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Quando se passa muito tempo desenvolvendo uma pesquisa, ela acaba despertando a

curiosidade daqueles que tentam tirar vantangem dos outros. Não seria diferente em Thentia. Que
apesar de ser relativamente neutra, tem suas desavenças de vez em quando.

Barulhos na calada da noite. Um som estridente de vidro se quebrando. "temos companhia".


Um jovem aprendiz se derperta e segue até o salão principal da casa de seu mestre. Cinco homens
encapuzados reviram todos os tipos de frascos e livros. Ladrões. O que querem é simples: uma pequena
oportunidade de vender a pesquisa de seu senhor.

Uma vela é acesa. "não será uma prece senhores, infelizmente essa não é a casa de um
sacerdote do divino". A vela se apaga. a escuridão volta a tomar conta conta do recinto, mas agora não
são apenas seis pessoas. Um medo súbito toma o corpo dos ladrões, eles sabem que não deveriam ter
adentrado tal lugar. Sabiam que era a residência de um mago. Porém, a criatura que surgiu diante deles
não era um mago, nem mesmo era humano; a criatura tinha uma glaive em suas mãos. Houve um breve
som de carne rasgando misturado a grunhidos de dor, seguido do silêncio que acompanha a morte.
"obrigado Barbazu, por hora é o suficiente". O aprendiz guarda sua vela, ficando novamente sozinho na
escuridão. Com um breve gesto de mãos e poucas palavras, um servo invisível é conjurado "por favor,
limpe essa bagunça". O aprendiz segue na direção de seus aposentos, apenas para ser interrompido
pelo chamado de seu mestre. Mais um dia se inicia para o mago Sedridor.

Todavia, nem sempre forá assim. Sedridor era o filho de um mercador chamado Grindor, e
Selina, que morreu no parto de Sedridor. Pai e filho passavam muito tempo juntos, Grindor treinava o
filho para ser um mercador, afinal, o comércio de tecidos estava na famíia a três gerações. Quando
Sedridor completou 12 anos, seu pai o levou para uma viagem de negócios. Até o presente momento,
Grindor possuía duas tecelagens, que visitava frequentemente, tanto para checar o bom andamento do
serviço tanto para recolher o lucro de seus investimentos. As lojas tinham sede em Mulmaster - onde o
trabalho se baseavo no varejo de tecidos e pedidos de clientes, e Melvaunt - Onde os tecidos eram
produzidos e repassados pelo Mar da Lua. A viagem de negócios que seu pai havia proposto partiria de
Mulmaster, onde Sedridor cresceu e sempre morou, para Melvaunt. A viagem foi planejado com
antecedência, seria por uma rota segura que Grindor sempre usava, afinal, o Mar da Lua estava
sofrendo muitos ataques piratas naquela época.

A viagem ocorreu tranquilamente até o terceiro dia, quando uma outra embarcação apareceu
no horizonte, provavelmente um navio militar, julgando pelo tamanho, provavelmente para garantir a
rota dos mercadores locais. Quando estavam próximos de mais para retornar, o navio hasteou velas
negras: Piratas!

Um alvoroço tomou os tripulantes, mas não havia uma carga grande o suficiente para que o
saque valesse a pena. A tripulação se rendeu assim que os piratas invadiram o convés. Toda a tripulação
foi amarrada com correntes de metal. Os piratas observavam cuidadosamente a todos. Os pensamentos
de Grindor formavam uma tempestade em sua mente, isso não terminaria bem. Sua viagem deveria
correr normalmente, sua rota era muito longe dos pontos atacados por piratas, não possuiam riquezas a
bordo. Porquê os piratas se preucupariam em aborda-los? Seus pensamentos foram interrompidos por
uma voz:

-Qual de vocês é Grindor Blodgaldari? - Perguntou um pirata baixo e gordo, com uma adaga presa a
cintura, aparentemente humano.

