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VINICIUS MARQUES, FERNANDA RAMOS, GABRIELE TEIXEIRA, CARLOS

ARTHUR, OLIVIA MAIA, BRUNO HENRIQUE

TESTES RAPIDOS PARA IDENTIFICAÇÃO DE MAYV, ZIKV, CHIKV E


DENGUE
Reduzindo diagnósticos imprecisos, para que o tratamento seja preciso e
eficiente

Ouro Branco / MG – 2018


INTRODUÇÃO
Os testes laboratoriais convencionais são operacionalmente complexos,
requerem profissionais especializados e infraestrutura laboratorial apropriada.
Além disso, o prazo para entrega dos resultados desses testes pode ser longo,
levando o indivíduo a se desinteressar pelo resultado do teste e à consequente
perda deste pelo sistema de saúde.
Testes rápidos são, primariamente, recomendados para testagens presenciais.
Podem ser feitos com amostra de sangue total obtida por punção venosa ou da
polpa digital, ou com amostras de fluido oral. Dependendo do fabricante, podem
também ser realizados com soro e (ou) plasma.
A primeira vantagem significativa dos testes rápidos é que eles possibilitam a
liberação dos resultados e a assistência ao paciente em uma única consulta.
Os testes rápidos não necessitam de estruturas laboratoriais ou de profissionais
graduados para sua execução, assim como dispensam o transporte de amostras
e a necessidade de coleta de sangue venoso. Além disso, a aplicação de testes
rápidos auxilia na prevenção da transmissão vertical, facilita o diagnóstico em
populações-chave e promove o acolhimento imediato, dentro da estrutura
assistencial do SUS.
Outro importante fator é permitir ao médico identificar com precisão qual o agente
patológico que desperta aqueles sintomas, haja visto que dengue, mayaro e zika
tem seus sintomas normalmente confundidos quando a consulta não conta com
recursos de diagnósticos laboratoriais.

Figura 1 - Tabela de sintomas

Esses testes, que podem ser realizados durante atendimento ou consulta em


qualquer local, aumentam a resolutividade do SUS ao facilitar, ao indivíduo, o
conhecimento de sua situação imunológica.
A seguir, estão listadas situações e locais em que se indica a utilização dos
testes rápidos.
• Rede de serviços de saúde sem infraestrutura laboratorial, ou localizados
em regiões de difícil acesso.
• Programas do Ministério da Saúde (MS), como o Rede Cegonha, o
Programa de Saúde da Família, o Consultório na Rua e o Quero Fazer,
dentre outros.
• Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) e Unidade de Testagem
Móvel (UTM).
• Segmentos populacionais flutuantes.
• Laboratórios que realizam pequenas rotinas (rotinas com até cinco
amostras diárias para diagnóstico).
• Prontos-socorros.
• Maternidades.
• Segmentos populacionais mais vulneráveis.

OBJETIVO
A rápida propagação do zika vírus e sua associação com microcefalia fetal e
outros defeitos congênitos (síndrome congênita do zika) apresentam uma
necessidade urgente de testes diagnósticos sensíveis e específicos ( 1 , 2 ). As
diretrizes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças para o diagnóstico
laboratorial da infecção pelo zika vírus incluem um PCR positivo para transcrição
reversa o mais rápido possível após o início dos sintomas para confirmar o zika
vírus e um resultado negativo do teste IgM para excluir o vírus Zika ( 3 ). O teste
sorológico continua sendo um componente crucial do diagnóstico de zika, pois a
maioria das infecções por vírus Zika é assintomática, muitas pessoas procuram
o vírus Zika além do período durante o qual o RNA é detectável eo vírus Zika
pode ser transmitido sexualmente ou após infecção assintomática ( 1- 3 ).
O vírus Zika pertence à família Flaviviridae , na qual vários arbovírus, incluindo
os 4 sorotipos do vírus da dengue (DENV-1–4), causam doenças substanciais
em humanos. Devido à reatividade cruzada do anticorpo antienvelope para o
vírus Zika e outros flavivírus, resultados de IgM positivos ou equívocos baseados
na proteína do envelope requerem testes adicionais com testes de neutralização
de redução de placa ( 3 - 5 ). Esses testes podem confirmar a aquisição do zika
vírus como a primeira infecção por flavivírus (infecção primária pelo zika vírus
[pZIKV]), mas são mais difíceis de interpretar para aqueles que sofreram
infecções anteriores por flavivírus.
Vários estudos demonstraram que o soro imune ao DENV e os anticorpos
monoclonais podem melhorar a replicação do zika vírus in vitro e in vivo ( 6 - 9 )
e levantaram preocupações de que a infecção prévia pelo DENV possa aumentar
o risco ea gravidade da síndrome congênita do zika. Um estudo recente relatou
que um bloqueio não-estrutural da proteína 1 (NS1) baseado em ELISA de
ligação pode distinguir o vírus Zika e outras infecções por flavivírus ( 10 ).
No entanto, não consegue distinguir o pZIKV, a infecção pelo zika vírus com
dengue prévia (DENV-ZIKV) e as infecções secundárias por DENV (sDENV),
que são críticas nas regiões endêmicas do vírus Zika e DENV.

