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HOFFMANN, Allan Rodrigues; MARTINS, Queila Jaqueline Nunes.

A retenção das arras à luz do código de


defesa do consumidor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas
da UNIVALI. v. 4, n.1, p. 90-102, 1º Trimestre de 2013. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044

A RETENÇÃO DAS ARRAS À LUZ DO CÓDIGO


DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Állan Rodrigues Hoffmann1


Queila Jaqueline Nunes Martins2

SUMÁRIO

Introdução; 1 Arras; 1.1 Conceito e breves considerações históricas; 1.2 Arras


confirmatórias; 1.3 Arras penitenciais; 2 A retenção das arras à luz do Código de
Defesa do Consumidor; Considerações finais; Referências das fontes citadas.

RESUMO

O artigo enfoca a retenção das arras à luz do Código de Defesa do Consumidor, isto
é, a interpretação do artigo 418 do Código Civil conjuntamente com o artigo 53 do
Código Consumerista. A análise se faz necessária, uma vez que na maioria dos
negócios jurídicos há relação de consumo, logicamente, incidindo o Código de
Defesa do Consumidor, que protege especialmente os mais vulneráveis nas
relações econômicas, ou seja, o consumidor. Utiliza-se como método de pesquisa o
indutivo e como técnicas, a do referente, da categoria, da revisão bibliográfica e a do
fichamento.

Palavras-chave: Arras. Retenção. Código de Defesa do Consumidor.

INTRODUÇÃO

Diante de uma sociedade que consome muitas das vezes por impulso, sem
consciência, característica do capitalismo e da sociedade moderna rotulada como
“sociedade de consumo”, crucial é a análise dos negócios jurídicos que muitas
vezes exigem as arras para assegurar ou confirmar a obrigação assumida.

Negócios estes que em sua grande maioria tratam-se de relação de


consumo3, consequentemente, geram a aplicação da Lei nº 8.078, de 11 de

1
Acadêmico do 10º período do Curso de Graduação em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI.
2
Prof. MSc. Queila Jaqueline Nunes Martins, da graduação do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí
– UNIVALI. Email: queilamartins@univali.br
3
Relação de consumo é quando existe em uma ponta o consumidor e na outra o fornecedor de produto ou
serviços, sendo que o Código de Defesa do Consumidor traz a defenição de ambos os sujeitos.
90
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defesa do consumidor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas
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setembro de 1990, que dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras


providências, comumente conhecida como Código de Defesa do Consumidor4.

Não obstante, o instituto das arras está previsto nos artigos 417 a 420 do
Código Civil5. Não pode ele ser visto apenas com os olhos fitos na lei civil, mas
também em consonância com o Código Consumerista, pois do contrário, estaria o
consumidor, parte mais vulnerável na relação de consumo, sendo prejudicado.

A importância deste tema reside no fato das arras serem um instituto pouco
estudado, menos ainda, em conjunto com o CDC. Apesar de ser objeto de poucas
pesquisas, é prática comum nas transações comerciais, servindo como princípio de
pagamento, sendo ordinariamente conhecidas as arras como “sinal de negócio”.

O objetivo geral da presente pesquisa é saber como a jurisprudência tem


fixado a retenção das arras com base no CDC. Para tanto, far-se-á primeiro uma
abordagem do conceito das arras, sua origem, seu enquadramento pelo Código
Civil, para posteriormente, analisar a retenção das arras à luz do CDC, com base na
doutrina e jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

Foi apenas focada a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,


porquanto é a corte responsável por uniformizar a interpretação da Lei Federal em
todo o Brasil.

Utiliza-se como método de pesquisa o indutivo e como técnicas, a do


referente, da categoria, da revisão bibliográfica e a do fichamento.

1 ARRAS

1.1 Conceito e breves considerações históricas

A palavra arras tem o sentido de garantia, penhor, tendo sua origem do latim
arrha, sendo que as demais línguas da Antiguidade como a persa, a egípcia, o grego

4
No decorrer deste artigo, adotar-se-á a nomenclatura “CDC” para citação de Código de Defesa do Consumidor.
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm>. Acesso em 22 de maio de
2012.
5
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em 22 de maio de 2012.

