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Cora Reilly
#4 Bound by Temptation
~2~
SINOPSE
Lily suspeita que suas irmãs e Romero arriscariam tudo por ela,
mas sua felicidade vale muito a pena? E o amor vale a pena uma guerra
entre Cosa Nostra e a Outfit?
~3~
A SÉRIE
Cora Reilly
~4~
Prólogo
LILIANA
Eu sabia que era errado. Se alguém descobrisse, se o meu pai
descobrisse, ele nunca me deixaria ir a Chicago novamente. Ele nem
sequer me deixaria sair de casa mais. Era muito inadequado e
impróprio para uma dama. As pessoas ainda estavam falando mal de
Gianna depois de todo esse tempo. Eles não hesitariam à chance de
encontrar uma nova vítima, e o que poderia ser melhor do que outra
irmã Scuderi sendo pega no ato?
~5~
Minhas bochechas se aqueceram enquanto eu o via crescer mais
duro. Fiz tudo o que pude para não cruzar a distância entre nós e tocar
nele. Romero desligou o chuveiro com movimentos vagarosos e enrolou
uma toalha na cintura. Então ele saiu. O cheiro do seu shampoo
flutuou até meu nariz. Lentamente, ele avançou para mim. — Você
sabe, — ele disse em uma voz estranha. — Se alguém nos encontrasse
assim, poderia ter uma ideia errada. Uma ideia que poderia custar a
minha vida, e a sua reputação.
Ele se inclinou para frente, chegando cada vez mais perto. Meus
olhos se fecharam, mas o beijo que eu queria nunca veio. Em vez disso,
ouvi o ranger da porta. Levantei o olhar para Romero. Ele apenas abriu
a porta do banheiro. Foi por isso que ele se aproximou, não para me
beijar. Constrangimento tomou conta de mim. Como eu poderia ter
pensado que ele estava interessado em mim?
Ele fez isso de imediato, e deu um passo para trás. Eu fiquei onde
estava. Eu queria tocá-lo, eu queria que ele me tocasse, também. Ele
amaldiçoou e, em seguida, ele estava em cima de mim, uma mão
segurando a parte de trás da minha cabeça, outra no meu quadril. Eu
quase podia saborear os seus lábios que estavam tão perto. Seu toque
me fazia se sentir mais viva do que qualquer outra coisa.
~6~
Capítulo Um
LILIANA
Eu ainda me arrepiava quando pensava em minha primeira
tentativa embaraçosa de flertar com Romero. Minha mãe e minha irmã
Aria sempre me avisaram para não provocar os homens, e eu nunca
tinha sido tão ousada com alguém como eu fui com Romero naquele
dia. Ele parecia tão confiante, como se não houvesse nenhuma maneira
dele me machucar, não importava a provocação. Eu era jovem e
estúpida, apenas quatorze anos e já convencida de que sabia tudo que
havia para saber sobre os homens, amor e tudo mais.
~7~
Apenas alguns meses depois, eu descobri que Romero não era
quem eu pensava, quem eu queria que ele fosse e fiz de tudo para ser.
Esse dia ainda me assombra depois de todo esse tempo. Poderia ter sido
o momento em que a minha paixão por Romero desapareceu para
sempre.
~8~
primeiro grito vindo do porão. Eu teria me virado e fingido que não
escutei nada. Mas Gianna pensava diferente.
~9~
podia afirmar isso pela pressão no meu peito e na garganta. Eu não
ouvia nada além do rugido em meus ouvidos. Todos olharam para mim,
como se eu fosse louca. Eu não tenho certeza do que aconteceu depois.
Só me lembrava de fragmentos. Mãos me agarrando, braços me
segurando firme. Palavras suaves que não tinham efeito nenhum. Me
lembrava de um peite quente contra as minhas costas e do cheiro de
sangue. Houve uma breve queimação quando Matteo me injetou algo
antes que o meu mundo ficasse em uma calma estranha. O terror ainda
estava lá, mas foi acobertado. Minha visão estava embaçada, mas eu
poderia dizer que Romero estava ajoelhado ao meu lado. Ele me pegou e
se levantou comigo em seus braços. A calma forçada venceu e eu relaxei
contra o seu peito. Bem na frente dos meus olhos uma mancha
vermelha aparecia em sua camisa branca. O sangue dos homens que
haviam sido torturados. Lentamente, o terror tentou passar através da
medicação, mas foi inútil e eu desisti da luta. Meus olhos se fecharam
enquanto eu aceitei o meu destino.
*****
ROMERO
Como Made Men1, era nossa tarefa manter seguros quem
jurávamos proteger: os fracos, as crianças e as mulheres. Eu, em
particular, tinha dedicado minha vida a este objetivo. Muitas tarefas em
meu trabalho envolviam machucar os outros, ser brutal e frio, mas
manter as pessoas seguras sempre me fez sentir como se não houvesse
nada mais para mim do que o mal. Não que isso importasse; se Luca
me pedisse, eu faria tudo de ruim que se podia imaginar. Era fácil
esquecer que, apesar de nossa ética e moral e códigos, nós, homens
iniciados, éramos o que a maioria das pessoas entendia como mal. Eu
me lembrei da nossa verdadeira natureza, da minha verdadeira
natureza, quando ouvi o grito de Liliana. Os gritos dos russos não
tinham me afetado. Eu já tinha ouvido gritos piores antes. Mas aquele
grito agudo, não terminado de uma menina que eu fui designado para
proteger, foi como uma porra de uma facada no estômago.
1
ERRATA: Nos livros anteriores usamos a tradução para se referir aos Made Men
(homem feito, homem iniciado). Porém percebemos que para melhor o entendimento
seria mais correto deixar o termo em inglês. Na Máfia americana, um ‘made men’ é um
membro totalmente iniciado da Máfia.
~ 10 ~
A expressão em seus olhos foi o pior; eles me mostraram
exatamente o que eu era. Talvez um bom homem tivesse jurado ser
melhor, mas eu era bom em meu trabalho. A maioria dos dias eu até
gostava dele. Mesmo o rosto aterrorizado de Liliana não me fez querer
ser outra coisa que não um mafioso. Naquela época eu não tinha
percebido que este vislumbre de brutalidade não era a pior maneira que
eu iria estragar a sua vida.
*****
LILIANA
Eu acordei com algo quente e macio debaixo do meu corpo. Minha
mente estava lenta, mas as lembranças eram claras, me foquei ao redor
quando finalmente ousei abrir os olhos. Um movimento no canto atraiu
a minha atenção. Romero se encostou na parede à minha frente. Eu
rapidamente fiz uma verificação no quarto em que estava. Era um
quarto de hóspedes, e eu estava sozinha com Romero, a porta estava
fechada. Sem os efeitos persistentes do que Matteo injetou em mim
mais cedo, eu teria começado a gritar outra vez. Em vez disso, assisti
em silêncio quando Romero andou em minha direção. Eu não estava
certa porque tinha pensado nele como inofensivo, agora cada
movimento dele gritava perigo. Quando ele quase chegou à cama, eu me
encolhi, me pressionando contra o travesseiro. Romero parou, seu olhar
escuro amoleceu, mas a sua bondade não podia mais me enganar, não
depois do que eu tinha visto. — Está tudo bem. Você está segura.
Meus olhos voaram para o seu rosto. — Eu não sou uma criança.
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O fantasma de um sorriso cruzou o rosto de Romero. — Claro que
não, Liliana.
— Você pode ir ver suas irmãs em breve, mas primeiro Luca quer
ter uma palavra sobre o que você viu hoje, — ele disse calmamente.
Luca assentiu. Ele não chegou mais perto, nem Romero. Talvez o
meu medo fosse claro como o dia para eles. — Você não pode dizer a
Aria sobre o que viu hoje. Ela vai ficar chateada.
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esquecer e não porque eu proteger Aria da verdade. Eu tinha certeza
que ela teria lidado com isso melhor do que eu.
— Você pode levar ela até Gianna, mas se certifique de que ela
não fique caminhado pela casa outra vez, — disse ele para Romero.
— E Aria? — eu soltei.
Luca ficou tenso. — Ela está dormindo. Você pode vê-la mais
tarde — com isso, ele saiu.
— Sim. Seu pai vem buscar vocês assim que terminar seus
negócios, e então vocês voltarão para Chicago. Provavelmente na parte
da manhã — Romero esperou, mas eu não me mexi. Por alguma razão o
meu corpo se irritou com a ideia de ir para mais perto dele, o que era
ridículo, considerando que não muito tempo atrás eu tinha fantasiado
sobre beijá-lo.
Ele abriu a porta e deu um passo atrás. — Tenho certeza que sua
irmã Gianna está ansiosa para ver você.
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Capítulo Dois
LILIANA
Estar junto com minhas irmãs era incrível, e eu não pude deixar
de sorrir. Eu mesma teria andado direto para aquele porão, se isso
significava que eu poderia ver elas novamente.
Aria me abraçou uma vez mais. — Você está tão alta quanto eu
agora. Ainda me lembro quando você não queria ir a lugar nenhum sem
segurar a minha mão.
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Aria riu. — Ele provavelmente está em seu apartamento.
Dei de ombros, mas não havia mais como disfarçar. Não era
porque eu tinha esquecido o sangue nas mãos de Romero, mas por
alguma razão eu não estava com tanto medo dele como eu estava de
Matteo, ou mesmo de Luca. E eu só percebi o quanto quando fomos em
direção a eles. Meu coração acelerou e eu podia sentir um ataque de
pânico subindo. Eu não tinha tido um em semanas, então lutei
desesperadamente.
*****
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queria causar uma boa impressão. Mas quando entramos no
apartamento, ele ainda não estava lá. Meus olhos dispararam ao redor
e, eventualmente, Aria se inclinou para mim, sussurrando. — Romero
não está por perto porque Matteo e Luca estão aqui para nos proteger.
— Claro, — Aria disse com um sorriso. — Ele vai vir mais tarde,
quando Matteo e Luca saírem para os negócios.
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ao banheiro me fazer mais apresentável, pelo menos minhas irmãs com
certeza notariam, mas eu não me importava. Eu queria ficar bonita
para Romero. Tentando parecer tranquila, saí do banheiro. Romero
tomou assento na mesa e estava servindo um prato com o que sobrou
da nossa sobremesa: Tiramisu e Panna Cotta. Ele estava sentado na
cadeira ao meu lado. Olhei para Aria me perguntando se ela tinha algo
a ver com isso. Ela simplesmente sorriu para mim, mas Gianna nem se
incomodou em esconder a sua diversão. Eu realmente esperava que ela
não fosse me envergonhar na frente de todos. Eu caminhei até a minha
cadeira, esperando que eu parecesse crescida e descontraída, mas além
de um sorriso rápido, Romero não me deu qualquer atenção. Decepção
se abateu pesadamente no meu estômago. Me sentei ao lado dele e
tomei um gole da minha água, mais para ter algo para fazer do por
estar realmente com sede.
— Romero, por que você não joga Scrabble2 com Lily? Ela parece
estar incrivelmente entediada, e eu e Aria precisamos conversar um
momento, — disse Gianna incisivamente.
2
Scrablle é um jogo onde as pessoas ganham letras (cada letra tem uma pontuação,
as vogais valem menos e as consoantes, mais) e devem formar palavras. Quanto maior
a palavra e mais consoantes usar, mais pontua. Ganha quem fizer mais pontos.
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Scrabble comigo? — ele perguntou, e eu não pude deixar de sorrir.
Poucas pessoas já pararam para me perguntar o que eu queria, e até
mesmo as minhas irmãs, ocasionalmente, esqueciam que eu era uma
pessoa com as minhas próprias opiniões e desejos.
Eu ri, feliz que ele não estivesse com raiva de mim por fazer uma
pergunta tão pessoal. Ele voltou sua atenção para as letras na sua
frente, e minha diversão desapareceu quando percebi que ele não tinha
respondido à minha pergunta. Isso significava que ele tinha uma
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namorada? Eu não poderia perguntar novamente sem soar
desesperada.
*****
~ 19 ~
para trazê-las. Eu me senti como uma garota solitária e sem amigos,
que precisava da sua irmã mais velha para encontrar amigos para ela.
Talvez eu devesse ter ficado em Chicago, então pelo menos eu poderia
ter passado o dia com os meus próprios amigos.
— Estas são minhas irmãs, — ele apontou para a garota mais alta
com cachos castanhos espessos. — Este é Tamara, ela tem quinze anos
como você, — eu sorri e assim fez Tamara, mas ela parecia tão
envergonhada quanto eu. — E esta é Keira, ela tem doze. Tenho certeza
que vocês vão se entender muito bem — era óbvio que eu deveria passar
tempo com elas, porque eu ainda era muito jovem para sair com Aria,
Luca e os outros. Isso me incomodou, mesmo que Tamara e Keira
parecessem bastante legais, mas eu não tinha vindo para Nova York
para uma festa de criança. Com outro sorriso, Romero se dirigiu até
Luca e Matteo, e eu levei suas irmãs até Aria e Gianna, na direção do
buffet.
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Os olhos de Romero estavam em alerta enquanto me observavam.
— Nós devemos voltar.
Ele soou como um irmão mais velho, e essa era a última coisa que
eu queria que ele fosse. Eu me virei antes de sair correndo. Meu
coração murchou em meu peito. Por alguma razão, eu nunca tinha
considerado uma rejeição de Romero. Eu fantasiava sobre o nosso
primeiro beijo com tanta frequência que a opção de ele não acontecer
nunca tinha passado pela minha cabeça. Pelo resto da noite, eu lutei
para manter uma cara feliz, especialmente quando eu via Romero. Eu
estava realmente contente de voltar para Chicago. Eu não ia ficar e não
ia ver Romero por um longo tempo, tempo suficiente para superar ele e
encontrar alguém que me ajudasse a esquecer.
*****
ROMERO
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Eu sabia que Liliana tinha uma queda por mim. Aria tinha
mencionado isso antes, mas eu nunca esperei que a menina fosse agir e
mostrar seus sentimentos. Ela era uma criança bonita. Uma criança.
Quando voltei para a sala de estar, Luca andou até mim. — O que
foi aquilo? Por que Liliana foi até você?
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Capítulo Três
LILIANA
— Essa menina me deixa nervoso! Desde o dia em que ela nasceu
não foi nada além de problemas! — as palavras do meu pai ecoaram
pela casa. Fabiano olhou para mim como se eu soubesse as respostas
para suas perguntas. Minha própria mente era um enorme ponto de
interrogação. Eu não tinha certeza do que tinha acontecido, mas
conseguir pegar a essência. Gianna tinha desaparecido enquanto estava
em Nova York com Aria. Agora todo mundo estava procurando por ela.
Não admirava que Aria não tivesse me pedido para visitar ela também.
Não que eu estivesse muito interessada em voltar à Nova York depois do
meu último encontro constrangedor com Romero, quatro semanas
atrás. Mas ainda doeu que Aria e Gianna tivessem feito planos pelas
minhas costas, pelas costas de todo mundo.
Eu sabia que era melhor ficar longe do pai quando ele estava com
o humor assim, mesmo que ele geralmente atacasse Gianna, e não a
mim, mas a minha irmã tinha ido embora agora.
Meu pai desligou, então estreitou os olhos para mim. — Será que
eu permiti que você entrasse?
~ 23 ~
— Sua irmã fugiu. Ela provavelmente conseguiu engravidar de
um idiota e arruinou a sua reputação e a da nossa família.
Eu sabia tudo isso, mas não significava que eu não podia esperar
e sonhar, às vezes isso parecia tudo que eu podia fazer.
— Com quantos homens será que Gianna já esteve? Ela não vai
valer nada, mesmo que ela retorne, — meu pai cuspiu. Eu estremeci,
horrorizada com suas palavras duras. Não valer nada? Certamente
éramos mais para ele do que mercadoria para vender. Mais do que um
pequeno pedaço de carne entre as pernas?
~ 24 ~
Isso não era sobre a minha reputação ou honra. Eu não me
importava com isso. Isso era tudo sobre o meu pai. Era sempre sobre os
homens na família, o que eles queriam e esperavam.
— Rocco, Lily é uma boa menina. Ela não vai fazer nada, —
minha mãe disse cuidadosamente. Isso não era o que ela geralmente me
dizia. Ela sempre me avisava que eu estava flertando muito, consciente
demais do efeito que meu corpo tinha sobre os homens. Mas eu estava
feliz com seu apoio, porque muitas vezes ela permanecia em silêncio
quando meu pai tinha atacado Gianna da mesma forma.
