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Um novo começo

(Matilha Nehalem 22)


De: AJ Jarrett

Já se passaram cinco anos desde a morte do irmão de Rowan Morris.


Na esperança de compreender o que aconteceu com seu irmão, ele visita Silver
Creek. Do lado de fora, a cidade parece perfeita, mas há segredos ali e Rowan
não vai parar até entendê-los.
Dix Garrett não falou uma única palavra em 17 anos, isto é, até que
fica cara a cara com Rowan. A conexão é instantânea, mas sua lealdade a seu
novo bando o mantém à distância. Como pode, eventualmente, se apaixonar
pelo irmão do homem que causou tantos estragos a sua cidade tranquila?
Obrigações para com seu bando são deixadas de lado, porque Rowan
e Dix não podem ficar longe um do outro, mas Dix, escondendo a verdade do
que realmente aconteceu com o irmão de Rowan, enfia uma cunha entre eles.
A verdade pode curar a curiosidade de Rowan ou vai ser apenas
deixá-lo amargo? É uma aposta que Dix não tem certeza de que está pronto
para assumir.
Capítulo Um

Uma coruja piou distante, e o som de sua respiração dura e de seus


pés pesados era tudo o que Dix podia ouvir. Correu por entre as árvores e
arbustos baixos. Seu lobo saltou e se esticou de forma elegante, mais do que
seu o corpo humano jamais poderia. Perdeu-se na liberdade de correr.
A clareira estava em frente, quando olhou para baixo, sobre a casa
Carsten. Acelerou para frente e parou abruptamente, quando as árvores
desbotaram e abriram o céu escuro, com um milhão de estrelas cintilantes,
acima dele. Era lindo ali fora. O ar estava fresco e limpo, e nada poderia
machucá-lo. Sentia-se seguro.
Lentamente, quase sem controle, o corpo de Dix começou a mudar
de volta. Ao longo dos anos, tinha se acostumado com o desconforto que vinha
com mudança de forma e permitiu que seu corpo derretesse nas sensações,
não a combatendo. Seus ossos racharam e abriram, sua pele esticou para
cobrir seu corpo e todo pelo recuou de volta para sua pele. Um momento
depois, balançou a cabeça e esticou o pescoço de um lado para outro, quando
levantou as mãos para estalar os dedos.
Dix sentou-se no chão duro e frio, puxou os joelhos até o peito e
descansou os braços sobre eles. Olhou para o belo trecho de terra e para o céu
noturno.
Era engraçado como muitas pessoas no mundo tinham coisas como
estas como certas. Depois de ser mantido prisioneiro por 16 anos, Dix não
poderia ter o suficiente de visões como aquelas.
As memórias, que tanto odiava, tentaram se empurrar para frente,
mas Dix se recusou a permitir tomar o controle. Queria ter uma noite, apenas
uma noite, sem pensar na morte de seus pais, dos tiros em frente a ele e seu
irmão. Esquecer a crueldade dos caçadores, que achavam necessário matar
seus pais e prenderem Dix e Dax, como animais, em uma gaiola. Mas, acima
de tudo, queria esquecer ser um rato de laboratório do Dr. Granberg, por
dezesseis longos anos de sua vida. Ter que viver com o conhecimento do que
tinha acontecido com Dax e ele, sabendo que fora incapaz de salvar a si
mesmo ou seu irmão, o consumia todos os dias.
Dix foi enjaulado e teve os alimentos negados pelo Dr. Granberg. O
médico queria empurrar os limites de Dix, sobre o que poderia aprender e
treinar seu corpo para fazer. Isso sugou, odiava Granberg por tudo isso, mas,
mais do que qualquer coisa, odiava o homem pelo que fez ao seu irmão. Dax
sofreu três cirurgias diferentes para seu corpo conseguir fazer algo que um
homem nunca deveria ser capaz de fazer, ter um bebê. O médico acreditava
que com a capacidade de cura rápida dos shifters seria possível fazer um
macho shifter engravidar e levar o bebê. Era insano e cruel o que Dax teve de
suportar, mas seu irmão provou ser mais duro do que qualquer um poderia ter
esperado.
Dax e ele eram gêmeos, apesar de serem completamente diferentes.
Dix era alto e forte, com mais músculos do que um homem devia ter e Dax era
pequeno e magro. Ambos tinham cabelos loiros e olhos azuis, mas as
semelhanças terminavam aí. O mundo lá fora consideraria Dax mais fraco do
que Dix, mas estariam enganados. Foi Dax que teve o poder de salvar Dix e a
si mesmo. Dix se lembrou da noite em que a porta para o quarto Granberg
estava aberta. Dax estava ali, rosto pálido e sangue por toda a frente de seu
corpo e boca. A visão era ainda mais assustadora e Dix não podia deixar estar
aliviado. Dax foi capaz de fazer o que Dix não foi e, por causa disso, estavam
livres de Granberg.
Ninguém deveria ter memórias como esta ou ter que viver uma vida
assim. Não era certo. Não importa se a pessoa era humano ou um shifter, no
fundo, todos são pessoas, não monstros. Dix não era ingênuo. Sabia que havia
pessoas más no mundo, mas era uma coisa de igualdade de oportunidades. Os
seres humanos, bem como shifters, tinham seu quinhão de pessoas más,
perturbadas e cruéis. Demorava conhecer alguém, antes que se pudesse fazer
um julgamento sobre se eram ou não confiáveis ou deviam ser mortos, e,
mesmo assim, não dava a outra pessoa o direito de brincar de Deus com a
vida de outros.
Dix levantou uma mão para esfregar os olhos. Sua vida não foi
perfeita, mas estava ficando cada vez melhor. Tantas coisas boas, finalmente,
entraram em sua vida. Ele e seu irmão foram resgatados por caçadores, que
os trouxeram para Nehalem e deram-lhes a oportunidade de começar de novo.
Dix, primeiro, foi muito cuidadoso, porque os caçadores foram quem os
colocou nesta situação, mas, lentamente, a matilha Nehalem mostrou a Dix
que eram pessoas boas e podiam ser confiáveis.
Sorriu ao pensar em seu irmão Dax, que significava tudo para ele, e,
mesmo depois de todas as coisas que o Dr. Granberg fez para Dax, era por
causa dele que Dix ia ser tio. Isso o fez um hipócrita por odiar o homem por
todas as coisas que fez a Dax, mas lhe deu a capacidade de trazer outra vida
para este mundo e, por isso, Dix era grato. Mal podia esperar para conhecer
seu pequeno sobrinho.
Respirou fundo e fechou os olhos. Estava cercado por pessoas felizes.
Ao redor dele, o amor estava no ar e vidas estavam sendo vividas. Dix estava
contente e sabia que era amado por sua família, muito grande agora, e a
matilha, mas era o suficiente? Não tinha certeza se estava pronto para se
apaixonar e ser parte de um casal, mas não podia negar como todos em torno
dele eram tão felizes. Um brilho parecia irradiar fora dos casais acasalados,
que conhecia e uma parte dele estava com ciúmes. Dix queria sentir esse tipo
de felicidade em sua vida.
— Dix! — O som de Colt, o companheiro de seu irmão, gritando seu
nome chegou aos seus ouvidos.
Dix olhou para casa. Ela estava iluminada e brilhava ao longe. No
terraço em volta, podia ver a moldura escura de seu cunhado, meio escondido
pelas sombras.
— Vamos lá, cara! Hora de ir para casa. — Gritou Colt novamente e
esperou por uma resposta.
Dix se levantou, sacudiu os ombros e permitiu a mudança vir sobre
ele. Seu corpo caiu no chão, seus ossos e articulações deslocando para
preencher a forma de seu corpo lobo. Uma vez que estava de pé, sobre as
quatro patas, soltou um grito alto. Observou Colt olhar em sua direção, acenou
com a cabeça e voltou para a casa.
Decolou como uma bala e correu através do labirinto de árvores para
chegar à clareira que levava para a casa Carsten.
O ar em seu rosto e o chão sob seus pés o fez sorrir. Sua língua
pendia para o lado, enquanto corria o mais rápido que podia.
Dix tinha esperança. Não tinha certeza se iria encontrar seu
companheiro ou se apaixonar como seu irmão, mas não podia dizer que não
estava feliz. Era um homem livre, com toda vida à sua frente. Só precisava
manter a cabeça erguida e valorizar a segunda chance que lhe foi dada.
Porque, neste mundo, era muito mais do que foi dado a algumas pessoas.

*****
Rowan Morris parou seu carro próximo ao meio-fio, na frente da
grande casa de tijolos de seus pais. Não percebeu que tinha conduzido para lá
até que saiu e olhou para a grande casa velha. Cresceu ali, ele e Fredrick.
Tantas lembranças, boas e más, passaram diante de seus olhos.
Tinha sido um longo dia. Rowan tinha acabado de sair de uma
reunião com seus superiores no hospital, onde trabalhava no como obstetra. A
reunião não correu como esperava. Algumas semanas antes tinha perdido a
paciência com um paciente, de uma maneira muito pública. Rowan estava sob
um monte de estresse e quebrou. Na época, não estava pensando claramente.
Mas, para ser justo, nos últimos cinco anos, não tinha pensado claramente
sobre qualquer coisa. O buraco em seu coração, que costumava ser preenchido
por seu irmão, estava comendo-o lentamente. Se não obtivesse um controle
sobre suas emoções, sua depressão iria consumi-lo e não haveria mais nada
dele.
As luzes estavam apagadas e a porta da frente trancada. Rowan usou
sua chave e entrou. O cheiro familiar de baunilha encheu seu nariz e Rowan
sorriu. Estar nesta casa velha era reconfortante. Subiu as escadas e passou
por seu quarto de infância, para entrar no de Fredrick. Tudo era o mesmo.
Seus pais não tinham redecorado seus quartos quando se mudaram e agora,
com a morte de Frederick, não esperava fossem alterá-lo.
Rowan se sentou na cama, pegou um dos travesseiros macios e
inalou o aroma fresco do sabão em pó e uma pitada de loção pós-barba de seu
irmão. Depois de todos esses anos, ainda podia sentir o cheiro.
Após a morte de Fredrick, seus pais esvaziaram seu apartamento e
trouxeram seus pertences de volta. Alguns recipientes de armazenamento
estavam contra a parede oposta e a jaqueta de couro preto, favorita de
Fredrick, pairava sobre o encosto da cadeira. Em todos os anos desde sua
morte, Rowan nunca tinha se dado ao trabalho de ir aquele quarto ou olhar
através de coisas de seu irmão. A morte de Fredrick ainda estava muito fresca
em sua mente e não podia fazê-lo. Olhar os pertences pessoais de Fredrick e
saber que nunca veria o rosto, que era idêntico ao seu, era demais e Rowan
temia que o buraco no peito fosse expandir em seu corpo, até que caísse no
nada, que lentamente permitiu assumir toda sua vida.
Rowan se lembrava de receber a chamada, há cinco anos, de sua
mãe, dizendo-lhe que Fredrick estava morto. Mutilado, o carro incendiado de
seu irmão foi descoberto no norte do estado de Nova York, nos arredores de
uma cidade chamada Silver Creek. Fredrick tinha deixado a cidade para
encontrar alguma paz e sossego, ou, era o que tinha dito a sua mãe. Rowan
nunca o questionou.
— Sinto sua falta. — Rowan sussurrou para si mesmo. Limpou a
lágrima solitária que escapou de seu olho e se levantou. Caminhou até a mesa
de Fredrick e pegou a jaqueta de couro desgastado e respirou fundo. Podia
sentir o cheiro de couro e colônia bosque de seu irmão.
— Rowan, querido, você está aqui?
Rowan empurrou a cadeira rolando para trás do balcão e gritou:
— Aqui, mãe.
Poucos minutos depois, sua mãe estava na porta.
— Aí está você. — Rowan sorriu para sua mãe, quando ela entrou no
quarto. Rebekah Morris ainda era uma mulher muito bonita com a idade de
sessenta anos. Ela tinha cabelos longos e negros, assim como seus filhos, e
um corpo magro e delicado. Sua pele, levemente bronzeada, era alinhada com
rugas suaves, mas Rowan não achou que tirasse sua beleza, mas só a
aumentasse.
— O que está fazendo aqui? — Perguntou ela.
— Não tenho certeza.
Rebeca colocou uma mão macia e quente em seu ombro e Rowan
cobriu com a sua.
— As coisas não correram bem no hospital hoje? — Sua mãe havia
trabalhado por anos em Park Geral, de parteira, e ainda tinha muitos amigos
lá. Não seria surpresa Rowan se já soubesse como foi seu encontro.
— Sim e não. — Rowan deu de ombros. — Rodger queria que eu
tirasse algum tempo e limpasse minha cabeça.
— Isso não parece tão ruim. — Sua mãe apertou seu ombro.
— Não, mas escolhi sair.
— Você o quê? — Sua mãe bateu com a mão em seu ombro. — Por
que você faria isso?
— Porque não concordo com a forma como o hospital estava lidando
com a situação. Sei que não deveria ter perdido a paciência com um paciente,
mas é difícil ver o que vejo no dia a dia. Acho que só preciso de uma pausa de
tudo isso, mamãe.
Rowan estava saindo de um turno de dezesseis horas, quando uma
mulher foi trazida. Ela estava em trabalho de parto e alta com algum tipo de
droga. O bebê não resistiu. Era como se aquela fosse a última gota. Rowan
perdeu. Estava cansado de ver pessoas morrerem, especialmente um bebê
inocente, que não pediu para ser trazido a este mundo. Era apenas muito e
Rowan quebrou.
Rebekah soltou um suspiro pesado e se inclinou contra a mesa.
— Não posso dizer que culpo você, meu doce menino. Foi bastante
desagradável o que o hospital fez, mas, no mundo em que vivemos, há tantas
pessoas dispostas a processar um médico e o hospital só estava cobrindo seu
próprio traseiro.
— Sim, entendo, mas ainda assim... — Rowan sacudiu a cabeça.
Rebeca olhou ao redor do quarto escuro e para baixo, para as mãos de Rowan.
Ele ainda tinha a jaqueta apertada contra seu peito.
— O que estava fazendo aqui, querido?
— Mais uma vez, não tenho certeza. — Rowan riu. — Marla me disse
hoje que não tenho lidado com a morte de Fredrick e que durante os últimos
cinco anos tenho me afundado num buraco escuro e solitário.
— Bem, ela tem um ponto sobre você não lidar com a morte do seu
irmão. — Rebeca deu-lhe um sorriso caloroso. — Você já foi ao cemitério?
Rowan não olhou para sua mãe quando balançou a cabeça.
— Sei que é difícil, meu doce menino, mas a morte é uma parte da
vida. Nunca sabemos quando isso vai acontecer, mas não podemos nos
recusar a reconhecê-la.
— Eu sei, mãe, mas é como... — Rowan lambeu os lábios secos,
enquanto procurava as palavras certas. — É como se ir para o cemitério e ver
sua lápide, tornará tudo real.
— É real, querido. — Sua mãe mudou-se para o seu lado e abaixou-se
para envolver os braços ao redor de seus ombros. — Fará cinco anos no
próximo mês e, não importa o quanto desejemos, não irá mudar nada.
— Eu sei, mãe. — Rowan se inclinou para o lado de sua mãe e passou
os braços em torno de sua cintura fina. Sentiu-se seguro em seu abraço, como
se nada pudesse machucá-lo. — Só não sei se posso dizer adeus.
— Confie em mim, eu entendo. — Rebeca se levantou e olhou ao
redor do quarto. — Sabe, querido, pode ter alguma coisa aqui que você queira.
Ele era seu irmão. Tenho certeza de que não se importaria se você mantivesse
isso. — Ela apontou para o casaco nas mãos de Rowan. — Na verdade, deve
olhar por suas coisas. Tenha algumas lembranças da vida de seu irmão.
Rowan acenou com a cabeça.
— Eu acho que poderia.
— Bom. — Rebeca concordou. — Só mantivemos seus pertences
pessoais quando esvaziamos seu apartamento, mas está tudo aqui, nessas
caixas. — Rowan olhou para cima quando sua mãe parou de falar. Podia ver
seus olhos cheios de lágrimas. — É triste pensar que isto é tudo o que resta de
sua vida, algumas caixas.
— Mãe, não chore. — Rowan levantou-se e abraçou-a com força.
— Alguns dias são apenas mais difíceis do que outros, mas isso
passará, também, Rowan. — Rebeca se afastou e descansou suas mãos
pequenas quentes em seu rosto. — Dizem que tudo cura com o tempo.
— Eu te amo, mãe. — Rowan sorriu.
—Eu também te amo, meu doce menino. Gostaria de ficar para o
jantar? Seu pai estará em casa logo e tenho certeza que gostaria de ver você.
— Claro, adoraria.
Rowan observou quando sua mãe saiu do quarto. Ficou lá por alguns
minutos tentando obter a sua respiração sob controle. Odiava ver sua mãe
chorar e, pior, odiava a si mesmo por chorar. Não era justo. Fredrick era
jovem demais para estar morto.
Passou a mão em seus olhos e olhou para as caixas que revestiam a
parede oposta. A dor em seu peito ainda era muito grande. Não estava pronto
para peneirar os pertences de seu irmão ainda. Isso teria que esperar um
pouco mais. Em seu caminho para fora da sala, Rowan pegou jaqueta de couro
de Fredrick. Tudo o que restava de Fredrick eram coisas como esta e era hora
de Rowan começar o processo de cicatrização, e a jaqueta desbotada e velha
era um bom começo. Só esperava que fosse suficiente para aliviar a dor em
sua alma.

Capítulo Dois

Mais tarde naquela noite, quando Rowan finalmente chegou em casa,


sentou em seu sofá e olhou para fora das janelas, que iam do chão ao teto, de
seu apartamento na cobertura. A chuva começava a cair e pontilhar as suas
janelas. Um relâmpago riscou o céu, iluminando a sala de estar. Um estrondo
do trovão seguiu o relâmpago e Rowan apertou a sua mão ao redor da jaqueta
de couro, que estava ao lado dele. Desde que era uma criança, odiava
trovoadas.
― Acho que algumas coisas nunca mudam. ― Riu para si mesmo.
Sentou-se e puxou a jaqueta em seu colo. Alisou a mão sobre o couro
desgastado pelo tempo e traçou os vincos com a ponta do dedo. Lembrava de
quando Fredrick comprou aquele casaco. Foi logo depois de se formar na
academia. Seu irmão havia dito que o fazia parecer durão.
― Durão, minha bunda. ― Rowan riu alto. ― Todo mundo sabia que
comprou isso para impressionar aquele pequeno pedaço quente de traseiro que
estava namorando no momento.
Era como se apenas tocar naquele casaco trouxesse de volta muitas
memórias. Fredrick amara aquela jaqueta e a usava o tempo todo, mesmo no
verão. Rowan se lembrava de provocá-lo, dizendo que a roupa acabaria se
levantando e indo embora por excesso de uso, mas seu irmão só ria.
― Por que, irmão? ― Lágrimas encheram os seus olhos e a sua
garganta de repente ficou apertada. ― Por que teve que me deixar? Sei que
deveria ter estado lá para você, mas foda-se! ― Rowan se dobrou, abraçando
aquela jaqueta de couro em seu peito. ― Sei que foi um acidente, mas por que
isso teve que acontecer?
Depois de alguns minutos, se levantou. Caminhou até a janela
imensa e olhou para a noite úmida e triste. O resto do mundo continuava se
movendo e vivendo como se nada tivesse mudado, quando algo tão terrível
aconteceu com Rowan. Seu irmão, seu irmão gêmeo, estava morto. Parecia
que metade do seu coração tinha morrido junto dele.
Sacudiu o casaco e passou os braços por dentro. Fredrick e ele eram
idênticos na aparência, mas seu irmão era um pouco mais musculoso. O
homem gostava de passar seu tempo livre no ginásio, mas Rowan não
conseguia encontrar tempo para ir. Tinha a faculdade, então a sua residência,
em seguida, após a formatura, foi direto trabalhar no hospital. A única coisa
que conseguia fazer era dar uma corrida no início da manhã, todos os dias.
A jaqueta estava um pouco folgada, mas era quente e cheirava ao
seu irmão. Passou os braços em torno de si. Quase sentiu como se Fredrick
estivesse lhe abraçando. Algo no interior cutucou a sua costela e Rowan puxou
a parte direita para dar uma olhada. Tinha um bolso de pano forrado e Rowan
enfiou a mão dentro e retirou o seu conteúdo. Uma embalagem de chiclete e
um retrato de um homem bonito.
― Uau, mano. ― Rowan assobiou baixinho. ― O cara é maravilhoso,
Freddy.
A imagem era de um homem mais jovem. Tinha um cabelo curto,
loiro e olhos azuis brilhantes. Estava sorrindo com a cabeça jogada para trás,
mostrando o seu pescoço delgado e sexy. A foto mostrava apenas o rosto do
homem e a parte superior do tronco. A camisa de malha fina cinza não fazia
nada para cobrir o seu corpo. Este homem era definitivamente o tipo de seu
irmão.
Rowan e Fredrick descobriram em uma idade precoce que eram gays.
Mas ao que dizia respeito a gosto para homens, eram completamente opostos.
Seu irmão gostava de seus namorados pequenos e esbeltos, com corpos
magros. Sempre acreditou que era porque seu irmão gostava de dominar os
seus homens. Rowan, por outro lado, gostava de ser dominado. Seu gosto ia
para homens altos e fortes, com a capacidade de dar tudo o que queria
sexualmente. Gostava de sexo duro e áspero e se inclinava para o tipo de
homem capaz de dar-lhe exatamente isso.
Sacudiu a foto e olhou para trás. Podia ver que não havia palavras
escritas na parte de trás. Caminhou até a lâmpada mais próxima e a ligou. Na
parte de trás tinha o nome Avery, com um endereço em Silver Creek. O que
também chamou a sua atenção foi o coração desenhado à mão ao lado do
nome de Avery.
― Silver Creek. ― Sussurrou para si mesmo. ― É por isso que estava
lá.
Virou novamente a foto para olhar o rosto sorridente. Não
reconheceu o homem ou se lembrou de tê-lo visto no funeral de Fredrick.
Tinha sido um dia difícil para Rowan e partiu imediatamente após os serviços,
sem vontade de vê-los enterrar o seu irmão, mas com certeza teria se
lembrado do cara.
Uma parte sua perguntou se Avery sabia que Fredrick estava morto.
Será que sabia o que tinha acontecido com o seu namorado ou apenas achou
que Fredrick partiu sem dizer uma palavra?
O pensamento disso fez o seu estômago contorcer. Não conseguia
imaginar como se sentiria se não soubesse o que tinha acontecido com alguém
que se importava. Odiava o fato de seu irmão estar morto, mas, pelo menos,
sabia que não tinha sido abandonado por ele.
Escaneou a foto de cima a abaixo, mas não encontrou nenhum nome
ou número de telefone. Não havia nenhuma maneira de contatar este Avery.
Um impulso forte o preencheu. Sabia o que tinha que fazer. Devia
isso ao seu irmão.
Com muito tempo em suas mãos, podia dar ao luxo de partir numa
pequena viagem e parecia que o seu destino era Silver Creek.

*****
― Esteve praticando os exercícios bucais que sugeri? ― Perguntou
Aiden.
Dix acenou com a cabeça, segurando a vontade de revirar os olhos.
Amava Aiden e tudo o que o homem estava fazendo por ele, mas beber chá
quente com mel, praticando abrir e fechar a boca não ia fazê-lo falar.
Era estranho e difícil para Dix explicar, mas desejava que pudesse.
Não gostava que as pessoas pensassem que estava quebrado de alguma forma
só porque não queria falar. Era sua escolha não falar, não alguma coisa
mental, fodida. Bem, talvez um pouco de merda mental. Mas, mesmo assim,
se quisesse falar, poderia, mas tinha as suas razões para não querer.
Os seus pais tinham sido assassinados 17 anos atrás. Dix e seu irmão
Dax tinham acabado de completar quatro anos quando isso aconteceu. Viviam
em Dakota do Sul, num grande pedaço de terra onde seu pai tinha construído
uma casa. Sua casa estava perto de uma reserva natural que não permitia
qualquer tipo de caça, então os pais de Dix pensaram ter encontrado o lugar
certo para criar os seus filhos jovens. E tinham mesmo, até caçadores os
encontrarem.
Dix podia ouvir Aiden falar, mas parecia vir de longe. Seus olhos
perderam o foco quando caiu de volta em suas memórias.
― Mamãe, mamãe! ― Dix gritou enquanto a sua mãe em forma de
lobo o perseguia em torno de seu quintal. Tropeçou em uma pedra, caiu no
chão e começou a chorar.
― Oh, bebê, não chore. ― Sua mãe tinha deslocado de volta à sua
forma humana e o pegou do chão. Beijou suas pequenas palmas gordinhas e
lhe sorriu. ― Viu? Está tudo bem.
― Obrigado, mamãe. ― Dix passou os braços em volta do seu
pescoço e apertou com força.
― Oh, tão forte. ― A mãe dele fez cócegas em suas costelas.
― Ei, bebê, pode vir aqui por um momento? ― O pai de Dix gritou da
varanda da frente da casa.
― Sim, só um minuto. ― Sua mãe sentou-se e virou em um círculo.
― Daxon Garrett, onde está você?
― Estou aqui, mamãe. ― O gêmeo de Dix, Dax, saiu da parte de trás
da casa. Levantou um caminhão de brinquedo na mão. ― Precisava buscar o
meu brinquedo.
― Tudo bem, querido. ― Sua mãe ajoelhou-se na frente dos meninos
e estendeu a mão para segurar as suas. ― Preciso ir e ajudar o papai por um
minuto. Se prometerem ficar por perto, vou deixá-los brincar aqui fora. Certo?
― Tudo bem, mamãe. ― Disseram os dois em uníssono.
Depois dela sair, Dix bateu no braço de seu irmão.
― Quer brincar de esconde-esconde?
― Não, mamãe disse que precisávamos ficar perto. ― Respondeu Dax
de costas, olhando para o seu caminhão de brinquedo.
― Vamos, Dax, por favor. ― Implorou.
Depois de choramingar por mais alguns minutos, seu irmão cedeu.
― Me escondo primeiro. ― Dix fugiu antes de seu irmão poder
argumentar.
Dix correu em direção à parte de trás da propriedade e se escondeu
atrás de uma árvore caída. O som das folhas esmagando sob umas patas
fizeram Dix se virar para ver um coelho pequeno marrom e branco. Uma vez
que o animal o viu, pulou na direção oposta. Dix se levantou e correu atrás da
pequena criatura. Não sabia o quão longe tinha corrido, até que parou e
percebeu que já não via a clareira entre as árvores. Girou em um círculo e
pulou quando ouviu uma coruja piando a partir de um galho de árvore acima
dele.
― Dax! Mama! Papa! ― Dix começou a ficar com medo. Correu em
outra direção, o vento frio soprando em seu rosto e enxugando as lágrimas.
Gritou para seus pais novamente, mas foi inútil. Agachou-se no chão, passou
os braços ao redor de seus pés, deixando cair a cabeça sobre os joelhos e
chorou.
― Está perdido? ― Perguntou uma voz atrás dele e Dix saltou para os
seus pés. Um homem alto, com cabelo preto curto e olhos castanhos escuros
ajoelhou-se na frente dele alguns pés de distância. ― Não vou te machucar. ―
O homem estendeu a mão.
Dix hesitou por um momento. Estava com medo. O homem sorriu e
estendeu a mão firme. Nunca tinha visto este homem antes e suas roupas
pretas pareciam estranhas para se estar vestindo tarde da noite.
― Pode me ajudar a encontrar minha mamãe e papai? ― Perguntou
Dix. Seus olhos se encheram de lágrimas.
― Pode apostar que posso. ― O homem deu um sorriso grande e se
levantou. ― Pegue a minha mão e vamos encontrar os seus pais. ― Não
sabendo mais o que fazer, segurou a mão do homem. ― Agora que tenho
você, encontrá-los será moleza.
― Dix, está me ouvindo? ― Aiden estalou os dedos na frente do seu
rosto.
Dix balançou a cabeça e soltou um grunhido profundo, enquanto se
endireitava em sua cadeira. Acenou com a cabeça e a sacudiu.
― Onde você foi? ― Perguntou Aiden.
Dix sugou o seu lábio superior e afundou seus dentes inferiores nele.
Estava vendo Aiden por alguns meses agora, mas ainda não ficou mais fácil
fazer qualquer revelação sobre o que tinha acontecido em seu passado. Falar
sobre o seu tempo com o Dr. Granberg era mais fácil do que falar de seus pais
e como morreram.
Dix pegou o iPad que sempre levava consigo e digitou: Estava me
lembrando da morte dos meus pais. Virou a tela na direção de Aiden.
― Dix, sei que já discutimos isso antes, mas sabe que não foi culpa
sua, certo? ― Aiden deslizou em direção à borda da cadeira, inclinando-se
mais perto dele. ― Você era apenas um garotinho. Não tinha ideia de que o
homem que o encontrou estivesse lhe usando para encontrar os seus pais.
Como poderia saber que o cara ia matá-los? Estava perdido e com medo. Só
fez o que qualquer um de nós teria feito.
Realmente odiava quando Aiden era condescendente com ele.
Entendia que este era o trabalho do homem, mas ainda ignorava quando Aiden
tentava fazê-lo sentir-se melhor por algo que tinha, em última análise,
causado.
― Conheço esse olhar. ― O homem apontou um dedo em sua
direção. ― Culpar a si mesmo é normal. É parte da sua natureza humana,
mas, no fundo, tem que saber que o fato de terem sido mortos não foi sua
culpa, Dix. Esses caçadores teriam encontrado seus pais, com ou sem você.
Eu sei! Dix escreveu as palavras tão forte que a ponta do seu dedo
doeu.
― Então, também sabe que não é culpa sua. ― Aiden rebateu.
Sim, mas não muda o fato de que isso aconteceu. Talvez se não
tivesse corrido, meus pais não teriam entrado na floresta naquela noite. Talvez
pudessem ter fugido.
A sua respiração saia em arquejos duros, enquanto digitava as
palavras. Toda vez que fechava os olhos, ainda podia ver os olhares sem vida
nos rostos de sua mãe e seu pai.
― Talvez, mas talvez não. ― Aiden escreveu algo na prancheta
depositada em seu colo. ― É natural para todas as pessoas, seja meros seres
humanos ou shifters, ter essa atitude do “e se...”. E se virar a esquerda em
vez da direita? E se comprar esse caminhão em vez do carro? E se me casar
com ele e não ela? Viu? É um ciclo sem fim.
Qual é o seu ponto, Aiden? Virou a tela de novo.
― Meu ponto é que sempre vai querer saber o que poderia ter
acontecido. Esse sentimento nunca vai embora. Precisa encontrar uma
maneira de deixar essa culpa ir embora, para que possa ser livre, Dix. Não
estou dizendo que tem que esquecer, mas precisa deixá-la ir.
Dix pensou que era fácil para Aiden dizer isso. O homem não tinha
visto seus pais serem mortos a tiros por três caçadores. Não teve que ver
quando eles riam e chutavam os corpos de seus pais mortos, como se não
fossem nada além de lixo.
― Dix, quero ajudá-lo e acho que se trabalhar comigo, pode
encontrar um pouco de paz. ― Aiden pegou a mão dele. ― Só quero te ver
feliz.
Sabia que Aiden tinha boas intenções. Todos os membros do bando
de Nehalem tinham. Estes homens, shifters e humanos, eram sua família e não
foram nada além de agradáveis e compreensivos com Dix, desde que ele e seu
irmão vieram para a cidade.
Quero ser feliz, também, e acho que estou chegando lá. Dix digitou
na tela de seu tablet, depois deu de ombros.
― Você está. Às vezes, é preciso de um tempo para curar, mas isso
acontecerá. ― Aiden olhou para o relógio. ― Bem, nosso tempo acabou e
precisa chegar ao café em dez minutos. Quer que te dê uma carona?
Dix balançou a cabeça e sorriu. Levantou e estendeu a mão para
Aiden sacudir.
Caminhou até a recepção para marcar outra consulta com Avery e,
em seguida, saiu do escritório e desceu a rua em direção ao café. Era final de
fevereiro e o clima ainda estava um pouco frio, mas Dix gostava. O ar frio
parecia ajudar a limpar o seu corpo de toda a merda ruim enchendo o seu
cérebro.
O telefone no bolso de Dix vibrou, indicando a entrada de um texto.
Sorriu para a tela quando viu o nome de seu irmão. Dix puxou a luva e
deslizou o dedo na tela para abrir a mensagem.
Estou enorme! Acho que poderia explodir antes de chegar à data do
parto.
Dix riu da mensagem de seu irmão e digitou de volta: Pare de
reclamar e seja bom para o meu sobrinho.
Fácil para você dizer. Não é você que está tão grande quanto uma
casa. Dizia o texto de resposta de Dax.
Tudo vai valer a pena em algumas semanas, quando estiver
segurando aquele pequeno bebê em seus braços.
Dix olhou para os lados, em seguida, atravessou a rua. Parou na
porta do café.
Tenho que começar a trabalhar, mas vou te ver quando chegar em
casa. Te amo.
Também te amo!
Embolsou o seu telefone, abriu a porta e entrou. Os aromas
familiares de café e biscoitos recém-assados encheram o seu nariz e Dix
sorriu. Em menos de um ano, esta cidade e as pessoas nela se tornaram a sua
família. Estava finalmente em casa. Agora só tinha que encontrar o seu próprio
lugar feliz no mundo como seu irmão tinha, mas querer e receber eram duas
coisas completamente diferentes.
Capítulo Três

Dois dias depois, Rowan estava em seu carro em direção ao oeste.