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e o hebraico seguem no mesmo sentido6. Carlos Roberto Gonçalves7 traz o conceito


operacional de arras como sendo “a quantia ou coisa entregue por um dos
contraentes ao outro, como confirmação do acordo de vontades e princípio de
pagamento”.

Apesar da sua forte característica no direito das obrigações, as arras


originaram-se com os romanos no direito de família, através dos contratos
esponsalícios8. Era quando o noivo entregava algo (sinal ou arras esponsalícias) aos
pais da noiva ou ao tutor ou à própria noiva, a fim de demonstrar a promessa de
casamento, sendo que o rompimento da promessa consistia na perda da coisa
entregue, ou até as pagava em triplo ou em quádruplo, se desmanchasse o noivado
injustamente9.

À medida que os contratos deixaram de ser simples permuta de objetos,


tornando-se mais complexos, as arras começaram a migrar para o direito
obrigacional como forma de assegurar a perfeição do contrato, contudo, não
extinguiu-se a antiga utilização no direito de família, sendo que esta figura
permaneceu lado a lado durante muito tempo em ambos compartimentos do
Direito10.

A finalidade das arras inicialmente era apenas no sentido confirmatório, ao


passo que, com a modificação introduzida por Justiniano, deu lugar também ao
arrependimento, a finalidade penitencial11.

É importante observar a modificação das regras que regula as arras entre o


Código Civil de 191612 e do Código Civil de 200213. No Código vetusto as arras
encontravam-se na parte geral dos contratos, nos artigos 1.904 a 1.907, pois tinha

6
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. p. 97.
7
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v.2. p. 399.
8
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 97.
9
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. p.399.
10
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 97.
11
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. 7. ed. São
Paulo: Atlas, 2007. p. 324.
12
BRASIL. Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916. Institui o Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L3071.htm>. Acesso em 16 de maio de 2012.
13
BRASIL. Lei nº 10.406/2002. Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em 16 de maio de 2012.

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ideia de instrumento preparatório para celebração do contrato14. Já no atual Código


Civil, as arras penetraram no direito das obrigações, no Título do Inadimplemento
das Obrigações, nos artigos 417 a 420, porquanto entendeu-se ter o caráter de
indenização à parte lesada pela não celebração do contrato15.

1.2 Arras confirmatórias

As arras confirmatórias, como função principal, têm triplo objetivo: confirmar


o contrato, que se torna obrigatório; antecipar o pagamento do preço; determinar,
previamente, as perdas e danos pelo não cumprimento das obrigações16.

A partir do momento que é dado o sinal, fica estipulado o acordo de


vontades, não sendo mais possível a qualquer dos contratantes voltar atrás17.

O Código Civil, no artigo 417, prescreve acerca do objeto dado a título de


arras:

Art. 417 Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à
outra, a título de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as
arras, em caso de execução, ser restituídas ou computadas na
prestação devida, se do mesmo gênero da principal18.

Nota-se, que as arras podem ser em dinheiro, forma mais comum, uma vez
que, se celebrado o contrato definitivo, estas serão consideradas princípio de
pagamento, sendo descontadas do saldo remanescente19. Também constitui início
de pagamento, as arras do mesmo gênero da principal. Assim, por exemplo, se o
devedor de dez bicicletas entrega duas ao credor, como sinal, este constitui início de
pagamento20.Contudo, se as arras forem dadas em outro bem móvel, ou seja, coisa
diversa do objeto pactuado, deve ser restituída quando o contrato for cumprido.

Insta esclarecer, que as arras confirmatórias aplicam-se de acordo com o


que estatui o artigo 418 do Código Civil:

14
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 99.
15
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 99.
16
FIUZA, Cesar. Direito Civil: curso completo. 14. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2010. p. 461.
17
FIUZA, Cesar. Direito Civil: curso completo. p. 461.
18
BRASIL. Lei nº 10.406/2002. Código Civil, art. 417. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em 16 de maio de 2012.
19
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. p. 328.
20
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. p.401.