*****
~ 25 ~
parecesse longe de ser aplacado quando eu o vira pela última vez. Eu
não tinha certeza do que exatamente tinha acontecido, mas pelo que eu
entendi Gianna tinha sido apanhada com outro homem, e esse era o
pior cenário possível em nosso mundo. Meu pai provavelmente iria me
colocar algemas para me impedir de fazer o mesmo.
— Mas...
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quando eu era mais jovem, ou talvez eu só fosse menos consciente das
coisas.
— Está tudo bem, — disse Gianna, mas seu rosto contava uma
história diferente. Ela parecia magoada e triste e, geralmente, Gianna
não era alguém que mostrasse esse tipo de emoção. — Podemos
conversar mais tarde.
Meus olhos foram atraídos para algo atrás dela: Romero. Ele
estava de pé, forte e alto, enquanto os olhos estavam firmemente
focados no meu pai. Eu não o tinha visto em sete meses, e ao longo do
tempo eu pensei que tinha superado a minha paixão, mas vê-lo agora
fez meu estômago vibrar com borboletas novamente.
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Mamãe colocou os dedos ao redor do meu pulso e tomou a mão
de Fabi. — Venham agora, — disse ela insistentemente, nos puxando
em direção à escada e para o andar de cima.
— Eu pensei que eu não fosse mais sua filha, então por que eu
tenho que ouvir uma palavra do que você diz?
~ 28 ~
Capítulo Quatro
LILIANA
Às vezes, parecia que eu tinha que provar a mim mesma ao meu
pai a cada dia. Ele esperava que eu fizesse o que Gianna tinha feito,
mas eu não sabia como isso era sequer possível; ele nunca me deixava
fora da vista. A menos que eu resolvesse ter algo com meus guarda-
costas antigos, não havia nenhuma maneira que eu pudesse manchar
minha honra. Mas o pai ainda não tinha perdoado Gianna, e foi por isso
que eu a vi em quase dois anos. Ela foi proibida de vir a Chicago, e eu
não tinha permissão para visitar Nova York. Se não fosse pela
malandragem de Aria, eu não teria sequer sido capaz de falar com
Gianna ao telefone.
~ 29 ~
Me arrastei fora do meu quarto e desci as escadas. — Mãe? — eu
tentei de novo quando eu tinha quase chegado à porta da cozinha.
Ainda sem resposta. Empurrei a porta aberta e entrei. Havia uma
garrafa de vinho quebrada no chão, vinho tinto derramado em volta
dela. A mãe estava ajoelhada ao lado dela, a saia cor creme levemente
absorvendo o líquido, mas ela não parecia notar. Ela estava olhando
para um caco na palma da mão como se a fosse a resposta a todas às
suas perguntas. Eu nunca a tinha visto assim. Andei na sua direção. —
Mãe? — eu quase nunca a chamava assim, mas parecia a escolha certa
para o momento.
Ela olhou para cima, seus olhos azuis marejados e sem foco. —
Oh, você está em casa?
— Eu estava no médico.
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tempo, de qualquer maneira, e Aria tem o suficiente em suas costas
como a esposa de um Capo.
*****
Duas horas mais tarde, ouvi o pai chegar em casa e mais trinta
minutos depois, escutei os passos leves da minha mãe no corredor do
andar de cima, e a porta do quarto principal foi fechada. Eu estava
sozinha. O pai ainda estava lá embaixo? Eu deixei meu quarto e fui
para o seu escritório no primeiro andar. Após um momento de
hesitação, eu bati. Eu precisava falar com ele.
Ele olhou para cima. — Sim. Ela vai dar início ao tratamento com
o melhor médico de Chicago na próxima semana.
— Oh, certo. — fiz uma pausa, esperando algo mais dele, mas ele
me observava sem uma pitada de emoção em seu rosto. — Eu estava
pensando que a mãe precisa do apoio de sua família, agora mais do que
nunca. De toda a sua família.
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O rosto do pai escureceu. — Eu não vou ter aquela prostituta na
minha casa. Matteo a perdoou, até mesmo se casou com ela apesar das
suas transgressões, mas eu não sou tão bondoso.
*****
~ 32 ~
me cumprimentar dessa forma. — O pai ainda está em seu escritório e a
mãe está na cozinha, — eu expliquei. Pelo menos eu esperava que a
mãe não estivesse no banheiro, vomitando novamente.
Luca passou por mim e meu olhar pousou em Romero, que estava
escondido atrás da estrutura maciça de Luca. Meus olhos se
arregalaram com a visão dele. Eu não esperava que ele viesse. No ano
passado Luca tinha vindo sozinho com Aria. Afinal de contas, ele era
mais do que capaz de protegê-la.
*****
ROMERO
Luca tinha negócios para tratar com Scuderi e Dante Cavallaro;
essa foi a única razão pela qual eu vim para Chicago com eles. E agora
quando eu estava na porta da mansão Scuderi, olhando para Liliana,
me perguntei se eu não deveria ter arranjado uma desculpa. A última
vez que eu vi Lily ela ainda era uma menina, e mesmo que ela ainda
não fosse uma mulher, tinha crescido muito. Ela estava deslumbrante
pra caralho. Era difícil não olhar para ela. E era fácil esquecer que
ainda havia alguns meses até que ela se tornasse maior de idade, fácil
de esquecer que ela estava fora do meu alcance.
~ 33 ~
Passei as próximas duas horas observando ela discretamente
enquanto fingia estar ocupado cuidando de Aria, não que eu tivesse
muito que fazer de qualquer maneira. Mas quanto mais eu observava
Lily, mais eu percebia que algo estava errado. Sempre que ela pensava
que ninguém estava prestando atenção, ela parecia desinflar e seu
sorriso desaparecia, seus ombros caiam. Ela era uma boa atriz quando
estava dando toda sua atenção, mas seus poucos momentos de
desatenção eram o suficiente para mim. Ao longo dos anos, servindo
como guarda-costas, eu tinha aprendido a estar ciente até mesmo dos
pequenos sinais.
A ideia de vê-la casada mexeu comigo, mas eu não podia ter essa
reação estranha. Andei em direção a ela, me certificando de fazer os
meus passos audíveis para que ela soubesse que não estava mais
sozinha. Ela ficou tensa, abriu bem os olhos, e quando me viu, relaxou
e fechou os olhos outra vez. Eu não tinha certeza do que fazer a partir
da sua reação à minha presença. Parei a alguns passos dela. Meu olhar
viajou pelas suas pernas longas e magras, e então eu rapidamente voltei
para o seu rosto. — Liliana, está tudo bem? Você saiu faz um tempo.
~ 34 ~
Como se eu precisasse de alguém para me dizer para fazer isso.
Tinha sido quase impossível tirar os meus olhos de Liliana esta noite. —
Não, ela não pediu, — eu disse simplesmente.
Seus olhos azuis pareciam confusos, então ela virou o rosto para
o lado, me deixando olhar seu perfil. Seu queixo tremeu, mas ela
engoliu em seco e sua expressão endureceu. — Você não precisa ir
cuidar de Aria?
Eu hesitei. Luca era o meu Capo. Havia certas coisas que eu não
poderia esconder dele. — Você sabe que eu não posso prometer isso
antes de saber o que você vai me dizer — e então eu me perguntei se
talvez ela estivesse grávida, se talvez alguém tivesse quebrado seu
coração, e a ideia me deixou furioso. Eu não deveria querer ela, eu não
podia querer ela, e ainda assim...
~ 35 ~
odeio isso. Eu odeio que estamos mantendo as aparências quando tudo
está desmoronando.
~ 36 ~
— Meu pai ficaria furioso se descobrisse. Ele esteve no limite por
um longo tempo. Às vezes eu acho que é preciso apenas o menor
incidente e ele vai colocar uma bala na minha cabeça.
— Mas então ela teria que suportar esse segredo e não seria
sequer capaz de falar com a mãe sobre isso. Por que tudo é tão
confuso? Por que eu não posso ter uma família normal?
*****
~ 37 ~
LILIANA
Meu coração batia rápido no peito, não só porque eu tinha estado
sozinha com Romero e mal tinha conseguido sair sem beijá-lo, mas
porque eu estava determinada a ir contra as ordens do pai. Talvez
Romero tivesse dito a verdade e ele não fosse contar nada para minha
irmã e Luca sobre a minha mãe, mas por que ele realmente deveria
guardar esse segredo para mim? Nós não éramos um casal, não éramos
nem sequer amigos. Nós não éramos nada um do outro. O pensamento
fez meu estômago ficar pesado.
Era melhor se eu contasse tudo para Aria agora. Ela iria descobrir
eventualmente, e eu queria que fosse através de mim. A encontrei na
sala de estar, um prato com prosciutto em sua mão. Ela estava falando
com Valentina. Eu andei em direção a elas e Valentina me notou pela
primeira vez. Houve um lampejo de piedade em seus olhos verdes antes
que ela sorrisse para mim. Será que ela sabia?
Claro que sim. Papai provavelmente tinha dito a seu chefe, Dante,
imediatamente, e Dante havia contado à sua esposa. Será que o pai
tinha dito para outras pessoas também? Pessoas que ele achava mais
merecedoras da verdade do que sua própria família? — Oi Val, — eu
disse. — Posso roubar Aria de você por um momento? Eu tenho que
falar com ela.
~ 38 ~
A levei para o meu quarto no andar de cima. Quando a porta se
fechou atrás de nós, eu soltei Aria e me afundei na minha cama. Aria se
sentou ao meu lado.
Aria olhou para mim com os olhos arregalados, então ela caiu
contra a parede, liberando uma respiração dura. — Oh, Deus. Eu vi que
ela parecia exausta, mas achei que fosse por causa de alguma briga
com o pai.
— É claro, — disse Aria. — Eu odeio que ela não possa estar aqui
— ela suspirou. — Eu quero falar com a mãe sobre isso. Ela precisa do
nosso apoio, mas como podemos fazer isso se ela acha que não
sabemos?
Eu não sabia como fazer isso. — Eu odeio como o pai está agindo.
Ele é tão frio em relação a ela. Você, Aria, tanta sorte de ter um marido
que se preocupa com você.
~ 39 ~
*****
~ 40 ~
— Você quer assistir a um filme? — eu me arrastei para o lado na
cama. — Eu não consigo dormir de qualquer maneira.
*****
Meu aniversário de dezoito anos era hoje, mas não haveria festa.
Mamãe estava muito doente. Não havia espaço em nossa casa para
celebrações ou felicidade. Pai quase não estava mais em casa, sempre
fora a negócios, e, recentemente, Fabi começou a acompanhá-lo. E
assim eu fui deixada sozinha com a mãe. Claro que havia uma
enfermeira e nossa empregada, mas elas não eram da família. Mamãe
não as queria por perto, e assim eu era a única sentada ao seu lado na
cama depois da escola, lendo para ela, tentando fingir que seu quarto
não tinha cheiro de morte e desesperança. Aria e Gianna tinham ligado
de manhã para me desejar feliz aniversário. Eu sabia que elas queriam
me visitar, mas o pai proibiu. Nem mesmo em meu aniversário ele
poderia ser bom.
~ 41 ~
— Olá, Liliana.
Eu não disse nada, não sabia o que dizer. Ele se lembrou do meu
aniversário?
~ 42 ~
— Minha mãe e eu não éramos tão próximas como muitos dos
meus amigos são das suas mães, e eu me arrependo disso agora que ela
está morrendo.
Eu queria que ele estivesse certo, mas no fundo eu sabia que era
apenas uma questão de semanas antes que mamãe perdesse a batalha.
— Obrigada, Romero, — eu disse suavemente. Eu queria ver o rosto
dele, queria sentir seu cheiro reconfortante.
— Faça hoje alguma coisa que te faça feliz, mesmo que seja algo
pequeno.
*****
~ 43 ~
Eu saltei da minha cadeira e me inclinei mais perto. — Não, sou
eu, Liliana.
~ 44 ~
realmente queria contar era sobre minha paixão por Romero, e isso era
algo que eu não podia confiar a ela. — Você precisa de alguma coisa?
Eu posso buscar sopa.
— Você tem uma casa bonita e muitos amigos e filhos que gostam
de você, — eu disse, mas mesmo enquanto falava as palavras, sabia que
era a coisa errada a dizer, e eu odiava esse sentimento de sempre fazer
a coisa errada, de não ser capaz de falar nada que realmente ajudasse.
Eu não podia negar isso, e eu não tinha certeza se era por isso
que o pai ficou afastado ou se ele realmente nunca se importou com a
minha mãe em primeiro lugar. Eu abri minha boca para dizer algo,
outra mentira pela qual eu me sentiria culpada mais tarde, mas a mãe
continuou falando. — Uma casa que foi paga com dinheiro de sangue.
— Você fez tudo que podia. Papai nunca teria escutado você, de
qualquer maneira.
~ 45 ~
— Não, ele não teria, — ela sussurrou. — Mas eu podia ter
tentado mais. Há tantas coisas que eu lamento.
Olhei para a porta, preocupada que o pai que nos ouvisse. Como
se isso pudesse acontecer. Como se ele realmente fosse colocar os pés
perto desse quarto. — Você o amava?
Pena apertou o meu coração. Papai tinha nunca tinha feito nada
romântico para ela? — E sobre o pai?
Mas ele tinha tempo para estar com prostitutas pelas costas de
minha mãe. Até eu sabia sobre elas, e eu geralmente era a última
pessoa a ficar sabendo sobre coisas desse tipo. Eu nunca o ouvi dizer
uma palavra gentil para minha mãe. Eu sempre assumi que ele só
demonstrava afeto atrás de portas fechadas, mas agora eu percebi que
ele provavelmente nunca fez isso. A única coisa em que ele era bom era
em comprar joias caras.
~ 46 ~
— Não me entenda mal, eu respeito seu o pai.
Será que essas palavras sempre iriam me dar um soco cada vez
que ela as expressasse? — Não, — eu disse com voz trêmula. — Não é.
Não desista.
Ela olhou para mim com um sorriso triste. — Não vai durar muito
mais tempo. Para mim não há nada, apenas o lamento. Mas você tem
toda a sua vida pela frente, Liliana. Prometa que vai vivê-la ao máximo.
Tentar ser feliz.
— O pai não vai permitir isso. Ele vai encontrar alguém para mim,
não vai?
~ 47 ~
— Como não? Você é linda e inteligente e vem de uma boa família.
Ele seria louco se não se apaixonasse por você.
— Ah, certo — era por isso que ele cheirava a uma loja de
perfume e suas roupas estavam amassadas. Ele tinha passado a manhã
com uma de suas prostitutas e estava, provavelmente, a caminho de
encontrar a próxima. — Mas ela adoraria ver você mais tarde.
Meu pai estreitou os olhos. — Você ligou para sua irmã? Luca me
ligou essa manhã para me dizer que ele e Aria estavam a caminho de
Chicago para visitar a sua mãe.
— Você realmente acha que eles querem ver sua mãe como ela
está? Sua mãe uma vez foi uma mulher orgulhosa, se ela ainda
estivesse em seu juízo perfeito, não iria querer que ninguém a visse
neste estado lamentável.
~ 48 ~
Eu pressionei meus lábios juntos. — Você disse a Aria e Luca
para vir, ou você os proibiu de visitar? — eu não mencionei que Gianna
estaria vindo também. Ele iria descobrir em breve e, então Luca estaria
lá para acalmá-lo.
— Eles vão estar aqui na parte da tarde. Isso vai dar a Luca e
Dante a oportunidade de discutir os seus negócios.
*****
~ 49 ~
parecia quebrada, e o cheiro era horrível também. Os enfermeiros
limpavam o chão e a mobília com desinfetantes duas vezes por dia, mas
o fedor de urina e decadência ainda cobria tudo. Ele parecia se apegar à
minha roupa e minha pele, e meu nariz entupia quando eu não
conseguia dormir à noite.
— Eu não sei. É difícil falar com Fabi sobre isso. Ele não me diz
tudo como costumava fazer. Ele mudou muito desde que a mãe ficou
doente. Às vezes eu não o reconheço.
— Olhe para Matteo e Luca e Romero, eles não são de todo ruim.
~ 50 ~
Corei, mas não respondi. Felizmente, Aria envolveu Gianna na
conversa e eu pude relaxar novamente.
*****
Aria se levantou da cadeira e foi até nosso pai para lhe dar um
abraço. Normalmente seu humor se iluminava quando ela estava por
perto, mas hoje ele nem sequer a notou.
Nosso pai virou e saiu para o corredor sem um único olhar para a
mãe. O resto de nós o seguiu. Gianna não deu a Fabi a chance de
pensar sobre isso, ela o abraçou imediatamente e, depois de um
momento, ele a abraçou de volta. Papai olhou com raiva para o meu
irmão. Eu não podia acreditar que ele não era capaz de deixar o seu
orgulho estúpido de lado uma única vez. Mamãe precisava de nós em
seus últimos dias, mas ele não dava a mínima. Ele nem esperou que eu
fechasse a porta antes de falar de novo.
