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Sumário

Introdução: Os medicamentos são diferentes 9


1. O colosso de US$ 200 bilhões 19

2. A criação de um novo medicamento 37

3. Quanto a indústria farmacêutica realmente gasta em P&D? 53


69
4. Exatamente em que grau essa indústria é inovadora?
5. indústria
Medicamentos
farmacêutica
de imitação – o principal negócio91
da

6. Até que ponto os novos medicamentos são bons?


111

7. Venda agressiva... Chamarizes, subornos e propinas


131

8. Marketing disfarçado de informação educativa 151

9. Marketing disfarçado de pesquisa 171

10. O jogo das patentes – como prorrogar monopólios 187

11.de
Copoder
mpra de influência
fazer – como a indústria se 207
o que quer certifica
página 8 acabou?
12. A festa 231

13. Como salvar a indústria farmacêutica – e pagar


o preço justo por medicamentos 251

Posfácio 275
Agradecimentos 279

Notas 281
Índice 305
Página 9

Introdução:
Os medicamentos são diferentes

Todos os dias, os americanos são expostos a uma sucessão


interminável de publicidade da indústria farmacêutica. Associada a
recomendações de algum medicamento específico – que geralmente
mostra pessoas de bela aparência divertindo-se ao ar livre –, vem uma
mensagem mais abrangente. Reduzida à sua essência, ela diz o
seguinte: “É verdade, os remédios são caro mesmo, mas isso só
mostra como são valiosos. Além disso, nossos curtos de pesquisa e
desenvolvimento são enormes, e precisamos cobri-los de algum modo.
Como empresas ‘dependentes da pesquisa’, produzimos um fluxo
ininterrupto
Página 10 de medicamentos inovadores que prolongam a vida,
melhoram
americanosua qualidade e evitam
de livre-iniciativa. cuidados
Portanto, médicos
sejam gratos, mais
paremcaros.
de Vocês
são os beneficiários desse sucesso constante do sistema
choramingar e paguem o valor devido.” Em termos prosaicos, o que a
indústria está dizendo é que você paga pelo que você recebe.
Sua bolsa ou sua vida

E alguma parte disso tudo é verdade? Bem, sem dúvida a primeira


parte é. Os custos dos medicamentos de fato são altos – e continuam a
subir com rapidez. Atualmente os americanos gastam o assombroso
total de US$ 200 bilhões por ano em medicamentos vendidos sob
prescrição médica, e esse medicamento está crescendo a uma taxa de
12% ao ano (uma redução em relação à taxa máxima de crescimento,
em 18%, em 1999).1 Os medicamentos são o segmento que cresce
com maior velocidade no orçamento do atendimento de saúde – que,
por sua vez, também apresenta uma subida alarmante. O aumento no
gasto com remédios reflete, em partes quase iguais, o fato de que as
pessoas estão tomando muito mais medicamentos do que antes; de que
é mais provável que esses medicamentos sejam drogas recentes, em
vez das mais velhas e mais baratas; e de que o preço dos
medicamentos mais prescritos sofre elevação rotineira,
ocasionalmente algumas vezes por ano.
medicamentos vendidos sob prescrição médica em 2002. Esse valor
refere-se a vendas diretamente ao consumidor em farmácias e através

de encomenda postal (quer pagas do próprio bolso, quer não), e inclui


os quase 25% de margem de lucro para atacadistas, farmacêuticos e
outros intermediários e varejistas. Não inclui, porém, as elevadas
quantias gastas em medicamentos administrados em hospitais, asilos
ou consultórios médicos (como é o caso de muitas drogas para
combate ao(ou
A receita câncer).
volumeNade
maior partedas
vendas) dasempresas
análises do setor, essesé um
farmacêuticas
pouco diferente,são
medicamentos peloalocados
menos nacomo
forma
custos
comodessas
apareceinstituições.
registrada nos
resumos dos relatórios anuais da empresa. Geralmente, os nu-
Página 21
meros referem-se às vendas da empresa no mundo inteiro, aí incluídas
as vendas a instituições do setor de saúde. Entretanto, não é incluída a
receita
IMSde intermediários
Health, e varejistas.
talvez a fonte mais citada de estatísticas sobre a
indústria farmacêutica, estimou o total das vendas de medicamentos
vendidos sob prescrição médica no mundo inteiro em cerca de 400
bilhões de dólares em 2002. Cerca da metade coube aos Estados
Unidos. Portanto, o colosso de 200 bilhões de dólares é na realidade
um megacolosso de 400 bilhões de dólares, mas pretendo neste livro
concentrar o foco em como os laboratórios farmacêuticos operam nos
Deve-se entender, porém, que é praticamente impossível ser exato
EstadosàUnidos.
quanto maioria desses valores. Antes de chegarem aos
consumidores, os medicamentos passam por muitas mãos e são pagos
por meios excessivamente complexos, com freqüência ocultos. É fácil
comparar alhos com bugalhos, sem perceber. É preciso, por exemplo,
perguntar se um número se refere apenas a medicamentos vendidos
sob prescrição médica ou se inclui medicamentos de venda livre e
outros produtos de consumo fabricados por laboratórios
farmacêuticos; se inclui a receita de intermediários e varejistas ou não;
se ele se refere somente a compras realizadas por consumidores como
pacientes
Que venhamambulatoriais
os bons temposou se também inclui compras efetuadas por
instituições de saúde; e se inclui compras por reembolso postal.
A eleição de Ronald Reagan em 1980 talvez tenha sido o elemento
fundamental para a rápida ascensão dos “gigantes da indústria
farmacêutica” – expressão coletiva usada para designar os maiores
laboratórios farmacêuticos. Com a administração Reagan, surgiu uma
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forte tendência a favorecer o empresariado não apenas em políticas de
governo, mas também na sociedade em geral. E, com essa tendência, a

