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MATRIZES CLÁSSICAS

IMITAÇÃO & EMULAÇÃO


ASSIMILAÇÃO & INTERPRETAÇÃO
INTERTEXTUALIDADE & RECEPÇÃO
MATRIZES CLÁSSICAS
“A escritura dramatúrgica de Tennessee Williams faz uso
recorrente de símbolos e de elementos associados a fontes da
mitologia grega e da literatura europeia das eras clássica, burguesa
e moderna. Essa característica evidencia uma forte afinidade do
autor com as matrizes culturais associadas a esses elementos”.
(Maria Silvia Betti, in: A descida de Orfeu)

The battle of angels (1940)/Orpheus descending (1957)/The fugitive kind ( 1959)


MATRIZES CLÁSSICAS

“A Antiguidade clássica é um tema que existe na


defasagem entre nós e o mundo dos gregos e
romanos. As questões levantadas pelos clássicos
são as questões levantadas pela distância que nos
separa do mundo ‘deles’ e, ao mesmo tempo, pela
proximidade e pela familiaridade desse mundo
para nós – em nossos museus, em nossa literatura,
em nossas línguas, cultura e modos de pensar”.
(Mary Beard e John Henderson)
MATRIZES CLÁSSICAS
VALORES ROMANOS
Pietas
Fides
Virtus

Lares
Manes
Penates

Fuga de Troia
Livro II da Eneida

Galeria Borghese
Bernini (1616)
Estatueta etrusca em terracota
Museo di Villa Giulia (Roma) IV a.C.
MATRIZES CLÁSSICAS
PRODÍGIO
Episódio de Laocoonte
Livro II da Eneida

Museu do Vaticano,
séc. I d.C.?
MATRIZES CLÁSSICAS

GRAECIA CAPTA FERVM VICTOREM CEPIT


ET ARTIS INTVLIT AGRESTI LATIO.
Horácio, Ep.2.1,156

Gênero literário & métrica antiga

Poesia lírica, épica, didática, dramática.


Prosa: epistolografia, filosofia, historiografia.
MATRIZES CLÁSSICAS
Leituras: trechos de livros na pasta 197 (R$5)
BEARD, Mary e HENDERSON, John. Antiguidade: uma brevíssima
introdução. (1998)
MARQUES JUNIOR, Milton. Dicionário da Eneida, de Virgílio – livro I:
Eneias na Líbia.(2011)
MARQUES JUNIOR, Milton. Dicionário da Eneida, de Virgílio – livro II:
narrativa de Eneias – a destruição de Troia.(2011)
SOUSA, Eudoro de. Catábases: estudos sobre viagens aos infernos na
Antiguidade. (2013)
VASCONCELLOS, Paulo Sérgio de. Épica I: Ênio e Virgílio. (2014)

Artigo: Imitação, emulação, modelos e glosas: o paradigma da mímesis


na literatura dos séculos XVI, XVII e XVIII (2009)
Thiago César Viana Lopes Saltarelli
http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/aletria/article/view/1517
Principais pés métricos
• jambo ou iambo: ˘ ˉ

• troqueu: ˉ ˘

• espondeu: ˉ ˉ

• dactilo ou dátilo: ˉ ˘ ˘
Exemplo de uso da métrica para tradução
• “Sonnet” de Elizabeth Bishop (1979):
ănd thĕ cōmpăss nēedlĕ
wōbblĭng ănd wāv[e]rĭng,
ùndĕcīdĕd.

• Tradução de Paulo Henriques Britto (2012):


Nă būssŏla, a ăgūlhă
ŏscīla ĕm tĕrrīvĕl
ĭrrĕsòlŭçāo.
Exemplo de troqueu
• “The Raven” de Edgar Allan Poe (1845)
Ōnce ŭpōn ă mīdnĭght drēarῨ, whīle ĭ
pōnd[e]rĕd wēak ănd wēarῨ

• “O Corvo” de Fernando Pessoa (1924)


Nūmă mēiă nōite ăgrēstĕ, quāndo ĕu līă,
lēnto ĕ trīstĕ,
O CORVO

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,


Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais."
MATRIZES CLÁSSICAS
ENEIDA
Ārmă uĭrūmquĕ cănō, Trōiāe quī prīmŭs ăb ōrīs Métrica: hexâmetro datílico
Italiam fato profugus Lauiniaque uenit Assonância e aliteração, rima não.
litora – multum ille et terris iactatus et alto
ui superum, saeuae memorem Iunonis ob iram,
multa quoque et bello passus, dum conderet urbem,
Inferretque deos Latio; genus unde Latinum,
Albanique patres atque altae moenia Romae.

