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Cartilha A3p 36 PDF
Cartilha A3p 36 PDF
Brasília – DF | 2009
5ª Edição | Revista e atualizada
Ficha Técnica
Coordenação
Samyra Brollo de Serpa Crespo | Secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental
Karla Monteiro Matos | Diretora do Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental
Geraldo Vitor de Abreu | Gerente de Projeto (CNMA/A3P)
Elaboração e Revisão
Equipe técnica A3P
Luciana Chueke Pureza
Luiz Augusto Vitali
Marina Monteiro
Mônica Rocha de Souza
Patrícia Carvalho Nottingham
Colaboradores
Ana Carla Leite de Almeida
Emival Sizino dos Santos
Diagramação
Gráfica Ideal
Ilustrações
Estúdio Nous
Sumário
Apresentação
Prezado(a) leitor(a),
A Administração Pública, como grande consumidora de bens e serviços, como cumpridora respon-
sável das políticas públicas e com o poder de compra que possui por meio das licitações, precisa
dar o exemplo das boas práticas nas atividades que lhe cabem. Desta forma, o material que compõe
esta cartilha foi especialmente elaborado para os gestores públicos federais, estaduais e municipais
com o intuito de auxiliá-los no processo de inserção da responsabilidade socioambiental e da sus-
tentabilidade em tais atividades.
O grande desafio consiste em transpor o discurso meramente teórico e concretizar a boa intenção
num compromisso sólido, já que a adoção de princípios sustentáveis na gestão pública exige mudan-
ças de atitudes e de práticas. Para que isso ocorra, se fazem necessárias a cooperação e união de
esforços visando minimizar os impactos sociais e ambientais advindos das ações cotidianas atinentes
à Administração Pública.
Nesse sentido, o Ministério do Meio Ambiente criou o programa Agenda Ambiental na Administração
Pública (A3P), uma ação que busca a construção de uma nova cultura institucional nos órgãos e entida-
des públicos. A A3P tem como objetivo estimular os gestores públicos a incorporar princípios e critérios
de gestão socioambiental em suas atividades rotineiras, levando à economia de recursos naturais e à
redução de gastos institucionais por meio do uso racional dos bens públicos, da gestão adequada dos
resíduos, da licitação sustentável e da promoção da sensibilização, capacitação e qualidade de vida no
ambiente de trabalho.
A sustentabilidade no âmbito governamental tem sido cada vez mais um diferencial da nova gestão
pública, onde os administradores passam a ser os principais agentes de mudança. Simples e peque-
nas ações realizadas diariamente, como por exemplo, o uso eficiente da água e da energia, a coleta
seletiva, o consumo responsável de produtos e serviços, entre outros, contribuem para este processo.
Cada um pode fazer a sua parte nas atividades cotidianas, seja no trabalho, em casa, no escritório,
na rua, na escola e em outros locais. Portanto, mãos à obra! A A3P começa por você!
Carlos Minc
Ministro de Estado do Meio Ambiente
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Legislação e
Políticas Públicas
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Constituição Federal
Na Constituição Federal foi reservado um artigo Artigos Constitucionais
específico para tratar do meio ambiente, o que relacionados ao meio ambiente
demonstra a importância do tema para a socie-
dade brasileira. O artigo 225 impõe ao poder Art. 5º Art. 170
XXIII; LXXI; LXXIII III e VI - Princípios Gerais
público e à coletividade o dever de defender - Dos Direitos e da Atividade Econômica,
e preservar o meio ambiente e exige, na forma Deveres Individuais Função Social da
Propriedade e Defesa do
da lei, que sejam realizados estudos prévios de Art. 20 Meio Ambiente.
I; II; III; IV; V; VI; VII;
impacto ambiental para instalação de obra ou IX; X; XI e § § 1º e 2º Art. 174
atividade potencialmente causadora de signifi- §§ 3º e 4º - Organização
Art. 21 da atividade garimpeira,
cativa degradação do meio ambiente. XIX; XX; XXIII levando em conta
a, b e c; XXV a proteção do Meio
Ambiente;
Art. 22
IV; XII; XXVI
Art. 176
Artigo 225 - “Todos têm direito ao meio §§ 1º ao 4º - Jazidas
Art. 23 e recursos minerais;
ambiente ecologicamente equilibrado, I;III; IV; VI; VII; IX; XI
bem de uso comum do povo e essencial Art. 182
Art. 24 §§ 2º e 4º - Política de
à sadia qualidade de vida...” VI; VII; VIII Desenvolvimento Urbano;
Políticas Públicas
Entende-se por Políticas Públicas “o conjunto de terceira refere-se ao fortalecimento do Sistema Na-
ações coletivas voltadas para a garantia dos direi- cional de Meio Ambiente (Sisnama). O envolvimento
tos sociais, configurando um compromisso público dos diferentes setores do Poder Público na solução
que visa dar conta de determinada demanda, em dos problemas ambientais, incluso no princípio da
diversas áreas. Expressa a transformação daquilo “transversalidade”, é a quarta e última linha que tem
que é do âmbito privado em ações coletivas no orientado a política ambiental. Essas quatro diretrizes
espaço público” (GUARESCHI et al, 2004, p. 180). têm direcionado as atividades do MMA, permitindo
A política pública compreende um elenco de a construção de uma política ambiental integrada.
ações e procedimentos que visam à resolução pací-
fica de conflitos em torno da alocação de bens e re- DIRETRIZES DO MMA
cursos públicos, sendo os personagens envolvidos Desenvolvimento Sustentável
nesses conflitos denominados “atores políticos”. Controle e Participação Social
A sustentabilidade econômica, social e ambien- Fortalecimento do SISNAMA
tal é um dos grandes desafios da humanidade e Transversalidade
exige ação do poder público para que seja possí-
vel garantir a inserção da variável socioambiental É forçoso reconhecer que a aplicabilidade des-
no processo decisório, particularmente na formu- ses princípios, no caso brasileiro, esbarra em certos
lação das políticas públicas. obstáculos, tais como a fragilidade institucional,
Atualmente, 50% do Produto Interno Bruto (PIB) a falta de uma base sólida de dados ambientais,
brasileiro depende da biodiversidade, o que deman- recursos financeiros escassos e a carência de re-
da a adoção de novos padrões de sustentabilidade, cursos humanos necessários à prática de gestão
bem como a busca por novas formas – mais efica- ambiental em todos os níveis.
zes – de pensar o desenvolvimento, preservando O processo de institucionalização das políticas
os recursos naturais, dos quais depende a nossa ambientais no Brasil demanda um grande esforço de
economia e o crescimento sustentável do país. coordenação entre os diversos setores do governo.
Desde 2003, quatro linhas básicas têm determi- Para ampliar os níveis de eficácia da ação do Estado
nado o traçado da política ambiental do Brasil. Elas brasileiro na gestão ambiental, é necessário adotar
permeiam todas as iniciativas, ações, projetos, pla- estratégias que vão desde a correta aplicação dos
nos e programas do Ministério do Meio Ambiente instrumentos previstos na legislação até novas for-
(MMA). A promoção do desenvolvimento susten- mas de atuação, com maior transparência, maior
tável é a primeira delas. A segunda linha aborda a controle social e menor vulnerabilidade aos interes-
necessidade de controle e participação social; a ses econômicos e político-partidários.
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Responsabilidade
Socioambiental
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Responsabilidade Socioambiental
um espectro mais amplo, com temas que integram Meio Ambiente, Direitos Humanos
acordos internacionais, como é o caso da Declara- e Democracia Participativa - Pilares
ção Universal dos Direitos Humanos, Declaração de uma Sociedade Sustentável
da Organização Internacional do Trabalho (OIT),
Agenda 21, Declaração de Copenhague para o A Declaração da Organização Internacional do
Desenvolvimento Social e as Metas do Milênio. Os Trabalho – OIT sobre os princípios e direitos fun-
princípios constantes desses acordos constituem damentais no trabalho foi adotada em junho de
o amplo escopo do conceito de RSA que ganhou 1998, e se trata de uma reafirmação universal
expressão mundial no ano de 1999, durante o do compromisso dos Estados Membros e da
Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos comunidade internacional em geral de respeitar,
(Suíça), quando o então Secretário Geral das promover e aplicar um patamar mínimo de prin-
Nações Unidas, Kofi Annan, propôs aos líderes cípios e direitos no trabalho, que são reconhe-
empresariais mundiais a adoção do Pacto Global cidamente fundamentais para os trabalhadores.
