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As Aventuras de Zumi no

Planeta Azul
PSICOEDUCAÇÃO
PREVENÇÃO DO ABUSO SEXUAL DOS 6 AOS 10 ANOS

Escrito e ilustrado por por Marília Rodrigues


“As Aventuras de Zumi no Planeta Azul: Prevenindo a Violência nas Relações”

Contextualização da Obra: Bem-vindos ao Planeta Azul, um lugar mágico onde as estrelas sussurram

segredos e as ondas do mar dançam em harmonia. Mas, além da beleza, este planeta guarda

desafios e mistérios que vão além das paisagens.

Objetivo Psicoeducativo: Este livro tem um propósito especial: prevenir a violência nas relações

interpessoais e de intimidade. Aqui, através das aventuras de Zumi, exploraremos temas como respeito,

comunicação, empatia e autoconhecimento.

O que os Leitores Encontrarão:

Zumi e Seus Desafios: Acompanharemos Zumi, uma jovem curiosa, que procura conhecimento e

compreensão, bem como transmitir o que já tem. Ela enfrentará situações que espelham as relações

humanas.
Segredos Revelados: À medida que Zumi desvenda os enigmas do Planeta Azul, também

desvendaremos segredos sobre como construir relacionamentos saudáveis.

Diálogos Significativos: As conversas entre Zumi e os habitantes do planeta pretendem ensinar

assertividade, resolução de conflitos, expressão emocional e atitudes de segurança face a perigos nas

relações interpessoais de intimidade.

Queridos Leitores,

É com alegria e entusiasmo que vos dou as boas-vindas ao universo das “Aventuras de Zumi no Planeta

Azul”. Aqui, entre as páginas deste livro, desvendaremos segredos, exploraremos recantos misteriosos

e partilharemos emoções.
Quem sou eu?

Quem sou eu? Sou a Marília, uma Psicóloga com um coração inquieto e uma mente curiosa.

Meus dias são preenchidos com risos de crianças e os desafios da vida. Aos 40 anos, trago

comigo a bagagem de experiências clínicas e educacionais, mas também a paixão pela

escrita. Sou uma sonhadora, uma contadora de histórias e uma amante da poesia.

As Crianças, Minhas Musas: Ah, minhas três crianças! São elas que me inspiram todos os dias.

Seus sorrisos, suas perguntas curiosas e seus sonhos tecem a magia que permeia cada página

deste livro. Espero que, ao lerem, sintam-se parte dessa aventura também.

Vamos explorar juntos?


Com carinho,
🌍📖✨
Marília Rodrigues
Introdução ao tema e sua importância em idades dos 6 aos 10 anos

A violência nas relações interpessoais e de intimidade é uma questão complexa e relevante em

todas as faixas etárias, incluindo crianças entre 6 e 10 anos. Vamos explorar algumas informações

importantes:

Impacto na Saúde Mental e Emocional:

Crianças expostas à violência podem sofrer consequências emocionais, como ansiedade, depressão

e trauma.

A violência também afeta o desenvolvimento saudável das habilidades sociais e emocionais.

Educação e Prevenção:

É crucial ensinar às crianças sobre respeito, empatia e comunicação saudável desde cedo.

Programas escolares e familiares devem abordar a prevenção da violência, promovendo

relações positivas.
Importância da Idade 6-10 anos:

Nessa fase, as crianças estão desenvolvendo sua identidade, valores e habilidades sociais.

Intervenções preventivas nessa faixa etária podem moldar atitudes e comportamentos futuros.

Literatura e Recursos:

Existem livros e materiais educativos que abordam a violência de forma acessível para crianças.

Professores, pais e cuidadores desempenham um papel fundamental na educação sobre

relacionamentos saudáveis. Em resumo, a prevenção da violência nas relações interpessoais e de

intimidade deve começar o mais precoce possível. Educar as crianças sobre respeito, comunicação e

empatia é essencial para construir um futuro mais seguro e saudável. 🌟🤝✨


Breve Revisão bibliográfica sobre o Tema do Abuso Sexual

O abuso sexual em crianças é uma questão de extrema importância e preocupação para a

sociedade. Quando se trata de crianças entre os 6 e os 10 anos de idade, a vulnerabilidade e a

necessidade de proteção são ainda mais evidentes. Este período de desenvolvimento é crucial

para o estabelecimento de noções de autoestima, confiança e integridade física e emocional.

Portanto, é fundamental compreender os fatores associados ao abuso sexual nessa faixa etária

e identificar estratégias eficazes de prevenção e intervenção.

Fatores de Risco

O abuso sexual em crianças dos 6 aos 10 anos pode ser influenciado por uma variedade de

fatores. Segundo Silva e Almeida (2018), as dinâmicas familiares disfuncionais, como

negligência, violência doméstica e problemas de saúde mental dos cuidadores, aumentam o

risco de abuso sexual infantil. Além disso, o acesso inadequado a informação sobre sexualidade

e segurança pessoal pode deixar as crianças mais vulneráveis, como apontado por Santos et al.

(2019).
Sinais de Abuso

É crucial que os adultos possam reconhecer os sinais de abuso sexual em crianças dessa faixa etária.

De acordo com Ferreira e Costa (2020), esses sinais podem incluir mudanças repentinas no

comportamento, regressão a comportamentos infantis, dificuldades escolares, pesadelos

recorrentes e comportamento sexualizado. A comunicação aberta e a escuta ativa são essenciais

para criar um ambiente onde as crianças se sintam seguras para relatar qualquer forma de abuso.

Intervenção e Apoio

Quando há suspeita ou confirmação de abuso sexual, é crucial agir rapidamente para proteger a

criança e proporcionar-lhe apoio adequado. Segundo Gomes et al. (2017), as autoridades

competentes devem ser notificadas para investigar o caso e providenciar apoio psicológico e médico

à vítima e à família. Além disso, é fundamental envolver profissionais qualificados, como psicólogos

e assistentes sociais, para fornecer acompanhamento terapêutico e orientação.


Prevenção

A prevenção do abuso sexual em crianças dos 6 aos 10 anos é um esforço conjunto que

envolve educadores, pais, profissionais de saúde e a comunidade em geral. De acordo com

Pereira e Santos (2019), programas de educação sexual nas escolas, campanhas de

consciencialização pública e treino de adultos para reconhecer e relatar abuso são medidas

eficazes na prevenção desse tipo de violência.


BIBLIOGRAFIA

Ferreira, C., & Costa, P. (2020). Sinais de Abuso Sexual em Crianças dos 6 aos 10 Anos: Uma Revisão Sistemática. Jornal de Pediatria, 96(4),

415-421.

Gomes, R., et al. (2017). Intervenção Multidisciplinar em Casos de Abuso Sexual Infantil: Um Estudo de Caso. Psicologia Clínica, 23(1), 45-59.

Pereira, F., & Santos, A. (2019). Educação Sexual nas Escolas: Uma Abordagem Preventiva ao Abuso Sexual Infantil. Revista de Educação, 30(2),

87-102.

Minas, B. D. F. (2014). A violência nas relações íntimas: prevalência e estudo de relações com a confiança interpessoal e com a esperança.

Estudo Geral.

Silva, A., & Almeida, M. (2018). Dinâmicas Familiares e Risco de Abuso Sexual Infantil. Revista Portuguesa de Psicologia, 46(2), 129-144.

Santos, L., et al. (2019). Acesso à Informação e Prevenção do Abuso Sexual Infantil: Um Estudo Exploratório. Revista de Saúde Pública, 53, 78.

Silva, Neto e Filho (2009). Maus-tratos na infância e a violência nas relações de intimidade na vida adulta. Dissertação.

[Autor não especificado]. (Ano não especificado). Violência nas relações de intimidade: comportamentos e atitudes dos jovens. Fonte.

[Autor não especificado]. (Ano não especificado). Emoções, relações e violência. SNS24.
Bem-vindos ao Vale da Segurança do planeta Azul, um lugar mágico onde cada criança tem um poder

especial que as ajuda a manterem-se seguras e protegidas. Neste livro, vamos conhecer heróis incríveis

que, com os seus poderes e sabedoria, enfrentam desafios e aprendem lições importantes sobre como

proteger a si mesmos e aos outros.

Vem conhecer os heróis desta história:

Zumi: é uma menina intergaláctica com pele azul brilhante, com olhos grandes e curiosos e o seu cabelo
parece feito de estrelas. Zumi usa um fato espacial com muitos bolsos cheios de gadgets mágicos. Esta
menina adora aprender sobre novos planetas e fazer amigos. Ela é muito inteligente, gentil e está sempre
pronta a ajudar quem precisa e queira ser ajudado/a.
Zumi tem vários poderes, sendo um deles a capacidade de perceber quando os outros precisam de ajuda e
consegue.criar campos de força para proteger os seus amigos, tendo ainda o dom da empatia, ou seja, de se
colocar no lugar dos outros para melhor os compreender e ajudar. Zumi também muda a cor da sua pele de
acordo com as suas emoções. Esta característica única oferece-lhe várias vantagens: A capacidade de Zumi
mudar de cor permite que ela comunique os seus sentimentos sem usar palavras. E será isto útil? Sim! Pode
ser especialmente útil para expressar emoções dificeis de colocar por palavras.
A sua família ofereceu-lhe um objeto mágico, um espelho especial que reflete não apenas a aparência de
Zumi, mas também as suas emoções e sentimentos na forma de cores vibrantes e padrões. Esta é uma
alternativa mais pessoal e reservada de expressar o que sente. Mas o espelho faz também parte da sua
missão de ensinar as crianças, pois estas podem ver, sempre que Zumi permitir, as emoções desta
refletidas no espelho, ajudando-as a entender que todos têm sentimentos que merecem ser reconhecidos
e respeitados.
O espelho mostra diversas emoções, ensinando as crianças que está tudo bem sentir-se de diferentes
maneiras e que cada emoção é importante e apropriada. Por exemplo, está tudo bem sentir tristeza ou
raiva, só temos que aprender a gerir as mesmas e não deixar que se tornem muito grandes e insistentes.

Ana: Ana é uma menina com cabelo castanho comprido e olhos cheios de alegria. Ela gosta de brincar ao ar
livre, especialmente de saltar à corda e jogar futebol. A Ana é muito corajosa e amigável. O seu poder é um
sorriso que pode iluminar até o dia mais cinzento e fazer qualquer pessoa sentir-se melhor. Quando for
crescida quer ser psicóloga para ajudar os outros a ter mais saúde mental e bem-estar. Adora decifrar os
segredos da mente e do coração.
João: João é um rapaz de 11 anos, espevitado. É muito curioso e está sempre envolvido nalguma
aventura. É bom amigo e bom aluno! Quando crescer quer ser investigador da Polícia Judiciária para
ajudar o planeta azul a ser mais seguro.
Senhor Sombrio: é um homem alto com uma capa preta. É homem demasiado ambicioso. Deseja
intimamente dominar o planeta Azul. Emp a empatia e a partilha positiva de ideias e de afeto. Enfim,
deve aprender sobre toques bons e toques maus, saber dizer não, e respeitar os limites do seu
próprio corpo e do corpo dos outros bem como ser mais ético e responsável.
Zumi na
A

Sr.
Somb rio
Marina
Rui

João
Capítulo I
O encontro no bosque das emoções
Zumi, após aterrar a sua nave espacial perto de um bosque florido, ouviu um choro profundo
vindo de trás de uma árvore. Aproximando-se, encontrou uma menina.

Zumi: Olá, pequena criatura. Estás a chorar?

Menina: Olá… Chamo-me Ana. Por que estás aqui? Quero ficar sozinha.
Ana tinha fugido para o bosque das emoções. Este local era o seu refúgio quando sentia
emoções muito fortes ou difíceis de lidar. O bosque tinha um poder calmante, o cheiro a
pinheiro, permitia-lhe fazer inspirações mais profundas, o que a relaxava e permitia pensar
mais claramente. O cantar dos pássaros, os sons da natureza eram uma sinfonia perfeita para
os seus ouvidos. As cores vivas, uma alegria serena para os seus olhos, as copas das sequóias e
as suas rugas eram bons encostos e mexer nas mesmas fazia com que ficasse mais calma,
sentindo uma sensação de estar no aqui e no agora.. e comia sempre uma amora docinha. As
emoções toenavam-se mais serenas.

Zumi: Entendo. Mas será que te posso ajudar?

Ana hesitou em contar mais alguma coisa. Não conhecia Zumi de lado algum. Parece ser
extraterrestre. Zumi é muito bonita com a sua pele azul brilhante e cabelo colorido e tem um ar
simpático. Olhos grandes, expressivos e atentos, daquele que olham diretamente enquanto
falamos. Sorriso leve de compressão e atenção total a ti, enquanto pessoa. Ouvidos atentos ao
que dizes.
Ana decidiu confiar e partilhar o que se tinha passado com ela. Para isso Zumi usou os
poderes da empatia e do campo protetor em redor de Ana. Daí a menina confiar na recém-
conhecida. Sentiu-se segura. A extraterrestre sabia que conversar sobre o assunto com
alguém ajudaria esta pequena a expressar os seus sentimentos e a sentir-se melhor.
Ana: Estou triste porque os outros meninos não querem brincar comigo. Dizem que sou
diferente. - Afirmou a Ana num tom de voz baixo e cansado.
Zumi: Dizes, diferente? No meu planeta, ser diferente é especial. -diz a Zumi.
Ana: Como assim?! Especial?! Só me sinto mal e parva. Os meninos disseram que eu não
podia jogar futebol por ser menina e muito magra e que as minhas pernas parecem dois
palitos que não aguentam o jogo!
Zumi: Ser excluída e deixada de parte de uma brincadeira que se adora apenas por se ser
rapariga não é fácil de lidar. É natural que te sintas triste - afirmou serenamente a Zumi,
usando mais uma vez o poder da empatia.
Ana: É que não se ficou por aqui! Eu, como vês, estou de saia, mas tenho calções por
baixo.
Zumi: Oh! Não me digas que...
Ana conta o que aconteceu com ela, enquanto chorava e soluçava persistentemente.
Os meninos queriam levantar-lhe a saia, enquanto gritavam, “vai, mas é vestir calças, não
tens vergonha?” Entretanto, Ana desatou a fugir!

🗣️Que emoções terá sentido a menina nesta situação? O que farias se fosses a Ana?
Zumi: Estes meninos estão a precisar de uma lição! Mas antes quero mostrar-te uma coisa.
Vem comigo.
Zumi levou a Ana até à sua nave espacial e mostrou-lhe como a sua pele mudava de cor,
como se fosse um camaleão.
Ana: Uau! Incrível! Como fazes isso?!
Zumi: É algo natural em mim. Basta sentir as emoções. Assim como o que te torna única
também é natural em ti. Devemos ter orgulho nas nossas diferenças e não as esconder.
Ana: Queres dizer que eu deveria estar feliz por ser quem sou?
Zumi: Exatamente! E vou contar-te um segredo: quando partilhamos a nossa verdadeira
maneira de ser, encontramos amigos que gostam de nós pelo que realmente somos
A Zumi passou a energia da compaixão à Ana, refletindo um raio de luz roxa. Ana sentia-se

bem melhor, talvez fosse o cuidado, o escutar os seus problemas. Começava a aparecer um

sentimento por Zumi, a admiração.

Zumi e Ana deram um grande passeio e conversaram sobre a viagem da aventureira e sobre

como eram os habitantes de Zoara, o planeta do qual é oriunda. A Ana ficou ainda a saber que

Zumi não mostra os seus sentimentos a toda a gente, especialmente quando não se sente

confortável para isso ou não sente confiança na outra pessoa para partilhar algo tão pessoal.

Ana: Zumi, queres ser minha amiga?

Zumi: Claro, Ana! E juntas, vamos mostrar a todos como é bom ser diferente e respeitar os

outros também!

Ana: E ainda me vais explicar, como consegues sentir a emoção e não mostrar a toda a gente?

Zumi: Quanto mais expresso o que sinto (seja lá a emoção e o sentimento que for), melhor fica

a minha saúde e mais protegida ando.


Por que conheço as minhas emoções e sei que situações as provocam e me deixam

desconfortável. Mas essa expressão não tem que ser pública. Há segredos e tesouros que são só

meus. Não que seja errado falar sobre qualquer que seja a emoção que estás a sentir, mas

porque é importante escolher pessoas de confiança para partilhar sentimentos e preocupações.

Aprendi que algumas conversas são privadas e devem ser partilhadas apenas em ambientes

seguros para me sentir segura emocionalmente.

Sabem que a Zumi nem sempre foi assim. Ela fez o seu caminho até compreender as suas

emoções e conseguir comunicá-las de forma eficaz. No início desta aprendizagem, Zumi por

vezes sentia uma grande confusão emocional e não sabia o que estava a sentir. Foi uma

aprendizagem na qual ela também se esforçou para fazer.


Tantas partilhas fizeram com que Zumi e Ana se tornassem amigas inseparáveis. Zumi já não

pretendia abandonar tão cedo este planeta azul tão bonito, cenário de grandes aventuras e missões.

Ana assumiu a responsabilidade de mostrar os locais mais fantásticos da sua comunidade e

apresentar os habitantes da mesma à Zumi.


Questões para o(a) Leitor(a) aventureiro (a)

Como reagirias se fosses a Ana e te sentisses excluído(a)?

O que farias se encontrasses alguém como a Zumi?

Como reagirias se fosses a Ana e te sentisses desrespeitado (a) por alguém mexer no

teu corpo sem que quisesses?

Que emoções e sentimentos achas que a Ana sentiu?

O que quer dizer Zumi quando afirma que é bom expressar as emoções, mas mostrar a

todos já é outra história? Há tesouros que são só meus e que partilho só com quem

quero e se quiser partilhar..


Capítulo II
Floresta dos Sussuros
Capítulo 2: A Lição de Respeito e nasce uma
missão…
A Ana ainda não sabia muito bem quais os motivos da vinda de Zumi para o nosso planeta Azul, mas

ela trazia com certeza uma missão heroica.

Inesperadamente...

Ana: Estás a ouvir este bip, bip?

Zumi: É uma comunicação de Zoara.

Ana: O que estão a dizer? É algo mau?

Zumi: Não, é uma mensagem de esperança. Zoara diz que encontraram a chave para a Grande

Biblioteca de Luz. E vou ter que partir em busca dela. Vens comigo?

Ana sentiu um arrepio de excitação. A Grande Biblioteca de Luz era um lugar lendário, cheio de

conhecimento antigo e segredos do universo que poderiam ajudar a proteger o planeta Azul.

Ana: E onde está essa chave?


Capítulo 2: A Lição de Respeito e nasce uma
missão…
Zumi: Está escondida na Terra, protegida por enigmas e guardiões leais. A nossa missão é encontrá-la

antes que caia em mãos erradas.

Zumi hesita por um momento, olhando para o chão. Ela sabe que a resposta envolve um assunto

delicado, mas também crucial para a segurança de ambos os planetas.

Zumi: A chave está nas mãos do Ancião da Floresta, um guardião sábio que vive nas profundezas da

Floresta dos Sussurros. Ele é o único que pode abrir a entrada para a Grande Biblioteca de Luz.

Ana franze a testa, intrigada. Começa a recordar as histórias que a sua avó costumava contar sobre a

Floresta dos Sussurros. Dizia-se ser um lugar mágico, onde as árvores sussurravam segredos e os

riachos cantavam canções antigas.

Ana: Por que o Ancião da Floresta tem a chave? E por que ele a escondeu lá?

Zumi olha nos olhos de Ana, enquanto a sua pele muda de cor para um tom mais sério.

Zumi: O Ancião sabe que a Grande Biblioteca de Luz contém conhecimentos poderosos.
Capítulo 2: A Lição de Respeito e nasce uma
missão…
Mas também guarda segredos perigosos. Segredos que podem ser usados para o bem ou para o mal.

Ele quer ter certeza de que quem procura esse conhecimento está preparado e entende a

responsabilidade que com ele vem.

Ana concorda, pensativa. Ela sabe que conhecimento é uma arma poderosa.

Ana: E como vamos convencer o Ancião a dar-nos a chave?

Zumi sorri, voltando à sua cor original.

Zumi: Com confiança. O Ancião é um guardião da sabedoria, mas também é um guardião dos limites.

Ele só confiará em nós se mostrarmos respeito pelo conhecimento e pelos limites que ele impõe.

Ana sente um nó na garganta. Ela sabe que, para obter a chave, precisará aprender sobre os próprios

limites e respeitar os limites dos outros. E, mais importante, ela precisa confiar em si mesma para

enfrentar o desafio que está por vir.


De repente, o ar ficou mais frio. Uma sombra projetou-se sobre a clareira. O Senhor Sombrio

emergiu de trás de uma árvore retorcida. Os seus olhos cintilavam com malícia, e a capa negra

que usava, ondulava como uma nuvem de tempestade.

Senhor Sombrio: (voz sinistra) Ah, pesquisadores de conhecimento. Acham que podem me

enganar? A chave é minha!

Ana: (cerrando os punhos) Quem és tu?

Senhor Sombrio: (ri) Sou a escuridão personificada. Os segredos do Ancião serão meus, e este

planeta tremerá sob o meu domínio.

Zumi: (mudando de cor para um vermelho ardente) Não terás sucesso. Protegeremos a chave

e vamos impedir-te!

Senhor Sombrio: (aproximando-se) Que duas! Subestimam o poder do desejo. Desejo por

conhecimento, desejo por controlo. O dpode romper até as barreiras mais fortes.
Nesse momento, um menino apareceu entre as árvores, de olhos firmes e confiantes,

segurava uma lanterna que emitia uma luz suave.

João: (calmamente) Senhor Sombrio, Ana, Zumi, bem-vindos à Floresta dos Sussurros. Sou o

João, e estou aqui para ajudar.

Ana: (curiosa) Como podes ajudar-nos?

João: Esta floresta testa a coragem, a confiança e compreensão dos limites pessoais. O Ancião

da Floresta só confiará em vós se mostrarem respeito pelo conhecimento e pelos limites que

ele impõe.

Zumi: (muda de cor para amarelo de cautela) E como enfrentamos esses desafios?

João: O primeiro teste é sobre limites, ilusões tentadoras que confundem a linha entre

segurança e perigo. Lembrem-se: os limites protegem-nos! Sabemos onde podemos ir, até

onde os outros podem ir, com o que o que contar e o que é ou não real.
Ana e Zumi avançaram pela floresta. De repente, viram uma piscina cintilante. O reflexo de

Ana sorriu para ela, chamando-a e mostrando o reflexo dos meninos a pedirem desculpa por

não a terem respeitado.

Ana: (hesitante) Isto é real?

Zumi: (alerta) Limites, Ana. Lembra-te.

O reflexo transformou-se no Senhor Sombrio, a estender a mão para agarrá-la.

Senhor Sombrio: (brincando com malícia) O conhecimento espera, Ana. Apenas um pouco

mais perto…

Ana: (fechando os olhos) Não. Limites. Não serei enganada. Querem enganar-me com os

meus desejos e medos mais íntimos.

A ilusão desfez-se, e o Senhor Sombrio rosnou.

Senhor Sombrio: (desvanecendo nas sombras) Não escaparão de mim por muito tempo.

João olhou para Ana e Zumi com seriedade.


João: Continuem, heroínas. A chave está próxima, mas os desafios também. Lembrem-se dos

limites. A Floresta dos Sussurros guarda segredos profundos, e vós sois a esperança do nosso

mundo.

Ana: como assim, limites?

João: Pensa numa situação onde os teus limites pessoais não foram respeitados. Se tivessem

sido, não seria diferente?

Ana sentiu-se embaraçada. Parecia que o João sabia o que se tinha passado com ela.

Ana (revoltada): Que sabes sobre isso? Eles não deveriam ter me tocado sem que deixasse.

Eu devia ter-me defendido melhor.

João: Calma! Nada disso! As respostas estarão à tua e à nossa disposição, se conseguirmos

atingir a chave da Biblioteca de luz.

Zumi: Não estou a perceber! Estás a fazer-te convidado? Como sabemos que podemos confiar

em ti para nós ajudar? Há pouco até ao Sr. Sombrio disseste que ajudavas.
João: Zumi, pergunta ao teu coração e se ainda tiveres dúvidas, sabes o que fazer.

Zumi agarrou o seu espelho e apontou para a luz da luz da lua. Está reflectiu um raio azul. Pronto,

Zumi já sabia que poderia confiar neste rapaz. Este era o método mágico que usava em última

necessidade, quando as emoções não lhe permitem clareza de pensamento. Era uma consulta ao

conhecimento que os habitantes de Zoara tinham sobre os habitantes da terra. Eles conseguiam

ver corações. No fundo ela sabia, afinal é de Zoara. Mas como diz um velho ditado terráqueo

"Quem vê caras, não vê corações" e os seus poderes estão mais fracos, por se encontrar na terra.

Sabem, por detrás de uma cara simpática, confiante e bonita, podem estar sombras escondidas.

Daí ter resolvido consultar as suas referências de Zoara.

Zumi: Ok! Podes juntar-se a nós!

Ana estava visivelmente nervosa. Então Zumi olha para ela com ternura e pergunta " minha

querida amiga, posso dar-te um abraço? A Ana aceitou o gesto de amizade. Era um toque bom e

que a fazia sentir-se tão bem.


Capítulo III
O Desafio das Sombras
Ana, Zumi e João avançaram, guiados pelas sombras que dançavam ao seu redor. O ar
estava carregado de mistério e expectativa. Cada passo parecia uma peça de um
quebra-cabeça complexo.
O carvalho gigante projetava uma sombra em forma de espada. Ana olhou para a
inscrição no tronco da árvore: “A coragem é a chave para enfrentar o desconhecido.”
Ana: (olhando para a sombra) Coragem… É isso que precisamos agora.
João: (firme) Sim, Ana. A coragem guiar-nos-á.
Zumi: (tocando o tronco) E se o Senhor Sombrio tentar nos deter?
Ana: (determinada) Lembremos das palavras: “A coragem é a chave.” Vamos enfrentar
o desafio juntos.
Ana entrou na sombra da espada, sentindo-a envolvê-la. O seu coração batia forte. Ela
pensou em todas as vezes que enfrentara o desconhecido, desde o primeiro dia de
escola até os desafios atuais. A coragem estava dentro dela.
Zumi: (olhando para Ana) Ana, já mostraste coragem muitas vezes. Lembra-te disso.
Ana: (respirando fundo) Tens toda a razão, Zumi. E juntos, podemos superar qualquer
obstáculo.
João: (apontando para a próxima sombra) Vejam ali. A próxima pista.
Uma rocha próxima criava uma sombra em formato de mão estendida. As palavras
gravadas na pedra de grande envergadura brilhavam: “Confia em ti mesmo. A
verdadeira força está na confiança. Só assim, podes dizer não ou sim, sem sentir culpa!
Ana: (tocando a rocha) Confiança… É o que precisamos para seguir em frente. Mas o
que tem a ver com o dizer não ou sim?
João: (olhando para Ana) Ana, acho que é isso que temos que descobrir.
No coração da floresta, uma clareira abre-se. No centro, uma estátua de pedra
representava o Ancião Maior da Floresta. A sua sombra projetava-se em todas as
direções, como se abarcasse o conhecimento de séculos.
Ana: (olhando para a estátua) O Ancião… Ele parece tão antigo e sábio.
Zumi: (tocando a base da estátua) O que será que ele nos reserva?
João: (apontando para a sombra) Vejam ali. As palavras estão se transformando.
João (olha para a sombra): A compreensão profunda. Não apenas entender as
palavras, mas também os sentimentos e intenções por trás delas.
Ana (pensativa): Como podemos decifrar essa sombra? O que o Ancião quer de nós?
Zumi (olhando para o espelho): Talvez precisemos olhar além das palavras.
Compreender o que não é dito.
A sombra da estátua começou a ondular, formando símbolos antigos. Ana, Zumi e João
aproximaram-se, com os seus corações cada vez mais acelerados. O Senhor Sombrio
observava, enquanto esperava o momento certo para agir.
Os símbolos antigos na sombra da estátua do Ancião começam a rearranjar-se e
formam uma mensagem enigmática:
"Para compreender o outro, olha para dentro. A verdadeira chave não está nas palavras,
mas na ligação entre coração e mente."
Ana, Zumi e João trocam olhares, tentando perceber o significado destas palavras. O
Senhor Sombrio aproveita para aproximar-se cheio de ganância
Os heróis reúnem-se em torno dos símbolos antigos, as suas mentes trabalhavam
arduamente para decifrar o enigma. As palavras ecoam na clareira, e cada um partilha
a sua interpretação.
Ana (enquanto tocava o símbolo do coração): Para compreender o outro, olha para
dentro. Isto significa que precisamos colocar-nos no lugar dos outros, entender as suas
emoções e perspetivas. O coração é a chave para a empatia.
Zumi: “A verdadeira chave não está nas palavras…” A chave mais importante não são
só as palavras que dizemos… Quando olhamos para um espelho, ele mostra como nos
sentimos por dentro, não só o nosso sorriso ou lágrimas. Às vezes, temos de prestar
atenção não só ao que as pessoas dizem, mas também ao que elas não dizem. - falou
enquanto espreitava o seu reflexo no espelho.
João:“…mas na ligação entre o coração e a mente.” A coisa mais especial não são só as
palavras que falamos… mas sim a amizade entre o nosso coração, que sente, e a nossa
cabeça, que pensa. Quando usamos os dois juntos, conseguimos entender melhor os
nossos amigos, misturando o que sabemos com o que sentimos. - explicou, apontando
para a sua cabeça.
O Ancião da Floresta aproxima-se, a sua figura imponente projeta as sombras nas
árvores ao redor e a sua voz ecoa suavemente:
Ancião: Heróis, compreenderam as palavras, mas ainda há mais a aprender. A
verdadeira chave não está apenas na mente e no coração, mas também no corpo.
Ana (curiosa): No corpo? O que significa isso?

Ancião: O corpo é como uma casa especial onde mora tudo o que somos. Ele ajuda-
nos a brincar, aprender e fazer amigos. Mas temos de ter cuidado com ele, como
quando usamos joelheiras para andar de bicicleta. É importante tratar bem o nosso
corpo e mantê-lo seguro.
Zumi (tocando o símbolo do corpo): Proteção e respeito… Isto está relacionado com os
limites pessoais?
Ancião: Sim, Zumi. Os limites são como as linhas que desenhamos no chão quando
jogamos a um jogo tradicional e que ajudam a saber onde podemos saltar e brincar. É
bom lembrar até onde podemos ir e não entrar no espaço dos outros, assim todos
brincamos felizes.
João: (olhando para a sombra da estátua) E o Senhor Sombrio? Ele também procura a
chave.
Ancião: O Senhor das Sombras é muito ambicioso e quer mandar em tudo. Mas ele
não entende o que é a verdadeira força. Vocês, meninos e meninas corajosos, têm de
ficar sempre juntos e cuidar uns dos outros, combinado? Dirijam-se sem medo até à
colina do respeito e encontrarão o que tanto procuram.
Ancião: Heróis, compreenderam as palavras, mas ainda há mais a aprender. A Ana,
Zumi e João finalmente entenderam que o que procuravam era a chave para que as
pessoas se relacionassem melhor, com mais respeito pelos limites dos outros e assim
tivessem relações mais seguras e mais saudáveis. Era uma grande descoberta. A a
descoberta da verdadeira riqueza humana.
Capítulo IV
A Biblioteca de Luz
Depois de uma longa caminhada, finalmente chegaram ao local assinalado pelo
Ancião. E não é que a Grande Biblioteca de Luz desdobrava-se diante dos heróis, um
labirinto de conhecimento que os envolvia com a sua aura mágica.
Zumi (entusiasmada pergunta): Será que conseguimos abrir esta porta tão pesada?
João: Nada como tentar. Podemos trabalhar em equipa. Acho que resulta melhor na
maioria das situações.
Ana (já exausta propõe): E se fizermos uma pausa? Acho que é importante repor
energias antes de decifrar o enigma final “onde está a chave”.
Os outros dois heróis concordaram. Tinha sido muito cansativo. Então, encostaram-se
junto a uma árvore e acabaram por adormecer.
Quando acordaram, depois de comeram umas nozes, colocaram-se a caminho.
Quando chegados à majestática porta, com esforço e, em equipa, conseguiram abri-la,
mesmo sem chave. Honestamente ficaram intrigados. Julgavam que seria mais difícil
entrar na biblioteca e que a chave era necessária para o efeito.
Já na biblioteca os nossos heróis observavam as estantes, altas como sequoias, e que
pareciam tocar o próprio céu. Cada prateleira abrigava pergaminhos antigos,
desgastados que guardavam segredos do tempo.
Os livros encantados, com capas de couro envelhecido, exalavam o aroma de aventura
e sabedoria. Marina, a guardiã da Biblioteca, aproximou-se dos heróis. Ela carregava
consigo as marcas do abuso (alguém lhe tinha deixado cicatrizes profundas no rosto),
mas também a determinação de transformar a dor em força e a firmeza que protegia a
chave.
Entretanto, aparece também o Psicólogo Rui. Os olhos de Marina encontraram os de
Rui, que a acompanhou até ali. Ele concordou, silenciosamente encorajando-a a
partilhar algo importante com os heróis.
João estava ansioso para desvendar os segredos da biblioteca. Zumi encontrava-se
pronta para explorar cada canto. E Ana não conseguia acalmar a ansiedade por
perceber o que se passaria a seguir.
Marina (cheia de coragem, olhou para os outros e disse): “Eu tenho uma história. Uma
história de sobrevivência e explica o porquê de ter aceite esta missão de guardar a
chave da Biblioteca de Luz por parte do Grande Ancião.”
João (curioso, aproximou-se): Conta-nos, Marina.
Marina (respirou fundo): É uma história de abuso. Foi difícil superar - começou ela.
Mas encontrei força em partilhar minha experiência com o Psicólogo Rui.
Zumi (mudando de cor, perguntou): “O que ele te ensinou?”
Marina (sorriu): Ele mostrou-me que dizer ‘não’ não é fraqueza. É autodefesa. E dizer
‘sim’ é uma escolha poderosa quando confiamos em nós mesmos e nos outros.
“E como mantiveste a tua segurança pessoal?” - pergunta a Ana.
“Eu aprendi a reconhecer os sinais de perigo”, respondeu Marina. “E a pedir ajuda
quando necessário. É preciso partilhar com um adulto de confiança, quando existem
segredos que nos fazem sentir desconfortáveis, ou quando toques no corpo nos fazem
sentir mal.
Rui: Marina é uma sobrevivente forte, disse ele. E vocês também são. Juntos, têm a
chave para proteger a Grande Biblioteca de Luz. Marina dedicou a sua vida a guardar o
conhecimento mais importante para a Terra e Zoara. Sabiam que Zoara e a Terra eram
amigas e partilhavam conhecimento?

Os heróis sentiram uma força misteriosa e dirigiram-se ao espelho na sala principal. As


suas mãos tocaram-se, formando um círculo. Uma luz dourada envolveu-os, e o
espelho partiu-se, revelando a chave da Grande Biblioteca de Luz. Agora podiam dar
descanso a Marina e impedir que pessoas mal-intencionadas usassem o
conhecimento.
Mas Rui avisou-os: não poderiam fechar a Biblioteca.
Os heróis, confusos, perguntam: “Porquê? Honestamente, achamos que somos
especiais e que a chave estava destinada a ser encontrada por nós!”
Zumi (responde): “Menos João!”
Rui (responde serenamente): Sim, vocês são especiais. Mas não somos todos? A
Marina aceitou a sua missão de vida e não pode fechar o conhecimento do mundo.
Agora, para terem direito a este conhecimento, devem mostrar que são dignos e
merecedores.
Marina (acrescenta): Sim. Outros heróis aparecerão e encontrarão a chave. Ela não é
apenas um objeto, mas um símbolo. O vosso caminho está apenas começando, e a
responsabilidade é maior.

O Senhor Sombrio observava de longe, faminto por poder. Mas os heróis estavam
unidos, protegendo-se uns aos outros. Determinados, avançaram para derrotá-lo e
desvendar os segredos que mudariam o mundo.

A aventura estava longe de terminar. Os heróis enfrentariam desafios, mas agora


tinham a chave e uns aos outros. A Grande Biblioteca de Luz aguardava, pronta para
revelar seus mistérios e iluminar os caminhos daqueles que procuravam
conhecimento e proteção. Sempre haverá quem precise aprender e quem possa
ensinar.

Por isso, esta história não acaba aqui.

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