atitude do público diante das fortunas gigantescas mudou. Até aquela


época, as fortunas realmente enormes eram ligeiramente malvistas. A
pessoa podia escolher entre “se dar bem” e fazer o bem, mas a maioria
dos que tinham condições de escolher entre um caminho e outro
considerava difícil seguir pelos dois. Essa crença era especialmente
forte entre cientistas e outros intelectuais. Eles podiam escolher uma
vida confortável, mas não luxuosa, no mundo acadêmico, com a
esperança de fazer pesquisa de ponta, ou podiam “se vender” para a
indústria e fazer um trabalho menos importante, mas com uma
remuneração melhor. Desde o início dos anos da administração de
Reagan e continuando pela década de 1990, os americanos mudaram
sua postura. Ser rico passou a ser não apenas honroso, mas também
quase chegoufarmacêutica
A indústria a ser uma virtude. Havia
e seus “vebcedores”
diretores e havia
executivos juntaram-se
“perdedores”;
rapidamente às e os vencedores
fileiras eram ricos
dos vencedores, eme conseqüência
mereciam sê-lo.deAuma série
distância entre os ricos e os pobres, que vinha se estreitando
de atos governamentais favoráveis à atividade. Não relacionarei desde a
todos
eles, mas Guerra
Segunda dois têmMundial,
importância
de repente
especial.
começou
A partirade
se1980,
ampliar
o Congresso
novamente,uma
promulgou até chegar
série deao
leis
estado
projetadas
atual,para
de umacelerar
abismoaintransponível.
tradução de
pesquisa básica financiada por impostos em produtos novos e úteis –
um processo às vezes designado pela expressão “transferência de
tecnologia”. O objetivo também era o de melhorar a posição de
empresas de alta tecnologia, de propriedade de americanos, nos
mercados mundiais. A mais importante dessas leis é conhecida como
lei Bayh-Dole, em homenagem a seus principais defensores, o senador
Página
Byrch Ba23
yh (democrata-Indiana) e o senador Robert Dole (replubica-
no-Kansas). A lei Bayh-Dole permitiu que universidades e pequenas
empresas patenteassem descobertas decorrentes de pesquisas
patrocinadas pelos National Institutes of Health (NIH), o principal
distribuidor de recursos provenientes dos impostos para a pesquisa
médica, e depois concedessem licenças esclusivas a laboratórios
farmacêuticos. Até então, as descobertas financiadas pelos
contribuintes pertenciam ao domínio público, ficando disponíveis para
qualquer empresa que quisesse fazer uso delas. Mas agora as
universidades, onde é realizada a maior parte do trabalho patrocinado
pelos NIH, podem patentear e licenciar suas descobertas. Além de
cobrar royalties. Uma legislação semelhante permitiu aos próprios
NIH fazer acordos com laboratórios farmacêuticos, acordos pelos
quais suas descobertas seriam transferidas diretamente para a
indústria.

Bayh-Dole deu um grande impulso à incipiente indústria


biotecnológica, bem como aos gigantes da indústria farmacêutica.
Houve uma rápida proliferação de pequenas empresas de
biotecnologia, muitas delas fundadas por pesquisadores universitários
para explorar comercialmente suas descobertas. Elas agora cercam as
principais instituições de pesquisa acadêmica e com freqüência
realizam as etapas iniciais do desenvolvimento de uma droga, na
esperança de acordos lucrativos com grandes laboratórios
farmacêuticos que possam levar os novos medicamentos ao mercado.
É comum que tanto os pesquisadores acadêmicos como suas
instituições tenham participação acionária nas empresas de
biotecnologia com as quais estão envolvidos. Desse modo, quando
umaEssas
patente
leisdesignificam
propriedade
quede
osuma
laboratórios
universidade
farmacêuticos
ou de umajápequena
não
empresa de
precisam depender
biotecnologia
de suaacaba
própriasendo
pesquisa
licenciada
para novos
para um
medicamentos;
grande
laboratório
e poucos dosfarmacêutico,
maiores ainda
todas
o fazem.
as partes
Para
lucram
isso,com
cada
o investimento
vez mais
Página 24
público em pesquisa.
eles contam com o setor acadêmico, pequenas empresas
principalmentes na área de biotecnologia e com os NIH.12Atualmente,
pelo menos um terço dos medicamentos comercializados pelos
principais laboratórios farmacêuticos é licenciado por universidades
ou pequenas empresas de biotecnologia, e esses costumam ser os mais
inovadores.13 Embora a lei B ayh-Dole tenha sido nitidamente uma
mão na roda para as gigantes da indústria farmacêutica e para a
indústria biotecnológica, é questionável se ela resultou num benefício
Os e
líquido anos dapara
certo administração Reagan e
o público (voltarei a aesse
lei Bponto).
ayh-Dole também