Canto as armas e o homem que das praias de Troia


primeiro chegou à Itália e a litorais lavínios, fadado
a fugir. Ele foi lançado muito em terras e no mar
por força dos deuses, em razão da teimosa ira da rude Juno.
Muito sofreu também na guerra até que fundasse a Urbe
e levasse seus deuses ao Lácio, daí o povo latino,
os patriarcas albanos e as muralhas da elevada Roma.
MATRIZES CLÁSSICAS
OS LUSÍADAS
1 Decassílabo heroico
As armas e os barões assinalados, (6ª e 10ª)
Que da ocidental praia Lusitana, Oitava rima:
Por mares nunca de antes navegados, ABABABCC
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
2
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
Traduções da proposição da Eneida
• Barreto Feio (séc.XIX): decassílabo heroico
Eu canto as armas e o barão primeiro,
que, prófugo de Troia por destino,
à Itália e de Lavínio às praias veio.
Muito por mar e terra contrastado
foi do poder dos numes, pelas iras
esquecidas jamais da seva Juno:
muito sofreu na guerra, antes qu’em Lácio
cidade erguesse e introduzisse os deuses:
d’onde a gente latina origem teve,
d’Alba os padres, e os muros d’alta Roma.
Traduções da proposição da Eneida
• Odorico Mendes (1854): decassílabo heroico

Armas canto e o varão que, êxul de Troia,


Primeiro os fados prófugo aportaram
Na Hespérica Lavino. Em mar e em terra
Muito o encontrou violenta mão suprema,
E o lembrado rancor da seva Juno;
Muito em guerras sofreu, na Ausônia quando
Funda a cidade e lhe introduz os deuses:
Donde a nação latina e albanos padres
E os muros vêm da sublimada Roma.
Traduções da proposição da Eneida
• David Jardim Jr. (1969): prosa
Canto as armas e o varão que, expulso pelo
destino das praias de Troia para a Itália, chegou
primeiro ao litoral da Lavínia. Por muito tempo, na
terra e no mar, esteve à mercê dos deuses
superiores, incitados pela ira sempre lembrada da
cruel Juno. Muitas provações, também, sofreu na
guerra, para fundar uma cidade e trazer os seus
deuses ao Lácio. Daí saíram o povo latino, os
antepassados albanos e as muralhas da poderosa
Roma.
Traduções da proposição da Eneida
• Carlos Alberto Nunes (1981): versos de 16 sílabas

As armas canto e o varão que, fugindo das plagas de Troia


por injunções do Destino, instalou-se na Itália primeiro
e de Lavínio nas praias. A impulso dos deuses por muito
tempo nos mares e em terras vagou sob as iras de Juno,
guerras sem fim sustentou para as bases lançar da cidade
e ao Lácio os deuses trazer – o começo da gente latina,
dos pais albanos primevos e os muros da Roma altanados.
Intertextualidade e alusão
Para Vasconcellos:
• Intertextualidade é mais que arrolar fontes 
cria sentidos
• Relações intertextuais: há as mais explícitas e
as menos explícitas
• Citações de passagens: modelo exemplar
• Retomada de regras: modelo código
Os poemas homéricos são, para a Eneida,
“uma espécie de matriz gerativa: um modelo
de competência[...] ‘Escrever à maneira de’
significa generalizar; o que de fato se imita
são estilos, convenções, normas, gêneros”.
Assim Virgílio escreve como Homero mesmo
em passagens em que não imita uma cena
específica da Ilíada ou da Odisseia.