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Art. 418 Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá
a outra tê-la por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem
recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito,
e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros
e honorários de advogado21.

Alguns juristas como Caio Mario22 e Venosa23, critica o dispositivo por


determinar o pagamento de honorários advocatícios pelo simples fato da inexecução
do contrato, não necessitando de prova da prestação do serviço e sem qualquer
parâmetro de valor, deixando o devedor a mercê do credor. Dessa maneira, a lei dá
azo ao credor ou para seu advogado a um enriquecimento sem causa.

A outro tanto, o dispositivo supracitado é bastante claro ao dispor que a


parte inocente ficará com as arras. Todavia, não sendo suficiente ficar com as arras,
ou com o equivalente, pode a parte prejudicada “pedir indenização suplementar, se
provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima”24. Percebe-se que as
arras é a taxa mínima, não necessitando de provas, sendo que a parte inocente
pode pleitear indenização suplementar, devendo esta preceder de provas dos danos
sofridos.

O artigo 419 do Código Civil assegurou ainda a possibilidade “de a parte


inocente exigir execução do contrato, sem prejuízo das perdas e danos, valendo as
arras como o mínimo da indenização”25. Observa-se a possibilidade do credor exigir
o cumprimento específico da obrigação cumulativamente com a indenização de
perdas e danos. Vale destacar que, não havendo as partes convencionado ao
contrário, as arras consideram-se confirmatórias.

1.3 Arras penitenciais

21
BRASIL. Lei nº 10.406/2002. Código Civil, art. 418. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em 16 de maio de 2012.
22
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. p. 101.
23
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. p. 328.
24
BRASIL. Lei nº 10.406/2002. Código Civil, art. 419, parte “a”. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em 16 de maio de 2012.
25
BRASIL. Lei nº 10.406/2002. Código Civil, art. 419, parte “b”. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em 16 de maio de 2012.

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Há também a possibilidade dos contraentes pactuarem o direito de


arrependimento, sendo que neste caso, as arras denominam-se penitenciais, tendo
uma função secundária26. O artigo 420 do Código Civil, prescreve:

Art. 420 Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento


para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente
indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da
outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente.
Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar27.

O artigo acima não dá margem à dúvida, as partes têm o direito de


arrepender-se, ficando o sinal com a função indenizatória. Vale ressaltar que, no
caso em tela não haverá direito a indenização suplementar, como no caso do artigo
418. Outro ponto importante a destacar, é que o direito de arrependimento não pode
durar indefinidamente, cabe às partes estipularem, caso não haja manifestação
nesse sentido, o prazo se dá até o início da execução do contrato28.

É importante por em relevo também, que as arras apesar da semelhança


com a cláusula penal por garantirem o cumprimento da coisa, ambas não se
confundem. Venosa29 com sabedoria faz a distinção dos institutos:

A semelhança entre os dois institutos é apenas aparente. Como


explicitado aqui, nas arras existe um cunho real. Deve ocorrer a
entrega efetiva de algo para firmar o contrato, enquanto para que a
cláusula penal opere não existe necessidade de entrega, depósito,
ou alguma outra pretensão. A cláusula penal decorre de uma
violação ou de um retardamento no cumprimento do contrato, ao
passo que, nas arras, se estipulado o arrependimento, este é um
direito da parte. A cláusula penal é prestação prometida, que pode vir
a não se concretizar. Nas arras, já existe uma prestação cumprida,
com a entrega da coisa, que é essencial.

Em algumas hipóteses, segundo Gonçalves30, a devolução do sinal deve ser


pura e simples, e não em dobro: a) havendo acordo nesse sentido; b) havendo culpa
de ambos contratantes; e c) se o cumprimento do contrato não se efetiva em razão
do fortuito ou outro motivo estranho à vontade dos contratantes.