transformaram os etos das faculdades de medicina e dos hospitais-


escola. Essas instituições sem fins lucrativos passaram a se ver como
“parceiras” da indústria, e ficaram tão entusiasmadas quanto qualquer
empresário com as oportunidades de transformar suas descobertas em
ganhos financeiros. Professores-pesquisadores foram estimulados a
obter patentes para seu trabalho (que eram, então, cedidas para suas
universidades) e passaram a ter participação nos royalties. Muitas
faculdades de medicina e hospitais-escola criaram escritórios de
“transferência de tecnologia” para ajudar nessa atividade e tirar
partido das descobertas do seu corpo docente. À medida que o espírito
empreendedor crescia durante a década de 1990, os professores de
faculdades de medicina entraram em outros acordos financeiros
lucrativos com as empresas farmacêuticas, da mesma forma como
faziam as instituições onde trabalhavam. Um dos resultados foi a
crescente tendência favorável à indústria na pesquisa médica –

exatamente onde não cabia uma tendência dessa natureza. Membros


do corpo docente que anteriormente tinham se contentado com um
estilo de vida que no passado foi descrito como “frugal, porém
elegante” começaram a se perguntar, como já diria minha avó: “Se
você é assim tão inteligente, por que não ficou rico?” Por sua vez, as
faculdades de medicina e os hospitais-escola alocavam mais recursos
Página
para a procura
25 de 1984,
A partir de oportunidades comerciais.
com a legislação conhecida como a lei Hatch-
Waxman, o Congresso aprovou mais uma série de leis que
representam outra vantagem colossal para a indústria farmacêutica.
Essas leis prorrogavam os direitos ao monopólio de medicamentos de
marca registrada. A exclusividade é vital para uma indústria porque
significa que nenhum outro laboratório pode vender o mesmo
medicamento por um determinado período. Depois que expiram os
direitos exclusivos de comercialização, cópias (chamadas de
medicamentos genéricos) entram no mercado, e o preço costuma
despencar a 20% do que era antes.14 Existem duas formas de direito de
monopólio – patentes concedidas pelo U.S. Patent and Trademarck
Office (USPTO)* e a exclusividade concedida pela Food and Drug
Administration (FDA). Embora associados, os dois órgãos operam
com certa independência, quase como cópias de segurança um em
relação ao outro. A lei Hatch-Waxman, em homenagem ao senador
Orrin Hatch (republicano-Utah) e ao senador Henry Waxman
(democrata-Califórnia), pretendia principalmente estimular a indústria
dos genéricos, então em dificuldades, eliminando alguns dos
requisitos da FDA para o lançamento de genéricos no mercado.
Na década
Embora desucesso
tenha tido 1990, o C ongresso
sob aprovoua outras
esse aspecto, leis que
lei Hatch-Waxman
prolongaram ainda amais
também prorrogou a vigência
vigência da patente
das patentes demedicamentos
para medicamentoscom
de

marca registrada. Os
Desde
laboratórios
então, osfarmacêuticos
advogados dos atualmente
laboratórios
empregam
vêm
manipulando
pequenos exércitos
algunsdedosadvogados
dispositivos
quepara
extraem
prorrogar
o máximo
as patentes
dessasmuito
leis –
mais
e essedomáximo
que ostem
legisladores
um enorme pretendiam.
valor. O resultado é que o prazo
efetivo da patente de medicamentos de marca registrada aumentou de
_______________
* O órgão
oito anosamericano de registro de patentes e marcas. (N. da T.).

Página 26
em 1980 para cerca de 14 anos em 2000.15 Para um campeão de
vendas – geralmente definido como um medicamento com vendas de

mais de 1 bilhão de dólares por ano (como Liptor, Celebrex ou Zolof)


