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PATOS DE MINAS
2018
LAISLLA CAROLINE PEREIRA RODRIGUES
PATOS DE MINAS
2018
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS
CURSO DE DIREITO
Artigo intitulado “Os fatores de reincidência presentes nas figuras Típicas da Lei Maria Da Peha”,
de autoria do(a) aluno(a) “Laislla Caroline Pereira Rodrigues”, aprovado pela Banca Examinadora
constituída pelos seguintes professores:
_____________________________________________
Prof. Esp. Maria Valéria De Melo Paiva
Orientador
_____________________________________________
Prof. Me. Sabrina Nunes Borges
Examinador
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Prof. Me. Ulisses de Oliveira Simões
Examinador
_____________________________________________
Prof. Me. Guilherme Caixeta Borges
Coordenador do curso de Direito
- George Sand
Os fatores de reincidência presentes nas figuras típicas da
Lei Maria da Penha
The recurrence factors present in the typical figures of the 'Maria da Penha' Law
*
Graduando do Curso de Direito pelo Centro Universitário de Patos de Minas/ UNIPAM.
Email: laisllacaroline@unipam.edu.br.
**
Professora Especialista do Curso de Direito do Centro Universitário de Patos de Minas/ UNIPAM.
Email: mariavaleria@unipam.edu.br.
ABSTRACT: The violence against women is based on historical and social concepts. This
type of violence occurs in the most diverse forms: physical, verbal, psychological, material,
among others. The consequences of this violence are serious and bring great psychological
and mental damages, as well as serious physical damage, and can leave to the death of the
victim. The ‘Maria da Penha’ Law was created with the purpose of restrain this type of
violence against women and constitutes an important mechanism with regard to the protection
of the victim and the punishment of the transgressors. The application of the Law with regard
to protection measures proved to be very important in the combat against this type of crime.
Based on this, the objective of this study was to analyze the typical figures of the ‘Maria da
Penha’ Law, the factors that lead to recurrence, and approach issues involving the treatment
of the victim and the aggressor. It was concluded that several aspects are pointed out as
inductors to violence and that this is directly related to gender. It was also noted that, from
this Law, instruments were created to assist the victim, and these can be seen through the
Specialized Police stations, in addition to shelter policies. It was also observed that, although
of the effectiveness of the Law, other mechanisms such as psychosocial therapies and
psychosocial treatments are also important so that there surely a resocialization of the
aggressors, in order to avoid recurrence of the crime.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 7
7 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 23
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1 INTRODUÇÃO
Por volta do século XX, conforme dito por Alves (2006), a Revolução Francesa,
ao invés de assegurar o direito de igualdade entre homens e mulheres, na verdade inibiu a luta
das mesmas, fechando espaço para que estas obtivessem essa igualdade. Neste período, as
mulheres que tentavam lutar por direitos iguais eram punidas com a morte.
Todavia, apesar de todas as dificuldades impostas às mulheres da época, estas
passaram a notar que não existiam fundamentações lógicas para as limitações a estas
impostas, uma vez que tais limitações baseavam-se apenas nas questões de gênero. A partir
disso, as mulheres começaram a lutar pelo direito de serem tratadas como iguais aos homens
(BRASILEIRO e MELO, 2016).
Porém, pode-se de dizer também, de maneira geral, que houve uma diminuição da
desigualdade entre homens e mulheres nesse período, graças às denuncias que chegavam ao
conhecimento das autoridades e da opinião pública. Justamente neste período histórico tem-se
a configuração do movimento feminista.
No cenário brasileiro, o movimento feminista começou a se consolidar com a
contribuição de vários fatores históricos. Na década de 70, conforme analisado por Desouza,
Baldwin e Rosa (2000), a participação da mulher de forma ativa na economia brasileira
cresceu em torno de 11,5%.
Além disso, questões relacionadas ao período político da época também
influenciaram nesse aspecto. Neste período, a ditatura militar passava pelo seu processo de
enfraquecimento e, enquanto as mulheres viam seus direitos sendo aceitos pela sociedade nos
outros países, no Brasil houve também uma abertura que permitisse com que estas também
pudessem lutar pela igualdade entre os sexos, a elas sendo permitido comemorar o então
reconhecido Dia Internacional da Mulher.
Os fatores ligados à religião também deixaram a sua contribuição. No Brasil,
durante muitos séculos, a Igreja católica representava a parcela da população que
correspondia à elite. Nesse período, no entanto, a Igreja começou a adotar uma nova posição,
tornando-se mais acessível popularmente, voltando-se então para o interesse das massas
(ALVES, 2006).