Depois de encontrar a foto na jaqueta de Freddy, sentiu que devia isso a seu
irmão e precisava dizer a Avery, seja quem fosse esta pessoa, o que aconteceu
a seu irmão.
Quando Rowan disse à sua mãe que estava deixando a cidade por
alguns dias, ela naturalmente entrou em pânico. A última vez que um de seus
filhos lhe disse isso não voltou para casa. Rowan lhe prometeu que estaria
seguro, mas que precisava pensar um pouco sobre sua própria vida, o que não
era uma completa mentira. Depois de dedicar os últimos 14 anos de sua vida
para a escola e depois para o hospital, precisava de uma pausa. Rowan
precisava descobrir qual seria o próximo passo em sua vida.
A temperatura pairava em torno dos quatro graus abaixo de zero,
mas o sol estava fora, brilhando. Estava apenas feliz que não havia qualquer
neve e gelo no chão quando saiu naquela manhã. Acordou cedo, ansioso para
sair em sua jornada. A distância de Nova York a Silver Creek era cerca de sete
horas. Não tinha ideia de onde estava indo uma vez que chegasse lá, mas só
sabia que tinha que ir.
Tudo que Rowan tinha era um retrato e um endereço para ir. Não
havia nenhuma garantia de que Avery ainda estivesse vivendo em Silver
Creek. Fazia cinco anos. Esse cara poderia ter se afastado. Rowan poderia ter
contratado um detetive particular para investigar o assunto, mas não quis.
Precisava de um pouco de tempo longe da agitação da cidade e sair em uma
pequena viagem parecia divertido. Isso o fazia se sentir mais perto de Freddy.
Rowan olhou no banco do passageiro para a foto. Começou a
desbotar nas bordas, mas as cores brilhantes ainda eram atraentes e o homem
na foto era impressionante. Rowan imaginou como Freddy e Avery pareciam
juntos. Foram felizes? Compartilharam amor? Rowan realmente queria saber.
Tinha de ser algo significativo, se Freddy estava disposto a seguir esse cara
por todo o estado.
As horas se passaram numa vista interminável de carros que
passavam e longos trechos de estrada. Por um tempo, Rowan cantava junto
com o rádio, até que estava cansado demais para continuar por mais tempo.
Levantou a mão para esfregar os olhos, empurrando os óculos escuros para a
testa. Seu GPS disse que a saída de Silver Creek estava chegando em três
quilômetros.
— Finalmente! — Rowan bocejou e se espreguiçou. Estava sentado
por muito tempo e sua bunda estava começando a ficar dormente. Parou para
reabastecer um pouco mais de três horas atrás, mas estava demasiado frio
para ir lá fora e exercitar suas costas.
Rowan ligou o pisca-pisca e saiu da rodovia. Dirigiu por uma longa
estrada de duas vias, com uma floresta densa em torno dela. Em pouco
tempo, passou pela placa que dizia “Silver Creek, sua casa longe de casa”. Riu.
Olhou para imagens da cidade no site da prefeitura e realmente se parecia com
uma cidade caseira, mas também com o fascínio de uma grande cidade.
Parecia que Silver Creek atendia a todos.
Era um pouco antes das duas da tarde e Rowan ouviu a voz em seu
GPS levando-o para o endereço na parte de trás da imagem. Chegou a uma
grande casa branca. Rowan estacionou seu carro no meio-fio e olhou para a
casa bonita. Uma parte dele se perguntou se esse era um lugar onde Freddy
fez planos para viver com Avery.
Rowan estava com a mão na maçaneta da porta, mas não se mexeu
um centímetro mais. Uma parte dele tinha medo de que Avery não vivesse
aqui e tinha vindo até ali para nada. Mas, acima de tudo estava com medo que
fosse quebrar se Avery abrisse a porta e tivesse que dizer a esse homem que
Freddy estava morto. Que seu irmão não ia voltar para ele.
—Porra. — Rowan gemeu. Bateu levemente sua testa no volante.
Respirou fundo, abriu a porta e saiu para o ar frio da tarde.
Rowan caminhou até a calçada chegando à porta da frente. Levantou
a mão e hesitou por um breve momento antes de bater. Não houve resposta,
então bateu de novo. Nada ainda. Rowan esperou lá fora por uns bons dez
minutos, antes de caminhar de volta para seu carro. Girou a chave na ignição
e acionou o calor.
Era uma tarde de terça-feira. Avery ainda poderia estar no trabalho,
Rowan pensou consigo mesmo. Fazia horas desde que comeu algo e estava
desejando uma xícara de café quente. Rowan realmente não estava com
pressa, então manobrou e voltou para a cidade.
Silver Creek tinha uma adorável praça situada fora da parte mais
nova, a oeste dali. Lojas alinhadas à rua e havia até um parque à direita do
centro. Apostava que quando o clima estava bom lá fora, ficava cheio de
crianças brincando e se divertindo.
Enquanto dirigia ao redor viu uma livraria, a Noel’s Book Haven e
parou na frente da loja. Se ia ter que esperar Avery chegar em casa, poderia
muito bem ter algo para ler, enquanto fazia isso. Saiu do carro e entrou.
— Boa tarde. Posso te ajudar com alguma coisa? — Um homem
delicado, com a pele levemente bronzeada, o cabelo escuro curto e olhos azuis
penetrantes, o cumprimentou.
— Sim, pode. — Rowan olhou ao redor. — Onde guarda suas revistas?
— Por aqui. — O homem virou-se e acenou para Rowan o seguir. —
Meu nome é Noel.
— Como o Noel no nome da livraria?
— Sim! Esse sou eu. — Noel sorriu para ele por cima do ombro. —
Aqui está.
— Obrigado. — Rowan encontrou a última edição de uma revista
médica que gostava de ler e pegou o jornal local Silver Creek.
— É novo na cidade? — Perguntou Noel. Sua cabeça estava inclinada
para o lado, enquanto dava a Rowan uma segunda olhada. — Não me lembro
de já tê-lo visto antes.
— Apenas de visita, na verdade. — Rowan enfiou as revistas debaixo
do braço. — Meu nome é Rowan Morris.
— Bem, prazer em conhecê-lo, Rowan. — Noel apertou sua mão. —
Silver Creek é uma cidade agradável e todo mundo parece cair de amor por
ela, por isso não se surpreenda se sua visita se transformar em uma estadia
permanente.
— Oh, não sei nada sobre isso. — Rowan sacudiu a cabeça e riu. —
Vivo em Nova Iorque. Toda a minha vida está lá, meus pais, meu apartamento
e meu trabalho. — Estremeceu quando mencionou seu trabalho. A partir de
agora, estava desempregado.
— Estou apenas brincando, mas Silver Creek é incrível. Me apaixonei
no momento em que entrei na cidade. Isso é tudo? — Noel apontou para os
papéis na mão de Rowan.
— Sim, por favor.
— MD Medical, Medical Jornal. — Noel olhou para ele. — Acho que
trabalha na área médica?
— Obstetra.
— Que legal. — Noel acenou com a cabeça quando deu o valor total a
Rowan, que lhe entregou algum dinheiro.
— Existe um lugar que se possa conseguir uma boa xícara de café? —
Rowan perguntou quando Noel entregou de volta seu troco.
— Bem, é claro que existe. — O rosto de Noel se iluminou com um
sorriso. — Algumas portas para baixo fica o Early Bean Café. Melhor café e
biscoitos da cidade.
— Incrível. Poderia conseguir algo doce. — Rowan pegou a sacola da
mão de Noel. — Obrigado, novamente.
Noel disse adeus quando Rowan saiu pela porta. Ainda estava
ventando muito, mas o café ficava a apenas algumas portas para baixo então
decidiu ir a pé. Uma vez que alcançou a porta da frente e abriu, uma onda de
calor e o aroma inebriante de café bateu-lhe na cara. Em frente dele estava
um balcão de vidro longo com todos os tipos de biscoitos, bolos, tortas e pães.
Atrás do balcão estava a máquina de fazer café. Rowan olhou para o menu
pintado à mão que estava pendurado na parede.
— O atenderei em apenas um momento. — A voz vinda de trás
chegou até ele.
Rowan se virou para olhar ao redor do café. Havia mesas e cadeiras e
até mesmo algumas grandes cadeiras de couro e sofás afastados por um
pequeno palco. Os pisos eram de uma madeira escura e as paredes estavam
pintadas com um verde pálido suave. Trabalhos artísticos de cobre metálico
estavam pendurados nas paredes e Rowan tinha que dizer que realmente
gostou do lugar. Era muito convidativo.
— O que posso fazer por você?
Rowan se virou para olhar para o sinal. Não podia decidir entre café
preto regular ou um café expresso.
— Oh, meu Deus!
Rowan olhou para o homem atrás do balcão. Estava muito ocupado
tentando decidir o que queria para ver o olhar de medo absoluto no seu rosto.
— Não pode ser... — O homem sussurrou quando deu um passo para
trás em direção ao balcão atrás dele. — Você está morto.
— Desculpe-me? — Rowan olhou por cima do ombro para ver se
alguém estava atrás dele. Quando não viu ninguém se voltou para o homem e
olhou para o seu crachá. — Dominic. Está bem? — Rowan deu um passo em
direção a ele.
— Pare! — Dominic gritou. — Não se aproxime de mim.
— Tudo bem. — Rowan ergueu as mãos em sinal de rendição. — Não
vou te machucar.
— Isso não pode estar acontecendo... — Disse Dominic murmurando
para si mesmo. — Vi o seu corpo. Estava morto.
Rowan não entendeu a reação deste homem para ele. Nunca tinham
se encontrado antes, mas talvez...
— Dominic, meu nome é Rowan. Acho que deve ter me confundido
com o meu irmão, Fredrick. — As semelhanças entre ele e seu irmão eram a
única coisa que poderia pensar que estava causando o sofrimento deste
homem, mas, mesmo assim, por que estava agindo como se estivesse com
medo dele?
O rosto de Dominic estava pálido e Rowan podia ver o brilho de suor
na sua testa. O médico pensou em deixar de lado suas próprias perguntas e
ajudar o homem.
— Dominic, acho que está tendo um ataque de pânico. — Rowan
caminhou até onde havia uma abertura no balcão para chegar ao outro lado.
— Não venha perto de mim! — Dominic pulou para trás, batendo em
algumas canecas de café. — Irmão? — Dominic balançou a cabeça, seu cabelo
voando em seus olhos.
— Sou um médico. Posso ver que não está bem. Se não vai me deixar
ajudá-lo, há alguém que possa chamar para você? — Perguntou Rowan. Não
queria piorar a situação, mas não poderia em sã consciência deixar Dominic
como estava e uma parte dele queria saber o que este homem sabia sobre seu
irmão.
O peito de Dominic subia e descia, enquanto ofegava. Fechou os
olhos e quando os abriu, Rowan podia jurar que os olhos azuis do homem
estavam brilhando. Um rosnado baixo saiu dos lábios de Dominic e agora foi a
vez de Rowan dar um passo para trás.
Os sons de uma porta batendo e pés pisoteando ficou mais alto. A
próxima coisa que Rowan sabia era que outro homem estava com as mãos em
punhos na sua jaqueta preta. Olhou para cima e encontrou o olhar duro do
homem e sua respiração falhou em seu peito.
O homem era impressionante. Era pelo menos três centímetros mais
alto do que ele e, embora estivesse vestindo uma camiseta de mangas
compridas, Rowan podia ver os músculos salientes que o tecido escondia. Os
olhos azuis mais escuros olharam para o seu próprio e Rowan poderia
realmente sentir-se interessado no cara. Seu cabelo loiro curto era tão suave
que seu rosto ficou vermelho, os fios macios pareciam quase brancos.
O homem grunhiu e deu a Rowan uma pequena sacudida. Rowan
podia sentir que o homem o levantaria da terra. Seus dedos rasparam pelo
chão. Para obter uma melhor aderência Rowan estendeu a mão e envolveu as
mãos em torno do pulso do homem e algo estranho aconteceu. Era como se
uma corrente de eletricidade passasse sobre sua pele e Rowan engasgou
quando o calor superou seu corpo. De repente, se sentia muito quente.
— Saia! — O homem disse numa voz baixa e rouca.
— O que foi isso? — Rowan perguntou quando olhou nos olhos duros
do homem, em busca de algum tipo de resposta. — Será que sentiu isso
também? — Rowan sussurrou, enquanto se inclinava para mais perto.
— Saia! — O homem empurrou Rowan para longe dele e virou as
costas para ele.
Rowan tropeçou alguns passos, mas conteve-se a tempo, antes que
caísse, fazendo com que esta situação ficasse muito mais humilhante. Olhou
para ver o homem loiro envolver Dominic em seus fortes e grossos braços.
Uma parte de Rowan estava com ciúmes. Queria ser o único enroscado nesse
abraço caloroso.
O que diabos está errado comigo? Pegue sua merda e saia daqui,
Rowan, uma pequena voz dentro de sua cabeça gritou para ele.
Rowan pegou sua bolsa e saiu correndo pela porta. Não olhou para
trás. Entrou no carro e dirigiu. Não tinha nenhum destino em mente. Rowan só
sabia que tinha que se afastar do café e do homem sedutor que queria chutar
a sua bunda.
Capítulo Quatro

— Dom, bebê, acalme-se. — Roderick, companheiro de Dominic,


tentou acalmar seu amante chateado.
— Acalmar-me? Você está falando sério? — Dominic gritou para
Roderick. Seus olhos azuis se estreitando com raiva. — Ele se parecia muito,
Roderick. Ainda não consigo acreditar. — Dominic balançou a cabeça.
Dix estava encostado no batente da porta do escritório de Dominic,
na parte de trás do café. Depois que o homem que tinha chateado Dominic
partiu, Dix acompanhou Dominic de volta ao seu escritório e mandou uma
mensagem para Roderick ir até o café.
Pelo que Dix conseguia entender, o homem que assustou Dominic
parecia quase idêntico ao que havia atirado em Dom alguns anos atrás. Algum
assediador louco, que veio para a cidade em busca de Avery e quando o cara
tentou raptá-lo, Dominic entrou em cena para detê-lo e foi baleado.
Dix olhou para o chão, enquanto metade dele ouvia a conversa dos
amantes. A sensação de formigamento fez cócegas em torno de ambos os
pulsos, onde o homem o tinha agarrado. Era estranho. Era quase como se o
toque do homem estivesse gravado em sua pele, deixando uma marca
permanente. Mas não foi um mau pressentimento. Não... Dix realmente sentia
falta e queria sentir as mãos do homem nele novamente.
Estava atrasado para o seu turno no café. Depois de sua última aula
do dia, teve que ir para a biblioteca e pegar um livro para sua aula de Inglês.
Mandou uma mensagem para Dom dizendo que tentaria ser rápido, mas
chegaria pelo menos dez minutos atrasado. Quando chegou ao café,
estacionou seu carro no beco atrás do carro de Dom e entrou. Quando abriu a
porta, podia ouvir Dom aos gritos e correu em direção à frente do café.
No começo, ficou chocado com o homem que, com toda a
honestidade, parecia estar tentando ajudar um Dominic histérico. Dix notou
imediatamente o belo rosto do homem. Seus ossos pareciam ser esculpidos
em pedra, forte e elegante. De perfil, Dix podia ver que os lábios do homem
eram cheios e adoráveis e, por um breve instante, desejou prová-los. Mas, em
seguida, os gritos de Dom romperam a névoa em torno de sua cabeça, e ele
agarrou o homem e o levou para longe de Dom. Quando as mãos do homem
envolveram seus pulsos, o pau de Dix se contraiu em seu jeans e ele quase
soltou o cara.
Dix ficou preso entre uma mistura de emoções. Estava com raiva
porque esta pessoa tinha perturbado seu amigo, mas também estava excitado
por aquele homem. Desde que Dix se tornou um homem livre, nunca se sentiu
atraído por outra pessoa. Realmente começou a se perguntar se estava fodido
por todos os anos que esteve vivendo com o Dr. Granberg. Que, de alguma
forma, perdeu a capacidade de desejar outra pessoa dessa maneira.
— Ele disse que era o irmão de Fredrick Morris, Roderick. — Dominic
virou-se para seu companheiro. — Como é que não me disse que ele tinha um
irmão?
— Bebê, acalme-se. — Roderick estendeu os braços e colocou as
mãos nos ombros de seu companheiro. — Não estava no relatório e, quando
seus pais vieram a cidade para reclamar o corpo, não tinha porque aborrecê-
los. Eram pessoas de luto por seu filho. Eles fizeram arranjos para enviar o
corpo de volta para Nova York. Foi rápido e solene. Fim da história.
— Bem, teria sido bom estar preparado na chance de que o gêmeo do
monstro entrasse pela maldita porta.
— Eu... eu... — Dix tossiu para limpar a garganta. — Acho que ele...
não... estava tentando machucá-lo. — Dix gaguejou. Sua garganta doía pela
falta de uso. Ele passou a mão sobre o pescoço e engoliu algumas vezes para
molhar o tecido não utilizado.
Roderick sacudiu a cabeça ao redor em direção a ele. Sua boca
estava ligeiramente aberta.
— Ele só...
— Falou? Sim, isso é outra coisa que aconteceu hoje. — Dominic
sorriu calorosamente para Dix.
— Eu não posso acreditar. — Roderick olhou Dix de cima e abaixo,
como se nunca o tivesse visto antes.
— Você está certo, Dix. — Dominic sentou-se em sua cadeira de
escritório. — Acho que me apavorei por nada. — Dominic olhou para Roderick.
— Entrei em pânico.
— Isso é compreensível.
— Oh merda. — Dominic murmurou enquanto levantava as mãos para
cobrir o rosto. — Eu estava com medo, Roderick. — Dominic puxou as mãos
para olhar seu companheiro. — Eu ficava dizendo que ele estava morto e que
vi o seu corpo.
— Qual é o problema? — Perguntou Dix, dando um passo para dentro
da sala.
— Silas rasgou a garganta de Morris, após ele atirar em Dom e tentar
raptar Avery. — Explicou Roderick. — Tivemos de fazer com que parecesse um
acidente, por isso, colocamos seu corpo no carro e o dirigimos fora da cidade,
para encenar um acidente de carro. O carro pegou fogo e o corpo foi queimado
como uma batata frita. Nada além de ossos e cinzas foram deixados. Então,
realmente não havia razão para o meu companheiro pirar sobre um homem
que, supostamente, morreu num acidente de carro, há cinco anos.
— Estraguei tudo, certo? — Dominic virou-se em sua cadeira para
enfrentá-los. — Mas a questão é, por que esse cara está aqui agora?
Passaram-se quase cinco anos desde que Morris morreu. Por que seu irmão
veio a Silver Creek agora?
— Essa é uma boa pergunta. — Roderick puxou o telefone do bolso e
apertou um botão. — Precisamos encontrar esse cara e ver o que está
fazendo, e mais importante, precisamos dar a Avery um aviso para o caso de
seus caminhos se cruzarem. — Roderick começou a falar com alguém no
telefone e Dix virou-se para sair. — Ei, Dix!
— Sim? — Ele sussurrou baixinho e virou-se para seus amigos.
— Obrigado por estar aqui por Dom hoje. — Roderick estendeu a mão
para apertar o ombro de Dominic. — Isso significou muito.
Dix acenou com a cabeça e saiu do escritório. Ele não foi muito longe
antes de sentir uma mão em seu braço.
— Muito obrigado, Dix. — Dominic deu-lhe um abraço apertado. — Eu
poderia ter pirado de choque se não tivesse chegado aqui quando o fez. — Dix
sorriu, enquanto abraçava Dom novamente. — E quão legal é que está falando
agora?
Dix encolheu os ombros e soltou um grunhido baixo.
— Pare com isso! — Dominic golpeou o bíceps de Dix. — É incrível
que esteja falando novamente. Na verdade, por que não toma o resto do dia
de folga e vai compartilhar isso com seu irmão? Tenho certeza de que Dax
ficará emocionado.
Dix sorriu e acenou com a cabeça. Ele acenou quando saiu pela porta
dos fundos. Uma vez fora, inalou o ar seco e frio. Tantas coisas estavam
saltando em torno dentro de seu cérebro. O mais preocupante era o fato de
que não conseguia tirar a visão de Rowan Morris fora de sua cabeça. Seu corpo
vibrava com alguma energia estranha, que nunca tinha sentido antes, e sua
cabeça parecia nublada como se recheada com algodão.
— O que há de errado comigo? — Dix perguntou a si mesmo. Uma
rajada de vento soprou em seu rosto, ajudando a limpar seus pensamentos um
pouco.
Entrou em seu carro e saiu para a rua. Não tinha a menor ideia do
que estava acontecendo com ele ou porque não podia parar de pensar em
Rowan Morris, mas tinha que encontrar uma maneira de empurrar todos esses
pensamentos. Sua vida estava louca o suficiente sem acrescentar mais merda
para a pilha.
Tudo o que Dix queria fazer agora era chegar em casa e ver seu
irmão e, pela primeira vez em 17 anos, dizer a Dax que o amava e sussurrar
“olá” para a crescente barriga de seu irmão.

