Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Mestranda em Física, Universidade Federal do Rio Grande, laragatto01@gmail.com.
2
Dra. em Física, Universidade Federal do Rio Grande, dinalvaires@gmail.com.
3
Dr. em Física, Universidade Federal do Rio Grande, jtamaral@furg.br.
O processo de fotoionização foi primeiro notado por Heinrich Hertz em 1886. Ele
descobriu que uma descarga elétrica entre dois eletrodos ocorre mais prontamente
quando luz ultravioleta incide sobre um dos eletrodos. A partir desta descoberta,
estudos sobre esses efeitos foram responsáveis por grandes avanços na história da
física. Um excelente exemplo foi o trabalho teórico, realizado por Einstein em 1905,
sobre o efeito fotoelétrico, que o conduziu ao desenvolvimento da teoria quântica de
fótons (Einstem,1905), teoria essa que viria a contribuir para seu prêmio Nobel em 1921.
Dois anos mais tarde, Millikan foi condecorado com seu Prêmio Nobel pela confirmação
experimental da teoria fotoelétrica de Einstein, desempenhando um importante papel
na colocação dos alicerces da Mecânica Quântica. Desde então, o processo de
fotoionização tem sido utilizado em pesquisas teóricas e aplicações em física, química e
muitos outros campos.
Antes de definirmos o que é a fotoionização, discutiremos um pouco sobre ionização,
pois a fotoionização é um dos processos de ionização de átomos. A ionização é o ganho
ou a perda de um elétron por um átomo, e pode ocorrer de várias formas, e algumas são
facilmente presenciadas em nosso dia a dia.
Um átomo é ionizado através da perda ou da absorção de um elétron. Quando um
átomo perde um elétron, ele é chamado de íon positivo, já quando ele ganha, é chamado
de íon negativo. Ou seja, quando um átomo perde um elétron, ele possui mais prótons
do que elétrons, se tornado um átomo positivo, um íon positivo, e vice-versa.
Para retirar os elétrons mais externos de um átomo, é necessária uma certa
quantidade de energia. A energia dependerá de quão grande é a atração do elétron com
o átomo, precisará ser grande se os elétrons estiverem fortemente atraídos pelo núcleo
do átomo, e pequena se eles estiverem fracamente atraídos. Esta energia exigida para
arrancar um, dois ou mais elétrons de um átomo é chamada de energia de ionização ou
potencial de ionização.
A partir deste ponto usaremos o termo ionização e ionizar no sentido de perda de
elétrons, tendo como consequência a formação de íons positivos.
Figura 1: Diagrama BPT. Pontos em cinza amostra de galáxias. A curva tracejada azul
é o limite entre as galáxias Starbust(formação estelar) e AGNs, a linha azul contínua é
o limite superior teórico sobre as relações de linha SF, uma classe adicional de objetos
é a galáxias de ionização chamadas LINERs, a linha diagonal azul pontilhada é o limite
entre Seyferts e LINERS. Extraído de. Richardson (2014).
2 Fotoionização
A quantidade física que descreve a fotoionização é a seção de choque σ com uma função
de energia do fóton incidente de ~ν . Na natureza, o campo de radiação é caracterizado
por uma distribuição de frequência, e considerando uma frequência de um fóton ou vetor
de onda ~k , em um intervalo infinitesimal ~k + d~k .
Considerando o volume de um cubo V = L3 , com uma condição de contorno
periódica (como no problema do poço quadrado infinito) eikx (L+x) = eikx x , indicando que
eikx L = eiky L = eikz L = 1, assim, temos que as componentes do vetor de onda podem
2π 2π 2π
ser escritos como: kx = n ,k
L x y
= L y
n , kz = L z
n, onde nx , ny , nz são números
V
inteiro. O número de modos em um intervalo k + dk é dn = (2π)3
d3 k , realizando uma
2π
mudança de variável, onde d3 k = k 2 dkdΩ, dΩ = sin θdθdφ . Sabendo que k é k = λ
,
e considerando que a radiação incidente é isotrópica e puramente polarizada, dentro de
um ângulo sólido (dΩ) temos
2V ω 2
dn = dωdΩ (1)
(2π)3 c3
A energia incidente por unidade de tempo no intervalo de frequência é Idω = cU dω .