~ 51 ~
— Eu proibi você de entrar nessa casa, — ele rosnou.
Eu tinha certeza que o pai teria atacado Gianna, mesmo que ela
fosse esposa de Matteo, mas Luca chegou ao andar de cima naquele
momento. Isso não impediu o pai de dizer coisas muito desagradáveis e
Gianna de disparar de volta contra ele. Eu não aguentava mais. Passei
por eles. Suas brigas e xingamentos me seguiram pelo corredor e até
mesmo lá embaixo eu ainda podia ouvir os seus gritos. Invadi a
cozinha, bati a porta e me encostei a ela, antes de enterrar meu rosto
nas mãos. As lágrimas que eu tinha lutado por tanto tempo,
pressionaram contra os meus olhos. Eu não podia segurá-las.
Romero pousou o café. — Quando foi à última vez que você saiu
de casa?
~ 52 ~
— Vamos dar um passeio. Podemos conseguir um café. Está
muito quente lá fora.
— Eu vou verificar com Luca, mas eu não vejo por que deveria ser
um problema. Só um segundo.
*****
ROMERO
Eu não deveria sequer considerar estar a sós com Lily, nem agora,
nem nunca. Não quando eu não conseguia parar de notar como ela
tinha crescido. Ela não era mais a menina que eu conheci. Ela era uma
mulher em idade de casar agora, mas estava fora do meu alcance. Pelo
menos para os padrões do seu pai. Eu era um dos melhores lutadores
de Nova York, apenas Luca e Matteo eram tão bons com uma faca ou
uma arma, e eu não era exatamente pobre, mas definitivamente não era
da realeza da máfia e não podia pagar por uma cobertura como a de
Luca. Eu não tinha certeza por que diabos eu estava pensando sobre
esse tipo de coisas agora. Eu não ia pedir a mão de Lily, nem agora,
nem nunca, e, neste momento havia coisas mais importantes para
cuidar.
~ 53 ~
— Lily está levando isso da pior maneira. Ela teve de testemunhar
a deterioração de sua mãe durante meses. Eu quero levar ela lá fora,
para dar uma caminhada e tomar um café, colocar sua mente um
pouco longe disso.
Luca estudou o meu rosto com uma expressão que eu não gostei
nem um pouco. — Claro, mas eu realmente não preciso de mais
nenhum problema. As coisas entre Nova York e Chicago já estão
abaladas.
Luca acenou com a cabeça, mas ele não parecia convencido. Ele
olhou de volta para Scuderi e suas duas filhas. — É melhor eu voltar
para lá. Esteja de volta antes do jantar, então Scuderi não vai saber que
Liliana saiu de casa. O bastado quase não presta atenção em nada,
muito menos naquela garota.
~ 54 ~
Ela piscou para mim com um sorriso envergonhado. — Desculpa.
Estou perdendo tempo. Nós deveríamos tomar um café e não ficar na
calçada durante todo o dia.
*****
~ 55 ~
LILIANA
Romero sorriu. — Obrigado, — eu poderia ter beijado ele naquele
momento. Ele estava tão bonito e sexy.
3
Red velvet, ou veludo vermelho, é o nome daquela massa de bolos e cupcakes com a
coloração bem avermelhada. Não necessariamente tem gosto de morango ou alguma
fruta vermelha, ela é chamada assim apenas pela sua cor.
~ 56 ~
disse, — Eu sei como são as coisas para os nossos homens. Vocês têm
um monte de mulheres.
~ 57 ~
— Eu gostei de algumas, mas ou elas não estavam interessadas
em mim ou eu não conseguia me ver passando o resto da minha vida
com elas.
Eu balancei a cabeça. Sim como? Ele era um Made Men, não uma
garota estúpida. — Você está certo. Você pode tomar suas próprias
decisões.
Eu me soltei de seu abraço e saí sem dizer mais nada. Minha mãe
disse que eu deveria assumir os riscos pela minha felicidade, e eu
estava fazendo exatamente isso.
~ 58 ~
*****
ROMERO
Eu invadi a cozinha. Eu precisava de outro café. Fechei a porta
atrás de mim a batendo com muita força. Eu queria rasgar algo em
minúsculos pedaços. Meus lábios ainda formigavam daquele beijo
ridículo. Você não poderia sequer chamar assim. Foi rápido demais.
Porque eu tinha agido como o soldado obediente que eu deveria ser.
Foda-se.
~ 59 ~
Eu soltei um longo suspiro.
Essa era uma viagem de culpa que eu já tinha visto outra vez. Eu
balancei a cabeça, porque as palavras na ponta da minha língua eram
muito duras para o meu Capo.
~ 60 ~
Aria balançou a cabeça. — Eu não sou cega. Lily está agindo de
um jeito estranho desde que voltou do passeio com Romero, — ela me
encarou com um olhar de advertência. — Eu não a quero a sós com
você.
— Não me venha com esse olhar. Você sabe que eu gosto de você
Romero, mas Lily vem passando por muita coisa recentemente, e
quando se trata de você o cérebro dela para de funcionar. Eu não quero
ter que me preocupar com ela.
— Ei, — Luca disse rispidamente. — Não fale nesse tom com ela.
~ 61 ~
Capítulo Cinco
LILIANA
Alguém estava me sacudindo. Abri os olhos, mas a princípio tudo
estava escuro.
— Lily, se levante. Acho que mamãe vai morrer, — Aria disse com
a voz em pânico. Eu me sentei, minha cabeça girando.
— Ela saiu para que pudéssemos dizer adeus em paz. Ela deu
outra dose de morfina para que ela pudesse ir sem dor.
~ 62 ~
A respiração da mãe estava baixa, quase imperceptível. Seus
olhos se mexiam de um lado para o outro sob suas pálpebras, como se
ela estivesse assistindo a um filme em sua cabeça. Não levaria muito
mais tempo. Fabi agarrou o pé da cama, os nós dos seus dedos ficando
brancos. Havia lágrimas em seus olhos, mas seu rosto era como pedra.
Eu conhecia aquele olhar, aquela postura.
Eu me virei para longe dele. Aria caminhou até nós. — Como ela
está?
— Você sabe onde ele está? Você está agindo como o melhor
amigo dele nos últimos dias, — Gianna murmurou com uma carranca
na direção de Fabi.
Ele endureceu. — Ele não me diz aonde vai. E eu não sou o seu
melhor amigo, mas como o seu único filho eu tenho responsabilidades.
— Não importa que o pai não esteja aqui, — eu disse com firmeza.
— Nós estamos aqui para ela. Nós somos as pessoas mais importantes
na sua vida, não ele.
~ 63 ~
Essa foi à última vez que mencionamos o pai naquela noite. Horas
se passaram com o estado da mãe permanecendo o mesmo, e,
finalmente meus olhos se fecharam, mas então sua respiração alterou e
eu acordei imediatamente.
~ 64 ~
Depois de um momento, Aria se levantou e deu um beijo na testa
da mãe. Para minha surpresa, Gianna fez o mesmo, embora ela
rapidamente tenha se afastado da cama de novo. Eu só podia olhar. Eu
sabia que deveria beijar a testa da mãe, como um último adeus, mas eu
não poderia tocar neste corpo sem vida. Que não era mais ela. Era algo
vazio e sem vida.
~ 65 ~
Ele mal a visitou desde que ela ficou pior. Ele é um bastardo egoísta e
está, provavelmente, enroscando em uma de suas putas neste exato
momento.
Luca fez uma careta. — Sim, eu enviei duas mensagens, mas ele
ainda não respondeu, e ele não atende aos meus telefonemas. Eu
duvido que ele esteja de volta logo.
~ 66 ~
Romero não seria assim. Mas ele não era o que o pai escolheria como
meu marido.
Romero parecia querer dizer mais, mas então ele só passou por
mim e foi até o meu irmão. — Você precisa de ajuda para polir sua
coleção?
~ 67 ~
Eu fechei a porta rapidamente. Eu tinha tido morte suficiente
para uma noite. Não queria saber quantas pessoas Romero já tinha
matado em sua vida. Olhei para baixo em direção ao quarto onde o
corpo da mãe esperava para ser levado embora, então me virei e me
dirigi para o meu quarto. Aria tinha Luca, Gianna tinha Matteo, e por
enquanto Fabi ainda tinha Romero, mas eu lidaria com isso sozinha. Eu
tinha feito isso durante semanas e meses.
*****
ROMERO
Eu queria estar lá para Lily, queria consolá-la, mas eu respeitava
os desejos de Aria. Ela também passou por merdas o suficiente e não
precisava da dor adicional de se preocupar com sua irmã.
~ 68 ~
choro para que pudesse invadir e consolá-la, ser seu cavaleiro de
armadura do caralho.
Eu segui em frente.
~ 69 ~
Capítulo Seis
LILIANA
Eu parecia mortalmente pálida de luto. Aria, Gianna e eu
usávamos os mesmos modestos vestidos e sapatilhas pretas, nossos
cabelos presos em um coque. Eu não usei maquiagem, mesmo que as
sombras sob os meus olhos fossem assustadoras. O pai tinha
organizado um funeral enorme; caixão caro de carvalho, um mar de
flores bonitas, o melhor buffet para depois. Ele agiu como o viúvo
devastado que todos esperavam ver. Era um show maravilhoso. Ele
deveria ter estado lá para a mãe quando ela realmente precisou dele.
Isso era apenas para impressionar as pessoas e talvez para fazê-lo se
sentir melhor. Mesmo um homem como ele tinha que se sentir culpado
por abandonar a sua esposa moribunda.
~ 70 ~
O padre começou a sua oração enquanto o caixão foi sendo
abaixado lentamente para o buraco. Olhei para cima através dos meus
cílios e me Romero do outro lado do túmulo foi o que me chamou a
atenção. Ao contrário de Luca e Matteo, que tinha vindo para o funeral,
Romero não tinha permissão para ficar desse lado com a nossa família.
Sua expressão era solene enquanto encarávamos um ao outro, mas
depois ele baixou o olhar para o caixão. Ele tinha me evitado nos
últimos dias. Quando eu entrava em uma sala que ele estivesse, ele
estava, ele normalmente saía com uma desculpa estúpida. Era óbvio
que ele não conseguia estar na minha presença, e não sabia o que dizer.
Todo mundo estava pisando em ovos ao redor de mim e meus irmãos
agora. Eu queria que ele me dissesse a verdade. Eu poderia lidar com
isso. Papai nos levou de volta para os outros presentes enlutados, longe
da sepultura da mãe e, finalmente me soltou. Eu soltei um suspiro de
alívio, feliz por estar fora dos holofotes e longe do meu pai.
~ 71 ~
vezes na minha vida eu me sentia como se estivesse cercada por grades
invisíveis, e agora eu buscava abrigo atrás delas. Um sorriso amargo
torceu meus lábios. Passos rangeram do lado de fora do mausoléu. Eu
segurei minha respiração quando alguém passou pelo portão.
Era tão bom estar perto de alguém, sentir o seu calor, algo do
qual minha vida parecia tão desprovida recentemente. Ele lentamente
se retirou do mausoléu, me levando com ele, ainda me segurando perto.
Meu pai. A raiva cresceu em mim pela forma como ele agiu nos
últimos meses. Eu estava tão cansada de estar com raiva, de não saber
para onde ir com toda essa amargura. Eu fiquei na ponta dos pés,
fechei os olhos e pressionei os lábios contra os de Romero. Era a
terceira vez que eu fazia isso. Parecia que eu nunca aprendia, mas eu
não estava mais sequer com medo de ser rejeitada. Eu estava tão
entorpecida por dentro, não havia nenhuma maneira que qualquer
coisa pudesse me machucar de novo.
~ 72 ~
A mão de Romero veio até meus ombros como se ele fosse me
empurrar para longe, mas então ele apenas as descansou lá, quentes e
fortes. Ele não tentou aprofundar o beijo, mas nossos lábios se
moveram um contra o outro. Havia apenas o toque leve e mesmo assim
foi rápido demais. Algo escorreu pelo meu rosto e chegou aos meus
lábios. Nunca imaginei meu primeiro beijo de verdade com gosto de
lágrimas. Saí da ponta dos pés e meus olhos se abriram. Eu estava
muito esgotada, triste, muito irritada para me envergonhar pelas
minhas ações.
~ 73 ~
Romero tocou meu ombro de leve e eu quase voei de volta em
seus braços, mas desta vez fui mais forte. — Você está pronta para
voltar?
Pronta? Não. Eu não queria ver o pai ou o seu luto falso. Eu não
queria ouvir mais uma palavra de piedade. — Sim.
~ 74 ~
isso só vai piorar as coisas. Talvez você pense que gosta dele, mas você
não deve confundir solidão com outra coisa.
Aria pegou minha mão. — Por favor, não fique brava, Lily. Eu só
quero te proteger.
*****
~ 75 ~
Talvez se minha mãe não tivesse morrido, papai teria passado o verão
me apresentando maridos em potencial, e eu teria um casamento para
planejar em um futuro próximo. Ainda assim, eu preferia isso à forma
como a minha vida se desenrolava agora, sem nada para olhar para
frente.
*****
ROMERO
Luca, Matteo e eu jogávamos cartas quando o celular de Aria
tocou. Ela estava sentada no sofá com Gianna, bebendo vinho e rindo.
— Por que você não ligou antes? Você devia mandar ela para cá
imediatamente!
Luca se levantou.
— Você pode falar para mim, também, — disse Aria, então ela
olhou para Luca. — Meu pai quer falar com você — ela se levantou e
estendeu o telefone para ele, e Luca o pegou com um olhar preocupado
para sua esposa.
~ 76 ~
— Por minha honra, nenhum dano acontecerá a Liliana enquanto
ela estiver aqui. Ela vai estar bem protegida. Eu vou ter certeza disso, —
disse Luca. Em seguida, ele ouviu o que quer que Scuderi tivesse a
dizer na outra extremidade. — Eu estou ciente disso. Acredite em mim,
Liliana estará tão segura como ela está em Chicago, — ele ouviu
novamente e, em seguida, desligou.
Aria correu em direção a ele. — E? Ele vai permitir que ela venha
para cá?
— Você quer dizer que ela não vai sair por aí se divertindo ou,
Deus me livre, sujar a sua pureza, — Gianna murmurou.
~ 77 ~
fitou-o com um de seus olhares que sempre o convencia. — Por favor,
Luca? Eu não quero Lily presa em nosso apartamento. Nos Hamptons
podemos ficar na piscina, e nadar no mar e fazer passeios no nosso
barco.
~ 78 ~
Capítulo Sete
LILIANA
Eu ainda não tinha percebido o quanto tinha me negligenciado
nas últimas duas semanas desde o funeral da mãe. Eu não tinha fome e
raramente estava com sede, então eu não tinha comido muito.
~ 79 ~
— Nada, — disse Aria se desculpando.
— Sério? — perguntei.
*****
ROMERO
Eu era bom em manter uma cara séria, mesmo em situações
difíceis, mas quando eu vi Lily pela primeira vez quando ela entrou no
apartamento, eu não tinha certeza se poderia esconder a minha fúria.
Fúria direcionada ao pai dela por deixar a própria filha se afogar em sua
tristeza, enquanto ele estava ocupado demais promovendo a sua
posição na Outfit com a indução de seu filho muito jovem.
~ 80 ~
Luca veio até mim quando eu me inclinei contra o balcão da
cozinha e assisti a reunião das três irmãs. — Será que isso vai ser um
problema, você estar em uma mansão com Liliana?
*****
LILIANA
Romero ainda estava me ignorando. Embora ignorando não fosse
bem a palavra certa. Ele me tratou com desprendimento educado,
sempre amigável, mas nunca caloroso demais. Se eu não tivesse
conhecimento do que Aria havia dito a ele, teria sido mais difícil de lidar
com isso, mas eu tinha quase certeza que ele estava interessado em
mim.
~ 81 ~
No primeiro dia na mansão, o sol estava brilhando e nós
decidimos jantar na praia. Eu decidi usar o meu vestido de praia cor de
rosa. Era decotado, sem costas e abraçava as minhas curvas. Bem, pelo
menos ele costumava fazer, agora estava um pouco solto em certos
lugares, mas ainda me vestia muito bem. Quando minhas irmãs e eu
fomos para a mesa que os homens tinham feito, Romero olhou por cima
da churrasqueira que estava arrumando e o que enxerguei em seus
olhos quando me viu foi todo o incentivo que eu precisava. Porque
aquilo estava longe de ser o desprendimento educado das últimas vinte
e quatro horas.
