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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GÊNERO E SEXUALIDADE

DISCIPLINA 3 - SEXUALIDADE

MATERIAL SUPLEMENTAR

A produção de identidades e o reconhecimento de sujeitos e direitos:


algumas possibilidades da perspectiva interseccional e da articulação de
marcadores sociais da diferença
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Silvia Aguião

São muitos os debates contemporâneos que procuram compreender os modos como


diferenças múltiplas, expressas em termos de sexualidade, gênero, raça, etnicidade, geração,
classe, religião etc, podem conformar-se em situações de desigualdade e privilégio. Nessa
tarefa, no Brasil, há pouco mais de uma década tem se destacado o campo de estudos que se
dedica à análise de "categorias de articulação ou interseccionalidades" (Piscitelli, 2008),
marcadores sociais da diferença ou que, como propõe Brah (2006), toma a "diferenciação
social" ou a "diferença" como categoria analítica.
Tais proposições vêm funcionando como ferramentas conceituais e metodológicas
acionadas no sentido de apreender os mecanismos através dos quais certas marcas sociais são
reconhecidas como tendo mais relevância em detrimento de outras, ou ainda, como certos
eixos de classificação, sempre contingentes, contextuais e relacionais, são produzidos,
objetivados e cristalizados na produção cotidiana de identidades, subjetividades e
agenciamentos. Essas abordagens podem também ser bastante úteis no acompanhamento do
campo de reconhecimento de direitos e da produção governamental de políticas direcionadas
para determinados sujeitos.
Adriana Piscitelli (2008) localiza, no plano internacional, o final dos anos 1990 como
o período do surgimento dos estudos sobre as "categorias de articulação" e/ou das
"interseccionalidades", a partir de formulações desdobradas da reflexão sobre as múltiplas
diferenciações, para além do gênero, que interagem na vida social. Essas formulações podem
ser compreendidas como releituras dos planos teórico e político realizadas no interior do

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Doutora em Ciências Sociais (Unicamp) e mestre em Saúde Coletiva (IMS/UERJ). Pesquisadora associada do
Laboratório Integrado em Diversidade Sexual e de Gênero, Políticas e Direitos (LIDIS/UERJ).

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movimento feminista, desenvolvidas principalmente por intelectuais negras e lésbicas que,
desde o final dos anos 1980, criticavam o pensamento feminista dominante até aquele
momento.
A perspectiva criticada seria aquela que desconsideraria as desigualdades de classe,
bem como contextos de opressão variados nos quais mulheres não brancas e não
heterossexuais estariam inseridas. Desse modo, o surgimento desses desenvolvimentos
apontava para alguns vieses limitadores do pensamento feminista então predominante e
interrogava a centralidade do gênero e da sexualidade em análises que se propunham a refletir
sobre uma multiplicidade de experiências e posicionamentos desiguais de sujeitos. Essa
inflexão acabou por questionar a própria possibilidade de existência da categoria "mulher"
enquanto sujeito político universal da luta feminista. Colocou ainda significativos desafios,
tanto para o desenvolvimento de reflexões que considerem diversas categorias de
pertencimento inter-relacionadas ou interseccionadas, quanto para a construção de agendas
comuns nos processos de mobilização política.
Apesar das origens serem mais antigas, a proposta das interseccionalidades ou da
análise dos marcadores sociais da diferença começa a ganhar mais corpo no Brasil nos
primeiros anos da década de 2000. O dossiê publicado em 2002, pela Revista de Estudos
Feministas sobre a III Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação Racial,
Xenofobia e Intolerâncias Correlatas, realizada em Durban no ano anterior, é um indicativo
2
dessa tendência . O conjunto de artigos reunidos destaca o impacto da atuação de mulheres
negras no evento e nas reflexões a respeito do entrecruzamento entre racismo e sexismo.
Nessa publicação, encontramos um artigo de Kimberlé Crenshaw, autora que figura
como uma das precursoras do esforço de produção de uma crítica teórica e política a respeito
da articulação de diferentes formas de opressão. O texto foi elaborado por ocasião de um dos
encontros preparatórios para a Conferência realizada em Durban e, nele, a autora procura
elaborar e apresentar uma metodologia para a análise dos "aspectos raciais da discriminação
de gênero, sem perder de vista os aspectos de gênero da discriminação racial" (Bairros, 2002:
170). De acordo com Crenshaw, a perspectiva interseccional seria uma maneira de abordar a
interação entre múltiplas formas de subordinação. A autora oferece como metáfora a imagem
de avenidas constituídas por "eixos de poder" - como raça, etnia, classe e gênero - que