–, esses seis anos de exclusividade adicional valem ouro. Eles podem
acrescentar bilhões de dólares às vendas – o suficiente para pagar
muitos advogados e ainda ficar com um belo troco. Não surpreende
que os gigantes da indústria farmacêutica se disponham a fazer
praticamente qualquer coisa para proteger seus direitos exclusivos de
comercialização,
De vento em popa apesar do fato de que agir desse modo seja um
desacato a toda a sua retórica sobre o livre comércio.
À medida que seus lucros subiam vertiginosamente durante as décadas
de 1980 e 1990, o mesmo acontecia com o poder de influência dos
laboratórios farmacêuticos. Já em 1990, indústria tinha assumido seus
contornos atuais, como uma atividade, como uma atividade com um
controle sem precedentes
que supostamente sobre
regularia a sua própriaela
indústria, fortuna. Por exemplo,
poderia modificar se
esse
não lhe agradasse
aspecto algum
por meio de aspecto
pressão diretaa ou
respeito daamigos
de seus FDA, onoórgão federal
Congresso.
Os dez maiores laboratórios farmacêuticos (que incluíam empresas
européias) tiveram lucros de quase 25% das vendas em 1990; e, à
exceção de uma pequena queda na época da proposta de reforma do
atendimento de saúde por parte do presidente Bill Clinton, os lucros
com o percentual das vendas permaneceram praticamente os mesmos
durante a década seguinte. (É claro que, em termos absolutos, com o
aumento das vendas, houve um aumento correspondente nos lucros.)
Em 2001, os dez laboratórios farmacêuticos americanos na lista da
Fortune 500 (não exatamente os mesmos dez maiores do mundo, mas
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suas margens de
lucro são bastante semelhantes) estavam muito acima de todas as
outras indústrias americanas em média do retorno líquido, fosse como
percentagem sobre as vendas (18,5%), sobre o patrimônio (16,3%) ou
sobre o patrimônio líquido (33,2%). Trata-se de margem de lucro
espantosas. Em comparação, o retorno líquido médio para todos os
outros setores na Fortune 500 foi de apenas 3,3% das vendas. A
atividade
Em 2002,bancária comercial, ela
com a continuação doprópria nada
declínio negligente
econômico, osem seu papel
gigantes da
de setor agressivo,
indústria comapresentaram
farmacêutica muitos amigos em postos
apenas uma de importância,
pequena queda nos
ficou
lucrosnum
– dedistante segundo
18,5% para lugar,
17% das com 13,5%
vendas. das vendas.
O fato mais
16
espantoso acerca
de 2002 é que os lucros somados dos dez laboratórios farmacêuticos
na Fortune 500 (US$ 35,9 bilhões) foram superiores aos lucros
somados de todas as outras 490 empresas (US$ 33,7 bilhões). 17 Em

2003, os lucros das empresas farmacêuticas da Fortune 500 caíram


para 14,3% das vendas, ainda muito acima da percentagem média para
todos os setores, de 4,6%, naquele ano. Quando afirmo que essa é uma
indústria lucrativa, quero dizer lucrativa de verd a d e. É difícil imaginar
até queAs
ponto os gigantes
despesas da indústria
da indústria farmacêutica
farmacêutica nadam em
com pesquisa e
dinheiro.
desenvolvimento, embora altas, são constantemente muito inferiores
aos lucros. Para as dez maiores empresas, elas somaram apenas 11%
das vendas em 1990, subindo ligeiramente para 14% em 2000. O
maior item isolado no orçamento não é nem P&D, nem mesmo lucros,
mas algo geralmente chamado de “marketing e administração” – uma
denominação que varia um pouco de uma empresa para outra. Em
1990, o valor estarrecedor de 36% das vendas foi para essa categoria,
e essa proporção permaneceu praticamente a mesma por mais de uma
década.
Página 28Vale ressaltar que essa proporção equivale a 2,5 vezes o
18

valorEsses
das despesas com P&D.
números foram colhidos dos próprios relatórios anuais
apresentados pelo setor à Securities and Exchange Commission
(SEC) [C omissão de Valores Mobiliários, em português] e aos
acionistas, mas o que realmente entra nessas categorias não é nenhum
pouco claro, porque os laboratórios farmacêuticos guardam essas
informações a sete chaves. É provável, por exemplo, que P&D inclua
muitas atividades que a maioria das pessoas consideraria marketing,
mas ninguém tem como saber ao certo. Por sua vez, “marketing e
administração” constituem uma gigantesca caixa-preta que talvez
inclua o que o setor chama de “educação”, bem como publicidade e
promoções, custos jurídicos e salários de executivos – que são
assombrosos. Segundo um relatório do grupo sem fins lucrativos
Families USA, o ex-presidente e diretor-executivo da Bristol-Myers
Squibb, Charles A. Heimbold Jr. recebeu US$ 74.890.918 em 2001,
sem contar o valor de US$ 76.095.611 em opções não exercidas de
compra
Em de ações.
anos O presidente
recentes, da Wyeth
as dez maiores ganhou US$
empresas 40.521.011,
incluíram cinco fora
gigantes
seus US$europeus
40.629.459,
– GlaxoSmithKline,
em opções de compra
AstraZeneca,
de ações.
Novartis,
E assimRpor
oche
diante.
e Aventis.
Trata-se
Suas margens
de um setor
de que
lucrorecompensa
são semelhantes
regiamente
às dasseus
equivalentes
membros. da mesma forma que suas despesas com P&D e com
americanas,
marketing e administração. Além disso, elas participam da associação
do setor, portadora do nome enganoso de Pharmaceutical Research
and Manufacturers of América* (PhRMA). Ouvi recentemente Daniel
Vasella, o presidente e diretor-executivo da Novartis, falar numa