— Aria tenta agir como uma mãe, mas é você quem tem que
decidir o que quer.
— Eu não acho que você precisa de mim para isso, para ser
honesta, — disse Gianna enquanto levantava as sobrancelhas ruivas. —
Mas me faça um favor e maneire no vinho.
~ 82 ~
— Eu pensei que você queria que eu me divertisse.
Gianna bufou. — Uau, agora eu sei por que Aria está preocupada,
— ela observou Romero por um tempo. Ele estava rindo de alguma
coisa que Matteo tinha dito. — Eu não iria colocar muita confiança em
seu cavalheirismo, se eu fosse você. Fique no controle quando você
estiver com ele. Ele ainda é um Made Men. Não me faça ter que matá-lo,
ok?
— Eu não sou. Eu sou a mãe urso irritada que vai rasgar o pau
dele fora se ele te machucar.
Aria olhou para Gianna, que fez uma cara inocente, depois para
mim. — Eu não gosto disso. Me prometam que as duas não se meterão
em problemas.
4Eles usam essa expressão em inglês para falar daquelas pessoas, especialmente
mulheres, superprotetoras.
~ 83 ~
tempo a sós com Romero. Eu sabia que Aria faria o seu melhor para ser
a minha sombra constante.
*****
~ 84 ~
mas não havia nenhum som vindo do seu quarto. Aumentei o ritmo do
meu passo até chegar ao quarto de Romero.
~ 85 ~
assim, poderia ter uma ideia errada. Uma ideia que poderia custar a
minha vida e a sua reputação.
Ele se inclinou para frente, chegando cada vez mais perto. Meus
olhos se fecharam, mas o beijo que eu queria nunca veio. Em vez disso
ouvi o ranger da porta. Olhei para Romero. Ele só abriu a porta do
banheiro. Foi por isso que ele se aproximou, não para me beijar.
Constrangimento me atravessou. Como eu poderia ter pensado que ele
estava interessado em mim?
Ele fez isso de imediato, e deu um passo para trás. Eu fiquei onde
estava. Eu queria tocá-lo, e eu queria que ele me tocasse, também. Ele
falou um palavrão e então estava em cima de mim, uma mão segurando
minha nuca, a outra em meu quadril. Eu quase podia saborear os seus
lábios, que estavam tão perto. Seu toque me fazia sentir mais viva do
que qualquer outra coisa já fez.
~ 86 ~
apareceu, ainda de pijama e uma xícara de chocolate quente nas mãos.
Ela parou, estreitando os olhos com desconfiança. — O que você está
fazendo se esgueirando pelo corredor de camisola?
~ 87 ~
*****
ROMERO
Eu quase corri atrás de Liliana e arrastei de volta para o meu
quarto. Caramba. Ela me queria. Estava escrito em todo seu rosto. No
primeiro momento que me virei e a vi ali de pé, com seus enormes olhos
azuis, pensei que estava imaginando coisas. Afinal, eu pensava nela
frequentemente durante o meu banho. Ela estava na minha cabeça o
tempo todo. Se Luca soubesse como era difícil para mim me concentrar
em proteger Aria nesse momento, ele definitivamente teria me mandado
de volta para Nova York, longe de Lily. Se eu fosse um bom soldado, ia
lhe pedir para fazer isso, mas eu não queria ir a qualquer lugar. Eu
queria ficar perto de Lily.
Mas não era nem mesmo a moral que me impediu de beijar Lily.
Isso ia contra meu juramento, meu dever, mas não era o principal
motivo. Mesmo que ela não fosse realmente minha para proteger, eu
ainda queria proteger Lily, até de si mesma. Ela não parecia perceber as
consequências de flertar comigo assim. Em nosso mundo o valor de
uma menina era baseado em sua reputação, sua pureza, isso era a
verdade, o que os homens esperavam das moças do alto escalão. Mas
mesmo entre os soldados, poucas mulheres eram autorizadas a
namorar com alguém que elas quisessem. Nós ainda seguíamos as
mesmas regras de mais de cem anos atrás, e eu duvidava que fosse
mudar em breve. Se eu deixasse Lily perto, se eu deixasse essa coisa
entre nós se desdobrar, se eu a tomasse da maneira que eu queria,
então ela estaria arruinada aos olhos da nossa sociedade.
Claro, havia muitas coisas que poderíamos fazer que não iriam
destruir a sua virgindade. Tantas coisas, porra.
~ 88 ~
Durante o café, eu agi como se nada tivesse acontecido. Aria
estava prestando muita atenção. E Gianna parecia saber mais do que
devia, também.
~ 89 ~
Capítulo Oito
LILIANA
Olhei para o teto, ou melhor, onde eu sabia que ele estava. A
escuridão era impenetrável, eu não poderia mesmo ver a minha própria
mão. Às vezes parecia que a escuridão era tudo que havia na minha
vida. Um longo túnel sem fim. Especialmente à noite, quando as
palavras da mãe me assombravam. Eu tinha prometido a ela que seria
feliz, mas não tinha certeza de como fazer. Uma profunda solidão me
enchia, eu tinha tomado conta de mim desde que mamãe tinha morrido.
Nós nunca tínhamos sido próximas como algumas filhas eram de suas
mães, mas ela estava lá, uma presença constante. E agora parecia que
eu estava sozinha. Claro que havia Fabi, mas ele era jovem e logo
estaria envolvido nos negócios da máfia e do pai... Agora, estar aqui nos
Hamptons me fazia feliz, mas era uma coisa temporária.
~ 90 ~
eu precisasse ver alguma coisa para encontrar o quarto de Romero. Eu
sabia exatamente onde era. Eu tinha perdido a conta das vezes que me
imaginei indo até lá. Mas até agora a razão tinha me parado. Hoje à
noite eu estava cansada de ouvir a razão, de jogar pelo seguro. Eu não
queria estar sozinha, não queria passar a noite toda olhando para a
escuridão, solitária e triste. Me arrastei pelo corredor, cuidando para
não fazer nenhum som, mal ousando respirar. Quando cheguei à porta
do quarto dele, fiquei lá por um longo tempo. O interior estava
silencioso e tranquilo. Claro, já passava e muito da meia-noite e ele
sempre se levantava cedo para correr.
~ 91 ~
Ele rolou de costas em um movimento rápido, então seus olhos
pousaram em mim. Ele relaxou, mas rapidamente ficou tenso
novamente. — Liliana?
— Lily, o que você está fazendo aqui? Está tudo bem? — havia
preocupação em sua voz, mas também havia algo mais. Algo que eu
tinha ouvido quando ele me pegou espionando no chuveiro. Era algo
mais sombrio e quase ansioso.
— Isso não é algo com que você deve brincar, — ele disse
calmamente. — Não é engraçado, — ele estava com raiva. Talvez eu
devesse ter tomado a dica, girado nos calcanhares e saído do quarto,
mas, como Gianna, eu nunca tinha sido muito esperta em situações
como essa.
~ 92 ~
— Eu não estava brincando, e eu não quis dizer isso assim, — eu
sussurrei. — Eu quero dormir na sua cama, apenas dormir — por
enquanto. Eu queria mais do que isso, eventualmente.
— Eu duvido.
~ 93 ~
volta e eu sei como você tem olhando para mim. Eu sei que você está
interessado em mim.
~ 94 ~
Romero olhou para mim com tal intensidade que eu não pude
deixar de tremer. Ele não respondeu. Ele agarrou os meus quadris e me
puxou contra ele antes que os seus lábios descessem nos meus. Eu abri
sem hesitação, ávida por aquele beijo, ansiosa por sua proximidade.
Sua língua mergulhou em minha boca. Não havia sombra de hesitação
ou dúvida em seu beijo. Eu gemi. Isso era tão diferente do nosso
primeiro beijo, era tão mais intenso. Ele segurou a parte de trás da
minha cabeça, me guiando do jeito que ele queria. Eu mal podia me
segurar. Fiquei na ponta dos pés e me encostei a ele enquanto segurei
seus ombros para manter o equilíbrio. O beijo me consumiu e me agitou
como se um incêndio tivesse começado dentro de mim, me fazendo
muito quente.
~ 95 ~
Fechei a porta e rastejei de volta para minha cama. Como antes, a
escuridão se fechou em mim. Era muito silencioso no meu quarto,
muito solitário e vazio. Mesmo a lembrança do beijo que Romero e eu
tínhamos compartilhado não conseguiu me animar. Não quando isso foi
provavelmente a última vez que eu beijaria Romero. Demorou muito
tempo para eu cair no sono e, em seguida, o rosto infeliz e pálido da
mãe assombrou os meus sonhos.
*****
*****
ROMERO
Era meia-noite quando fui para o meu quarto. Luca, Matteo e eu
tínhamos jogado cartas até uma hora atrás, uma distração que eu
fodidamente precisava, e depois, quando eles se juntaram às suas
mulheres na cama, eu fiquei sentado no terraço, me perguntando por
que eu não poderia fazer o mesmo.
~ 96 ~
fazer, e definitivamente não era estar sozinho no quarto de Lily com ela
à noite. Na minha lista de coisas para evitar essa estava realmente no
topo.
~ 97 ~
Ela saltou e seus olhos se abriram, olhando diretamente para
mim. — Romero? — ela sussurrou em uma voz mansa e pesada de
sono. Eu queria beijá-la.
*****
LILIANA
Alguém tocou a minha garganta, me arrancando do sono. Eu abri
os meus olhos, mas demorou alguns segundos antes que o meu cérebro
registrasse quem estava diante de mim: Romero.
~ 98 ~
olhos voltaram para o meu rosto. Às vezes eu pensava que poderia me
afogar neles. Quando ele estava por perto eu me sentia tão feliz e leve.
De alguma forma eu sabia que ele era o único, a pessoa com quem era
para eu estar. Eu soube isso praticamente desde o início. Se havia algo
como destino, então era isso.
Eu esperei pelo protesto, mas ele não veio. Meu coração caiu
quando ele caminhou em direção à porta. Será que ele ia sair sem uma
palavra? Em vez disso, ele fechou a porta silenciosamente antes de
voltar para a cama. A cada passo que ele tomava em minha direção,
meu coração parecia inchar com emoção. Romero tirou sua arma do
coldre e a colocou na mesa de cabeceira, e então deslizou para fora de
seus sapatos. Eu voei para o lado da cama, para dar espaço para ele, a
emoção vibrando em meu peito. Ele não escorregou para debaixo das
~ 99 ~
cobertas comigo como eu esperava, ao invés disso, se estendeu em cima
delas. Olhei para ele por cima do meu ombro. Ele parecia cansado,
ainda mais cansado do que eu me sentia. Ele sorriu. Parecia quase
resignado, com uma ponta de arrependimento. Ele passou
sorrateiramente o braço em volta da minha cintura e me abraçou ao seu
corpo, minhas costas pressionadas contra seu peito, com os cobertores
entre nós. Eu queria que essa barreira se fosse, mas decidi deixar que
as coisas fossem do seu jeito essa noite. Eu tinha ganhado uma
pequena batalha, a guerra poderia esperar. Apesar do material
agrupado entre nós eu com certeza podia sentir o quanto o nosso beijo
tinha afetado Romero. Sorrindo para mim mesma, eu fechei os olhos. —
Obrigada por ficar comigo.
*****
~ 100 ~
alguém que ele gostaria de se casar. Mas eu estava me precipitando. Eu
queria correr riscos, aproveitar a vida e ser feliz. Essa noite com Romero
foi um passo na direção certa.
— Não leve tudo o que ela disse tão a sério. Ela estava doente.
Não é sua responsabilidade desfazer os erros dela. Ela estava infeliz no
final, mas era sua própria culpa, — disse Gianna.
— E você será ser feliz. Nós vamos ter certeza disso, — disse Aria,
apertando o meu ombro levemente antes de recuar. — Vamos começar
a comer. Quem sabe quando os homens vão aparecer. Eles tinham
alguma coisa para discutir.
~ 101 ~
nervos quando Romero e eu ainda não tínhamos feito nada, o quão pior
seria quando algo estivesse realmente acontecendo?
~ 102 ~
— Eu não sei. Talvez nada. Mas eu quero você Lily. Eu não
consigo tirar você da minha cabeça. Não importa o que eu faço, você
sempre está lá.
Eu exalei. Era como se uma enorme pedra fosse tirada dos meus
ombros. Então não era só comigo. — Eu quero você também. Então, o
que vamos fazer agora? — eu dei um passo mais perto. Os olhos de
Romero viajaram todo o comprimento do meu corpo novamente e isso
me fez vibrar. Como eu me sentiria se ele tocasse cada ponto onde os
seus olhos tinham estado?
Eu tremi. — Pretende?
~ 103 ~
— Eu sei, mas eu não me importo. Eu quero isso.
*****
ROMERO
Enquanto eu observava Lily sair empinada, eu quase gemi. Seu
minúsculo biquíni mal cobria as suas nádegas perfeitas e suas longas
pernas me deixaram selvagem. Eu queria ler a sua mente, queria
descobrir o que ela desejava e dar a ela.
~ 104 ~
Capítulo Nove
LILIANA
Naquela noite eu rastejei até o quarto de Romero novamente. As
luzes estavam apagadas, mas ele estava sentado com as costas contra a
cabeceira da cama. Ele não disse nada quando me aproximei e de
repente eu estava nervosa.
~ 105 ~
alguém que gostava de contato físico com pessoas desconhecidas, mas
com Romero eu sempre queria proximidade.
— Não. Isso foi tudo que eu sempre quis, — disse Romero. Seus
dedos corriam para cima e para baixo no meu antebraço de uma forma
muito perturbadora, mas eu não tinha certeza se ele sequer tinha
notado o que estava fazendo. — Eu conheci Luca e Matteo muito antes
de ser introduzido. Eu sempre tomei Luca como um exemplo porque ele
era mais velho e forte como um urso e Matteo e eu sempre nos
metíamos em problemas.
— Você tinha apenas oito anos nessa época. Você não deveria
estar brincando com carrinhos de caixa de fósforos em vez disso?
— Meu pai não queria essa vida para mim. Como um cobrador de
dívidas, ele tinha que fazer muitas coisas horríveis. Mas ele e minha
mãe confiaram em mim para decidir sozinho o meu caminho.
Como seria ter pessoas que confiam em você para fazer suas
próprias decisões?
~ 106 ~
— Essa vida, isso faz você feliz? — eu perguntei em voz baixa. Às
vezes eu gostaria que houvesse uma definição fácil para o que me fazia
feliz.
*****
~ 107 ~
minhas costas foram pressionadas contra o colchão e ele estava
pairando sobre mim. Ele não estava me segurando, mas seu corpo me
aprisionou, seus joelhos entre as minhas pernas, os braços nos lados
da minha cabeça, a parte superior do corpo em cima de mim. Romero
em todos os lugares. Deus, eu me sentia bem. Talvez devesse ter havido
ansiedade e apreensão. Estávamos sozinhos em seu quarto e se eu
pedisse ajuda, entraria em mais problemas do que quando eu o deixava
fazer o que quisesse. Mas eu não estava com medo de Romero. Talvez
eu fosse estúpida por não estar. Eu sabia o que ele era capaz. Ele era
um assassino. E ele era um homem adulto que tinha tido muitas
mulheres antes de mim que se entregaram, oferecendo seu corpo para
ele. Todo mundo sempre me disse que os meus jogos me deixariam em
apuros um dia. Talvez essa noite seria a prova direta.
Eu hesitei.
— Luzes.
~ 108 ~
— Luzes? — eu disse nervosamente.
Ele não riu como eu esperava. Ele foi muito tranquilo. Sua mão
na minha cintura apertou quando ele levantou a cabeça e me encarou
com um olhar faminto. Ele trouxe a sua boca sobre a minha e eu
separei os meus lábios para ele. Sua língua entrou e tudo ao meu redor
parecia desaparecer quando eu o provava. Não era o nosso primeiro
beijo, mas parecia algo totalmente diferente, comigo na cama com ele,
sem nada para nos parar. Seu beijo era mais feroz. Não houve hesitação
ou surpresa desta vez. Ele chupou o meu lábio inferior em sua boca,
então a minha língua. Ele sugou levemente e eu não tinha certeza de
como era possível sentir todo o movimento entre as minhas pernas.
~ 109 ~
Se eu soubesse. — Mais. — eu disse suavemente.