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Para mais detalhes sobre a participação da delegação brasileira, em especial de mulheres negras na Conferência
e o impacto na agenda não apenas do movimento social, mas também nas reflexões desenvolvidas a respeito da
intersecção entre raça e gênero, ver os artigos de Suely Carneiro, Luiza Bairros, Nilma Bentes, entre outros, na
Revista de Estudos Feministas, v.10, n.1, 2002.

2
"estruturam os terrenos sociais, econômicos e políticos" (Crenshaw, 2002:177). Crenshaw
afirma que tais “avenidas” ou "eixos de subordinação", muitas vezes definidos como distintos,
cruzam-se e frequentemente se sobrepõem, formando "intersecções complexas". Assim,
conforme a autora, "grupos marcados por múltiplas opressões, posicionados nessas
intersecções em virtude de suas identidades específicas, devem negociar o tráfego que flui
através dos cruzamentos”. Esta seria, segundo Crenshaw, "uma tarefa bastante perigosa
quando o fluxo vem simultaneamente de várias direções". A autora então propõe apreender os
desdobramentos de "dinâmicas de interação entre um ou mais eixos de subordinação" no
processo de formação das condições estruturais de desigualdade colocadas por tais "sistemas
discriminatórios" (Idem). A sua argumentação é desenvolvida através da análise de episódios
trágicos de violação de direitos humanos. Por exemplo, a violência sexual, relacionada
também à etnia, contra mulheres refugiadas de regiões como Bósnia, Burundi, Kosovo,
Ruanda. Uma série de fatores interagiria, de maneira interseccional, de modo a aumentar a
"vulnerabilidade" à violência de mulheres inseridas nesses contextos.
Ainda no mesmo dossiê, Maylei Blackwell e Nadine Naber abordam as "intolerâncias
correlatas" de que tratava parte do título da conferência, "ou seja, os modos pelos quais o
racismo se intersecta com a pobreza, a discriminação de gênero e a homofobia" (Blackwell e
Naber, 2002: 191). As autoras destacam "novas tendências" e "novos atores" que, naquele
momento, corroboravam para o "alargamento de nossa definição de racismo" e da sua
intersecção com "múltiplas formas de opressão". Ressaltam ainda a importância de, durante a
conferência, se ter incorporado questões de gênero a discussões diversas, como migração,
globalização e pobreza. Além disso, conferem especial destaque à inserção da opressão
relacionada à orientação sexual na agenda dessas discussões.
Ao traçar a trajetória do surgimento e dos usos da noção de interseccionalidades e/ou
categorias de articulação, Adriana Piscitelli (2008) indica duas abordagens predominantes. A
primeira delas, chamada de "linha sistêmica", seria justamente representada pelos
desenvolvimentos de Kimberlé Crenshaw, nos quais se destacam os efeitos de estruturas de
opressão sobre a formação de identidades. Piscitelli argumenta que os termos mobilizados nas
reflexões de Crenshaw são bastante eficazes para os casos trabalhados pela autora, que se
utiliza amplamente de categorias como "vulnerabilidade" e "desempoderamento". Entretanto,
também retoma algumas visões críticas à formulação "sistêmica". De acordo com essas
críticas, o caráter de determinação que vincula a formação de identidades a sistemas de
subordinação de gênero, raça e classe, presente nesse tipo de formulação, estaria baseado em
uma concepção de poder que considera apenas o seu caráter repressivo, sem levar em