conferência. Ele demonstrava nítida satisfação com o clima comercial


e de pesquisa nos Estados Unidos. “A liberdade de
Página 29

preços e a rapidez na aprovação garantem um acesso rápido às


inovações sem restrições”, disse ele, parecendo o mais autêntico dos
americanos, apesar de seu encantador sotaque suíço.20 Sua empresa
está agora transferindo as operações de pesquisa para um local
próximo de Massachusetts Institute of Technology (MIT), uma
incubadora de pesquisa de base, cercada de empresas de
biotecnologia. Suspeito que essa mudança não esteja de modo algum
relacionada à “liberdade de preços e rapidez na aprovação”, mas sim
que tenha tudo a ver com a oportunidade de se aproveitar da pesquisa
financiada
Problemas
pelo contribuinte americano, nos termos da lei Bayh-Dole,
e da proximidade em relação aos cientistas médicos americanos que
realizam asum
Se 1980 foi pesquisas.
divisor de águas para a indústria farmacêutica, 200
bem pode acabar se revelando outro – o ano em que as coisas
começaram a dar errado. À medida que a veloz expansão da economia
no final de década de 1990 foi perdendo sua força, muitas empresas
bem-sucedidas descobriram-se com problemas. E à medida que a
receita tributária foi caindo, os governos estaduais também se
descobriram em situação preocupante. Sob um aspecto, a indústria
farmacêutica está bem protegida com relação ao declínio, por dispor
de tanto dinheiro e poder. Sob outro aspecto, porém, ela tem uma
vulnerabilidade peculiar, porque grande parte de sua receita depende
________________
de seguros
* Medicaid patrocinados
– programa porpela
administrado empregadores e programas
Seguridade Social Medicaid*,
estadual ou pelas secretarias
de Saúde dos estados, que reembolsa hospitais e médicos pelo atendimento de saúde
geridos
prestado apelos
pessoas estados. Quando
carentes que cumpramempregadores e
os requisitos do programa. (N. da T.)

Página
estados30enfrentam problemas, o mesmo acontece com os gigantes da
indústria farmacêutica.
E, como era de esperar, nestes dois últimos anos, empregadores e
operadoras privadas se seguros de saúde contratadas por eles
começaram a reagir aos custos dos medicamentos. A maioria dos
grandes planos de atendimento de saúde agora negocia para obter
descontos expressivos nos preços. A maior parte deles também
instituiu uma cobertura para medicamentos vendidos sob prescrição
médica, em três patamares: cobertura total para genéricos, cobertura
parcial para medicamentos úteis de marca registrada e nenhuma

cobertura para medicamentos dispendiosos que não oferecem qualquer


benefício além dos oferecidos por medicamentos mais baratos. Essas
listas de medicamentos preferenciais são chamadas de “formulários”
e constituem um método cada vez mais importante para a contenção
dos custos dos medicamentos. Os gigantes da indústria farmacêutica
estão sentindo os efeitos dessas medidas, embora, de modo nada
surpreendente, tenham se tornado peritos em dançar conforme a
música – principalmente
Também os governos induzindo
estaduais (examinarei de quemeios
estão procurando mododemais
reduzir
adiante)
seus médicos
custos ou planos de saúde
com medicamentos. a pôrlegislaturas
Algumas nos formulários
estaduais estão
elaborando medidas
medicamentos caros,que
de lhes
marca
permitam
registrada.
regular os preços dos
medicamentos vendidos sob prescrição médica para servidores
estaduais, beneficiários do Medicaid e cidadãos desprovidos de
seguro-saúde. À semelhança de administradoras de planos de
tratamento, eles estão criando formulários de medicamentos
preferenciais. O setor farmacêutico está combatendo essas iniciativas
com unhas e dentes – principalmente com suas legiões de lobistas e
advogados. Ele lutou contra o estado do Maine até chegar ao Supremo
Tribunal Federal dos EUA, que em 2003 apóia o direito do Maine de
Página 31
negociar
os laboratórios
com farmacêuticos para obter menores preços, embora
deixasse os detalhes em aberto. Mas essa luta está apenas começando,
e ela promete prolongar-se por anos, tornando-se muito acirrada.
Recentemente, o público vem dando sinais de estar perdendo a
paciência. O fato de os americanos pagarem muito mais por
medicamentos vendidos sob prescrição médica do que os europeus e
canadenses é agora de conhecimento geral. Um cálculo estima que de
um a dois milhões de americanos compram medicamentos de
farmácias canadenses através da internet, apesar do fato de que em
1987, atendendo a um pesado lobby do setor, um C ongresso
complacente tivesse tornado ilegal para qualquer pessoa que não fosse
fabricante de medicamentos importar de outros países medicamentos
vendidos sob prescrição médica.21 Além disso, há um bom movimento
de viagens de ônibus para que as pessoas em estados fronteiriços
viajem ao Canadá ou ao México para comprar medicamentos
vendidos sob prescrição médica. A maioria dos passageiros desses
ônibus é de idosos, que não só pagam mais por medicamentos do que
as pessoas dos países vizinhos, mas também pagam mais do que
vizinhos mais jovens em suas próprias cidades. Entre os idosos, o
ressentimento é palpável, e eles constituem um poderoso bloco de
eleitores – um fato que o Congresso e as legislaturas estaduais não
deixam de perceber.

