Você está na página 1de 6

Artigo: Praias, dunas e restingas: conceito, características e importância... http://praiasemesgoto.blogspot.com.br/2011/08/artigo-praias-dunas-e-re...

INÍCIO SAIBA + QUEM SOMOS MOBILIZE-SE! LEGISLAÇÃO

SIGA POR E-MAIL

POSTADO POR MOVIMENTO PRAIA SEM ESGOTO ÀS 20:28

1. Introdução

Quando falamos em problemas ambientais que geram conflitos judiciais na zona costeira, certamente a
maior parte deles se dá nas praias. E, como não podemos falar em praia sem tratar dos ambientes que
estão intimamente ligados a ela, por extensão trata-se também das dunas e restingas, pois um dano que
ocorra num desses três ambientes afetará também os outros.

Desta forma, pretende-se com este trabalho ressaltar conceitos, características e importâncias destes
ambientes, bem como as questões judiciais que envolvem estes ambientes no tocante aos danos
ambientais que porventura surjam, dando, para isso, exemplos de casos concretos.

2. Praias _____________________________________

O art. 10, parágrafo 3º da Lei Nacional de Gerenciamento Costeiro conceituou praia como sendo:

A área coberta ou descoberta periodicamente pelas águas acrescida da faixa subseqüente de material
detrítico, tal como areias, cascalhos, seixos e pedregulhos até o limite onde se inicie a vegetação
natural, ou, em sua ausência, onde comece um outro ecossistema.[1]

Sua definição legal é importante para que esse bem seja delimitado, uma vez que diversas questões
jurídicas sobre ele podem surgir. Quando não for possível demarcá-la, a solução é realizar perícia
segundo os parâmetros da Lei 7.661 de 16/05/1988. Logo, o Poder Público deve evitar a invasão, a
privatização ou o desvio de finalidade desse bem que não esteja previamente delimitado. Já a sua
proteção jurídica é garantida pelo art. 3º, inc.I, da mesma lei.

Sua importância está ligada primeiramente ao lazer, como forma de diversão, tanto para o banho de mar
quanto para práticas esportivas e sociais. Porém, toda essa recreação à beira-mar faz com que a
degradação desse ambiente costeiro se dê de forma bem acentuada, afinal, a maioria dos municípios da
zona costeira é desprovida de sistemas adequados para coleta e disposição final dos efluentes líquidos
produzidos pelas pessoas que ali se encontram. Conseqüentemente, o lançamento desses sedimentos se
dará no mar, interferindo na balneabilidade destas praias. Possui também importante função paisagística,
o que gera grande especulação imobiliária, pois a disputa por imóveis de frente para o mar é grande,
apesar de terem um valor mais elevado. Portanto, do ponto de vista econômico, se faz necessário que a
praia se mantenha com suas características naturais.
Os brasileiros já nadam na m--da há muito
Contudo, o contato direto do mar com a praia poderá ocasionar a poluição marinha, pois como alerta tempo, a... - Nita de Oliveira
Robson José Calixto “a principal fonte de poluição marinha está principalmente baseada em terra e Eu como cidadã, fico indignada com isso!
relacionada à ação antrópica”.[2] Salienta ainda que as atividades socioeconômicas cujo lixo produzido Calcula m... - Carol Gomes
não têm nem tratamento nem destino controlado como os lixos depositados pelos veranistas, os esgotos
NADANDO CONTRA A POLUIÇÃO enviou o link
sanitários e os sedimentos e nutrientes são responsáveis por cerca de 44% da poluição do mar.
de um blo... - nadando contra a poluição

Outras causas de degradação do ambiente praiano e marinho são as construções como barragens e A GALERA SAIU NA WAVES , A DO
portos, a expansão urbana, as instalações industriais, as obras de recreação e turismo realizadas na SURF.CIBRA E A ECO.... - Wiil
própria praia, a mineração costeira (retirada de areia), a construção de centros de pesquisas, bem como Mais que um problema de praia suja, este é um
os bares e restaurantes erguidos sobre as areias. Essa situação gera problemas não só ambientais prob... - Bruno Pinheiro
como a poluição marinha e o comprometimento de sua balneabilidade, mas também problemas sociais ou
socioambientais, atingindo, inclusive, os pescadores, pois, não são raras às vezes que a imprensa
noticia as graves situações por que passam as pessoas que vivem da pesca que em razão da poluição
marinha se vêem privados de seu sustento.
Artigo: Praias, dunas e restingas: conceito,
características e importância à luz do Direito

1 de 6 17/4/2017 00:18
Artigo: Praias, dunas e restingas: conceito, características e importância... http://praiasemesgoto.blogspot.com.br/2011/08/artigo-praias-dunas-e-re...