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consideração a sua dimensão relacional e pontuada por conflitos e resistências, também
produtoras de sujeitos (Piscitelli, 2008: 267). Esse tipo de aproximação dificultaria, segundo a
autora, a captura das possibilidades de agência dos sujeitos. Outro aspecto destacado seria a
fragilidade oriunda da fusão das noções de diferença e desigualdade. Assim, essa visão crítica
nos lembra que a existência de diferenças não implica necessariamente sua hierarquização e a
estruturação de desigualdades.
A segunda linha de desenvolvimentos, chamada de "construcionista", pode ser
acompanhada através do trabalho de outras duas autoras: Anne McKlintock e Avtar Brah,
cujas abordagens privilegiam "os aspectos dinâmicos e relacionais da identidade social".
Compreendem, assim, como coisas distintas as categorias de articulação de diferenças e os
sistemas de discriminação, de modo que as identidades seriam conformadas e se modificariam
em relação a essas articulações. Logo, são abordagens que valorizam a dimensão relacional do
processo de constituição de categorias sociais, políticas e culturais (Piscitelli, 2008).
De acordo com Avtar Brah, as diferenças não podem ser tidas sempre como
marcadores de hierarquia e opressão, pois há que se considerar a "variedade de maneiras
como discursos específicos da diferença são constituídos, contestados, reproduzidos e
resignificados" (Brah, 2006: 374). Logo, os aspectos contextuais e contingentes são
fundamentais para distinguir entre situações nas quais a diferença se desdobra em opressão e
desigualdade ou em agência e igualitarismo. Para desenvolver a sua reflexão, a autora explora
os usos do termo "black" no contexto da Grã-Bretanha do pós-guerra. Uma das questões que
discute gira em torno dos modos como a "diferença racial" se conecta a "diferenças e
antagonismos" relacionados a gênero e classe. A autora demonstra como um sujeito político
foi constituído através da resistência aos "racismos centrados na cor", transformando um
termo pejorativo – “black” - em identidade coletiva e afirmativa de grupo (Idem: 333).
Na proposta de Brah, destaca-se o esforço em considerar as maneiras como
marcadores da diferença constituem-se mutuamente, enfatizando a noção de articulação em
detrimento da simples soma linear de elementos tidos como separados. Assim, conforme a
autora, "estruturas de classe, racismo, gênero e sexualidade não podem ser tratadas como
'variáveis independentes' porque a opressão de cada uma está inscrita dentro da outra – é
constituída pela outra e é constitutiva dela" (Idem: 351). A visão de "opressões múltiplas"
concebidas não como a soma de termos essencializados, mas através de "seus padrões de
articulação", faz com que o enfrentamento de opressões não seja pensado de maneira
compartimentada e deixa espaço para o desenho de estratégias baseadas no entendimento de
suas interconexões em contextos determinados.

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Anne McKlintock (2010) é outra autora que enfatiza a dimensão relacional implicada
nesta noção de categorias de articulação. No contexto do imperialismo, analisa os modos
como gênero está relacionado com sexualidade e também ao trabalho e intersecciona-se com
raça que, por sua vez, é atravessada por gênero. Desse modo, em sua análise, demonstra como
classe, raça e gênero não são esferas de experiência distintas que possam ser isoladas umas
das outras. A autora recorre à imagem do Lego para explicitar que, para serem considerados
em conjunto, esses marcadores não podem ser simplesmente encaixados como peças
separadas, pois é preciso justamente analisar a sua existência, uns em relação aos outros,
mesmo que tais articulações ensejem contradições e conflitos. Ao percorrer o trabalho dessa
autora, Piscitelli (Piscitelli, 2008) destaca as aberturas para mudanças e negociações
justamente colocadas por tais contradições: "McKlintock explora políticas de agência
diversificadas, que envolvem coerção, negociação, cumplicidade, recusa, mimesis,
compromisso e revolta" (Idem: 268).
Vemos então que a arena de estudos que propõem o debate das interseccionalidades
abriga mais de uma perspectiva e que estas podem ser caracterizadas em função do modo
como concebem as relações de poder na análise da articulação de diferenças. Como nota
Laura Moutinho (Moutinho, 2014), o campo que se forma em torno das interseccionalidades
entrecruza política e academia. As principais referências bibliográficas mobilizadas são
análises produzidas por mulheres e é possível ler essas produções através dos modos como
são informadas pelas experiências particulares das autoras. Vejamos três das referências que
mencionamos até aqui. Kimberlé Crenshaw, nascida nos Estados Unidos, produz sob a
influência do contexto do movimento pelos direitos civis. Moutinho (2014) destaca a
percepção da lógica da estrutura legal do racismo norte-americano imbuída em suas reflexões.
Avtar Brah nasceu na Índia, cresceu em Uganda, desenvolveu o início de sua formação nos
Estados Unidos e, nos anos 1970, migrou para a Inglaterra, onde se envolveu em movimentos
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anti-racistas, feministas e socialistas . Anne McKlintock nasceu no Zimbábue, ainda criança
se mudou para a África do Sul, onde se envolveu no movimento anti-apartheid e, mais tarde,
desenvolve seus estudos na Inglaterra e nos Estados Unidos. Vemos nesses três casos
trajetórias pessoais marcadas por questões que posteriormente seriam trabalhadas e
incorporadas em suas produções acadêmicas.