O setor enfrenta outros problemas, menos conhecidos. Acontece


que, por acaso, o vencimento da patente de alguns dos mecidamentos
de maior venda – com o volume de vendas totalizando em torno de
US$ 35 bilhões por ano – deve ocorrer a intervalos de apenas alguns
anos entre uns e outros.22 Essa queda pelo despenhadeiro começou em
2001, com a expiração da patente da Eli Lilly sobre o Prozac, seu
antidepressivo de sucesso estrondoso. No mesmo ano, a AstraZeneca
perdeu sua patente sobre o Prilosec, a srcinal “pílula roxa” para azia,
que, em seu apogeu, gerou o espantoso valor de US$ 6 bilhões por
Página
ano. A B32
cophage,ristol-Myers Squibb
outro campeão de perdeu
vendas.seu medicamentoincomum
A concentração para o diabetes,
de
Glu-
expirações continuará por mais dois ou três anos. Embora represente
um enorme prejuízo para o setor como um todo, para alguns
laboratórios ela é um desastre. Claritin, o medicamento para alergia de
enorme sucesso fabricado pela Schering-Plough, era responsável por
um terço do faturamento da empresa antes que sua patente expirasse
em 2002.23 O C laritin agora é vendido livremente por muito menos
que seu preço anterior.Até o momento, a empresa não conseguiu
compensar esse prejuízo, com a tentativa de passar os usuários de
Claritin
Ainda para
piorCélarinex
o fato de
– um
existirem
medicamento
pouquíssimos
que é praticamente
medicamentosidêntico,
em
mas que tem
processo de criação
a vantagem
prontos
depara
ainda
assumir
ter suao lugar
patente
dosem
campeões
vigor. de
vendas que perdem a patente. Na realidade, esse é o maior problema
enfrentado atualmente pelo setor, e seu segredo mais bem guardado.
Todos os esforços de relações públicas sobre inovação destinam-se a
encobrir exatamente esse fato. A corrente de novos medicamentos
reduziu-se a um fio, e poucos deles são inovadores em qualquer
sentido do termo. Pelo contrário, a grande maioria é de variações de
medicamentos velhos, porém eficazes – as drogas de “imitação”. Os
laboratórios promovem fusões para associar seus processos de criação
ou para comercializar em conjunto o mesmo medicamento, enquanto
lutam entre si para descobrir drogas a licenciar do governo,
universidades
Dos 78 medicamentos
e empresasaprovados
de biotecnologia.
pela FDA
Entretanto,
em 2002,também
somenteessas
17
fontes estão
continham novos
passando
princípios
estãoativos,
passando
e apenas
por dificuldades
sete deles para
foram
desenvolver novos
classificados pela FDA
medicamentos.
como aperfeiçoamentos em relação a
medicamentos mais antigos. Outros 71 medicamentos aprovados
naquele ano eram variantes de medicamentos antigos ou não foram
considerados superiores aos medicamentos já à venda. Em outras
palavras, eram medicamentos

Página 33
“de imitação”. Sete entre 78 não é uma produção impressionante.
Ademais, desses sete, nem um único provinha de um laboratório

farmacêutico americano de porte.24


Perdendo o apoio

Pela primeira vez, essa indústria gigantesca está se vendo em sérias


dificuldades. Como disse um porta-voz do setor, ela está enfrentando
“uma verdadeira tempestade”. É verdade que seus lucros ainda
ultrapassam qualquer patamar que outros setores poderiam ter
esperanças de atingir, mas eles caíram recentemente e, para algumas
empresas, caíram muito. E é isso o que importa para os investidores.
Wall Street não quer saber o quanto seus lucros são altos hoje; ela só
interessa em saber quão altos eles serão amanhã. Para algumas
empresas, os preços das ações simplesmente afundaram. Mesmo
assim, o setor não para de prometer a chegada de um futuro luminoso.
Suas afirmações tranqüilizadoras são baseadas na noção de que o
mapeamento do genoma humano e o conseqüente impulso em
pesquisa genética irão gerar uma quantidade de novos medicamentos
Godot,
de a implacável
importância. peça
Não fica de Samuel
explicito que os B eckett sobre
gigantes dois homens que
da indústria
não param de esperar por alguma coisa e de dizer um ao
farmacêutica estão contando com o governo, as universidades outro que,
e as
não importa o que seja, haverá de chegar a qualquer instante. Embora
pequenas
não haja dúvida
empresas
de que
deas
biotecnologia
descobertasparada genética
essa inovação.
venhamNo resultar
entanto,
em
as previsões estão
tratamentos, permanece
começando
o fato de
a ficar
que muito
provavelmente
parecidasanos
com irão
Esperando
se
passar antes que a pesquisa básica resulte em medicamentos novos.
Enquanto isso, os alicerces do colosso farmacêutico, no passado tão
sólidos, estão tremendo.
Página 34