26
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria das obrigações contratuais e extracontratuais.
22. ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2006. v. 3. p. 150.
27
BRASIL. Lei nº 10.406/2002. Código Civil, art. 420. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em 16 de maio de 2012.
28
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria das obrigações contratuais e extracontratuais. p.
150.
29
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. p. 327.
30
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. p.401.

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2 A RETENÇÃO DAS ARRAS À LUZ DO CÓDIGO DE DEFESA DO


CONSUMIDOR

Faz-se necessário a análise do instituto das arras em consonância com o


Código de Defesa do Consumidor, isto porque, as arras são muito comuns nas
relações de consumo e, por se tratar de relação de consumo, não pode ser visto as
arras apenas com os olhos no Código Civil.

Com efeito, o artigo 418, do Código Civil, apregoa que aquele que deu causa
a inexecução do contrato perderá as arras em favor da parte inocente. Por outro
lado, o artigo 53 do CDC, positiva a regra do enriquecimento sem causa, razão pela
qual é considerada ilícita a retenção de todo o montante dado a título de arras. O art.
53 do CDC estabelece o seguinte:

Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis


mediante pagamento em prestações, bem como nas alienações
fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as
cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em
benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a
resolução do contrato e a retomada do produto alienado31.

Assim, da exegese dos artigos 418 do Código Civil cumulado com 53 do


CDC, tem-se, efetivamente, que o percentual a ser devolvido deve ser calculado
sobre a totalidade dos valores vertidos pelo promitente-comprador, compreendidos
neste montante tanto as arras como as parcelas propriamente ditas32.

Outrossim, Cesar Fiuza33 trilha no mesmo caminho, sendo que, é um dos


poucos doutrinadores que preocupou-se em trazer esta visão sobre as arras quando
trata do tema, veja-se:

O artigo 53 do Código do Consumidor, na verdade, tão-somente


positivou regra antiga, dedutível do princípio do enriquecimento sem
causa. Segundo o CDC, o devedor que der causa à resolução do
contrato por não pagar as prestações não perderá totalmente o que
já houver pago. Conclui-se que é permitida cláusula estipulando a
perda parcial das parcelas pagas. De qualquer forma, o devedor terá

31
BRASIL. Lei nº 8.078/1990. Código De Defesa do Consumidor. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm>. Acesso em 22 de maio de 2012.
32
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Terceira Turma. Recuso Especial nº 1.056.704 – MA (2008/0103209-1).
Relator: Ministro Massami Uyeda. D.J. 28/04/2009. Disponível em:
<https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ita.asp?registro=200801032091&dt_publicacao=04/08/2009>. Acesso
em 22 de maio de 2012.
33
FIUZA, Cesar. Direito Civil: curso completo. p. 457.

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descontados, do que tiver a receber de volta, os prejuízos que sua


inadimplência tiver causado mais o saldo que tiver obtido com o uso
ou fruição do bem.

Nessa mesma linha de raciocínio seguiu a 2ª Seção34 do Superior Tribunal


de Justiça, firmando entendimento no sentido de que o promitente-comprador por
motivo de dificuldade financeira, pode ajuizar ação de rescisão contratual e,
objetivando, também reaver o reembolso dos valores vertidos, incluindo as arras.

A propósito, assim já se decidiu:

RECURSO ESPECIAL - CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA


E VENDA - RESILIÇÃO PELO PROMITENTE-COMPRADOR -
RETENÇÃO DAS ARRAS - IMPOSSIBILIDADE - DEVOLUÇÃO DOS
VALORES PAGOS - PERCENTUAL QUE DEVE INCIDIR SOBRE
TODOS OS VALORES VERTIDOS E QUE, NA HIPÓTESE, SE
COADUNA COM A REALIDADE DOS AUTOS - MAJORAÇÃO -
IMPOSSIBILIDADE, NA ESPÉCIE - RECURSO ESPECIAL
IMPROVIDO.