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Avtar Brah: "I have lived on four of the five continents of the globe – Africa, Asia, America and Europe. These
experiences of displacement and dispersal have rendered questions of difference, solidarity and identity central
to my work" (http://www.bbk.ac.uk/about-us/fellows/avtar-brah, acesso em junho de 2015).

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Podemos dizer que atualmente a abordagem das “interseccionalidades”, “categorias de
articulação” ou “marcadores sociais da diferença” refere-se tanto a um campo específico de
estudos, quanto a uma perspectiva metodológica, que pode estar mais ou menos incorporada
e/ou explicitada em pesquisas sobre os mais variados temas, mobilizando não apenas gênero,
sexualidade, raça, etnia, classe, como vimos, mas também geração, território, deficiências,
religião etc. Lançar mão dessa proposta metodológica, através da consideração de como se
articulam os variados marcadores sociais da diferença pertinentes ao problema ou questão a
ser analisada, pode ajudar a enfrentar a dificuldade de lidar com campos de produção de saber
que muitas vezes constituem-se de maneira separada.
Ao realizar pesquisa entre migrantes brasileiras em países do “Norte”, Piscitelli (2008)
demonstra como essas experiências são forjadas através do entrelaçamento de noções de raça,
etnicidade, nacionalidade, gênero e sexualidade, sendo impossível compreendê-las a partir da
consideração de apenas uma ou duas dessas categorias. O fato das migrantes serem
“brasileiras”, no contexto dos países pesquisados, as classifica como mestiças,
independentemente da cor da pele ou de serem consideradas brancas ou negras no país de
origem. É a nacionalidade que as posiciona como mestiças, logo, a classificação racial aqui se
entrelaça com os modos como o Brasil é representado no cenário global. Piscitelli ainda
demonstra como essa racialização é sexualizada. A inserção do Brasil em certo circuito do
turismo sexual nos últimos anos acentuaria a relação entre essas categorias. As brasileiras
migrantes são associadas ao trabalho sexual, ainda que a maioria não possua vinculação com
essa atividade. Em diálogo com outras pesquisas relacionadas a contextos de migração, a
autora demonstra que muitas migrantes brasileiras engajam-se nos setores de comércio e de
serviços, especialmente em serviços domésticos relacionados ao cuidado de crianças e idosos.
Para a associação com o trabalho sexual corroboram noções estereotipadas segundo as quais
as brasileiras, por serem mestiças, seriam dotadas de uma disposição inata para o sexo e daí
de uma certa tendência para a prostituição. Essas ideias interagem ainda com certas
concepções de feminilidade associadas à submissão, domesticidade e disposição para a
maternidade.
A investigação aponta que podem existir variações a respeito dessas considerações a
depender do contexto migratório específico, dos países de origem, da posição de classe
ocupada e do tom da pele e fenótipo das mulheres. As "tropicalizações" ou "imagens
sexualizadas e racializadas" que reverberam nas latino-americanas que migram para os países
do “Norte” operam de maneiras distintas a partir da interação desses marcadores com aqueles
que atravessam os seus países de origem. Assim, Colômbia, Brasil e Cuba, representados por