Capítulo Cinco

Rowan dirigiu um pouco mais em torno da cidade. Parou num


Starbucks do outro lado da cidade, para ter sua dose de cafeína. Estacionou no
drive-in e ficou no carro. Tinha medo de ter uma repetição do que aconteceu
no Early Bean.
Suas mãos tremiam quando trouxe o copo até a boca para sorver o
líquido quente. Estava curioso sobre o que exatamente tinha ocorrido. Aquele
homem, Dominic, olhou para ele como se pensasse que Rowan ia machucá-lo,
e então as coisas que disse. Você está morto. Eu vi o corpo. O que diabos era
tudo isso?
Mas o mais estranho de tudo, era como se sentiu quando o homem
loiro alto e musculoso veio para ele. Mesmo agora, ainda podia sentir o forte
aperto no peito, onde os dedos agarraram seu casaco. Tinha sido uma loucura,
porque o homem parecia extremamente chateado e pronto para arrancar sua
cabeça fora, mas Rowan desejou seu toque.
Se ao menos Rowan tivesse conhecido este homem em circunstâncias
diferentes, poderia ter iniciado uma conversa com ele. Não tinha certeza se o
homem era gay ou não, mas ainda assim, poderia ter pelo menos falado ao
homem de forma não hostil.
— Que diabos está errado comigo? — Rowan resmungou, enquanto
passava as mãos sobre o rosto, forçando as palmas das mãos nos olhos.
Tudo o que podia pensar era sobre o quão bonito era homem. Seu
cabelo loiro claro curto, olhos azuis claros e o corpo musculoso lembravam
Rowan do cara-perfeito. Apostava que ele jogava futebol ou algo assim na
escola e na faculdade, e, provavelmente, era extremamente popular.
Não que Rowan tivesse sido quando estava na escola, mas onde
cresceu era o dinheiro dos pais da pessoa que ditava o quanto seria popular.
Rowan realmente odiava isso. Nunca iria desfazer das oportunidades que teve
pela riqueza de seus pais, mas desprezava isso, no mundo que veio era só os
que as pessoas viam.
O som do seu telefone o fez saltar no banco. Olhou para o telefone e
viu o nome de sua mãe na tela. Então, pegou o telefone para ler o texto.
Como está indo a viagem?
Bem. Rowan hesitou antes de escrever mais alguma coisa. Uma parte
dele queria dizer a sua mãe sobre o encontro estranho, mas não queria
preocupá-la. Só parado para almoçar.
Ok, meu doce menino. Avise quando se acomodar para a noite.
Quero saber tudo sobre o seu dia. Eu o amo!
Amo você também. Rowan colocou seu telefone de volta no banco de
passageiro.
Deus, odiava mentir para ela, mas foda-se! O que realmente poderia
dizer? Dizer-lhe sobre o incidente no café só a preocuparia e ela pediria que
fosse pra casa, mas ele não podia. Não até que falasse com este tal de Avery.
Sentou-se no carro, bebendo café, observando os carros passarem.
Uma hora tinha passado e Rowan olhou para a foto de Avery no banco ao lado
do seu telefone. Tantos pensamentos correram através da sua mente. Mais
prementes foram as palavras de Dominic. Estava tão confuso que sua cabeça
começou a doer. Por que alguém ficaria tão assustado com ele ou seu irmão?
Claro, Fredrick teve problemas nos últimos três anos de sua vida, mas não era
má pessoa. Fredrick sempre foi o tipo de pessoa que defendia o cara mais
fraco, enfrentando um valentão. Rowan admirava seu irmão e não podia evitar
sentir que Dominic não gostava dele ou de seu irmão, mas por quê? As
palavras, você está morto, continuavam correndo por sua mente, e queria
saber o que isso significava.
Não havia resposta que Rowan poderia inventar para explicar isso.
Colocou seu copo vazio entre os bancos e ligou o carro. A única coisa que
pensou que seria útil era achar Avery. Não sabia se o homem teria respostas
para ele, mas valia a tentativa.
A viagem de volta à casa de Avery foi um pouco mais longa. Um
pouco de tráfego obstruía as estradas principais. Mas não se importava. Deu-
lhe tempo para pensar sobre o que diria para Avery. Rowan não deixava de se
perguntar qual a relação de seu irmão com este homem. Avery seria capaz de
dizer a Rowan algo que não sabia sobre seu irmão? Rowan estava desesperado
e sabia disso. Sentia tanta falta de Fredrick, que queria ouvir que seu irmão
tinha sido feliz antes de morrer. Que de alguma forma, Fredrick tinha estado
em paz.
O sol tinha começado a se pôr a distância e o céu estava iluminado
de laranja e vermelho. Estacionou na frente da casa e notou que havia alguns
carros que não estavam lá antes. Soltou um suspiro de alívio. Ainda estava
nervoso, mas também ansioso. Avery, obviamente, tinha passado mais tempo
com Fredrick antes de morrer do que Rowan, e queria ouvir o outro homem,
mas também estava triste porque teria que dizer-lhe que Fredrick estava
morto. Não era inexperiente em dar más notícias. Ser um médico e obstetra, o
preparou para dar a triste notícia a outras pessoas, mas não tornava isso mais
fácil.
Rowan saiu do carro. Endireitou o casaco e passou os dedos pelo
cabelo. Uma rajada de vento estourou, fazendo-lhe tremer. Suas mãos
tremiam incontrolavelmente e gostaria de dizer que era a por causa da
temperatura, mas não. Estava mais nervoso do que tinha estado em toda a
sua vida. Caminhou até a porta da frente, a cabeça para baixo até o primeiro
degrau. Rowan levantou a mão e bateu na porta. Não esperou muito tempo
antes que abrisse.
— Olá, posso ajudá-lo? — Perguntou o homem que estava na
entrada. Rowan olhou para um par de olhos verdes intensos.
— Sim, estou procurando Avery. — Rowan, levou a língua para
umedecer os lábios secos. — Ele ainda mora aqui?
— Mora. — O homem cruzou os braços sobre o peito, movendo-se
para bloquear o caminho para a casa. — O que quer com ele?
Ok, essa não era a reação que Rowan esperava. Assumia que este
homem estava com Avery pelo modo que estava agindo todo territorial. Estava
claro em sua postura, e pela maneira que falou, que não gostou de sua
presença e seu pedido para falar com Avery.
— Meu nome é Rowan Morris. Eu vim aqui... — Rowan respirou fundo.
Por que veio aqui? Ele deveria ter ligado. — Vim aqui porque achei uma foto de
alguém, que estou assumindo seja Avery. Acho que pode ter conhecido o meu
irmão.
— Sério? — O homem estreitou os olhos para Rowan. A expressão no
seu rosto não fez nada para diminuir a boa aparência. Cabelo loiro
desgrenhado, brilhantes olhos verdes e pele beijada pelo sol. Ele usava um par
de calças cáqui, camisa branca e gravata frouxa no pescoço. — Veio até aqui
por causa de uma foto?
— Sim. — Foi a vez de Rowan cruzar os braços sobre o peito. O que
havia com esta cidade? Todos tinham boa aparência, mas também eram
completamente rudes. Noel não tinha sido, mas a maioria estava seriamente
precisando rever suas habilidades de comunicação. — Qual é seu problema? —
Rowan perguntou.
Antes que o homem pudesse dizer mais uma palavra, outra pessoa
apareceu.
— Landen, seja agradável. — O homem moveu Landen fora do
caminho e ficou ao lado dele. — Olá, meu nome é Avery. Acredito que esteja
aqui para me ver? — Avery estendeu a mão e Rowan podia vê-la tremer um
pouco.
— Rowan, Rowan Morris. — Ele apertou a mão de Avery. A foto
realmente não fazia qualquer justiça a Avery. Seu rosto era magro, mas tinha
um sorriso acolhedor. Avery era exatamente o tipo de Fredrick, pequeno com
cabelo de cor clara e características quase femininas.
— Prazer em conhecê-lo, Rowan. — Avery puxou sua mão para trás e
envolveu seu braço em volta da cintura de Landen. — Deixe-me pedir
desculpas por meu namorado aqui. Ele é um pouco protetor.
Rowan olhou entre os dois homens. Por que Landen estaria sendo
protetor? Não é como se estivesse ali para roubar seu namorado. Avery nem
era o tipo de Rowan. Não, o tipo de Rowan era alto e masculino, todo macho
alfa. Como o cara no café.
— Gostaria de entrar? — Avery perguntou.
Rowan balançou a cabeça e encontrou o olhar de Avery. Ele ouviu
Landen grunhir, então olhou para ele, a tempo de vê-lo rolar os olhos. Tudo
isso era tão confuso para Rowan.
— Eu gostaria muito. Obrigado. — Rowan entrou na casa quente. A
entrada levava a uma grande sala de estar e Avery acenou-lhe para seguir. —
Realmente lamento incomodá-lo assim e vir sem avisar, mas foi uma coisa de
última hora para mim. — Rowan sentou-se no sofá macio. Ele removeu suas
luvas e as colocou na almofada ao lado dele.
— Não se preocupe. — Avery sentou-se e Landen sentou ao lado dele,
descansando um grosso braço sobre os ombros delgados de Avery. — Mas se
não se importa que lhe pergunte, por que está aqui exatamente?
— Sim, isso. — Rowan mordeu a parte interna da sua bochecha. Ele
não queria falar de qualquer um dos últimos amantes de Avery na frente de
seu atual namorado, mas de que outra forma poderia explicar por que estava
ali? — Acho que conhecia meu irmão, Fredrick.
Rowan viu o jeito que Avery vacilou com a menção do nome do seu
irmão. Foi sutil, mas estava lá. O braço de Landen apertou em torno de Avery,
puxando-o mais perto.
— Sim, eu o conhecia, mas não muito bem. — Respondeu Avery.
— Oh! — Rowan puxou a foto do bolso do casaco e entregou a Avery.
— Me desculpe. Presumi que você e meu irmão estavam namorando antes dele
morrer.
Avery pegou a foto e a olhou um pouco boquiaberto.
— Quero dizer, com nenhum desrespeito. — Rowan ficou mais na
beira do sofá. — Meu irmão e eu estávamos meio brigados quando ele faleceu.
Estava ocupado com minha própria vida e a escola, e não tinha tempo para
ele. — Rowan riu, mas o som não soou alegre. — Foi só recentemente que
comecei a lidar com a morte do meu irmão. — Ele apontou para a foto que
Landen estava segurando. — Achei isso em seu casaco favorito. Sei que é um
pouco louco, mas esperava... — As palavras de Rowan foram interrompidas
pelo nódulo sólido se formando em sua garganta. — Esperava que pudesse me
dizer algo sobre Fredrick. Dizer-me se era feliz, pelo menos, aqui com você.
Diabos, nem sei se sabia que ele estava morto.
Tentou conter as lágrimas queimando no fundo de seus olhos. Rowan
estava envergonhado por quebrar na frente de estranhos, mas não podia
evitar. Tinha tantos arrependimentos. Se ao menos estivesse mais envolvido
com Fredrick, não se sentiria tão culpado agora.
— Conheci seu irmão num clube em Nova York. Não éramos assim tão
próximos. — Avery olhou para Landen e de volta para Rowan. — Estávamos
começando a progredir aqui em Silver Creek, quando ele morreu.
— Avery... — Landen disse, mas Avery levantou sua mão para
silenciar seu namorado.
— Rowan, sinto por sua perda. — Avery finalmente disse. — Quem
me dera ter mais para oferecer a você, mas não tenho. Não estávamos juntos
há muito tempo, mas acho que ele estava feliz. — Uma lágrima solitária
desceu pela face de Avery.
— Obrigado, Avery. — Rowan limpou debaixo dos seus olhos e se
levantou. Ele tinha conseguido o que queria. Não o fez se sentir melhor,
embora. — Desculpe por ter interrompido sua noite.
— Não foi um incômodo. — Avery seguiu atrás de Rowan em direção
a porta da frente.
Assim que estava no degrau da frente, Rowan se voltou para apertar
a mão de Avery mais uma vez.
— Obrigado mais uma vez, Avery.
Avery sorriu e acenou com a cabeça quando fechou a porta.
Rowan começou a se afastar, então lembrou que deixou as luvas na
casa. Ele correu de volta até a varanda e levantou a mão para bater quando
ouviu as vozes do outro lado. Estavam abafadas por causa da porta fechada,
mas Rowan ouviu tudo perfeitamente.
— Por que lhe contou isso? — Landen perguntou.
— Porque era a coisa certa a fazer, Landen.
— Não, a coisa certa, teria sido dizer àquele cara que seu irmão era
um doente, precisando de ajuda. Se a família de Fredrick estivesse mais
envolvida, você, Dominic e até mesmo Ryan seriam poupados das memórias
daquela noite. Foda-se, Ave, ele ainda poderia estar vivo agora se sua família
cuidasse dele.
Rowan ficou congelado no lugar. O que estavam falando? Seu
coração acelerou e seu peito apertou quando tentou respirar pelo nariz e boca
ao mesmo tempo.
— Você ouviu o que Roderick disse.
— Sim, eu sei. Dizer ao cara qualquer coisa e se livrar dele. Entendi,
mas odeio isso, Ave. Acho que Rowan e sua família mereciam a verdade, não
importa o quão feia seja.
— Eu sei, querido. Mas às vezes a mentira é mais fácil de lidar do que
a verdade.
As vozes diminuíram, enquanto Avery e Landen moviam-se pela casa.
Rowan ficou parado do lado de fora de sua porta fechada, sem saber o que
fazer. Um carro dirigindo pela estrada tirou Rowan de seu estado de choque.
Ele se virou e correu de volta para seu carro e entrou. Seu corpo moveu-se no
piloto automático quando virou a chave na ignição e voltou para a rua.
Dirigiu por horas. Algumas vezes, em direção a rodovia para voltar
para casa, mas não conseguiu. Sua tristeza ao ouvir as palavras de Landen se
transformou em raiva. Algo estava completamente errado em Silver Creek. E
qual era a verdade que Landen falou? Por que, de repente, estava tendo a
impressão de que a morte de seu irmão não foi tão acidental como ele e seus
pais foram levados a acreditar.
Na parte nova da cidade, Rowan puxou o carro no estacionamento de
um bom hotel. Agarrou sua bagagem, apenas no caso de decidir ficar mais
tempo, e pegou um quarto. Após acomodar suas coisas, colocou seu laptop
sobre a mesa e em seguida, puxou o celular do bolso. Ele bateu o contato para
Allen Whitmore.
— Detetive Whitmore.
— Ei, Allen, sou eu, Rowan. — Allen era um ex de Rowan. Eles tinham
namorado durante um ano, enquanto ainda estava na faculdade de medicina.
Com as agendas muito diferentes e ocupadas que ambos mantinham, sua
relação fracassou, mas eles permaneceram bons amigos. — Preciso de um
favor.
— Só chama agora quando precisa de algo, Rowan? — Allen caçoou.
— Não, não. Liguei há um mês para jantar. — Rowan lembrou-lhe. —
Somos amigos.
— Eu sei. Estou brincando com você. — Rowan ouviu alguma estática
na linha então, Allen disse: — O que precisa?
— Esperava que pudesse me enviar um e-mail com o arquivo sobre o
acidente do meu irmão. — Era um tiro no escuro, mas se alguém podia ajudá-
lo, era Allen.
— Rowan...
— Por favor, Allen. — A voz de Rowan saiu chorosa quando implorou.
— Estou feliz que finalmente esteja lidando com a morte de Fred, mas
acha mesmo que ver as fotos de seu carro destruído e corpo queimado irá
ajudá-lo?
Não, mas Rowan não ia dizer isso a seu amigo.
— Talvez. Talvez não. Só quero ver o arquivo. Vai me ajudar a colocar
um ponto final nisso. — Rowan mentiu. Queria ver se havia algo de estranho
nisso, porque algo não estava bem aqui em Silver Creek.
— Ok, bem. — Allen finalmente disse. — Só porque é você, Rowan.
Mas posso dizer que vi as fotos e não é bonito.
— Entendo. — Rowan queria, principalmente, o relatório da polícia, e
não as fotos. Estava curioso sobre o acidente, porque não tinha mais certeza
que foi realmente um acidente.
— Está bem, cara, vou escaneá-los e enviá-los para você.
— Obrigado, Allen. Devo-lhe uma. — Rowan desligou o telefone e
sentou.
Isto podia ser alarme falso, mas Rowan não podia deixar de lado
todas as coincidências estranhas que aconteceram hoje. Tinha um sentimento
de que Landen e Avery sabiam mais do que disseram, e justificaria a maneira
que Dominic tinham reagido a ele no café, mais cedo naquele dia.
Rowan não sabia por onde começar... mas não ia embora até obter
algumas respostas.

Capítulo Seis

— Precisa de ajuda? — Dix sussurrou quando entrou na cozinha. Dax


estava no fogão fazendo panquecas.
— Doga! — Dax saltou e girou ao redor. — Ainda não me acostumei a
ouvi-lo falar. — Dax riu. — Mas estou feliz que esteja falando.
— Obrigado. — Dix baixou os olhos para olhar para o chão com as
bochechas coradas.
Quando chegou a casa na tarde anterior, surpreendeu Dax, dizendo
olá. Dax deixou cair a toalha que estava dobrando e olhou Dix com olhos
arregalados, em seguida, sentou-se na borda da cama e começou a chorar.
Isso não era incomum, Dax chorar. A gravidez o tinha deixado supersensível
por causa dos hormônios.
Dix ajoelhou-se diante de Dax e disse-lhe que o amava, depois
estendeu a mão tocando a barriga saliente e disse oi para seu pequeno
sobrinho. Isso fez Dax chorar um pouco mais.
Colt chegou alguns minutos depois disso e quando perguntou o que
estava errado com Dax, Dix disse-lhe. Colt ficou tão surpreso quanto Dax e
puxou Dix num abraço apertado e o obrigou a recitar o alfabeto, seu endereço,
seu horário no Hemsworth. Dax e Colt não se cansavam de ouvir Dix falar.
— Então, quais são seus planos para o dia? — Dax perguntou quando
se virou para virar as panquecas.
— É meu dia de folga no café, mas tenho duas aulas esta manhã. —
Dix, encheu um copo com água e tomou um gole, molhando a garganta. —
Preciso passar na biblioteca e fazer algumas pesquisas para um relatório de
minha aula de anatomia.
Depois de saber sobre a gravidez de seu irmão, Dix descobriu o que
queria fazer na vida. Ele queria se tornar um obstetra. A única desvantagem
era que frequentaria a escola por pelo menos doze anos, mas valeria a pena.
Estava animado para começar a faculdade. Vir para Nehalem deu-lhe
uma sensação de liberdade que nunca teve antes. Estava tão feliz por se
matricular na escola, que não tinha um curso definido ainda, mas quando Dax
contou-lhe a boa notícia, Dix soube o que queria fazer.
Era engraçado, na verdade. As pessoas assumiram que, já que não
falava, era lento ou tinha problemas mentais, mas não. Gostava de estar perto
das pessoas. Mesmo não falando gostava de estar perto de seu calor. Dix
gostava de ver as pessoas vivendo suas vidas, e o que seria mais emocionante
do que ajudar a trazer ao mundo essas vidas?
— Parece divertido! — Os olhos do Dax se iluminavam.
Desde que Dax começou a mostrar a gravidez, teve que deixar seu
trabalho e não podia sair de casa. A maioria do mundo humano não tinha
conhecimento de shifters e se as pessoas da cidade vissem Dax grávido
andando por aí, perderiam a cabeça. O único lugar que Dax era autorizado a ir
era a casa de Carsten. Era longe e isolada de olhares indiscretos.
— Eu acho. — Dix sorriu para seu irmão. — Vou tentar ser rápido para
que possa estar com você.
— Não precisa fazer isso. — Murmurou Dax. Ele estava de costas para
Dix... mas pôde ouvir o soluço no tom de seu irmão, quando mais uma vez
começou a chorar.
— Dax, só mais alguns meses, e então estará livre desta casa. — Dix
puxou seu irmão nos braços e o abraçou.
— Eu sei. Fico entediado e solitário. — Dax esfregou seu rosto coberto
de lágrimas na sua camisa. Dix estremeceu quando viu que seu irmão estava
fungando, sem dúvida deixando meleca na sua camisa limpa. — Obrigado por
ter vindo morar conosco. Sei que estava feliz na casa de Carsten, mas ficaria
solitário sem você aqui.
Quando Dax veio morar com Colt, disseram que poderia vir junto. Ia
recusar, não querendo atrapalhar a vida de Dax e Colt, mas Dax implorou para
que viesse com ele e Colt apoiava completamente a ideia também. Colt o
queria ali no caso de ter que viajar a trabalho, e Dax queria alguém por perto,
para não se sentir tão solitário. Não precisou de muito estímulo para Dix
arrumar suas coisas e ir para Silver Creek. Era a apenas vinte minutos de carro
de Nehalem e podia correr para lá quando quisesse.
— Eu também, Dax. — Dix beijou o topo da cabeça de Dax,
respirando o doce aroma do seu irmão.
Dax terminou de preparar o café da manhã e se sentaram para comer
juntos. Phillip, que era um caçador e também o médico acompanhando Dax em
sua gravidez, iria naquele dia. O que fez Dix se sentir um pouco menos
culpado quando teve que sair.
Tinha Cálculo e Biologia. Quando fez o teste de admissão para a
faculdade, foi tão bem que o colegiado da faculdade pensou que se não falava
devia ser um autista ou algo assim. Ouviu o professor murmurou à secretária
que ele era como o Rain Man. Dix imediatamente puxou seu telefone e
pesquisou isso e revirou os olhos quando viu que era um filme sobre dois
irmãos e um era autista, mas muito inteligente quando se tratava de números
e cálculos.
Depois da sua aula de biologia, Dix foi para a biblioteca. Estacionou
sua caminhonete, saiu e foi ao café para almoçar, então voltou a biblioteca
trabalhar em seu relatório. Ele parou na mesa de Jayme para dizer olá... mas o
homem não estava lá.
Dix caminhou para os fundos, onde ficava a seção de livros que
precisava para fazer o relatório e encontrou um lugar tranquilo onde não seria
perturbado.
Cerca de uma hora tinha se passado quando um estranho odor
flutuou até seu nariz. Não era ruim. Muito pelo contrário. Cheirava como
verão, pele aquecia pelo sol e flores desabrochando. O perfume tornou-se forte
e Dix já não conseguia se concentrar. Estava ficando mais denso e forte a cada
minuto que passava. Dix gemeu quando seu pau começou a endurecer em seu
jeans.
Com um baixo rosnado, empurrou sua cadeira e seguiu o cheiro
inebriante. Seu tecido gengival vibrou, enquanto seus dentes pulsavam com a
necessidade de alongar e morder. Os pelos na parte de trás do pescoço se
levantaram junto com os pelos dos braços. Era como se seu corpo tremesse
com eletricidade estática.
Os sons de digitar foram ficando mais altos, e Dix atravessou as
estantes de livros. Ele chegou ao fim... e viu uma luz em uma das salas. Dix,
moveu-se lentamente em direção a porta. O cheiro era mais proeminente
nesta área. Quando olhou para a sala só viu uma pessoa lá dentro.
Rowan.
Observou enquanto o homem olhava de uma janela para a outra no
computador que usava. De vez em quando parava para fazer algumas
anotações e depois levantava a cabeça para continuar a ler.
O quarto estava quieto, exceto pelo clique-clique-clique da ponta dos
dedos de Rowan batendo no teclado. Achou o som quase hipnótico. Ele não
podia afastar seu olhar do homem. O cheiro do Rowan aumentava e envolvia
Dix cercado um manto de neve.
Entrou mais na sala e chutou a porta. A porta fechou, fazendo Rowan
saltar da cadeira.
— Oh, meu Deus! — Rowan engasgou.
Dix caminhou lentamente em direção a ele. Sentiu-se como um
predador caçando sua presa e Rowan era o alvo. Cheirou o ar, suas narinas
ardendo, enquanto o odor de pele quente e flores frescas viessem correndo
para ele, como se um forte vento varresse a biblioteca.
— O que está fazendo? — Rowan perguntou. Dix observou o homem
encostado na mesa com os olhos bem abertos.
O cheiro forte de medo misturado com seu aroma desejável fez Dix
parar de se mover. Quando deu seu último passo ficou a apenas alguns
centímetros de Rowan. Ele era apenas um pouco mais alto que o homem, mas
era o suficiente para permitir que pairasse sobre Rowan. A língua de Rowan
corria nervosamente lambendo seus lábios, e os olhos de Dix seguiram o
movimento. Tudo o que este homem fazia parecia excitá-lo. Seu pau
pressionou seus jeans e estendeu a mão para pressionar sobre o bojo
crescente.
— Se é sobre ontem no café, não fiz nada para chatear seu amigo. —
Rowan rapidamente, explicou.
— Por favor, fique quieto. — Dix sussurrou suavemente num tom
baixo e rouco. Ele levantou a mão e acariciou o lado da bochecha de Rowan. O
homem tremeu no início, mas quando suas peles fizeram contato, Rowan
relaxou e inclinou-se em seu toque. — Há algo em você... — Dix dobrou os
joelhos apenas o suficiente para olhar mais claramente nos olhos de um azul
escuro de Rowan.
— O... que é isso? — Rowan perguntou com seu olhar caindo para
olhar os lábios de Dix.
Dix sorriu mostrando seus dentes brancos brilhantes. Isso era
divertido. Amava o efeito que estava tendo sobre esse homem. Não disse mais
nada, apenas reagiu. Pressionou seus lábios nos de Rowan, duramente. As
mãos do Rowan subiram para o peito de Dix... mas não para afastá-lo. Ao
invés, estavam puxando-o mais perto. Dix rosnou para o beijo e forçou a
língua na boca de Rowan, degustando de cada parte que podia. Rowan gemeu
e nervosamente se apertou contra ele, tentando se aproximar mais.
Envolveu seus braços ao redor de Rowan e deixou que suas mãos
descessem para tocar levemente as costas, até chegar a bunda firme. Apertou
as mãos nos músculos duros e puxou Rowan mais apertado. Dix rosnou na
língua de Rowan e levantou-o para a mesa. Rowan agarrou seu pescoço,
gemendo e arqueando seu comprimento endurecido no estômago de Dix.
— Ah, foda-se, não devíamos fazer isso aqui. — Rowan disse quando
Dix abriu sua calça e enfiou a mão para agarrar o pênis ereto. — Merda, porra!
— Rowan mordeu seu lábio inferior. — Precisamos parar. — Rowan endireitou
seus braços, empurrando Dix alguns centímetros.
— Por quê? — Dix perguntou, olhando para os lábios vermelhos
inchados de Rowan.
— Por que... — Rowan respirou fundo, os olhos fechando só por um
momento. — Nem sei seu nome e ontem você quase bateu em mim.
Dix ouviu Rowan... mas não se importava. Sua mente estava presa
em tomar o que queria de Rowan e ele queria tudo. Dix inclinou-se para outro
beijo e Rowan cedeu, mas só por alguns segundos antes de segurar Dix
novamente.
— Posso, pelo menos, saber seu nome? — Rowan sussurrou.
— Dix. — Ele se empurrou para outro beijo. Este mais suave e
demorado. Dar essa informação pareceu aliviar algumas das dúvidas de Rowan
sobre o que estava acontecendo entre eles, porque ele não disse mais nada.
Dix apertou seu punho no eixo aquecido de Rowan. Nunca perdeu sua
dureza, enquanto falavam. A ponta estava molhada, vazando sucos pegajosos.
Passou o dedo através das gotas claras, espalhando no comprimento de
Rowan. O doce cheiro de Rowan fez Dix ver vermelho. Usou sua outra mão
para abrir seu próprio zíper. Quando não conseguiu, os dedos bem suaves de
Rowan o empurraram fora do caminho e libertaram o pau de Dix.
Rowan se moveu para a beira da mesa e Dix deu um passo à frente,
pressionando seus paus pulsando juntos. Gemeu com a sensação de pele
contra pele. Rowan gemeu e arqueou os quadris pressionando Dix.
Dix descansou sua testa contra a de Rowan e grunhiu quando seu
corpo começou a tremer. Os olhos do Rowan estavam fechados, seus gemidos
ficaram mais altos e seu pau mais duro. Dix empurrou seus quadris com mais
força e mais rápido em Rowan e não conseguia tirar os olhos da bela visão.
Seus dentes começaram a descer e sentiu a pressão de seus caninos afiados
cavando em seu lábio inferior. Queria tanto reivindicar este homem.
Meu, meu, meu, uma voz gritou dentro da sua cabeça. Dix não queria
pensar sobre o que pode significar. Tudo o que queria era desfrutar disto. Ele
tinha ficado com alguns caras, desde que se mudou para Silver Creek, mas
nenhuma dessas vezes se comparava a isto. Uma parte de Dix sabia que era
errado fazer isso com Rowan, sabendo quem era este homem e tudo o que
sabia sobre seu irmão, mas Dix não podia reunir energia para ter cuidado
nesse momento. Gostava de como Rowan o fazia sentir, e cada gemido saindo
da boca de Rowan o fez ficar mais duro.
Moveu sua mão para agarrar seus paus esticando e bombeado seu
punho acima e para baixo. O pré-sêmen vazando das cabeças inchadas de
seus pênis tornou isso mais fácil. O corpo do Rowan se retesou e ele repetia,
sim, sim, sim e, em seguida, seu corpo entrou em erupção. Cordas grossas de
sêmen jorraram do pau de Rowan e a visão deste homem gozando, o cheiro e
a sensação de seu sêmen enviaram Dix sobre a borda. Ele deixou cair à cabeça
no pescoço de Rowan e rosnou contra seu ombro. Queria tanto morder a carne
macia, mas se segurou. Não sabia o que estava causando essa necessidade
irresistível dentro dele, mas sabia que morder Rowan seria uma coisa ruim.
Demorou alguns minutos para recuperarem o fôlego. Dix agradeceu a
sorte que ninguém entrou na sala. Realmente odiaria ter que tentar explicar
isso, e não queria ser banido da biblioteca.
Deu um passo para trás e Rowan desceu da mesa para estar de pé.
Rowan manteve a cabeça para baixo e endireitou as roupas. Dix agarrou a
caixa de lenços de papel da mesa e limpou a mão. Segurou-se para não
levantar a mão à boca e saborear os sucos doces de Rowan.
— Bem, isso foi inesperado. — Rowan riu.
As bochechas de Dix coraram com o calor... mas conseguiu acenar
com a cabeça. Enquanto abotoava seu jeans e puxava para cima seu zíper,
olhou para o que Rowan estava trabalhando. No computador a tela havia um
artigo de cinco anos atrás sobre o acidente de carro que tirou a vida de
Fredrick Morris. Ao lado do computador estava o notebook que Rowan estava
escrevendo e umas cópias do que parecia ser um relatório da polícia.
— O que é isto? — Dix sussurrou, apontando para os papéis de
Rowan. Não estava vivendo em Silver Creek quando Fredrick Morris chegou à
cidade. Roderick disse que o cara era um homem mau que queria fazer coisas
ruins com seus amigos. Dix podia ser atraído por Rowan, mas não tinha
sentimentos para este Fredrick. Bem, exceto o ódio.
— Oh, nada. — Rowan, moveu-se em frente de Dix para colocar seus
papéis no caderno. Ele minimizou a tela que estava lendo. — Então, Dix... —
Rowan virou-se para enfrentá-lo. — O que foi isso?
Dix cruzou os braços sobre o peito e olhou para as anotações de
Rowan uma última vez e decidiu deixá-lo ir. Avisaria Roderick que Rowan
estava investigando a morte de seu irmão. Mesmo se sentindo atraído por
Rowan, tinha que se certificar de que as pessoas que amava seriam mantidas
seguras.
— Qual é o problema? — Dix olhou para cima para encontrar o olhar
de Rowan. — Você está reclamando?
— Reclamando? Não. — Rowan riu. — Surpreso é tudo. — Rowan
passou uma mão pelo cabelo preto curto. — Pensei que depois de ontem não
gostasse de mim.
— Não o conhecia, então. — Dix abanou a cabeça. Ele não sabia como
explicar. Toda esta coisa de expressar seus pensamentos e sentimentos com
palavras ainda era muito nova para ele. Sua garganta estava começando a
doer novamente. — Entrei e vi meu amigo triste. O que deveria fazer?
— Eu não sei. — Rowan desviou seu olhar de Dix. — Você sabe por
que seu amigo estava chateado?
Sim, sabia, mas não podia dizer a Rowan. Não podia trair a confiança
de seus amigos, ou colocá-los em perigo, se Rowan o empurrasse por
respostas sobre a morte de seu irmão.
— Não tenho ideia. — Dix abanou a cabeça.
— Sim. — Rowan disse sob sua respiração então se virou para
desligar o computador e pegar seu caderno. — Bem, foi bom vê-lo de novo,
mas tenho que ir.
— Vai embora? — Dix, estendeu a mão e agarrou o braço de Rowan,
quando se virou para ir embora.
— Sim, vou. Há outra coisa que queria? — Dix abanou a cabeça,
porque não sabia o que sentia ou queria. — Bom. — Rowan apontou em
direção a mesa onde tiveram um orgasmo. — Foi divertido, a propósito. —
Com isso, Rowan virou e foi embora.
Dix puxou uma cadeira e sentou-se. Levantou os braços para
descansar os cotovelos na mesa e colocar o rosto na mão. O cheiro do seu
sêmen misturado ao de Rowan encheu seu nariz e começou a ficar duro
novamente. Não tinha certeza do que estava acontecendo com ele. Muitas
coisas mudaram em vinte e quatro horas e ele não podia evitar achar que era
tudo devido a Rowan Morris.

