um


grande problema às comunidades agrícolas, devido às: grandes extensões de terra;
precariedade das estradas; dificuldades de acesso; dentre outros. Atualmente, no
Brasil, esses problemas adquiriram maior amplitude com o aumento da violência
dos grandes centros terem migrado para o interior, bem como o aumento dos
movimentos sociais organizados para invasão de terras produtivas ou não.
Entretanto, uma solução, desenvolvida inicialmente para o emprego militar, tem
despertado a atenção de civis com problemas de natureza semelhante: os VANTs
(Veículos Aéreos Não Tripulados). É certo que atualmente existe uma grande
variedade desses veículos. Contudo, uma classe específica, a dos mini VANTs,
parece possuir características suficientes para ser empregada na vigilância de
propriedades rurais.

Também, Tullio et al. (2008, p. 39-40) descrevem que os VANTs, atualmente, “[...]
fazem parte de um segmento não muito representativo do mercado aeroespacial; no entanto,
começa a se mostrar bastante dinâmico. [...] a aplicação tem-se diversificado, [...]”.
Sarris (2008 apud Tullio et al., 2008, p. 42), relaciona em um quadro as aplicações militares e
não-militares para VANT.
Tabela 1 - Aplicações militares e não-militares para VANTs
Aplicações militares Aplicações não-militares
Vigilância e Reconhecimento Procura e Resgate
Operações marítimas (suporte naval em Pesquisa científica, tais como: ambientais,
vigilância no horizonte e proteção contra míssil atmosféricas e avaliação e controle de níveis de
antinavio) poluição
Suporte no reconhecimento de rotas e pouso Inspeção em linhas de transmissão de energia
elétrica e dutos
Avaliação de danos em batalha Pulverização agrícola e combate às queimadas
Transmissão de dados Suporte ao controle de tráfego aéreo
FONTE: Adaptado de Sarris (2008 apud Tullio et al. (2008, p. 42).

Como se pode verificar, o uso militar do VANT é plenamente ajustável para as


operações policiais, principalmente no que diz respeito às missões de vigilância e
reconhecimento, como também o acompanhamento de crimes em andamento.

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5. CONCLUSÃO

Pelo exposto, a tecnologia que envolve as aeronaves não tripuladas alcança magnitude
tal que se torna forçosa a admissão de que seu uso para fins civis é viável, em especial para as
atividades de policiamento ostensivo em suas diversas modalidades.
Esta percepção de utilidade para os fins civis já atingiu as autoridades responsáveis
pelo controle do espaço aéreo, que editaram, em 2009, a primeira normalização para o
emprego dos VANTs no Brasil.
A normalização para operação de VANTs no espaço aéreo nacional, realizada por
meio da Circular de Informações Aeronáuticas AIC nº 29/2009, de 19 de novembro de 2009,
privilegia organizações militares e órgãos públicos de segurança, cujos voos devem ocorrer
valendo-se de NOTAMs, mas a celebração de Cartas de Acordo Operacional é outra
possibilidade de regulamentação para os voos e emprego do equipamento, fornecendo
padronização, flexibilidade e rapidez às operações.
O Mini VANT, lançado das mãos ou por lançadores mecânicos e recolhido sem a
necessidade de pista de rolagem para o pouso, é a classe de SISVANT adequada para
emprego pelo policiamento ostensivo, devido a sua portabilidade permitir ser facilmente
acomodado em viaturas, embarcações ou mesmo ser transportado por patrulha a pé.
A potencialidade do sistema é uma forma de levar a videomonitorização à zona rural,
ampliando a capacidade de observação das patrulhas especializadas, tanto em ações do
policiamento ostensivo rural, através da capacidade de realizar a função Inteligência,
Vigilância e Reconhecimento (IVR), bem como de realizar os registros através de imagens
georreferenciadas, agregando valor às ações policiais.
Os princípios de emprego da tecnologia das aeronaves não tripuladas e seus sistemas
vão ao encontro dos objetivos e programas traçados pela Instituição, proporcionando
modernização e proatividade às ações policiais.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. AGX TECNOLOGIA. Solicitação de expedição de NOTAM, de 19 maio de 2010. Voo com a finalidade de
avaliar o emprego e operação de VANT como ferramenta de auxílio no policiamento ambiental e
fiscalização de áreas ameaçadas. São Carlos (SP): AGX Tecnologia, 2010.

2. BRASIL. Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). Circular de Informações Aeronáuticas


(AIC) Nº 29/2009, de 19 nov. 2009. Disponível em:
<http://www.aisweb.aer.mil.br/aisweb_files/publicacoes_n/aic_2009_n29.pdf>. Acesso em: 5 nov. 2014.

3. FURTADO, V. H. et al. Aspectos de segurança na integração de veículos aéreos não tripulados (VANT) no
espaço aéreo brasileiro. In: SIMPÓSIO DE TRANSPORTE AÉREO, 7, 2008, Rio de Janeiro, 2008, p. 506-
517. Disponível em: <http://www.tgl.ufrj.br/viisitraer/pdf/494.pdf>. Acesso em: 5 nov. 2014.

4. GOMES, V. A. Poder aeroespacial não-convencional: tendências doutrinárias de emprego de sistemas de


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Universidade da Força Aérea, Rio de Janeiro, 2006. Disponível em:
<http://www.sophia.bibl.ita.br/biblioteca/index.html>. Acesso em: 5 nov. 2014.

5. LANDINI, M. Z. et al. Stakholders e seus requisitos no desenvolvimento conceitual de um mini vant para
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Campos. São José dos Campos: ITA, 2006. 8 f. Disponível em: <http://www.sige.ita.br/VIII_SIGE/GE/
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7. LOPES, R. R.; AMARAL, R. F. Projeto conceitual de aeronave não-tripulada para vigilância de reservas
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Tecnológico de Aeronáutica, Centro Técnico Aeroespacial, Divisão de Engenharia Aeronáutica, São José
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nov. 2014.

8. MIRANDA NETO, A. B.; ALMEIDA, I. E. S. de. A análise do emprego do veículo aéreo não tripulado
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9. OLIVEIRA, F. A. de. Veículos aéreos não tripulados (Vant). In: SEMINÁRIOS TEMÁTICOS PARA A 3ª
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10. OLIVEIRA, C. P. de. Análise dos modelos para cálculo de níveis de segurança relacionados à operação de
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12. OLIVE, R. PelVANT. Tecnologia & Defesa, São Paulo, v. 26, n. 118, p. 26-29, 2009.

13. PLAVETZ, Ivan. VANTS: o futuro já começou. Tecnologia & Defesa, São Paulo, v. 26, n. 117, p. 104-125,
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14. RASI, J. R. Desenvolvimento de um veículo aéreo não tripulado para aplicação em pulverização agrícola.
2008. 70 f. Monografia (Trabalho de pós-graduação em Engenharia Rural) - Universidade Federal de
Pelotas, Pelotas, 2008. Disponível
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15. TULLIO, F. S. et al. 11 de setembro de 2001: influência no transporte aéreo, na segurança de voo e nas
aeronaves não tripuladas. 2008. 58 f. Relatório Final (Programa de Especialização em Segurança de Aviação
e Aeronavegabilidade Continuada) - Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos, 2008.
Disponível em: <http://www.sophia.bibl.ita.br/biblioteca/index.html>. Acesso em: 5 nov. 2014.

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