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misturas raciais de traços mais africanos, são aqueles relacionados com as noções
mencionadas acima. Já sobre as migrantes originárias de países latino-americanos nos quais
seria mais presente a mestiçagem indígena não incidiriam com a mesma intensidade os traços
de sensualidade dessas "tropicalizações". Piscitelli demonstra então que a articulação entre
"nacionalidade, gênero e sexualidade e o particular estilo de racialização permeado por essas
diferenças incide em um racismo etnicizado" (Idem: 271).
A autora ainda chama a atenção para os espaços de "resistência e rejeição" e para as
brechas e possibilidades colocadas pelas contradições e ambiguidades dispostas por esses
mesmos processos de racialização/sexualização articulados a outros marcadores sociais de
diferença. Buscando negociar os posicionamentos desiguais nos quais estão inseridas nesse
contexto de migração internacional, as brasileiras podem manejar performativamente
determinados atributos que são a elas associados: "tanto no mercado de trabalho como no
mercado de casamento, as conexões da feminilidade brasileira com a ideia de serem
amigáveis, de terem um compromisso com a domesticidade, de serem muito limpas e de
terem uma natural propensão para o cuidado e também para a sensualidade, se tornam parte
do arsenal que essas mulheres utilizam na luta por um lugar melhor nesses cenários"
(Idem:271). Assim, valendo-se de alguns dos desenvolvimentos de Avtar Brah, Piscitelli
consegue descortinar aspectos fundamentais dessas experiências e trajetórias, que revelam
dinâmicas complexas entre situações que envolvem discriminação e opressão, mas também
estratégias e negociações.
Também podemos perceber possibilidades de agência e de contornar situações
desiguais nas dinâmicas envolvendo o cruzamento entre (homos)sexualidade, cor/raça, classe
e violência, expostas no trabalho desenvolvido por Moutinho (2006). Ao abordar
relacionamentos inter-raciais através das trajetórias de jovens gays moradores dos subúrbios e
favelas do Rio de Janeiro, surge com destaque o "campo de possibilidades" mais amplo de
que o "gay mais escuro e mais pobre" disporia em relação "as mulheres e os homens
heterossexuais e travestis que também vivem em regiões empobrecidas da cidade do Rio de
Janeiro" (Idem:113). A autora demonstra como o entrecruzamento de diferentes marcadores
sociais da diferença não pode ser compreendido apenas segundo a lógica da simples soma de
subjugações. Orientação sexual e raça podem se consubstanciar, através de atribuições que
articulam diferenças de classe e o mesmo pode acontecer com gênero, nacionalidade, raça e
sexualidade, como vimos. Mas essas articulações produzem “fissuras”, que permitem
deslocamentos e de negociações por parte dos sujeitos de seus posicionamentos em contextos
de desigualdades.

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Ao lidar com outro tipo de contexto, relacionado aos ativismos políticos, Guilherme
Almeida & Maria L. Heilborn (Almeida e Heilborn, 2008) discutem o percurso de formação
da "identidade lésbica" e as nuances implicadas em torno de sua mobilização política. Os
autores tecem considerações fundamentais a respeito da relação entre cor/raça, classe e
performances de gênero nas trajetórias de mulheres integrantes de movimentos de lésbicas.
Para tratar dos estereótipos sexuais associados a "mulher-negra-lésbica", os autores acionam
alguns dos desenvolvimentos de Moutinho (2004) a respeito de como o vetor "cromático" que
se articula às assimetrias de gênero pode imprimir sentidos particulares aos trânsitos
"libidinais" envolvidos em relações heterocrômicas (ou inter-raciais). Esses estereótipos
sexuais associados à exotização racial são refletidos nas figuras da "mulata lésbica" -
"constituída nos moldes dos atributos de gênero feminino" e da "fancha negra" - "comumente
constituída nos moldes do homem negro" (Idem: 245). Nesse sentido, os autores argumentam
que raça, gênero e classe social são aspectos inter-relacionados e inseparáveis da discussão
sobre os modos de engajamento político acionados pelos sujeitos desse campo e que
considerar as maneiras como se interseccionam contextualmente é fundamental para a
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compreensão de formas de produção das diferenças e de sua hierarquização .
Por fim, como nos chama a atenção Moutinho (2014), cabe apontar para a importância
da perspectiva interseccional em projetos políticos e acadêmicos que se dedicam não apenas à
reflexão sobre a constituição de sujeitos, subjetividades e agenciamentos, mas também sobre
o reconhecimento de identidades e a construção de políticas de enfrentamento às
desigualdades sociais. Nesse sentido, essas produções enfrentam o desafio de traduzir
experiências múltiplas em termos de classe, raça, etnia, religião, nacionalidade etc, em uma
linguagem inteligível e que permita o acesso a direitos. Na cena política, em diferentes
situações, muitas vezes os marcadores sociais de diferença são agregados de forma a somar
sujeições e a "lógica das opressões combinadas" é utilizada na busca de legitimação de
direitos. E, na elaboração de políticas públicas, a consideração das múltiplas diferenciações
que podem corroborar na estruturação de desigualdades por vezes tem sido traduzida na
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adjetivação de características cada vez mais específicas aos sujeitos .