Capítulo Sete

— O que diabos há de errado comigo? — Rowan perguntou a si


mesmo, uma vez que estava na segurança de seu carro.
Rowan recebeu um e-mail de Allen na noite anterior e não havia
muito lá. Algumas fotos e um relatório do legista, apenas isso. Parecia um
acidente de carro, não jogo sujo. Não ouvindo o que Avery e seu namorado
disseram na outra noite, ignorando a reação que tinha visto em Dominic no
café, a morte de seu irmão parecia estar esclarecida. Mas algo não estava
certo nesta cidade. Rowan pensou que a melhor maneira de encontrar as
respostas que estava procurando era fazer sua própria investigação.
Ficou na biblioteca durante cerca de uma hora, quando esse homem,
Dix, encontrou-o. Rowan estava com medo no início, sem saber o que o
homem queria. O olhar nos olhos azuis claros de Dix era difícil de decifrar.
Sentiu-se como um animal preso, prestes a ser abatido, mas então algo
estranho aconteceu. Dix o beijou. Não só o beijou, mas ambos pularam um
contra o outro. Sentiu vontade de rir sobre a coisa toda agora. Não tinha feito
isso desde que era um adolescente. E em uma biblioteca? Não podia acreditar
que tinha feito isso.
A memória de sentir o corpo duro e quente de Dix tinha pressionado
contra seu pênis tentando agitar novamente em suas calças. Rowan não sabia
o que neste homem o atraía tanto. A atração que sentia era quase demais e o
assustava. Nunca, em seus 32 anos, sentiu-se tão fortemente atraído em
direção a outro homem, especialmente um que tinha acabado de conhecer.
Mas havia tantas coisas desejáveis sobre Dix. Ele era alto e tinha ombros
largos e musculosos. Suas mãos eram duas vezes maiores que as de Rowan.
Sem mencionar que o pênis do homem tinha mais de vinte centímetros e era
tão grosso quanto uma lata de cerveja. Rowan achou tudo em Dix atraente,
mas o que mais o afetou foram aqueles olhos azuis. Escondiam uma história
que Rowan realmente queria saber. O azul dos olhos de Dix parecia
convincente e profundo e se não tivesse cuidado, ia cair e se afogar neles.
Mas tão bom quanto Dix o tinha feito sentir, Rowan não podia evitar
pensar que o homem estava escondendo alguma coisa dele. Tinha ficado bom
em ler a linguagem corporal de outras pessoas ao longo dos anos. Havia
tratado um monte de jovens mães adolescentes, com quem teve de ser
severo, para se certificar de que estavam tomando o cuidado adequado de si e
seus bebês em gestação. Rowan tinha ficado muito bom em saber quando
alguém estava mentindo para ele e estava certo que Dix estava escondendo
alguma coisa. Não que esperasse que Dix dissesse-lhe qualquer coisa. Afinal
tinham acabado de conhecer.
Tanto quanto Rowan queria sentar e pensar sobre o que acabara de
acontecer entre ele e Dix, tinha trabalho a fazer. Ligou seu carro e saiu do
estacionamento da biblioteca e se dirigiu para a delegacia de polícia local.
Realmente, não achava que o chefe de polícia iria dizer-lhe alguma
coisa, mas tinha que tentar. Os relatórios eram muito simples. O relatório
afirmava que Fredrick estava dirigindo muito rápido e seu carro ficou fora de
controle, numa estrada estreita, e caiu para baixo numa pequena vala. O carro
explodiu no momento do impacto. As conclusões do legista afirmaram que o
pescoço de Fredrick estava quebrado e que morreu com o impacto, não do
fogo. Mas havia uma nota no relatório do legista que disse que havia cortes
profundos sobre as vértebras na parte superior da coluna, na área da
garganta. O médico não tinha explicado sobre isso e Rowan estava curioso
para saber por que não.
A delegacia estava na parte mais antiga da cidade. O edifício era de
pedra cinza e tinha uma grande fonte na frente. Pensou que o lugar parecia
bastante limpo e agradável. Isso ajudou a aliviar seu medo de entrar e fazer
perguntas em relação à morte de seu irmão.
Saiu do carro e caminhou através das portas de vidro duplo. As
portas abriram-se numa área de estar e balcão com uma janela de vidro
grosso separando a sala de espera da parte de trás da estação. Rowan
caminhou até a recepção e falou através do pequeno alto-falante para o
policial que lá estava.
— Posso ajudá-lo? — Perguntou o homem.
— Sim, meu nome é Rowan Morris. Liguei cedo para falar com o Sr.
Kline-Kemp. Ele deve estar me esperando.
De manhã cedo, Rowan ligou para a delegacia e falou com o chefe da
força de Silver Creek. Ele era um homem bom e concordou em se encontrar
com Rowan.
— Sente-se e vou avisá-lo que está aqui.
Rowan acenou com a cabeça e sentou-se numa das cadeiras que
compunham o lobby. Bateu o pé nervosamente para cima e para baixo,
enquanto esperava. A campainha soou e a porta de madeira grossa que
conduzia a estação abriu-se. Um homem, não muito mais velho que Rowan,
estava na entrada. Era quase da altura de Rowan, talvez alguns centímetros
mais baixo, mas cheio de músculos. Tinha cabelos castanhos curtos, olhos
azuis e um sorriso amigável.
— Senhor Morris. — Rowan levantou-se e tomou a mão que o homem
lhe estendia. — Sou o chefe de polícia Caleb Kline-Kemp. Vamos voltar para o
meu escritório.
Seguiu o chefe de volta através das fileiras de mesas. Alguns outros
policiais estavam no prédio e olharam para cima, quando Rowan passou. Caleb
entrou em seu escritório e segurou a porta aberta para ele, fechando-a atrás
dele.
— Por favor, sente-se. — Caleb apontou para uma das cadeiras na
frente de sua mesa. — Em que posso ajudá-lo, Sr. Morris?
— Por favor, me chame de Rowan.
— Ok, Rowan. — Caleb sorriu. — Sinta-se livre para me chamar de
Caleb. Meu último nome pode ser um bocado, às vezes.
— Não é tão ruim. — Vivendo em Nova Iorque, Rowan tinha
conhecido um monte de pessoas que tinham hifenizado sobrenomes. A maioria
era devido a pais que não quiseram abdicar de seus sobrenomes quando se
casaram, assim os filhos herdaram dois sobrenomes. Teve mais de um
paciente fazendo isso. — Se não se importa que pergunte, é um sobrenome de
sua mãe e outro do seu pai?
— Oh, não. — Caleb riu. — Kline é o meu sobrenome. Kemp é do meu
marido.
— Oh. — A boca de Rowan abriu-se na forma de um O. Pensou que
era incrível que esta cidade fosse tão mente aberta para ter um chefe de
polícia gay. Se Silver Creek não fosse o lugar em que seu irmão tinha morrido
e não fosse tão estranha, teria pensado seriamente em fazer sua vida ali. —
Isso é incrível.
— Se você diz. — Caleb recostou-se na cadeira. — Escrevê-lo, no
entanto pode ser um pouco trabalhoso, às vezes.
— É compreensível. Sou um obstetra em Nova York e trabalhei com
famílias que queriam que seus filhos tivessem sobrenomes de ambos os pais.
Sinto muito por algumas dessas crianças. Escrevendo seus nomes vão, mais
do que provavelmente, desenvolver a síndrome do túnel do carpo.
— Sim, já ouvi dizer sobre isso. — Caleb sorriu. — Nossos dois filhos
estão sempre reclamando. Digo-lhes para apenas escrever Kemp, para ficar
mais fácil, mas sentem que seria desrespeitoso para mim.
— Isso é muito legal da parte deles. — Rowan bateu a pasta na mão
contra sua coxa. — Não são muitas as crianças que pensam dessa maneira.
— É verdade. Tivemos muita sorte com eles. — Caleb sorriu. — Então,
em que posso te ajudar Rowan? — Caleb olhou para a pasta. — No telefone,
disse que tinha algumas dúvidas em relação ao acidente de seu irmão.
— Sim. — Rowan abriu a pasta e olhou para as notas que estavam
dentro. — O relatório diz que meu irmão estava em alta velocidade, o que
provocou o acidente.
— Isso mesmo. Eu estava trabalhando naquela noite e fui um dos
policiais que atenderam o acidente. O carro estava envolto em chamas. As
marcas de pneus na estrada mostravam que tentou parar, mas perdeu o
controle.
— Eu li isso. — Rowan olhou para a fotografia tirada das marcas de
pneus. — Parecem bastante cortadas e secas. — Olhou para Caleb. O policial
estava sentado perfeitamente imóvel, mantendo seu olhar. — Mas tenho uma
pergunta sobre algo que o legista comentou.
— O que seria isso?
— Ele colocou no relatório que havia cortes profundos nas vértebras,
onde o pescoço de Fredrick se quebrou. — Puxou o papel de sua pasta e
mostrou-o a Caleb. — O que acha que isso significa?
— Não tenho certeza. — Caleb olhou para ele, seu olhar duro nunca
vacilando. — Foi um acidente horrível, Rowan. Poderiam ter sido alguns
detritos, como vidro quebrado, metal do carro, galhos de árvores que
atingiram o pescoço de seu irmão. Os restos mortais foram gravemente
queimados, tudo o que restava era esquelético. — Caleb se inclinou para
frente. — Acha que alguma coisa aconteceu com seu irmão?
Antes que Rowan pudesse responder, a porta se abriu e entrou um
adolescente.
— Ei, papai, preciso emprestar suas chaves. Tranquei as minha no
meu carro novo.
— Ryan, você realmente precisa bater. — Caleb levantou-se. — E
como conseguiu travar suas chaves em seu carro de novo?
Rowan observava o pai e o filho conversarem. Olhou para o
adolescente e o nome Ryan soava familiar para ele. Havia sido citado na
conversa que ouvira entre Landen, Avery e Dominic, onde diziam que Rowan e
seus pais deveriam ter cuidado melhor de Fredrick. Sacudiu a cabeça. Era
absurdo. Ryan era um nome comum e esse garoto não poderia ter mais do que
dezessete, 18 anos de idade, o que significava que só tinha mais ou menos
treze anos quando o irmão de Rowan ainda estava vivo. Fredrick nunca
machucaria uma criança.
— Pai. — Ryan gemeu. — Eu estava atrasado. — Ryan olhou para
Rowan, que observou quando toda a cor desapareceu do rosto do garoto e ele
apoiou-se contra a parede. — Não é possível.
Ryan balançou a cabeça. Sua voz soava tão pequena e assustada.
Rowan não sabia o que fazer. Isso estava se tornando uma ocorrência comum
para ele nesta cidade.
— Filho, este é Rowan Morris. Ele é o irmão gêmeo de Fredrick Morris.
— Caleb colocou a mão no ombro do filho. — Ele está aqui de visita. Tinha
algumas dúvidas em relação ao acidente de seu irmão.
Os olhos de Ryan observavam Rowan como se esperasse que fizesse
alguma coisa. O garoto estava duro como uma tábua contra a parede. Rowan
estava com medo de se mover, com medo que se o fizesse, o garoto sairia
correndo pela porta do escritório.
— Ryan, aqui estão as minhas chaves de reposição. — Caleb colocou
o anel de chaves na mão de Ryan. — Certifique-se de levá-las de volta, ok?
— Sim, claro. — Ryan acenou com a cabeça e correu para fora do
escritório.
— Desculpe por isso. — Caleb inclinou seu quadril contra a mesa. —
Posso ajudá-lo com qualquer outra coisa?
— Não. — Rowan levantou-se. Ryan reagiu da mesma maneira que
Dominic tinha ao vê-lo. Algo não estava definitivamente certo nesta cidade e
de alguma forma o seu irmão estava envolvido. Parou e voltou-se para encarar
Caleb. — Será que o seu filho conhecia o meu irmão?
— Não. — Caleb sacudiu a cabeça.
— Huh, engraçado. — Rowan apertou sua mão esquerda em um
punho, estalando os dedos. — A maneira como olhou para mim era como se
estivesse com medo. E, tenho que dizer, esta não é a primeira vez desde que
cheguei em Silver Creek que recebi essa reação.
— Não sei onde está querendo chegar, Sr. Morris. — Caleb levantou-
se. — Talvez meu filho lembrou de ter visto seu irmão em nossa cidade há
cinco anos e ver o quanto são parecidos o assustou, porque tinha ouvido falar
da morte de seu irmão.
— Talvez. — Rowan acenou com a cabeça e forçou um sorriso.
Estendeu a mão para Caleb. — Obrigado por falar comigo. Aprecio isso.
Caleb sacudiu a cabeça e Rowan se virou e saiu do escritório do
homem. Seu estômago estava enjoado e não conseguia afastar a sensação de
que havia algo acontecendo ali que não estava ciente. Primeiro, assustou o
dono do café. Segundo, ouviu Avery e seu namorado falando de Fredrick, e
agora esse garoto, Ryan, reage de forma semelhante a Dominic. Era como se
as pessoas tivessem medo dele porque se parecia com Fredrick, mas também
parecia que estavam escondendo alguma coisa dele. Rowan não sabia como,
mas estava indo para encontrar as respostas de que precisava, de uma forma
ou de outra.
Capítulo Oito

— Você tem certeza que está tudo bem se eu sair? — Dix ficou
olhando para o espelho do banheiro. Dax estava atrás dele e Dix pegou o olhar
de seu irmão. — É nosso aniversário. Não quero deixá-lo sozinho.
— Ele não estará sozinho. — Colt caminhou para o banheiro e cutucou
Dix na orelha. — Estou aqui e tenho algo divertido planejado para meu
pequeno companheiro. — Inclinou-se para beijar Dax no pescoço e seu irmão
irrompeu em um ataque de risos.
— Sim, não tenho vontade de ouvir ou ver essa merda. — Dix
levantou as mãos para cobrir os olhos.
— Então, é melhor ir. Viktor, Shane, Erik e Brandon estão esperando
por você no Club Sin. Estão animados para comemorar seu vigésimo primeiro
aniversário. Você é maior de idade agora, irmão. Vá pegar sua bebida e
transar. — Colt ergueu a mão para um “toca aqui”
— Às vezes, esqueço que você é mais velho do que eu. — Dix
balançou a cabeça, enquanto ria.
— Sim, e sinto falta dos dias em que você não falava. — Brincou Colt,
enquanto puxava Dix para um abraço.
Quando Dax começou a namorar Colt, Dix não gostava do homem.
Estava com medo de que Colt levaria Dax longe dele, mas não poderia estar
mais errado. Colt amava Dax e até desistiu de viajar a trabalho para ficar em
casa todas as noites. Não demorou muito antes de Dix, de certa forma, se
apaixonar por Colt, também. Ele tornou-se o irmão mais velho que nunca teve.
Colt tratava Dix como uma pessoa normal, mesmo quando não falava. Eram
uma família.
Colt pegou Dix pelo pulso e puxou-o para fora do banheiro.
— Agora vá. Seu irmão e eu precisamos de algum tempo sozinhos. —
Colt balançou as sobrancelhas. — Se entendeu o que estou dizendo.
— Por favor, pare. — Dix deixou cair a cabeça para trás em seus
ombros. Ele fez o seu melhor para tentar apagar essas imagens de sua mente.
— Vá e se divirta, Dix. — Dax envolveu seus braços ao redor de Dix e
abraçou-o apertado. — Feliz aniversário, irmão.
— Feliz aniversário para você, também. — Dix se inclinou e beijou a
cabeça de Dax.
— Agora vá e tome uma bebida por mim, já que ainda tenho que
esperar mais alguns meses. — Dax revirou os olhos.
— Isso acontecerá antes que perceba. — Dix deu um tapinha em sua
barriga.
— E não posso esperar. — Dax sorriu para ele.
Dix disse adeus a Colt e Dax, saiu e entrou em seu caminhão. Dirigiu
até a cidade, em direção a casa noturna em que estaria encontrando seus
amigos: Viktor, Shane, Brandon e Erik, todos membros da matilha Nehalem.
Brandon também era um caçador e um ser humano. Dix realmente gostava da
diversidade dentro desta matilha. Não importava o quão diferente todos
fossem, eram considerados iguais por seu alfa.
A noite já tinha caído e havia uma dor aguda no ar frio. Quando Dix
parou no estacionamento, imediatamente viu seus amigos pela janela do
grande caminhão preto de Brandon.
Brandon e Erik eram acasalados, assim como Viktor e Shane. Dix era
a quinta roda, mas não podia negar que estava ansioso para comemorar. Vinte
e um era uma grande idade para comemorar. Desejou que seus pais
estivessem vivos para vê-lo e a Dax agora, mas não estavam. Os sentimentos
de tristeza e saudade tentaram amortecer o bom humor de Dix, mas se
recusou a ceder. Perdeu seus pais, mas não podia viver no passado.
— Está pronto para comemorar seu aniversário? — Perguntou Viktor.
— Tão pronto quanto poderia estar. — Dix enfiou as mãos nos bolsos.
— Vamos?
Caminharam até a porta da frente e o segurança deixou-os entrar,
depois de verificar todas as suas identificações e dar-lhes pulseiras indicando
que tinham idade legal para beber. Dix tinha vindo a este clube antes com
Viktor e Shane, mas parecia diferente agora. Era como se agora fizesse parte
da multidão adulta. Claro, poderia beber uma bebida ou duas agora. O álcool
não afetava shifters, mas ainda podia participar deste rito de passagem, pelo
qual todos os jovens de vinte e um anos passavam.
Dix olhou para a multidão de pessoas dançando e animou-se. A
música era alta e as luzes suaves. As pessoas moviam-se em torno do bar e
para a pista de dança. A forma como homens e mulheres dançavam lembrou a
Dix de uma onda quebrando na costa, enquanto se moviam para acompanhar
a batida da música.
Brandon abriu o caminho para a parte traseira, onde havia uma mesa
vazia. Viktor acenou para uma garçonete e pediu drinques para todos. Dix
bateu o pé ao ritmo da música. Sorriu e acenou para seus amigos, enquanto
eles lhe contaram como ficaram felizes que tivesse se decidido a começar a
falar novamente.
Todo mundo agiu como se fosse algum tipo de grande realização,
mas não era. Dix sempre pode falar. Só não queria. Depois que seus pais
haviam morrido e viveu com o Dr. Granberg, como seu rato de laboratório,
perdeu toda a necessidade de falar. Isso realmente enervava Granberg, por
isso tornou-se um jogo para Dix. De todas as coisas que Dr. Granberg poderia
fazer, fazê-lo falar não era uma delas.
— Gostaria de dançar? — Um pequeno homem loiro, com um rosto
em forma de coração perguntou-lhe.
— Umm. — Dix olhou para seus amigos. Viktor deu-lhe um aceno e
Dix se levantou de sua cadeira e seguiu o homem esguio para a pista de
dança.
— Sou Finn, a propósito. — Disse o homem com um sorriso, enquanto
pegava a mão de Dix e abria caminho para a pista de dança.
A canção tinha mudado para algo um pouco mais lento e sensual.
Finn aproximou-se de Dix e colocou um braço em volta de sua cintura e o
outro em cima de seu ombro. Dix envolveu os braços na cintura de Finn e
começaram a balançar com a música.
— Dix é meu nome. — Sussurrou próximo ao ouvido de Finn. O
homem loiro se inclinou para trás e sorriu.
Eles se concentraram na música, Finn movendo seu corpo magro,
raspando os quadris em Dix. Finn estava vestindo calça jeans preta e justa e
uma camiseta branca que tinha as mangas arrancadas. Os lados estavam
abertos, expondo seu pequeno corpo apertado para que todos pudessem ver, e
tinha que admitir que o cara era atraente, mas não estava fazendo muito por
sua libido.
Não importava o quão duro tentou sacudir todos os pensamentos de
Rowan de sua mente, não podia. O que tinham feito na biblioteca, há dois dias,
ainda passava por sua mente como um filme em câmera lenta, cada vez que
fechava os olhos. Rowan tinha um grande corpo, pelo que poderia dizer
sentindo o homem, mas realmente queria ver como ele era nu. Apostava que
tinha um corpo firme e esculpido. Dix se perguntou se teria cabelo no peito.
Suas mãos formigavam com o pensamento de correr os dedos por ele.
Apostava que seria da mesma cor do cabelo que cercava o pênis de Rowan.
Sorriu para si mesmo quando se lembrou de como o pênis de Rowan
parecia. Pelo menos, tinha sido capaz de ver e tocar essa parte do seu corpo.
O pênis de Rowan não era tão longo quanto o dele, mas era grosso e parecia
tão certo no aperto de Dix. Sua mão envolveu em torno do membro pulsando
e queria empurrar Rowan de volta, colocá-lo sobre a mesa e provar seu gosto.
Finn fez um ruído ofegante e jogou a cabeça para trás para descansar
no ombro de Dix, que tinha estado tão preso em seu próprio devaneio que não
tinha percebido que tinha ficado duro e apertado as mãos na cintura de Finn,
puxando-o mais perto de seu corpo. A sensação de Finn esfregando seu corpo
contra ele era agradável, mas faltava alguma coisa. Assim que olhou em Finn,
sua ereção murchou e seu pênis ficou mole em seus jeans. Aparentemente, só
poderia ficar duro com seus pensamentos em Rowan. Um homem com o qual
não deveria se envolver.
A música mudou novamente e Dix se inclinou para sussurrar no
ouvido de Finn. Agradeceu-lhe pela dança e rapidamente pediu licença para
voltar e sentar-se com seus amigos.
Dix lembrou das palavras de Colt, dizendo-lhe para ficar com alguém,
mas não tinha certeza de como fazer isso funcionar se só podia ter uma ereção
quando pensava em Rowan. Não se sentia bem em pensar num homem,
enquanto estava transando com outro.
O clube tinha ficado mais lotado desde que tinha começado a dançar
com Finn. Levou um tempo para sair para a borda da pista de dança. Teve que
se esquivar de algumas mãos bobas e recusou mais de uma vez uma oferta
para dançar.
Estava prestes a virar à direita e seguir de volta em direção à sua
mesa quando o cheirou. O cheiro de verão envolveu-o e não podia se mover.
Fechou os olhos e se concentrou em de onde aquele cheiro estava vindo. Olhou
para trás na direção de onde seus amigos estavam sentados, mas estavam
todos envolvidos em alguma conversa e não o tinham notado. Dix se virou e
voltou para a pista de dança.
Moveu-se com passos sólidos e empurrou as pessoas para fora do
seu caminho, enquanto seguia seu nariz na direção de onde sabia que iria
encontrar Rowan. Num canto escuro, Dix o viu. Rowan estava usando calças
apertadas e uma camisa de botão preta, de mangas compridas. As mangas
arregaçadas e à frente de sua camisa estava aberta, expondo sua pele pálida,
cremosa e ondulando seus músculos abdominais.
— Puta merda... — Dix resmungou quando viu o pouquinho de cabelo
entre o peito de Rowan e da trilha de pelos finos que desciam, após a cintura
da calça jeans.
Rowan tinha os olhos fechados, enquanto dançava ao som da música.
Um homem maior estava atrás dele, suas grandes mãos tateando por todo o
peito de Rowan. Um grunhido baixo retumbou na garganta de Dix e fora de
sua boca. Uma mulher que estava perto dele deu a Dix um olhar engraçado e
rapidamente se afastou dele.
Dix ficou lá apenas um momento, antes que estivesse se movendo.
Caminhou até o homem dançando atrás de Rowan e se inclinou mais perto de
seu ouvido.
— Meu. — Sua voz era baixa e áspera e pelo olhar no rosto do outro
cara Dix deve ter parecido muito sério. O cara levantou as mãos e se afastou
de Rowan.
Dix tomou o lugar do outro cara, envolvendo seus braços firmemente
ao redor da cintura de Rowan, deixando suas mãos deslizam sobre seu corpo
encharcado de suor. Raspou a unha sobre um mamilo atrevido, puxando um
suspiro dos lábios de Rowan. Inclinou-se mais perto para passar a língua pelo
pescoço de Rowan até chegar a seu ouvido. Deixou uma mão no mamilo de
Rowan e abaixou a outra para esfregar o bojo atrás de seu zíper.
Rowan suspirou e virou-se para encará-lo. Seus olhos se arregalaram
e sua boca abriu e fechou. Finalmente, foi capaz de dizer:
— O que está fazendo aqui?
— Dançando. — Moveu suas mãos para baixo para apertar as
nádegas de Rowan, que gemeu e suas pálpebras ficaram pesadas. — O que
está fazendo aqui? — Dix jogou a pergunta de Rowan de volta para ele.
— Eu precisava de um divertimento. — Rowan abriu os olhos e ergueu
os braços, envolvendo-os em torno do pescoço de Dix, puxando-o perto de
seus lábios. — Acha que pode me ajudar com isso?
— Depende. — Dix roçou os lábios de Rowan e trouxe a língua para
fora para cutucar no tecido gordo.
— Do que? — Rowan apertou sua mão sobre os ombros de Dix.
— Quão perto é o seu hotel? Quanto mais cedo chegarmos lá, mais
cedo posso esvaziar sua mente. — Levantou os braços para puxar as mãos de
Rowan de seus ombros. Agarrando-as, levou-o para a saída. Dix pegou seu
telefone e disparou um texto para Shane, deixando-o saber que conheceu
alguém e não precisavam esperar por ele.
— Não é muito longe. — disse Rowan, enquanto caminhavam para
fora do clube. Dix observou, enquanto abotoava a camisa. — Siga-me.
Dix esperou para entrar em seu carro até que viu Rowan alcançar o
seu. Seguiu o outro homem na estrada em direção ao mais novo hotel de luxo
que fora construído pouco antes que Dix e Dax se mudarem para a cidade. O
edifício tinha grandes janelas e o exterior consistia de painéis de aço
inoxidável. Era bonito e diferente. Para Dix mais parecia uma obra de arte do
que um hotel.
Rowan parou dentro do parque de estacionamento e Dix estacionou a
seu lado. Caminharam em direção à entrada da frente sem dizer uma só
palavra. Rowan caminhou até o elevador e apertou o botão para cima.
Esperaram alguns segundos antes que as portas se abrissem. Uma vez que as
portas estavam fechadas, Dix se lançou para Rowan.
Segurou-o preso à parede e forçou sua língua na boca disposta de
Rowan, que gemeu e apertou seu punho na camisa de Dix, puxando e
esticando o tecido, mas Dix não se importava. Rowan poderia rasgar a maldita
coisa de seu corpo e ficaria chateado. Seu pênis pulsava em sua calça,
crescendo maior e mais grosso.
— Deus, sonhei com isso durante os últimos dois dias. — Rowan disse
entre beijos. — Você é gostoso pra caralho.
— Assim como você. — Dix mordiscou o lábio inferior de Rowan. —
Tudo em que estive pensando era transar com você e vê-lo completamente nu.
— Agarrou cada lado da camisa de Rowan e abriu-a. Botões caíram no chão.
Só tinha obtido um vislumbre do corpo de Rowan antes que o elevador parasse
e as portas se abrissem.
Rowan não se mexeu. Seu peito subia e descia, sua respiração
pesada e as mãos agarraram a grade atrás dele. Dix agarrou um lado das
portas do elevador quando começou a fechar. Resmungou e fez um gesto com
o queixo para Rowan se mover. Rowan afastou-se da parede e saiu do
elevador. Dix andou atrás dele.
Uma vez em sua porta, Rowan usou o cartão-chave para abri-la e
entrou. Dix se aproximou por trás dele e chutou a porta fechada quando girou
em torno de Rowan. Puxou-o apertado em seu peito e mergulhou num beijo.
Rowan demorou apenas um segundo antes de empurrar Dix de costas contra a
porta e puxar sua camisa para cima e fora de seu corpo.
Dix sabia que isso era errado. O irmão de Rowan tinha feito algumas
coisas realmente terríveis para os membros do bando Nehalem e sua morte
não foi um acidente. Não sabia como Rowan reagiria se soubesse a verdade
sobre o que realmente aconteceu com seu irmão. O irmão de Rowan não era
um bom homem. Mas será que Rowan veria isso dessa forma?
— Oh, Deus, me fode, Dix. — Disse contra o pescoço de Dix. Rowan
lambeu e chupou ao longo da pele sensível, fazendo com que o pênis de Dix
ficasse mais duro, se isso fosse possível.
— Quer que eu te foda? — Perguntou Dix entre os dentes cerrados.
Agarrou Rowan pela cintura e levantou-o, levando-o para a cama, e colocando-
o sobre o colchão. Começou a desabotoar sua calça jeans. — Nu, agora! —
Ordenou e Rowan moveu-se rapidamente para remover seu jeans.
Dix ficou ao pé da cama, correndo o punho levemente sobre seu
pênis duro. Rowan finalmente conseguiu seu jeans fora e chutou para o lado.
Ele jazia apoiado em seus cotovelos, olhando para Dix, que levou o seu tempo
deixando seu olhar vagar sobre o corpo de Rowan, gravando cada pequeno
detalhe.
Rowan não era um homem pequeno, mas não era tão grande quanto
Dix também. Tinha o corpo de um nadador. Era magro e esculpido, mas não
enorme. Era óbvio que Rowan cuidava de seu corpo e tinha orgulho em como
era esculpido. Mesmo quando relaxado, os músculos de Rowan eram visíveis
através de sua pele. A carne pálida praticamente brilhava na fraca iluminação
do quarto. Nenhum deles se preocupou em acender a luz. A única iluminação
vinha das luzes da rua brilhando fora da janela.
— Gosta do que vê? — Perguntou Rowan e arrastou os dedos pelo
peito, sobre seu pênis duro, então abaixou para pegar suas bolas.
— O que você acha? — Dix soltou seu pênis e deixou-o cair pesado
para baixo entre as coxas.
Os olhos de Rowan observaram o pênis de Dix. Lambeu os lábios e
sentou-se ainda mais na cama. Dix empurrou seus quadris para frente,
deixando seu pênis saltar para cima e para baixo. Os olhos de Rowan se
moviam para frente e para trás, observando cada movimento que o eixo rígido
de Dix fazia.
— Acho que ele precisa de um beijo. — Disse Rowan quando olhou
para cima, para encontrar os olhos de Dix, e cobriu com sua boca lentamente
a cabeça do pênis de Dix. Sua língua girava em torno da ponta alargada,
chupando e lambendo cada pedaço que podia.
— Deus, isso é bom. — Dix colocou a mão na parte de trás da cabeça
de Rowan pedindo-lhe para levar mais para baixo em sua garganta. — Foda-
se! — Gemeu quando Rowan abriu mais a boca e levou seu comprimento longo
e grosso em sua garganta.
Rowan sacudiu a cabeça para cima e para baixo, cantarolando em
torno do pênis de Dix. A mão de Dix apertou no cabelo de Rowan e começou a
balançar os quadris para frente, mais rápido. Suas bolas pressionando contra o
queixo de Rowan com cada impulso para dentro. Rowan sugou mais difícil e
Dix sabia que se não parassem iria gozar muito cedo. Deu um passo para trás.
— O que há de errado? — Perguntou Rowan, com a testa franzida.
— Nada. — Dix se inclinou e beijou Rowan, empurrando-o para baixo
na cama. — É a minha vez de jogar.
Todas as experiências sexuais de Dix eram de encontros de uma
noite. Tinha aprendido muito nos últimos meses e queria ter certeza de que
fazia tudo certo com Rowan. Por alguma estranha razão, estar ali, nu, com
Rowan, parecia mais emocionante do que quando teve relações sexuais pela
primeira vez. Queria Rowan mais do que jamais quis algo em sua vida. Queria
mostrar a Rowan o respeito que ele merecia e adorar o seu corpo.
Beijou o arco interior do pé direito de Rowan. Fez o seu caminho
lentamente até atrás de seu joelho, então a sua parte interna da coxa. Os
quadris de Rowan arquearam-se para fora da cama e ele choramingou quando
Dix empurrou sua perna direita para cima, em direção ao seu peito, e se
inclinou para lamber a área logo atrás de suas bolas. Dix inalou o cheiro
almiscarado de Rowan. O cheiro de verão era mais forte ali e enterrou o nariz
contra as bolas de Rowan.
Rowan levantou a perna esquerda e deixou-a cair aberta para o lado,
expondo sua pequena abertura aninhada entre suas bochechas firmes. Dix
alcançou até esfregar o polegar contra ela, circulando-a algumas vezes antes
de, gentilmente, pressionar para frente. Foi recebido com resistência e
esfregou suavemente na abertura, puxou o polegar e lambeu-o, em seguida,
enfiou de volta na entrada apertada de Rowan.
— Oh, merda. — Rowan gemeu.
Olhou para cima no corpo tenso de Rowan e viu seu amante
agarrando o travesseiro sob a cabeça. Lentamente Rowan começou a empurrar
sua bunda de volta para o dedo de Dix, que riu baixinho quando voltou a
chupar o pênis de Rowan.
O doce sabor do pré-sêmen de Rowan era leve e suave. Usou a outra
mão para bombear a base do pênis de Rowan, fazendo o seu melhor para
empurrar mais dos sucos doces do corpo de Rowan.
Mudou sua atenção de pênis de Rowan até suas bolas, e ainda mais
para trás, para passar rapidamente por cima de sua entrada. Continuou a
trabalhar o polegar dentro e fora do corpo de Rowan. As paredes de seda
apertadas abraçaram seu dedo e Dix estava desesperado para sentir esse calor
envolvido em torno de seu pênis nu.
— Está pronto para mim? — Perguntou quando se sentou. Cutucou o
polegar mais profundamente, fazendo Rowan gritar.
— Estava pronto há cinco minutos. — Disse Rowan, com um sorriso,
mas nunca abriu os olhos.
Dix riu quando se abaixou e pegou Rowan por seus quadris e virou-o.
Usou seu aperto forte para puxar Rowan de joelhos. Avançou e esfregou sua
dureza entre os globos musculosos firmes. Rowan gemeu e balançou de volta
para o toque de Dix, que se inclinou e beliscou em cada bochecha antes de
empurrar o rosto entre elas, lambendo profundamente a entrada de Rowan. O
músculo apertado estremeceu debaixo da sua língua, rapidamente abrindo-se.
Sentou-se longe o suficiente para cuspir na abertura, empurrando dois dedos
profundamente, espalhando a umidade dentro de Rowan. Cuspiu novamente
na mão e esfregou-a ao longo de sua dureza, enquanto olhava para bunda
perfeita de Rowan.
— Vamos, Dix. Eu preciso de você. — Rowan implorou e balançou os
quadris lentamente de um lado para o outro, provocando Dix com seu corpo.
Dix agarrou a base do seu pênis e apontou a ponta redonda na
abertura de Rowan e avançou. Rowan gritou, enquanto Dix afundava
profundamente em seu canal apertado. Dix ainda se segurava, lutando contra
a necessidade do seu corpo para bater no corpo de Rowan. Esfregou as mãos
para cima e para baixo nas costas de Rowan, distraindo seu amante da dor.
Levou apenas mais alguns instantes antes de Rowan estar balançando os
quadris para trás em Dix.
Começou devagar, com golpes longos, fáceis, enterrando todo o seu
comprimento de cada vez e puxando para trás e para fora, até que apenas a
ponta permanecesse. Fez isso por um tempo, apreciando a força suave das
paredes internas de Rowan contra seu membro latejante. Sexo nunca foi tão
bom antes.
— Dê-me mais duro. — Rowan exigiu, empurrando seus quadris de
volta para o pênis de Dix.
— Acha que pode lidar com isso? — Dix fechou os dedos nos quadris
de Rowan, segurando-o ainda. As pontas dos dedos de Dix formigavam,
enquanto suas garras pressionavam em sua pele. Respirou fundo para manter
seu lobo em cheque. Nas poucas vezes em que tinha tido relações sexuais,
nunca teve um problema em manter a besta sob controle. Isso o fez se
perguntar o que havia de tão especial sobre Rowan.
— Sei que posso. — Rowan virou a cabeça para olhar por cima do
ombro para Dix e sorriu.
O olhar brilhando nos olhos de Rowan roubou a respiração dos
pulmões de Dix. O homem estava lindo, com sua pele encharcada de suor e
com o pênis de Dix em sua bunda. Não conseguia segurar por mais tempo.
Puxou os quadris para trás e bateu seu pênis profundamente na entrada
esticada de Rowan.
O ruído combinado de pele a pele estalando e os agudos gemidos de
Rowan, junto com os grunhidos profundos de Dix, encheram o quarto. A cama
balançou, enquanto Dix empurrava seu comprimento duro no corpo de Rowan.
Seu pré-sêmen tinha preenchido o canal apertado, tornando mais fácil para
ambos.
— Dix, estou perto. — Rowan deixou seus ombros caírem na cama e
estava com a cabeça virada para o lado, expondo um lado de seu pescoço.
O lobo dentro de Dix uivou com a visão da submissão de Rowan. Dix
moveu seus quadris mais duro e mais rápido, então se inclinou para agarrar
Rowan e trazê-lo junto a seu peito. Uma sensação quente de formigamento
espalhou-se sobre sua pele e sua visão tornou-se mais clara, quando sentiu
seu corpo se preparando para mudar. Seus dentes saíram e Dix enfiou a cara
no pescoço de Rowan, respirando pesadamente. Mordeu duro seu lábio inferior
para evitar morder o musculoso ombro.
Tomou respirações profundas e estáveis, enquanto batia seu pênis
em Rowan. Deixou seus dentes voltarem ao normal e moveu-se para trancar o
ombro de Rowan e sugar uma contusão. Moveu a mão direita para baixo sob
Rowan e começou a empurrar seu pênis. Rowan ofegava e seu cabelo
umedecido pelo suor estava preso à pele de Dix. Uma onda de calor tomou
conta de seu corpo e com um último impulso para dentro, gozou. Seu pênis
explodiu profundamente, como um vulcão, dentro do corpo de Rowan e levou
apenas um segundo para Rowan segui-lo em seu gozo. Creme quente e
espesso encheu a mão de Dix, enquanto bombeava o gozo de Rowan do seu
corpo, com seu pênis alimentando sua entrada abusada.
Quando abrandou seus quadris, empurrando mais lento, respirou o
perfume inebriante de Rowan. Uma voz em sua cabeça não parava de gritar
meu, meu, meu, uma e outra vez.
Dix sabia imediatamente o que seu lobo estava tentando dizer a ele:
Rowan Morris era seu companheiro.

