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CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO
Comunicação e Ciências Sociais
Prof.ª Doutorª Cristina Ponte
CONSTRUINDO
ONSTRUINDO UM G UIÃO
JOANA F. F. DUARTE
1º Ano, Turma B, 22977
duartejff@hotmail.com
I. Introdução
Na origem da palavra pessoa estende-se um significado dramático: máscara: aquilo que
vestimos em qualquer situação e através do qual nos apresentamos a nós e aos outros.
Reflecte aquilo que queremos ser e que desejamos que o outro pense de nós, e, assim, não é
possível separar o “eu” do ambiente social em que nos encontramos. É daqui que, em última
instância, advém o termo personalidade.
Erving Goffman (1922-1982), sociólogo e escritor canadiano, foi o primeiro a contribuir com
uma análise da interacção simbólica 1 inspirada na dramaturgia, que se destaca de outras
teorias sociológicas pois enfatiza não a causa do comportamento humano, mas o seu
contexto, e fê-lo através da obra A Apresentação do Eu na Vida de Todos os Dias i (The
Presentation of Self In Everyday Life, no original). O livro explora a multiplicidade das
interacções diárias e mundanas e providencia uma análise detalhada dos processos através dos
quais elas se processam.
II. Análise
Goffman utiliza, assim, a “a perspectiva […] da representação teatral; os princípios
correspondentes […] de ordem dramática” (Goffman 1993:9). Segundo a sua teoria, a
interacção entre os indivíduos é vista como um desempenho, moldado pelo ambiente e pela
audiência e construído para providenciar aos outros impressões correspondentes aos seus 2
objectivos, e é à exploração destes conceitos que se dedica o primeiro capítulo da obra em
questão.
altura do desempenho e que actuam como o seu “pano de fundo” (Goffman 1993:34), e de
seguida pela “aparência” e pelo “modo”, que constituem a fachada pessoal. Estes elementos
vão ajudar a construir o papel social desempenhado pelo actor, e para ser bem sucedido este
tem de aliar, de forma consistente, as respectivas coacções ao comportamento interactivo.
Existe a tendência de que esta apresentação integre e ilustre as normas, leis e “valores
oficialmente reconhecidos pela sociedade” (Goffman 1993:49-50), ao contrário do que
aconteceria caso o indivíduo não se encontrasse perante uma audiência, a que o autor chama
de IDEALIZAÇÃO.
Como foi já referido anteriormente, para ser bem sucedido, o desempenho deve ser
consistente, sendo isto assegurado pela MANUTENÇÃO DO CONTROLO EXPRESSIVO. Na
construção da fachada, a informação é muitas vezes dada sob uma série de diferentes sinais e
recursos comunicativos, o que pode levar a mal entendidos, pelo que o indivíduo deve
proceder a um esforço de controlo, consonância e rigor para garantir que todos esses recursos
são correctamente compreendidos e que a impressão geral gerada no público é a desejada.
Uma possível FALSA REPRESENTAÇÃO refere-se aos perigos de passar a mensagem errada. A
audiência tende a classificar o desempenho como genuíno ou falso, e o indivíduo tenta evitar
que a audiência duvide ou não creia nele. 3
Informação perturbadora ou que possa penalizar a imagem do indivíduo é escondida ou
camuflada através da MISTIFICAÇÃO, tornando proeminentes as características legítimas ao
papel social e ao quadro do qual o desempenho decorre. Este processo pode também ser
utilizado para inflacionar o interesse da audiência.
III. Conclusão
Apesar de ter sido publicada em 1959, a obra de E. Goffman continua actual. Nos contextos
mais básicos ou complexos do dia-a-dia de cada um é possível aplicar a metáfora teatral para
explicar a forma como os seres humanos se apresentam de acordo com os valores culturais,
normas e expectativas.
Goffman sugere que a vida é um teatro, que a identidade de um indivíduo não é estável e
independente e que não corresponde exclusivamente a uma entidade ou estado psicológico,
mas que esta é constantemente alterada e reconstruída à medida que uma dada pessoa
interage com outros e desempenha uma série de papéis.
No entanto, no meu entendimento, uma pequena janela abre-se para questionar se é ou não e
até que ponto importante ter em conta aquilo que existe para além da sala de espectáculos e
que ultrapassa, é anterior, posterior ou extrapolado à interacção simbólica com outros
indivíduos e que se restringe ao espaço privado dentro de cada um.
Notas
1
É de assinalar que o interaccionismo simbólico é a corrente sociológica de que o trabalho
em estudo de Erving Goffman deriva, que tenta entender a vida social focando-se no modo
como a realidade é construída por actores activos e criativos através das suas interacções
com os outros.
Referências Bibliográficas
i
Goffman, Erving (1959). A Apresentação do Eu na Vida de Todos os Dias (pp. 29-95). Lisboa:
Relógio d’Água, 1993.
http://en.wikipedia.org/wiki/Goffman