Por ser a praia um bem público, de uso comum do povo, é livre a sua utilização por todos. Além disso, por Ambiental Brasileiro
ser patrimônio público, somente poderá ser apropriada por terceiro em caso de desafetação que deverá
ser feita expressamente por uma emenda à Constituição Federal. Dessa forma, a inalienabilidade é uma
característica inerente aos bens de domínio público e conseqüentemente das praias.

Porém, a realidade nos mostra outra situação bem diferente, como caso das residências particulares que Ilhas, mar, praia e… esgoto!
são construídas em terrenos limítrofes às praias, dificultando o acesso a elas. Em tal situação, a melhor
solução é, muitas vezes, a instituição da servidão de passagem, desapropriando-se a praia para que a
população tenha seu acesso ao mar assegurado. Outras situações problemáticas são as construções de
condomínios particulares e fechados à beira-mar, aos quais somente quem for proprietário do imóvel
localizado em seu interior, conseqüentemente, só esses mesmos proprietários é que podem freqüentar a
praia cercada pelo condomínio, o que a torna privativa de um grupo restrito.
Artigos Mobilização Informes Na mídia
Além disso, freqüentemente vemos nas praias construções de áreas esportivas, clubes, bares e Balneabilidade Saneamento Audiência Pública
restaurantes, embora, tais efeitos sejam contrários à Constituição Federal. Aliás, o parágrafo 1º do art. Dunas Itanhaém Língua negra Peruíbe Praias
10 da Lei n° 7.661 de 16/05/1988 deixa claro que a construção de loteamentos na beira da praia e o Ressacas Restingas
conseqüente impedimento de acesso do público são condutas contrárias à lei, que podem e devem ser
coibidas, pois de nada adiantaria a Constituição e as leis ordinárias de Gerenciamento Costeiro
estabelecerem que a praia é bem público de uso comum do povo se seu uso e acesso puderem ser
dificultados. Neste mesmo sentido de defesa do livre acesso às praias, podemos também destacar o art.
21, parágrafo 1º, incisos I, II e III do Decreto nº 5.300 de 07/12/2004.

Outro ponto de bastante relevância quanto à análise da praia como bem de todos os cidadãos é o fato de
► 2012 (1)
que no Estado do Rio de janeiro algumas praias são ocupadas pelas Forças Armadas, permitindo-se ► Dezembro (1)
nestes locais acessos ao banho e a atividades esportivas somente a militares ou a convidados
▼ 2011 (17)
previamente credenciados. Os militares ocupam trechos supervalorizados da orla, como é o caso da
► Outubro (2)
Prainha do Forte Copacabana; a Restinga da Marambaia; as Praias de Dentro e de Fora na Urca, as
Praias de Imbuí, e as Praias do Forte Rio Branco em Niterói. ► Setembro (11)
▼ Agosto (4)
Imprensa fortalece debate sobre
#CAGADAPÚBLICA da ...

As Forças Armadas dão duas justificativas para tal acontecimento. A primeira é a de que nesses locais Poluição atingiu 71% das praias do litoral norte
e...
há quartéis com acesso direto às praias e que pela grande quantidade de armamento neles guardado não
Artigo: Praias, dunas e restingas: conceito,
há pessoal e infra-estrutura suficiente para garantir a segurança das unidades e dos banhistas ao mesmo
carac...
tempo. A segunda justificativa fundamenta-se na afirmação de que não havendo intervenção urbana
Ilhas, mar, praia e… esgoto!
essas praias encontram-se com seus ecossistemas originários totalmente preservados, diversamente do
que ocorre com as praias vizinhas.

