João Antonio X America

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A UMA DAS VARAS CÍVEIS DA COMARCA DE

JÕAO ANTONIO, inscrito no CPF sob nº , xxxxxxx, residente e


domiciliado na rua xxxxxxxx, vem à presença de Vossa Excelência, propor:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA


ANTECIPADA

Em face de AMERICA INCORPORAÇÕES, pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no CNPJ sob nº xxxxxxx, com sede em xxxxxxxxx, pelos
motivos e fatos que passa a expor.

BREVE RELATO DOS FATOS

Trata-se de hipoteca registrada no imóvel xxxxxxxx, em decorrência


de empréstimo bancário contraído junto ao Banco do Brasil pela
incorporadora, ora ré. Ocorre que, após totalmente quitada a dívida, conforme
provas que junta em anexo, passados mais de xxxxx tempo após o pagamento,
não houve a baixa da inscrição da hipoteca.

A conduta negligente do Réu, além de muitos aborrecimentos, transtornos


e constrangimentos, causaram graves prejuízos ao Autor.

O Autor buscou uma solução junto à empresa Ré, conforme demonstra em


anexo, a qual se manteve inerte, razão pela qual intenta a presente ação.

DA OBRIGAÇÃO DE FAZER

Conforme narrado, o Autor tentou obter o cumprimento da obrigação por


parte do Réu inúmeras vezes, e o mesmo não o fez, sendo necessária a
intervenção Estatal para que determine a baixa da hipoteca.

Afinal, conforme sumulado pelo STJ, outras obrigações assumidas pelo


Réu que não são de responsabilidade do Autor: Súmula 308 do STJ: "A
hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior
à celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os
adquirentes do imóvel."

Trata-se obrigação que deve ser imediatamente cumprida, por


manifestamente prejudicial e constrangedor ao Autor, independente de
qualquer obrigação anterior assumida pela Ré, conforme precedentes sobre o
tema:

 APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL. DIREITO DO


CONSUMIDOR. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO
DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. IMOBILIÁRIO.
PROMESSA DE COMPRA E VENDA. TERMO DE
QUITAÇÃO. ENTREGA. HIPOTECA. BAIXA. INÉRCIA
DA INCORPORADORA. SÚMULA 308/STJ. DANOS
MORAIS. CONFIGURADO. QUANTUM. RAZOÁVEL.
RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
SENTENÇA MANTIDA.1. No caso em análise, a
autora/apelada firmou contrato de promessa de compra
e venda com a ré/apelante e mesmo depois de ter
quitado todas as obrigações contratuais, não conseguiu
obter o termo de quitação e nem a baixa da hipoteca
que recairá sobre seus imóveis.2. Incorporadora alega
que não pode realizar a baixa da hipoteca em virtude
de ter adquirido contrato de mútuo com agente
financeiro e que depende da quitação do referido
contrato.3. Conforme a Súmula 308 do STJ: A hipoteca
firmada entre a construtora e o agente financeiro,
anterior ou posterior à celebração da promessa de
compra e venda, não tem eficácia perante os
adquirentes do imóvel. Portanto, configurada a
responsabilidade das rés.4. Incasu, as partes
realizaram contrato de promessa de compra e venda
em 2010, com prazo de entrega para 2012. Apesar do
atraso na entrega do imóvel, a promitente
compradora realizou a quitação do imóvel em abril
de 2015; contudo, transcorridos seis meses, a
vendedora não havia realizado a baixa da
hipoteca.4.1. Assim, a extrema demora da
promitente vendedora, impedindo que compradora
usufruísse do bem mesmo após a quitação,
ultrapassa a mero inadimplemento contratual ou os
dissabores diários; razão pela qual, configurada a
violação ao patrimônio imaterial da autora.5. Quanto
ao valor da indenização, o julgador deve avaliar a dor
do ofendido, proporcionando-lhe um conforto material
capaz de atenuar o seu sofrimento.(...).6. Recurso
conhecido e não provido. Sentença mantida. (TJDFT,
Acórdão n.1096182, 20160110082062APC, Relator(a):
ROMULO DE ARAUJO MENDES, 1ª TURMA CÍVEL,
Julgado em: 02/05/2018, Publicado em: 17/05/2018)
 PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
BAIXA NA HIPOTECA. DESPESAS DE
CANCELAMENTO DA H IPOTECA. COISA JULGADA.
1. Trata-se de agravo de instrumento interposto pela
CAIXA contra decisão que, em fase de cumprimento de
sentença, determinou que efetuasse o depósito do
valor relativo às despesas com o c ancelamento da
hipoteca a ser efetivado pelos autores, ora agravados.
2. Da leitura do comando judicial, transitado em julgado
em 29/11/2011, constata-se que a CAIXA foi
condenada nas seguintes obrigações de fazer: dar
quitação ao contrato e proceder à baixa da h ipoteca e
demais gravames do imóvel objeto da ação. 3. Neste
sentido, as decisões proferidas entre 15/03/2013 a
20/04/2016 determinaram à CAIXA que providenciasse
as medidas necessárias para baixa da hipoteca junto
ao competente Cartório de Registro de Imóveis.
Todavia, embora diversas vezes intimada, a CAIXA não
cumpriu com a obrigação, sempre apresentando
documentação insuficiente para tanto. 4. Assim, após
decorridos quase seis anos do trânsito em julgado
sem que a CAIXA cumprisse com a determinação
judicial, adequada a providência adotada na
decisão agravada em determinar que os autores
executem a baixa da hipoteca, com transferência
dos ônus cartorários para a agravante,
considerando que a prenotação realizada pelos
agravados foi cancelada por inércia da CAIXA, em
prejuízo dos mesmos, e em observância, ainda, ao
disposto no art. 497 do CPC. 5. A transferência dos
ônus relativos às despesas cartorárias não viola a coisa
julgada, porquanto, segundo o comando judicial, a
obrigação em proceder à baixa da hipoteca era da
CAIXA, o que incluiria, consequentemente, a quitação
das despesas desse procedimento junto ao Cartório de
Registro de Imóveis, tratando-se de decorrência lógica
da obrigação de fazer fixada no comando judicial. 1 6 .
Recurso desprovido. (TRF2, Agravo de Instrumento
0012894-20.2017.4.02.0000, Relator(a): FLAVIO
OLIVEIRA LUCAS, 7ª TURMA ESPECIALIZADA,
Julgado em: 25/05/2018, Disponibilizado em:
04/06/2018)