(“Global Compact”). Os princípios e direitos fundamentais incluem oito
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, Convenções relacionadas a quatro áreas básicas:
adotada em 1948, é um dos documentos básicos liberdade sindical e direito à negociação coletiva,
das Nações Unidas e nela estão enunciados os erradicação do trabalho infantil, eliminação do
direitos que todos os seres humanos possuem. trabalho escravo e não discriminação no emprego
A declaração tem sido usada como princípio e ou ocupação.
guia das atividades empresariais consideradas
socialmente responsáveis.
“Todos os seres humanos nascem livres e A OIT foi fundada em 1919 com o obje-
iguais em dignidade e direitos. São dotados tivo de promover a justiça social e é a
de razão e consciência e devem agir em relação única agência do Sistema das Nações
uns aos outros com espírito de fraternidade.” Unidas que tem estrutura tripartite, na
(Artigo I da Declaração Universal dos Direitos qual os representantes dos emprega-
Humanos) dores e dos trabalhadores têm os mes-
mos direitos que os do governo.
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sas Multinacionais” que estabeleceram princípios e dos anteriores e está sendo realizado por meio da cria-
padrões de cumprimento voluntário, com vistas a ção de grupos de trabalho multissetoriais que envolvem
uma conduta empresarial responsável das empre- a participação de representações dos trabalhadores;
sas multinacionais e que têm sido utilizadas como consumidores; indústria; governo; e organizações não
instrumento para desenvolvimento de programas governamentais (ONGs).
de responsabilidade social das empresas. As Di-
retrizes representam recomendações voluntárias e
não vinculam governos às empresas. Iso 26000 – Norma Internacional
No Brasil, a Portaria do Ministério da Fazenda de Responsabilidade Social
nº 92/MF, de 12 de maio de 2003, instituiu, no âm-
bito do MF, o Ponto de Contato Nacional para a A ISO 26000 abordará como temas centrais: go-
Implementação das Diretrizes da OCDE para as vernança organizacional; direitos humanos; práticas
Empresas Multinacionais – PCN, que possui, den- do trabalho; meio ambiente; práticas leais (justas) de
tre outras atribuições, participar de conversações operação; questões relativas ao consumidor e, envol-
entre as partes interessadas em todas as matérias vimento e desenvolvimento da comunidade.
abrangidas pelas Diretrizes, a fim de contribuir para Todas essas iniciativas internacionais têm sido tradu-
a resolução de questões que possam surgir no zidas como novos padrões, acordos, recomendações
seu âmbito; cooperar com os Pontos de Contatos e/ou códigos de condutas adotados em diferentes
Nacionais dos demais países em relação às ma- países, inclusive no Brasil, e fazem parte da agenda de
térias abrangidas nas Diretrizes; e acompanhar responsabilidade socioambiental do setor empresarial
e implementar, no que couber, as Decisões do e de instituições governamentais, principalmente das
Conselho da OCDE sobre as Diretrizes. empresas públicas e sociedades de economia mista.
Além das iniciativas mencionadas neste texto,
é importante destacar ainda o atual processo de
construção da ISO 26000, prevista para ser conclu- Responsabilidade Socioambiental
ída em 2010, que buscará estabelecer um padrão no Setor Público
internacional de diretrizes de Responsabilidade So- Os novos desafios globais e a necessidade de pro-
cial e, diferentemente da ISO 9001 e da ISO 14001, mover uma Agenda de Desenvolvimento “que atenda
não será uma norma para certificação. O processo às necessidades do presente, sem comprometer a
atual de desenvolvimento da norma se diferencia capacidade de as futuras gerações atenderem às suas
1. A International Organization for Standardization (ISO), criada em 1946, é uma confederação internacional de órgãos nacionais de
normalização de todo o mundo e promove normas e atividades que favoreçam a cooperação internacional nas esferas intelectual,
científica, tecnológica e econômica. No Brasil, sua representante é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
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próprias necessidades”, tendo como princípio a participação e controle social, os quais devem,
necessidade de mudar comportamentos e adotar também, orientar todas as políticas implementa-
novas práticas éticas e responsáveis – tanto no das pelo governo brasileiro. Essa nova orientação
setor empresarial como público – destaca a im- é fundamental, tendo em vista que apenas os ins-
portância da criação de políticas e programas de trumentos de regulação e comando e controle não
Responsabilidade Socioambiental (RSA). são suficientes para o enfrentamento dos novos
Promover a RSA é um dos elementos essenciais desafios ambientais globais, que cada vez mais
para o desenvolvimento sustentável e demanda demandam novas estratégias que respondam e
a integração das mais diversas instituições que garantam, ao mesmo tempo e de forma susten-
podem e devem ser mais envolvidas nas discus- tável, o crescimento econômico coerente com
sões atuais. Sustentabilidade não pode ser um as políticas para o desenvolvimento sustentável.
assunto somente para seminários ou produção Há que se considerar ainda o papel que o go-
de relatórios, mas sim um critério a ser inserido verno desempenha na economia enquanto grande
em todas as atividades governamentais, sejam consumidor de recursos naturais, bens e servi-
elas atividades meio ou finalísticas. ços nas suas atividades meio e finalísticas, o que,
O Plano de Governo (2007 a 2010) apresentou o muitas vezes, provoca impactos socioambientais
Programa Setorial de Meio Ambiente e Desenvol- negativos. A adoção de critérios ambientais nas
vimento – “Cuidando do Brasil” – que tem como atividades administrativas e operacionais da Admi-
compromisso central a distribuição de renda, nistração Pública constitui-se um processo de me-
educação de qualidade e sustentabilidade am- lhoramento contínuo que consiste em adequar os
biental, em observância aos princípios da Agenda efeitos ambientais das condutas do poder público
21 Brasileira. Foi estabelecida como prioridade a à política de prevenção de impactos negativos ao
promoção do desenvolvimento com inclusão so- meio ambiente. Em outras palavras, a conservação
cial e educação de qualidade. Para alcançar esse racional dos recursos naturais e a proteção contra
objetivo, o governo tem elevado os investimentos a degradação ambiental devem contar fortemente
em áreas consideradas estratégicas para o cresci- com a participação do poder público.
mento econômico e espera que a iniciativa possa A participação das instituições públicas no
atrair, da mesma forma, o investimento privado processo de RSA é necessária e o Estado é o
para o desenvolvimento dos setores estratégicos. principal interlocutor junto à sociedade, possuin-
Para promoção do crescimento econômico em do uma ampla responsabilidade e papel indutor
bases sustentáveis, o governo estabeleceu quatro fundamental para tornar as iniciativas atuais, e
princípios que têm orientado a política ambiental: também as futuras, mais transparentes, incitando
desenvolvimento sustentável, transversalidade, a inserção de critérios de sustentabilidade em
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O governo possui ainda um papel estratégico no A definição de uma estrutura básica e viável para
processo de RSA por meio da promoção do diá- a implantação da RSA no âmbito da administração
logo entre os setores sociais, da conscientização pública demanda o estabelecimento de um ponto
da sociedade sobre a importância de uma política de coordenação para o processo, assim como
de responsabilidade socioambiental, da ampla a designação das responsabilidades dentro do
publicidade e transparência das iniciativas de RSA, governo. O monitoramento das iniciativas é outro
promovendo a sensibilização e capacitação em componente importante e um desafio a ser en-
parceria com as entidades do setor empresarial frentado e requer uma definição clara dos critérios
e da sociedade civil. obrigatórios a serem adotados e um nível elevado
As instituições governamentais devem buscar de comprometimento das instituições públicas,
a mudança de hábitos e atitudes internas, promo- bem como de uma estrutura de apoio e especial-
vendo uma nova cultura institucional de combate mente de um sistema independente de verificação
ao desperdício. Ao mesmo tempo, devem promo- dos impactos das iniciativas implantadas.
ver a revisão e adoção de novos procedimentos Atualmente, muitas iniciativas já estão sendo im-
para as compras públicas que levem em consi- plementadas e são uma tentativa das instituições
deração critérios sustentáveis de consumo que governamentais de dar o exemplo. O Ministério do
podem incluir, por exemplo: a obrigatoriedade de Meio Ambiente, por exemplo, lançou e tem imple-
se respeitar a sustentabilidade ambiental como mentado, desde 1999, a Agenda Ambiental para
um princípio geral da compra a ser realizada; a a Administração Pública (A3P), que tem sido
inclusão da necessidade de proteção ambiental reforçada desde então. A A3P é uma ação voluntária
como um critério para a seleção dos produtos que busca a adoção de novos padrões de produção
e serviços; e a conformidade às leis ambientais e consumo, sustentáveis, dentro do governo.
como condição prévia para participação nos pro-
cessos licitatórios.
