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"Pois Ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho

amado" (Bíblia, Colossenses 1 13-14). A fórmula que inclui a noção de "salvador" está presente
há séculos na humanidade. A personagem em questão representa a figura central da narrativa
judaico-cristã, razão pela qual sua utilização constitui não desprezível vantagem para
postulantes ao estabelecimento de diálogo com públicos numericamente expressivos, haja
vista a economia cognitiva que proporciona, dada a inserção no repertório de interlocutores
iniciados ao cristianismo. Abundam reflexões que sustentam tal perspectiva. Resgatando um
clássico do marketing nos anos 1970, vale lembrar a noção de posicionamento de mercado, de
Ries e Trout (XXXX),

Acoomoda-se, portanto, mais confortavelmente ao arcabouço intelectual do receptor,


preenchendo-lhe lacunas (FALAR MAIS DO LIVRO DAS NARRATIVAS

- ver na psicanálise (pedir à Luciana sugestão)

- Outros salvadores

- Estruturas narrativas x cognitivismo

- Hanke: narrativa como retóric

TEXTO PARA A TRIBUNA DE MINAS


NÃO SEJA UM IDIOTA

Longe de mim sugerir que isso, a que me refiro no título acima, esteja lhe ocorrendo.
Tampouco busco transmitir uma indireta a alguém em específico - e olha que não faltam alvos
em potencial. Mas a intenção, estritamente, é oferecer algumas orientações, fundamentadas
em literatura técnica, que lhe permitam, leitora ou leitor, ser menos suscetível ao canto da
sereia político e/ou mercadológico contemporâneo, tão cheio de seduções e estratagemas.

Você diz "vamos às compras" - aliás, título de obra seminal de antropologia do consumo de
Paco Underhill, livro bom mesmo de ler - e chega ao supermercado. A quantidade de opções é
tão grande, e o tempo tão escasso, que sua decisão, como a de quase todo mundo, se
subordina ao imperativo da aceleração: melhor agilizar. Nem se dá conta, mas várias das
etiquetas de preços em destaque (e nem precisam ser os conhecidos "splashes", em formato
de explosão) não são promocionais. Ponderar sobre cada item é custoso, e a indústria do
merchandising sabe isso. Cuidado.

Outra dica - esta válida tanto no universo comercial quanto o político - é resistir à tentação do
que se habituou, no senso comum, denominar "efeito manada". Você sabe do que estou
falando: aquele impulso desesperado, ainda que frequentemente imperceptível, de ir "no
embalo" da maioria. Em "A Cabeça do Eleitor", o tão respeitado quanto controverso Alberto
Carlos de Almeida faz até algumas ressalvas à ideia de que os votantes preferem candidatos
mais bem posicionados em pesquisas. Mas não falta literatura no universo da psicologia social
- e aí indico tudo que Robert Cialdini escreveu e ainda escreve - demonstrando nossa
suscetibilidade aos grupos. Aliás, isso também vale para criação de filhos: há bastantes e
documentadas evidências de que os amigos não raro influenciam de forma mais contundente
os pequenos do que os próprios pais. Melhor ficar atenta(o) a eles.

A influência está por toda parte, explorando vulnerabilidades em todos nós, mesmo entre os
mais atentos, estudiosos e os próprios influenciadores. Aqui mesmo houve o recurso a
algumas técnicas, como o uso do "você", interpelando a(o) leitora(o) ao apelar para o uso de
um dos vocábulos que, demonstram estudos, mais facilmente identificamos em textos de
quaisquer extensões ao longo da vida, perdendo só para nosso próprio nome.

Você devia abrir seus olhos. Há bastante gente tentando influenciar por aí, e esse pessoal sabe
o que faz.
- Vamos às compras

- Princípios de persuasão (Cialdini - enfatizar o da escassez)

- Marketing político

TEXTO PARA O FACEBOOK -

Repudio ostentações. Não julgo quem as curta - nem digo que nunca postei algo assim (até
porque, convenhamos, a comida da minha mãe e o bolo da minha tia são mesmo obras-primas
que merecem ser publicizadas). Hoje, porém, abro uma exceção: ostentarei,
escancaradamente, a sorte que tenho de ter esses bons amigos. Para não ser injusto, não
fulanizarei, mesmo porque todos participam, de um modo ou de outro, me ensinando algo.
Ainda assim, e é aí que eu queria chegar, fico impressionado e orgulhoso de ter, entre essas
valiosas amizades, figuras como um sujeito que, chegando em casa com a esposa, encontrou
ladrões armados, levou um tiro e quase morreu - graças a Deus, está bem. Há ainda pelo
menos dois delegados, uma morando em Rondônia (e esta informação faz diferença para o
que estou defendendo por ora), outro aqui mesmo em Minas Gerais. Há ainda muitos outros,
como militares, motoristas de Uber, caminhoneiros (acho que é um só, perdão pelo plural),
médicos e muitos outros. Restringi-me a essas profissões por um motivo específico: todos os
mencionados, de um modo ou outro, teriam "razões" para aceitar o discurso simplista e
messiânico do fascista, e no entanto o repudiam - a exemplo do que se deve fazer com
ostentações. Não aceitam as falácias de um farsante que, como disse Humberto Gessinger,
deixa gente ignorante fascinada. São gente foda, que realmente espera coisas melhores para o
mundo.

A vocês, que enobrecem minha timeline, deixo meu agradecimento. É sincero.

Sigamos combatendo os fascistas. We shall fight on the beaches.

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