A conclusão inevitável a que se chega é a de que estas praias não estariam bem preservadas se
estivessem liberadas para o público. Desse conflito uma pergunta se impõe, isto é, deve prevalecer a
determinação de que a praia é um bem público de uso comum do povo e, portanto, aberta a todos, ou tem
primazia a proteção ambiental? Neste caso, o bem continua sendo público de uso comum do povo e
pertencente à União, mas seu uso encontra-se restrito, contrariando o que até agora foi dito. Assim,
deve-se utilizar o Princípio da Razoabilidade para avaliar o que seria de maior relevância. Mariana
Passos de Freitas diz que “no conflito de interesses deve prevalecer a proteção ao meio ambiente,
porém facultando-se o acesso ao público, ainda que não se ponha em risco o bem ambiental”.[3]

Por fim, não podemos deixar de mencionar o art. 54, da Lei 9.605 de 12/02/1998, mais conhecida como
Lei de Crimes Ambientais que estabelece como crime a ação de causar poluição de qualquer natureza
desde que esta cause danos à saúde humana ou a mortandade de animais ou ainda a destruição da
flora. Já, o parágrafo 2º, inc. IV desta mesma lei enumera como qualificadora do crime de poluição o ato
de poluir tornando difícil ou inviável o uso ou acesso às praias.

Por tratar-se de bem público federal e em face de sua fragilidade, as construções e realizações de
atividades nas praias, por particulares, sujeitam-se à autorização do Poder Público, fornecida por um dos
entes políticos para atividades precárias, geralmente de curta duração. Atividades mais prolongadas e de
interesse da coletividade são autorizadas através de permissão de uso, devendo ter também o aval da
Secretaria de Patrimônio da União. Tal autorização deve ser necessariamente fornecida com vistas ao
interesse público. A questão é saber qual ente expediria a autorização, já que se trata de competência
comum: interesse local e ao mesmo tempo propriedade do bem por parte da União.

A conclusão a que se chega através de uma análise exclusivamente constitucional é que, a princípio,
havendo interesse preponderantemente local, o Município é competente, por ter maior conhecimento das
necessidades locais e saber como atingir plenamente as funções sociais da cidade e o bem comum de
seus habitantes. A União encontra-se muito distante, e a maior parte das atividades a serem realizadas
apenas nos limites do Município não enseja interesse nacional que justifique autorização a ser expedida
pelo Poder Público Federal. Ademais, a competência administrativa dá-se pela matéria, não pelo domínio
de bens. Todavia, a autorização deve ser feita com cautela, visando ao bem comum e não a interesses
puramente políticos. Devemos salientar, contudo, que a competência conferida ao Município não é
absoluta, pois quando houver claro interesse federal, como nos casos de envolvimento de interesses da
navegação, das comunicações, da defesa nacional, da política de fronteiras e o relevante interesse
coletivo, a União é competente para autorizar construções e atividades na praia.

Em relação às construções próximas da praia e que podem afetar seu uso, devemos registrar o problema
das sombras nas praias e da interferência paisagística que as enormes construções na orla marítima
podem provocar. Além desses problemas, outros tantos podem surgir em decorrência dessas

2 de 6 17/4/2017 00:18
Artigo: Praias, dunas e restingas: conceito, características e importância... http://praiasemesgoto.blogspot.com.br/2011/08/artigo-praias-dunas-e-re...

construções, como por exemplo, o acúmulo de esgoto doméstico à beira-mar, a dificuldade de circulação
do vento e a grande concentração de veículos. É por isso que diversas normas estaduais com o objetivo
de limitar construções próximas das praias vêm sendo estabelecidas.

Para a construção nas praias torna-se indispensável concessão de licença por órgão ambiental da
Administração Pública, prevista de forma genérica na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, a Lei nº
6.938 de 31/08/1981 e especificamente em relação à Zona Costeira na Lei nº 7.661 de 16/05/1988,
mais conhecida como Plano de Gerenciamento Costeiro. Somente serão passíveis de licenciamento as
obras que não causem alteração das características naturais da zona costeira, pois o licenciamento
privilegia o Princípio da Prevenção, um dos corolários do Direito Ambiental, já que está ligado aos
conceitos de afastamento de perigo e segurança das gerações futuras.

Requisito indispensável para a concessão da licença é a realização de prévio Estudo de Impacto


Ambiental (EIA), previsto constitucionalmente no art. 225, parágrafo 1º, inc. IV. Esse estudo limita-se a
atividades que possam causar significativo impacto ambiental. A competência para a expedição desse
licenciamento fixa-se pela abrangência direta do impacto provocado ou que se pode provocar, logo, o
interesse ambiental preponderante é que determinará o órgão competente.

