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BIRITIBA MIRIM – SP
2019
EDEZIO RODRIGUES DE MORAIS
BIRITIBA MIRIM – SP
2019
CIP – Catalogação na Publicação
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
____________________/__/____
Prof. Dr. Adilson R. Camacho
Universidade Paulista - UNIP
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Universidade Paulista – UNIP
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Universidade Paulista – UNIP
RESUMO
The aim of this paper is to present the results of the studies about the New Left whose
proposals have gained strength in contemporary politics and now confront directly with
the Right in the electoral processes. The main objective of the work is to promote and
make known the themes of the New Left, which, in addition to social activism and the
approach to contemporary issues of Western culture, discusses and assumes
positions on political economy, offering answers to the exclusionary character of
neoliberalism. The doubt investigated was to verify if the New Left have a theoretical
foundation or are only a spontaneous and unfounded manifestation in contemporary
politics. The theories that served as the basis for this research were drawn from the
works of the New Left thinkers whose contents are directly related to these political
and social moviments: Jürgen Habermas, Anthony Giddens, Perry Anderson, Antonio
Negris, Michael Hardt, Norberto Bobbio, Hilary Wainwright and Assar Lindbeck.
Glimpsing the proposals of the New Left in Brazil, the author chosen was Celso Furtado
considering that his theory and economic policy inspired such movements in the
Brazilian case. The methodology used was the bibliographic review of the cited
authors. The main difficulty encountered in the process of investigation and analysis
of the New Left was to discover Brazilian authors who approach the theoretical basis
of these political and social movements, without relating them to the ideological
heritage of the old Marxist left.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 25
6 REFERÊNCIAS 26
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1 INTRODUÇÃO
O ano de 1968 jamais será esquecido, mesmo por quem não o viveu. Até hoje
vivemos os reflexos das mudanças permanentes em decorrência das manifestações de
rua ocorridas naquele ano na maioria dos países ocidentais.
Nas ruas de Paris, na França, em maio de 1968 convoca-se uma greve geral
através da qual os trabalhadores e os estudantes ao lado dos intelectuais, dentre eles
o filósofo Jean Paul Sartre, pediam uma nova forma de governar a França e mudanças
nas relações econômicas tornando-as mais humanas e solidárias.
Nos Estados Unidos, os protestos de 1968 foram dirigidos inicialmente contra a
Guerra do Vietnã, um conflito responsável pelo desaparecimento e a mutilação, tanto
física como mental, de milhares de jovens estadunidenses. A maior potência militar, no
entanto, enfrentaria no mesmo ano protestos por razões internas que afetavam a
consciência da nação. As tensões raciais, entre negros e brancos, haviam chegado ao
seu limite, principalmente nos estados segregacionistas do sul dos Estados Unidos,
onde haviam espaços públicos e privados separados. O pastor e ativista político Martin
Luther King ganhou destaque internacional por denunciar a situação política e social
dos negros e dos pobres – brancos e latinos - através de campanhas de não violência,
seguindo os passos do líder indiano Mahatma Gandhi. King foi assassinado em 04 de
abril de 1968, mas suas lutas pelos direitos e liberdades civis continuam até hoje,
incrementadas pelo feminismo e pelo combate as armas nucleares e biológicas,
chegando à eleição do presidente norte-americano Barack Obama.