COMO SERÁ FEITO


Os testes rápidos podem ser usados para pesquisar antígenos ou anticorpos
contra os agentes infecciosos para os quais foram projetados. Caso o teste seja
para pesquisa de anticorpos, haverá antígenos (usualmente proteínas sintéticas)
imobilizados, na membrana de nitrocelulose, para a captura dos anticorpos
presentes na amostra. Caso a pesquisa seja para antígenos, haverá anticorpos
imobilizados para a captura dos antígenos presentes na amostra.

✓ Coleta de amostras
O sangue circula pelo corpo humano através do coração, de artérias, capilares
e veias. Sua principal função é o transporte de oxigênio, gás carbônico,
hormônios e nutrientes, bem como de resíduos do metabolismo até os órgãos
de excreção.
Além disso, o sangue tem papel regulador na distribuição de calor, do equilíbrio
ácido-básico e do equilíbrio osmótico, sendo formado por uma fase sólida e por
outra líquida.
A fase sólida contém os glóbulos brancos (neutrófilos, eosinófilos, basófilos,
linfócitos e monócitos), os glóbulos vermelhos (hemácias) e as plaquetas. A fase
líquida do sangue é o plasma, no qual a fase sólida está suspensa.
Denomina-se sangue total a amostra coletada por punção venosa em tubo
contendo anticoagulante ou mesmo o sangue coletado por punção digital.
Quando se utiliza uma amostra de sangue total, significa que não houve a
separação da parte sólida e da parte líquida do sangue.
O plasma é um líquido de cor amarelada, que compõe cerca de 55% do volume
total do sangue. Contém água, sódio, gases, nutrientes, hormônios, enzimas e
proteínas, como fibrinogênio, globulinas e albumina. O plasma é obtido por meio
da coleta de sangue, em um tubo contendo substância anticoagulante.
Por sua vez, o soro é a parte líquida obtida após a coagulação do sangue,
coletado em tubo sem anticoagulante. Na formação do coágulo, o fibrinogênio é
consumido.
O fluido crevicular gengival é o líquido encontrado no sulco gengival, contendo
proteínas plasmáticas e anticorpos. Obtém-se esse fluido pressionando a
gengiva acima dos dentes. Alguns testes rápidos podem ser feitos com essa
amostra biológica.
✓ Testes por imunocromatografia de fluxo lateral
Características: utilizam uma membrana de nitrocelulose subdividida em quatro
áreas.
• Área de amostra (A), onde é aplicada a amostra e a solução tampão.
• Área intermediária (I), que contém o conjugado, geralmente composto de
ouro coloidal ligado a anticorpos (imunoglobulinas).
• Área de teste (T), que contém os antígenos fixados à membrana de
nitrocelulose, onde se lê o resultado da amostra testada.
• Área de controle (C), local de controle da reação e que permite a validação
do teste.

Figura 2 - Representação esquemática de um teste de imunocromatografia de fluxo lateral

✓ Como funciona?
1. A amostra é colocada no local indicado, na membrana (área A).
2. A solução tampão é colocada sobre a amostra.
3. Os anticorpos da amostra fluem lateralmente pela membrana, passando pela
área I, onde se inicia a ligação com o conjugado e prosseguem em direção à
área de teste (T).
4. Na área T, o complexo anticorpo-conjugado liga-se aos antígenos do agente
infeccioso investigado, formando uma linha (ou banda) colorida.
5. O conjugado não ligado ao anticorpo e o excesso do complexo imune
continuam a migração, ao longo da membrana de nitrocelulose, em direção à
área C, onde são capturados por anticorpos anti-imunoglobulina, formando outra
linha (ou banda) colorida.