As obras e atividades realizadas sem observância da legislação ambiental são passíveis de sanção
administrativa por parte dos órgãos ambientais dos três níveis da federação, em face da competência
comum do art. 23, inc. VI, da Constituição Federal. Sua aplicação deve atentar para o devido processo
legal, com ampla defesa e contraditório, e estar devidamente motivada. Justifica-se sua aplicação
imediata já no início do processo quando a perpetuação da atividade possa continuar causando danos
ambientais. As penas de maior complexidade são o embargo e a demolição da obra. A primeira é utilizada
de forma preventiva, já a segunda, será aplicada com bastante cautela e motivação suficiente, porquanto
sua má utilização pode gerar danos irreversíveis. Os princípios da Proporcionalidade e da Razoabilidade
devem nortear a aplicação de sanções. Multas também são bastante comuns. O mais razoável seria sua
destinação a um fundo ambiental, dirigido especificamente para atividades voltadas à preservação da
zona costeira, mas na realidade não é o que acontece.

3. Dunas

Dunas são elevações de areia, podendo apresentar-se mais ou menos coberta por vegetação. São
formadas pelos ventos que vêm do mar carregando a areia fina até que se estabilizem por uma
vegetação pioneira. Sua função é proteger a costa nos momentos de maior energia, como por exemplo,
nas ressacas, pois servem de barreira natural à invasão da água do mar e da areia em áreas interiores e
balneários. Protegem também o lençol de água doce evitando a entrada de água do mar.A fauna é bem
escassa nesse ambiente devido às altas taxas de salinidade, baixas taxas de umidade e instabilidade
térmica. Já a vegetação nativa das dunas é composta principalmente de gramíneas e plantas rasteiras
que desempenham papel importante na sua formação e fixação. São plantas adaptadas às condições
ambientais, com alto índice de salinidade. À medida que a vegetação pioneira cresce, as dunas ganham
volume e altura. Com o tempo, outras plantas colonizam o local, mantendo o equilíbrio ecológico e a
estabilidade do cordão de dunas litorâneas. As plantas de pequeno porte cortam o vento, limitam as
cheias e abrigam a fauna e a flora originais. Logo, a retirada da vegetação acarreta movimentos de areia
carregada pelo vento, que passam a cobrir casas e estradas, podendo assorear lagoas e rios.

Em nosso País as dunas estão sendo bastante degradadas não só pelos loteamentos e edificações que
alteram a paisagem, como também pela constante trilha traçada pelo ser humano que passa por cima das
dunas, dispersando sua areia. Importante medida tomada neste sentido aconteceu no Balneário Cassino
na cidade do Rio Grande no Rio Grande do Sul, em que uma ponte de madeira foi construída por cima
das dunas sem nelas encostar ligando a zona urbana do balneário até a praia, como objetivo de
preservá-las. Ponte sobre as dunas

Fotografia da ponte de madeira construída sobre as dunas da Praia do Cassino, na cidade do Rio
Grande-RS, com o objetivo de preservá-las ambientalmente.

Fonte: http://www.riograndeemfotos.fot.br

Cabe aqui destacar não só a construção desta ponte, como também as constantes colocações de galhos
de árvore nas dunas, com o objetivo de protegê-las.

Galhos nas dunas

Fotografia que mostra uma das ações desenvolvidas pelo Projeto Dunas Costeiras, do NEMA e que
demonstra a colocação de galhos nas dunas da Praia do Cassino, na cidade do Rio Grande-RS, com o
objetivo de recuperá-las e fixá-las.

Fonte: http://www.riograndeemfotos.fot.br

Essas ações são apenas alguns dos grandes trabalhos realizados neste balneário, através do Projeto
Dunas Costeiras, que é uma parceria entre o NEMA (Núcleo de Estudos do Meio Ambiente) e a Prefeitura
Municipal. Os principais objetivos deste Projeto são a recuperação e a fixação do cordão de dunas; a
assessoria aos órgãos competentes pela preservação do ambiente; a capacitação de funcionários
públicos que atuam nos manejos e o desenvolvimento de ações de divulgação e educação ambiental
envolvendo as escolas e a comunidade do balneário.