O ano de 1968 será lembrado também por movimentos populares contra as
ditaduras, clamando pelo fim da repressão e o retorno as liberdades democráticas. Na
Espanha franquista, na Polônia e Tchecoslováquia comunistas, bem como no Brasil
dos militares, o povo saiu as ruas contra as prisões e as arbitrariedades cometidas por
seus governos. No Brasil, a Passeata dos Cem Mil, ocorrida em 26 de junho de 1968,
com a participação de estudantes, artistas, intelectuais e importantes instituições do
país, dentre elas a Igreja Católica, pedia a libertação de presos políticos, o fim da
censura e a restauração das liberdades democráticas. O presidente Costa e Silva não
aceitou as reivindicações e junto com seu Conselho de Segurança Nacional editou o
Ato Institucional nº. 5, no dia 13 de dezembro de 1968. Assim se encerrava no Brasil o
ano de 1968, com a inauguração dos chamados “Anos de Chumbo”, nos quais os
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Parece, contudo, que a ênfase das obras da Nova Esquerda está mais nos
arranjos institucionais e no papel das noções da “distribuição do poder” e da
“luta de classes” ao explicar a distribuição de renda. Entre os autores da Nova
Esquerda com treinamento formal na teoria econômica parece haver também
um interesse nas teorias macroeconômicas alternativas da distribuição
associadas com críticos das teorias da produtividade marginal tais como Joan
Robinson e Nicholas Kaldor.
poder na economia aliado as suas implicações tanto na política interna como externa.
Eles tendem a sugerir, para a aceitação geral, que há um certo tipo de “equilíbrio social”
e de “harmonia” na sociedade, ocultando outros fenômenos como os conflitos de
classes, lutas por poderes individuais, grupais e classistas. A aplicação de modelos de
equilíbrio na análise econômica é considerada pelos neoesquerdistas como uma forma
de evitar problemas de conflitos e “desarmonia”. Nesse mesmo bojo é condenada a
criação de instituições políticas dedicadas a manterem a exploração capitalista dos
trabalhadores e o domínio da burguesia a fim de preservarem a estrutura básica de
poder da sociedade.
Entre ambos e ao mesmo tempo, a partir de ambos, surge uma esfera social
repolitizada, que escapa à distinção entre “público” e “privado”. Ela também
dissolve aquela parte específica do setor privado em que as pessoas privadas
reunidas num público regulam entre si as questões gerais de seu intercâmbio,
ou seja, a esfera pública em sua configuração liberal. (HABERMAS, 2003, p.
170).
(...) o Estado não só amplia as suas atividades dentro das antigas funções, mas
que, sobretudo, ele conquistou uma série de novas funções adicionais. Ao lado
das tradicionais funções de guardar a ordem, que, no plano interno, o Estado
assumiria através da polícia, da justiça e de uma política de impostos aplicada
muito cuidadosamente, e que, no plano externo, apoiado nas forças armadas,
ele assumia até na época liberal, surgem agora funções de estruturação.
(HABERMAS, 2003, p. 175).
o capitalismo sozinho não consegue fazer por ser um sistema concentrador. A segunda
função do Estado-social visa ser uma válvula de escape das massas marginalizadas.
A redistribuição de renda tem como objetivo maior prevenir, a longo prazo, modificações
da estrutura social contrárias aos interesses do setor privado, dirigindo-as para uma
política da classe média.
O poder de influenciar investimentos privados e de regulamentar os
investimentos públicos exige a intervenção estatal porque depende de um controle e
de um equilíbrio de todo o ciclo econômico. Atualmente o Estado conjuga atividades
administrativas com a prestação de serviços antes exclusivos da iniciativa privada. A
prestação de serviços se dá pela concessão de tarefas públicas para o setor privado,
pela coordenação de atividades econômicas privadas através de planos de metas, ou,
o Estado se tornando ativo como produtor e distribuidor. O crescimento econômico
obriga o Estado a ampliar o setor dos serviços públicos, já que eles são fatores efetivos
na alteração entre a relação de custos privados e custos sociais. Como nos ensina
Habermas (2003, p. 176): “Ao lado dos custos públicos da produção privada, surgem,
proporcionalmente ao crescente poder de compra das grandes massas, custos públicos
do consumo privado.”
afirmar que a esquerda é igualitária não quer dizer que ela é também
igualitarista.