1. A Colenda Segunda Seção deste Superior Tribunal de Justiça já


decidiu que o promitente-comprador, por motivo de dificuldade
financeira, pode ajuizar ação de rescisão contratual e, objetivando,
também reaver o reembolso dos valores vertidos (EREsp nº
59870/SP, 2º Seção, Rel. Min. Barros, DJ 9/12/2002, pág. 281).
2. As arras confirmatórias constituem um pacto anexo cuja finalidade
é a entrega de algum bem, em geral determinada soma em dinheiro,
para assegurar ou confirmar a obrigação principal assumida e, de
igual modo, para garantir o exercício do direito de desistência.
3. Por ocasião da rescisão contratual o valor dado a título de sinal
(arras) deve ser restituído ao reus debendi, sob pena de
enriquecimento ilícito.
4. O artigo 53 do Código de Defesa do Consumidor não revogou o
disposto no artigo 418 do Código Civil, ao contrário, apenas positivou
na ordem jurídica o princípio consubstanciado na vedação do
enriquecimento ilícito, portanto, não é de se admitir a retenção total
do sinal dado ao promitente-vendedor.
5. O percentual a ser devolvido tem como base de cálculo todo o
montante vertido pelo promitente-comprador, nele se incluindo as
parcelas propriamente ditas e as arras.
6. É inviável alterar o percentual da retenção quando, das
peculiaridades do caso concreto, tal montante se afigura
razoavelmente fixado.
7. Recurso especial improvido35.

34
A Segunda Seção, composta por ministros da Terceira Turma e da Quarta Turma, decide sobre matérias de
Direito Privado, examinando questões de Direito Civil e Comercial. Disponível em:
<http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=427>. Acesso em 22 de maio de 2012.
35
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Terceira Turma. Recuso Especial nº 1.056.704 – MA (2008/0103209-1).
Relator: Ministro Massami Uyeda. D.J. 28/04/2009. Disponível em:
<https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ita.asp?registro=200801032091&dt_publicacao=04/08/2009>. Acesso
em 22 de maio de 2012.

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No caso acima o Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão manteve a


sentença que julgou à demandada o direito de retenção no valor correspondente a
10% (dez por cento) do total das prestações recebidas, inclusa as arras. A
demandada inconformada, interpôs Recurso Especial requerendo a retenção de
30% dos valores pagos, entretanto, foi mantido os 10% (dez por cento), porquanto o
imóvel não foi nem ao menos entregue.

Na mesma toada segue outro Recurso Especial da Terceira Turma:

RECURSO ESPECIAL - CONTRATO DE PROMESSA DE


COMPRA E VENDA - RESILIÇÃO PELO PROMITENTE-
COMPRADOR - INSUPORTABILIDADE FINANCEIRA -
RETENÇÃO DAS ARRAS - IMPOSSIBILIDADE -
PRECEDENTES - RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA
SEGUIMENTO36.
Neste julgado, a parte recorrente pleiteou a totalidade do montante que lhe
fora dado a título de arras, visto que o contrato de promessa de compra e venda fora
desfeito em razão da impossibilidade da parte adversa arcar com os termos do
acordo firmado.

Todavia, o relator Ministro Massami Uyeda, em decisão monocrática,


asseverou que o entendimento adotado pelo TJ-MA, não destoa com o da Corte
Superior, portanto não merecendo reformar. Ademais, afirmou ser despiciendo
apreciar o dissídio jurisprudencial sobre questão já julgada sob o argumento de
violação de lei federal.

Seguindo o mesmo entendimento, decidiu a Quarta Turma do Superior


Tribunal de Justiça:
CIVIL E PROCESSUAL. COMPROMISSO DE COMPRA E
VENDA. RESILIÇÃO PELO COMPRADOR POR
INSUPORTABILIDADE DA PRESTAÇÃO. POSSIBILIDADE.
RETENÇÃO SOBRE PARTE DAS PARCELAS PAGAS.
ARRAS. INCLUSÃO. CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR, ARTS. 51, II, 53 E 54. CÓDIGO CIVIL, ART.
924.
I. A C. 2ª. Seção do STJ, em posição adotada por maioria,
admite a possibilidade de resilição do compromisso de compra

36
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Terceira Turma. Recuso Especial nº 1.222.139 – MA (2010/0197043-8).
Relator: Ministro Massami Uyeda. D.J. 03/02/2011. Disponível em:
<https://ww2.stj.jus.br/websecstj/decisoesmonocraticas/decisao.asp?registro=201001970438&dt_publicacao=3/
2/2011>. Acesso em 22 de maio de 2012.