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Para uma abordagem mais detalhada das relações de engajamento mobilizadas por sexualidade, gênero e raça
entre ativistas lésbicas, ver Almeida (2005).
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Como exemplo, podemos olhar para o Plano Nacional LGBT lançado pelo governo federal em 2009. Na
introdução do documento temos os “recortes” que devem ser considerados em todas as suas ações: "Garantir os
recortes de gênero, orientação sexual, raça/etnia, origem social, procedência, nacionalidade, atuação profissional,
religião, faixa etária, situação migratória, especificidades regionais, particularidades da pessoa com deficiência, é

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O fato das interseccionalidades surgirem como um campo particular de estudos, em
expansão no Brasil a partir do início dos anos 2000, não significa que muitas análises
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anteriores já não trouxessem essa perspectiva . No entanto, podemos notar certa correlação
entre a expansão desse referencial para o campo acadêmico e algumas das orientações que, no
mesmo período, começavam a ser desenhadas no campo político, seja do ativismo, seja das
políticas públicas.
Através de uma leitura das relações políticas engendradas entre aquele que já foi
conhecido como "Movimento Homossexual" e que hoje denominamos "Movimento LGBT"
e esferas de governo na última década, podemos perceber como progressivamente a
homossexualidade como o termo englobante que caracterizaria a experiência de um conjunto
de sujeitos começou a dar lugar à expressão “orientação sexual e identidade de gênero”. O
uso do termo identidade de gênero, forjado especialmente para “incluir” sujeitos que se
definiriam mais pelos atributos de gênero incorporados ou desempenhados do que pela
orientação sexual, também parece ter ganhado corpo progressivamente a partir da primeira
década dos anos 2000.
Da leitura extensa apresentada por Simões e Facchini (2009) sobre os processos de
incorporação de "identidades" no Movimento LGBT, os autores ressaltam que até 1992 os
encontros nacionais do movimento eram chamados de "Encontro de Homossexuais". Em
1993, o termo "lésbica" foi incorporado. Em 1995, a denominação utilizada foi "Encontro de
Gays e Lésbicas" e a reunião de 1997 ganhou a adesão do termo "travestis". Apenas em 2005
passa-se a fazer referência aos termos "transexuais" e "bissexuais" e também nesse ano
foram formadas redes e associações nacionais para esses “segmentos”. Vemos então nessa
trajetória um movimento que começou majoritariamente composto por homens "gays" e que,
ao longo da década de 1990, foi acrescentando e multiplicando o seu alfabeto de
7
"identidades" .
Como destaca Carrara (2013), a "implosão da categoria homossexualidade" - e a
progressiva segmentação em diferentes identidades sociais do que anteriormente estaria
abarcado sob a categoria - está relacionada a disputas por recursos e representatividade. Se

uma preocupação que perpassa todo o Plano e será levada em conta na implementação de todas as suas ações"
(Brasil, 2009: 9).
6
Operando nessa chave, Moutinho (2014) os trabalhos de Landes (2002[1947]), Pacheco (1986), Stolcke (1991),
Sansone (1994), Corrêa (1996 e 2000), Carrara (1996), entre outros.
7
Para uma leitura da história do Movimento ver MacRae (1990), Facchini (2003 e 2005). Para um percorrido
histórico mais amplo sobre a trajetória da "homossexualidade no Brasil do século XX", ver (Green, 2000).

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ainda na década de 1990 mulheres lésbicas passaram a reivindicar maior visibilidade,
alegando que a categoria homossexual pressuporia um sujeito masculino, nos anos 2000 são
travestis e transexuais que pleitearão mais espaço e reconhecimento político. O autor também
aborda o modo como a "fragmentação da homossexualidade" destacou, no plano político, os
debates que também vinham ocorrendo no plano teórico, como as discussões trazidas pelas
"críticas feministas e queer" que questionavam a coerência linear compulsória entre sexo,
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orientação sexual e identidade de gênero .
Devemos considerar ainda que tais formulações são influenciadas também por
relações e estratégias mobilizadas pelo movimento social a partir da leitura de conjunturas e
contextos políticos determinados. Nesse sentido, cabe destacar a intensificação da
organização do movimento de travestis e transexuais a partir da metade da primeira década
dos anos 2000 (Carvalho e Carrara, 2013) e lembrar que, em 2008, foi instituído o processo
transexualizador no âmbito do SUS, fruto de debates que já vinham ocorrendo
9
anteriormente . E, especialmente nos últimos anos, podemos indicar o crescimento da
organização e visibilidade do movimento de homens transexuais (Almeida, 2012).
Constitui-se assim um contexto mais abrangente que amplia a visibilidade de diferentes
identidades e experiências de sujeitos na cena pública; experiências e identidades sociais
que se articulam através do complexo cruzamento de diferentes marcadores sociais da
diferença. Fica claro, enfim, que identidades cada vez mais específicas vão sendo
construídas e reconstruídas, compreendidas e assimiladas de forma diferente ao longo do
tempo. Além de uma relativa autonomização do movimento de lésbicas, travestis e
transexuais em relação à coletividade LGBT, para além da orientação sexual e da identidade
de gênero, outros marcadores passam a compor o leque de especificidades a serem
contempladas para a "correta" representação de determinados sujeitos, como raça, local de