É importante ressaltar ainda que a adoção de
uma política de RSA pelas instituições públicas gera
economia dos recursos públicos, na medida em que
esses serão gastos com maior eficiência, além de
beneficiar o meio ambiente com menores emissões
de CO2, contribuindo para que o país possa cumprir
seus compromissos internacionais e ao mesmo tem-
po dando o exemplo para outros países que ainda
não implantaram agendas equivalentes.
Agenda Ambiental
na Administração
Pública | A3P
30
Histórico
A Agenda Ambiental na Administração Pública lação Institucional e Cidadania Ambiental (SAIC).
(A3P) surgiu em 1999 como um projeto do Minis- Nesse novo arranjo institucional, a A3P foi fortale-
tério do Meio Ambiente que buscava a revisão dos cida enquanto Agenda de Responsabilidade So-
padrões de produção e consumo e a adoção de cioambiental do Governo e passou a ser uma das
novos referenciais de sustentabilidade ambiental principais ações para proposição e estabelecimen-
nas instituições da administração pública. to de um novo compromisso governamental ante as
Dois anos após o lançamento do projeto, foi cria- atividades da gestão pública, englobando critérios
do o Programa Agenda Ambiental na Administração ambientais, sociais e econômicos a tais atividades.
Pública, cujo objetivo era sensibilizar os gestores pú- Atualmente, o principal desafio da A3P é pro-
blicos para a importância das questões ambientais, mover a Responsabilidade Socioambiental como
estimulando-os a incorporar princípios e critérios política governamental, auxiliando na integração
de gestão ambiental em suas atividades rotineiras. da agenda de crescimento econômico conco-
Em 2002, a A3P foi reconhecida pela Unesco mitantemente ao desenvolvimento sustentável,
devido à relevância do trabalho desempenhado e por meio da inserção de princípios e práticas de
dos resultados positivos obtidos ao longo do seu sustentabilidade socioambiental no âmbito da
desenvolvimento, ganhando o prêmio “O melhor administração pública.
dos exemplos” na categoria Meio Ambiente.
Diante da sua importância, a A3P foi incluída no
PPA 2004/2007 como ação integrante do programa
de Educação Ambiental para Sociedades Susten-
táveis, tendo continuidade no PPA 2008/2011. Essa
medida garantiu recursos que viabilizaram a implan-
tação efetiva da A3P, tornando-a um referencial de
sustentabilidade nas atividades públicas.
A partir de 2007, com a reestruturação do Minis-
tério do Meio Ambiente, a A3P passou a integrar o
Departamento de Cidadania e Responsabilidade
Socioambiental (DCRS), da Secretaria de Articu-
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Marco Legal
O Código Florestal, publicado em 1965 (Lei nº Já a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998,
4.771), constituiu um dos primeiros passos em que trata dos crimes ambientais e citada ante-
termos de legislação ambiental no Brasil. Suas riormente, é considerada um marco na proteção
premissas abordavam a proteção de florestas efetiva do meio ambiente.
nativas e a definição das áreas de preservação Por sua vez, a Conferência da ONU sobre o
permanente, onde a conservação da vegetação Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada
é obrigatória. As sanções ambientais que existiam no Rio de Janeiro e conhecida como ECO-92,
na lei foram criminalizadas a partir da Lei de Cri- sacramentou, em termos mundiais, a preocupa-
mes Ambientais, em 1998. ção com as questões ambientais, reforçando os
Criada em 1981, a Lei da Política Nacional do princípios e as regras para o combate à degra-
Meio Ambiente (Lei nº 6.938) é considerada um dação ambiental. Uma das principais conquistas
marco histórico no desenvolvimento do direito da conferência foi a elaboração da Agenda 21,
ambiental, estabelecendo definições legais sobre instrumento diretriz do desenvolvimento sustentá-
os temas: meio ambiente, degradação da qua- vel que concilia métodos de proteção ambiental,
lidade ambiental, poluição, poluidor e recursos justiça social e eficiência econômica.
ambientais. Esta lei instituiu, entre outros, um As diretrizes da A3P se fundamentam nas reco-
importante mecanismo de proteção ambiental mendações do Capítulo IV da Agenda 21, que in-
– o estudo prévio de impacto ambiental (EIA) dica aos países o “estabelecimento de programas
e seu respectivo relatório (Rima), instrumentos voltados ao exame dos padrões insustentáveis
modernos em termos ambientais mundiais. de produção e consumo e o desenvolvimento
Seguiu-se à Lei de Ação Civil Pública (Lei nº de políticas e estratégias nacionais de estímulo a
7.347, de 1985), a qual tutela os valores am- mudanças nos padrões insustentáveis de consu-
bientais, disciplinando a ação civil pública de mo”, no Princípio 8 da Declaração do Rio/92, que
responsabilidade por danos causados ao meio afirma que “os Estados devem reduzir e eliminar
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos padrões insustentáveis de produção e consumo
de valor artístico, estético, histórico, turístico e promover políticas demográficas adequadas”
e paisagístico. e, ainda, na Declaração de Joanesburgo, que
Em 1988, nossa Constituição Federal dedicou, institui a “adoção do consumo sustentável como
em seu título VIII - Da Ordem Social - Capítulo VI, princípio basilar do desenvolvimento sustentável”.
Artigo 225, normas direcionais da problemática Em face do ordenamento jurídico brasileiro,
ambiental, definindo meio ambiente como bem entende-se ser viável a implantação de uma polí-
de uso comum do povo. tica de responsabilidade socioambiental no Brasil.
32
O que é a A3P?
A A3P é um programa que busca incorporar os
princípios da responsabilidade socioambiental nas
atividades da Administração Pública, através do
estímulo a determinadas ações que vão, desde
uma mudança nos investimentos, compras e con-
tratações de serviços pelo governo, passando pela
sensibilização e capacitação dos servidores, pela
gestão adequada dos recursos naturais utilizados
e resíduos gerados, até a promoção da melhoria da
qualidade de vida no ambiente de trabalho. Essas
ações embasam e estruturam os eixos temáticos
da A3P, tratados no capítulo seguinte.
A Agenda se encontra em harmonia com o prin-
cípio da economicidade, que se traduz na relação
custo-benefício e, ao mesmo tempo, atende ao
princípio constitucional da eficiência, incluído no
texto da Carta Magna (art. 37) por meio da Emen-
da Constitucional 19/1998, e que se trata de um
dever da administração.
Objetivos da A3P
A A3P tem como principal objetivo estimular a
reflexão e a mudança de atitude dos servidores
para que os mesmos incorporem os critérios de
gestão socioambiental em suas atividades roti-
neiras. A A3P também busca:
Eixos Temáticos
da A3P
36
Em suas ações, a agenda ambiental tem priori- Nesse contexto, diante da importância que as
zado como um de seus princípios a política dos instituições públicas possuem em “dar o exemplo”
5 R’s: Repensar, Reduzir, Reaproveitar, Reciclar para redução de impactos socioambientais negati-
e Recusar consumir produtos que gerem impac- vos, a A3P foi estruturada em cinco eixos temáticos
tos socioambientais significativos. Esse último prioritários – uso racional dos recursos naturais
R, em grande medida, irá definir o sucesso de e bens públicos, gestão adequada dos resíduos
qualquer iniciativa para a introdução de critérios gerados, qualidade de vida no ambiente de traba-
ambientais no local de trabalho. lho, sensibilização e capacitação dos servidores e
licitações sustentáveis - descritos a seguir:
37
Estudos apontam que o consumo dos recursos de redução de custos. Sendo o meio ambiente
naturais já excede em 30% a capacidade do pla- um potencial provedor de recursos mal aprovei-
neta se regenerar, se mantivermos o ritmo atual, tados, sua inclusão no horizonte de negócios
somado ao crescimento populacional, em torno pode gerar atividades que proporcionem lucro
de 2030 precisaríamos de mais dois planetas ou pelo menos se paguem com a poupança de
para nos manter. energia, de água, ou de outros recursos naturais.