Vasconcellos citando Gian Biagio Conte


ībānt ōbscūrī sōlā sūb nōctĕ pĕr ūmbrăm (VI, 268)

Barreto Feio: Iam de noite sós pelos sombrios


Odorico: De erma noite iam sós no escuro envoltos
Jardim Jr.: Marchavam escondidos na noite deserta,
através das sombras
Nunes:
Sēm văcĭ|lār, ădiăn|tārăm-sĕ|pēlŏ nĕ|grūmĕ dă|nōitĕ
5
Ībānt| ōbscū|rī sō|lā sūb| nōctĕ pĕr| ūmbrăm
5
ENEIDA: outro momento do livro I

• Mito fundador e civilizador prenunciado


por Júpiter (versos 257-296)

discurso em 1ª pessoa
Templo de Vesta no Fórum romano; escultura
de Reia Sílvia, vestal, mãe de Rômulo e Remo.
MATRIZES CLÁSSICAS
ENEIDA
Livro I, 257-296: Júpiter e o mito/história de Roma.

“O trecho expressa concretamente essa divisão entre tempos


mítico e histórico com uma precisão surpreendente: a fala
completa de Júpiter se constrói com quarenta hexâmetros, e
o nome de Rômulo aparece no vigésimo, exatamente no
meio da narrativa. Contudo, para o discurso atemporal de
Júpiter, essa divisão não faz qualquer sentido e, desse modo,
sobrepõem-se realidades históricas a acontecimentos
lendários e míticos, que se desenvolvem indistinta e
naturalmente, mantendo sempre entre si uma relação de
causalidade evolutiva”.
(Márcio Thamos)
in: Permanência Clássica (2011) ou
http://www.olhodagua.ibilce.unesp.br/index.php/Olhodagua/article/viewFile/13/10
Tivo Lívio: ab urbe condita, I.IV
Tenet fama, cum fluitantem alueum, quo expositi erant
pueri, tenuis in sicco aqua destituisset, lupam
sitientem ex montibus qui circa sunt ad puerilem
uagitum cursum flexisse;
eam submissas infantibus adeo mitem praebuisse
mammas ut lingua lambentem pueros magister regii
pecoris inuenerit – Faustulo fuisse nomen ferunt –
ab eo ad stabula Larentiae uxori educandos datos.
Sunt qui Larentiam uolgato corpore lupam inter
pastores uocatam putent; inde locum fabulae ac
miraculo datum.
Tivo Lívio: História de Roma, I.IV
Consta que, uma vez que a água calma havia depositado
no seco o cesto flutuante no qual tinham sido expostos
os meninos, uma loba sedenta desviou seu caminho
desde os montes vizinhos em direção ao choro infantil;
dócil a tal ponto tinha ela oferecido suas tetas às crianças
que a encontrou lambendo os meninos o pastor do
rebanho régio (chamado Fáustulo, dizem), dali tendo-
os levado para o estábulo e os entregue à esposa
Larência para que serem educados.
Há quem especule que Larência, mulher desfrutável,
fosse chamada pelos pastores de “loba”, daí a ocasião
para a fábula e o prodígio.
ENEIDA: livro II e o desfecho da
guerra de Troia

• Virgílio, com a narrativa de Eneias,


preenche uma lacuna deixada por Homero
(versos 3-804).
MATRIZES CLÁSSICAS
ENEIDA
LIVRO II, 40-49

Primus ibi ante omnis magna comitante caterua


Laocoon ardens summa decurrit ab arce,
et procul “o miseri, quae tanta insania, ciues?
Creditis auectos hostis? Aut ulla putatis
dona carere dolis Danaum? Sic notus Vlixes?
Aut hoc inclusi ligno occultantur Achiui,
aut haec in nostros fabricata est machina muros,
inspectura domos uenturaque desuper urbi,
aut aliquis latet error; equo ne credite, Teucri.
Quidquid id est, timeo Danaos et dona ferentis”.
MATRIZES CLÁSSICAS
ENEIDA
LIVRO II, 40-49

Primeiro, antes de todos, acompanhando-o uma multidão,


irritado, Laocoonte desce rápido do alto da cidadela
e, de longe, diz: “Infelizes concidadãos, que insânia é essa?
Credes que partiram os inimigos? Ou julgais que não têm dolo
os presentes dos dânaos? Esse é o Ulisses que conhecemos?
Ou se ocultam aqueus encerrados nessa madeira
ou esta máquina foi fabricada contra nossos muros,
pronta a espionar as casas e a investir sobre a cidade.
Ou algum malfeito se aloja. Não creiais no cavalo, teucros!
Seja o que for, temo os dânaos mesmo quando dão presentes.
Prodígio: prodigium, monstrum,
portentum, miraculum
versos 199-227
Prodígio: Heitor ordena fuga do
herói
versos 268-297

“Sacra suosque tibi commendat Troia Penates


hos cape fatorum comites, his moenia quaere
magna, pererrato statues quae denique ponto”.