8
Vianna (2009) destaca as “provocações ruidosas” e as “dissidências inscritas no e pelo gênero” que surgem
com a entrada em cena de travestis e transexuais que reivindicam o tratamento de seus relacionamentos
afetivosexuais como relações heterossexuais. Dessa forma, provocam a “matriz de inteligibilidade” que
pressupõe a coerência linear e encadeada entre sexo anatômico, performance de gênero e orientação sexual
(Butler, 2008). O início dos anos 2000 é marcado por um período de inflexão e multiplicação do campo de
estudos e pesquisas em gênero e sexualidade. Para um balanço dos estudos sobre diversidade sexual e de gênero
no Brasil, a partir de uma leitura feita do campo socio-antropológico, ver Simões e Carrara (2014).
9
Instituído pela primeira no SUS pela Portaria nº 1.707, de 18 de agosto de 2008. Uma reconstrução do percurso
dos debates políticos e acadêmicos que envolveram a publicação da Portaria pode ser encontrado em: Arán et al.
(2008) e Murta (2011).

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10.
moradia, geração etc
Se girarmos o foco novamente para o âmbito mais amplo da gestão de políticas
governamentais, a orientação de abordar determinados temas através de políticas
transversais e intersetoriais vem sendo adotada, sobretudo em relação a gênero e raça, mas
também em relação a algumas populações específicas, tais como: LGBT, juventude, idosos,
pessoas com deficiência, indígenas, pessoas em situação de rua. A adoção da
transversalidade e da intersetorialidade as concebe como diretrizes imprescindíveis para
alcançar condicionantes "multidimensionais" de situações de desigualdade, ancoradas na
"perspectiva da universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos" (Brasil,
2010).
A ampliação de ações e políticas governamentais direcionadas para populações
específicas e a ampliação do "elenco de direitos" (Adorno, 2010) reconhecidos pelo Estado
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brasileiro intensificam-se na primeira década dos anos 2000 . Um indicativo da maneira
como essa perspectiva foi ganhando espaço pode ser percebida através da inflexão que se
inicia na passagem da década de 1990 para o início dos anos 2000 na própria estrutura do
governo executivo federal. A progressiva autonomização da Secretaria de Direitos Humanos,
de instância subordinada a um ministério até chegar ao estatuto de ministério, e o modo
como “populações específicas” ganharam instâncias administrativas destacadas em sua
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estrutura, podem ser lidas como um reflexo dessa inflexão . Hoje, na Secretaria de Direitos