O acúmulo de riqueza e o consumo cada vez Reciclar resíduos, por exemplo, é transformá-los
maior de bens e serviços fazem parte das socieda- em produtos com valor agregado. Conservar
des e economias modernas. Infelizmente, a cultura energia, água e outros recursos naturais é reduzir
do desperdício é a marca do nosso tempo, fruto custos de produção.
de um modelo econômico apoiado em padrões de Tanto a proteção ambiental, em face da cres-
consumo e produção insustentáveis, que ultrapas- cente demanda, como a potencialização de
sa as camadas de alta renda e paradoxalmente novas possibilidades de oferta ambiental ad-
atinge as camadas menos favorecidas. Cabe-nos quiriram importância extraordinária, cuja influ-
refletir sobre a origem e a hegemonia de uma ência sobre o desenvolvimento se torna cada
cultura pautada pelo desperdício. vez mais relevante. Uma abordagem básica
A economia brasileira caracteriza-se por eleva- relacionada às preocupações ambientais se
do nível de desperdício de recursos naturais. A constitui na utilização positiva do meio ambiente
redução desses constitui verdadeira reserva de no processo de desenvolvimento. Trata-se da
desenvolvimento para o Brasil, bem como fonte valorização de recursos que ainda não haviam
de bons negócios para empresas decididas a sido incorporados à atividade econômica. É re-
enfrentar o problema. curso hoje o que não foi recurso ontem. Poderá
Quando se fala em meio ambiente, passam ser recurso amanhã o que não foi percebido
despercebidas oportunidades de negócios ou hoje como recurso.
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Água Energia
Inúmeras são as previsões relativas à escassez No início de 2008, o Brasil esteve na iminência
de água, em conseqüência da desconsideração de um novo apagão de energia. A falta de chuvas
da sua esgotabilidade. A água é um dos recursos colocou o país em estado de alerta, temendo
naturais fundamentais para as diferentes atividades uma repetição da crise de 2001, neste período a
humanas e para a vida, de uma forma geral. indústria sentiu a alta dos preços da energia no
O Brasil detém 13% das reservas de água mercado, que chegaram a quase R$ 600/MWh.
doce do Planeta, que são de apenas 3%. Esta As poucas chuvas do início do ano levaram o
visão de abundância, aliada à grande dimensão Operador Nacional do Sistema (ONS) a acionar
continental do País, favoreceu o desenvolvimento usinas térmicas para garantir a estabilidade do
de uma consciência de inesgotabilidade, isto suprimento de energia. Estas usinas térmicas
é, um consumo distante dos princípios de utilizam combustíveis fósseis como carvão,
sustentabilidade e sem preocupação com a óleo combustível e gás natural, insumos de
escassez. A elevada taxa de desperdício de água fornecimento cada vez mais caro e instável e de
no Brasil, 70%, comprova essa despreocupação. grandes emissões de gases de efeito estufa.
O consumo de energia elétrica está aumentando
cada vez mais e é um fator bastante preocupante
pela possibilidade de afetar a vida da população.
Surge então a necessidade de utilizá-la de modo
inteligente e eficaz. Nesse cenário, a eficiência
energética assume hoje uma importância capital
no desempenho empresarial e no equilíbrio
financeiro das famílias, sociedade e governos.
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A situação do manejo de resíduos sólidos no nismos para destinação adequada dos resíduos
país é um assunto que tem recebido cada vez mais gerados, aproveitando para promover a internali-
atenção por parte das instituições públicas, em zação do conceito dos 5Rs (Repensar, Recusar,
todos os níveis de governo. Os governos federal Reduzir, Reutilizar e Reciclar) nos mais diversos
e estaduais têm aplicado mais recursos e criado órgãos e instituições da administração pública.
programas e linhas de crédito específicas voltadas
para a gestão adequada dos resíduos.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamen-
to Básico (PNSB, 2000), são coletados, diaria-
mente, cerca de 228.413 toneladas de resíduos
sólidos, sendo mais de 50% referente aos resí-
duos domiciliares. Uma outra parte significativa
desses resíduos é gerada pela administração
pública na realização de suas atividades. Entre
os resíduos produzidos em maiores quantidades
encontram-se: papéis, plásticos, cartuchos e
tonners, lâmpadas fluorescentes, lixo eletrônico
e, em menor quantidade, vidros e metais, além
de pilhas e baterias.
No que diz respeito à destinação dos resíduos
no Brasil, nos últimos anos, também houve uma
significativa melhoria da situação, mas ainda há
muito a ser feito. Nesse sentido, é muito importante
que os órgãos públicos definam e adotem meca-
40
Padrão de cores
ROXO:
A coleta é efetuada por diferentes BRANCO:
resíduos radioativos;
tipologias dos resíduos sólidos, resíduos ambulatoriais
segundo a Resolução CONAMA e de serviços de saúde;
nº275 de 25 de abril de 2001, que
estabelece o código de cores para MARROM: CINZA:
os diferentes tipos de resíduos, a resíduos orgânicos; resíduo geral
ser adotado na identificação de não reciclável
coletores e transportadores, bem ou misturado,
como nas campanhas informativas ou contaminado
para a coleta seletiva. não passível de
separação.
42
A administração pública deve buscar permanente- Entre os muitos fatores que implicam a melhoria
mente uma melhor Qualidade de Vida no Trabalho na qualidade de vida no trabalho, segue abaixo
promovendo ações para o desenvolvimento pessoal e algumas ações que podem ser implantadas:
profissional de seus servidores. Para tanto, as institui-
ções públicas devem desenvolver e implantar progra- Uso e desenvolvimento de capacidades
mas específicos que envolvam o grau de satisfação da Aproveitamento das habilidades;
pessoa com o ambiente de trabalho, melhoramento Autonomia na atividade desenvolvida;
Percepção do significado do trabalho.
das condições ambientais gerais, promoção da saúde
e segurança, integração social e desenvolvimento das Integração social e interna
capacidades humanas, entre outros fatores. Ausência de preconceitos;
Tal qualidade de vida visa facilitar e satisfazer Criação de áreas comuns para
integração dos servidores;
as necessidades do trabalhador ao desenvolver
Promoção dos relacionamentos interpessoais;
suas atividades na organização tendo como ideia Senso comunitário.
básica o fato de que as pessoas são mais pro-
Respeito à legislação
dutivas quanto mais satisfeitas e envolvidas com Liberdade de expressão;
o próprio trabalho. Portanto, a ideia principal é a Privacidade pessoal;
conciliação dos interesses dos indivíduos e das Tratamento imparcial.
organizações, ou seja, ao melhorar a satisfação
Condições de segurança e saúde no trabalho
do trabalhador dentro de seu contexto laboral, Acesso para portadores de deficiência física;
melhora-se consequentemente a produtividade. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA;
Também faz-se necessário avaliar, de forma sis- Controle da jornada de trabalho;
temática, a satisfação dos servidores, pois, nesse Ergonomia: equipamentos e mobiliário;
processo de autoconhecimento, as sondagens de Ginástica laboral e outras atividades;
Grupos de apoio anti-tabagismo,
opinião interna são uma importante ferramenta
alcoolismo, drogas e neuroses diversas;
para detectar a percepção dos funcionários sobre Orientação nutricional;
os fatores intervenientes na qualidade de vida e Salubridade dos ambientes;
na organização do trabalho. Saúde Ocupacional.
44
4 Sensibilização e Capacitação
A sensibilização busca criar e consolidar a consciência cidadã da
responsabilidade socioambiental nos servidores. O processo de
capacitação contribui para o desenvolvimento de competências
institucionais e individuais fornecendo oportunidade para os servidores
desenvolverem atitudes para um melhor desempenho de suas atividades.