3 de 6 17/4/2017 00:18
Artigo: Praias, dunas e restingas: conceito, características e importância... http://praiasemesgoto.blogspot.com.br/2011/08/artigo-praias-dunas-e-re...

A experiência do NEMA em ações de gestão participativa, desenvolvidas pelo Projeto Dunas, em


conjunto com os órgãos competentes, obteve ao longo de doze anos resultados surpreendentes na
recuperação e fixação das dunas em uma área de 2.500 metros de extensão, delimitando a avenida beira
mar hoje livre das invasões de areia; definiu políticas e estratégias para solucionar os problemas de
ocupações irregulares de Áreas de Preservação Permanente; regularizou a exploração de areia, em área
fora do campo de dunas, aliviando uma pressão de retirada de 40.000 toneladas de areia de dunas/ano;
proporcionou o desenvolvimento da cobertura vegetal; o resgate das funções ecológicas e
biodiversidade possibilitando a retomada gradativa da harmonia paisagística e identidade da frente da
praia. Por isso, o Projeto Dunas Costeiras tornou-se referência a nível municipal, estadual e nacional e
veiculou o trabalho como exemplo de manejo costeiro bem sucedido.

Porém, não é somente a ação do homem que prejudica a preservação das dunas.Outro problema
bastante comum é o gado que fica solto e que não só pisoteia as dunas, como também se alimenta da
vegetação ali existente, deixando, assim, as dunas a mercê dos ventos. Há ainda casos bem piores,
onde automóveis passam por cima das dunas danificando-as violentamente e o que é mais lamentável é
que em muitos balneários passeios e campeonatos com automóveis com rodas especiais são
estimulados como fonte de lazer e atrativo turístico.

Veículos Automotores sobre as Dunas

Fotografia que mostra a destruição violenta de dunas causada por automóveis, no litoral de Aracajú, no
estado de Sergipe.

Fonte:http://www.cvc.com.br/lojavirtual/mais_fotos.asp?flash=aracaju/costadunas/costadunas.swf

Devemos destacar que pelo Código Florestal, apenas a vegetação das dunas é considerada como de
preservação permanente, logo as não vegetadas não têm nenhuma proteção específica determinada por
lei. Todavia tal lacuna foi suprida em parte com a Resolução nº 341 do Conama, que embora não declare
as dunas não vegetadas como de preservação permanente, trata dos casos de atividades e
empreendimentos turísticos sobre elas, os quais, para que sejam autorizados, devem ser declarados de
interesse social e deverão estar previamente definidas e identificadas pelo órgão ambiental competente,
com aprovação do Conselho Estadual do Meio Ambiente. Cada empreendimento deverá ainda ser
precedido por Estudo de Impacto Ambiental. Como motivos para a preservação das dunas, o Conama
aponta o papel que representam na formação e recarga de aqüíferos e no controle de erosão costeira,
além da beleza de sua paisagem que propicia o turismo.

Além das diversas disposições legais existentes a respeito deste assunto, existe também o Projeto de
Lei nº 1.197 de 05/06/2003 que considera todas as dunas como espaços territoriais especialmente
protegidos. De acordo com o Projeto, nestas regiões serão proibidas quaisquer atividades que
comprometam ou ameacem a sustentabilidade ambiental. O texto exige licença ambiental e audiências
públicas com as comunidades para a construção de vias de transporte, execução de projetos de uso do
solo e extração de recursos minerais potencialmente causadores de impacto ambiental naquelas áreas.
Para quem descumprir essas determinações a proposta prevê tipo penal com pena de detenção de um a
quatro anos, aumentada de 50% se o crime for praticado por funcionário público ou durante a noite. A
mesma punição é prevista para o agente político ou público que se omitir na adoção de medidas de
conservação de dunas ou falésias. No caso de empresa infratora, as penalidades previstas são: multa,
suspensão parcial ou total das atividades, interdição temporária do estabelecimento ou da obra e
proibição de contratar com o Poder Público. A empresa pode ser condenada ainda à prestação de
serviços à comunidade, como o custeio de programas ambientais, execução de obras de recuperação de
áreas degradadas, manutenção de espaços públicos e contribuição a entidades ambientais ou culturais
públicas.