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Percorrendo o campo do ativismo LGBT podemos notar como na última década o apelo e adesão às
"especificidades" forjam sujeitos particularmente definidos como "negros e negras LGBT", "LGBT moradores
de favelas e/ou periferias" ou "jovens e adolescentes LGBT". Especialmente para uma reflexão sobre LGBT
moradores de favelas, ver Leite Lopes (2011). A respeito da discussão sobre a constituição de "adolescentes
LGBT" como uma nova categoria para as políticas públicas, ver Leite (2014). Para uma reflexão sobre as
disputas e negociações internas às diferentes identidades que compõem a coletividade LGBT, ver Aguião
(2014b).
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Mais uma vez, o fato de ganharem destaque nos anos 2000 não significa que não sejam processos que já
vinham sendo desenhados há algum tempo. Carrara e Vianna (2008: 335) apontam a Constituição de 1988 como
um "marco fundamental a partir do qual a sexualidade e a reprodução se instituíram como campo legítimo de
exercício de direitos no Brasil", apesar da tentativa de inclusão de "orientação sexual" no artigo que trata da
proibição de discriminação com base em "origem, raça, sexo, cor e idade" não ter logrado. Os autores destacam
as "políticas de corte identitário" que ganharam terreno progressivamente pós-constituição, processo correlato a
"reelaboração dos Direitos Humanos no século XX, [que] tem seu lugar no texto de 1988 em diversos
momentos, indicando a necessidade de se reconhecer a qualidade diferenciada dos problemas que atingem
'segmentos' diversos (mulheres, crianças, povos indígenas etc)" (Idem:353). Portanto, tal disposição seria reflexo
de certa concepção internacional a respeito dos direitos humanos e teria como desdobramento uma determinada
maneira de articulação política que relega "aos 'sujeitos' o lugar principal nesse jogo" (Idem:353).
12
Em 1997 a Secretaria dos Direitos da Cidadania foi substituída pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos,
tendo entre as suas atribuições monitorar as ações do Programa Nacional de Direitos Humanos, ainda compondo
a estrutura do Ministério da Justiça. Em 1999, a secretaria foi transformada em Secretaria de Estado de Direitos
Humanos e ganhou assento nas reuniões ministeriais. Como mencionado acima, a III Conferência Mundial das

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Humanos (SDH) existem coordenações e programas específicos para crianças e adolescentes,
idosos, pessoas com deficiência e LGBT. Além disso, em 2003, foram criadas a Secretaria de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e a Secretaria de Políticas para as
Mulheres (SPM)13 e, em 2005, foi criada a Secretaria Nacional de Juventude.
Assim como a SDH, todas essas secretarias têm como um de seus principais
propósitos incentivar e acompanhar a promoção de "políticas transversais" e a inserção de
seus temas nas agendas dos demais ministérios. Não coincidentemente, a partir do mesmo ano
14
de criação da SPM e da SEPPIR, a formulação do Plano Plurianual (PPA) 2004-2007
introduziu a transversalidade como diretriz para a gestão federal "especialmente no que diz
respeito às ações voltadas para determinados grupos populacionais e aos temas que os afetam"
(IPEA, 2009: 779). O documento ainda aponta que a transversalidade se colocaria como um
"desafio" para a concepção mais comum de condução de políticas de "forma setorial",
seguindo a "divisão da administração pública em setores" (educação, saúde, trabalho etc.).
Essa forma de atuar precisaria ser superada para que o enfrentamento de "determinados
problemas existentes na sociedade" não seja feito de "modo fragmentado e superficial"
15
(Brasil, 2006) .
Podemos afirmar, então, que mesmo que seja através de termos, abordagens e leituras
distintas, a consideração dos diversos marcadores sociais da diferença configura-se hoje como
um desafio para as reflexões acadêmicas, para a composição das pautas e agendas do ativismo
e também para a construção e gestão de políticas públicas.

Nações Unidas contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, realizada em
Durban em 2001, e a série de eventos preparatórios que a antecederam, têm grande influência na forma como se
dará esse processo. Para mais informações sobre esse processo ver Aguião, 2014.
13
A mesma lei criou a Secretaria Especial de Direitos Humanos. Em 2010, a Secretaria deixou ter caráter
especial, através de uma medida provisória presidencial (de 25 de março de 2010) e então passa a ser chamada
apenas de Secretaria de Direitos Humanos (SDH).
14
O Plano Plurianual ou PPA é o planejamento de gestão governamental que estabelece “objetivos,diretrizes e
metas” para um período de 4 anos de administração.
15
A "mensagem presidencial" publicada junto com a divulgação do Plano Plurianual 2004 – 2007, diz: "O
Governo assume como objeto permanente, por meio do Plano Plurianual 2004 – 2007, o princípio da
transversalidade de gênero na formulação e desenvolvimento das políticas públicas, incluindo-se aí todos os
setores de atuação e segmentos de poder. Na intensa discussão estabelecida com a sociedade sobre desigualdade
social, as variáveis relativas a sexo, raça e etnia tornam o quadro ainda mais complexo e dramático. As
diferenças de gênero e raça, em relação à qualidade de vida e acesso a oportunidades, demonstram que a
igualdade de direitos no Brasil ainda é um princípio não concretizado" (Brasil, 2003).

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