Romero riu, e o som me fez doer ainda mais por seu toque. Ele
levou ambos os meus mamilos entre seus polegares e indicadores, e
levemente os torceu para frente e para trás através da seda. Eu apertei
os meus olhos com a sensação entre minhas pernas. Eu apertei minhas
coxas, desesperada por algum tipo de alívio. Romero segurou o meu
mamilo com os lábios, o chupando suavemente em sua boca. Por
alguma razão o tecido parecia aumentar as sensações ainda mais. Eu
estava perto de explodir. Sua mão roçou o meu quadril antes de ser
mudar para a barra da minha camisola e suavemente traçar o meu
estômago. Arrepios cobriam a minha pele com seu toque. Ele soltou o
meu mamilo, mas o tecido molhado da minha camisola estava preso a
ele. Eu não podia acreditar que aquilo estava finalmente acontecendo.
~ 110 ~
seu dedo se mantinha levemente traçando as minhas dobras. Faíscas
pareciam soar através do meu núcleo. Era muito mais intenso do que
quando eu me tocava.
— Sim, — eu sussurrei.
~ 111 ~
Romero sorriu um sorriso que eu nunca tinha visto antes. Estava
mais escuro, mais perigoso e indescritivelmente sexy. — Sério. Você não
pode sentir o quanto eu amo isso?
~ 112 ~
ouvido Gianna dizer algo sobre boquetes para Aria uma vez, e que trazia
qualquer homem de joelhos, mas eu não tinha certeza se eu poderia
fazer de uma forma satisfatória. Talvez eu devesse ter perguntado a
Gianna, ouvir algumas instruções...
Não foi dito com convicção. Lambi de sua base até o topo. Ele não
tinha gosto de qualquer coisa, exceto na ponta, onde algumas gotas
haviam se reunido. Eu as lambi sem pensar.
— Não, hoje não. Tome seu tempo e faça o que quiser. Vou
desfrutar de tudo isso, confie em mim, — disse ele em voz baixa. E
assim eu fiz. Eu lambi ao redor de sua ponta e o levei em minha boca,
arrastei a minha língua ao longo de seu comprimento uma e outra vez.
Romero não faz um monte de sons, mas sua mão no meu cabelo
apertou e ele prendia a respiração de vez em quando.
— Eu quis dizer como um aviso. Você não tem que engolir Lily, —
disse Romero. Ele me puxou em sua direção e me beijou. — Você está
bem? Ou foi terrível para você?
~ 113 ~
Romero soltou uma risada sem fôlego. — Não diga essas coisas
para mim. Eu não vou ser capaz de me concentrar mais.
~ 114 ~
Capítulo Dez
ROMERO
Depois que Lily tinha me dado o boquete, eu passei o dia seguinte
pensando em nada além de retribuir o favor com a minha língua. Ainda
bem que a mansão não era um lugar perigoso, porque o meu foco foi
embora. Eu não acho que eu teria feito um bom trabalho de proteção se
alguém tivesse nos atacado.
Meu pau estava tão duro que quase doía enquanto eu esperava
na minha cama naquela noite Lily vir. Quando chegou perto da meia-
noite e ela não tinha vindo ainda, eu quase fui em busca dela. Eu não
conseguia me lembrar da última vez que eu tinha estado com tanto
tesão.
~ 115 ~
E caramba, ela tinha um sabor ainda melhor do que eu
imaginava.
*****
LILIANA
Eu tinha ouvido falar das meninas indo lá para baixo com os
meninos na escola, mas eu nunca tinha sido capaz de imaginar como
seria a sensação de ter a boca de alguém em mim assim. Seria
estranho? Molhado? Nojento? Desajeitado?
Ele riu, mas não baixou a boca. — Me diga quando você estiver
gozando, está bem? Eu quero saber.
~ 116 ~
Romero soltou uma respiração áspera. — Droga. Você é tão
apertada.
— Está tudo bem. Você deve estar com medo sobre isso. Sua vida
estaria arruinada se você perder a virgindade antes de sua noite de
núpcias, — disse ele em um tom estranho. Ele passou os braços em
volta de mim, então eu não podia olhar para o seu rosto mais. — Eu
quero que você seja o único, sabe? — eu sussurrei na escuridão.
~ 117 ~
— Por que não?
— Lily, — disse Romero quase com raiva. — Você sabe por que
não. Até agora temos tido sorte que nós não fomos pego. Suas irmãs e
Luca já estão suspeitando de algo. Nós ainda podíamos negar tudo e
ninguém seria capaz de provar o contrário, mas se nós dormimos
juntos, então haveria provas.
*****
~ 118 ~
compartilhar tudo com ele. Nesse momento, eu não queria nada mais, e
eu sabia que mesmo que eu viesse a me arrepender, o lamento nunca
poderia ser tão torturante quanto eu me sentiria se eu não o fizesse,
onde eu estaria sempre me perguntando como teria sido se tornar um
só com a pessoa que eu amava. Às vezes você tem que arriscar algo
para viver e Romero era um risco que eu estava disposta a assumir.
Isso era tudo que eu conseguia pensar enquanto eu apreciava os
últimos momentos de meu orgasmo.
— Você não está arruinando minha vida. Eu quero isso, isso não
conta para nada?
~ 119 ~
— eu queria que ele fosse meu único. — Você não quer ser o meu
primeiro?
Eu sorri. Era bom saber que eu tinha esse tipo de poder sobre
alguém como Romero. Mas ele segurava poder sobre mim e meu
coração. Era uma coisa assustadora saber que alguém tinha o poder de
esmagar o seu coração com apenas algumas palavras. O amor era
assustador. — Eu quero que você seja o único, Romero. Eu não quero
mais ninguém. Por favor.
— Sim. Eu te quero.
*****
ROMERO
Eu era suposto ser a voz da razão, o único a proteger Lily a partir
de si mesma e de mim, mas eu não era tão forte como todo mundo
pensou que eu era. Luca acreditou em mim, confiava em todo o meu
senso de dever e contenção. Ele não me conhecia bem o suficiente.
Confiança e necessidade brilhavam nos belos olhos azuis de Lily. Ela
~ 120 ~
me queria, e dane-se, eu a queria mais do que qualquer coisa. Cada
fodida vez que eu a pegava com o meu dedo, eu imaginava como seria
ter o meu pau dentro dela, sentir as suas paredes quentes em torno de
mim. Eu não podia negar. Talvez se houvesse uma centelha de dúvida
em seu rosto, mas não havia nenhuma. Eu provei a sua boca mais uma
vez. Ela era doce, suave e irresistível. Seus dedos ao redor do meu pau
apertaram e ela balançou os seus quadris levemente - um convite que
eu entendia muito bem e ansiava por aceitar. Eu me afastei de seus
lábios. — Ainda não.
~ 121 ~
eu deixei os meus pensamentos dispersos em lugares perigosos. Eu
queria aproveitar cada segundo dessa porra, especialmente porque eu
não sabia quantas chances teríamos juntos.
Fiz uma pausa. — Você tem certeza que quer fazer isso? — eu
queria me matar por perguntar. Eu não queria nada mais do que estar
dentro dela, fazê-la minha, sentir as suas paredes em torno do meu
pau. Por que eu tinha que agir todo nobre agora? A quem eu estava
enganando?
~ 122 ~
avançava em seu calor apertado. Me sentia tão fodidamente incrível.
Apertada, quente e úmida, e eu só queria empurrar para ela até o fim.
Em vez disso eu me concentrei nos olhos de Lily, sobre a forma como
ela confiou em mim para fazer isso bom para ela, para cuidar dela. Seu
rosto brilhou com desconforto quando eu não estava nem na metade do
caminho. Fiz uma pausa, mas os dedos em meus ombros apertaram. —
Não pare, — disse ela rapidamente.
Isso não era realmente algo que um cara iria querer ouvir da
garota no qual ele estava. Eu queria fazê-la se sentir bem, mas eu sabia
que ia ser difícil durante a sua primeira vez. Mesmo que eu não queria
nada mais do que me mover, eu decidi ficar como eu estava e beijá-la
por um tempo. Meu pau gritou em protesto.
~ 123 ~
Eu acelerei ainda mais até que eu senti o meu pau apertar e
liberar para ela. Eu segurei Lily firmemente enquanto eu balançava os
meus quadris desesperadamente, então eu parei.
Por alguma razão isso fez a imagem virar realidade. Porra. O que
eu fiz?
~ 124 ~
Lily suspirou em seu sono e se virou. Os cobertores se mexeram
com ela e o ponto cor-de-rosa nos lençóis se tornou visível. Fechei os
olhos. Porra. Isso era para acontecer em sua noite de núpcias. Mas eu
sabia que Rocco Scuderi nunca iria me dar a mão de Lily em
casamento. Eu era apenas um maldito soldado. Respeitado e honrado,
mas um soldado, no entanto. Apesar da minha culpa por ter tomado a
virgindade de Lily, eu sabia que faria isso novamente. Eu queria fazer
ela minha por tanto tempo e esta era a única maneira. Pelo menos
agora uma parte dela pertencia a mim, pelo menos ela nunca
esqueceria a nossa noite juntos, mas eu também sabia que não era o
suficiente. Eu não queria que Lily tivesse apenas a memória da nossa
noite compartilhada pelo resto de seus dias, eu queria lembrá-la do
prazer que eu poderia dar a ela todas as noites, eu queria saboreá-la,
cheirá-la, senti-la a cada fodida noite. Eu queria tê-la caindo no sono
em meus braços e acordando ao meu lado na parte da manhã. Eu
queria fazê-la minha para que todos soubessem, mas não havia
nenhuma maneira no inferno que eu poderia fazer isso sem trair Luca e
a Família. Luca me tratou como um irmão, mas se eu fizesse isso, se eu
fosse contra a Outfit, alegando Lily oficialmente, ele teria que acabar
comigo como um cão raivoso para o bem da Família.
~ 125 ~
Ela relaxou. Ela levantou a mão para a parte de trás da minha
cabeça, parecendo esperançosa. — Podemos ficar juntos um pouco?
~ 126 ~
Capítulo Onze
LILIANA
Eu não podia acreditar que Romero e eu realmente tínhamos
dormido juntos. Eu não sentia remorso. Talvez isso viesse em algum
momento, mas eu não poderia imaginar isso.
Talvez fosse uma realização foi o motivo pela qual eu tinha ficado
mais ousada.
— Por que você não descansa no sofá por um tempo? Você parece
cansada, — Aria disse quando eu bocejei novamente. Teríamos que
procurar algum evento em Hampton para fazer algo nos próximos dias.
Bronzear e nadar estavam ficando cansativos.
~ 127 ~
Gianna balançou as sobrancelhas por trás das costas de Aria. —
Ela vai. Ela parece não conseguir dormir o suficiente durante a noite.
Romero olhou por cima de onde ele estava com Luca e Matteo,
mas ele não parecia preocupado. Eu decidi ignorar o comentário de
Gianna. Levantei da mesa. — Você provavelmente está certa, Aria. Vou
me deitar um pouco.
Luca assentiu.
~ 128 ~
Por alguma razão, fazer amor com Romero no meio da sala de
estar fazia as coisas parecerem mais reais entre nós, como se
pudéssemos ser um casal oficial e não apenas algo que precisava
acontecer no segredo das trevas.
A porta bateu e passos soaram, mas não houve tempo para reagir
antes que Aria aparecesse na sala de estar. — Lily, eu... -— ela estalou
os lábios fechados e congelou, assim como eu. Romero puxou a sua
mão para fora da minha camisa e se sentou rapidamente. Ele segurou
os braços de uma maneira que era para esconder a sua ereção, mas eu
duvidava que ele estivesse enganando Aria. Meus olhos procuraram a
área atrás das suas costas, mas Luca não estava lá. Essa foi à única
coisa boa sobre a nossa situação.
— Você faz parecer que eu não tinha nada a ver com isso. Não foi
apenas obra de Romero. — eu disse, mas Aria quase não me deu
atenção. Ela estava olhando para Romero. — Por que você está de volta
de qualquer maneira? Você não deveria estar almoçando com seu
marido?
~ 129 ~
Romero me ajudou a levantar. — Ele é seu marido. Deve dizer a
verdade a ele.
Eu não tinha certeza o que dizer, se ela ainda espera que eu diga
qualquer coisa. — Nós tentamos esconder.
~ 130 ~
— Caso? — eu disse ofendida. O que Romero e eu tínhamos era
muito mais do que isso. — Você faz parecer como se fosse apenas sexo.
— Então você dormiu com ele, — disse ela calmamente. Ela fez
parecer como se fosse o fim do mundo.
— Lily, Pai não vai permitir isso. Não importa o que qualquer um
de nós diga, ele não vai deixar você se casar com um mero soldado de
Nova York. Ele não pode ganhar qualquer coisa de tal união e não
quando eu já estou casada com o Capo e Gianna com o Consigliere.
Aria olhou nos meus olhos por um tempo muito longo. Eu não
tinha certeza o que ela estava esperando encontrar lá, mas eu lhe dei
~ 131 ~
tempo. — Você o ama, não é? — ela disse, resignado. — E ele? Ele ama
você?
— Ele disse isso depois que fizemos amor pela primeira vez. — eu
esperava que ele fosse dizer outra vez após a primeira noite juntos.
Talvez ele não fosse do tipo de dizer isso em voz alta com muita
frequência.
— Não, você está certa. Romero não é o tipo e ele não arriscaria
tanto só pelo sexo. Ele deve se preocupar com você se ele vai contra as
ordens de Luca.
~ 132 ~
— Você realmente acha que eu faria isso com você? — perguntou
Aria em um tom magoado.
*****
ROMERO
Eu queria arrancar os cabelos em frustração. Devíamos ter sido
mais cuidadosos. Eu geralmente nunca baixo a guarda. Eu sempre
antecipava possíveis riscos. Hoje eu tinha falhado em tantos níveis, era
lamentável.
~ 133 ~
— Eu sei as regras, — eu disse laconicamente, ficando com raiva.
Mas Aria era a última pessoa que eu deveria estar com raiva. Ela estava
certa.
— Eu não posso. Você sabe disso. Seu pai nunca permitiria isso,
e se nós fomos contra a sua vontade, isso significaria guerra.
— Eu não duvido. Eu vejo como ela está olhando para você. Ela
ama você. É claro que ela quer dormir com você, mas você deveria ter
feito melhor!
Indignação passou por mim, mas ela estava certa. Eu não estava
triste que eu tinha dormido com Lily, pelo menos não o suficiente para
que eu não fosse fazer isso novamente. — Você vai me dizer para ficar
longe dela agora?
— Você ficaria com ela pelas minhas costas. E Lily iria me odiar
se eu tentasse ficar entre você e ela. Você dormiu com ela e não é como
se importasse se vocês fizessem isso de novo, desde que você tome
cuidado para não ser pego e não engravide a minha irmã.
~ 134 ~
Eu não tinha certeza do que dizer. A culpa pesava sobre meus
ombros, mas, como Aria tinha dito, era tarde demais.
— Gianna e eu nos casamos por razões políticas. Por que Lily não
deveria ser autorizada a se casar com alguém que ela quer?
~ 135 ~
— Eu não terei que convencê-lo e Luca nunca faz nada por
piedade. Você deveria saber disso.
— Sim, você fez, — disse Aria. — Mas ele te ama como um irmão.
Ele vai te perdoar. Eu só vou ter que descobrir uma maneira de contar a
ele.
Aria sorriu pela primeira vez desde que ela encontrou Lily e eu no
sofá. Encarei isso como um bom sinal, mesmo que eu não fosse tão
ingênuo de pensar que eu me tornaria capitão e amanhã ou depois
Scuderi me aceitaria de bom grado como seu futuro genro. Isso seria
uma batalha difícil.
~ 136 ~
Capítulo Doze
LILIANA
Eu estava nervosa na cozinha. Porque Aria levou tanto tempo? Eu
nem sequer queria saber o que ela estava dizendo para Romero. E se ela
o convenceu a terminar as coisas comigo? Ela prometeu não fazer algo
assim, mas eu não tinha certeza. Se ela achava que tinha que me
proteger do mal, ela jogaria sujo se ela tivesse que fazer.
~ 137 ~
Romero gemeu, agarrou o meu pulso e puxou minha mão. — Lily,
pare de me torturar.
*****
~ 138 ~
Luca olhou na minha direção. — Liliana está indo bem.
Meu pai só tinha ligado uma vez o verão inteiro para perguntar
como eu estava. Por alguma razão eu me preocupava com as
verdadeiras razões para ele me checar.
— Claro. Ela vai estar lá, — disse Luca com uma careta. Ele
desligou e voltou para a mesa, abaixando o seu grande corpo na
cadeira.
— Seu pai quer Liliana de volta para casa amanhã, — disse Luca
pensativo.
— Eu estava brincando, porra. Por que você tem que ser tão
violenta? — ele perguntou.