Ademais, o simples descumprimento da obrigação imposta ao Réu vem


causando graves prejuízos ao Autor, sendo, portanto, indenizáveis, conforme
preconiza o Código Civil:

 Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
 Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um
direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Nesse mesmo sentido, é a redação do art. 402 do Código Civil que


determina: “salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e
danos devidas ao credor abrangem, além do que efetivamente perdeu, o
que razoavelmente deixou de lucrar”.
Dessa forma, se faz imperioso a intervenção Estatal para fins de que seja
determinada a imediata baixa da hipoteca, cumulada com indenização de
danos materiais e morais.

DO DANO MORAL

Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova testemunhal que


que será produzida no presente processo, o dano moral fica perfeitamente
caracterizado pelo dano sofrido pelo Autor ao , expondo o Autor a um
constrangimento ilegítimo, gerando o dever de indenizar, conforme preconiza o
Código Civil em seu Art. 186.

Trata-se de proteção constitucional, nos termos que dispõe a Carta


Magna de 1988 que, em seu artigo 5º:

o Art. 5º - (...) X - são invioláveis a intimidade,


(...) a honra, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;

E nesse sentido, a indenização por dano moral deve representar para


a vítima uma satisfação capaz de amenizar de alguma forma o abalo
sofrido e de infligir ao causador sanção e alerta para que não volte a
repetir o ato, uma vez que fica evidenciado completo descaso aos transtornos
causados.

Neste sentido é a lição do Exmo. Des. Cláudio Eduardo Regis de


Figueiredo e Silva, ao disciplinar o tema:

o "Importa dizer que o juiz, ao valorar o dano


moral, deve arbitrar uma quantia que, de acordo
com o seu prudente arbítrio, seja compatível
com a reprovabilidade da conduta ilícita, a
intensidade e duração do sofrimento
experimentado pela vítima, a capacidade
econômica do causador do dano, as
condições sociais do ofendido, e outras
circunstâncias mais que se fizerem
presentes" (Programa de responsabilidade civil.
6. ed., São Paulo: Malheiros, 2005. p. 116). No
mesmo sentido aponta a lição de Humberto
Theodoro Júnior: [...] "os parâmetros para a
estimativa da indenização devem levar em conta
os recursos do ofensor e a situação econômico-
social do ofendido, de modo a não minimizar a
sanção a tal ponto que nada represente para o
agente, e não exagerá-la, para que não se
transforme em especulação e enriquecimento
injustificável para a vítima. O bom senso é a
regra máxima a observar por parte dos juízes"
(Dano moral. 6. ed., São Paulo: Editora Juarez
de Oliveira, 2009. p. 61). Complementando tal
entendimento, Carlos Alberto Bittar, elucida
que "a indenização por danos morais deve
traduzir-se em montante que represente
advertência ao lesante e à sociedade de que
se não se aceita o comportamento assumido,
ou o evento lesivo advindo. Consubstancia-se,
portanto, em importância compatível com o vulto
dos interesses em conflito, refletindo-se, de
modo expresso, no patrimônio do lesante, a fim
de que sinta, efetivamente, a resposta da ordem
jurídica aos efeitos do resultado lesivo
produzido. Deve, pois, ser quantia
economicamente significativa, em razão das
potencialidades do patrimônio do
lesante" (Reparação Civil por Danos Morais, RT,
1993, p. 220). Tutela-se, assim, o direito violado.
(TJSC, Recurso Inominado n. 0302581-
94.2017.8.24.0091, da Capital - Eduardo Luz,
rel. Des. Cláudio Eduardo Regis de Figueiredo e
Silva, Primeira Turma de Recursos - Capital, j.
15-03-2018)

Portanto, considerando que o Réu ultrapassou os limites razoáveis do


exercício de seu direito, afetando seriamente a dignidade do Autor o expondo
ao ridículo, devida indenização por danos morais.

A narrativa demonstra claramente o grave abalo moral sofrido pelo Autor


em manifesto constrangimento ilegítimo. A doutrina ao lecionar sobre a matéria
destaca:

o “O interesse jurídico que a lei protege na espécie


refere-se ao bem imaterial da honra, entendida
esta quer como o sentimento da nossa dignidade
própria (honra interna, honra subjetiva), quer
como o apreço e respeito de que somos objeto
ou nos tornamos mercadores perante os nossos
concidadãos (honra externa, honra objetiva,
reputação, boa fama). Assim como o homem
tem direito à integridade de seu corpo e de seu
patrimônio econômico, tem-no igualmente à
indenidade do seu amor-próprio (consciência do
próprio valor moral e social, ou da própria
dignidade ou decoro) e do seu patrimônio
moral.” (CAHALI, Yussef Said. Dano Moral. 2ª
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1998, p.
288).
Assim, diante da evidência dos danos morais em que o Autor fora
acometido, resta inequívoco o direito à indenização.

E nesse sentido, a indenização por dano moral deve representar para a


vítima uma satisfação capaz de amenizar de alguma forma o abalo sofrido e de
infligir ao causador sanção e alerta para que não volte a repetir o ato, uma vez
que fica evidenciado completo descaso aos transtornos causados.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto requer:

a) O deferimento da gratuidade judiciária requerida, nos termos do Art.


98 do CPC;

b) A concessão do pedido liminar para fins de que seja determinando


ao Réu que proceda à imediata baixa da hipoteca no imóvel, sob pena
de multa diária pelos descumprimento;

c) Que seja, no mesmo ato, citada a ré, para responder a presente


demanda, querendo;

d) A total procedência da presente ação, para confirmado os efeitos da


antecipação da tutela se deferida, e no mérito, seja determinado ao
Réu para que proceda a baixa definitiva da hipoteca sobre o imóvel ,
bem como seja condenado à indenização por danos materiais em valor
correspondente a R$ XXXXXX , bem como danos morais em valor não
inferior a R$ ; XXXXX.

e) A condenação do Requerido, em custas e honorários de


sucumbência, e cominação de multa diária a ser arbitrada pelo MM.
Juízo, caso não seja cumprido espontaneamente o determinado em
antecipação de tutela e final sentença de mérito;

f) A produção de todas as provas admitidas em direito;

g) Manifesta o interesse na realização de audiência conciliatória nos


termos do art. 319, VII, do CPC.

Dá-se à causa o valor de R$ xxxxx, ou seja, equivalente ao preço do imovel.

Pede e espera Deferimento.

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