Capítulo Nove

Encontrar Dix no clube naquela noite não era o que Rowan esperava.
Não estava chateado de qualquer forma, mas estaria mentindo se dissesse que
não o pegou desprevenido. Depois de seu encontro na biblioteca, não pensava
em outra coisa, senão em Dix. Tinha começado a ofuscar sua necessidade de
descobrir o que realmente aconteceu com seu irmão. Uma parte de Rowan se
sentia culpada e egoísta por deixar seus próprios desejos ignorarem sua
obrigação com seu irmão, mas não podia evitar isto. Era como se Dix fosse
uma droga do qual não conseguia ter o suficiente.
— Você está bem? — Dix perguntou quando virou suas costas, se
aproximando de Rowan.
Rowan ainda estava deitado de bruços e virou a cabeça para
descansar em seus braços e olhar para Dix. O homem realmente lhe tirava o
fôlego. Seu corpo musculoso, cabelo loiro curto e aqueles olhos azuis claros,
desarmavam Rowan. Era como se não conseguisse pensar direito. Mesmo
agora, o perfume amadeirado e forte de seu suor fazia coisas para o pênis de
Rowan. Acabou de amolecer e já estava se mexendo para a segunda rodada.
— Estou ótimo. — Rowan suspirou, enquanto se virava e deitava de
lado. Seu corpo doía em certos lugares. Quando se virou sentiu algo molhado
escorrendo de seu traseiro indo para sua coxa.
Os olhos de Rowan se arregalaram, chegou por trás dele para sentir
seu traseiro dolorido. Seus dedos ficaram molhados. Olhou a mão e viu a
evidência do orgasmo de Dix revestindo os dedos. Rowan olhou para Dix, que
tinha os olhos fechados e um sorriso preguiçoso em seu rosto.
Porra! Sou um médico. Deveria me cuidar melhor. Silenciosamente
repreendeu a si mesmo. Nunca em sua vida fez sexo sem proteção. Sabia o
risco envolvido num comportamento imprudente como este. Doença era o
grande fator, mas pelo menos dormir com Dix não iria deixá-lo grávido.
— Ei, Dix. — Rowan moveu a mão pegajosa para limpá-la no edredom
entre eles. Dix mexeu e virou-se para olhar para ele. — Sei que agora é um
pouco tarde demais para discutir isso, mas você está limpo? — Diante da
expressão confusa de Dix, Rowan explicou. — Você tem alguma doença com a
qual preciso me preocupar?
A testa de Dix franziu e ele balançou a cabeça de um modo que
Rowan sabia que ele não tinha ideia do que estava falando.
— Não usamos preservativo. Então, deveria me preocupar com
alguma coisa?
— Não. — Dix se apoiou para olhar nos olhos de Rowan. — Você não
tem absolutamente nada com o que se preocupar.
Dix estendeu a mão para colocar suavemente a mão sobre o rosto de
Rowan.
— Nunca iria colocá-lo em risco de qualquer coisa. Juro. Não iria
mentir sobre algo assim.
Rowan deixou escapar a respiração que estava segurando. Dix
poderia estar mentindo para ele, mas não iria mentir como uma pessoa
desonesta. Se havia alguma coisa que Dix demonstrava eram as emoções em
seu rosto. Rowan poderia dizer quando o homem estava louco, feliz e excitado.
— Acredito em você e só quero que saiba que não tem nada com o
que se preocupar. — Rowan estendeu a mão para esfregar o dedo em torno de
um dos mamilos bronzeados de Dix. Sorriu quando Dix respirou fundo e fez
um som rosnando no fundo de sua garganta. Rowan notou que Dix fazia muito
isso. — É engraçado, mas esta é a primeira vez em meus 32 anos que não uso
um preservativo. — Rowan riu.
— Você tem trinta e dois anos? — Dix perguntou, seus olhos
percorriam o rosto de Rowan. — Parece muito mais jovem do que isso.
— Obrigado. — Rowan puxou sua mão de volta para pousar sobre a
mão de Dix que estava em seu peito. — E você? Quantos anos tem?
— Vinte e um, hoje, na verdade. — Dix rolou para deitar de costas,
puxando Rowan com ele. Rowan estava esparramado sobre o peito enorme.
— Hoje é seu aniversário? — Perguntou Rowan e Dix assentiu. — Feliz
aniversário. Foram ao clube para comemorar?
— Sim. Meus amigos me levaram. — Dix passou os dedos pelo cabelo
de Rowan enquanto falava.
— Espero que não o tenha tirado de sua festa ou algo assim. —
Rowan deveria ter se sentido culpado por isso, mas não se sentiu. Gostava de
ter Dix em sua cama. Estar perto de Dix ajudava-o a pensar com clareza.
Fazia-o se sentir como se o mundo não estivesse desabando sobre ele e
anestesiava a tristeza que sentia com a perda de seu irmão.
— Não. Comemorei mais cedo com meu irmão e seu namorado. — Dix
deu de ombros. — Meus amigos só queriam me levar, porque fazer vinte e um
é um grande marco na vida de uma pessoa e queriam que me divertisse um
pouco.
— Lembro-me de meu vigésimo primeiro aniversário. — Rowan sorriu
com a memória. — Meu irmão, Fred, e eu, junto com os nossos amigos, fomos
de bar em bar a procura de novas experiências. Ficamos tão bêbados naquela
noite que não sei como chegamos em casa. — A memória feliz fez os olhos de
Rowan queimar com lágrimas não derramadas. — Então você tem um irmão,
também? — Perguntou Rowan, mudando de assunto.
— Sim, nós somos gêmeos fraternos. — Respondeu Dix, seus dedos
ainda vasculhando o cabelo de Rowan.
— Isso é estranho. — Rowan esfregou os dedos, passando levemente
sobre o peito de Dix.
— O quê? — A mão de Dix apertou em seus cabelos, puxando a
cabeça de Rowan para cima para que pudesse olhar para ele.
— Bem, temos irmãos, irmãos gêmeos poderia acrescentar. E somos
todos gays. — Rowan começou a rir. Riu tanto que suas bochechas começaram
a doer. Em pouco tempo Dix estava rindo também. — Falando de uma
estranha coincidência...
— Sim, isso é alguma coisa. — Dix se inclinou e beijou Rowan na
testa.
Rowan se aconchegou mais perto para o lado de Dix. Calor saía de
Dix em ondas e Rowan não podia chegar perto o suficiente. Gostava da
sensação de estar nos braços de Dix. Sentia como se nada pudesse machucá-
lo enquanto Dix estivesse ao seu lado. Nem mesmo as memórias de Fredrick
umedeciam seu humor. Dix era como um cobertor de conforto e proteção, o
que era muito estranho, uma vez que se conheciam há pouco tempo.
— Qual o nome do seu irmão? — Perguntou Rowan.
— Daxon, mas o chamamos de Dax.
— Dax e Dix? — Rowan sorriu. — Isso é original.
— Haha, ria o quanto quiser, agora não ligo mais para a provocação
sobre os nossos nomes. Nossos pais colocaram esses nomes e, como
morreram quando éramos crianças, nunca tive a chance de perguntar o porquê
desses nomes.
— Sinto muito. Não quis ser grosseiro. — Rowan se inclinou e beijou o
lado do pescoço de Dix. — Gosto dos seus nomes. A maioria dos gêmeos tem
nomes semelhantes ou, pelo menos, nomes que rimam. Fredrick é o nome do
nosso pai e eu sou... — Rowan não queria dizer isso. Era um pouco
embaraçoso. Gostava de seu nome, mas a maioria das pessoas dava risada de
como o nome surgiu.
— O quê? — Dix cutucou seu braço. — De quem recebeu seu nome?
— Da minha mãe. — Rowan beliscou o lado de Dix quando começou a
sorrir. — O primeiro nome da minha mãe é Rebekah e seu nome do meio é
Rowan. Achava justo um de seus filhos usarem o seu nome, e agradeço a Deus
todos os dias por ter sido Rowan e não Rebekah. Isso teria feito a minha
infância muito difícil.
— Concordo. — Dix apertou os braços em torno de Rowan. — Mas
você seria o Rebekah mais bonito que já vi.
— Obrigado. — Rowan bocejou e puxou Dix mais perto dele. — Conte-
me algo sobre você. Já nos encontramos três vezes e ainda não sei nada a seu
respeito. E, depois do nosso pequeno encontro na biblioteca e agora este,
penso que devemos, pelo menos, conhecer um ao outro.
— Oh, menino. — Dix soltou um suspiro profundo. — Vamos ver, meu
irmão e eu somos novos em Silver Creek. Trabalho no Café e sou um
estudante na Hemsworth. Meus pais morreram quando eu era criança e, até
três dias atrás, não tinha falado uma única palavra em mais de dezessete
anos.
— Huh? — Rowan se sentou e olhou para Dix. — Você deixou de falar
por dezessete anos? Por quê? — Dix levantou a mão para esfregar os olhos.
Rowan pegou a mão dele para descobrir os olhos de Dix. — Você pode falar
comigo. Não irei julgá-lo.
— Depois que meus pais morreram, não vi necessidade de falar, e
com o tempo tornou-se mais fácil não dizer nada. — A voz de Dix soou tão
triste e distante. Rowan não gostou. — As pessoas simplesmente achavam que
eu era autista ou tinha problemas mentais, e os deixei pensar assim.
— Ah, Dix. — Rowan envolveu seus braços o melhor que pôde em
torno de Dix, enquanto estavam deitados juntos na cama. — Você se importa
se perguntar como morreram?
— Foram assassinados e vamos apenas dizer que o lar adotivo onde
meu irmão e eu morávamos não era o ideal.
Rowan abriu a boca para fazer mais perguntas, mas Dix pressionou o
dedo aos lábios de Rowan, silenciando-o.
— Vamos falar sobre você. Diga-me por que está aqui, realmente.
— Meu irmão morreu aqui. — Rowan colocou sua bochecha contra o
peito de Dix. — Já se passaram cinco anos. Muitos acham que lidei bem com
isso e segui em frente, mas não. Sinto que se disser adeus, ele vai embora.
Mas se não reconhecer sua morte, seria como se estivesse fora da cidade em
férias ou algo assim. Louco, né?
— Não, não é. — Dix esfregou a mão levemente sobre o dorso nu de
Rowan. — Se vocês dois eram próximos?
— Éramos, mas depois não éramos mais. Meu irmão era um policial
em Nova York. Tinha sido o seu sonho desde que era um menino. Quando se
formou na academia, foi trabalhar em uma delegacia não muito longe da casa
dos nossos pais. Não era uma área ruim, mas acho que nenhum lugar é
realmente seguro. Fred e seu parceiro responderam a uma chamada de uma
confusão em um bar. Quando chegaram lá havia uma briga e meu irmão foi
baleado no estômago e seu parceiro levou dois tiros, um no peito e outro no
pescoço. Morreu nos braços do meu irmão.
Rowan ainda lembrava de ter visto seu irmão no hospital depois de
tudo o que tinha acontecido. Sabia que Fred nunca mais seria o mesmo. Havia
algo sobre ver a morte de perto que mudava a pessoa.
Dix não disse nada. Ficava esfregando as costas de Rowan, dando-lhe
conforto em silêncio.
— Estou aqui atrás do motivo. Porque encontrei uma foto de um
homem chamado Avery no bolso do casaco do meu irmão. Seu endereço era
daqui de Silver Creek. Não tenho certeza de quão amigos Fred e Avery eram,
ou se Avery sabe o que aconteceu com meu irmão. Sinto como se devesse
fazer isso a ambos e vim para cá, mas agora que estou aqui... — Rowan
fechou a boca, sem saber o que poderia dizer para Dix. Por alguma razão
desconhecida, confiava em Dix, mas não tinha certeza até onde podia confiar.
— O quê? — Dix cutucou Rowan no ombro.
— Nada. — Rowan sorriu para Dix e balançou a cabeça. Não estava
pronto para compartilhar suas especulações sobre como seu irmão morreu. Dix
poderia pensar que era um lunático delirante ou dizer a seus amigos na cidade
o que ele pensava e não tinha certeza de como as pessoas iriam reagir. Desde
a sua reunião com o chefe de polícia no outro dia, não tinha um bom
pressentimento. Alguma coisa estava acontecendo nesta cidade. Apenas não
tinha certeza do que era. — Então, por que está indo para a faculdade? —
Rowan mudou de assunto novamente e Dix o deixou.
— Quero me tornar um obstetra. — Um pequeno sorriso formou-se
nos lábios de Dix. — Quero ajudar a trazer bebês ao mundo.
— Oh, meu Deus. — Os olhos de Rowan se arregalaram. — Acho que
você e eu estávamos destinados a ficarmos juntos. — Rowan estava brincando,
mas não totalmente. Ele e Dix tinham muito em comum. Era como se o mundo
fosse responsável por uni-los.
— Concordo totalmente. — Dix sorriu e fez cócegas ao lado direito de
Rowan sob sua axila. — Mas como chegou a essa conclusão?
— Sou um obstetra. — Rowan viu os olhos de Dix se arregalaram. —
Quais são as probabilidades? Nascemos com um irmão gêmeo, somos gays,
nossos irmãos são gays. Sou um obstetra e você está indo para a faculdade
para se tornar um. Se isso não é o destino, não sei o que é.
— É definitivamente algo. — Dix rolou em cima de Rowan e o beijou
suavemente nos lábios. — Acho que gosto disso. — Dix o beijou novamente. —
E gosto de você, Rowan.
— Gosto de você, também. — Rowan sussurrou contra os lábios de
Dix.
O beijo ficou mais forte e mais ardente e Rowan abriu as pernas para
dar lugar a Dix. O seu comprimento duro esfregou ao lado do outro até que
Dix agarrou o próprio pau e apontou-o para o traseiro molhado de Rowan e
deslizou para dentro. Rowan suspirou e cravou os dedos nos músculos duros
dos ombros de Dix, que fez amor com ele sem pressa e calmamente, até
Rowan implorar para gozar. Então, pegou em torno do pênis de Rowan ao
mesmo tempo em que batia mais forte dentro de seu corpo. Seu pênis
impulsionava mais e mais, até que ambos estavam gozando. O cérebro de
Rowan foi distorcido quando cores brilhantes pareciam explodir tudo à sua
volta. Em todos os seus 32 anos não poderia se lembrar de estar tão feliz ou
satisfeito. Havia definitivamente algo especial sobre Dix.

Capítulo Dez

Dix teve que engatinhar para fora da cama de Rowan na manhã


seguinte. Eles fizeram sexo duas vezes na noite anterior e uma vez naquela
manhã, antes dele sair, e, mesmo assim, não queria realmente ir. A
constatação de que este homem era seu companheiro era tudo que podia
pensar. Claro, tinham alguns obstáculos a superar, como ele ser um shifter
lobo e o irmão de Rowan ter tentado raptar Avery, atirando na cabeça de
Dominic. Era muito lidar com isso no início da manhã, mas tinha que encontrar
uma maneira de fazer isso ou se arriscaria com a possibilidade de perder
Rowan.
O beijo que Dix deu em Rowan antes, ainda queimava em seus
lábios. Mal podia esperar para vê-lo mais tarde. Tinham feito planos para
almoçar juntos.
Dix estava muito feliz e animado, mas sabia que não podia contar a
ninguém ainda. Toda a questão em torno do porquê Rowan estava ali, com seu
irmão morto, deixou muitos membros de sua matilha ficarem preocupados. Dix
estava preocupado, também. Não deseja ver nenhum de seus amigos sendo
punido por parar um assassino, e não queria ver seu companheiro triste e
desapontado em relação ao que seu irmão havia se tornado. Era uma situação
que fodia todos ao redor, mas não havia maneira de contornar isso. A verdade
sempre tinha um jeito de aparecer e apenas rezava para que Rowan fosse um
homem razoável e pudesse ver a verdade do que realmente aconteceu.
O céu estava cinzento e uma leve névoa pairava sobre o solo. Estava
frio, mas mesmo este dia úmido e sombrio não conseguia diminuir o ânimo de
Dix. Havia encontrado seu companheiro e, não importava o quê, iria encontrar
um jeito de fazer tudo se resolver. Tinha que fazer isso.
Estacionou o carro na entrada da garagem, saiu do carro e se dirigiu
para a casa. Não ouviu nada quando entrou, e caminhou tranquilamente para
o seu quarto.
— Acho que você seguiu o conselho de Colt seriamente na noite
passada. — Dix se virou para ver Dax de pé na entrada de seu quarto,
encostado no batente da porta. Seus olhos estavam entrecerrados e seus
braços cruzados sobre o peito.
— Existe algum problema com isso? — Dix entrou em seu quarto e
puxou a camisa sobre a cabeça e a jogou no cesto de roupa suja. — Pensei
que você poderia gostar de ter uma noite a sós com Colt, onde não teria que
pedir para que ele ficasse quieto.
— Isso foi muito apreciado. — Dax riu e limpou o sorriso do rosto. —
Mas poderia ter, pelo menos, me mandado uma mensagem deixando saber
que não voltaria para casa. Odeio ter que ouvir de nossos amigos que saiu com
um cara. — O sorriso voltou para o rosto de Dax. — Então, me diga sobre ele.
— O Quê? Não! — Dix tirou algumas roupas limpas de sua cômoda.
Tinha que estar no café em trinta minutos e queria tomar banho antes de sair.
Se fosse forçado a caminhar durante todo o dia com cheiro de Rowan em cima
dele, iria perder sua fodida mente.
— Oh, vamos lá, Dix. — Dax desabou na cama de Dix. — Você nunca
passou uma noite inteira com um cara antes, então algo tem que ser diferente
sobre esse.
Dix ficou parado, com a mão em sua gaveta de roupas íntimas. Dax
estava certo. Nunca ficou mais tempo do que levava para colocar suas roupas
e sair. É claro que seu irmão teria que achar suspeito.
— Dax, realmente, não é nada. — Dix detestava mentir para seu
irmão, mas não tinha escolha no momento. Tinha que descobrir como dizer a
Rowan a verdade sobre eles primeiro, depois encontrar uma maneira de
suavizar o golpe sobre Fredrick, porque algo lhe dizia que Rowan não estava
desistindo de encontrar respostas.
— Você está mentindo. — Dax esticou o lábio inferior e fez beicinho.
— Oh, pelo amor de Deus. — Dix gemeu. Fechou a gaveta da
cômoda, colocou suas roupas sobre a cama, e em seguida, se sentou ao lado
de seu irmão. — Tudo bem, você ganhou. Conheci um cara que gostei,
realmente, realmente gostei. É tudo novo e preciso ver onde vai dar. Posso te
dizer somente isso, e pedir para manter em segredo para mim por enquanto?
Dax olhou para Dix. Seus olhos procurando nos dele algum tipo de
resposta. E, finalmente, soltou um suspiro profundo.
— Ok, vou deixar passar, por enquanto, mas quero mais detalhes, em
breve.
— Combinado. — Dix passou o braço em volta dos ombros de Dax e o
abraçou.
Dax deixou seu quarto e Dix entrou em seu banheiro e no chuveiro,
para se preparar para o trabalho. Mais do que qualquer coisa, desejava poder
passar o dia com Rowan, mas também sabia que precisava de espaço. Tinha
um monte de coisas para pensar. Rowan era um ser humano e Dix precisava
encontrar uma maneira de explicar a ele que eram companheiros, sem
assustar o homem até a morte.

*****
Rowan encontrou Dix no restaurante que havia sugerido, The
Watering Hole. Era um bar e churrascaria e, para surpresa de Rowan, o lugar
tinha realmente boa comida. Um homem chamado Tenny os serviu e estava
claramente evidente que ele e Dix eram amigos. Eles riram e brincaram,
Rowan começou a ficar irritado, queria gritar para o rapaz, que tinha algumas
mechas cor de rosa em seu cabelo escuro para ir embora, mas não o fez. Isso
teria sido rude.
— O que tem planejado para o resto do dia? — Perguntou Dix num
tom de sussurro rouco que ele sempre usava.
— Não muita coisa. — Rowan pegou uma batata frita e mergulhou-a
em seu ketchup. — Pensei em dirigir em torno da cidade por um tempo.
Conferir os pontos turísticos. — Deu de ombros.
Terminaram o almoço e Dix teve que correr de volta ao trabalho.
Rowan se sentou à mesa e terminou seu chá gelado e conferiu e-mails em seu
telefone.
— Posso te trazer alguma coisa? — Tenny perguntou com um grande
sorriso.
— Não, acho que estou satisfeito. — Rowan pegou sua carteira. —
Posso ter a conta, por favor?
— Você é um amigo de Dix, então não há nenhuma conta. — Tenny
disse e começou a limpar a mesa.
— O quê? — Rowan o encarou com olhos arregalados, quando Tenny
se movia ao redor da mesa recolhendo seus pratos. — Dix e eu acabamos de
nos conhecer. Não precisa ser tão generoso. E não me importo de pagar. —
Rowan era de Nova Iorque. Nada era grátis lá, a não ser que lhe custasse um
favor como pagamento.
— Deixe-me lhe contar algo, Rowan. Bom nome, por sinal. — Tenny
mostrou seus dentes brancos brilhantes para ele. — Você e Dix podem ter
acabado de se conhecer, mas ele gosta muito de você, isso posso dizer.
Portanto, o seu dinheiro não vai ser recebido aqui. — Tenny pegou a pilha de
pratos e começou a se virar, então parou. — Espero vê-lo com Dix novamente
aqui, em breve.
Que diabos? Rowan observou, enquanto Tenny se afastava. A
maneira como Tenny o tratou era um contraste, com a forma como toda a
gente de Silver Creek o tratava. Era quase mais assustador do que quando
Dominic teve um ataque de pânico o vendo. Mas foi bom ver que nem todo
mundo nesta cidade achava que era algum tipo de demônio. Tenny e Noel da
livraria tinham sido bons para ele. Talvez Rowan estivesse sendo muito duro
com esta cidade.
Rowan deixou uma nota de vinte sobre a mesa. Tenny não iria deixá-
lo pagar por seu almoço, mas não disse nada sobre deixar uma gorjeta.
Uma vez do lado de fora, entrou em seu carro, acionou o aquecedor e
se encostou no assento quente. Procurou no mapa em seu GPS a área onde
Fredrick tinha destruído seu carro.
A chuva caiu e Rowan ligou o para-brisa, limpando as gotas de água
no vidro do carro em poucos segundos. Quanto mais Rowan saia da cidade,
mais silencioso ficava. Praticamente nenhum carro passava por ele. Estava
dirigindo por cerca de quinze minutos, quando viu que tinha percorrido 11 km
pelo marcador. Diminuiu a velocidade do carro e o encostou ao lado da
estrada.
Saiu de seu carro e olhou em volta. Era uma curva acentuada que
cortava para a esquerda, como se estivesse indo direto para floresta. Se
alguém não estivesse prestando atenção, podia sofrer um acidente. Caminhou
perto da mureta e olhou para baixo, na vala estreita. Um fluxo de água rasa e
algumas árvores eram tudo o que estava lá embaixo.
— Por que, Freddy? — Rowan enfiou as mãos nos bolsos. Olhou para
vala de aparência taciturna, fria e vazia. Essa era a maneira que Rowan se
sentia quando pensava em seu irmão. Uma vez tinham estado tão próximos,
compartilhavam tudo. Então, um dia, tudo desapareceu. A vida assumiu que
ele e Fredrick tinham seguido caminhos separados.
— Não entendo nada disso, irmão. — Disse Rowan. — Desde o
momento em que cheguei a esta cidade as pessoas têm me tratado de uma
maneira estranha. É como se estivessem vendo um fantasma, o seu fantasma,
e não com uma reação agradável, Freddy. O que aconteceu aqui?
O vento frio soprou, atingindo-o no rosto, mas Rowan não podia
sentir o frescor. Ficou ali paralisado enquanto olhava para baixo, onde seu
irmão havia passado seus últimos momentos na Terra. Não tinha certeza de
quanto tempo ficou lá, antes de um carro indo na direção oposta ter passado
por ele. Rowan olhou para cima e a água escorreu pelo seu rosto e pescoço.
Passou a mão sobre os olhos e respirou fundo, em seguida, voltou para o
carro. Não havia respostas no fundo daquela vala.
Rowan dirigiu pela estrada um pouco mais à frente, para que
pudesse fazer o retorno com segurança, em seguida, voltou para Silver Creek.
Olhou para seu reflexo no espelho e viu como sua pele estava pálida e seus
lábios estavam tingidos de azul claro. Parecia terrível.
A visão de alguém andando sozinho na beira da estrada chamou a
atenção de Rowan. Foi uma distração bem-vinda. Dirigiu lentamente passando
pelo homem, não tinha certeza se deveria parar e oferecer uma carona, ou
não. Quando chegou ao lado do homem, o reconheceu. Era o filho do chefe de
polícia, Ryan. Outro morador de Silver Creek que tinha medo dele.
Rowan sabia que não deveria parar, mas Ryan era apenas um garoto.
Ele não podia deixá-lo ali fora, na chuva, para caminhar 12 Km de volta até a
cidade. Rowan encostou o carro ao lado da estrada e saiu.
— Ryan, certo? — Rowan perguntou, enquanto andava mais perto do
rapaz.
— Oh merda. — Murmurou Ryan e parou em seu caminho. Olhou para
trás, em seguida, virou-se para olhar para Rowan. — O que você quer?
Rowan assistiu o menino procurar no bolso por alguma coisa.
— Vi você andando pela estrada e pensei que poderia lhe oferecer
uma carona. — Rowan virou o rosto para a chuva que caia.
— Por quê? — Ryan perguntou, seus olhos se estreitaram como se
achasse que havia algo por trás da oferta.
Rowan riu. Teria reagido da mesma maneira.
— Porque é a coisa mais polida a se fazer. — Rowan deu de ombros.
— Não vou fazer você entrar no meu carro, mas uma carona comigo é muito
melhor do que uma caminhada de 12 Km, na chuva fria. — Ryan mordiscava o
lábio inferior. Parecia incerto sobre o que fazer. Rowan não sabia do que ele
estava com medo. O cara era muito grande para um colegial, e poderia
facilmente se defender contra Rowan, se precisasse. — Faça como quiser,
garoto. — Rowan se virou e voltou para seu carro. Não tinha o dia todo para
esperar esse garoto se resolver.
— Espere um minuto! — Ryan gritou para ele. Rowan se virou para
ver o menino abrindo e fechando as mãos. — Vou aceitar sua carona.
Rowan acenou com a cabeça, entrou no carro e esperou Ryan. Ligou
o aquecedor do carro no máximo e levantou as mãos em frente ao ar quente.
— Obrigado. — Disse Ryan quando entrou no carro. Afivelou o cinto
de segurança e manteve uma das mãos na maçaneta da porta, como se
achasse que talvez fosse necessário fazer uma fuga.
— Não tem de que. — Rowan voltou para a estrada. — Onde posso
levá-lo?
— A delegacia de polícia. — O rosto de Ryan enrugou numa careta. —
Tranquei minhas chaves no meu carro novamente. Meu pai vai me matar.
— Você fez isso de novo? — Rowan riu. Lembrou-se do outro dia na
delegacia quando o adolescente tinha vindo porque tinha trancado suas chaves
dentro do carro. — Garoto, você realmente precisa prestar atenção nisso.
— Sim. — Ryan gemeu. — Então por que está aqui, de qualquer
maneira? — Ryan perguntou depois de alguns minutos de silêncio.
— Estava verificando o local em que meu irmão sofreu o acidente. —
Rowan olhou para Ryan pelo canto do olho para avaliar sua reação.
— Oh, sim. — Disse Ryan, enquanto olhava para suas mãos.
— Posso te fazer uma pergunta? — Perguntou Rowan.
— O quê?
— Você conhecia meu irmão?
— Se conhecia seu irmão? — A respiração de Ryan acelerou. — Não,
não conhecia. — Disse ele muito rapidamente.
— Você tem certeza? — Rowan desacelerou o carro para dar-lhe mais
tempo com Ryan, que agiu como se estivesse com medo de Rowan, mas por
quê? Tinham acabado de se conhecer a alguns dias atrás, e não tinha sido
nada mais que agradável. Isso fez Rowan acreditar que tinha algo a ver com
seu irmão. Mas o que? — Você age como se eu fosse machucá-lo a qualquer
momento, Ryan. Por que? Você é assim com todo mundo ou só comigo?
— Ouça, Sr. Morris. — Ryan fez uma pausa para tomar uma
respiração profunda. — Não conhecia seu irmão, mas tenho uma pergunta.
Quero dizer, inferno, cara, ele já está morto há cinco anos, e só agora você
vem à cidade. Parece um pouco estranho para mim.
— Você está certo. Meu irmão e eu ficamos distantes bem antes de
sua morte. Talvez seja por isso que estou aqui agora. — Rowan ligou a seta
para entrar a esquerda e manobrou até a porta da frente da delegacia.
— Obrigado, Sr. Morris.
— Me chame de Rowan, garoto. — Rowan riu. — Me chamar de
senhor, me faz sentir como velho.
— Isso é o que meu outro pai diz. — Ryan sorriu pela primeira vez.
Ele abriu a porta e parou. — Ouça, Rowan. Sinto muito sobre o que eu disse.
Aquele homem era seu irmão. Tenho um irmão mais novo e estaria perdido se
alguma coisa acontecesse com ele, mas tinha que perguntar. Quão bem você
conheceu o seu irmão?
— O que quer dizer? — Rowan se mexeu no banco para olhar melhor
para Ryan.
— Tudo o que estou dizendo é que as pessoas mudam e são
diferentes do que poderíamos realmente acreditar. — Ryan deu de ombros. —
Odiaria que estivesse perdendo seu tempo com alguém que não valesse a
pena. — Antes que Rowan pudesse dizer outra palavra Ryan saiu do carro e foi
para dentro da delegacia.
Rowan ficou lá paralisado pelas palavras do garoto. Desperdiçando
seu tempo? Não valesse a pena? O que diabos tudo isso significava?