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e venda por iniciativa do devedor, se este não mais reúne


condições econômicas para suportar o pagamento das
prestações avençadas com a empresa vendedora do imóvel
(EREsp n. 59.870/SP, Rel. Min. Barros Monteiro, DJU de
09.12.2002).
II. O desfazimento do contrato dá ao comprador o direito à
restituição das parcelas pagas, porém não em sua
integralidade, em face do desgaste no imóvel devolvido e das
despesas realizadas pela vendedora com corretagem,
propaganda, administrativas e assemelhadas, sob pena de
injustificada redução patrimonial em seu desfavor, sem que, no
caso, tenha dado causa ao desfazimento do pacto. Retenção
aumentada em favor da vendedora-recorrente. Precedentes.
III. Compreendem-se no percentual a ser devolvido ao
promitente comprador todos valores pagos à construtora,
inclusive as arras. IV. Recurso especial conhecido e
parcialmente provido37.
No caso supra, o Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais, julgando
recurso da recorrente (empresa vendedora do imóvel), por unanimidade, negou-lhe
provimento, mantendo a respeitável sentença, no sentido da devolução das quantias
pagas, descontados 10% a título de despesas, ressaltando que nova venda poderia,
inclusive, propiciar lucro à construtora.

A empresa recorrente interpôs Recurso Especial requerendo a retenção das


arras sob a alegação que cobriria os prejuízos decorrentes do devedor e, ainda,
pedindo que sejam descontadas as despesas comprovadas nos autos. No entanto, o
recurso foi parcialmente provido, para elevar o valor a ser retido em 25% (vinte e
cinco por cento) de todas as importâncias pagas, inclusive as arras.

Na fundamentação do julgado acima, Recurso Especial nº 355.818, o


eminente Ministro Aldir Passarinho Junior, deixou assente que:

Relativamente à pretensão de perdimento do valor prestado a título


de arras, também não há como reconhecer-se razão à recorrente. De
efeito, todos os valores prestados pelo recorrido devem ser
considerados para fins de cálculo do percentual a ser devolvido,
inclusive tal parcela. Tal solução encontra respaldo na jurisprudência
desta Corte, não merecendo reparo algum.

37
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Quarta Turma. Recurso Especial nº 355.818 – MG (2001/0128189-4).
Relator: Ministro Aldir Passarinho Junior. Data 22/04/2003. Disponível em:
<https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ita.asp?registro=200101281894&dt_publicacao=13/10/2003>. Acesso
em 22 de maio de 2012.

99
HOFFMANN, Allan Rodrigues; MARTINS, Queila Jaqueline Nunes. A retenção das arras à luz do código de
defesa do consumidor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas
da UNIVALI. v. 4, n.1, p. 90-102, 1º Trimestre de 2013. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044

Diante dos referidos julgados, e com base em outros precedentes38, notou-


se que o Superior Tribunal de Justiça entende como razoável a retenção fixada entre
10% e 25% da importância vertida pelo promissário comprador para fazer frente às
despesas administrativas, de corretagem e de publicidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Arras é instituto muito antigo, originado no direito de família, com os


romanos, através dos contratos esponsalícios, migrando para o direito das
obrigações à medida que os contratos deixaram de ser simples permuta, tornando-
se mais complexos.

Com o advento do Código Civil de 2002, as arras sofreram uma modificação


em suas regras, sendo outrora encontradas na parte geral dos contratos e,
atualmente, encontram-se no direito das obrigações, haja vista o caráter de
indenização à parte lesada pela não celebração do contrato.