-Sou eu... - Respondeu Grindor com receio.

O pirata se aproxima, e com um movimento curto, enterra a lâmina de sua adaga no abdômem de
Grindor. Sua expressão é rapida, a vida sai nitidamente de seu corpo, não há mais forças nem para um
último adeus.

- Pai! - Sedridor entra em desespero, seu pai está diante dele em seus ultimos minutos e sente pela
primeira vez, a impotência de sua vida simplória entre lágrimas e dor.

O pirata ri, e manda que levem os tripulantes para o porão do navio pirata. Sedridor é forçado a
andar por outro pirata, que o surrou uma ou duas vezes para que se recomposse. A imagem de seu pai
sendo jogado nas águas frias do Mar da Lua, jamais deixou sua memória. Os piratas levam o navio
abordado como um bônus pelo serviço, provavelmente requisitado por outro comerciante de tecidos.

A viagem prossegue, agora em condições desumanas. Presos naquele porão, sem esperança, os
tripulantes estavam arrasados, mas não piores que Sedridor. Passos na escada. o alçapão do porão se
abre. Os prisioneiros são conduzidos para fora. São deixados com negociantes de escravos de Melvaunt.
Os piratas vendem sua carga escrava e o navio roubado, e deixam o porto.

Algumas semanas de trabalho braçal se passam, a maioria dos tripulantes já havia sido
vendidos, com exclusividade, os homens jovens com braços fortes, capaz de navegarem novamente
para outro negociante escravista. Mas Sedridor nunca fora forte ou agil, belo ou habilidoso. Custaria a
ser vendido. Meses se passam, os dias são cada vez mais cansativos, Sedridor sente a falta da
comodidade de Mulmaster.

Um homem velho de cabelos negros, de feições que demonstravam insônia, com vestes
surradas, adentra o galpão de escravos. Ao ser recebido pelo negociador, o mesmo diz precisar de um
escravo para sua residência, capaz de ler e escrever, que possa ser facilmente subjugado por um velho.
O escravista então oferece o jovem Sedridor, que é olhado com desdém pelo velho. com a comprovação
de sua capacidade como escriba, o menino é comprado por apenas 50 moedas de ouro. Sedridor
aprendeu a não fazer perguntas, ele não era mais um negociante de tecidos, era um escravo, e tinha
que saber o seu lugar. Ele segue o homem até a saída, o homem toca seu ombro e em um piscar de
olhos, estão em outro lugar. O homem de vestes surradas era um mago.

-Bem vindo a Thentia, menino. - diz o mago

-Senhor, meu nome é Sedridor - não se sabe ao certo se o mago não intendera ou se não fez questão da
informação que recebeu, mas o ódio do tapa que deu no rosto do menino jogou-o no chão.
-Você fala quando for ordenado, não sou seu amigo, você não tem o direito de pensar ou ter vontades,
tudo que você vai fazer é obedecer minhas ordens. - Interrompe o mago - agora me acompanhe.

Sedridor segue o mago para dentro de sua casa. Era uma casa magestosa. Duas torres altas nas
extremidades, um salão central que acomodaria 50 pessoas, se não estivesse tão cheia de livros e
anotações, uma cozinha de cerca de 30 metros quadrados, com prateleiras cheias de itens exóticos, que
não pareciam ser comestíveis; A torre da direita levava aos aposentos do mago, além de um laboratório
de alquimia e um observatório no topo; A torre da esquerda possuia cerca de doze aposentos, que
foram modificados para serem uma biblioteca vertical. Cada andar da torre era destinado a algum tema
mágico, com excessão do ultimo, que era onde o mago desenvolvia sua própria pesquisa; Por fim, havia
uma sala nos fundos da casa, que servia como dispensa, havia uma cama, uma escrivaninha e muitas
teias de aranha, era ali que sedridor passaria as noites, quando seu mestre lhe permitisse.