Capítulo Onze

As 16:05h, Dix foi bater à porta do quarto de Rowan. Eles


concordaram em se encontrar depois que Dix saísse do trabalho. Tinha sido
difícil para Dix manter suas mãos para si durante o almoço, mas Rowan tinha
prometido que a espera valeria a pena. Não tinha dúvida de que valeria, mas
quando voltou para o café o relógio parecia se mover no sentido inverso. Nem
mesmo a multidão de clientes de sábado à tarde fez o dia passar mais rápido.
— Oi. — Rowan disse quando atendeu a porta. Quando Dix se moveu
para um beijo, Rowan deu um passo para trás e se virou para voltar para seu
quarto.
— Há algo errado? — Dix perguntou, enquanto seguia seu
companheiro pelo quarto. As cortinas estavam fechadas e a TV estava
desligada. O quarto estava escuro e deprimente. Dix acendeu a lâmpada mais
próxima a ele para animar um pouco o ambiente.
— Só estou cansado. — Rowan deitou-se na cama, levantando um
braço para cobrir os olhos.
— Quer que eu vá embora? — Dix podia sentir que algo estava
errado. Quando viu Rowan antes, ele estava de bom humor. Queria saber o
que tinha acontecido nas três horas desde que tinham se separado.
— Não, não quero que saia. — Rowan se sentou e olhou nos olhos de
Dix. — Posso te perguntar uma coisa?
— Claro, qualquer coisa. — Um calafrio percorreu as costas de Dix.
Não tinha certeza do que Rowan queria saber, mas se fosse em relação à
morte de seu irmão, não havia muito que poderia lhe dizer.
— Você sabe por Dominic reagiu da maneira que fez quando me viu
no café, no meu primeiro dia na cidade? — Os olhos de Rowan estavam tristes
e suplicando para que Dix lhe dissesse alguma coisa.
Dix se viu diante de uma ladeira escorregadia. Realmente, queria
dizer a Rowan que havia acontecido com seu irmão, mas não podia. Não só iria
incriminar seus amigos, mas estaria manchando a memória do irmão de
Rowan. De qualquer maneira, era uma situação onde só havia perdas.
— Não tenho certeza. — Dix sentou-se na beira da cama. Se inclinou
para descansar com os cotovelos sobre os joelhos, incapaz de olhar para seu
companheiro.
— Você não tem certeza? — Rowan soltou uma gargalhada. — Está
brincando comigo? Viu a forma como ele reagiu a mim. Era como se eu fosse
algum tipo de monstro dos seus sonhos que ganhou vida. Sinto muito, Dix,
mas esse não é um comportamento humano normal. — Rowan pulou da cama
para andar para de um lado para o outro. — E as coisas que estava dizendo...
Disse que eu estava morto. Que viu meu corpo. Que diabos foi isso?
Dix deixou cair a cabeça para a frente e olhou para o chão. Isto era
exatamente o que queria evitar. Rowan não era um homem estúpido. A reação
de Dominic para com Rowan teria feito qualquer pessoa desconfiar.
— Então, quando fui ver o chefe de polícia no outro dia, ele parecia
realmente distante, e seu filho, Ryan, estava com medo de mim, também. —
Rowan parou para se ajoelhar na frente de Dix e descansou as mãos sobre as
coxas de Dix. — Hoje, quando estava dirigindo de volta para a cidade, vi Ryan
andando na chuva. Parei e lhe ofereci uma carona. Estava hesitante no início,
mas acabou por entrar no carro. — Rowan parou de falar por um breve
momento. Sua língua saiu para fora para umedecer os lábios secos. —
Começamos a conversar e ele me perguntou se realmente sabia quem era meu
irmão, então disse que odiaria que estivesse perdendo meu tempo me
preocupando sobre a morte de Fred, porque ele poderia não valer a pena. Que
porra é essa?
— Bebê, não sou...
— E há outra coisa, também. — Rowan interrompeu. — A noite fui ver
Avery, ouvi ele e seu namorado falando de Fredrick. Landen disse que meu
irmão era um louco e que, se sua família tivesse se preocupado mais com ele,
ainda poderia estar vivo. — A voz de Rowan engatou e Dix observava,
enquanto as lágrimas caíram de seus olhos. — Ele fez um comentário que isso
também teria poupado Avery, Dominic e Ryan da dor de ter conhecido
Fredrick. Estou de fora e conseguindo mais perguntas do que respostas, Dix.
Vim aqui para falar com Avery e, talvez, poder entender um pouco da vida do
meu irmão antes dele morrer, mas, em vez disso, venho para uma cidade
onde sinto que todos estão tentando esconder alguma coisa.
— Rowan, bebê, não sei o que dizer. — Disse Dix, em voz baixa e
suave. E, realmente, não sabia. Queria ser honesto com seu companheiro, mas
também queria manter as pessoas que se tornaram sua família seguras.
— Qualquer coisa! — Rowan levantou-se. — Se sabe de alguma coisa
sobre isso, por favor, me diga. — Rowan foi para perto de Dix e pousou as
palmas das mãos quentes suaves sobre as faces cobertas de barba rala de Dix.
— Você é a única coisa boa que entrou na minha vida em um longo tempo,
Dix. Sei que acabamos de nos conhecer, mas quero que essa coisa que há
entre nós funcione. Mas se estiver mentindo para mim eu só...
— Não há nada para dizer. — Dix odiou a si mesmo no instante em
que deixou essas palavras rolarem para fora sua boca. Suas mãos começaram
a tremer e uma gota de suor escorreu ao lado de seu rosto.
Rowan se inclinou para trás, olhando fixamente nos olhos de Dix.
— Você está mentindo. — Rowan se levantou e virou as costas para
Dix. — Por favor, saia.
— Rowan. — Dix se levantou e estendeu a mão para Rowan.
— Não! — Gritou Rowan. — Se pode sentar ai e mentir, dizendo que
não sabe o que está acontecendo aqui, então, saia do meu quarto. Não tenho
qualquer espaço na minha vida para pessoas que mentem para mim. —
Apontou para a porta. Dix estendeu a mão para Rowan novamente, mas ele
disse com sua voz num tom de aço. — Saia.
O lobo dentro Dix começou a choramingar. E teve que forçar as
pernas para se moverem, enquanto se dirigia para a porta. Seu coração doía a
cada passo que o levava mais longe de seu companheiro. Não era assim que
isso tinha que acontecer. Dix não fez parte do que aconteceu com Fredrick
Morris, mas sabia a essência do que tinha acontecido, e isso o fazia culpado
por não dizer a verdade a Rowan. Mas será que se Rowan conhecesse a
verdade ajudaria? O irmão de Rowan não era o homem que ele achava, sabia
que descobrir todas as coisas ruins que seu irmão fez não lhe traria qualquer
paz ou conforto. Algumas coisas eram melhores não serem ditas.
Dix foi direto pro seu carro quando saiu.
Não ia deixar Rowan ir embora. Sem chance. Só tinha que encontrar
uma maneira de aliviar a curiosidade de Rowan, mantendo seus amigos
seguros, mas, como? Dix não sabia, mas jurou que iria encontrar uma
maneira, porque perder Rowan não era uma opção.
Dirigiu pela cidade por um tempo. E continuou dirigindo, passou pelo
hotel de Rowan, mas o carro de seu companheiro não tinha saído do lugar.
Estava estacionado no mesmo local onde tinha estado, quando o deixou mais
cedo. Queria parar e ir até o quarto de Rowan, mas o que diria? Sabia o que
deveria dizer, mas não podia arriscar que tudo explodisse em seu rosto.
Sem ter nenhum lugar para ir, dirigiu para casa. Estacionou seu carro
na garagem, saiu e entrou na casa. Podia ouvir Dax se movendo na cozinha,
mas não estava com vontade de conversar. Foi direto para o seu quarto tão
silenciosamente quanto pôde.
— Ei, Dix, está se sentindo bem? — Perguntou Dax.
Tinha acabado de fechar a porta do quarto e se deitado, quando seu
irmão entrou.
Dix acenou com a cabeça e grunhiu uma resposta. Não sentia
vontade de abrir a boca pra falar. Parece que seu desejo de falar desaparecia
quando estava triste ou chateado. Mas não importava o que dissesse, neste
momento. Se sentia como merda e as palavras não levariam esse sentimento
para longe. Rowan, seu companheiro, o tinha dispensado, tudo porque não iria
dizer o que ele queria saber. E a coisa era que Dix realmente sentia que Rowan
merecia saber a verdade sobre o que aconteceu com seu irmão.
— Oh, não. — Dax veio se sentar na beirada da cama ao lado de Dix.
— Por favor, diga que não está de volta com o “não falar”. — Dix se moveu na
cama para olhar seu irmão e revirou os olhos. — Bem, e então? — Dax bateu
ao lado do corpo de Dix. — Fale comigo.
— Esta manhã, quando disse que encontrei alguém que gostei muito?
— Dax assentiu. — Bem, esse alguém é meu companheiro.
— Isso é incrível! — Dax gritou e pulou em Dix para abraçá-lo.
Dix pegou Dax e o empurrou para o lado, certificando-se de ter
cuidado com seu estômago cada vez maior.
— Seria se não fosse por quem ele é.
— O que quer dizer? — A testa de Dax se franziu. — Quem é ele?
— Rowan Morris. — Dix pegou seu travesseiro e o colocou sobre sua
cabeça.
— Espere um minuto... — Dix sentiu quando Dax se moveu para
descansar as costas contra a cabeceira da cama. — Não é o irmão de Fredrick
Morris? — Dix assentiu, sem se preocupar em remover o travesseiro do rosto.
— Seu companheiro é o irmão do cara que tentou sequestrar Avery e quase
matou Dominic?
— Sim. — Dix gemeu.
— Puta merda... — Sussurrou Dax, não muito suavemente. — Colt me
disse que Rowan estava pesquisando sobre o acidente de seu irmão.
— Sim. — Dix puxou o travesseiro do rosto. — E Rowan me
perguntou esta noite se sabia de alguma coisa sobre o que aconteceu com
Fredrick, porque depois do episódio de Dominic no café e ouvir uma conversa
entre Avery e Landen, não acredita que foi um simples acidente. — Dix sentou-
se na cama. — Não poderia lhe dizer a verdade, Dax. Não posso delatar nossos
amigos, as pessoas que se tornaram nossa família, e não quero estragar a
ilusão que Rowan tem de seu irmão.
O peito de Dix doía e sua cabeça também. Queria gritar a sua
frustração para o teto, mas fazer isso não iria mudar nada, exceto que sua
garganta ficaria dolorida.
— Oh, Dix, sinto muito. — Dax entrelaçou seus dedos com os de Dix.
— É uma situação difícil e realmente não sei o que dizer.
— Não há nada a dizer. — Dix virou a cabeça de lado para olhar seu
irmão. — Preciso falar com o resto da matilha, para que saibam o que está
acontecendo. Fredrick Morris merecia o que teve, mas isso não vai fazer que
seja mais fácil para Rowan ouvir.
Dax acenou com a cabeça e se inclinou para o lado de Dix.
Dix sentiu o cheiro doce familiar de seu irmão. Deus, não sabia o que
faria se algo acontecesse com Dax. Tentou imaginar o que Rowan deveria
estar passando, mas doía muito. Dax era uma boa pessoa e tinha certeza de
que uma vez Fredrick também fora. Se Rowan adorava Fredrick, tanto quanto
ele amava Dax, não havia nenhuma maneira que Rowan fosse acreditar no que
aconteceu naquela noite.
— É engraçado. — Dix riu. — Rowan e eu temos muito em comum,
ele disse que estávamos destinados a ficar juntos.
— Oh, sim? Como o quê? — A voz de Dax parecia animado.
— Nós dois somos gêmeos. Nossos irmãos são gays e somos gays
também. Ele é um obstetra e foi para a faculdade para me tornar um. Temos
muito em comum.
— Bem, você sabe, ele está certo. — Dax cutucou seu ombro. —
Vocês são companheiros, destinados a ficar juntos. Isso tudo vai dar certo,
Dix. A matilha está agendando um jantar em família, vai ser amanhã à noite,
em seguida, vamos para uma corrida. Pode falar com Devon e Roderick sobre
tudo isso logo depois. Eles vão ajudá-lo a descobrir o que fazer.
Dix esperava que seu irmão estivesse certo, porque, no momento,
não tinha ideia do que fazer. Precisava da ajuda e do apoio de sua família e
amigos, porque perder Rowan não era uma opção para ele.

Capítulo Doze

Rowan se revirou na cama a noite toda. Ficou aliviado quando o sol


começou a surgir no horizonte, lhe dando uma razão para sair da cama. Rowan
se levantou e seguiu a rotina de tomar banho e se vestir, mas isso não fez
nada para aliviar a dor na boca do estômago.
Na noite anterior, mandou Dix embora, porque não podia suportar
olhar para o homem com quem tinha vindo a se importar tanto. Podia dizer
que Dix estava mentindo, mas por quê? O que tinha acontecido aqui há cinco
anos? Mas, o pior, era que quando Dix saiu pela porta, Rowan se sentiu mais
sozinho do que jamais tinha se sentido em toda a sua vida. Seus olhos ardiam
com lágrimas e seu peito doía dos batimentos duros de seu coração.
Rowan tentou se distrair assistindo TV e verificando seu e-mail, mas
desistiu e sentou-se à mesa em seu quarto e olhou para o relatório da polícia,
mais uma vez. Nada de novo se destacou, mas não pode se impedir de pensar
que estava faltando alguma coisa.
Todos os encontros que teve, enquanto em Silver Creek, tudo se
voltava para as pessoas o confundindo com o seu irmão. Isso tinha lhe feito
questionar o que tinha acontecido com seu irmão, enquanto estava nesta
cidade. Fred tinha mudado tanto que tinha assustado essas pessoas a ponto de
fazer elas o matarem? Ou, pelo menos, encobrir a sua morte? Rowan não
sabia o que pensar e isso o fez se sentir culpado. Amava seu irmão e viu as
mudanças em Fred antes de sua morte, mas apenas descartou isso, como
parte da depressão de seu irmão. Rowan, como seus pais, pensou que Fred iria
ficar melhor com o tempo.
— Deus, o que há com esta cidade? — Rowan murmurou em suas
mãos. Só queria uma resposta direta. O som de seu telefone tocando tirou
Rowan de seus pensamentos. — Sim? — Ele disse ao atender, sem se
preocupar em olhar para o identificador de chamadas.
— Olá, meu pequeno Ro-Ro. — A voz clara e alegre da sua mãe o
cumprimentou na linha. — Está se sentindo bem, querido?
— Ei, mamãe. — Rowan se levantou e caminhou pelo local. — Me
desculpe por isso. Só estou cansado. Como vão as coisas por aí?
— Ah, você sabe. — Sua mãe suspirou. — Seu pai está trabalhando
novamente no domingo — Disse sua mãe em voz alta e, no fundo, podia ouvir
a voz de seu pai quando resmungou uma resposta de volta para ela. — E você,
meu menino doce? Como está indo a sua pequena viagem?
— Bem, mamãe, muito bem. — Rowan não queria mentir para sua
mãe, mas também não queria que ela se preocupasse com ele.
— Hmm, realmente? — Rowan podia ouvir sua mãe estalando a
língua. — Realmente acha que pode me enganar, meu filho querido? Posso
ouvir a tensão em sua voz. Apostaria dinheiro que sua testa está tão enrugada
agora que está desenvolvendo rugas precocemente nesse seu rosto
bonito. Agora, me diga o que está lhe incomodando.
Rowan sempre quis saber como ela fazia isso. Era como se tivesse
algum poder secreto que a fazia saber quando ele ou Fred ficavam chateados,
ou tivessem feito algo errado.
— Mãe, é só... — A garganta de Rowan ficou seca e sentou-se na
cadeira para olhar para fora da janela. — Sinto falta de Fred. Sinto como se o
tivesse desapontado. — Rowan respirou fundo. — Gostaria de ter apenas mais
um dia para falar com ele.
— Oh, meu menino doce, todos sentimos saudades de Fredrick e
sempre sentiremos. Sua morte foi inesperada e não havia como qualquer um
de nós se preparar para algo tão trágico ou impedir que isso acontecesse. Mas
tenho fé de que o bom Deus tem um plano para todos nós e que tudo acontece
por uma razão. Fredrick pode ter ido embora, mas nunca será
esquecido. Vamos nos alegrar com as memorias que temos dele, porque isso é
tudo o que nos resta agora.
Uma lágrima caiu dos seus olhos. Ela estava certa e, mesmo que
nunca tivesse vindo a Silver Creek, ele teria ficado igualmente triste com isso,
mas tinha vindo para esta cidade e estava começando a questionar tudo. A
maior pergunta de todas era o que Fred tinha feito enquanto estava em Silver
Creek? O que tinha acontecido para assustar tanto essas pessoas? Rowan não
tinha certeza, mas precisava descobrir.
— Obrigado, mamãe, e está certa. Tudo o que temos agora são as
nossas memórias. — Rowan acenou com a cabeça quando decidiu sobre o que
fazer. — Você e o papai se cuidem e vou ligar em breve. Eu te amo.
— Eu também te amo, Rowan.
Rowan enfiou o telefone de volta no bolso de trás, levantou e dirigiu-
se para a porta. Pegou sua jaqueta, enquanto caminhava para fora do quarto.
Isso tudo começou no café. Ele não queria aborrecer Dominic, mas
tinha que perguntar a ele por que reagiu daquela maneira quando o
viu. Ninguém mais estava falando. Mesmo Dix estava agindo suspeito. Rowan
não queria causar nenhum problema, mas precisava de algumas respostas.
Rowan poderia estar exagerando, mas não pensava assim. Este era o
último lugar que seu irmão tinha estado antes de morrer. Silver Creek parecia
uma cidade agradável e convidativa, mas Rowan sabia que havia segredos
aqui e tinha que desvendá-los.
Entrou em seu carro e dirigiu até a cidade. Era um pouco antes das
cinco da tarde e não tinha certeza se Dominic estaria no café, mas tinha que
ver. Não queria incomodar o homem, mas precisava ouvir o que ele sabia. Se
isso não funcionasse, procuraria Avery e exigiria do homem a verdade. É claro,
antes teria que admitir a Avery e seu namorado que ouviu a conversa, porém,
neste momento, não se importava. Deixaria esta cidade pensar que era louco.
O sol tinha começado a descer no céu da noite. Estaria escuro em
breve. Rowan estacionou do outro lado da rua do café e estava prestes a abrir
a porta para sair, quando viu Dominic sair pela porta. Dominic estava sorrindo
e se virou para acenar para alguém no café. Rowan tinha aberto a porta,
preparando-se para sair quando outro homem, um homem alto e muito
musculoso, inclinando-se contra um caminhão, puxou Dominic em seus braços
e o beijou. Rowan se recostou na cadeira e esperou. O amigo de Dominic era
enorme e a última coisa que queria era ter a sua bunda chutada por esse cara.
Rowan sentou e observou o par. Não demorou muito e ambos
entraram no caminhão e dirigiram pela rua. Rowan não tinha certeza no que
estava pensando, ou se estava até mesmo pensando. Deu a partida no carro e
seguiu atrás do caminhão.
— Isso é totalmente louco. — Rowan murmurou para si mesmo. Se
essas pessoas não pensavam que fosse louco antes, com certeza pensariam
agora.
Ficou uma boa distância atrás do caminhão quando ele dirigiu para
fora de Silver Creek. Após quinze minutos dirigindo, viu o sinal dizendo que ele
estava entrando em Nehalem. O pisca-pisca do caminhão acendeu e virou à
esquerda. Rowan diminuiu a velocidade, colocando uma distância boa entre
eles. Fez a curva à esquerda e continuou seguindo. Pouco tempo depois, o
caminhão parou numa calçada. Rowan continuou a dirigir pela estrada. Ele se
virou para olhar para a casa. Era grande e vários carros e caminhões estavam
estacionados na grande entrada de automóveis. Um chamou sua atenção, não,
na verdade, foram dois, um carro de polícia e o caminhão prata de Dix. Todas
essas pessoas reunidas necessariamente não significava nada, mas achou
estranho. Todas as pessoas que pareciam conhecer Fred eram amigas.
Rowan dirigia pela estrada até que ele chegou ao que parecia ser um
parque de campismo. Era uma pequena área de estacionamento em forma
oval com um chão coberto de sujeira. Rowan olhou para o mapa em seu GPS
para ver onde exatamente ele estava. Ele estava praticamente no meio do
nada. A única coisa inteligente a se fazer seria virar o seu carro e dirigir de
volta para Silver Creek, mas, Rowan não queria voltar para o seu quarto vazio
e se sentar no escuro por mais uma noite.
— Foda-se. — Rowan saltou para fora de seu carro e bateu a trava do
caminhão. Pegou uma lanterna e um par de binóculos que tinha na parte de
trás, por causa do último jogo dos Yankees que tinha ido.
Partiu a pé de volta para a casa grande. Todo o caminho até lá tentou
manter uma atitude racional. O carro da polícia poderia ser de qualquer oficial
na cidade, mas não pensava assim. Na conversa que ouviu, Landen tinha
mencionado Dominic, Avery e Ryan. Havia coincidências demais nessa história.
Saiu da estrada e se dirigiu para a floresta ao longo da casa. Estava
ficando mais escuro do lado de fora e sua lanterna não ajudava muito. O chão
estava cheio de folhas ásperas e mortas que rangiam sob seus sapatos com
cada passo que dava. Tropeçou mais de uma vez, mas conseguiu se impedir
de cair de cara no chão duro e frio. Com sorte, estava longe o suficiente da
casa para que ninguém o ouvisse perambulando no escuro. Por mais que
quisesse falar, não só com Dominic, mas, com Dix também, sentiria vergonha
se fosse pego aqui como algum perseguidor na floresta.
O chão se levantou para formar uma colina e Rowan se arrastou pelo
caminho até o topo. Seus pés doíam por não usar os sapatos adequados para
esta excursão, mas se recusou a voltar agora. Já tinha ido tão longe.
Rowan subiu para o topo da colina e desabou ofegando por ar. Ele
não estava em má forma, mas fazer esse trajeto no escuro esgotaria qualquer
um.
Ao longe, podia ver a casa. As luzes estavam acesas e o fogo estava
no auge, num buraco no quintal. Rowan foi pego de surpresa pela beleza deste
lugar. A parte de trás da casa tinha tantas janelas e o deck era enorme. O
quintal levava direto para a floresta atrás da casa.
Um baixo uivo ecoou pela noite fria e escura e o coração de Rowan
começou a bater disparado. Olhou ao seu redor, mas não viu nada. Quando
decidiu caminhar pela floresta, não tinha pensava sobre o que poderia viver
ali. Depois de ouvir o uivo, começou a ficar um pouco nervoso. Rowan não
tinha um desejo de morte e nem queria morrer porque queria fazer a Dominic
algumas perguntas.
Parecia que tinha ficado horas sentado lá no chão duro e frio, olhando
para a bela casa. Queria saber o que estava acontecendo lá dentro. Também
queria saber o que Dix estava fazendo.
De repente, um movimento chamou a sua atenção. Alguém saiu,
seguido por outra pessoa. Logo havia pelo menos vinte homens de pé ao redor
do fogo. Rowan ergueu os binóculos e deu uma olhada. Não reconheceu a
maioria destes homens, mas viu Dominic, Avery, Landen, Caleb, Ryan e
Dix. Todos estes homens de pé ao redor do fogo conversando, fez Rowan
desejar poder ouvi-los.
— O que... — Rowan piscou os olhos para ver melhor. Ele torceu o
botão para focar os binóculos, mas ainda não conseguia acreditar no que
estava vendo.
Alguns homens se sentaram em cadeiras em torno do fogo ardente,
mas o resto começou a tirar a roupa. Rapidamente virou a cabeça para olhar
na direção de Dix. O homem com quem estava dormindo e não se importaria
de passar o resto de suas noites, também estava tirando suas roupas. Dix
jogou sua camisa numa cadeira vazia e suas mãos foram para o fecho em seus
jeans. O ciúme fez Rowan segurar os binóculos tão fortemente, que suas mãos
começaram a doer. Virou a cabeça para ver se alguém estava observando seu
amante ficar nu.
Era tão estranho. Estes homens tiraram a roupa, mas não parecia um
tipo de orgia sexual. Os homens estavam conversando e rindo, mas pelo que
podia ver, ninguém estava excitado de forma alguma.
Outro uivo rasgou a noite, mas desta vez foi mais alto. Rowan
derrubou os binóculos num momento de medo e olhou para os lados, mas,
mais uma vez, não viu nada. Rowan posicionou os binóculos de volta em seu
rosto e olhou para o grupo de homens, e a respiração em seus pulmões
simplesmente congelou.
— Oh, meu Deus... — Sussurrou, suas mãos começando a tremer.
Viu quando um dos homens caiu de joelhos e seu corpo começou a
tremer e puxar, de uma forma que o lembrou de alguém tendo uma
convulsão. Então, notou que outro homem estava fazendo a mesma coisa, e
mais outro. Rowan focou seu olhar sobre Dix e viu quando ele caiu no chão e
seu corpo começou a mudar em algo que não parecia humano.
Rowan sentou-se congelado, enquanto observava esses homens se
transformarem em algo diferente. O som de rosnados e uivos foram levados
pelo vento até Rowan, mas não podia se mover. De repente, havia cães de
grande porte, onde antes havia homens.
— Isso não é real. — Rowan engasgou quando levantou com as
pernas trêmulas. — Não pode ser. — Ele perdeu o controle sobre os binóculos
e eles caíram sobre a pequena borda da colina que estava adiante. O som do
metal pesado batendo no chão duro quando caiu, descendo a colina soou como
uma arma disparando na noite silenciosa.
Não sabendo mais o que fazer, Rowan passou a descer o morro. Ele
correu na escuridão. Seu corpo estava se movendo de pura adrenalina quando
se esquivou de galhos de árvores baixas e evitou os sulcos profundos no
solo. Os sons de latidos e uivos ficaram mais altos.
O som de vários pés batendo atrás dele fez Rowan olhar para trás
para ver se uma daquelas coisas estava perto. Quando se virou, correu de
frente para uma árvore. Rowan sentiu a casca áspera cavar na lateral de sua
cabeça e sua visão ficou turva. Caiu duro no chão, aterrissando de costas.
Rowan estava lá, sua visão oscilando dentro e fora de foco. Ele podia
sentir algo quente correr pelo lado de seu rosto.
O vento rodopiou sobre o seu corpo e os olhos de Rowan se fecharam
quando sucumbiu à sua exaustão. Abriu os olhos quando sentiu algo quente e
úmido cutucar o lado de seu rosto. Os olhos de Rowan se arregalaram com a
visão de um grande lobo branco gemendo, quando lambeu com sua língua
suavemente o rosto de Rowan, que travou o seu olhar sobre o lobo e algo
naqueles olhos azuis claros parecia familiar, mas não podia ser.
— Isso não é verdade — Foi a última coisa que Rowan conseguiu dizer
antes de desmaiar.