Contudo, como o foco do artigo é tratar das arras com base no CDC,
conclui-se que a regra apregoada no Código Civil não é aplicada com a mesma
rigidez quando se trata de relação de consumo, isto porque, o artigo 418 do Código
Civil deve ser interpretado em conjunto com o artigo 53 do CDC.

Da análise aos julgados, observou-se que a 2ª Seção do Superior Tribunal


de Justiça firmou entendimento no sentido de que o promitente-comprador tem
direito a receber a restituição parcial das parcelas pagas, incluindo as arras.

Isto significa dizer que o promitente-comprador não perde a totalidade do


valor dado a título de arras, devendo ser retido apenas parte deste pagamento. Esta
retenção tem oscilado entre 10% e 25%, percentual que o STJ tem entendido como
razoável.

38
REsp 476.775/MG, Rel. Ministro Ruy Rosado de Aguiar, Quarta Turma, DJU 4/8/2003; REsp 712408/MG, Rel.
Min. Aldir Passarinho Junior, AgRg no REsp 735827/MG, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, DJ 11/09/2006;
REsp 907856/DF, Rel. Min. Sidnei Beneti, DJe 01/07/2008.

100
HOFFMANN, Allan Rodrigues; MARTINS, Queila Jaqueline Nunes. A retenção das arras à luz do código de
defesa do consumidor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas
da UNIVALI. v. 4, n.1, p. 90-102, 1º Trimestre de 2013. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044

No entanto, geralmente o consumidor já pagou além das arras, parte das


prestações da obrigação, nesse caso, devendo todos os valores serem computados
para o cálculo do percentual a ser devolvido, vale frisar, incluindo as arras.

As ementas colacionadas tratam de bem imóvel que o promitente-comprador


adquiriu e não conseguiu honrar com as obrigações devido às dificuldades
financeiras, motivo pela qual o contrato foi rescindido e devolvido um percentual das
arras.

Destarte, cabe esclarecer que esta proibição de retenção da integralidade


das arras não vale só para este acontecimento, mas sim para todos os casos em
que haja relação consumo, devendo ser aplicado mutatis mutandis39, de acordo com
cada situação.

Dessa maneira, com base no que foi pesquisado, fica verificado que foi
possível atender ao objetivo geral do trabalho, no sentido de se investigar como a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem fixado a retenção das arras com
base no CDC.

Espera-se ter contribuído para os estudos jurídicos, uma vez que a cada dia
surgem novos entendimentos e situações merecedoras de novas pesquisas.

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS

BRASIL. Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916. Institui o Código Civil. Disponível


em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L3071.htm>. Acesso em 16 de maio de
2012.
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do
consumidor e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm>. Acesso em 22 de maio de
2012.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em 22 de
maio de 2012.

39
Expressão latina que significa “muda-se o que deve ser mudado”. Disponível em:
<http://www.advogado.adv.br/termosjuridicos.htm>. Acesso em 22 de maio de 2012.

101
HOFFMANN, Allan Rodrigues; MARTINS, Queila Jaqueline Nunes. A retenção das arras à luz do código de
defesa do consumidor. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas
da UNIVALI. v. 4, n.1, p. 90-102, 1º Trimestre de 2013. Disponível em: www.univali.br/ricc - ISSN 2236-5044

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Terceira Turma. Recuso Especial nº


1.056.704 – MA (2008/0103209-1). Relator: Ministro Massami Uyeda. D.J.
28/04/2009. Disponível em:
<https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ita.asp?registro=200801032091&dt_publicac
ao=04/08/2009>. Acesso em 22 de maio de 2012.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Terceira Turma. Recuso Especial nº
1.222.139 – MA (2010/0197043-8). Relator: Ministro Massami Uyeda. D.J.
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DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria das obrigações
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FIUZA, Cesar. Direito Civil: curso completo. 14. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2010.
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PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 12. ed. Rio de Janeiro:
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