Sic ait et manibus vittas Vestamque potentem


aeternumque adytis effert penetralibus ignem.

(versos 293-297)
Prodígio: estrela guia
versos 675-720

Talia uociferans gemitu tectum omne replebat,


Cum subitum dictuque oritur mirabile monstrum.
(versos 679-680)
Livro VI: CATÁBASE

• Diálogo dos Mortos


(Luciano II d.C.)
• Auto da Barca do
Inferno (Gil Vicente
1517)
Apresentação de Ivan
Teixeira para Ateliê Editorial
MATRIZES CLÁSSICAS
ENEIDA
Livro VI: catábase

“O poeta romano não só introduz o pormenor do


enigmático ramo de ouro (passaporte para a
entrada na casa dos espíritos) e a presença de
uma sibila que conduz o troiano, como opta por
um mundo infernal dividido em setores distintos,
cada um com sua peculiaridade. Na pintura desse
mundo não se detém apenas na referência a
episódios mitológicos, (...)
MATRIZES CLÁSSICAS
ENEIDA

(...) vale-se da oportunidade para aludir a algumas


das teorias filosóficas que se ocuparam da pós-
morte: a platônica, a pitagórica, a neoplatônica, a
órfica; aproveita dados da doutrina estoica e
encontra o momento adequado para expô-los;
funde na mesma realidade o mito e a história;
compõem uma narrativa em que se evidencia,
acima de tudo, o simbolismo alegórico”.

(Zélia de Almeida Cardoso, A literatura latina)


Catábases: mito e realidade
• O ramo de ouro (Eneida, Livro VI versos 145-8)
ergo alte uestiga oculis et rite repertum
carpe manu; namque ipse uolens facilisque sequetur,
si te fata uocant; aliter non uiribus ullis
uincere nec duro poteris conuellĕre ferro.
Co’os olhos altos o procura; e, achado,
O corta com a mão segundo o rito;
Que fácil e espontâneo há de ceder-te;
Se é qu’os fados te chamam: d’outra sorte
Jamais o poderás com força alguma
Nem quebrar, nem cortar com duro ferro. (trad. Barreto Feio)
ENEIDA: livro VI trechos

versos 295-332: descrição (Caronte)


versos 384-425: travessia
versos 687-723: encontro com o pai
versos 788-800: império romano
versos 847-853: clemência romana
ENEIDA: livro VI trechos
versos 847-853: clemência romana

Outros saberão, com mais arte, não duvido,


modelar e animar o bronze; tirar do mármore figuras
vivas; pleitear com mais eloquência e melhor calcular
os movimentos do céu e prever o curso dos astros:
tu, romano, lembra-te de governar os povos sob teu
domínio. Tuas artes consistirão em impor as
condições da paz, poupar os vencidos e subjugar os
soberbos.
Catábases: mito e história
“Catábase, no étimo da palavra, é uma descida” (Eudoro, p.209)

“...além de um gênero ‘poético’, cujas espécies se


representam gloriosamente pelos cantos XI da
Odisseia e VI da Eneida, há um gênero ‘filosófico’,
cujos espécimes mais conhecidos são os mitos de Er,
do livro X da República de Platão e o ‘Somnium
Scipionis’ que termina a República de Cícero”.
(Eudoro de Souza, p.209)
Catábases: mito e história
“Experiência única do herói, visão do futuro” (Eudoro, p.210)

A respeito dos cantos IX e X d’ Os Lusíadas e a máquina


do mundo:

“Experiência única e culminando em uma visão do


futuro, - se tal é a essência das catábases -, catábase
é, decerto, o final d’Os Lusíadas, e os traços comuns
justificam, pelo menos, um ‘paralelo’...”
(Eudoro de Souza, p.210)
Catábases: mito e história
“Qualquer catábase é, sobretudo, um mito” (Eudoro de Souza, p.43)