A partir daí, então, nota-se um grande passo no que diz respeito à luta das
mulheres referindo-se à conquista da igualdade. E então, na década de 90 é que houve grandes
conquistas de direitos das mulheres, especificamente no campo do Direito Civil. Tais direitos
referem-se inicialmente a aqueles nos quais representavam a mulher nas esferas sociais, que
englobam os setores da educação e do mercado de trabalho, e logo em seguida incorporou
também o campo político (BIANCHINI, 2009).
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Todavia, conforme visto em todos os períodos da história e até nos dias atuais,
apesar das conquistas das mulheres no que diz respeito à igualdade, esta ainda se esbarra na
violência praticada contra estas mesmas, uma vez que os índices mostram o quanto as
mulheres ainda sofrem com os mais variados tipos de violência.
Os dados acerca da violência contra a mulher no Brasil ainda são alarmantes.
Besterd Apud Cabral (2008) em seus estudos apurou que, a cada 15 segundos, uma mulher é
espancada no país. O estudo ainda mostra que, cerca de 33% das mulheres já relataram terem
sofrido algum tipo de violência física, sendo que 24% relatam já terem sido ameaçadas com
algum tipo de arma.
De fato, a violência contra a mulher é considerada um problema no âmbito da
segurança pública, além de se tratar também de uma questão de justiça e também de Direitos
Humanos. Trata-se de um assunto tão sério que, os aspectos acerca de tal tipo de violência são
prioridade, do ponto de vista da Organização Mundial da Saúde (OMS) até os dias atuais
(SOUSA, NOGUEIRA e GRADIM, 2013).
Baseando-se nesse estudo e em outros já realizados, nota-se que a violência contra
a mulher é uma realidade muito presente na atual sociedade e que, conforme dito por Porto
(2006), “enquanto persistir essa situação de violência contra a mulher, o Brasil não será uma
sociedade nem livre, nem igualitária, e nem fraterna [...]”. É necessário então, apurar e
intensificar os estudos acerca deste fenômeno que atinge de maneira ainda intensa, toda a
sociedade.
evidencia que, este conceito abrange não somente àqueles que praticam a figura típica, mas
também qualquer um que, de maneira objetiva ou subjetiva, contribui para a ocorrência do
delito.
O sujeito passivo constitui aquele que é titular ou possui poder sobre o bem lesado
ou ameaçado diante do ato criminoso. Portanto, aquele que de alguma forma é lesado das
mais variadas formas, tanto materialmente quanto fisicamente, é configurado como o sujeito
passivo (MIRABETE, 2010 Apud SILVA, 2011).
Sendo assim, em linhas gerais, quando se trata da violência doméstica, assume-se
que o sujeito ativo corresponde ao agressor, enquanto o sujeito passivo é figurado pela vítima
da violência. Estabelecendo uma relação ainda mais próxima do contexto da violência
doméstica contra a mulher, Santos e Lima (2013) dizem que se atribui o papel de sujeito ativo
o homem, e de sujeito ativo, a mulher.
Ademais, é importante um estudo tanto do perfil do agressor quanto da vítima,
pois, este estudo permite determinar o perfil daquele que comete o ato criminoso, bem como
também identificar os potenciais fatos que desencadeiam tais atos (GOMES, 2012).
Pode-se observar, frente às pesquisas já realizadas, que a violência doméstica
atinge, em sua grande maioria, as mulheres. Conforme dito por Cavalcanti (2005), tal fato
permite concluir que, a violência doméstica se dá, na maior parte das vezes, baseando-se nas
questões de gênero, fato que explica o maior número de vítimas pertencerem ao sexo
feminino.
estão cometendo tal delito. Existe, portanto, uma conceituação diferente entre homens e
mulheres do que se caracteriza ou não as práticas violentas.
De acordo com pesquisa realizada por Griebler e Borges (2013), a maioria dos
homens agressores frequentou a escola, sendo 48,1% concluíram o ensino fundamental e
21,2% concluíram o ensino médio. Já em pesquisa realizada por Deeke e Coelho (2008), estes
concluíram que 40% dos homens haviam concluído o ensino fundamental e 26,7% concluíram
o ensino médio.
Ainda segundo as pesquisas, existe uma relação entre o nível de escolaridade e a
agressão doméstica. Griebler e Borges (2013) concluíram em sua pesquisa que cerca de
48,6% dos agressores concluíram apenas o ensino fundamental, enquanto as pesquisas de
Brasileiro e Melo (2016) chegaram ao valor correspondente à 55,5%. Observa-se, portanto,
que a questão da escolaridade apresenta uma variável relevante para o estudo.