Capítulo Treze

Dix fez a coisa certa e deu a Rowan seu espaço. Ele teve o dia de
folga e passou-o com Dax. Seu irmão parecia saber que ele não estava nos
melhores espíritos e o manteve ocupado ajudando Colt a arrumar a mobília do
bebê.
Cada segundo que Dix não estava ocupado ele pegou o telefone para
ligar para Rowan. Seu dedo pairou sobre o contato do homem, mas não podia
clicar em enviar. Precisava falar com o resto do bando, antes que pudesse
dizer qualquer coisa a Rowan. Dix não vivia ali há cinco anos, quando o irmão
de Rowan causou problemas em sua cidade, mas viu o medo real no rosto de
Dominic. Tanto quanto tinha que cuidar de Rowan, não podia virar as costas
para seu bando. Sentiu-se dividido entre sua lealdade.
Quando chegou à casa de Carsten, puxou Devon de lado.
— O que está acontecendo, Dix? — Perguntou Devon.
Dix gostava de Devon. Ele era o alfa de sua matilha, mas agia mais
como um irmão mais velho para Dix. Tratava todos de forma justa. Não
importava se a pessoa era um shifter ou humano. Devon olhava para todos
como iguais.
— Preciso falar com você sobre algo. — Disse Dix, enquanto seguia
Devon em seu escritório. Devon fechou a porta atrás de si.
— Ok. — Devon inclinou seu quadril contra a borda da sua mesa. —
Sou todos ouvidos.
— Bem, você vê... — Dix passou as mãos ao rosto e esfregou as
palmas sobre os olhos. Aquilo era mais difícil do que esperava. — Conheci
alguém. Meu companheiro, na verdade.
— Ah, é? — Devon sorriu. — Isso é ótimo. — Devon inclinou-se para
dar um tapinha no ombro Dix.
— Pode não pensar assim quando lhe disser quem é. — Levantou a
cabeça para olhar para Devon. — Rowan Morris é meu companheiro.
— Oh. — Devon cruzou os braços sobre o peito grande e bateu os
dedos no braço oposto. — Ok, posso ver onde isso pode ser um problema com
alguns dos membros do bando, mas não vou recusar-lhe o direito de estar com
ele, se é o que lhe preocupa.
— Não, não é isso, Devon. — Dix limpou as mãos úmidas sobre as
coxas. — Sei tudo sobre Fredrick Morris e o que fez para Dominic, Avery e
Ryan. Sei como morreu e não estou dizendo que não merecia isso, mas...
— Mas o quê? — Perguntou Devon.
— Rowan está começando a ficar desconfiado e está fazendo
perguntas sobre o que aconteceu com seu irmão. — Dix explicou sobre a
reação de Dominic no café, a conversa que Rowan tinha ouvido na casa de
Avery e Landen, e o que Ryan lhe dissera. Dix podia ver por que Rowan estava
questionando as circunstâncias da morte de seu irmão.
— Roderick tinha falado comigo sobre a forma como Dominic reagiu,
mas não estava ciente dos outros dois incidentes. — Devon pegou seu telefone
celular e fez uma chamada. Uma vez que foi feito, ele o pôs sobre a mesa. —
Roderick está a caminho. Deve estar aqui em poucos minutos. Creio que
precisa estar envolvido nesta conversa.
Eles não esperaram muito antes de ouvir uma batida na porta,
seguida por Roderick entrando no escritório. Ele fechou a porta atrás de si.
— Está tudo bem? — Perguntou Roderick.
— Sim e não. — Respondeu Devon e informou a Roderick sobre o que
Dix lhe dissera. Dix estava grato que Devon fez toda a conversa. Precisava de
uma pausa.
— Porra, é uma situação difícil em que nos encontramos. — Roderick
se sentou na cadeira ao lado de Dix. — E tem certeza que ele é seu
companheiro?
— Toda.
— Bem, merda! — Roderick passou a mão sobre sua boca. — Isto vai
ser difícil de qualquer maneira. Se Rowan não sabe sobre shifters e não estava
ciente das ações de seu irmão. Tudo isso será um choque para ele.
— Isso é o que me preocupa. — Dix olhou para Roderick. — Rowan é
um cara legal e tenho medo de dizer-lhe sobre a nossa espécie. Mas, acima de
tudo, estou com medo de lhe contar todas as coisas ruins que seu irmão fez.
Vai quebrar seu coração.
— Verdade. — Devon acenou com a cabeça. — Mas não vejo qualquer
maneira de contornar isso.
— Só estou preocupado em contar a esse homem como seu irmão
realmente morreu. Se Rowan não acreditar no que lhe dissermos, pode tentar
apresentar queixa criminal contra Silas, por rasgar a garganta de seu irmão. —
Roderick levantou-se e bateu com o punho na mesa de Devon. — Tudo isto
ficaria melhor se Rowan simplesmente desaparecesse.
— Ei! — Dix levantou. Ele rosnou para o outro homem.
— Calma, vocês dois. — Devon se moveu entre os dois, guiando Dix
de volta a sua cadeira. — Roderick, preciso lembrá-lo que o caminho mais fácil
nem sempre é o caminho certo?
— Eu sei, e sinto muito, Dix. Não quis dizer isso. — Os olhos de
Roderick suavizaram. — Preocupo-me como o seu companheiro vai reagir a
tudo isso.
— Confie em mim, estou preocupado também. — Dix confessou. —
Mas sei que se não contarmos a verdade, ele nunca vai encontrar paz e pode
causar mais problemas para a matilha.
— Ele está certo, Roderick. — Devon se levantou. — Dix, acho que
seria melhor você trazer Rowan amanhã à noite e podemos explicar tudo para
ele. Esperemos que o seu vínculo de acasalamento seja forte o suficiente para
que não vá querer colocá-lo em qualquer risco de exposição.
Dix acenou com a cabeça. Não quis dizer com certeza que Rowan
tinha fortes sentimentos por ele, mas no fundo podia sentir a força que tinham
entre eles. Não havia como Rowan não sentir isso. Era forte. Sabia que era
tolice colocar toda sua esperança nisso, mas era tudo o que tinha no
momento.
Eles saíram juntos da sala e foram até a cozinha para jantar. Dax
deu-lhe um olhar engraçado, quando voltou para a sala e Dix apenas sorriu
para aliviar as preocupações de seu irmão. Dax não precisava de qualquer
esforço extra agora.
Depois do jantar, todos saíram. Viktor tinha começado uma fogueira
mais cedo naquela noite e agora o fogo rugia, irradiando uma boa quantidade
de calor. Dax e os companheiros humanos que não poderiam mudar estariam
quentes, enquanto esperassem os shifters voltarem de sua corrida ao luar.
Dix estava ao lado das cadeiras de Colt e Dax quando tirou a roupa.
Podia ver a inveja nos olhos de Dax quando todos se prepararam para as suas
mudanças. Estando grávido de sete meses, não poderia se deslocar até depois
que o bebê nascesse. Shifters fêmeas conseguiam mudar até o sexto mês,
depois esperavam até depois de que seus filhotes nascessem, assim Phillip
sugeriu a Dax seguir a mesma regra. Seu irmão odiava não ser capaz de
mudar, mas sabia que era o que tinha que fazer para o seu bebê.
— Basta pensar, Dax. — Dix apertou sua mão no ombro de Dax. —
Em poucos meses, estará de volta na floresta correndo e caçando ao meu lado
e Colt vai ficar aqui de plantão com o bebê.
— Mal posso esperar! — Os olhos de Dax iluminaram.
Dix fechou os olhos e, lentamente, deixou a mudança vir sobre o seu
corpo. Caiu de joelhos, enquanto seus ossos começaram a mudar. Suas costas
arquearam e sua pele se arrepiou quando seu pelo se levantou, para cobrir sua
pele. O pop e rachadura de osso era uma parte desagradável da mudança,
mas o resultado final era emocionante. A visão de Dix era clara e sua audição
impecável. Para ele, não havia nada melhor do que estar em forma de lobo.
Devon soltou um grito e Dix moveu-se para seguir seus
companheiros de matilha para a floresta, quando ouviu alguma coisa cair no
chão. O vento mudou e soprou em sua direção e algo familiar encheu seu
focinho. Dix colocou sua longa língua para fora para provar o ar e seu coração
quase deixou de bater. Olhou na direção do que barulho tinha vindo para ver
as costas de um homem fugindo.
Os outros lobos notaram, também, e foram naquela direção. Dix
olhou para Colt e balançou a cabeça. Levou apenas uma fração de segundo
para Colt descobrir o que Dix estava tentando dizer.
— Todo mundo pare! — Colt gritou acima dos lobos uivando e latidos.
— É Rowan Morris. — Olhou para Dix. — É o companheiro de Dix.
Os outros lobos olharam para ele, suas cabeças peludas inclinadas
para o lado como se estivesse olhando para algo estranho. Dix ignorou seus
olhares curiosos e foi atrás de seu companheiro. Se Rowan testemunhou todos
se transformando, provavelmente estava entrando em choque.
Dix assumiu a liderança e abriu o caminho através da floresta densa,
seguindo o cheiro de Rowan. O cheiro ficou mais forte quanto mais se
aproximava. Os sons de Rowan ofegando por ar, enquanto corria em meio à
escuridão, ficou mais alto também. Dix conteve-se de uivar ou latir na
esperança de não assustar ainda mais Rowan. Não era seguro para um
humano correr através de bosques como este. Rowan não tinha a pele
reforçada de um lobo. Poderia se machucar aqui.
Não demorou muito para isso acontecer. Dix ouviu o estrondo feio
quando Rowan correu em direção a uma árvore. Seu corpo ricocheteou na
superfície dura e foi arremessado para o chão. Caminhou para frente e sentiu o
cheiro do sangue de Rowan fortemente suspenso no ar.
Trotou mais perto de seu companheiro e cutucou seu rosto
suavemente. Rowan abriu os olhos, mas não disse nada. Suas pupilas eram
grandes e sua pele pálida brilhava na noite escura. Dix começou a mudar de
volta para o corpo humano quando Rowan desmaiou.

Capítulo Quatorze

O som de vozes fez Rowan mudar de posição. Sua cabeça doía,


estendeu a mão para tocar o lado de sua cabeça e sentiu um curativo macio
sob as pontas dos dedos. As vozes na sala pararam completamente e Rowan
abriu os olhos.
Lentamente olhou ao redor para ver que estava numa sala, deitado
em um sofá de couro. Não estava sozinho. Vários homens estavam ao redor da
sala, olhando para Rowan como se estivessem esperando que algo
acontecesse.
— Rowan, graças a Deus que acordou. — Dix ajoelhou-se na frente
dele. Estendeu a mão e tocou uma de suas grandes mãos quentes no rosto de
Rowan que instantaneamente se sentiu seguro. — Estava tão preocupado com
você.
— Preocupado? — Rowan tentou sentar-se, mas as mãos de Dix em
seus ombros o empurraram de volta para baixo. — O que está acontecendo?
Onde estou? — Rowan desviou o olhar de Dix para dar mais uma olhada ao
seu redor e foi quando viu Dominic sentado no sofá diagonal com ele. De
repente, tudo veio à tona a ele. — Merda! — Rowan empurrou as mãos de Dix
e fugiu de volta para o canto do sofá.
— Vou arriscar um palpite de que se lembra de como chegou aqui. —
Disse um homem alto, com cabelo louro longo, num tom sarcástico.
— Lá fora! — Os olhos de Rowan se lançaram sobre todos os homens
na sala. — Você... Vi você... — As palavras que queria dizer morreram em sua
língua. Olhou para Dix, implorando silenciosamente que o homem lhe dissesse
alguma coisa, qualquer coisa.
— Rowan, por favor, não tenha medo de mim. — Dix se sentou ao
lado dele no sofá.
Por instinto, Rowan pegou a mão de Dix na sua. Poderia ter ficado
com medo de que viu o homem que esteve em sua cama se transformar em
um lobo, mas não conseguiu fechar a parte de seu cérebro que se importava
profundamente com Dix. Queria o homem para consolá-lo e protegê-lo, para
dizer-lhe que tudo ia ficar bem.
— Não tenho certeza se estou com medo ou apenas preocupado. —
Rowan sussurrou baixinho. Tentou relaxar e moveu as pernas para descansar
os pés no chão e pressionou suas costas no sofá. — O que são vocês?
— Somos shifters. — Rowan virou para olhar para um homem que
não conhecia.
— Oi, Rowan. — O homem se aproximou e sentou na mesa de café
em frente a ele. — Meu nome é Devon Carsten, esta é a minha casa e minha
matilha.
— Matilha? — A mão de Rowan apertou a de Dix.
— Sim, matilha. — Devon disse com um sorriso nos lábios. — Veja,
nós... — Devon virou-se para olhar para ele. — Bem, a maioria de nós, pode
mudar para outra forma. Somos o que o mundo humano chama de
lobisomens, mas preferimos o termo shifter. Não somos monstros sem cérebro
querendo matar os humanos, mas podemos nos transformar em lobos.
Rowan acenou com a cabeça, enquanto olhava para todos esses
homens. Não parecia real ou fazia sentido, mas viu com seus próprios olhos.
Estes homens, até mesmo Dix, tinham o poder de tornar-se algo que não era
inteiramente humano.
De repente, um pensamento ocorreu a Rowan. Será que Fred sabia
sobre isso? É por isso que estes homens não gostavam de seu irmão? Será que
Fred ameaçou expô-los pelo que eram?
— Será que o meu irmão sabia sobre o seu tipo? — Perguntou Rowan.
Podia sentir alguém olhando para ele e virou sua cabeça ligeiramente para ver
Avery sentado no colo de Landen. — Você é um? — Perguntou a Avery.
— Não, não sou, mas meu companheiro é. — Avery descansou a
cabeça contra o ombro de Landen. — E, para responder a sua outra pergunta,
não, ele não sabia sobre shifters.
— Mas, então, por que todos o odeiam? — Rowan se endireitou.
Voltou seu olhar para Dominic. — Você quase teve um ataque de pânico no dia
que me viu. Por Quê? Agora não acontece mais.
— Rowan, por favor. — Dix colocou o braço em volta dos ombros,
mas Rowan o empurrou.
— Não, quero saber o que está acontecendo aqui. Desde que cheguei
em Silver Creek tive estranhos acontecimento, um após o outro. Só quero
saber a verdade. — Rowan levantou uma mão na testa para massagear as
têmporas. Estava começando a ficar com dor de cabeça. — Vim aqui porque
encontrei uma foto de Avery. Tudo o que queria fazer era falar com ele. Talvez
ouvir sobre quão feliz meu irmão foi antes de morrer, mas isso não é o que
aconteceu. Alguém, por favor, pode me dizer a verdade.
Sabia que soava como uma pessoa louca, mas estava cansado. Seu
cérebro estava prestes a explodir com todas as coisas que testemunhou esta
noite.
— Rowan...
— Não, Dix. — Rowan virou-se para olhar para o homem. — Estou
cansado e tudo que quero é saber a verdade. — Olhou em volta para os
homens olhando para ele. — Alguém pode pelo menos me contar? — Estes
homens não deviam nada a Rowan, mas orou que tivessem, pelo menos,
sentido pena o suficiente para lhe explicar por que todo mundo odiava Fred.
— O que acha que aconteceu com seu irmão? — Perguntou Devon.
— Bem, no começo acreditava que morreu naquele acidente de carro,
mas agora não tenho tanta certeza. — Rowan mordiscava nervosamente o
lábio inferior. — Não quero acreditar que nada de ruim aconteceu com ele,
mas algumas das suas reações me parecem muito estranhas. O que deveria
pensar?
— Rowan, quão bem conhecia seu irmão? — Avery levantou-se e
sentar-se ao lado de Devon na mesa de café. — Quero dizer, antes dele vir
para Silver Creek.
— Para ser honesto... — Rowan deixou escapar um profundo suspiro e
passou os dedos pelo cabelo. — Não muito bem. Depois de quase morrer e ver
seu parceiro na força policial morrer na frente dele, Fred não era o mesmo.
Estava ocupado com a minha própria vida e acho que, para responder a sua
pergunta, no último ano de sua vida, meu irmão era praticamente um estranho
para mim. — Odiava admitir isto para as pessoas que mal conhecia, mas era a
verdade. Fred se tornou alguém diferente do irmão que Rowan cresceu.
— Odeio ser o único a dizer isso, mas seu irmão não estava bem,
Rowan. — Os olhos de Avery começaram a lagrimejar. — Conhecia seu irmão,
mas não da maneira que falei a você no outro dia, quando veio até a minha
casa. Fredrick Morris é a razão que vim para Silver Creek. Ele... Ele... — As
palavras de Avery vacilaram quando começou a chorar.
Landen saiu de sua cadeira e foi em direção à mesa de café. Devon
levantou-se e ofereceu seu lugar para o outro homem. Landen passou o braço
em torno de Avery e segurou-o com força, enquanto sussurrava em seu
ouvido.
As palmas das mãos de Rowan começaram a suar. Não era estúpido.
Viu o medo e a dor nos olhos de Avery, quando falou de Fred, mas por quê? O
que seu irmão fez?
— Seu irmão estava perseguindo, Avery. — Landen finalmente disse.
Passou a explicar sobre as cartas que Fred enviou a Avery, como o seguiu até
Silver Creek e tentou sequestrá-lo. — Ele não estava bem, Rowan. Avery
estava com Dominic e Ryan, quando seu irmão tentou levá-lo. Seu irmão
baleou Dominic na cabeça e bateu em Ryan.
— O quê? — A voz de Rowan era quase um sussurro. — Isso não
pode estar certo. — Rowan sabia que seu irmão estava com dificuldade em
colocar sua vida de volta nos trilhos, mas, isso, as coisas que estavam
dizendo, pareciam longe de serem as ações do irmão que conhecia.
— Sinto muito, Rowan. — Avery alcançou hesitante sua mão, mas
rapidamente puxou-a de volta. — Se Fredrick não fosse detido, teria me
matado e a minha família.
— Oh, Deus... — Rowan pensou que ia ficar doente. Não queria
acreditar no que estava ouvindo, mas pelo olhar nos olhos de Avery e o som
de sua voz, sabia que não estava mentindo. Ou, no mínimo, acreditava no que
estava dizendo. Rowan encontrou muitas pessoas no hospital, pessoas
doentes, que contaram tantas mentiras que começaram a acreditar que eram
todas reais. Rowan não sabia se Avery estava bem o suficiente para dizer com
certeza se era esse o caso nesta situação. — Então, o que realmente
aconteceu com Fredrick?
— Eu o matei. — Um homem que Rowan não viu antes entrou na
sala. Era alto, com cabelo preto e tinha um olhar duro em seu rosto. — E o
meu único arrependimento é que não cheguei lá mais cedo. Seu irmão não
teve nenhum remorso em atirar em Dom ou de que bater em um garoto de
treze anos de idade, deixando-o inconsciente. — O homem não tinha nenhum
remorso em seu tom. — Quando cheguei lá, seu irmão tinha jogado Avery
contra o seu carro, estava pronto para estuprá-lo. Não vou pedir desculpas
pelo que fiz naquela noite.
— Fred fez isso? — Rowan olhou para suas mãos. Seus dedos
estavam atados juntos. — Não acredito nisso.
— Bem, acredite, porque é a verdade. Seu...
— Silas, isso é o suficiente. — Dix virou-se para o outro homem. —
Rowan, sei que isso deve ser muito para assimilar, mas esses homens não
mentiriam para você. Juro.
Rowan acenou com a cabeça, mas não conseguia encontrar os olhos
de Dix. Amava seu irmão e não queria acreditar que fosse capaz de tais coisas.
Tinham que estar mentindo.
— Preciso sair daqui. — Rowan levantou-se e tropeçou quando correu
em direção à porta da frente.
— Rowan, espere! — Dix gritou e seguiu Rowan fora da porta. —
Rowan, por favor. — Dix agarrou Rowan pelo braço e puxou-o fazendo-o parar.
— Fale comigo.
— Sabia o tempo todo o que realmente aconteceu com o meu irmão?
Que foi assassinado? — Rowan arrancou seu braço do aperto de Dix.
— Só depois do incidente no café. — Admitiu Dix, com a cabeça
pendendo como se estivesse envergonhado. — Queria dizer-lhe a verdade
sobre isso e sobre mim, mas...
— Mas, o quê? — Rowan gritou. Suas mãos tremiam com raiva mal
contida. O homem por quem estava se apaixonando sabia o que aconteceu
com seu irmão e não disse nada.
— Tive medo deque não fosse acreditar em mim e não queria destruir
a imagem que tinha em sua cabeça de seu irmão. — Dix levantou as mãos
para passar os dedos em seus cabelos. — Então, no topo de tudo, essa
porcaria de shifter lobo. Se tivesse lhe dito a verdade pensaria que era louco. E
não importa o que diga, não traria Fredrick de volta.
— Talvez não, mas pelo menos saberia a verdade. Foda-se! — Rowan
chutou o parapeito de madeira que cercava a varanda. Não queria acreditar
numa única palavra disso, mas não podia negar o quanto seu irmão mudou
depois do acidente. — Preciso sair daqui.
— Vou levá-lo de volta ao seu hotel. — Dix deu um passo em direção
a ele.
— Não. — Rowan sacudiu a cabeça. Não poderia olhar para Dix por
um minuto mais. Pensou que tinham começado algo especial, mas Dix era uma
parte disto, desta matilha e acreditava no que os outros falaram sobre seu
irmão. — Não posso estar perto de você agora. — Rowan se virou e desceu os
degraus. — Ou nunca.
Rowan caminhava pela calçada e não olhou para trás. Sacudiu-se
quando ouviu um uivo cheio de dor rasgar a noite, mas não parou de andar.
Não, tinha que voltar para seu carro e dar o fora dessa cidade.
Capítulo Quinze

Dix correu. Ele correu até agora e por tanto tempo que estava com
medo que faltaria floresta para ele correr. Uma coruja piou na distância e a
escuridão o rodeava, a cena tão familiar e tão diferente. Empurrou as pernas
mais duramente, até que seu lobo foi vencido pela exaustão. Caiu para o lado
e se deitou no chão frio e duro, olhando por entre os galhos de árvores
estéreis.
Dezessete anos atrás, perdeu muito e agora ali estava ele, sozinho e
com medo na mata novamente, sofrendo por outro tipo de perda. Agora, de
seu companheiro. As palavras de Rowan ficavam se repetindo em sua cabeça.
Não posso estar perto de você agora, ou nunca. A voz de Rowan ficava mais e
mais alta em sua cabeça, ao ponto de Dix querer arrancar seu coração, para
parar a dor que sentia correndo através de seu corpo.
Dix sentia tudo. Cada terminação nervosa doía, como se sua pele
tivesse sido queimada. Ficaria feliz com a dormência que sentira depois que
seus pais morreram, mas ela nunca veio.
Quanto mais tempo ficava lá fora, sob as estrelas, mais sozinho se
sentia. O olhar no rosto de Rowan, a dor e a raiva, o assombrava toda vez que
fechava os olhos. Não sabia o que fazer para tornar isso melhor. Rowan não
era apenas seu companheiro, mas o primeiro homem com quem já teve um
relacionamento. Tudo isto era novo para Dix e não sabia as regras do jogo do
amor. Tudo dentro dele lhe dizia para correr atrás de Rowan, persegui-lo e
fazer o homem ver a razão, mas Rowan era um humano e vivia por um
conjunto diferente de instintos de um shifter.
Eu o amo, a voz de Dix sussurrou através de sua cabeça dolorida.
Rowan era seu companheiro, significava tudo para ele. Como Rowan disse
outro dia, estavam destinados a ficar juntos, mas como isso era possível
agora? O olhar no rosto de Rowan fora claro o suficiente, mesmo sem as
palavras que lhe disse. Rowan não o queria e Dix não poderia culpá-lo. Mentiu
para seu companheiro. Mesmo que fosse para proteger seus amigos, ainda
estava errado. Rowan merecia saber a verdade sobre seu irmão, não
importava o quão difícil seria para ele ouvir.
Mas tudo isso não importava agora. Era tarde demais. O que foi feito
estava feito. Curvou o corpo em uma bola, descansou a cabeça branca em
suas patas dianteiras e olhou para o nada, rezando para o sono para levá-lo
em breve.

*****
— Você vai falar comigo? —Perguntou Aiden.
Fazia três dias desde que se sentou em seu carro, em frente do hotel
de Rowan, enquanto observava seu companheiro arrumar suas coisas e deixar
Silver Creek. Nenhuma chamada para dizer adeus, nenhuma nota, nada. Se
Dix pensou que poderia mudar a mente de seu companheiro, sabia melhor
agora.
— Dix. — A voz de Aiden aumentou em volume. — Você está me
ouvindo?
Dix resmungou e se mexeu no sofá, sentando-se. Não tinha falado
uma palavra desde que voltou da floresta, na manhã após Rowan sair da casa
Carsten. Era mais fácil não ter de formar qualquer palavra em voz alta para
todos ouvirem. E sabia que se começasse a falar, começaria a chorar, e o que
adiantaria?
— Eu entendo. — Aiden sentou-se, segurando uma pasta na mão. —
Rowan é seu companheiro e se sente como se ele o abandonou.
Sinto? Dix estreitou os olhos para Aiden. Ele me abandonou!
— Posso dizer, pelo olhar em seu rosto, que acredita que está tudo
acabado entre vocês dois. — Aiden teve a coragem de rir. — Dix, não é assim
que ser companheiros funciona. Claro, pode ficar bravo um com o outro e não
chegar a acordo sobre uma questão particular, mas não pode simplesmente se
afastar um do outro. — Aiden soltou um suspiro irritado. — Seria como tentar
sobreviver sem oxigênio. Simplesmente não pode fazê-lo e, em breve, Rowan
vai perceber isso.
Dix balançou a cabeça e pegou seu iPad.
Ele disse que não queria me ver nunca mais. Acho que é bastante
conclusivo, não acha?
Digitou as palavras e virou o tablet para Aiden ver.
— Dix, dizemos coisas no calor do momento que não queremos dizer.
Coloque-se no lugar de Rowan. Não só soube a verdade sobre seu irmão, mas
também que shifters existem. Isso é muito para qualquer um.
Dix bateu os dedos na tela do iPad. As palavras não vieram e sua
mente ficou em branco. Entendia o que Rowan devia estar passando e queria
estar lá para seu companheiro, mas Rowan não o queria. Deixou a cidade na
primeira chance que teve e nunca olhou para trás. Ele não dava a mínima para
o que Dix estava passando. Talvez, com Rowan sendo humano, não sentisse a
mesma conexão que Dix, que era um shifter.
— Dix, a vida não é fácil e você, de todas as pessoas, sabe disso. —
Aiden bateu sua caneta contra o lado de sua cadeira, o som irritante para os
ouvidos de Dix. — Obstáculos são jogados no nosso caminho, que nunca
esperamos. Alguns bons, alguns não tão bons, mas de qualquer forma é
preciso um tempo para lidar com eles. Não conheço Rowan, mas te conheço.
Você é um bom homem, Dixon Garrett. Entendo que quer dar tempo a Rowan,
mas estar separado de você só vai machucá-lo. Não desista do seu
companheiro. Rowan pode não perceber isso agora, mas precisa de você mais
do que nunca.
Não tinha tanta certeza. Se Rowan se sentisse tão ruim quanto Dix,
nunca teria deixado a cidade. Sabia que estava sendo tão teimoso quanto seu
companheiro, mas que outra opção tinha? Não podia fazer Rowan amá-lo ou
querer estar com ele. Às vezes, a vida apenas sugava.
No final de sua sessão com Aiden, Dix caminhava pela rua para o
café. Foi para o trabalho e depois teve que ir à biblioteca, para estudar para
um teste em química. Esperava que quanto mais ocupado ficasse, menos
pensaria em Rowan, mas sabia que era uma mentira. Rowan nunca estava
longe de seus pensamentos, tornando cada pensamento e cada respiração
dolorosos.
Nunca em sua vida tinha Dix quis desistir, mas... Agora? Daria
qualquer coisa para ser insensível e esquecer a dor.