~ 139 ~
— Ele disse algo sobre responsabilidades sociais. Aparentemente,
há algumas festas que ele quer que você vá, mas ele não se aprofundou
muito nas informações.
~ 140 ~
Eu balancei a cabeça. — Eu me acostumei com a vida aqui. Eu
tenho sido feliz. Eu nem me lembro a última vez que eu estive feliz em
Chicago.
*****
~ 141 ~
teríamos a chance de sentir isso outra vez? Pode ser semanas. Muito
tempo. Precisávamos fazer o melhor de nossa última noite juntos.
*****
~ 142 ~
A parte mais difícil de sair foi que eu não poderia abraçar ou
beijar Romero quando nos despedimos na sala de espera do aeroporto.
Com um último olhar, eu fui embora, tentando ignorar a preocupação
insistente de que eu não iria voltar.
*****
Mario abriu a porta para mim e eu entrei. Não era tão ruim como
costumava ser, mas eu definitivamente aqui não se parecia com casa
mais. Era a minha imaginação ou o cheiro de desinfetante ainda
permanecia nos cantos?
Eu duvidava que a razão para isso era que ele tinha sentido
minha falta. Mario se dirigiu para levar a minha bagagem para o meu
quarto. Eu andei pelo corredor e bati na porta do Pai, tentando ignorar
a forma como o meu estômago revirou com os nervos.
Pai estava sentado atrás de sua mesa, como de costume. Ele não
se incomodou em levantar para me abraçar. Mas Fabi andou até mim e
eu passei os meus braços em torno dele antes que ele pudesse decidir
~ 143 ~
se ele estava bem com esse carinho. Ele era mais alto do que eu. Eu me
inclinei para dar uma olhada em seu rosto.
~ 144 ~
Eu estava dividida entre alívio e choque. Pelo menos eu não
estava em apuros, mas eu não podia acreditar, muito menos entender
como ele poderia estar pensando em outro casamento quando a Mãe
tinha morrido por menos de seis meses. — Mas... — eu parei. Nada que
eu dissesse mudaria alguma coisa. Só iria me deixar em apuros. —
Quem é ela? Eu a conheço?
E foi aí que todo o meu mundo tinha sido destruído. Eu podia vê-
lo diante dos meus olhos. Todas as imagens de um futuro com Romero,
de felicidade e sorrisos, beijos doces e noites intermináveis de fazer
amor, se quebrando em pedaços pequenos e eles foram substituídos por
algo horrendo e escuro. Algo que as pessoas sussurravam em voz baixa
porque elas estavam preocupadas dos horrores se tornarem realidade se
~ 145 ~
falassem muito alto. Nem no meu pesadelo mais escuro eu imaginava
que o Pai iria me casar com um velho como Benito Brasci. Eu não me
lembrava muito sobre ele, mas eu não tinha o porquê. Tudo isso estava
errado.
Que tipo de sacrifício era esse de se casar com uma jovem mulher
que poderia ser sua filha? Era eu quem estava fazendo o sacrifício.
~ 146 ~
— Eu não estou com fome, — eu disse calmamente.
— O que diabos está errado com você, Lily? — ele rosnou. Sua voz
não era a de um homem ainda, mas não era a de um menino.
— Errado? — perguntei.
— Por que você não está enlouquecendo? Por que você acabou de
dizer ok? Você nem percebe com o que você concordou?
~ 147 ~
— Mas logo serei.
Mas talvez eu não tivesse que ficar sozinha. Romero poderia vir
comigo. Ele sabia como escapar de perseguidores. Juntos, poderíamos
fazer isso.
— Mas tão bom quanto, você mesmo disse. Eles irão te julgar
como se fossem um Made Men e isso significaria a morte.
~ 148 ~
— Pai precisa de um herdeiro. — disse Fabi.
— Pai terá em breve uma jovem noiva que pode lhe dar um monte
de crianças. Talvez ele não vá precisar de você depois de tudo.
~ 149 ~
— Quem é? — perguntou Romero, em voz baixa. Eu desejei que
eu pudesse ver seu rosto para obter uma dica sobre suas emoções. Ele
parecia tão sem emoção como eu.
— Eu sei.
Claro que Romero sabia, mas eu não tinha certeza do que mais
dizer.
~ 150 ~
resmunguei. — Eu... — eu engasguei e rapidamente desliguei. Então eu
escondi o telefone na minha mala de viagem novamente e me enrolei na
minha cama, deixando os soluços arruinarem o meu corpo até que os
meus músculos doessem, até que minha garganta doesse, até que tudo
doía, mas nada tanto quanto o meu coração. Era isso? O final de cada
sonho que eu tive?
~ 151 ~
Capítulo Treze
ROMERO
Olhei para o meu telefone. O que o fodido Scuderi pensava? Eu
queria matá-lo tantas vezes no passado, agora eu gostaria de ter feito
isso.
~ 152 ~
Nino cambaleou, mas não sem me enviar um olhar mortal. Como
se eu desse a mínima que ele tentasse me matar. Eu limpei a porra do
chão com a sua bunda.
Aria não disse nada, só olhava para mim. Talvez eu devesse ter
me preocupado que Luca poderia achar errado, mas eu não dou a
mínima para o que quer que seja.
A expressão de Luca era pedra. — Não, ele não fez. Mas agora eu
estou mais preocupado com o fato de que Romero sabe sobre isso antes
de qualquer outra pessoa e que ele quase matou um dos meus homens
por causa disso.
Luca entrou no meu rosto. — Você me disse não tem muito tempo
que você não estava interessado nela? Que isso não seria um problema
do caralho quando ela estivesse por perto? Me lembro dessa conversa
muito bem e agora você está me dizendo que você estava vendo Liliana
atrás das minhas costas durante todo o fodido verão?
~ 153 ~
— E você sabia o tempo todo? — Luca murmurou. — Você sabia e
não me contou? Será que não tivemos uma discussão sobre lealdade e
confiança quando você ajudou Gianna a fugir?
— Ei, Luca, se acalme. Talvez não seja tão ruim quanto parece. —
disse Matteo, tentando ser a voz da razão, o que era uma piada.
— Lily não vai se casar com esse cara. Ele não tem mais de
cinquenta anos? É ridículo, — Aria intrometeu.
~ 154 ~
— Eu não acho que haverá um problema. Fiquei ao lado de Brasci
no mictório uma vez. O pau do cara é pequeno. Ele não pode esperar
que haja sangue nos lençóis com aquela pequena salsicha. Liliana
provavelmente não vai nem perceber que o pau dele entrou nela. —
Matteo brincou.
— Então talvez nós vamos sair disso ilesos. Brasci pode não notar
e existem maneiras de colocar manchas de sangue falsas sobre os
lençóis.
~ 155 ~
— Ela não vai casar com esse homem, — eu disse.
— Luca, por favor. Você não pode falar com o meu pai?
*****
LILIANA
Eu fui despertada pelo toque de um telefone. Lentamente a minha
conversa com meu pai e, em seguida com Romero, se repetiram em
minha mente. Meus olhos dispararam em direção a minha mala de
viagem no closet, pensando e esperando que fosse Romero novamente
antes de me lembrar de que estava no mudo. Decepção caiu em cima de
mim mais uma vez. Me sentei, desorientada e exausta de tanto chorar.
O relógio na mesa de cabeceira me havia dito que era apenas 22h00. Eu
andei em direção à minha mesa, onde o telefone fixo estava e peguei.
~ 156 ~
Era Aria. Ela já deve ter ouvido falar. Pai tinha ligado para ela para lhe
dizer a boa notícia?
— Nós não vamos deixar o Pai ir adiante com isso. Nós vamos
descobrir alguma coisa. — Gianna gritou no fundo. Elas estavam
juntas, elas tinham maridos que as amavam e eu estaria presa aqui
com um homem velho que eu nunca seria capaz de amar. Como as
coisas poderiam dar tão terrivelmente erradas?
— O que você acha? Porque ele não quer que você se case com
Basci, — Aria disse suavemente. — Ele está tentando falar com você
pela a última hora, mas você não atendeu. Ele quase foi à loucura por
aqui. Ele quer falar com você.
— Lily?
Engoli em seco. — Eu pensei que você não queria ter nada a ver
comigo agora que eu estou prometida a outra pessoa.
~ 157 ~
— Não, eu nunca te deixaria. Eu sei que não reagi da maneira que
eu deveria. Eu... Eu estava com tanta raiva quando você me disse que o
seu fodido Pai quer te vender para o velho bastardo. Eu queria voar até
aí e matá-lo. Eu não queria descontar a minha raiva em você, então eu
tentei me recompor.
— Ok, — eu sussurrei.
— Ele poderia te matar. Seu pai tem sido muito volátil desde a
coisa com Gianna.
~ 158 ~
— Talvez isso fosse melhor do que me casar com esse cara.
— Aria vai ligar para o seu pai amanhã de manhã para ter uma
ideia sobre a decisão dele.
— Eu não acho que ela vai ser capaz de falar com ele sobre isso.
Luca sabe tudo sobre nós?
— Sim, pelo menos tudo o que ele precisa saber para avaliar a
situação.
— Você bateu em Matteo? Por quê? Pensei que Aria tinha dito que
você atacou outro soldado.
— Por favor, não fique em apuros por minha causa. Eu não quero
que você se machuque, me prometa. — houve outro momento de
silêncio, antes que ele dissesse. — Eu prometo.
Mas eu tinha a sensação de que era uma promessa que ele não
teria a certeza que poderia manter. Se ele já havia atacado Matteo, o
Consigliere da Famiglia, isso não era um bom sinal.
~ 159 ~
queria, mas eu também estava com medo que ele fizesse algo que
pudesse o levar a morte. Luca gostava muito de Romero, mas ele
também era o Capo e precisava manter os seus homens na linha. Se
Romero fizesse algo que machucasse publicamente a Família, Luca
pode não ter uma escolha, senão puni-lo severamente. Eu não deixaria
isso acontecer.
*****
— Só porque ele não tem escola não significa que ele deve
descansar. — Pai respondeu no lugar de Fabi. Fabi esfaqueou a sua
fruta com o garfo, parecendo que ele desejava que fosse o Pai.
Pai pôs o seu café para baixo. — Você sabe muito bem que isso
não é da sua conta.
— Por volta das seis. Eu já te disse que vamos jantar com eles. —
seus olhos se estreitaram. — Eu espero que você não pretenda usar isso
esta noite. Pegue um de seus vestidos de cocktail e deixe seu cabelo
solto. É como Benito prefere.
~ 160 ~
— E você deve comer. Eu não quero que você desmaie novamente.
Hoje à noite é importante, — continuou o Pai.
Pai e eu congelamos.
Fabi olhou de volta, mas então ele baixou os olhos. — Porque você
não pode deixá-la em paz? Eu não gosto de como você a trata.
Fabi acenou com a cabeça, mas seus lábios eram uma fina linha
branca.
~ 161 ~
Capítulo Catorze
LILIANA
Eu escolhi o vestido que eu tinha usado na festa de Natal do ano
passado. Ele era mais modesto do que meus outros vestidos com uma
gola alta e uma bainha que chegava aos meus joelhos. Era mais
adequado do que eu teria gostado para a noite. Como o pai tinha dito,
eu soltei o meu cabelo até os ombros, embora a ideia de ser atraente
para Benito me aterrorizava. Eu decidi usar sapatilhas desde que Pai
não tinha dito sobre saltos altos.
— Benito, é bom ver você. Entre, entre. O jantar está pronto para
nós. Deixei nossa cozinheira preparando um assado maravilhoso. —
disse o Pai de uma forma excessivamente amigável que ele apenas
~ 162 ~
usava com pessoas de importância, definitivamente não com a sua
família.
Pai abriu mais a porta para deixar Brasci e sua filha entrar. Eu
prendi a respiração. E quando o meu futuro marido entrou no hall de
entrada, repulsa tomou conta de mim.
Pai fez sinal para eu vir para eles. Mesmo que todas as fibras do
meu ser eram contra, eu rastejei em direção a eles. Fabi estava a alguns
passos atrás de mim. Quando cheguei lado do Pai, ele colocou a mão
nas minhas costas e disse com um sorriso orgulhoso, — Essa é a minha
filha, Liliana.
~ 163 ~
— E Fabiano, — disse Benito, de frente para o meu irmão, que
parecia que tinha provado algo amargo.
Pai estendeu a mão para Maria segurar e ela fez isso sem
hesitação. Eu sabia o que estava por vir. Mas em vez de tomar a minha
mão, Benito colocou a sua mão nas minhas costas. Eu quase me
encolhi para longe dele, mas eu me forcei a permanecer imóvel. Eu não
poderia dar um sorriso, no entanto.
— Por que vocês meninas não vão se sentar no sofá, para que
possamos discutir negócios? — perguntou o Pai, me rasgando dos meus
pensamentos.
Eu quase bufei. Ela soou como um papagaio. Será que seu pai
tinha colocado essas palavras em sua boca? — Você realmente acredita
~ 164 ~
nisso? Você vai se casar com um homem que poderia ser seu pai. Como
isso é o melhor para você?
Mais uma vez o olhar dela disparou em direção aos nossos pais.
Ela era muito bem comportada, isso era certo. O que me preocupava
era como ela tinha chegado a esse cuidado. Seu pai era severo? Violento
talvez?
Ele até deixou um espaço entre nós, mas ele ainda estava perto
demais para o meu gosto. Eu podia sentir o cheiro dos charutos em
suas roupas e respiração e seu joelho estava apenas cerca de três
polegadas do meu. Eu podia sentir minha visão falhando. Deus, eu não
estava começando um ataque de pânico porque ele estava sentado ao
meu lado, certo? O que aconteceria quando a gente realmente se
casasse? Ele faria mais do que única sentar ao meu lado. Eu olhava
para frente, sem saber o que fazer ou dizer. Eu podia senti-lo me
observando.
~ 165 ~
— O seu pai lhe disse a data do nosso casamento?
— Estou feliz que vocês estejam se dando tão bem, — disse meu
pai enquanto ele veio até nós por trás, Maria a poucos passos atrás dele
como um bom cão. Eu nunca tinha estado tão feliz de ver meu pai.
Benito tirou a mão do meu joelho e eu rapidamente me levantei. Eu
precisava ir embora antes que eu me perdesse.
~ 166 ~
Felizmente, Benito e sua filha saíram logo depois disso.
Pai riu. — Você pode ir às compras aqui. Eu não vou deixar você
sair de Chicago novamente. Há muito que fazer e eu não confio em você
para não fazer algo estúpido se eu deixar você fora da minha vista. Eu
sei que você e Gianna não são muito diferentes. Eu não vou deixar você
estragar isso. Você vai se casar com Benito.
— Como você pode ter essa calma, Lily? Você percebe o que isso
significa?
~ 167 ~
— Você vai ser autorizada a voltar para Nova York?
— Não, Pai não quer que eu saia de Chicago. Ele quer manter um
olho em mim até o casamento.
— Ok, — eu sussurrei.
— Eu não vou perder você, Lily. Eu não vou permitir que ninguém
a machuque. Eu juro.
— Eu sei.
— E? — eu disse.
— E depois?
— Podemos voltar para Nova York? Será que Luca nos protegeria?
~ 168 ~
Eu não duvidava, mas que tipo de vida seria essa? Eu nunca
veria Aria e Gianna, nunca mais veria Fabi novamente, nunca seria
capaz de retornar a Nova York ou Chicago e nós sempre teríamos que
viver com medo.
Eu não tinha certeza de que era verdade. — Posso falar com Aria
agora?
— Nós não vamos deixar você cair, Lily. Vou convencer Luca a
mudar de ideia. Você é minha irmã. Eu não vou deixar você ser infeliz
pelo resto de sua vida. Se Luca me ama, ele vai te ajudar.
— Ele diz que não quer correr o risco de guerra. Ele acha que
Dante vai realmente começar uma guerra se eu não me casar com
Benito?
— Se você fugir para ficar com Romero, então, Pai vai tomar isso
como um ataque da Família e vai convencer Dante a retaliar. Haverá
guerra. Ambos, Luca e Dante tem que mostrar força. Seus homens
esperam isso deles. Apesar de anos de cooperação, Nova York e Chicago
ainda não gostam um do outro.
~ 169 ~
traidor que agiu sem a permissão de seu Capo, a fim de manter a
Outfit, ele teria que caçar Romero e... — ela parou.
— Eu não acho que ele iria faria isso, — disse Aria. — Mas ele
poderia entregá-lo para a Outfit.
— Eu vou falar com Luca. Se ele me ama, ele não vai fazer isso.
Gianna vai falar com Matteo também. Vamos te ajudar Lily, não
importa o que for preciso. Eu não me importo se isso significa guerra.