Outro ponto a ser observado, no que diz respeito ao perfil do agressor, diz respeito
às crenças sociais arraigadas ao indivíduo. Muitos homens acreditam que agressões entre
casais são normais. Outros perpetuam ainda a ideia arcaica de domínio do homem sobre a
mulher, o que lhes permite utilizar da força contra tais (CALDEIRA, 2012).
Cavalcanti (2005) aponta questões que envolvem aspectos religiosos. Conforme
observado pelo autor, os praticantes das religiões de origem mulçumana tendem a desenvolver
mais frequentemente, quando comparada às outras religiões, instintos mais violentos com
relação à mulher.
Isso pode ser explicado pelo modo como a figura feminina é abordada no contexto
cultural e religioso. Entretanto, conforme ressaltado ainda pelo autor, apesar de ser um dado
importante a ser observado, o aspecto religioso não constitui por si só uma variável a ser
considerada isoladamente, uma vez que, nota-se que os agressores podem pertencer às mais
variadas religiões. Tal observação permite apenas lançar mão da discussão dos mais variados
fatores que estimulam a agressão contra a mulher.
São vários os fatores observados por pesquisadores como sendo o gatilho que
origina o ato de violência contra a mulher. O uso de substâncias como álcool e drogas,
ciúmes, entre outros podem ser citados como os mais comuns.
Tratando-se do uso de substâncias ilícitas, Santos e Lima (2013) afirmam que, não
raro, o homem que comete agressão doméstica faz uso de substâncias ilícitas como o álcool e
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drogas. Os estudos de Griebler e Borges (2013) mostram que 39,4% dos homens agressores
cometeram o delito devido ao consumo de álcool. O número apresentado por Deeke e Coelho
(2008) equivale a 50,9%.
Outro fator importante a ser analisado diz respeito ao ciúme. Muitos homens
alegam que o delito foi cometido pelo fato de se sentirem provocados pela própria vítima ou
por outros, o que gera um sentimento de ira, ocasionado pelo ciúme. Outras vezes, o homem
não aceita o fim do relacionamento e acaba agindo de forma abusiva (SANTOS e LIMA,
2013).
O contexto social também é um aspecto a ser analisado. De acordo com pesquisas,
a maioria dos homens que cometem violência doméstica encontra-se desempregados, e com a
situação financeira comprometida. Outra parcela encontra-se lotada em cargos de trabalhos
mais simples.
Maria da Penha Maia Fernandes, era uma farmacêutica bioquímica, graduada pela
Universidade Federal do Ceará. Aos 38 anos de idade, viu-se em uma situação que mudaria de
maneira efetiva a forma como a violência doméstica seria encarada pela sociedade e pelo
judiciário (ABREU, 2008).
Em maio de 1983, enquanto estava dormindo, Maria da Penha foi alvejada por um
tiro. O autor do disparo foi o seu próprio marido, professor universitário na época. As
consequências foram graves e ela ficou paraplégica. As tentativas de homicídio não cessaram
por aí: apenas duas semanas após ter disparado contra Maria da Penha, o professor Marco
Antônio Heredia Viveiros tentou matá-la novamente, por eletro choque e posteriormente por
afogamento, durante o banho (KUNZLER, 2015).
Maria da Penha, então, iniciou um processo em busca de justiça. Porém, a justiça
brasileira o condenou apenas por tentativa de duplo homicídio e, utilizando-se dos diversos
recursos de apelação, o agressor nunca foi preso.
No entanto, a luta de Maria da Penha continuou e, já 18 anos após a ocorrência da
agressão, ela denunciou o fato à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Essa
denuncia levou o Brasil a receber sanções, sendo o país condenado por negligência no que diz
respeito à violência doméstica. Essas sanções, por sua vez, resultaram na elaboração da Lei nº
11.340, que ficou popularmente conhecida como Lei Maria da Penha (OLIVEIRA, 2011).
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O Brasil avançou no que diz respeito ao modo como tratar a violência contra as
mulheres em 1994, quando assinou a convenção Interamericana que tinha como finalidade a
prevenção, erradicação e punição da violência contra a mulher. Sendo assim, nesses termos
começaram a ser definidos e conceituados todos os aspectos entendidos como sendo um tipo
de violência contra a mulher (MARTINI, 2009).