Assimilação e interpretação
Interpretatio graeca:
“...do ponto de vista histórico cultural, aquilo que
vulgarmente passa por mitologia da Grécia é apenas
uma interpretação grega do mito pré-helênico, mais
concretamente, um conjunto de emergências de
substratos egeo-asiânicos e de adstratos orientais,
que só em parte foram assimilados, através da
poesia e da plástica, pela cultura indo-europeia que
lhes sobrevém.”
(Eudoro de Souza, p.52)
Catábases: mito e realidade
Reinterpretação
Os significados encontrados nessas histórias, diferentes
versões e interpretações, proliferam; o espúrio lado a
lado com o elevado. Esse fenômeno de “bola de
neve” instigou aqueles que estudam a Grécia e a
Roma clássicas a repensar, vez após outra, não apenas
o que os mitos significaram outrora, mas também
como isso difere de (e é aprofundado por) suas
interpretações posteriores.
(Beard & Henderson, p. 85)
MATRIZES CLÁSSICAS
TEATRO COMO GÊNERO LITERÁRIO: poesia dramática
Poética, de Aristóteles
Arte Poética, de Horácio (ler p.33 a 49 do PDF)
http://www.eduardoguerreirolosso.com/Horacio-arte_poetica.pdf

COMÉDIA & TRAGÉDIA: Plauto e Sêneca


prólogo de Anfitrião na dissertação de Lilian Nunes da Costa
http://www.classicas.ufpr.br/recursos/anfitriao.pdf
Anfitrião, uma tragicomédia? Zélia de Almeida Cardoso
http://www.seer.fclar.unesp.br/itinerarios/article/viewFile/1167/947
Revista Fapesp “O teatro do engano”
http://revistapesquisa.fapesp.br/2014/02/12/o-teatro-engano/
recepção da Medeia de Sêneca, dissertação Renata Cazarini de Freitas
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8143/tde-09102015-
135558/pt-br.php
https://www.almendron.com /artehistoria/historia-de-espana/edad-antigua/el-teatro-romano/c atalogo-de-piezas/generos-y-autores-relieves/
Arte Poética ou Epístola aos Pisões (Epistola ad Pisones), Horácio (c.15 a.C.)

Metro iâmbico para o diálogo v.80 e v.250


Éthos da personagem v.120
Cenas de palco e bastidores – relato de mensageiro v.185
Cinco atos, três atores com falas v.190
Coro como personagem da ação dramática v.195
Sobre Plauto v.270
Histórico da tragédia v.275
Histórico da comédia v.280
Drama histórico (praetexta) comédia romana (togata) v.285

Plauto é comédia de tema grego (palliata)


Sêneca é tragédia de tema grego (cothurnata)
• Personagens tipo da comédia plautina:

seruus audax – escravo audacioso


miles gloriosus – soldado fanfarrão
senex lepidus – velho assanhado
mala meretrix – prostituta maldosa
periurus leno – rufião falsário
adulescens – jovem
•Desde o prólogo, a personagem Mercúrio avisa que a peça será
uma “tragicomédia” (tragicocomoedia, v. 59 e 63), por conta das
personagens que participam da ação: reis e deuses (reges quo
ueniant et di, v. 61), que ele afirma serem próprios das tragédias, e
um escravo (seruus, v. 62), típica personagem cômica.
•Na análise de alguns trechos da peça, revelam-se não apenas
elementos trágicos, mas também épicos (especialmente no
discurso de batalha de Sósia, v. 186 – 247, 250 – 62) e até
mesmo líricos (sobretudo a ária de Alcmena, v. 633 – 53); mas é
possível que os dois últimos tipos de alusão genérica venham a
confluir na obra por meio das referências ao próprio gênero
trágico, o qual, como é notório, normalmente carrega consigo
também algo da épica e da lírica.
•Uma observação mais atenta sugere, afinal, que em Anfitrião as
menções e alusões a outros gêneros que não a comédia têm
intento paródico, contribuindo para o humor da peça.