O mago explicou ao menino o motivo de estar ali: houve um problema ao tentar criar um portal
para um plano elemental da água, que resultou na inundação de um andar inteiro de sua preciosa
biblioteca. incontáveis livros perderiam seu conteúdo, ao menos que alguém os reescrevesse. O dia de
Sedridor se baseava em limpar a propriedade do mago, que parecia interminavel, preparar a refeição
para o mago, limpar os espelhos e janelas ou remover a sujeira dos passaros que insistiam em colorir os
telhados. Sempre havia o que fazer. e quando o mago lhe ordenava, devia então, reescrever as
escrituras, até seus dedos sangrarem e seu pulso doer. Como o mago o havia alertado, ele não era seu
amigo, era seu dono, que de vez em quando o punia por uma tarefa mal feita.

Os anos se passaram, Sedridor já havia se contentado com seus afazeres diarios. Era trabalhoso,
mas pelo menos o mago o alimentava e o deixava dormir as vezes. Sedridor se preparava para começar
seu trabalho com os livros, quando se deparou com um Grimório de um mago qualquer. Para sua
surpresa, o grimório era interessante, tanto que ao invés de trabalhar, começou a lê-lo. O mago havia
ido até a cidade e só voltaria a noite. O garoto lia e tentava ao máximo entender do que se tratava.
Decidiu arriscar, começou a ler o mesmo feitiço diversas vezes. "Talvez seja algo útil", pensou. Quando
acreditava estar pronto, fez o seu melhor para conjurar a magia, mas infelizmente nada aconteceu.
Chateado, resolveu voltar ao serviço, mas antes que pudesse pegar a pena, a mesma veio até sua mão
magicamente. O garoto, que sofreu tanto durante a vida sorriu, e depois de anos, falou novamente
"consegui, eu consegui!" A euforia do menino foi interrompida por um mago zangado que observava.
Ele voltou antes do prometido, e estava raivoso com seu escravo.

Sedridor explicou ao seu mestre o que fizerá, que por sua vez, escutou com atenção. Quando
terminou o mago disse "Muito bem menino, acaba de ganhar mais uma tarefa". Agora o mago permitia
que o garoto estudasse em suas horas vagas que passaram a ser mais recorrentes. Ainda tinha que
manter tudo organizado e transcrever os livros, mas agora podia ler o quanto quisesse e conjurar magias
inofensivas.

Aos poucos, Sedridor ganhou a confiança de seu mestre, que se revelou um homem justo afinal.
Seu mestre lhe mostrou sua pesquisa: Um bestiário, contendo as criaturas de vários planos diferentes. O
mago pede ajuda ao menino, que deveria ter seus 20 anos aproximadamente, dizendo que não poderia
proteger a pesquisa sozinho, ele estava doente, e não viveria muito mais. O mago ordena então, que
Sedridor continue sua pesquisa e a proteja com a própria vida. Sedridor aceita. Sua vida tinha um
objetivo novamente. Seria um mago, dono de um conhecimento invejável. "O mundo pelos olhos de
Vard Hardstone". As gravuras, a informação, fascinaram o menino.

O tempo passou, Sedridor aperfeiçoou seus poderes, ficou mais forte e mais inteligente. Se
especializou em conjurações, podia convocar criaturas para lutarem por ele, assim, podia dedicar-se ao
estudo místico. Frequentemente, alguém tentava invadir a propriedade de seu mestre, mas nunca
ninguém saiu. Sedridor era implacavel.

Mas o dia chegou. Era chegada a hora de Sedridor ir mundo a fora para seguir a pesquisa de seu
mestre moribundo. Com a benção de Vard, Sedridor Blodgaldari, partiu para se tornar mais forte do que
poderia sequer imaginar, um defensor do conhecimento, um mago, não mais um menino, não mais um
comerciante ou um escravo. Mas principalmente, não mais um aprendiz, mas agora, Um Mestre.

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