Mas nem tudo são flores na história da Nova Esquerda. A experiência da Nova
Esquerda na Suécia acabou se desintegrando e os conservadores conseguiram voltar
ao poder depois de quase 70 anos:
O poder imperial já não pode resolver o conflito de forças sociais pelo esquema
mediador que substitui os termos do conflito. Os conflitos sociais que
constituem o político confrontam-se diretamente, sem qualquer espécie de
mediação. Esta é a principal novidade da situação imperial. (HARDT & NEGRI,
2012, p. 417).
campanhas eleitorais com o claro objetivo de influenciar a escolha dos eleitores por um
meio de um verdadeiro abuso econômico.
Além disso, também utilizaram as empresas estatais como meio de obter
recursos através da indicação de diretores que controlavam contratos vultosos e
conseguiam vantagens financeiras na forma de suborno.
Esse erro fez a Nova Esquerda acreditar que soberania nacional é um tema
nacionalista e do passado. A direita, por sua vez, se utiliza dos conceitos propalados
pelo imperialismo para formar consciências e conquistar votos. A meritocracia é um
conceito que se sobrepõem a uma proposta de distribuição de renda como o Bolsa
Família. A população é convencida pelos políticos de direita de que pelo esforço, pelos
próprios méritos é possível sair das condições sociais e econômicas desfavoráveis.
Com a tomada do poder pela direita agravou-se o ataque às conquistas sociais
proporcionadas pela Nova Esquerda.
Outro discurso disseminado pela direita refere-se a visão de que o indivíduo deve
estar em primeiro lugar na sociedade, quanto menos a presença do Estado na vida do
cidadão, mais espaço ele terá para empreender. Afinal, na visão ideológica de direita,
a iniciativa privada é a única forma de geração de emprego e renda e, sem ela, não
haverá desenvolvimento social. Por essa razão, condena-se o Estado de bem-estar
social defendido pela Nova Esquerda porque a direita alega que ele cria cidadãos
mimados, sem iniciativa própria, sustentado pela caridade pública, que usufruem dos
recursos destinados a nação pelos que trabalham e pagam impostos.
Nesse mesmo espectro, a violência não é fruto da desigualdade social, mas da
vontade própria daqueles que não querem trabalhar, portanto, cada indivíduo deve
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Nova Esquerda não é uma utopia, como este trabalho pôde demonstrar no
longo caminho que percorreu respondendo às principais questões inerentes a um
movimento político com fundamentação teórica e realização prática.
Embora as agremiações políticas que defendem suas propostas estejam
passando por crise na Europa Ocidental, na América Latina e no Brasil, os movimentos
sociais das Novas Esquerdas buscam retomar seus espaços nos processos decisórios.
As manifestações de junho de 2013 no Brasil demonstram que esse fenômeno
também amadureceu no Brasil e os movimentos sociais ligados as Novas Esquerdas
pautarão ainda por um bom tempo a agenda do país. Por outro lado, as direitas
aprenderam também a ir às ruas e defenderem sua agenda política e econômica,
produzindo uma diversidade de discursos e propostas. Tudo isso é positivo, demonstra
que estamos aprendendo a viver na sociedade de forma democrática.
A tão esperada mobilização social profetizada por Celso Furtado dois anos antes
de seu falecimento aparenta ser agora uma realidade permanente que, quem sabe,
poderá reverter o processo de concentração de renda, mal denunciado por esse grande
economista como o responsável pelas desigualdades do povo brasileiro e a pobreza no
país.
A Nova Esquerda enquanto esteve no poder não conseguiu superar a estrutura
econômica brasileira que serve de complemento ao comércio internacional, deixando
de produzir um novo patamar civilizacional. Ela também não conseguiu a unidade entre
os diferentes grupos que a compõem para o combate aos seus inimigos políticos e
econômicos. O Brasil e outros países da América Latina continuam copiando o modelo
econômico dos países centrais e as Novas Esquerdas permanecem fragmentadas
politicamente e não se permitem avançar ideologicamente.
26
6 REFERÊNCIAS
GIDDENS, Anthony. A terceira via e seus críticos. Rio de Janeiro: Record, 2001.
HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Império. 10. ed. Rio de Janeiro: Record, 2012.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. São Paulo: Cia das Letras, 1995.