Integrando a energia no Ângulo sólido temos:
nω ~ω 3
I= (2)
π 2 c2
dσ dσ dP
A seção de choque diferencial dΩ
é definida como: dΩ
= I
dΩ
. Substituindo a Eq.(3)
4π
dσ 4π 3 c2 dTij
=
dΩ nω ωij3 dΩ
(4)
π 2 c2 Tij
σ = P/I =
nω ωij2
|aj (t)|2 2π
= | < j|H 0 |i > |2 δ(Ej − Ei ) (7)
t ~
A equação (7) é a probabilidade por unidade de tempo para uma transição de um
estado |i > para um estado |j > sob um potencial perturbador H’.
Vale a pena estender a formulação das transições de limite limitado para o caso
em que os estados finais podem abranger uma gama de energias contínuas, como nas
proximidades de uma ressonância no processo livre de ligações. A regra de ouro de
Fermi dá a taxa de transição radiativa:
2π
Tij = | < j|H 0 |i > |2 nj (8)
~
Onde nj é a densidade final de estados j
4π 2 αωij2
σL = | < j|~r|i > |2
3
(9)
4π 2 α
σv = | < j|~p|i > |2
3m2 ωij
4π 2 αωij 1 n ,l +1 n ,l −1
σL = [(li + 1)|Rnij,lii |2 + li |Rnij,lii |2 ] (10)
3 2li + 1
Para o cálculo da integral radial é necessário saber a função de onda radial inicial e final
do átomo desejado.
Como dito anteriormente, as regiões HII são dominadas por hidrogênio atômico
(neutro HI) e ionizado (HII) e hidrogênio molecular H2 . Estudos como Aleman (2002)
mostram que o potencial de fotoionização do hidrogênio molecular é de 15,4 eV, que fica
acima do potencial de ionização do H (E = 13,6 eV) e, portanto, o H2 é protegido da
radiação pela presença de H em regiões mais internas. A Fig. 3 mostra a modelagem
computacional feita com o código AANGABA pela Aleman (2002) das seções de choque
dos processos de fotoionização do átomo H, linha contínua preta, da molécula H2 , linha
contínua vermelha, e as duas rotas de fotodissociação da molécula H2 , em verde a
fotodissociação direta, e em azul a fotodissociação de dois passos.
Em remanescentes de supernovas, fótons de altas energias (hν > 100 eV) propiciam
a excitação de elementos com altos níveis de ionização, como C IV, N V, O VI, S VI, Ar V,
Ca V e Fe XIV (Pauletti, 2011). Essas linhas são comumente encontradas em espectros
de remanescentes de supernovas, mas raramente nos de regiões H II. Além disto, os
objetos ionizados por choque e os fotoionizados diferenciam-se quanto a intensidades
de linhas, em regiões HII as intensidades das linhas [OI]λ6300, 6363e[SII]λ6717, 6731
são de menor intensidades comparadas ás linhas de Hα Hβ (Osterbrock, 2006).
A Fig. (4) ilustra os espectros observados de uma remanescente de super nova, à
esquerda, e uma região HII, à direita. Notamos que a linha de Hα no espectro da região
Figura 5: Espectro da galáxia IRAS 11506-3851 obtido pelo Telescópio Gemini e dados
reduzidos pela autora. As linhas de Hα e de [NII] estão demonstradas na figura.
Notamos que na Fig. (5) temos uma intensa emissão na linha de Hα , que é uma
característica das regiões HII. Também notamos, que temos uma linha alargada de
[SII], assim como outras linhas proibidas não indicadas na figura Fig. (5), e este tipo
de emissão é uma característica de remanescentes de supernovas. Concluímos através
dos modelos computacionais mostrados na Fig (1), que o processo de ionização da
galáxia IRAS 11506-3851, é uma mistura de excitação devido ao efeito da fotoionização
5 Conclusão e Perspectivas
Agradecimentos
Agradeço a Proª. Dinalva e o Prof. João Thiago por me orientar e auxiliar neste trabalho.
Referências
Baldwin J. A., Phillis M. M., Terlevich R. (1981). Classification parameters for the
emissoin-line spectra of extragalactic objects. Astronomical Society of the Pacific,