Como estratégia de sensibilização recomenda-se: penho das suas atividades, valorizando aqueles
•• Criar formas interessantes de envolvimento que participam de iniciativas inovadoras e que
das pessoas em uma ação voltada buscam a sustentabilidade. Os processos de
para o bem comum e para a melhoria capacitação promovem ainda um acesso demo-
da qualidade de vida de todos; crático a informações, novas tecnologias e troca
de experiências, contribuindo para a formação
•• Orientar para a redução no consumo
de redes no setor público.
e para as possibilidades de
Dessa forma, é importante os órgãos desenvolve-
reaproveitamento do material descartado
rem um Plano de Capacitação que, além de promo-
no local de trabalho e em casa;
ver o desenvolvimento das competências individu-
•• Incentivar o protagonismo e a ais, deve capacitar os servidores para trabalharem
reflexão crítica dos servidores sobre como multiplicadores. A formação de multiplicado-
as questões socioambientais, res é fundamental principalmente para os órgãos
promovendo a mudança de atitudes que possuem várias filiais. Esses multiplicadores
e hábitos de consumo da instituição. têm como papel principal levar o conhecimento,
trocar experiências e identificar oportunidades para
A sensibilização deve ser acompanhada de ini- todas as áreas do órgão contribuindo assim para
ciativas para capacitação dos servidores tendo em a eficácia na implantação da A3P.
vista tratar-se de um instrumento essencial para Programas e projetos de sensibilização e
construção de uma nova cultura de gerenciamento capacitação são instrumentos essenciais para
dos recursos públicos, provendo orientação, in- construção de uma nova cultura de gerencia-
formação e qualificação aos gestores públicos e mento dos recursos públicos, provendo orien-
permitindo um melhor desempenho das atividades tação, informação e qualificação aos gestores
implantadas. A formação dos gestores pode ser públicos e permitindo um melhor desempenho
considerada como uma das condicionantes para das atividades implantadas. A formação dos
efetividade da ação de gestão socioambiental no gestores pode ser considerada como uma das
âmbito da administração pública. condicionantes para a efetividade da ação de
A capacitação é uma ação que contribui para gestão socioambiental no âmbito da adminis-
o desenvolvimento de competências institucio- tração pública e deve ser estimulada.
nais e individuais nas questões relativas à ges- A mobilização deve ser permanente e contínua,
tão socioambiental e, ao mesmo tempo, fornece pois a mudança de atitudes e hábitos depende da
aos servidores oportunidade para desenvolver reflexão sobre as questões ambientais e sociais e
habilidades e atitudes para um melhor desem- do envolvimento e cada pessoa com a temática.
47
5 Licitações Sustentáveis
A administração pública deve promover a responsabilidade socioambiental
das suas compras. Licitações que levem à aquisição de produtos e serviços
sustentáveis são importantes não só para a conservação do meio ambiente mas
também apresentam uma melhor relação custo/benefício a médio ou longo prazo
quando comparadas às que se valem do critério de menor preço.
Principais Temas
Relacionados aos eixos
Temáticos da A3P
52
balhadores da coleta de resíduos; também a mistu- nientes. Para a implantação deste sistema, os resídu-
ra de determinados materiais, como pilhas, cacos, os gerados podem ser separados em dois grupos:
tampinhas e restos de equipamentos eletrônicos
•• Materiais recicláveis:
pode contribuir para o risco de acidentes e piorar
compostos por papel, papelão, vidro,
significativamente a qualidade dos recicláveis.
metal e plástico, entre outros.
Não Recicláveis
Etiquetas adesivas; papel carbono e celofane; fita crepe; papéis sanitários; papéis molhados
ou papéis sujos de gordura; papéis metalizados; parafinados ou plastificados (embalagens de
biscoito, por exemplo); guardanapos usados; bitucas de cigarro; fotografias; acrílicos; clips;
grampos; esponjas de aço; tachinhas; pregos; espelhos; vidros planos e cristais; cerâmicas e
porcelanas; tubos de TVs e computadores; lâmpadas fluorescentes.
56
do papel demanda grandes quantidades de água muito menores do que as da produção tradicional e
e gera altos volumes de efluentes líquidos, resídu- lança no ambiente volumes menores de poluentes.
os sólidos e emissões atmosféricas. Em adição ao menor consumo de recursos na
O processo de produção de papel engloba o produção, é importante salientar que com a reci-
seu branqueamento cujas técnicas mais usadas clagem do papel há redução sensível do volume
pela indústria nacional são o branqueamento a de resíduos destinados aos aterros sanitários, au-
cloro ou peróxido de hidrogênio. O branquea- mentando sua vida útil e facilitando a coleta de lixo.
mento por cloro é mais nocivo ao meio ambiente. Além dos impactos ambientais do papel reciclado
Entretanto as indústrias vem desenvolvendo o pro- serem menores, seus impactos sociais podem ser
cesso de branqueamento livre de cloro essencial, muito mais benéficos devido à possível geração
cuja nocividade é menor. O processo utilizando de emprego e renda se implantado um sistema
o peróxido de hidrogênio ainda não é comum no de coleta seletiva que o supra.
Brasil, mas, por ser totalmente livre de cloro, é o
melhor no respeito ao meio ambiente. Vantagens da Redução
do Consumo de Papel
Reduz o corte de árvores
desmaterializados para grande parte dos proce- A otimização do uso do papel também pode
dimentos administrativos com o intuito de reduzir ser exercida por meio do reaproveitamento de pa-
ou mesmo eliminar o uso do papel. Em alguns péis tornados inúteis para rascunhos, lembretes,
casos o processo poderá envolver a transferência, anotações, entre outros usos e ainda por meio
a transmissão de dados em rede ou a sua inserção de impressões de frente e verso, que reduzem o
em suportes como fita magnética, disquete, etc, uso de papel pela metade. Com medidas como
visando a substituição da versão em papel por essas, pode-se realizar o mesmo trabalho com
um equivalente eletrônico (fotografia digital do uma utilização muito menor de papel, o que re-
conteúdo ou conteúdo em formato digital). duz os custos decorrentes de sua aquisição e os
resíduos gerados.
O poder de compra do poder público orienta
Vantagens da os agentes econômicos quanto aos padrões do
Reciclagem do Papel sistema produtivo de produtos ambientalmente
sustentáveis e, por sua grande escala de consu-
Reduz a poluição do ar e dos rios,
mo, pode incentivar o aumento da produção e
pois não implica na utilização de
tornar tais produtos economicamente acessíveis,
certos procedimentos químicos,
ou seja, mais baratos.
que geram impactos ambientais
para obtenção da pasta de celulose
Recriando o uso do papel
(lançamento de efluentes nos rios
Sempre que possível, use papéis que não utilizam
e partículas e odores no ar)
cloro em seu processo de fabricação e, portanto,
não são tão poluentes. Outra opção ambiental-
possibilita a inserção social
mente correta é a utilização de papéis reciclados.
dos catadores e outras parcelas
No mercado brasileiro já existem papéis 100%
da população, bem como a
reciclados, diferentes e de excelente qualidade,
geração de emprego e renda.
produzidos em escala industrial. Tendo o poder de
compra do poder público um papel de destaque
na orientação dos agentes econômicos, quanto
aos padrões do sistema produtivo e do consumo
de produtos ambientalmente sustentáveis, este
pode viabilizar a produção em larga escala.
63
Vantagens da desmaterialização
Maior eficiência no processo
Você sabia ?
de comunicação
1. Utilize frente e verso das folhas, 6. Quando for imprimir confira sempre
sempre que possível. no monitor se não há nenhum erro;
2. Use os papéis que seriam 7. Use meio digital, tanto quanto
jogados fora na confecção de possível, para gravação de cópias
blocos para anotações. de ofícios e documentos para
arquivos, gerando aumento de
3. Utilize e-mail para comunicação
espaço nas repartições e gabinetes.
interna e externa.
8. Adote sistemas que facilitem a
4. Ao ser enviado material pelo correio,
economia do papel ao imprimir
procure saber se há possibilidade
documentos, tais como usá-
de serem encaminhados outros
lo em frente e verso, configurar
em conjunto ou se pode o
duas páginas em uma folha
material ser encaminhado por
e assim por diante.
outra forma (correio eletrônico).
9. Reformate documentos para
5. Verifique se é necessário, realmente,
evitar espaços em branco
extrair cópias reprográficas ou
e vias desnecessárias
imprimir material e, em caso positivo,
preste atenção para não copiar ou 10. Produza papelaria genérica para
imprimir material em excesso. eventos – crachás, pastas e
blocos, sem indicar data e nome
65
4. Eficiência energética
A energia elétrica se tornou um dos bens de con- •• Programa Nacional de Conservação de
sumo fundamentais para as sociedades modernas. Energia Elétrica (Procel) que tem como
Ela é utilizada para gerar iluminação, movimentar objetivo promover a racionalização da
máquinas e equipamentos, controlar a temperatura produção e do consumo de energia
produzindo calor ou frio, agilizar as comunicações, elétrica, para que se eliminem os
etc. Da eletricidade dependem a produção, loco- desperdícios e se reduzam os custos
moção, eficiência, segurança, conforto e vários e ainda os investimentos setoriais;
outros fatores associados à qualidade de vida.