— Fabi em breve será parte da Outfit. Ele pode ter que lutar
contra Romero, Luca e Matteo. Muitos morrerão e os russos poderiam
usar a sua chance e matar mais dos nossos.
Aria ficou em silêncio. Ela adorava Luca. — Isso não vai chegar a
esse ponto.
~ 170 ~
Isso era exatamente o que eu temia. — Não diga isso. Minha vida
não vale mais do que a sua. Me casar com ele não é uma sentença de
morte.
— Claro que não, mas eu não quero que você arrisque a sua vida.
Eu sabia que ele tinha feito, mas isso era diferente. Conversamos
mais um par de minutos e eu prometi ligar para ele no dia seguinte
para os planos detalhados sobre a minha fuga.
Romero soou como se ele não se importasse com tudo que ele
poderia perder. Eu sabia que ele amava a Família, tinha orgulho de ser
uma parte dela. Ele amava essa vida, mas ele teria que deixar isso para
trás se ele me ajudasse a escapar desse casamento. Luca não correria o
risco de guerra. Seu povo faria um motim. Ele não teria nenhuma
escolha a não ser desistir de Romero e entregá-lo para a Outfit. Aria
poderia destruir o seu casamento se ela tentasse chantagear Luca para
me ajudar. Ele a tinha perdoado uma vez por traí-lo, mas ele iria
perdoar novamente?
~ 171 ~
— Eu não me importo! — ele gritou. — Você vai se casar com
Benito, fim de história.
Eu tremia.
— Me diga a verdade.
~ 172 ~
gritar como uma pequena virgem assustada em sua noite de núpcias
para que ele não duvide da sua inocência. Eu juro, se você estragar isso
para mim, eu vou quebrar todos os ossos do seu corpo. — ele me soltou
e deu um passo para trás, os olhos de ódio. — E se você tentar sair
deste casamento e talvez até mesmo pedir a suas irmãs por ajuda,
acredite em mim, uma guerra entre a Outfit e a Família vai começar.
Eu, pessoalmente, vou caçar você e suas irmãs e então eu vou descobrir
quem você fodeu e arrancar a pele do idiota vivo. Você entendeu?
*****
ROMERO
Eu nunca pensei que eu consideraria ir contra a Família, mas eu
não podia assistir Lily se casar com esse homem. Ela era minha e eu
~ 173 ~
não me importava o que eu tivesse que fazer para mantê-la comigo.
Luca tinha me vigiado quase todo o dia de ontem. Ele nunca olhou para
mim com verdadeira suspeita em seus olhos antes. Eu tive que admitir
que doeu saber que ele não confiava mais em mim, e pior que ele tinha
todo o direito de desconfiar. Eu fui contra as suas ordens diretas,
quebrei o meu juramento e traí as pessoas próximas, talvez até mesmo
mais próximas do que a minha própria família. Quando vim para a
cobertura de Luca e Aria naquela manhã, eu vi no olhar de Luca que ele
sabia que tinha me perdido. Outro Capo poderia ter me eliminado, para
evitar o pior. Aria me deu um sorriso encorajador, mas não passou
despercebido para mim que Luca saiu sem beijá-la. Isso nunca
aconteceu e isso era um mau sinal do caralho.
Assim que pude, liguei para Lily. O telefone tocou quase duas
dezenas de vezes antes que eu desistisse. Aria me lançou um olhar
preocupado. — Talvez ela ainda esteja tomando café da manhã com
Fabi e o Pai.
— Onde você estava? Tentei ligar para você antes. Você está bem?
— Fugir.
— Eu sei que você não quer deixar as suas irmãs, mas talvez
Luca vá nos ver mais tarde. Aria pode mudar de ideia.
— Não, — ela disse com firmeza. — Quer dizer, eu não quero que
você venha aqui e me leve embora. Eu vou ficar.
~ 174 ~
Eu não podia acreditar no que tinha ouvido. — O que você está
dizendo? Que você quer se casar com Benito? Eu não acredito nisso
nem por um segundo. Ele poderia ser seu pai.
— Que porra é essa que o seu pai fez? Isso não parece você, Lily.
— Romero, por favor. Não torne isso mais difícil do que é. Você
tem suas responsabilidades com Luca. Eu não quero que você quebre o
seu juramento.
— Mas você deveria! — ela disse com raiva. — Eu não quero que
você venha aqui. Está tudo acabado entre nós, Romero. Eu vou fazer a
coisa certa e me casar com Benito. E você deve fazer a coisa certa e
seguir as ordens de Luca.
~ 175 ~
Eu balancei a cabeça. Fui para a cozinha. Eu precisava de uma
xícara de café. Aria correu atrás de mim. — O que mais ela disse?
— Ela não quer dizer isso, Romero. Ela ama você. Ela
provavelmente só quer nos proteger.
~ 176 ~
Capítulo Quinze
LILIANA
Aria me ligou trinta minutos após a minha chamada com Romero,
tentando me convencer do meu plano para me casar com Benito. Mas
ela já estava brigando com Luca por causa de mim. Eu não permitiria
que ela realmente colocasse o seu casamento em risco pelas minhas
próprias razões egoístas. Eu me casaria com Benito e tentaria fazer o
melhor disso.
~ 177 ~
na minha direção, eu me sentia como se estivesse fazendo algo
indecente, sentada ao lado de um homem que eu não quero me casar.
~ 178 ~
Ele deu um passo mais perto, cada movimento de modo ágil e
gracioso e ainda perigoso. Eu queria voar em seus braços. Eu queria
fazer mais do que isso. Eu fiquei onde estava. Romero atravessou a
distância restante entre nós e apoiou um braço acima da minha cabeça,
seu olhar faminto e possessivo.
Ele tirou o dedo de novo e abriu o zíper. Meu núcleo apertou com
antecipação e necessidade. Eu ouvi o rip de um pacote de preservativos
e, em seguida, sua ponta pressionada contra a minha abertura e ele
começou a deslizar para dentro de mim. Minhas paredes cederam até
que ele se colocou completamente em mim. Nós olhamos nos olhos um
do outro. Isso parecia tão certo. Por que tinha que parecer tão certo?
~ 179 ~
— Você me faz me sentir bem pra caralho, Lily. E porra, Deus,
você é tão apertada.
~ 180 ~
acontecido, mas minhas entranhas estavam se torcendo. Eu pensei que
eu tinha feito às pazes com o meu casamento com Benito, esperava que
os meus sentimentos por Romero tivessem diminuído, mas agora eu
percebi que isso estava longe de ser verdade.
— Você não tem que ficar casada com ele para sempre, — disse
Luca casualmente.
Luca permaneceu em silêncio. Ele sabia que era verdade. Por que
Romero ainda iria me querer depois de eu ter passado meses dormindo
com outro cara? Eu já estava revoltada com a ideia, quão pior seria
para ele? — Há bons homens na Outfit também. Você vai encontrar
~ 181 ~
uma nova felicidade. Você está fazendo a coisa certa ao se casar com
Benito. Você está evitando a guerra e você está protegendo Romero de si
mesmo. Isso é uma coisa corajosa a se fazer.
*****
Gianna bufou. — Ah, claro, e como será até então? Meu Deus,
Luca poderia ser mais idiota?
Aria não disse nada, o que era um sinal. Ela geralmente sempre
tentava defender Luca.
~ 182 ~
— Você e Luca ainda estão brigando por isso? — perguntei.
— Ele não está me fazendo, Aria. Pai está. Luca está atuando
como um Capo deveria. Eu não sou a responsabilidade dele, mas a
Família é.
— Eu não posso acreditar que o Pai está casado com ela, — disse
Gianna. — Eu não gosto dela, mas eu ainda sinto pena. Pai é um
bastardo.
~ 183 ~
normalmente esperavam na antessala. Talvez ele tivesse preocupado
que eu fugiria no último minuto.
~ 184 ~
para me impedir de espiar por cima do meu ombro, em busca de
Romero mais uma vez.
*****
ROMERO
Eu nunca deveria ter vindo para Chicago. Assistir Lily caminhar
pelo corredor em direção a Benito me fez sentir como se alguém
estivesse esmagando o meu coração sob uma bota. Eu não queria nada
~ 185 ~
mais do que enfiar minha faca no olho de Benito muito lentamente, ver
a luz deixá-lo, ouvir sua última respiração ofegante. Eu queria esfolá-lo
vivo, queria dar a ele mais dor do que qualquer homem já tinha sofrido.
*****
~ 186 ~
Hoje à noite. Até agora eu não consegui pensar sobre a noite de
núpcias. — Não. Estou bem. Posso lidar com isso.
~ 187 ~
agarrou pelo ombro e me guiou em um corredor vazio. Ele me empurrou
contra a parede, então ele me soltou.
Luca era Capo. Era seu trabalho querer o melhor para a Família,
mas naquele momento eu queria matá-lo. Eu nunca quis matar o meu
Capo. — Sim, chefe.
~ 188 ~
Capítulo Dezesseis
LILIANA
Quando as pessoas começaram a gritar para Benito e eu nos
retirarmos para o quarto, senti o sangue fugir do meu rosto. Benito não
perdeu tempo, entretanto. Ele pegou a minha mão e me puxou para os
meus pés, em seguida, antes que eu percebesse, estávamos indo em
direção ao nosso quarto.
~ 189 ~
isso não tivesse parecido rude, eu teria levado você para o nosso quarto
horas atrás.
~ 190 ~
A expressão de Benito apertou, de sorriso doce açucarado sendo
substituído por algo mais desconfiado e com fome.
~ 191 ~
Eu quis relaxar embaixo dele. Ele sorriu de uma forma
condescendente e tocou o seu corpo, finalmente, deixando o meu
vestido livre. Ele se apertou contra mim, a boca molhada na minha
garganta. Ele lambeu seu caminho até a minha clavícula. Eu tentei
imaginar que era Romero e quando isso não funcionou, tentei parar de
pensar nele completamente. Tentei ficar vazia e entorpecida, tentei
lançar a minha mente para outro lugar e tempo, longe do meu marido
que teria sua noite comigo, não importava o que eu queria. Benito
empurrou a minha saia para cima e enfiou a mão até as minhas pernas.
Ele resmungou com apreço e pressionou o seu corpo ainda mais contra
o meu. Eu podia sentir quanto isso o excitava. Sempre que eu sentia a
ereção de Romero, eu ficava excitada, mas isto? Oh, Deus. Eu não
poderia fazer isso. Mas ele era meu marido e eu era sua esposa. Eu
tinha escolhido esta forma de proteger todos que queriam me ajudar.
Esse era meu dever, não só para ele, mas para a minha família, para a
Outfit. Era o destino de muitas mulheres. Elas tinham sobrevivido e
assim eu poderia.
Eu odiava os sons que o meu marido fazia, o cheiro que não era
de Romero, a maneira como seus dedos desajeitados puxavam o meu
vestido. Ele era meu marido. Sua mão viajou até o meu joelho.
Meu marido.
~ 192 ~
E lá estava ela, bem na minha frente. Eu mal percebi as mãos de
Benito apertando meus seios através do tecido. Meus olhos estavam
fixos no reluzente abridor de cartas prata. Benito apertou novamente,
mais forte, provavelmente irritado por causa da minha falta de reação.
Segurei o abridor de cartas. Ele parecia se encaixar na minha mão, frio
e duro. Meu marido rasgou a borda do meu espartilho. Apertei o meu
domínio sobre o abridor e piquei meu braço para trás tão duro quanto
eu podia. Benito tropeçou com um suspiro borbulhante, me dando livre
acesso. Eu me virei. O abridor de cartas preso em seu lado direito.
Encharcando a sua camisa branca de sangue. Devo ter o acertado
realmente, talvez até mesmo o ferido seriamente. Eu nunca tinha feito
algo parecido.
Havia apenas uma coisa que eu poderia fazer, apenas uma pessoa
que poderia me ajudar e eu não tinha certeza se ele ainda faria depois
de tudo o que eu fiz. Depois do que eu disse e que ele tinha
testemunhado hoje. Talvez ele não estivesse em Chicago mais. Talvez
ele já tivesse tomado o próximo voo de volta para Nova York para ficar o
mais longe possível de mim.
~ 193 ~
— Por favor, me ajude, — eu sussurrei, a voz rouca de lágrimas.
Elas estavam escorrendo pelo meu rosto. E não era porque eu tinha
acabado de esfaquear alguém com um abridor de carta, eu não sentia
remorso por isso.
— Quarto.
Menos de dois minutos depois houve uma batida. Ele deve ter
estado perto ou teria levado muito mais tempo para chegar ao quarto.
Por um par de segundos, eu não tinha certeza se eu poderia até mesmo
me mover. Minhas pernas estavam dormentes.
~ 194 ~
— Ele ainda está vivo, — ele murmurou depois de um momento,
antes que ele se afastasse. Privada de seu calor, eu passei os meus
braços em volta de mim. Romero avançou para o meu marido, cujos
olhos estavam entre Romero e eu como se estivesse assistindo a uma
partida de tênis. Sua respiração era rasa, mas ele se arrastou mais
perto da mesa e estava chegando para o seu telefone. Romero estava
sobre ele, então calmamente empurrou o seu braço de volta para o
chão.
Eu tremi.
~ 195 ~
Capítulo Dezessete
LILIANA
Romero tinha acabado de matar um membro da Outfit por mim.
Nossos olhos se encontraram e medo frio se espalhou pelo meu peito
como um nevoeiro. Romero limpou a faca na perna da calça do meu
marido antes de embainhá-la em seu suporte.
~ 196 ~
mim. Quanto mais eu olhava para ele, pior sua aparência parecia ficar.
Eu tremia violentamente.
~ 197 ~
— E se ele decide matar você para manter a paz com Chicago? —
eu perguntei em voz baixa. — Você viu como ele estava com raiva
quando descobriu sobre nós. Mesmo Aria não conseguiria convencê-lo a
arriscar uma guerra por mim.
Por um longo tempo Romero apenas olhou para mim, então ele
pegou o telefone e o levou ao ouvido. — Então eu vou aceitar o seu
julgamento.
Romero deu um sorriso triste. — Isto é algo que nem sequer Aria
pode fazer algo. Luca é o Capo, e se ele precisa tomar decisões que
protejam a Família, não vai deixar que Aria o influencie. Você mesmo
disse. Ele se recusaria a ouvi-la.
— Por favor.
~ 198 ~
me lembrei do corpo sem vida da mãe. Eu não iria permitir que isso
acontecesse com Romero.
Romero não abriu toda a porta, então Aria teve que deslizar para
dentro. Ela chupou uma respiração dura com a visão de meu falecido
marido, então correu para mim e agarrou os meus ombros, mas meus
olhos estavam congelados em Luca, que tinha entrado atrás dela. Seu
olhar pousou em Benito, no abridor de cartas ainda preso na sua lateral
e no buraco na camisa onde a faca de Romero tinha estado. Romero
fechou a porta sem fazer barulho, mas não se afastou. Eu queria que
ele trouxesse alguma distância entre ele e Luca. Era uma ideia ridícula.
Não iria protegê-lo.
~ 199 ~
— Luca, — Aria repreendeu. — Lily está, obviamente, em estado
de choque. Dê a ela um momento.
~ 200 ~
Aria sempre teve esse efeito sobre ele. — Eu não me importo. Um
marido não tem o direito de estuprar a sua esposa. Todos nesta casa
deveriam concordar com isso!
Luca soltou uma risada sombria. — E agora ela não vai? Eles vão
levá-la a julgamento, e não irão somente puni-la severamente. Eles
também vão nos acusar de ajudar, e então haverá um maldito banho de
sangue fodido. Dante é um homem frio, mas ele precisa mostrar sua
força. Ele proclamará guerra em algum momento. Tudo porque você não
pôde controlar o seu pau e o seu coração.
~ 201 ~
Romero me soltou e andou alguns passos em direção ao centro do
quarto, onde ele ficou de joelhos e estendeu os braços. — Eu vou levar
toda a culpa por isso. Diga a ele que eu perdi a cabeça e corri atrás de
Liliana porque estou de olho nela há meses. Eu matei Benito quando ele
tentou defender Lily e a ele próprio, mas antes que eu pudesse estuprá-
la, você notou que eu tinha sumido e veio atrás de mim. Então não
haverá guerra entre a Outfit e Nova York, e Lily vai ter a chance de uma
nova vida.
~ 202 ~
calmo, nada como alguém cuja vida poderia acabar a qualquer
momento.
~ 203 ~
— Minha vida tem estado em jogo desde que eu me tornei um
Made Men. Eu cresci acostumado a isso. A única coisa que me
assustou hoje foi quando eu tive que assistir você andar em direção a
sua noite de núpcias com aquele babaca do Benito. Eu queria matá-lo
ali mesmo. Eu queria matá-lo todos os dias desde que eu descobri que
você seria forçada a casar com ele. Eu estou contente que finalmente fiz
isso.