Figura 3 - Ilustração do funcionamento de um teste rápido de fluxo lateral.


Resultado:

Figura 4 - Interpretação dos resultados do teste de imunocromatografia de fluxo lateral.

RESULTADOS, IMPACTOS SOCIAIS, AMBIENTAIS E ECONOMICOS


Impactos sociais
Destacam-se como impactos a redução das solicitações de sorologia
convencional acarretando na diminuição do tempo entre diagnóstico e início de
tratamento; Aumento da captação de novos pacientes assintomáticos, além de
reduzir filas e custos operacionais para a realização de exames convencionais.
Os benefícios desses deles são muitos. A agilidade na realização, leitura e
interpretação dos resultados facilitam o diagnóstico do paciente, proporcionando
uma orientação e, se necessário, o tratamento imediato.
Não é necessário estar em jejum, preparo especifico ou indicação médica para
realizar o teste. Basta procurar um profissional habilitado da equipe de saúde.
Ele com certeza poderá orientar o interessado. Se você tem dúvidas ou teve
comportamento de risco, vá até o posto de saúde mais próximo da sua casa.

Impactos econômicos
Evidentemente os impactos econômicos são muitos, primeiramente ao fato da
democratização do acesso ao teste, haja visto a praticidade e os baixos custos
por unidade, facilitando assim o acesso de milhões de pessoas em condições de
risco e para cidades menores do interior que não contam com dispositivos
tecnológicos para a realização de exames convencionais.
Outro grande contribuinte para acreditar na proeminência dos testes rápidos são
a facilidade em que há de transporta-los e posteriormente oferta-los em regiões
de difícil acesso onde coincidentemente, são as áreas com o maior número de
registros endêmicos. Além de indicar ao medico com exatidão qual é o agente
patológico de seu paciente, evitando assim gastos desnecessários com
tratamentos inadequados e ineficazes.

Impactos ambientais
O maior risco ambiental é representado pelo chamado lixo infectante.
Caracteriza-se pela presença de agentes biológicos como sangue e derivados,
secreções e excreções humanas, tecidos, partes de órgãos, peças anatômicas;
além de resíduos de laboratórios de análises e de microbiologia, de áreas de
isolamento, de terapias intensivas, de unidades de internação, assim como
materiais perfurocortantes e testes rápidos.
Portanto faz-se necessário observar as resoluções vigentes em relação ao
descarte de resíduos da área de saúde onde deverão se adequar às regras
dispostas na Resolução nº 33, de fevereiro de 2003, que dispõe sobre o
Regulamento Técnico e a destinação final dos resíduos de serviços de saúde.
De acordo com a resolução, desde postos de saúde, farmácias, necrotérios até
clínicas veterinárias serão responsáveis por todo o lixo que gerarem. Esses
locais têm que seguir normas que garantam a proteção dos profissionais que
trabalham diretamente com o gerenciamento dos resíduos, constituindo um
conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de
bases científicas e técnicas, normativas e legais.
O objetivo é minimizar a produção de resíduos e proporcionar ao conteúdo
gerado, um encaminhamento seguro, visando a proteção dos trabalhadores, a
preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente.
Uma das normas a ser cumprida, segundo a Resolução nº 33, é a exigência do
treinamento dos profissionais das prestadoras de serviço de limpeza, para que
procedam com a devida segurança para prevenir acidentes e os riscos de
contaminação.

Figura 5 - Lixo hospitalar descartado de forma irregular


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. BRANSON, B. M. Point-of-Care Rapid Tests for HIV Antibodies. J Lab Med , 27(7/8):
288-295, 2003.
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Rapid HIV. Current Infectious Disease Reports; 8:125-131, 2006.
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4. FIEBIG, E. W.; WRIGHT, D. J.; RAWAL, B. D.; GARRETT, P. E.; SCHUMACHER, R.
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BUSCH, M.P. Dynamics of HIV viremia and antibody seroconversion in plasma donors:
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outubro de 2018)

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