Além dessas disposições, temos também o art. 50 da Lei 9.605 de 13/02/1998 que sujeita o infrator a
pena de seis meses a um ano de prisão e multa ao dispor como crime o ato de “destruir ou danificar
florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de especial
preservação”.[4] Como podemos observar, a destruição das dunas pode acarretar conseqüências
danosas não só para o meio ambiente como também para quem colaborou para sua destruição, aliás,
neste sentido, há inúmeros processos que tratam desses casos em nossos Tribunais.

4. Restingas

Quando falamos em restinga, torna-se oportuno, primeiramente, analisarmos seu conceito, algumas de
suas características como, por exemplo, a sua fauna e flora, para que possamos ter idéia do quanto este
ecossistema é importante para a manutenção do equilíbrio ecológico e então perceberemos por que não
raras vezes elas se tornam direta ou indiretamente objeto de situações que envolvem o mundo jurídico.
Assim, para darmos início a esta análise, passamos ao entendimento do que sejam propriamente as
restingas, pois, afinal, diversos autores e resoluções tentam defini-las. A dificuldade de sua definição
está no fato de existirem diversos significados para essa denominação, pois elas podem ser
conceituadas sob o aspecto legal, geológico, náutico, botânico e ecológico, por exemplo. Entretanto,
podemos destacar o conceito dado por Carlos Gomes de Carvalho que define restinga como sendo uma
“Acumulação arenosa litorânea, paralela à linha da costa, de forma geralmente alongada, produzida por
sedimentos transportados pelo mar, onde se encontram associações vegetais mistas [...]”.[5]

Geralmente apresenta vegetação baixa, criando, assim, variações climáticas que conferem a ela grande

4 de 6 17/4/2017 00:18
Artigo: Praias, dunas e restingas: conceito, características e importância... http://praiasemesgoto.blogspot.com.br/2011/08/artigo-praias-dunas-e-re...

diversidade ambiental e biológica. Seu solo arenoso é muito pobre, contudo sua vegetação serve de
suporte vital para todo esse ecossistema. A preservação do solo arenoso também é importante, pois,
sendo altamente poroso, a água da chuva infiltra-se nele com facilidade, reduzindo os riscos de
enchentes e os custos com obras de drenagem. Quando essa vegetação é destruída, o solo sofre
intensa erosão pelo vento, o que ocasiona a formação de dunas móveis com riscos para o ambiente
costeiro e para a população.

Apesar de, em geral, não ter uma flora própria, as restingas se destacam por sua importância ornamental
e paisagística, uma vez que nela podemos encontrar uma variedade de orquídeas, bromélias e outras
epífitas. A riqueza de sua vegetação manifesta-se também nas espécies de frutos comestíveis, entre os
quais o caju, a pitanga e o araçá. Cabe também destacar a grande importância medicinal das restingas,
pois ela guarda informações ainda desconhecidas do público, mas que estão sendo alvo de pesquisas.

Quanto à fauna, assim como a flora, são poucas as espécies que nela habitam, pois geralmente as
restingas são habitadas por animais típicos de outros ecossistemas. Contudo, podemos encontrar nas
restingas animais como o caranguejo, a viúva negra, o gavião de coleira, o gafanhoto grande, a barata
do coqueiro, o sabiá da praia, perereca, jararacuçu do brejo. Cabe aqui salientar também que em zonas
urbanas costeiras, a restinga preservada facilita o controle de espécies com potencial para pragas como
cupins, formigas, escorpiões e baratas.

Uma das formas de degradação é a que resulta da retirada de plantas ornamentais nativas desses locais,
como as bromélias e as orquídeas, pois tal prática representa grave ameaça à sobrevivência de muitas
dessas espécies. Apesar de ser aceita com muita passividade, na verdade isto constitui crime previsto
no art. 49 da Lei n° 9.605 de 12/02/1998.

As dunas e as restingas, por sua fixação em frente ao mar, são áreas valorizadas e alvo de especulação
imobiliária. Há muitos casos de destruição desses locais para a construção de hotéis, residências e
centros de lazer, embora se saiba dos sérios problemas ambientais que isso acarreta. Por isso,
acertadamente a jurisprudência tem defendido a regularidade de embargos ou interdição de atividades
aplicadas por órgão ambiental em relação a obras que destroem a vegetação nativa de restinga e dunas.