~ 204 ~
queria ficar sozinha com um homem morto. A bile viajou até minha
garganta.
~ 205 ~
que matá-los. E se fosse alguém que eu conhecia? Eu nem sequer
queria pensar sobre isso. Aria olhou por cima do ombro para mim
enquanto Luca a puxava. A mesma preocupação que eu sentia estava
refletida em seu rosto.
~ 206 ~
Capítulo Dezoito
LILIANA
Romero e Luca mostraram determinação e vigilância enquanto
nos levavam através da casa. Eventualmente nós chegamos na porta de
Gianna e Matteo. Luca bateu levemente, mas eu poderia dizer pelo olhar
inquieto em seus olhos que ele gostaria de ter posto a porta abaixo, e
que ele teria feito isso se não fosse pelo risco de ser ouvido. Mais uma
vez ninguém deu sinal de vida e eu estava começando a surtar quando
finalmente houve outra batida mais alta e a porta se abriu. Matteo
apareceu na abertura, o cabelo bagunçado e vestindo apenas uma
boxer; parecia que ele a tinha colocado às pressas no caminho até a
porta, e havia uma protuberância escondida debaixo dela. Afastei meus
olhos
Romero deu um sorriso tenso. — Sim, o que nos leva à razão pela
qual precisamos nos apressar.
~ 207 ~
— Romero está certo. Precisamos sair dessa casa antes que
alguém perceba que o noivo está morto, — disse Luca impaciente.
~ 208 ~
Aria colocou a mão no braço de Luca que levantava a arma, mas
ele não a abaixou, nem fez Matteo, apesar do sussurro urgente de
Gianna.
— Por que você está com uma arma? Você não deveria estar na
cama? — perguntou Aria, e ela estava prestes a dar um passo em
direção ao nosso irmão, mas Luca a puxou de volta.
— O pai mandou você fazer isso, porque ele pensou que seria
uma primeira tarefa fácil, certo? Nada de ruim acontece em
casamentos, — eu tentei brincar.
Fabi nem sequer abriu um sorriso, assim como qualquer uma das
outras pessoas. Troquei um olhar com Aria e Gianna. Tínhamos que
fugir, isso estava claro, mas não podíamos arriscar que Fabi se
machucasse.
~ 209 ~
— Ele me deu o trabalho porque sabia que eu era responsável e
capaz, — disse Fabi, soando como o papagaio pessoal do pai. Meu peito
apertou. E se Fabi realmente não nos deixasse ir? A maneira como ele
apontava a arma para nós, ele parecia absolutamente determinado.
Será que ele tinha mudado tanto?
— Você realmente não acha que pode matar nós três, não é? —
Matteo perguntou com um sorriso torcido.
— Porque é que a Lily aqui? Por que ela não está com seu
marido? Eu quero saber o que está acontecendo. Por que você está
tentando levá-la com você? Ela é parte de Chicago, não de Nova York.
— Eu não posso ficar aqui, Fabi. Você lembra que você me disse
que eu não deveria me casar com Benito? Que não era certo?
— Isso foi há muito tempo, e você disse sim no altar hoje. Onde
está ele, afinal?
~ 210 ~
Os olhos de Fabi se arregalaram, fazendo-o parecer mais jovem
pela primeira vez. — Você matou o seu marido?
Não havia como negar isso, e eu tinha a sensação de que Fabi iria
ficar com raiva se eu tentasse mentir para ele. Matteo tinha se
aproximando mais enquanto Fabi e eu estávamos conversando. Eu não
tinha certeza do que ele planejava fazer, mas sabendo que era Matteo,
não iria acabar bem.
— Eu quero, — eu disse.
~ 211 ~
— Então você vai ter que nos deixar passar, — disse Luca
simplesmente. — E nós não vamos criar problemas, ou haverá sangue,
e você vai morrer.
Fabi não disse nada, mas ele abaixou a arma alguns centímetros.
— Ninguém tem que saber que você nos deixou sair. Você poderia
ter tentado nos impedir, mas estávamos em maior número, — Romero
disse de repente.
— Eles vão pensar que eu estava com medo e fugi, e que por isso
vocês escaparam.
~ 212 ~
Fabi balançou a cabeça lentamente e apontou a arma para o
chão. — OK. Mas vou ter de pedir ajuda. Eu não posso esperar mais do
que alguns minutos ou eles vão ficar desconfiados.
Luca olhou para nós. — Isso é verdade. Se não fosse por Aria e
Gianna, Matteo e eu não teríamos mesmo vindo a Chicago para o
casamento.
Isso pode ter sido verdade, mas a morte de Benito foi como jogar
gasolina no fogo. As coisas ficariam muito feias agora.
~ 213 ~
— Eu sinto muito por você ficar em apuros, — eu sussurrei. — Eu
queria que as coisas fossem diferentes.
Ele parecia calmo sobre isso. Não era algo novo para ele, mesmo
que fossem as circunstâncias que nos levaram a estar aqui, mas
Romero era um Made Men há bom tempo. Esta não era a sua primeira
perseguição e não seria a última.
~ 214 ~
marido que o homem que eu amava tinha matado para mim. Romero
ligou nossos dedos e meus olhos se abriram. Apesar da nossa
velocidade, ele estava dirigindo com uma mão só. Ele tinha escondido a
arma no compartimento entre nossos assentos. Eu lhe dei um sorriso
agradecido. — Quando estivermos de volta à Nova York, o que vai
acontecer?
— Você vai morar comigo, — ele fez uma pausa. — A menos que
você prefira ficar com uma de suas irmãs.
~ 215 ~
Eu não tinha certeza de quanto tempo eles correram atrás de nós,
mas eu sabia que em um ponto Matteo ou Romero iriam cometer um
erro e perder o controle do carro.
~ 216 ~
Capítulo Dezenove
ROMERO
Depois de mais de catorze horas na estrada, chegamos â
cobertura de Luca. Lily tinha adormecido um par de vezes durante a
nossa viagem, mas ela se assustava e acordava quase que
instantaneamente. Ela provavelmente estava tendo pesadelos com
Benito. Eu estava tão feliz que eu tinha matado o maldito. Quando
entrei no quarto principal e vi Benito com um abridor de carta em seu
corpo, eu queria gritar de alegria. Mas eu sabia que as próximas
semanas e meses, talvez anos, seriam difíceis para a Família, e para
cada um de nós. Dante iria retaliar com tudo o que tinha.
~ 217 ~
— Algumas pessoas podem não ficar felizes com você e Liliana, —
disse Matteo. — Eles provavelmente não farão nada com esse
ressentimento, mas eu teria cuidado se fosse você.
*****
LILIANA
Depois de duas horas no apartamento de Luca, estávamos
finalmente na casa de Romero. Eu nunca tinha estado lá e estava
curiosa, apesar do meu cansaço. Eu poderia dizer que Romero estava
tenso, mas eu não tinha certeza do por quê. Talvez ele lamentasse tudo
o que tinha acontecido? Ou talvez ele só estivesse preocupado com o
que estava por vir.
~ 218 ~
prata decoravam as paredes. Prometi a mim mesma dar uma olhada
mais de perto quando os meus olhos não estivessem pesados demais.
Havia várias portas dos dois lados do corredor. Romero me levou para a
última à direita. Um quarto de casal esperava atrás dela, mas nós não
paramos ali. Nós tínhamos estado na estrada por horas e eu estava
acordada há mais de um dia. Já passava do meio-dia, e eu queria
dormir.
~ 219 ~
não foi apenas por você. Foi também por Aria e Gianna. Elas querem
que você seja feliz.
Inclinei a cabeça para cima e sorri para ele. Seu corpo estava me
protegendo da água. Romero abaixou a cabeça e beijou minha testa,
então meus lábios. Nós não aprofundamos o beijo, em vez disso,
terminamos de tomar banho rapidamente. Romero saiu primeiro e
pegou uma toalha. Ele a envolveu em torno de mim e gentilmente
começou a secar o meu corpo. Eu relaxei sob seus cuidados delicados.
O pouco de tensão que restava deslizou para fora de mim. Depois que
ele terminou comigo, eu tirei uma toalha da prateleira e sequei Romero.
Ele fechou os olhos quando eu massageava seus ombros. — Como você
se sente? — perguntei em voz baixa. Eu sabia que os homens, os
homens iniciados em particular, não gostavam de falar sobre os seus
sentimentos, especialmente tristeza ou medo.
— Não, quero dizer, você teve que matar Benito por mim. Você
está bem?
Romero soltou uma risada sem humor. Ele pegou minha mão e
me levou de volta para o quarto. Ele se afundou na cama e me puxou
entre as suas pernas, e então me fez sentar em uma delas. — Ele não
foi o primeiro e não será o último, mas eu gostei da sua morte mais do
que das outras, e eu não me arrependo. Eu faria isso de novo e me
divertiria muito.
*****
ROMERO
Era a verdade e agora que Lily e eu começaríamos a viver juntos,
ela precisava saber, precisava conhecer todas as minhas partes
escuras. Eu procurei em seus olhos por um sinal de repulsa, mas não
havia nenhuma. Ela beijou o meu rosto antes de descansar a cabeça no
meu ombro. Seus dedos traçaram meu peito levemente. E a sensação de
sua bunda firme na minha coxa agitou o meu pau, mas agora não era o
momento de seguir esse impulso. Não muito tempo atrás Lily teve que
lutar contra seu novo marido, teve de esfaqueá-lo e vê-lo morrer. Ela
precisava de tempo para se recuperar. Me levantei e levei Lily em meus
braços, e então a coloquei sobre a cama e deitei. Ela manteve as mãos
~ 220 ~
em volta do meu pescoço e não me deixou ir, mesmo quando eu tentei
me endireitar. — Lily, — eu disse calmamente. — Você precisa
descansar.
Eu fiz amor com ela lentamente. Isso não era sobre ter pressa,
sobre ser consumido pelo desejo e pela luxúria, era algo para nos
mostrar que estava tudo bem. Alguns dias atrás eu pensava que iria
perdê-la para sempre e agora ela era minha.
*****
~ 221 ~
Acordei ao nascer do sol, mas Lily não estava lá. Me endireitei
rápido para chegar à minha arma na mesa de cabeceira, como sempre
esperando o pior. Mas Lily estava na janela, olhando para fora. Eu não
tinha janelas do chão ao teto, como na cobertura de Luca, mas elas não
eram exatamente pequenas. Porém, Lily tinha crescido como a filha de
um Consigliere. Ela teve o melhor de tudo a vida toda.
Lily saltou, então ela olhou por cima do ombro para mim.
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que o seu pai esteja descontente com ele, Fabi não será punido, é muito
difícil que isso aconteça.
— Ele está casado com uma mulher jovem agora. Ele poderia ter
um novo herdeiro, — disse ela amargamente.
~ 223 ~
— Você realmente acha que Val vai atender as ligações de Aria?
Ela é a esposa de Dante e agora que há guerra entre Nova York e
Chicago, ela arriscaria muito por entrar em contato com Aria.
*****
LILIANA
Tomamos banho rapidamente antes de irmos para o apartamento
de Aria. Quando chegamos, Gianna e Matteo já estavam lá, apesar de
ser apenas sete da manhã. O cheiro de café feito me cumprimentou e
pasteis esperavam no balcão da cozinha. Minhas irmãs estavam em pé,
conversando, e eu segui na direção delas enquanto Romero andou até
Luca e Matteo, que estavam sentados nos bancos na ilha de cozinha.
— Bem. Eu não dormi muito, mas estou muito feliz de estar aqui
com vocês e Romero.
— É claro que você está, — disse Gianna. — Estou tão feliz que
Romero se livrou daquele bastardo doente do Benito.
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Eu balancei a cabeça. — Mas eu não posso deixar de me
preocupar com Fabi. Eu quero saber se ele está bem.
— Mesmo que ela faça, — disse Matteo. — Nós não sabemos seus
motivos. Ela poderia estar fazendo isso a mando de Dante e estar à
procura de informações.
Me voltei para ela. — Você e Val se davam tão bem. Eu sei que
vocês conversaram no telefone muitas vezes e agora você não pode, por
causa da bagunça que eu causei.
— Você é minha irmã Lily, e vê-la feliz e tê-la em Nova York com a
gente é mais importante do que a minha amizade com Val. E talvez
Luca possa negociar outra trégua com Dante. Dante é um homem
pragmático.
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meus ombros e ele beijou a minha têmpora. — Nós já estivemos em
guerra com a Outfit antes. Nós vamos lidar com isso.
— Romero está certo. Nós vamos passar por isso. E eu não acho
que Dante vai matar um dos nossos. A ameaça da Rússia ainda é muito
forte. Ele não pode arriscar vidas de seus soldados em uma guerra com
a gente.
Luca se levantou. — Não deixe que escape nada sobre Fabi ter
nos ajudado, e tenha cuidado.
Aria soltou um suspiro. — Então ele está bem? Ele vai ser capaz
de usar o seu braço como antes?
~ 226 ~
Luca parecia um cão farejando sangue em uma trilha. — Ela
disse alguma coisa? Sobre os planos de Dante e seu humor?
*****
Dois dias se passaram, mas eles poderiam muito bem ter sido
uma vida. Romero tinha estado ocupado e eu passei a maior parte do
tempo com minhas irmãs. Mas essa noite Romero queria que nós
jantássemos sozinhos no seu, não, no nosso apartamento. Ele tinha
pedido comida no seu restaurante italiano favorito e colocou tudo em
cima da mesa de jantar em sua cozinha enorme.
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filhas, então Luca decidiu me dar os seus negócios. Eu vou fazer mais
dinheiro para nós.
~ 228 ~
Eu balancei a cabeça rapidamente. — Esse é um casamento que
eu quero planejar. Dessa vez eu vou gostar de tudo. Eu posso levar Aria
e Gianna parar comprar o vestido de noiva comigo, estou realmente
animada sobre isso.
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Eu soube então que eu seria feliz nesta nova vida, não apenas por
causa do amor de Romero, mas por causa das minhas irmãs e minha
nova família. Isso não me fez deixar de sentir falta de Fabi, no entanto,
mas eu tinha que confiar que ele iria encontrar sua própria felicidade
um dia, mesmo que eu nunca o visse outra vez.
~ 229 ~
Epílogo
LILIANA
Eu esperei por esse momento por muito tempo, imaginei tantas
vezes que quase parecia um déjà-vu. Enquanto algumas semanas atrás,
no meu casamento com Benito, havia apenas ansiedade, tristeza e
medo, agora eu me sentia como se pudesse voar. Felicidade e euforia
enchiam meu corpo. Eu não podia esperar para que a festa acabasse, e
assim Romero iria poder me despir e fazer amor comigo outra vez. A
única coisa que faltava para que o dia fosse perfeito era Fabi. Eu não o
tinha visto desde a minha noite de núpcias e não tinha certeza se algum
dia o veria novamente. Eu não sabia se ele estava bem. Se ele tinha
ficado em apuros por levar um tiro.
~ 230 ~
Romero riu, mas ele realmente acelerou. Ele abriu a porta do
nosso quarto com o cotovelo, e então a chutou, fechando-a antes de
atravessar o quarto em direção à cama e me colocando nela.
— Você está dizendo que ainda não está satisfeita? — ele deslizou
um dedo em mim outra vez e se mexeu lentamente.
Foi tão bom, e eu podia sentir o orgasmo chegando mais uma vez
— Eu preciso de você dentro de mim, — eu implorei.
~ 231 ~
Romero não perdeu tempo. Ele saiu da cama e rapidamente se
despiu. Seu pênis já estava duro e brilhante. Ele se moveu entre as
minhas pernas. Eu fechei a minha mão em torno de seu eixo,
desfrutando de sua firmeza e calor. Acariciei algumas vezes antes de o
guiar em direção à minha entrada. Quando a ponta roçou na minha
abertura, eu relaxei contra os travesseiros. Romero começou a entrar
em mim lentamente. Eu podia sentir cada polegada até que ele
finalmente me encheu por completo. Eu passei os meus dedos ao redor
do seu pescoço e o puxei para baixo para um beijo. Eu amava beijar ele,
a forma como sua barba arranhava levemente o meu lábio, seu gosto,
tudo. Eu nunca tinha o suficiente.
~ 232 ~
Eu me virei e Romero passou os braços em volta de mim por trás.
Já era tarde e eu estava exausta. Finalmente, Romero adormeceu. Eu
adorava ouvi-lo dormir ao meu lado. Isso sempre veio para mim com
facilidade.
Fim
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