A contrapartida dos benefícios proporcionados •• Programa Brasileiro de Etiquetagem
pelo desenvolvimento tecnológico é o crescimento (PEB) que efetua a certificação de
constante do consumo de energia. Para enfrentar equipamentos quanto ao consumo de
o aumento da demanda no futuro é preciso en- energia em parceria com o Procel.
carar o uso da energia sob a ótica do consumo
sustentável, ou seja, aquele que atende às neces-
A administração pública é grande consumi-
sidades da geração atual sem prejuízo para as
dora de energia elétrica. Apesar da maioria das
gerações futuras. Isso significa eliminar desperdí-
edificações públicas não terem sido projetadas
cios e buscar fontes alternativas mais eficientes e
de maneira sustentável de um modo geral elas
seguras para o homem e o meio ambiente.
apresentam oportunidades significativas de re-
No Brasil já existem diferentes leis e programas
dução de custos no consumo de energia.
voltados à promoção da eficiência energética,
A economia nos edifícios públicos pode se
entre eles destacam-se:
dar através de medidas como o gerenciamen-
to das instalações, adoção de equipamentos
•• Lei Nº 10.295 que versa sobre a
tecnologicamente mais avançados e eficientes,
eficiência energética dos equipamentos
alterações de algumas características arquitetô-
comercializados no país que devem atender
nicas, utilização de técnicas modernas de pro-
aos índices mínimos de eficiência ou níveis
jeto e construção, alterações dos hábitos dos
máximos de consumo de energia definidos;
usuários, entre outras. Essas oportunidades de
•• Decreto nº 4.131 que dispõe sobre redução devem ser identificadas em um estudo
medidas emergenciais de redução do específico, com recomendação das ações a
consumo de energia elétrica no âmbito serem empreendidas e análise de viabilidade
da Administração Pública Federal. técnico-econômica.
66
Você sabia ?
Visando a equidade na utilização dos corpos hídri- playground, dormitórios, cozinhas e refeitórios,
cos e a manutenção de sua qualidade, ações para o dando preferência para as lavagens de garagens
uso sustentável da água estão sendo difundidas no e acesso de automóveis.
mundo inteiro. No âmbito da administração pública
já foram documentados várias medidas adotadas
Benefícios do reaproveitamento
para conter o desperdício no consumo de água. Entre
essas medidas destacam-se o uso de aparelhos eco-
e reuso das águas
nomizadores como por exemplo vasos sanitários com Redução do consumo de água;
caixa acoplada, registro com sensor, acionamentos
temporizados, vasos a vácuo, entre outros aparelhos. Evita a utilização de água potável
A adoção dessas medidas tem como intuito a onde esta não é necessária;
maximização da eficiência do uso da água dentro
dos edifícios que compõem a administração públi- Os investimentos na construção
ca e podem ser facilmente adotadas seja em edifí- dos reservatórios tem retorno
cios em construção como naqueles já construídos. em 2 anos e meio;
Também podem ser adotadas medidas como a
instalação de um sistema de reaproveitamento das Faz sentido ecológica e financeiramente
águas pluviais e do sistema de reuso das águas não desperdiçar um recurso natural
cinzas. O reaproveitamento das águas pluviais com- escasso em toda a cidade, e disponível
preende a coleta, filtragem e armazenamento das em abundância no nosso telhado;
águas das chuvas que podem ser usadas em vários
pontos como por exemplo o vaso sanitário, irrigação, Ajuda a conter as enchentes,
lavanderia e na lavagem de automóveis e calçadas. represando parte da água que teria
O sistema de reuso das águas cinzas consiste de ser drenada para galerias e rios;
na utilização da água provenientes das lavagens
de roupas, chuveiro, ralos e pia do banheiro, que Encoraja a conservação de água, a auto-
compõem o chamado esgoto secundário. Neste suficiência e uma postura ativa perante
sistema o esgoto secundário é tratado em equi- os problemas ambientais da cidade;
pamento específico de modo a garantir a quali-
A instalação do sistema, que é
dade mínima requerida pelos padrões e normas
modular, pode ser realizada tanto
sanitárias e é encaminhado para o reuso nos
em obras em andamento como
vasos sanitários, lavagens de pátio que não te-
em construções finalizadas.
nham contato humano como calçadas internas,
70
6.Manutenção da frota
oficial de veículos
Fique por dentro !
As revisões preventivas e periódicas sugeridas pe-
los fabricantes, o uso do combustível recomendado
Resolução CONAMA Nº 418/2009 - “Dispõe
e a calibragem de pneus são itens imprescindíveis
sobre critérios para a elaboração de Planos de
para a manutenção adequada de veículos. Isso con-
Controle de Poluição Veicular - PCPV e para
tribui para o prolongamento da vida útil do veículo,
a implantação de Programas de Inspeção
representa uma economia financeira e minimiza o
e Manutenção de Veículos em Uso - I/M
lançamento de poluentes no ar, no solo e nas águas.
pelos órgãos estaduais e municipais de meio
Sempre que um veículo oficial em sua área
ambiente e determina novos limites de emissão
de trabalho estiver transitando de forma irregu-
e procedimentos para a avaliação do estado de
lar – soltando fumaça, vazando óleo do motor,
manutenção de veículos em uso.”
combustível ou graxas, emitindo ruídos acima do
suportável, tendo dificuldade de frear, com sus-
Resolução CONAMA Nº 415/2009 - “Dispõe
pensão desalinhada ou pneus carecas - comuni-
sobre nova fase (PROCONVE L6) de exigências
que ao encarregado da frota e peça providências.
do Programa de Controle da Poluição do Ar
Os governos federal, estaduais e municipais, inclu-
por Veículos Automotores-PROCONVE para
sive as fundações, autarquias e empresas de econo-
veículos automotores leves novos de uso
mia mista têm por obrigação dar bom exemplo quanto
rodoviário e dá outras providências.”
à manutenção das respectivas frotas de veículos.
O exemplo pode ser dado comprando automó-
Resolução CONAMA Nº 342/2003 -
veis econômicos, eficientes e que utilizem combus-
“Estabelece novos limites para emissões de
tível de fonte renovável, como álcool ou biodiesel.
gases poluentes por ciclomotores, motociclos
A tecnologia acessível hoje e que já representa
e veículos similares novos, em observância à
um grande avanço é a flex-fuel, que permite o
Resolução n o 297, de 26 de fevereiro de 2002,
abastecimento dos automóveis com álcool ou
e dá outras providências”
gasolina. Com a frota formada por carros flex o ór-
gão ou instituição pode avaliar com o combustível
que traz melhor benefício econômico-ambiental
de acordo com as especificidades locais.
73
Lixo orgânico
A quantidade de lixo orgânico gerada depende
das especificidades de cada instituição. A sua
destinação final pode ser os aterros sanitários
da região ou ainda um sistema de compostagem Outros Resíduos gerados nas
que pode ser realizado por qualquer instituição e Atividades de Governo
servir de adubo para as áreas verdes.
Lâmpada fluorescente
O material de expediente As lâmpadas fluorescentes, apesar de serem mais
Nem sempre prestamos atenção se o material econômicas do que as incandescentes, contêm
de expediente é de fato necessário e em caso mercúrio, um metal pesado altamente prejudicial
positivo, se é usado de forma racional. E mais, ao meio ambiente e à saúde. Os resíduos de lâm-
sequer sabemos se esses materiais são produ- padas fluorescentes são considerados resíduos
zidos a partir de fontes naturais não renováveis, perigosos (Classe I) pela Associação Brasileira
como minerais, carvão e petróleo. de Normas Técnicas (ABNT) porque apresentam
Seja qual for a função que exerçamos na ad- concentrações de mercúrio e chumbo que exce-
ministração pública, o resultado do nosso com- dem os limites regulatórios, o que exige a adoção
prometimento com o uso racional de todo o tipo de medidas adequadas para o seu descarte que
de bem público será bem visto e com certeza não deve, jamais, ser feito diretamente nas lixeiras.
influenciará, em pouco tempo, outros servidores Como forma de minimizar os impactos provo-
a procederem da mesma forma. Combater o des- cados pelo descarte inadequado de lâmpadas os
perdício é poupar os recursos naturais e valorizar órgãos da administração pública devem buscar
os bens públicos. Combater o desperdício é con- soluções internas e possuir um gerenciamento
viver de forma equilibrada com a natureza e fazer específico que permita a correta descontaminação
economia para os cofres públicos. e descarte dessas lâmpadas.