Os indícios de problemas e o crescente ressentimento do público


quanto aos preços elevados estão produzindo as primeiras fissuras no
firme apoio de que o setor dispunha em Washington. Em 2000, o
Congresso aprovou legislação que teria fechado algumas brechas da
lei Hatch-Waxman e também teria permitido que farmácias
americanas, assim como indivíduos, assim como indivíduos,
importassem medicamentos de determinados países onde os preços
são mais baixos. Especificamente, eles poderiam comprar de volta do
Canadá medicamentos aprovados pela FDA que tivessem sido
exportados para lá. Parece tolice “reimportar” medicamentos que são
comercializados nos Estados Unidos, mas, mesmo com os custos

adicionais da transação, importá-los ainda sai mais barato do que


comprá-los nos EUA. Entretanto, a lei exigia que o secretário de
Saúde e Serviços Humanos atestasse que a prática não representaria
nenhum “risco adicional” para o público; e os secretários, tanto da
administração de Clinton quanto na de Bush, sob pressão da indústria
farmacêutica, recusaram a fazê-lo. Em 2003, a Câmara aprovou uma
lei que não incluía nenhum dispositivo semelhante, e até mesmo
muitos republicanos conservadores a apoiaram. O deputado Dan
B urton “Toda
Time: (republicano-Indiana), salientando
mulher nos Estados Unidos odeveria
fato deestar
que osfuriosa com a
indústria
medicamentos
Mas a lei farmacêutica,
para o câncer
não conseguiu e passar
eu os
de autorizo
mama deasua
no Senado.citar
mulher
o quecustavam
estou dizendo.”
US$ 25
360Onos EUA
setor e somente
também estáUS$ 60atingido
sendo na Alemanha,
por umadisse a The New
enxurrada de York
investigações governamentais e de processos civis e criminais. A
ladainha de acusações inclui o superfaturamento ilícito ao Medicaid e
ao Medicare, pagamentos impróprios a médicos, envolvimento em
práticas lesivas à livre concorrência, conluio com fabricantes de
genéricos para manter esses medicamentos fora do mercado,
promoção ilegal de medicamentos para usos não aprovados,
envolvimento em propa-
Página 35
ganda enganosa direta ao consumidor e, naturalmente, encovrimento
de provas. Alguns dos acordos são gigantescos. A TAP
Pharmaceuticals, por exemplo, pagou US$ 875 milhões num acordo
referente a acusações civis e criminais de fraude contra os sistemas
Medicaid e Medicare na comercialização do Lupron, seu
medicamento para o câncer de próstata.26 No momento em que
escrevo, o litígio nesse caso prossegue. Todos esses esforços poderiam
ser resumidos como jogadas cada vez mais desesperadas com patentes
e marketing, atividades que sempre andaram pelas bordas da
legalidade,
Como a indústria
mas quefarmacêutica
agora às vezes
está
sereagindo
encontram
a essas
nitidamente
dificuldades?
do outro
lado. possível esperar que os laboratórios farmacêuticos decidissem
Seria
arregaçar as mangas – reduzir os preços, ou pelo menos torná-los mais
justos, e investir mais em esforços para descobrir medicamentos
verdadeiramente inovadores, em vez de só falar sobre isso. Mas não é
o que está acontecendo. Pelo contrário, as empresas farmacêuticas
estão se aplicando mais às atividades que as levaram à situação atual.
Estão promovendo seus medicamentos de “imitação” de modo ainda
mais implacável. Estão exercendo pressão ainda maior para prorrogar
o monopólio que detêm sobre os medicamentos de maior venda. E
estão despejando mais dinheiro em lobby e em campanhas políticas.

Quanto à inovação, ainda estão esperando Godot, ansiando


As notícias não sãopor
desesperadamente totalmente negativas para o setor. O benefício
sua chegada.
para pagamento de medicamentos de prescrição a usuários do

Medicare, promulgado em 2003 e programado para entrar em vigor


em 2006, promete ser uma ajuda inesperada para os gigantes da
indústria farmacêutica, já que ele proíbe o governo de negociar preços.
O salto imediato nos preços de ações de empresas farmacêuticas após
a passagem da lei indicou que o setor e seus investidores estavam bem
conscientes de suas vantagens. Entretanto, na melhor das hipóteses, a
Página
legislação
36 represen-
tará apenas um impulso temporário para o setor. C om o aumento dos
custos, o Congresso será forçado a reconsiderar sua decisão, favorável
aos laboratórios farmacêuticos, de permitir que eles fixem seus
próprios preços, sem questionamentos. Mais adiante voltaremos a
falar nisso.
Essa é uma indústria que, sob certos aspectos, é semelhante ao
Mágico de Oz – ainda cheia de fanfarronice, mas agora sendo exposta
como algo muito diferente da sua imagem. Em vez de ser geradora de
inovações, ela é uma enorme máquina de marketing. Em vez de ser
uma história de sucesso de livre mercado, ela depende de pesquisas
financiadas pelo governo e de direitos de monopólio. Ainda assim,
essa indústria ocupa um papel essencial no sistema de atendimento de
saúde americano e desempenha uma função valiosa, mesmo que não
seja na descoberta de novos medicamentos de importância, pelo
menos em seu desenvolvimento e lançamento no mercado. Contudo,
os gigantes da indústria farmacêutica recebem uma recompensa
exagerada por essas contribuições relativamente modestas. O que
recebemos nem de longe se aproxima do valor que pagamos. Os
Estados Unidos não tem mais condições de bancar a indústria
farmacêutica em sua forma atual. A questão é saber se a indústria se
dará conta
Página 37 disso e concordará em empreender reformas reais que
refreiem seu apetite,
2 A criação de ummas conservem
novo seus pontos fortes. Um ponto é
medicamento
líquido e certo. Ela não pode prosseguir por esse seu caminho atual.
Lançar no mercado um novo medicamento é um trabalho árduo e
demorado. A indústria tem razão quanto a esse ponto, mas está errada

