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DO EU NA VIDA
COTIDIANA
Erving Goffman
Erving Goffman
(Mannville, 11/06/22 - Filadélfia, 19/11/82)
◦ Goffman usa expressões que lhes são muito caras ao longo da sua discussão e que
reafirmam a perspectiva da representação teatral e os princípios dramatúrgicos da sua
obra: “ator”, “observadores”,
◦ Situações para ilustrar o ciclo contínuo de crença e descrença:
1) o indivíduo que encontra-se focado no seu desempenho pode estar sinceramente
convencido que a impressão de realidade / encenada é a própria realidade (sincero);
2) quando o ator não se encontra plenamente convencido da sua prática, descrente
da sua própria atuação e desinteressado pelo seu público, o indivíduo pode ser cínico.
Capitulo I – Representações
Fachada
3) A representação sofre por uma incorreta direção dramática (cenário não funciona ou é
equivocado).
Capitulo I – Representações
Representação Falsa
◦ Para o autor, essa posição precária em que se coloca o ator poderá causar-lhe
humilhação ou até a perda permanente da sua reputação, caso aconteça algo durante a
sua representação que evidencie um erro ou algo que contradiga o que declarava
abertamente.
Capitulo I – Representações
Mistificação
◦ Cada ator conta com auxiliares e diretores para a representação. Mesmo a interação entre
duas pessoas pode ser considerada como a interação entre duas equipes de um membro só.
◦ Uma plateia impressionada somente por um cenário, na ausência de qualquer ator, estaria
sendo impressionada por uma equipe sem membros.
◦ O ator que acredita em seu próprio papel torna-se sua própria plateia e seu próprio assistente.
Capitulo II – Equipes
◦ Para que a representação de uma equipe tenha efetividade, é preciso manter a
concordância unânime sobre a linha de ação. Para isso, é preciso confiar que o outro
representará corretamente.
◦ Os membros da equipe se diferem pelo grau de permissão que cada um tem para dirigir a
representação. A representação em equipe geralmente conta com um diretor.
◦ O diretor tem a função de trazer de volta à linha de ação um membro cuja interpretação se
torna inconveniente e estimular uma demonstração de envolvimento afetivo adequado. O
diretor também pode ser responsável por distribuir os papéis e as fachadas de cada papel.
Capitulo III – Regiões e comportamento regional
◦ Região é um lugar limitado por barreiras à percepção. Representações geralmente ocorrem em regiões
mais limitadas.
◦ A representação de um indivíduo numa região de fachada pode seguir dois tipos de padrão:
2) O decoro, diz respeito às ações não verbais que são feitas no raio de alcance perceptivo da plateia, sem
que o ator esteja necessariamente conversando com ela. O decoro não diz respeito exclusivamente a ações
do tipo moral, mas também do tipo instrumental.
◦ Os aspectos que são suprimidos aparecem na região de fundo ou bastidor. O bastidor é o lugar onde não se
espera que o público entre, onde os segredos do espetáculo são guardados e os atores se livram dos
personagens. “Nenhuma instituição social pode ser estudada sem que surjam problemas relativos ao
controle dos bastidores”.
◦ Uma intromissão é controlada fazendo com que os atores mudem sua caracterização de modo a incorporar
o intruso, ou então recebendo o intruso como se ele fosse muito bem-vindo, tirando a seriedade da
representação.
Capitulo IV – Papéis Discrepantes
◦ Um dos problemas das representações é o controle das informações. Uma equipe precisa garantir que o
público não terá acesso às informações destrutivas, que são as informações capazes de destruir a definição
de situação que está sendo mantida pela representação. Para isso, é preciso criar estratégias para lidar com
papéis discrepantes, aqueles com acesso privilegiado aos segredos de uma equipe.
◦ Para manter o controle das informações, a equipe precisa se certificar que cada membro tome cuidado
com as pessoas que admitirá como colega e confidente. Um indivíduo pode se tornar um renegado
quando, mantendo-se leal ao seu papel, resolve trair aqueles que o representam falsamente.
Capitulo V – Comunicação Imprópria
◦ Às vezes um ator transmite informações incompatíveis com a impressão oficialmente mantida durante a interação.
1) o tratamento dos ausentes: refere a um tratamento inapropriado da plateia quando na ausência dela;
2) a conversa sobre a encenação: também ocorre entre membros de uma equipe, longe da presença da plateia.
Nesse caso, são geralmente discutidos problemas e detalhes da encenação que precisam ser esclarecidos;
3) a conivência da equipe: ocorre quando um membro precisa ajudar o outro a transmitir uma informação correta
durante uma interação, mas não pode fazê-lo visivelmente, para não estragar a projeção do personagem do
companheiro; e
4) as ações de realinhamento: servem para restabelecer um membro da equipe que esteja se comportando de
modo inapropriado à linha de ação definida pela equipe.
Capitulo VI – A Arte de Manipular a Impressão
◦ Para representar com sucesso um personagem, o ator precisa, em primeiro lugar, evitar rupturas na
representação.
◦ Quando isso acontece de modo não intencional, dizemos que ele cometeu um passo em falso ou ato falho.
◦ Quando sua contribuição intencional destrói a imagem da própria equipe, trata-se de uma gafe.
◦ Quando o ator inadvertidamente põe em risco a imagem da sua personalidade projetada pela outra equipe,
chamamos de mancada.
Capitulo VI – A Arte de Manipular a Impressão
Atributos e Práticas Defensivas
◦ As práticas defensivas da representação são:
◦ As práticas protetoras correspondem a práticas defensivas padronizadas, nas quais se destacam duas:
◦ O estabelecimento social é o lugar limitado por barreiras à percepção onde uma equipe
de atores coopera para apresentar à plateia uma definição da situação, algumas vezes na
presença de estranhos, que são o terceiro elemento.
Capitulo VII – Conclusão
◦ Sobre a representação do “eu”, cabe notar que o indivíduo é visto sob duas perspectivas:
a do ator e a do personagem. A própria estrutura do “eu” depende do modo como
representações de nós mesmos são arranjadas. O “eu” não é produto do indivíduo, mas
da encenação que nos torna capazes de sermos interpretados pelos observadores. Os
atributos do ator são de natureza psicológica, mas parecem surgir da íntima interação
com as contingências da representação no palco.