*****
A persistente batida à sua porta estava deixando Rowan insano. Ele
rolou de cima de seu sofá, onde estava dormindo nos últimos cinco dias, para
atender a porta.
Rowan usava um calção folgado e uma de suas blusas do hospital. No
dia em que chegou de volta ao seu apartamento, de sua viagem a Silver
Creek, Rowan deitou no sofá e não se mexeu durante dois dias. Mas no
terceiro dia, levou seu corpo dolorido para o banheiro, para um banho rápido,
e pegou a primeira roupa que alcançou. Seu cabelo apontava em todas as
direções e uma barba tinha começado a sombrear os lados do seu rosto e
queixo. Sabia que não estava com um resfriado, mas seu coração estava
doente. Desde que saiu dos limites da cidade de Silver Creek, estava à beira
das lágrimas. Quando chegou ao seu apartamento, tarde da noite, perdeu a
luta e chorou por horas. Gritou por seu irmão e Dix, mas se Rowan fosse
honesto consigo mesmo, foi mais por Dix.
Na noite que deixou Dix, em pé naquela varanda da frente, estava
tão irritado... Louco por Diz esconder algo tão importante dele. Bravo com o
homem, o lobo, o que quer diabos ele fosse, por matarem seu irmão e, acima
de tudo, estava com raiva de Fred. Não queria acreditar que seu irmão fosse
capaz de tais coisas, mas não conseguia afastar de sua mente quão assustado
Dominic e Ryan ficaram quando o viram pela primeira vez. As pessoas
poderiam não forjar aquele tipo de reação e aquilo foi o que o impediu de
chamar a polícia para investigar mais o acidente de Fred. Não iria trazer Fred
de volta, e só iria causar a sua mãe e o pai mais sofrimento.
Uma vez que chegou a sua porta da frente, abriu-a, preparado para
gritar com a pessoa por perturbá-lo. As palavras morreram em seus lábios
quando viu Avery parado do outro lado da porta.
— Avery? — Rowan pôs a cabeça para fora da porta para olhar,
primeiro à esquerda, depois à direita, em seguida, no corredor. — O que está
fazendo aqui?
— Não vim para a cidade por um tempo e pensei em dar uma olhada.
— Avery encolheu os ombros. — Talvez até mesmo parar para ver meus pais.
Se estivessem na cidade, claro. — Passou por Rowan e entrou em seu
apartamento. — Lugar legal. Um pouco escuro e precisa de uma limpeza, mas
não é ruim. — Avery virou olhando o apartamento de Rowan.
Rowan fechou a porta da frente e deu a volta por Avery, para voltar
ao seu lugar no sofá. Não estava com vontade de falar.
— Não quero ser rude. — Avery sentou-se na cadeira ao lado do sofá
e olhou para Rowan. — Mas você parece uma merda e está começando a
cheirar mal. — Avery acenou com a mão na frente do rosto.
— Não me lembro de lhe convidar, então fique à vontade para sair. —
Rowan não queria ser rude, mas podia ser falsamente educado. Olhou para
Avery sentado lá, vivo e bem, ao contrário de Fred, que estava morto, e nunca
mais voltaria. Queria odiá-lo, mas como poderia? Se Avery estava dizendo a
verdade, seu irmão tinha atormentado este homem, a ponto de fazê-lo sair da
cidade. Gemeu. Não sabia mais em que acreditar.
— Eu poderia, mas que iria contra o objetivo de toda a minha viagem.
— Avery se levantou e deu um passo em volta da mesa que separava a cadeira
do sofá e cutucou as pernas de Rowan, até que ele se sentou.
— Qual é o seu objetivo aqui? — Rowan largado no sofá. Ele levantou
uma mão para esfregar os olhos doloridos.
— Vê-lo. — Avery começou a brincar com a bainha de sua jaqueta. —
Senti que lhe devia isso, para explicar mais sobre o que aconteceu com seu
irmão.
— Avery... — Rowan sacudiu a cabeça. Tinha ouvido o suficiente.
— Não, preciso que me ouça. — Avery se moveu no sofá, colocando
uma perna debaixo dele. — Quando conheci o seu irmão, eu não estava bem.
Bebia muito e experimentava drogas, mas preferia encontrar minha liberdade
no fundo de uma garrafa. Como não me matei, nunca vou saber. — Seus
lábios se curvaram num sorriso. — Festejei o tempo todo com os meus amigos
e, metade do tempo, acordava na cama de um estranho, sem a menor ideia de
como cheguei lá e foi assim que conheci o seu irmão. — Avery olhou para
longe de Rowan, para suas mãos. — Quando comecei a receber cartas, não
sabia de quem estavam vindo. No começo, gostava delas. Fizeram-me sentir
especial. Meus pais nunca foram próximos e meu irmão saiu da cidade na
primeira chance que teve, então eu estava sozinho.
— Então, meu irmão foi apenas um entretenimento para você. —
Rowan acenou com a cabeça, a vergonha clara em seus olhos. — Você sequer
se preocupava com ele.
— Não foi assim. — Os olhos de Avery se encheram de lágrimas. —
Pensei que era tudo uma diversão inofensiva, até que percebi Fredrick tinha
arrombado meu apartamento. Isso me assustou demais, arrumei minhas
coisas e sai da cidade. Mas isso não importava. Ele me seguiu. As cartas que
me deixou. — O rosto de Avery ficou tenso e uma única lágrima caiu dos seus
olhos. Enfiou a mão no bolso e tirou alguns pedaços de papel dobrados e
entregou para Rowan. — Ele ficava dizendo como estaríamos juntos em breve.
— Ele recolheu a lágrima. — O que realmente me assustou foi quando ele se
aproximou da filha adotiva do meu irmão, enquanto estávamos comprando
bicicletas e deu-lhe um bilhete para me dar. Estava colocando todos em perigo
por causa do que eu tinha feito. Ficava pensando que talvez se não fosse como
eu era, a porra de um bêbado e uma puta, seu irmão não teria se fixado em
mim. Que ainda estaria vivo e eu não estaria preso com toda essa culpa e
estas memórias. — Avery começou a soluçar incontrolavelmente.
Rowan sentou-se congelado, olhou para as cartas que Avery lhe dera.
Como você pode? Precisará ser punido por sua exposição pública esta
manhã. Ninguém tem permissão para tocá-lo, apenas eu. Você é meu e não
vou compartilhar. Não me deixe irritado ou alguém vai se machucar. Até
breve, meu amor.
Rowan queria acreditar que seu irmão não tinha feito nada do que
aquelas pessoas alegavam que tinha. Queria permanecer fiel a Fred, mas era
duro quando via a caligrafia familiar. Folheou as cartas, na esperança de
encontrar algo que mostrasse que Fred não as escreveu, mas eram todas
iguais.
— Ele não foi sempre assim. — Disse Rowan, sem saber por que
sentiu a necessidade justificar. — Antes do acidente, era um cara bom,
normal. — Rowan coçou a testa. — Ele... ele... — A garganta de Rowan fechou
e nenhuma palavra sair, após o caroço se alojar em sua garganta.
— Acredito em você. — Avery pegou a mão de Rowan na sua.
— Sinto muito, Avery. — Rowan apertou mais a mão de Avery,
precisando de alguma coisa para mantê-lo inteiro. — Landen estava certo. Se
eu, ou os meus pais, tivéssemos pressionado Fred mais duramente para
conseguir ajuda, talvez nada disso tivesse acontecido.
— Não é culpa sua, Rowan. Todos cometemos erros. — Avery
inclinou-se para o lado de Rowan e descansou a cabeça em seu ombro.
Nenhum dos dois falou uma palavra durante alguns minutos e, finalmente,
Avery perguntou: — Você está pronto para voltar para casa?
— Casa? —Rowan se virou para olhar para Avery.
— Casa, Silver Creek e Dix. — Avery deu um sorriso esperançoso e
ainda triste.
Rowan queria mais do que qualquer coisa estar com Dix, mas tinha
fodido isso. Culpou Dix por não ser honesto com ele sobre a morte de Fred e
deixou a cidade, sem sequer dizer adeus. O peito de Rowan se apertou quando
tentou respirar através da dor.
— Eu não posso voltar. — Rowan sacudiu a cabeça. — Dix merece
mais do que eu. Tratei-o como uma merda e culpei-o por algo que não tinha
controle. — Rowan olhou nos olhos de Avery. — Como ele poderia me perdoar?
— Porque vocês são companheiros, e no mundo dos shifter isto é tão
bom como ser casado. — Avery sorriu ao ver a expressão confusa no rosto de
Rowan. — Mas só que melhor, porque não há nenhuma possibilidade pararem
de amar um ao outro, assim não precisa se preocupar em passar por um
divórcio desagradável.

Capítulo Dezesseis

Rowan sentava-se em seu carro, do lado de fora do endereço que


Avery lhe dera. Puxou a gola da camisa, o suor escorrendo pelas costas. Não
sabia se já esteve tão nervoso antes em sua vida.
Fazia apenas um dia desde que Avery apareceu em sua porta, falou
com ele sobre seu passado e o envolvimento de Fred no mesmo. Doeu ouvir
todas as coisas terríveis que Fred tinha feito, mas estava começando a ficar a
paz com ele. O homem que fez aquelas coisas não era seu irmão. Fred fora um
bom homem, que perdeu seu caminho e Rowan preferia lembrar este lado de
seu irmão. Tudo o que tinha eram as boas lembranças e havia muitos delas.
Ele se sentiu mal pelas coisas que seu irmão fez, mas o amava, apesar de suas
ações finais nesta terra.
Quando Avery o visitou, não só ajudou a entender o que seu irmão
tinha feito, mas também lhe deu algo realmente grande, não, uma notícia
fantástica. Avery lhe explicou o que era um companheiro e que ele era o de
Dix. Estava um pouco chocado no início. Estava confuso e feliz ao mesmo
tempo. Levaria algum tempo para se acostumar todo este material shifter, mas
o faria. Se isso significasse manter Dix em sua vida, faria o que precisasse.
— Companheiros. — Rowan sorriu quando disse a palavra. Não havia
palavras para descrever o quanto estava feliz de ser amarrado para o resto de
sua vida aquele homem. Dix era tudo o que sempre quis e muito mais. Rowan
só tinha que rezar para que Dix o perdoasse. — É agora ou nunca. — Saiu de
seu carro e subiu os degraus da frente. Bateu na porta e esperou.
— Rowan? — Disse Dix quando abriu a porta e o viu ali, na leve
chuva. Os olhos de Rowan percorriam o topo da cabeça de Dix para seus pés
descalços. Ele parecia cansado, mas ainda tão atraente quanto se lembrava.
Seu cabelo loiro levemente arrepiado e usava uma camiseta preta lisa e jeans
desbotado. — Você está de volta. — A voz de Dix soava rouca e áspera, como
se não tivesse falado em um ano.
— Sim, estou. — Rowan balançava para frente e para trás em seus
pés, sem saber o que fazer agora. — Posso entrar?
Dix estendeu a sua mão grande, agarrou a frente da jaqueta de
Rowan e puxou-o para a casa quente e acolhedora. Rowan tropeçou no tapete
em frente da porta e caiu com força contra o peito de Dix. Os braços de Dix
circularam sua cintura e sentiu seu corpo derreter em Dix. Gemeu e fechou os
dedos na camisa de Dix, puxando-o para baixo, para beijar seus lábios macios
e foi perfeito.
— Por favor, diga não é um sonho... — Disse Dix quando o
demasiado-breve beijo terminou.
— Não é, bebê. Juro. — Rowan esfregou seu rosto contra o de Dix. —
Parece como se um milhão de anos passou, desde que estive em seus braços.
— Rowan apertou os lábios sobre os de Dix. — Faça amor comigo, Dix. Preciso
de você.
Um grunhido baixo retumbou fora do peito de Dix, enquanto ele
varria Rowan em seus braços. Passou os braços em volta do pescoço de Dix e
permitiu que o homem o levasse ao seu quarto. Era bom relaxar na força de
Dix. Este homem, seu companheiro, era a pessoa mais importante na vida de
Rowan. Nunca iria deixá-lo novamente.
Dix usou seu ombro para empurrar e abrir uma porta no final do
corredor, em seguida, fechou-a com um chute. Colocou-o para baixo em seus
pés e imediatamente começou a tirar a roupa de Rowan, que não se opôs e fez
o mesmo com Dix. Precisava sentir a pele suave e quente de seu amante
contra a dele.
— Deus, senti sua falta. — Dix beliscou os lábios de Rowan quando
seus corpos nus foram pressionados um contra o outro. — Pensei que nunca
iria vê-lo novamente. — Os dedos de Dix acariciavam as costas de Rowan,
suas mãos grandes foram sobre suas nádegas e apertaram suavemente.
— Eu também. — Rowan forçou sua língua na boca de Dix. O sabor
escuro e mentolado dos beijos de Dix fez o pau de Rowan pulsar mais duro.
Arqueou seus quadris em Dix, empurrando seus comprimentos duros juntos. —
Estou feliz que estávamos errados. — Rowan sorriu.
Dix levou-o para a cama, colocando-se sobre ele. Rowan se alegrou
com o peso e o calor. Sabia que nunca se cansaria de Dix. Viver suas vidas
juntos por uma eternidade não parecia suficiente.
Rowan engasgou e arqueou-se em Dix, enquanto beijava seu
pescoço, beliscava e puxava seus mamilos. Seu pau vazava pré-sêmen a partir
e empurrou seu pênis no peito musculoso de Dix. Já estava muito próximo de
gozar. Queria levar as coisas devagar, mas agora precisava que fosse duro e
rápido. Seis dias era muito tempo para ficar sem Dix.
Apertou as pernas em torno de estômago de Dix e usou toda a sua
força para rolar seu companheiro sobre suas costas. Dix gargalhou e passou as
mãos para cima e para baixo no peito de Rowan.
— Estou indo muito devagar para você? — Dix perguntou, enquanto
sua mão descia para espremer o eixo rígido de Rowan.
— Só um pouquinho. — Rowan gemeu quando Dix continuou a dar
um puxão em seu pênis. — Prometo que podemos fazer mais suave depois,
mas agora preciso de você. — Rowan colocou a palma da mão sobre a
bochecha levemente corada de Dix. — Eu me sinto vazio sem você dentro de
mim.
Dix sentou-se, passou os braços em torno de Rowan e moveu-se para
descansar as costas na cabeceira da cama. Enfiou a mão na gaveta ao lado e
tirou uma garrafa de lubrificante. Rowan sorriu para Dix quando pegou a
garrafa dele. Virou a tampa e encheu sua mão com o gel claro. Deixou cair a
garrafa no chão e passou a esfregar a umidade no duro pênis grosso de Dix.
Podia sentir cada veia pulsando e cada ranhura ao longo do eixo ereto.
Rowan pegou o pau de Dix pela base e levantou-se sobre os joelhos.
Posicionou a ponta molhada em sua entrada e olhou para cima, segurando o
olhar de Dix. Lentamente deixou seu corpo cair na cabeça sem corte e ambos
gemeram quando a espessura violou sua abertura. A dor aguda de ser
preenchido rapidamente desapareceu, dando lugar a pura felicidade. Dix
enchia-o bem e Rowan desejava que pudessem ficar assim para sempre.
Dix puxou-o para perto de seu peito e beijou-o com força. Empurrou
seus quadris para cima, levando seu pênis ainda mais profundamente. Rowan
gritou e cavou suas unhas nos ombros de Dix. Lentamente começou a balançar
para trás e para frente no comprimento de Dix, impondo um ritmo. Rowan
usou suas pernas para levantar seu corpo para cima e para baixo no pau de
Dix, indo cada vez mais rápido.
— Deus, Rowan. — As mãos de Dix apertaram em seus quadris
quando o ajudou a saltar em seu pênis rígido.
— Sim, apenas assim. — Rowan tinha a cabeça arremessada para
trás e moveu a mão para acariciar seu próprio pênis enquanto sentia Dix
enchendo-o. Sua língua sacudiu fora para lamber os lábios. — Mais duramente.
— Rowan inclinou a cabeça para o lado, expondo o pescoço para Dix. Apertou
os músculos ao redor do pênis de Dix, tornando-a ainda mais apertado.
— Meu! — Dix gritou pouco antes de cravar os dentes no ombro de
Rowan. Empurrou seus quadris para cima, batendo na bunda de Rowan.
— Porra, Dix. — Rowan gritou quando seu orgasmo tomou conta dele.
Seu sêmen salpicou o peito bem definido de Dix.
Dix tirou os dentes do ombro de Rowan e olhou para ele. Seus olhos
brilharam de néon azul. Os lábios de Dix foram puxados para trás sobre seus
dentes afiados, mas Rowan não teve medo. Ele se inclinou para perto para
descansar sua testa contra a de seu amante, enquanto Dix o fodia duramente.
Dix sustentou o olhar de Rowan quando empurrou para ele uma última vez e
encheu-o com seu esperma quente. Podia sentir o pênis de Dix pulsando
dentro dele, encharcando suas entranhas com o gozo de Dix, reivindicando
Rowan como dele.
— Eu te amo. — Dix sussurrou contra os lábios de Rowan, enquanto
sua respiração voltava ao normal. — Você é meu para sempre e nunca vou lhe
deixar ir de novo.
— Bom, porque me sinto da mesma forma. — Rowan inclinou a
cabeça para beijar apaixonadamente Dix. — Também te amo, companheiro.
— Companheiro? — Dix pareceu surpreso. — Como sabia?
— Avery me contou tudo. — Rowan piscou para ele. — Acho que,
provavelmente, devemos falar sobre algumas coisas.

*****
Dix sentiu como se tivesse ganhado na loteria quando estava ali em
sua cama, segurando Rowan em seus braços. Ainda melhor foi que Avery tinha
ido para Nova York para falar com Rowan, em nome de Dix. Nunca iria poder
retribuir a bondade desta matilha. Nunca foi muito confiante em humanos
antes, mas a matilha Nehalem mudou sua opinião sobre o que pensava que
era verdade sobre sua espécie.
— Você não está zangado porque Avery veio me encontrar, não é? —
Perguntou Rowan. Seu companheiro estava caído sobre o seu corpo, traçando
linhas sobre o peito de Dix.
— Não, sou muito grato que pelo que ele fez. — Dix esfregou o nariz
no cabelo escuro de Rowan, respirando seu perfume doce. — Ia dar-lhe mais
alguns dias, depois iria encontrá-lo eu mesmo. Não podia suportar estar
separado de você.
— Sinto muito, Dix. — Rowan apoiado em um cotovelo. — Tudo
aconteceu de uma vez. A verdade sobre o que aconteceu com Fred e vê-lo se
transformar em um lobo. — Rowan soltou um suspiro profundo. — Isso foi
muito para lidar em uma noite. — Pôs a mão contra a bochecha de Dix. — E,
você sabe, não quis dizer o que disse naquela noite, sobre não querer vê-lo
novamente. Fiquei magoado, chateado e ataquei você, o que não foi certo.
Sinto muito.
— Está tudo bem, Rowan. — Dix o puxou de volta para descansar a
cabeça no peito dele. — Entendi. Não vou mentir e dizer que não doeu, mas
entendi. É por isso que queria dar-lhe algum tempo e espaço. Mas só para
você saber, tinha toda a intenção de acampar fora da sua porta até que me
aceitasse de volta.
— Hum, poderia ter sido divertido. — Rowan riu.
Eles se aninharam, entrelaçados, até que caíram no sono. Dix não
sabia quanto tempo tinha passado quando ouviu a porta ranger, seguida pela
voz de Dax.
— Dix, pode me emprestar uma camisa? Nenhuma das minhas cabem
e Colt usa suas roupas muito apertadas. Estou tentando esconder minha
gravidez, não exibi-la. — Dix sentou-se e viu Dax de pé na porta, com as mãos
descansando em seu estômago dilatado. Sua boca estava aberta, enquanto
seus olhos corriam de Dix para Rowan. — Sinto muito. Não sabia que tinha
companhia. — Dax olhou para trás, em seguida, para seu estômago. — Acabei
de voltar de ver Phillip e preciso de um banho. Merda!
— Ele está grávido? — Rowan sentou-se ao lado de Dix, a cabeça
inclinada para o lado, enquanto olhava para Dax. Então levantou as mãos para
esfregar os olhos.
— É. — Dix balançou a cabeça e sorriu para seu irmão, em seguida,
virou-se para seu companheiro. — Acho que temos mais algumas coisas a
discutir.
— Aparentemente. — Rowan riu.
Dax pediu desculpas e os felicitou por seu acasalamento, saindo do
quarto. Dix se sentiu mal pelo irmão. Dax era muito tímido e não gostava de
ostentar sua gravidez. Dax estava feliz com o bebê, mas também sabia que o
fazia diferente e não queria que as pessoas o olhassem. Não poderia culpa
Rowan por olhar. Era uma visão bastante incomum ver um homem grávido de
sete meses.
Dix sugeriu que colocassem suas roupas de volta. Uma vez que
ambos estavam vestidos, sentaram-se na cama de Dix, as pernas estendidas
diante deles. Rowan não pressionou Dix a explicar e deu-lhe tempo para reunir
seus pensamentos.
— Você se lembra quando disse a você sobre os meus pais morrerem
e que termos que morar com uma família adotiva?
Rowan acenou com a cabeça.
— Bem, há mais nesta história do que te levei a acreditar. — Dix
cruzou os braços sobre o peito e apertou com força. — Veja, shifters e
caçadores nem sempre viveram amigavelmente. Não até alguns anos atrás,
quando o conselho dos caçadores mudou seus pontos de vista sobre shifters.
No passado, os caçadores matariam shifters sem nenhuma razão. Tinham a
crença que éramos mal. Foi essa crença que fez meus pais serem
assassinados. — As lembranças daquela noite passaram diante dele, como um
filme em câmara lenta. — Dax e eu tínhamos apenas quatro anos quando isso
aconteceu. Estávamos brincando em nosso quintal, quando me perdi na
floresta. Meu choro atraiu um caçador, que havia sido de rastreado minha
família. Ele ouviu meus gritos e me usou para atrair os meus pais para o
campo aberto e os matou, na minha frente e de Dax. — A picada familiar de
lágrimas ardentes queimou em seus olhos.
— E é por isso que parou de falar, não foi? — Rowan estendeu a mão
e colocou a mão na coxa de Dix, que um aceno afiado de sua cabeça. — Ah,
bebê. — Rowan se aproximou e colocou o braço sobre os ombros de Dix.
O aroma reconfortante de Rowan e seu corpo quente acalmaram Dix.
Impediu-o de cair aos pedaços.
— Os caçadores deram Dax e eu um médico. —Dix passou a mão sob
seu olho direito. — Dr. Granberg tinha um fascínio incomum com shifters.
Shifters curam mais rápido do que os humanos e queria empurrar os limites do
que nossos corpos, para saber o que éramos capazes de fazer, daí o meu
irmão grávido.
— Um médico fez isto com ele? — O rosto de Rowan endureceu. —
Isso é inacreditável. Claro, vejo o fascínio médico com o seu tipo, mas shifters
ainda são as pessoas. Não é direito experimentar com eles.
— Não é, mas é difícil ficar com raiva quando o meu irmão está
grávido do meu sobrinho. — Dix sorriu para Rowan. O bebê era a única coisa
boa a sair daquela casa de horrores.
— Então, você gosta de seu irmão grávido? — A testa de Rowan
franziu. — Você pode ficar grávido também?
— Não. — Dix balançou a cabeça. — O dr. Granberg tentou outras
coisas em mim. — Dix riscou nervosamente para seu braço. — Ele queria ver
se nossos cérebros eram capazes de aprender mais e a um ritmo mais rápido
do que os humanos. Costumava me amarrar a uma cadeira. Lembrava uma
cadeira de dentista. Ele me forçava a assistir vídeos. Era quase como se me
fizesse lavagem cerebral. Se fosse bem em seus testes, ele me recompensava
e se não o fizesse, ia me punir.
— Como ele punia? — A voz de Rowan era quase um sussurro e
apertou seu braço em seu ombro.
— Ele se recusava a me deixar ver Dax, negava-me alimento e, o pior
de tudo, foi quando me trancou num quarto escuro e me deixou lá por horas.
Sua crença era que poderia me condicionar a aprender.
— Oh, meu Deus... — Rowan beijou-o de leve no rosto. — Este
homem, Granberg, ainda está vivo?
— Não. — Dix se virou para olhar nos olhos de Rowan. — Dax o
matou quando Granberg lhe contou seu plano de experimentar em mais
shifters e fazer com eles o que tinha feito para nós.
— Bom. — O rosto de Rowan endureceu. — Estou feliz que está
morto. Não era um médico. Os médicos fazem um juramento para cuidar de
seus pacientes, não torturá-los. Caso aquele homem ainda estivesse vivo, eu
teria que caçá-lo e matá-lo.
— Você faria isso por mim? — Dix foi pego de surpresa pela reação de
Rowan.
— Eu faria qualquer coisa por você, Dix. — Rowan chutou uma perna
sobre os quadris de Dix e sentou-se, montando seu colo. — Eu te amo, Dixon
Garrett. — Rowan deu um suspiro de alívio e riu. — Eu realmente faria
qualquer coisa por você. Nos últimos cinco anos, apenas fui passando as
estações. Amo e sinto falta do meu irmão, mas essa tristeza quase me
consumiu. — Rowan se inclinou para descansar a testa na Dix do. — Mas,
saber da verdade sobre o que aconteceu com Fred e fazer as pazes com ele,
tirou um peso de meus ombros. — Rowan pressionou os lábios de Dix. — E
encontrar você, tão inesperado quanto foi, é a melhor coisa que me aconteceu.
Mesmo com seja um shifter lobo e tenha um irmão muito grávido. Estou
apaixonado por você, Dix, e isso nunca vai mudar.
— Bom. — Os olhos de Dix encheram de água e ele sorriu em meio às
lágrimas. — Porque somos uma família agora. Você é uma parte de minha
matilha.
— Eu não iria querer isso de nenhuma outra maneira.
Dix puxou Rowan mais perto e cobriu a boca com a sua. Tantas
coisas estavam prestes a mudar, não só na sua vida, mas na de Rowan, e era
tudo para melhor.

Epílogo

Dois meses mais tarde

— Você confia em mim, Dax? — Perguntou Rowan quando o ajudou a


deitar-se na cama do hospital.
— Tenho escolha? — Dax começou a rir. — Sei que é o único
obstetra. Então, sim, confio em você.
Rowan sorriu para seu cunhado. Fazia dois meses que tinha
oficialmente mudado para Silver Creek. Aceitou um emprego no hospital local,
para trabalhar na maternidade. Seus pais ficaram chocados com a decisão de
se afastar, mas uma vez que se encontraram Dix, entenderam. Não doeu que
gostassem imediatamente de Dix, que com sua boa aparência, personalidade
encantadora e carreira escolhida, se tornou querido para os pais de Rowan.
A transição da vida em Nova York para a vida em Silver Creek foi
bastante indolor. Dix estar ali fez tudo fácil. Não havia nada para ele em Nova
York, além de seus pais e, mesmo assim, não estavam muito longe.
Também foi bom conhecer os membros da matilha Nehalem. Não
demorou muito para que Dominic e Ryan se aproximassem dele. Eles e todos
os outros podiam ver que não era como seu irmão. Quando Rowan se mudou
para a cidade, trouxe alguns álbuns e até mesmo alguns vídeos caseiros de
seu irmão. Queria que essas pessoas vissem que o monstro que seu irmão
havia se tornado não era o homem que sempre fora. Não tinha certeza de
como os outros se sentiram sobre isso, mas o fazia se sentir melhor. Não
importava o que, sempre amaria Fred.
Uma vez que estava em Silver Creek, ele e Dix foram a caça de casa
e encontraram uma, depois de uma semana de procura. Dix ficou
desconfortável com Rowan pagando por tudo. Não queria se sentir como se
não estivesse contribuindo, mas Rowan somente riu. Mesmo se não fosse um
médico muito bem remunerado, tinha herdado um pouco grande fundo
fiduciário quando completou vinte e cinco anos, assim, dinheiro nunca seria um
problema para eles.
A casa que compraram não ficava longe da de Colt e Dax. Era ao
lado. Após os primeiros dias de caça de casa e discutindo sobre as que tinham
visto, o jovem casal que morava ao lado de Colt colocou sua casa no mercado
e Rowan ofereceu mais que o preço pedido e a compraram. O corretor de
imóveis teve o negócio fechado e os proprietários anteriores se mudaram em
quinze dias.
Rowan contratou a empresa de construção Carsten and Sons para
remodelar seu porão, transformando-o em uma clínica totalmente equipada,
com uma sala de cirurgia. Rowan, com a concordância de Dix, pensou que
seria bom ter um lugar na cidade em que shifters pudessem ir se estivessem
feridos. E não iria prejudicar estar preparado para o caso Dax ficar grávido
novamente.
— Então, relaxe. — Rowan passou a mão no muito grande estômago
de Dax. — Eu não iria deixar nada acontecer com você ou meu sobrinho. —
Rowan mal podia esperar para conhecer o rapazinho. Amava seu trabalho e
tinha entregado centenas de bebês, mas nunca um que significasse tanto para
ele.
— Obrigado, Rowan. — Dax levantou a mão para entrelaçar os dedos
com Rowan. — Por tudo.
Rowan acenou com a cabeça e se virou para buscar seus
suprimentos. Com Dax sendo um homem, não havia nenhuma outra forma
além de cortá-lo para remover o bebê, ele precisava de uma epidural.
Felizmente para eles, Phillip sabia como administrar a anestesia. Rowan tinha
assistido algumas enquanto estava na faculdade, mas não se sentia
confortável administrando uma em Dax.
— Você está pronto, Dr. Morris? — Phillip entrou na sala e sorriu para
Rowan. — Temos uma sala cheia de gente lá fora e estão esperando encontrar
este indivíduo pequeno.
— Estou pronto sempre que você estiver. — Rowan ficou de lado para
dar espaço a Phillip.
Ajudou Phillip com o que ele precisava e deixaram Dax agradável e
dormente. Por Dax ser um shifter, tinham que se mover rápido. O seu
metabolismo rapidamente tiraria o agente anestésico de seu corpo.
— Phillip foi chamar Colt e depois estaremos prontos para começar. —
Rowan puxou o cobertor para cima, para expor o estômago de Dax. Outra
coisa boa sobre shifters era que não havia motivo para preocupação com
infecção. — Está nervoso?
— Não. — Dax sorriu para ele. — Animado.
— Oh, meu Deus, não posso acreditar que isso está realmente
acontecendo. — Os olhos de Colt estavam arregalados e sua testa estava
salpicada de suor. Phillip acomodou Colt na cadeira ao lado da cabeça de Dax.
— Nós vamos ter um bebê.
— Eu sei. — Dax riu. — Estamos prestes a nos tornar pais. Que
loucura é essa?
— A única coisa louca é que você é um homem que tem um bebê. —
Rowan brincou.
— Então, muito verdadeiro. — Colt riu e levantou a mão para Rowan
bater.
— Ok, estão prontos? — Perguntou Rowan. Quando Dax e Colt
assentiram com a cabeça, começou a trabalhar.

*****
Dix caminhava para frente e para trás, uma e outra vez. Estava
animado, nervoso e preocupado. A matilha Nehalem toda estava em sua casa,
esperando a chegada de seu sobrinho.
— Dix, relaxe, homem. — Viktor se levantou para caminhar com ele.
— Seu companheiro é como um médico louco e inteligente de Nova York. Ele
tem isso, homem.
— Sim, eu sei, mas ainda estou preocupado com o meu irmão. — Dix
fechava e abria seu punho.
A vida nos últimos dois meses fora grande. Seu companheiro mudou-
se para Silver Creek, deixando sua vida em Nova York para trás, só para estar
com Dix.
Dix não tinha lhe pedido, mas Rowan disse que estava pronto para
um novo começo em algum lugar novo. Dois meses depois, lá estavam eles.
Seu companheiro estava se preparando para entregar o bebê de seu irmão.
— Ele vai ficar bem. — Viktor colocou a mão no ombro de Dix para
detê-lo. — Isto é, até que o garoto comece a falar e andar. Então, Colt e Dax
terão uma nova apreciação do sexo seguro.
Neste momento, dois dos membros mais jovens do bando, Lucas e
Boston, derrubaram uma lâmpada e começaram a lutar no chão. Os meninos
tinham apenas seis anos de idade, mas eram um punhado.
— Você, provavelmente, está certo. — Dix olhou para Viktor, que
estava balançando a cabeça, enquanto olhava para os meninos e a lâmpada
quebrada no chão.
O som de um bebê chorando fez Dix virar para a porta fechada, onde
seu irmão e seu companheiro estavam. O grito era alto e soava mais como um
animal ferido do que um pequeno bebê.
Uma lágrima caiu dos olhos de Dix. Sequer percebeu que começou a
chorar. Seu sobrinho estava ali, finalmente. Seus companheiros de matilha se
animaram com o som estranho e minúsculo.
Não demorou muito até que a porta se abriu e Rowan estava diante
dele, sorrindo. Ele acenou para Dix entrar na sala. Dax estava encostado na
cama, Colt sentado ao seu lado, com um pequeno embrulho em seus braços.
— Está pronto para conhecer nosso sobrinho? — Perguntou Rowan e
Dix acenou com a cabeça.
Aproximou-se do lado da cama e Dax sorriu para ele. Estendeu os
braços para Dix pegar o bebê. Dix não conseguia tirar o sorriso de seu rosto
quando puxou o bebê dormindo perto de seu peito. Seus punhos minúsculos
pequenos enrolados ao lado de seu rosto cor de rosa.
— Dix, diga Olá a Garrett Colten Perry. — Disse Colt antes de tirar
uma foto de Dix e o bebê Garrett.
— