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Rubiane Pininga - FCM/UPE 106

 Via hematogênica: colonização da orofaringe (meningococo,


Meningite bacteriana pneumococo e H. influenzae), dos intestinos (enterobactérias), dos
pulmões (pneumococo) e do aparelho geniturinário (G-).
 Por contiguidade: a partir de focos próximos às estruturas
Intro/epidemio
anatômicas do SNC, como otites médias crônicas, mastoidites ou
 Doença meningocócica = infecção bacteriana aguda; doença invasiva. sinusites.
Sd clínicas: meningite meningocócica e meningoccemia.  Por continuidade ou acesso direto: TCE, manipulação propedêutica
 Meningite bacteriana aguda (MBA) = infecção purulenta das ou terapêutica do SNC e de estrututas próximas (punção liquórica e
meninges e espaço subaracnoide que pode acometer o encéfalo uso de cateter ou implantes sem a devida assepsia)
secundariamente (meningoencefalite); processo inflamatório das
meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula, causado
Patogenia
por bactérias.
 Colonização das VAS pelo agente → (geralmente não há
 BR: endêmica com surtos esporádicos; cças < 5a, princ. lactentes até
consequências maiores, a depender de fatores do
1a. Letalidade 20% e, na meningococcemia, 50%. Sorogrupos B e C; 1º
microrganismo/hospedeiro) → invasão do epitélio → disseminação
Meningococo, 2º Pneumococo
hematogênica → plexo coroide → invasão do espaço subaracnoide →
 Ocorrência durante todo o ano, com pequeno aumento sazonal nas
LCR (pobre em Lc, Ig e ptnas do complemento = espaço favorável!)
épocas de clima frio.
 Na BHE é induzida a produção e a secreção local de citocinas (IL-1, IL-
6 e TNF), que medeiam o processo inflamatório  Ativam endotélio
Agentes etiológicos
cerebral com adesão de leucócitos e glicoprot e a diapedese dos
 Neisseria meningitidis (meningococo) leucócitos p/ o líquor. Lesão microvasculatural + inflamação
 Diplococo G-, aeróbio, imóvel. meníngea = edema cerebral (mecanismos vasogênicos, por exsudação
 Principal agente em geral e de 1 mês aos 20 anos de idade de albumina através da BHE alterada; mecanismos intersticiais,
 12 sorogrupos, sendo A, B, C, Y e W = doença invasiva e redução na reabsorção de líquor pelas vilosidades aracnóideas).
epidemias.  A responsável pelas manifestações neurológicas e complicações da

 Capacidade de permutar o material genético e mudar o MBA é a reação imune do hospedeiro, e não a presença da bactéria
sorogrupo; em si!
 Coloniza a nasofaringe (assintomáticos → processo imunizante • Edema vasogênico = ↑perm. capilar → edema extracelular
por produção de Ac) • Edema intersticial = ↓absorção de LCR → edema extracelular
 Portadores: adolescentes e adultos jovens e em camadas • Edema citotóxico = mau funcionamento das bombas iônicas → ↑Na
socioeconômicas menos privilegiadas. IC → edema intracelular
 Transmissão por contato direto e secreções respiratórias  Fatores de virulência: pili (adesinas) na superfície dos meningococos,
(infectados, assintomáticos e doentes). que os permitem aderir à mucosa e se colonizar; proteases dos
 PI = 2-10 dias (M = 3 a 4 dias) pneumococos, hemófilos e meningococos que fazem clivagem das
 PT: até desaparecer da nasofaringe, em geral 24h após ATB IgAs secretórias na superfície da mucosa oral
 FR: IRp viral recente (Influenza!), aglomeração, tabagismo,
contato íntimo com portador,  condições SE, asplênia,
↓complemento (properdina, C3, C5-C9)
 Streptococcos pneumoniae:
 Coco G+ aos pares, alfa-hemolítico, não agrupável;
 Haemophilus influenzae:
 G-
 Germes oportunistas ou de alta virulência:
 DM, linfomas, neoplasias, esplectomia, alcoolismo, desnutrição,
uso de drogas imunossupressoras, HIV;
 Oportunistas: Listeria, Estafilo coagulase-negativo e outras não
patogênicas.
 Alta virulência: Estafilo coagulase-positivo, pneumococo
capsulado, pseudomonas, enterobactérias, Haemophilus,
salmonela, Klebsiella, anaeróbio.

OBS: A prevalência de cada bactéria está correlacionada com: idade do


paciente; porta de entrada ou foco séptico inicial; tipo e localização da
infecção no SNC; estado imunitário prévio específico e geral; situação
epidemiológica local.

Strepto, E.coli, S. aureaus resistente à meticilina (MRSA); Se BP -


RN - 3m
S. agalactiae ou Listeria monocytogenes
3m - 10a Meningococo, pneumococo e Hib Defesa imunulógica
> 10a Meningococo e pneumococo
Meningococo, pneumococo, oportunistas (Listeria 1. Reação inflamatória inespecífica (grande afluxo de macrófagos)
Senilitude
monocytogenes, S. agalactiae e enterobactérias) 2. Reação imunitária humoral (com participação de IGs e complemento)

Vias de infecção
Rubiane Pininga - FCM/UPE 106
3. Reação macrofágica (monócitos modificados e macrófagos originários  Meningites: outros agentes causadores (pneumococo e H.
de descamação de céls aracnóideas) influenzae), formas virais e outras causas de
meningoencefalites.
Quadro clínico
Tratamento:
 Formas clínicas invasivas da DOENÇA MENINGOCÓCICA →
MENINGITE (+ comum) e MENINGOCOCCEMIA (sepse por OBS: Isolamento do paciente - as meningites por meningococos e
meningococo, + grave), associadas ou isoladas. hemófilos sao passiveis de isolamento até 48h após o inicio de ATB;
 Meningite: febre, cefaleia, náusea, vômito, rigidez de nuca,
prostração e confusão mental, sinais de irritação meníngea e # Empírico #
alterações do LCR. Além de convulsões, paralisias, tremores,
ATB IV + reposição de líquidos + cuidadosa assistência
transtornos pupilares, hipoacusia, ptose palpebral e nistagmo.
**3 grupos de manifestações: síndrome infecciosa (inespecífica) /
 Lactentes até 2m: ampi + cefa 3G (cefotaxima) / ampi + aminoglic
síndrome de HIC (↓sensório, cefaleia, vômitos, perturbações
(genta ou amicacina); Pode substituir ampi por penicilina. Se
visuais) / síndrome de compressão radicular (rigidez de nuca, sinais).
antibiograma  único ATB.
Instalação geralmente súbita, tríade clássica (febre + cefaleia +
 Cças > 2m: cefa 3G (ceftriaxona ou cefotaxima)
rigidez de nuca), dor muscular/articular (proteólise).
 Idosos, imunossuprimidos, DM, alcoolistas, pct com infecção
OBS: Irritação meníngea
hospitalar: ceftriaxona 2g EV 12/12h + ampi 3g EV 6/6h +
 Sinal de Kernig: DD, eleva-se o tronco, fletindo-o sobre a bacia
vancomicina 50 mg/kg/dia EV 6/6h
= flexão da perna sobre a coxa e desta sobre a bacia.
 Sinal de Brudzinski: DD, tenta-se fletir a cabeça do pct =
# Específico #
flexão involuntária da perna sobre a coxa.
Cças: febre, irritabilidade ou agitação, choro persistentes, grito
 Meningite:
meníngeo, recusa alimentar, vômitos, convulsões, abaulamento de
Cças:
fontanela.
 Meningococcemia: Febre/cefaleia/mialgia/vômitos/rash
maculopapular → sinais de choque/lesões purpúricas. Evolução
fulminante com achados de CHOQUE e CIVD (síndrome de
Waterhouse-Friderichsen = insuficiência adrenal aguda por
hemorragia suprarrenal).
OBS.: Sem meningite NÃO HÁ rigidez de nuca/alt. do estado
mental/fotofobia/sinais de Kernig/Brudzinski/paresia/déficit
neurológico focal/convulsões. Isolada = PIOR prognóstico

Complicações

 Meningite: convulsões (20%), perda da audição, distúrbio de


linguagem, retardo mental, anormalidade motora e distúrbios visuais.
 Meningococcemia: coma e taxas elevadas de letalidade nas primeiras
48h.