LILIAN NUNES DA COSTA


MESCLAS GENÉRICAS NA “TRAGICOMÉDIA” ANFITRIÃO
Agora, exporei primeiro o que vim aqui pedir; depois,
contarei o argumento desta tragédia. Por que vocês
franziram a testa? Porque eu disse que será uma tragédia?
Sou um deus, vou mudar! Essa mesma, se quiserem, farei
com que de tragédia seja comédia, com todos os mesmos
versos. Vocês querem que seja assim ou não?
Mas eu sou um bobo, como se não soubesse o que vocês
querem, sendo eu um deus. Sei qual é o pensamento de
vocês acerca desse assunto. Farei com que seja mista:
uma tragicomédia. Pois não julgo correto eu fazer com
que ela seja do início ao fim uma comédia, uma vez que
vêm aqui reis e deuses. E então? Visto que aqui escravo
também tem seus papéis, farei com que seja, por essa
razão que eu disse, uma tragicomédia.

Tragicocomoedia (v. 59): provável neologismo plautino, numa ordem dos


elementos inversa à dos registros gregos: peças da Comédia Média
intituladas komoidotragoidia e a hilarotragoidia de Rintão (IV-III a.C.).
Recepção de Plauto

• Anfitrião (206 a.C.)> Anfitrião, de Molière


(1668) > Um deus dormiu lá em casa, de
Guilherme Figueiredo (1949)
• Aululária (195 a.C.)> O Avarento, de Molière
(1668) > O Santo e a Porca, de Ariano Suassuna
(1958)
Recepção de Plauto
http://www.unicerp.edu.br/vestibular2017/ARIANO-SUASSUNA_O-SANTO-E-A-PORCA.pdf
TRAGÉDIA LATINA – MEDEIA

O autor latino é herdeiro de uma mitopoética de Medeia bem estabelecida pelos


gregos Hesíodo (VIII a.C.), Píndaro e Eurípides (V a.C.), Apolônio de Rodes (III
a.C.) e pelos romanos – ainda que nos tenham restado apenas fragmentos –
Ênio (III a.C.), Ácio (II a.C.), Ovídio (I a.C.), entre outros.

A peça homônima de Eurípides (480-406 a.C.) certamente era conhecida de


Sêneca, contudo estão separadas por um intervalo de quatro séculos. As
pesquisas mais atuais, pelo menos desde o artigo de R. J. Tarrant em 1978
sobre os antecedentes da dramaturgia senequiana, adotam a visão de que a
obra estaria mais vinculada a uma tradição latina da qual nos restam apenas
fragmentos. Num artigo posterior, Tarrant afirma que a “paternidade literária” da
Medeia senequiana engloba tanto o grego Eurípides quanto o latino Ovídio.

A trama da peça senequiana é, na essência, a mesma da euripidiana, mas há


diferenças relevantes, como, entre outras, as seguintes: o isolamento de Medeia
na peça latina diante de um Coro hostil; a caracterização da protagonista como
plenamente integrada aos elementos da natureza, inclusive com uma cena de
ritual mágico inexistente no texto grego; a ausência da personagem Egeu, rei de
Atenas, que promete refúgio a Medeia na versão de Eurípides; o assassinato
dos filhos em cena, enquanto é ação de bastidor no teatro ático.
Lírica
LÍRICA E LUGAR-COMUM, de Francisco Achcar (1994)

Prólogo
Parte 1: 1.Lírica e lugar-comum
Parte 2: 2.Genealogia do Carpe Diem (apenas pp.73 a 85)
3. Variações horacianas: Carpe Diem

https://ayrtonbecalle.files.wordpress.com/2015/07/achcar-f-lc3adrica-e-lugar-comum.pdf

O LIVRO DE CATULO (Tradução, Introdução e Notas de J.Ângelo Oliva Neto)

Introdução
https://books.google.com.br/books?id=e9x9ZaBiIJoC&printsec=frontcover&hl=pt-
BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=true
CATULO 85 (dístico elegíaco)

Odeio e amo. Talvez querias saber “como”?


Não sei. Só sei que sinto e crucifico-me.
Elegia lírica
Itatiaia-RJ, 1943

http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/elegia-lirica
REPTO, de Vinícius de Moraes (1954)

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