quanto ao seu tipo de participação no processo. Os laboratórios


farmacêuticos nem de longe desempenham o papel de pesquisa e
desenvolvimento (P&D) no qual gostariam que o público acreditasse.
Não é minha intenção aqui descrever o P&D do setor farmacêutico em
detalhes por não ser esse o objetivo desse livro. No entanto, para
ajudar a demonstrar como os laboratórios farmacêuticos estão nos
vendendo uma lista de benefícios, preciso dar umas pinceladas sobre
os pontos principais. A maior parte do que passo a descrever aplica-se
apenas aos poucos medicamentos inovadores que chegam ao mercado
Página
a cada
mas deano.
38 Parajáosàoutros
drogas vendanumerosos medicamentos
–, o processo “de imitação”
de P&D é muito –
mais rápido,
variações ínfi-
tendo em vista que boa parte dele já foi realizada.

P&D “light”

Não se pode simplesmente testar produtos químicos de modo aleatório


para ver se um deles vai acabar se revelando útil no tratamento de uma
doença. Isso levaria um tempo interminável e seria, também, perigoso.
Na maior parte das vezes, procura-se em primeiro lugar entender a
natureza da doença que se quer tratar – o que ocorreu de errado no
corpo pode causar a doença. Essa compreensão precisa ser bastante
detalhada, geralmente no nível molecular, se quisermos ter alguma
esperança de descobrir um medicamento que intervenha de modo
eficaz e seguro na cadeia de acontecimentos responsável pela doença.
O Portanto, o aprendizado
que os pesquisadores a respeito
esperam da doença
encontrar ou condição
é algum costuma
elo específico na
ser o início da parte de pesquisa da P&D,
cadeia, que um medicamento consiga atingir. e ele pode se prolongar por

muito tempo, às vezes décadas. Não há dúvida de que esta é a parte


mais criativa e menos segura do processo de P&D. Ao contrário do
que diz a publicidade do setor, ela é quase sempre realizada em
universidades ou laboratórios de pesquisa do governo, seja nos EUA
ouUma
no exterior
vez que. Nos Estadosbásica
a pesquisa Unidos, a maior
tenha parteum
atingido dessa
ponto pesquisa
crítico –éou
patrocinada
seja, pelos
que haja uma National Institutes
compreensão of Health
bastante (NIH).
boa da doença,
27
bem como
dos possíveis meios de curá-la ou amenizá-la –, tem início a busca
para descobrir ou sintetizar uma molécula que cumpra essa função e
que seja de uso seguro. Essa é a parte de “desenvolvimeen-
Página 39
to” da P&D; e é aqui que os laboratórios farmacêuticos geralmente se
envolvem – às vezes cedo; às vezes em estágio bem posterior.

A parte de desenvolvimento da P&D também é dividida em duas


etapas – a pré-clínica e a clínica. A etapa pré-clínica está relacionada à
procura por candidatos promissores e ao estudo de suas propriedades
em animais e em culturas de células. Os laboratórios mantêm enormes
bibliotecas de candidatos a medicamentos – moléculas que podem
agora ser selecionadas rapidamente por métodos informatizados para
verificar se elas atingirão o calcanhar de Aquiles descoberto pela
pesquisa básica. Além disso, novas moléculas podem ser sintetizadas
ou extraídas de fontes animais, vegetais ou minerais. Somente a
pequena fração
De acordo comdos candidatos
a indústria a medicamentos
farmacêutica, somente que consegue
um em cadapassar
cinco
pelo
mil candidatos a medicamentos chega ao mercado – umde
desenvolvimento pré-clínico avançará para a etapa
28
emtestes
cadaem
mil
seres humanos – a importantíssima etapa clínica (da qual
sobrevive aos testes pré-clínicos; e, desses, um em cinco são falaremos
aprovados
mais adiante).
nos testes clínicos. Paradoxalmente, embora seja a parte
menos criativa do processo, os testes clínicos são a atividade mais
dispendiosa. Portanto, a grande maioria dos candidatos a medicamento
é descartada
A pesquisa logo
e o desenvolvimento
no início, antes que
emse
empresas
invista muito
de biotecnologia
dinheiro neles.
é,
sob muitos aspectos, semelhante à P&D em grandes laboratórios
farmacêuticos. Contudo, em lugar de produzir pequenas moléculas por
meios químicos, as empresas de biotecnologia concentram a atenção
primordialmente em criar ou modificar moléculas muito grandes,
como proteínas ou hormônios, utilizando sistemas biológicos vivos –
freqüentemente com tecnologia de DNA recombinante. Além disso,
Página 40
até o momento não existe um setor industrial que produza
genéricos de biotecnologia. De tal modo que os direitos ao monopólio

são essencialmente ilimitados. (........)

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