Definiu-se que, toda e qualquer ação e conduta, que se baseie no gênero, e que
cause sofrimento físico, sexual, emocional e psicológico à mulher, sendo cometida tanto no
âmbito público quanto privado, ocorrendo dentro de qualquer unidade doméstica ou em
quaisquer relações interpessoais onde haja ou já tenha existido o convívio no mesmo ambiente
domiciliar que a mulher, caracteriza-se como violência doméstica contra a mulher. Estes
conceitos, portanto, foram as bases para a elaboração da Lei nº 11.340.
compreendido pela formação da unidade familiar por aqueles que se consideram ligados por
laços parentais (OLIVEIRA, 2011).
Apesar dos benefícios trazidos para a sociedade em geral, a Lei Maria da Penha
encontrou e ainda encontra muita resistência por parte da sociedade. Porém, é fato que esta lei
representa a humanização feminina, o que garante às mulheres o direito à proteção e
preservação da própria vida (MORENO, 2014).
Foi a partir da criação da lei que começaram a surgir as políticas públicas para a
defesa da mulher, o que ocasionou, por sua vez, o surgimento das instituições de apoio e
proteção. As Delegacias Especializadas na Defesa da Mulher foram criadas com o intuito de
apurarem especificamente os crimes cometidos, que contém os fatos típicos da Lei Maria da
Penha (ABREU, 2008).
Outro fato importante diz respeito à dedicação do próprio Estado em difundir
informações sobre a violência doméstica e sobre a Lei Maria da Penha. Segundo Moreno
(2014), a Presidência da República, em conjunto com vários órgãos governamentais e sociais,
vêm trabalhando para que a lei se torne de conhecimento geral, à toda população. E tal
difusão tem se mostrado eficaz, uma vez que, ainda de acordo com o autor, cerca de 84% da
população brasileira tem ciência da mesma.
Os benefícios ocasionados pela criação da Lei Maria da Penha, de fato, se tornam
cada dia mais evidentes. Do ponto de vista jurídico, esta lei se tornou um dos principais
instrumentos legais da política de combate à violência doméstica no Brasil, o que assegura o
cumprimento pleno da Constituição Federal (GOMES, 2012).
Tais medidas e decisões mencionadas acima deverão ser tomadas por órgãos
e entidades relacionadas ao trabalho em volto ao rompimento do ciclo de
violência doméstica, fazendo assim parte da proteção da mulher desde o
inicio do processo até a finalização de todos os procedimentos para concluir
o termino da violência contra a mulher, sendo assim medidas preventivas
como repressivas (MINEO, 2011, p. 9).
detectando o delito bem como sua autoria. Tal ação servirá de base para uma ação penal, bem
como para a determinação de medidas cautelares (OLIVEIRA, 2011).
Há de se enfatizar também o surgimento das Delegacias Especializadas de Defesa
da Mulher. Estas são parte integrante da Política Nacional de Prevenção, Enfrentamento e
Erradicação da violência contra a Mulher. A primeira Delegacia Especializada surgiu em São
Paulo, em 1985. Seu objetivo principal era investigar e apurar os casos que envolviam
agressão contra as mulheres (ABREU, 2008).
Mineo (2011) ressalta a importância deste fato, pois, uma vez que se criou a
primeira Delegacia Especializada em São Paulo, esta se tornou um referencial para todo o
país. Além disso, ainda segundo o autor, esta criação constituiu-se um marco histórico no que
diz respeito ao sistema criminal brasileiro, pois colocou em evidência a existência da
violência contra a mulher.
Além das medidas de proteção judicial, existem também outros mecanismos que
servem de apoio às vítimas da violência doméstica. São as conhecidas políticas de
abrigamento. Essas políticas vão muito além do abrigamento das vítimas em si, e incluem
também serviços que asseguram à vítima o seu bem-estar físico, psicológico e social (LOPES,
et al., 2016).
No entanto, tais serviços ainda são pouco explorados pela Gestão Pública,
limitando-se apenas ao abrigamento literal. As Casas de Passagem e as Casas-Abrigo são
exemplos desses serviços. As Casas de Passagem realizam o acolhimento provisório da
vítima, num período de curta duração. Já os atendimentos realizados nas Casas-Abrigo são
direcionados às vítimas que se encontram em situação extrema, onde há o risco de morte
iminente (ABREU, 2008).
Há de se atentar também para o atendimento das mulheres por profissionais
atuantes no âmbito social. Cidreira (2017) discorre sobre, e diz que, o Assistente Social é de
grande valia, no que diz respeito à identificação do problema e no tratamento do mesmo.
Segundo o autor, este profissional, por se ver inserido no contexto familiar social, conhece de
maneira mais íntima a realidade familiar e, por sua vez, acaba por tomar conhecimento da
violência sofrida contra a mulher.