As dunas e restingas são também protegidas em algumas Constituições Estaduais brasileiras, que, além
disso, determinam sua condição de área de preservação permanente, como exemplo destes estados,
temos, a Bahia, o Espírito santo, o Maranhão, a Paraíba, o Rio de Janeiro e o Sergipe. Além disso, há
legislações que também protegem os ecossistemas como a do estado do Rio Grande do Norte. Essas
regiões podem ser protegidas também por lei municipal, que pode considerar a sua área de incidência
como zona de preservação permanente, em conformidade com o Plano Diretor, tal qual ocorre no
município de Florianópolis no estado de Santa Catarina.

Diante da grande importância tanto das dunas quanto das restingas para a manutenção de um ambiente
ecologicamente equilibrado, podemos dizer que a regra é a de que elas não poderão ser exploradas. A
única exceção a esta determinação seria o previsto pelo Código Florestal que é a o caso de utilidade
pública ou interesse social, desde que devidamente caracterizados e motivados em procedimento
administrativo próprio, quando inexistir outra alternativa técnica e locacional ao empreendimento
proposto.

5. Considerações Finais

Por fim, espera-se que o presente trabalho tenha servido para reflexão sobre a importância de manter
estes ambientes em condições adequadas. Que se entenda que pelo fato da importância ambiental
destes bens é que estão protegidos por lei e que a não observância desta deverá ser punida, mas
espera-se, também, que esta punição se estenda realmente a todos que vierem realmente a trazer danos
às praias, seja essa pessoa quem for.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei 7.661, de 16 de maio de 1988. Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro e dá
outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7661.htm. Acesso em:
01/02/2009.

_______Lei 9.985, de 08 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da
Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras
providências. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm. Acesso em: 01/02/2009.

CARVALHO, Carlos Gomes de. Dicionário Jurídico do Ambiente. S.ed. São Paulo: Editora Letras &
Letras, 1991.

CARVALHO, Renato V.; SILVA, Kleber G. da, BECKENKAMP, Paulo R. de C. & MESSIAS, Leonardo T.
Gestão Ambiental no Sistema de Dunas Costeiras – área de Preservação Permanente, no Balneário
Cassino – RS in Áreas Protegidas: Conservação no âmbito do Cone Sul. Pelotas: Alex Bager Editor,
2003. pp. 223. (p. 199 à 210)

FREITAS, Mariana Almeida Passos de. Zona Costeira e Meio Ambiente: Aspectos Jurídicos. Curitiba:
Juruá, 2005.

NOTAS

5 de 6 17/4/2017 00:18
Artigo: Praias, dunas e restingas: conceito, características e importância... http://praiasemesgoto.blogspot.com.br/2011/08/artigo-praias-dunas-e-re...

[1]BRASIL. Lei 7.661, de 16 de maio de 1988. Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro e dá
outras providências.

[2] CALIXTO, Robson José op cit FREITAS, Mariana Almeida Passos de. Zona Costeira e Meio
Ambiente, 2005, p.78.

[3] FREITAS, Mariana Almeida Passos de. Zona Costeira e Meio Ambiente, 2005, p. 96.

[4]_______ Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

[5] CARVALHO, Carlos Gomes de. Dicionário Jurídico do Ambiente, 1991, p. 303.

Revista Jus Vigilantibus, Segunda-feira, 22 de junho de 2009

por Danieli Veleda Moura

Fonte: Jus Vigilantibus


MARCADORES: ARTIGOS, DUNAS, PRAIAS, RESTINGASENVIAR POR E-MAIL BLOGTHIS! COMPARTILHAR NO TWITTER
COMPARTILHAR NO FACEBOOK

POSTAR UM COMENTÁRIO

Falha na conexão segura


A conexão para accounts.google.com foi interrompida durante o carregamento da página.

A página que está tentando ver não pode ser vista porque a autenticidade dos dados recebidos não
pôde ser verificada.
Por favor, contate os responsáveis pelo site para informá-los sobre este problema.

Tentar de novo

©2011 - Movimento PRAIA SEM ESGOTO | Template: O Pregador | Powered: Blogger Templates

6 de 6 17/4/2017 00:18

Você também pode gostar