75
Ampliando conhecimentos
Mudanças Climáticas
A mudança global do clima é um dos mais significativos desafios da atualidade.
O aquecimento do planeta é o resultado de um processo de acúmulo de gases de
efeito estufa na atmosfera, causado pela interferência humana que está em curso desde
a revolução industrial. O estilo de desenvolvimento seguido pela sociedade priorizou
a utilização de combustíveis fósseis para a produção de energia, que, associado ao
aumento acelerado da mudança no uso da terra, levaram a um significativo incremento
na liberação de gases de efeito estufa para a atmosfera.
melhor para o Planeta, sendo a mitigação XXI, combater as mudanças climáticas, protegen-
sempre mais eficiente do que compensação. do o meio ambiente; e a oferta de trabalho, como
A maneira mais efetiva de contribuir para forma de inclusão social.
a mitigação do problema do aquecimento O estudo “Empregos verdes: trabalho decente
global é reduzir o consumo e privilegiar em um mundo sustentável e com baixas emis-
produtos ambientalmente sustentáveis. sões de carbono”, da OIT, apresentado em se-
tembro/2008, aponta que 1,5 milhão de brasileiros
O homem, principal ator da degradação ambiental,
estão em atividades dessa natureza. Destes, 500
sofre as conseqüências do desrespeito ao meio am-
mil trabalham com energias renováveis, 500 mil
biente em todas as esferas de sua vida. A mudança
com reciclagem e o restante em reflorestamento,
de postura no relacionamento com o meio ambiente
construções sustentáveis e saneamento, entre ou-
é imprescindível para que haja uma transformação.
tros. Sendo que os setores apontados como mais
Empregos Verdes promissores são reciclagem e biocombustíveis.
Definem-se como empregos verdes aqueles que
reduzem o impacto ambiental das empresas e Lixo Eletrônico
dos setores econômicos até um nível definitivo de No início do século passado, o lixo urbano era
sustentabilidade. Sintetizam a transformação das rico materiais orgânicos. A partir da década de
economias, dos ambientes de trabalho e dos mer- 1980, um novo tipo de componente, quando des-
cados laborais rumo a uma economia sustentável, cartado inadequadamente, tornou-se prejudicial
que proporciona um trabalho decente com baixas ao meio ambiente: o lixo eletrônico. São compu-
emissões de carbono (Programa Empregos Verdes tadores, telefones celulares, televisores e outros
da Organização Internacional do Trabalho – OIT). tantos aparelhos e componentes que, por falta de
Há diversos setores da economia passíveis de destino apropriado, são incinerados, depositados
utilizar empregos verdes: agricultura, indústria, em aterros sanitários ou até mesmo em lixões.
construção civil, energia, transportes, serviços e Estima-se que até 2004 cerca de 315 milhões
na administração. de microcomputadores tenham sido descartados,
A contribuição desse tipo de emprego aplica- 850 mil dos quais no Brasil. Além de ocupar muito
da a cada um desses segmentos é distinta, mas espaço, peças e componentes de microcompu-
significativa para redução do impacto ambiental tadores feitos de metais pesados apresentam
da atividade econômica, para conservar ou res- toxicidade para a saúde humana. O chumbo dos
tabelecer a qualidade ambiental. tubos de imagem, o cádmio das placas e circui-
Os empregos verdes representam a possibilida- tos impressos e semicondutores, o mercúrio das
de de fazer frente a dois dos desafios do século baterias, o cromo dos anticorrosivos do aço e o
80
plástico dos gabinetes são ameaças concretas o uso de energia solar ou das correntes de vento.
que requerem soluções em curto prazo. Na administração pública poucos foram as edifi-
A reciclagem é um dos meios de tratar esses cações projetadas de maneira sustentável. Porém,
resíduos; a outra é a substituição de metais pe- mesmo em um prédio já construído, é possível
sados por outros componentes menos tóxicos. adotar medidas que visem a eficientização dos
Se prevalecer o princípio do “poluidor pagador”, recursos naturais. Algumas medidas que podem
a tendência apontada pela Política Nacional dos ser adotadas são o incentivo a materiais de cons-
Resíduos Sólidos, que está em discussão, é a de trução com certificado de origem que atestem a
que os fabricantes sejam co-responsabilizados produção através de uma cadeia “limpa” na fase
pelos equipamentos descartados e sejam incum- de construção, a adoção de um sistema de rea-
bidos de lhes dar um fim ambientalmente seguro. proveitamento e reuso das águas e a adoção de
um sistema de iluminação eficiente. Essas últimas
Construção Sustentável
medidas podem ser adotadas em qualquer fase
Construção sustentável é um conceito que deno-
da obra inclusive após a construção.
mina um conjunto de medidas adotadas durante
A implantação dessas medidas pode ser adota-
todas as etapas da obra que visam a sustentabi-
da tanto em edifícios em construção como naque-
lidade da edificação. Através da adoção dessas
les já construídos. A instalação dessas medidas
medidas é possível minimizar os impactos nega-
gera uma economia substancial de recursos natu-
tivos sobre o meio ambiente além de promover a
rais contribuindo não apenas para a manutenção
economia dos recursos naturais e a melhoria na
do equilíbrio ambiental como também na redução
qualidade de vida dos seus ocupantes.
de gastos para o setor público.
Uma obra sustentável leva em consideração
todo o projeto da obra desde a sua pré-constru-
ção onde devem ser analisados o ciclo de vida
do empreendimento e dos materiais que serão
usados, passando por cuidados com a geração
de resíduos e minimização do uso de matérias-
-primas com reaproveitamento de materiais du-
rante a execução da obra até o tempo de vida útil
da obra e a sustentabilidade da sua manutenção.
Apesar do tema construções e reformas sustentá-
veis não ser novo, a maioria dos prédios públicos não
foi desenvolvido de forma sustentável com aprovei-
tamento dos recursos naturais como, por exemplo,
81
Rotulagem Ambiental e
Nove princípios da Análise do Ciclo de Vida
Construção Sustentável Rotulagem ambiental é a certificação de que o pro-
duto em questão é apropriado ao uso que se propõe
Segundo os sistemas de certificação que são e apresenta menor impacto ambiental em relação a
referência na área de construção sustentá- outros produtos comparáveis disponíveis no merca-
vel no mundo. BREEAM (Inglaterra), Green do. É conhecida também pelo nome de Selo Verde,
Star (Austrália), LEED (Estados Unidos) e sendo utilizada em vários países inclusive o Brasil.
HQE ( França), existem nove princípios que A rotulagem ambiental busca, com base em
norteiam as diretrizes de uma obra que se informações sobre aspectos ambientais de produ-
proponha a ser ambientalmente equilibrada: tos e serviços, encorajar a demanda por aqueles
que causem menores efeitos nocivos ao meio
1. Planejamento Sustentável da Obra ambiente, estimulando a melhoria contínua da
qualidade ambiental.
2. Aproveitamento passivo Dentre os objetivos da rotulagem ambiental
dos recursos naturais destacam-se:
modelo, que pressupõe uma estrutura participativa, utilizados diretamente pelo homem e, portanto
onde todos os setores interessados podem mani- valorados por sua utilidade direta e muitos de-
festar seus interesses, os estudos são baseados les precificados. No entanto, muitos serviços da
na consideração do ciclo de vida do produto. A natureza são intangíveis, são processos e fluxos
missão do programa é promover a redução da res- lentos e invisíveis, mas extremamente valiosos e
ponsabilidade ambiental e os impactos negativos precisam ser conservados, reconstituídos, recu-
relacionados a produtos e serviços. perados, melhorados.
Os serviços ambientais, conforme os estudos do
Pagamento por Serviços MEA (UN), são funções imprescindíveis prestadas
Ambientais – PSA pelos ecossistemas naturais para a melhoria das
Um programa das Nações Unidas reuniu mais de condições ambientais adequadas à vida, que podem
800 cientistas do mundo inteiro para avaliar o valor ser restabelecidas, recuperadas, mantidas e melho-
dos ecossistemas do mundo e os resultados, (Mil- radas, podendo constituir as seguintes modalidades:
lennium Ecosystem Assessment) publicados há 4 •• a) serviços de provisão: os que
anos, mostram que a vida e o bem estar humano fornecem bens ou produtos ambientais,
dependem do pleno funcionamento dos ecossiste- utilizados pelo ser humano, tais como
mas. Classificou estas funções dos ecossistemas água, alimentos, óleos, látex, madeira e
em quatro categorias: (a) serviços de suporte; fibras, entre outros, obtidos pelo uso e
(b) serviços de aprovisionamento; (c) serviços de manejo sustentável dos ecossistemas;
regulação e (d) serviços culturais.