Diagnóstico: Adultos:

 Laboratorial:
 Cultura: LCR, sangue e raspado de lesões petequeais. Padrão
ouro ( esp.)
 Exame quimiocitológico do LCR: contagem e diferencial de céls,
dosagem glicose e proteínas. Traduz intensidade da infecção e
orienta suspeita clínica, mas não dá dx final.  Doença meningocócica:
 Bacterioscopia direta: LR, fluidos corporais estéreis e raspado
de petéqueas.
 Aglutinação pelo látex: detecta o antígeno bacteriano em LCR e
soro
 PCR: detecta DNA do agente em LCR, soro e sangue total.
 HMG: leucocitose, neutrofilia com desvio à esq. CIVD: Uso do CTD no choque - discutível.
plaquetopenia, ↓VHS
 Diferencial: Vigilância
 Quadro leve: dças exantemáticas (princ. virais) e dças do TRS.
 Meningococcemia: sepse de outras etiologias, febres  Caso suspeito:
hemorrágicas, febre maculosa, leptospirose forma íctero-  Cça >1a e adultos: febre + cefaleia + vômitos + rigidez de nuca e
hemorrágica, malátria e EI bacteriana. outros sinais de irritação meníngea + convulsões e/ou manchas
vermelhas no corpo
Rubiane Pininga - FCM/UPE 106
*Meningococcemia  eritema/exantema, hipotensão, diarreia,  A punção do LCR é um procedimento invasivo e requer precauções
dor abdominal, dor em MMII, mialgia, rebaixamento do semelhantes aos de um ato cirúrgico. Quando solicitada, deve ser
sensório. feita exclusivamente por médico especializado, em um centro com as
 Cças <1a: choro persistente e abaulamento de fontanela. condições mínimas para este tipo de procedimento.
 A punção é frequentemente realizada na região lombar, entre as
 Caso confirmado: vértebras L1 e S1, sendo mais indicados os espaços L3-L4, L4-L5 ou L5-
 Caso suspeito + dx confirmado por exames lab específicos S1.
(cultura e/ou PCR e/ou látex)  CI: infecção no local da punção (piodermite).
 Caso suspeito + história epidemio de caso confirmado lab;  Se HIC grave, aconselhável solicitar um especialista para a retirada
 Caso suspeito + bacterioscopia com diplococo G- mais cuidadosa do líquor ou aguardar a melhora do quadro,
 Caso suspeito + clínica sugestiva de dça meningocócica com priorizando-se a análise de outros espécimes clínicos.
petéquias (meningococcemia)  Após a coleta de 3mL de LCR, o médico, ainda na sala de coleta, deve
proceder do seguinte modo:
 Caso descartado: o Semear 0,5 a 1mL do LCR em meio de cultura ágar chocolate;
 Caso suspeito com dx confirmado de outra doença. o O restante do LCR deve ser colocado em dois frascos
separadamente, um para os exames de bacterioscopia e
OBS: Notificação compulsória. Surtos, aglomerados de casos ou óbitos - citoquimico e o outro para o latex e qPCR.
notificação imediata.

Quimioprofilaxia

 Prevenção de casos secundários (raros e gte 48h a partir do 1º caso);


 Contatos próximos = moradores do mesmo domicílio, indivíduos que
compartilham mesmo dormitório, comunicantes de creches e escolas
e pessoas diretamente expostas às secreções do pct.
 Indicação:
 contatos próximos independentemente do estado vacinal;
 Pct no momento da alta ou na internação, exceto se tto com
ceftriaxona;
 Profissionais de saúde que realizaram procedimentos invasivos
(IOT e SNG) sem EPI.
 ATB: rifampicina até 48h da exposição à fonte de infecção.

Imunização

 Vacina conjugada contra o meningococo do sorogrupo C: duas doses


aos 3 e 5 meses + reforço 12 meses até 4a. Adolescentes de 11-14a.

Coleta do LCR:

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