A partir disso, este profissional atua no sentido de orientar e encaminhar as
mulheres para o atendimento específico à situação. Estes profissionais trabalham também
formando grupos, que tem como objetivo conscientizar as mulheres dos seus direitos, além de
servir como incentivo para dar prosseguimento às denúncias contra o agressor (LOPES, et
al., 2016).
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6 CONCLUSÕES
Com base nos estudos realizados, pode-se observar que a prática da violência
doméstica contra a mulher está intimamente ligada a contextos sociais. Nota-se que a figura
feminina por vezes ainda é retratada como sendo inferior e submissa, visão esta que retrata
bem as vinculações acerca da imagem da mulher ao longo da história.
Observou-se também que, a mulher, no decorrer dos anos, lutou muito para que
tal padrão machista fosse quebrado e que, através das suas lutas, conseguiu fazer com que
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muitos direitos fossem conquistados. Dentre estes, conseguiram com que se criasse um
dispositivo legal que tem como objetivo proporcionar a proteção da mulher frente à violência
doméstica, no caso, a Lei Maria da Penha. Tal Lei assegura a integridade da mulher no âmbito
das relações familiares, o que garante o cumprimento da Constituição Federal.
De fato, frente às pesquisas realizadas, pode-se observar também que, apesar da
existência deste instrumento legal, ainda há muito que se discutir acerca da violência
doméstica e que esta ainda é bastante recorrente na sociedade. Observou-se que, o perfil do
homem agressor pode ser constituído das mais diversas variáveis e que a questão que envolve
este tipo de violência está muito mais ligada ao contexto cultural, uma vez que o próprio
homem não considera que suas ações são passíveis de serem julgadas como sendo violentas.
Quanto à abrangência da Lei, pode-se discorrer acerca, dizendo que esta engloba
todos os aspectos que envolvam as relações familiares e domésticas e que, a definição do que
constitui violência, sendo esta tão abrangente, permite com que a aplicação da mesma não
seja inviabilizada por brechas interpretativas.
No que diz respeito à efetividade e os benefícios da Lei, observou-se que esta tem
se mostrado cada vez mais eficaz, uma vez que, apesar de ainda existir a prática da violência
contra a mulher, pode-se dizer que, a sociedade como um todo tem conhecimento da Lei,
além das sanções a serem aplicadas conforme do descumprimento desta.
Com relação às medidas protetivas, pode-se observar que estas visam zelar pela
integridade física e psicológica da vítima e que, tais medidas dificultam ao autor da violência
a recorrência do ato. Nota-se que as políticas de atendimento às vítimas são verdadeiramente
necessárias e que, desde a criação da Lei, estas aumentaram significativamente. No entanto,
pode-se concluir também, que apenas tais medidas não são suficientes para que não haja a
reincidência do delito.
É necessário que haja uma conscientização a nível mais profundo por parte do
agressor. Este deve entender as conseqüências dos seus atos violentos. É necessário ainda que
este desconstrua as questões relacionadas à desigualdade de gênero, uma vez que, ao entender
a posição de igualdade existente entre homens e mulheres, a manifestação da violência não
mais é vista como questão de superioridade masculina.
Neste sentido, os grupos terapêuticos são uma alternativa de tratamento aos
agressores, uma vez que estes atingem à raiz do problema, através do atendimento
psicológico. Tal tratamento possibilita, por sua vez, a ressocialização do agressor, o que é de
extrema importância para que se diminua os índices de reincidência da violência contra a
mulher, garantindo a esta o direito de viver em sociedade de maneira plena e igualitária.
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7 REFERÊNCIAS
BIANCHINI, A. A luta por direitos das mulheres. Carta Forense, São Paulo, 01 abr. 2009.
BRASIL. Lei n. 11.340 de 07 de ago. de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição
Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra
as Mulheres e da Convenção Interamericana para, Brasília, DF, ago. 2006
GIONGO, F. N.; PEDRO, C. Q. 10 anos da Lei Maria da Penha: uma análise acerca da
proteção a mulher em situação de violência doméstica. UNIOESTE. V Congresso
Nacional de Pesquisa em Ciências Sociais Aplicadas, p. 1441-1455. 2016.
MINEO, F. Eficácia das medidas protetivas da Lei Maria da Penha: Causas e soluções.
Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Direito). Faculdade do Norte Novo de
Apucarana. Apucarana, 20 p. 2011.
SOUZA, M. C. Os direitos humanos das mulheres sob o olhar das Nações Unidas e o Estado
Brasileiro. Revista Âmbito Jurídico, Rio Grande, v. 12, abr. 2009. ISSN 63.