•• b) serviços de suporte: os que mantêm as
Muitos destes serviços ecossistêmicos ou
condições de vida na Terra, tais como a
ambientais são bens e serviços econômicos
ciclagem de nutrientes, a decomposição
dos resíduos, a produção, a manutenção
e a renovação da fertilidade do solo, a
polinização da vegetação, a dispersão
de sementes, o controle de populações
potenciais pragas, a proteção contra
os raios ultravioleta do sol, o controle
de populações vetores potenciais de
doenças humanas, a manutenção da
biodiversidade, do patrimônio genético;
84
Implantando a A3P
na sua Instituição
86
Onde ocorre e quem participa? implantar a A3P. Para auxiliar neste processo, o Minis-
Desde o seu lançamento, a A3P tem sido im- tério do Meio Ambiente propõe aos parceiros interes-
plementada por diversos órgãos e instituições sados a sua institucionalização por meio da assinatura
públicas das três esferas de governo e dos três do Termo de Adesão, cuja finalidade é integrar
poderes. O Programa foi criado para ser aplicado esforços para desenvolver projetos destinados à
na administração pública, mas pode ser usado implementação da agenda. A assinatura do termo
como modelo de gestão socioambiental por outros demonstra o comprometimento da instituição com a
segmentos da sociedade. agenda socioambiental e com a gestão transparente.
Paralelamente ao termo, a A3P conta, também,
Como a Administração com uma outra forma de participação chamada de
Pública participa da A3P? Rede A3P. A rede é um canal de comunicação
permanente cujo intuito é difundir informações so-
A Responsabilidade Socioambiental se inicia bre temas relevantes à agenda, sistematizar dados
com a decisão da instituição de revisar postu- e informações acerca do desempenho ambiental
ras, atitudes e práticas internas com a finalidade das instituições, incentivar e promover progra-
de consolidar a Agenda Ambiental em sua estru- mas de formação e mudanças organizacionais
tura organizacional. O grande desafio consiste na e, finalmente, proporcionar o intercâmbio técnico
transformação do discurso teórico em ações efeti- entre os participantes, culminando na troca de
vas e a intenção em compromisso. Os princípios experiências entre eles.
da responsabilidade socioambiental requerem, A A3P reconhece o importante papel exercido
portanto, cooperação e empenho em torno de pela administração pública enquanto consumido-
causas significativas e inadiáveis. ra e usuária de recursos naturais e a sua capaci-
A A3P é uma iniciativa que demanda engaja- dade de indução de novos padrões socioambien-
mentos individual e coletivo, a partir do comprome- tais. O atendimento e a satisfação dos interesses
timento pessoal e da disposição para incorporar coletivos, enquanto finalidade da administração
conceitos preconizados, objetivando a mudança pública, faz com que a mesma tenha a obriga-
de hábitos e a difusão do programa. ção de dar o exemplo para todos os setores da
Qualquer instituição da administração pública, de sociedade, promovendo o desenvolvimento e o
qualquer uma das esferas de governo, pode e deve crescimento sustentáveis.
87
Da instituição:
Para participar da
•• Ofício para encaminhamento dos documentos; Rede A3P é muito fácil!
Basta preencher o formulário no site
•• Cópia do comprovante de regularidade fiscal;
www.mma.gov.br/a3p
•• Cópia do comprovante de endereço; ou enviar seus dados contendo:
nome, órgão, setor, e-mail, telefone
•• Plano de Trabalho impresso e em meio digital;
e endereço completo para:
•• Minuta do Termo de Adesão a3p@mma.gov.br.
impressa e em meio digital.
Ao Ministério do Meio Ambiente cabe: Aos órgãos e entidades da União, estados, Distrito
•• Como órgão federal, fazer cumprir a política nacional Federal, municípios, agências nacionais, autarquias e
e as diretrizes fixadas para o meio ambiente; fundações instituídas pelo Poder Público que compõem
•• Promover intercâmbio técnico para o SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente, bem
difundir informações sobre os objetivos como às empresas estatais e de economia mista, cabe:
e a metodologia de implementação da A3P; •• Criar comissão multi-setorial que será
•• Incentivar ações de combate ao desperdício responsável pela implementação das ações
e à minimização de impactos ambientais, diretos de melhoria do desempenho ambiental;
e indiretos, gerados pela atividade pública; •• Realizar, com a participação dos servidores, diagnóstico
•• Estimular a excelência na gestão ambiental, interno para identificar os aspectos ambientais mais
que consiste na conservação racional dos relevantes da instituição a serem abordados;
recursos naturais e a proteção contra a degradação •• Executar políticas e diretrizes fixadas para
ambiental, bem como a preferência por produtos a preservação do meio ambiente;
e serviços com diferenciais ecológicos; •• Desenvolver, no âmbito da instituição, a gestão adequada
•• Incentivar e promover programas de formação dos resíduos, a minimização de impactos ambientais
e mudanças organizacionais visando reduzir diretos e indiretos gerados pelas atividades administrativas,
os impactos ambientais decorrentes das atividades a promoção de uma gestão ambiental qualitativa, bem
administrativas. Sistematizar os dados sobre como projetos e ações de combate ao desperdício;
o desempenho dos órgãos parceiros, •• Estabelecer ações de substituição de insumos
facilitando a mensuração da exata contribuição e materiais que possam causar danos ou riscos à
da agenda ambiental para a melhoria do saúde do servidor, do entorno e ao meio ambiente.
desempenho ambiental do governo; •• Desenvolver um cronograma de avaliações periódicas
que permita esboçar a etapa em que se encontram as
ações previstas, bem como
a ampla divulgação dos resultados obtidos;
•• Promover campanhas educativas e de formação de
educadores que estimulem o envolvimento e conscientização
de todo o quadro de pessoal acerca da causa ambiental;
•• Despertar a responsabilidade do servidor
público no que se refere ao uso correto dos
bens e serviços da administração pública;
•• Especificar, sempre que possível, que o objeto licitado
contenha requisitos de qualidade ambiental.
89
3º Passo: 4º Passo:
Desenvolver projetos e atividades Mobilização e Sensibilização
Definir, a partir do diagnóstico e metodologia Apresentar aos funcionários o resultado do
participativa, as atividades e projetos diagnóstico, com a participação dos dirigentes,
prioritários para implantação da A3P; comparando os gastos apurados internamente ante
aos de outras instituições que aderiram a A3P;
Elaborar o Plano de Trabalho contendo as
ações prioritárias, os objetivos, as metas e os Expor os impactos que o desperdício pode causar
recursos físicos e/ou financeiros necessários; ao meio ambiente e aos cofres públicos;
5º Passo:
Avaliação e Monitoramento
Consumo de papel
• Fazer levantamento e acompanhamento do consumo
de papel usado para impressão e cópias;
• Realizar levantamento das impressoras que precisam
de manutenção ou substituição;
• Realizar impressão de papel frente e verso;
• Confeccionar blocos de anotação (com papel usado só de um lado);
• Utilizar papel não-clorado ou reciclado.
Consumo de energia
• Adotar as diretrizes propostas pelo programa Procel – Prédios Públicos que visa
promover a economia e o uso racional da energia elétrica nas edificações públicas;
• Fazer diagnóstico da situação das instalações elétricas e
propor as alterações necessárias para redução do consumo;
• Realizar levantamento e acompanhamento do consumo de energia;
• Propor implantação de sensores em banheiros;
• Promover campanhas de conscientização;
• Desligar luzes e monitores na hora do almoço;
• Fechar as portas quando ligar o ar condicionado;
• Aproveitar as condições naturais do ambiente de trabalho – ventilação, luz solar;
• Desligar um dos elevadores em horários específicos.
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Gestão de Resíduos
Sensibilização e Capacitação
Elaborar plano de capacitação e formação da Comissão Gestora da A3P
• Realizar campanha de sensibilização dos servidores com
divulgação na intranet, cartazes, etiquetas e informativos;
• Promover a capacitação e sensibilização por meio
de palestras, reuniões, exposições, oficinas, etc;
• Produzir informativos referentes a temas
socioambientais, experiências bem-sucedidas
e progressos alcançados pela instituição.
Anotações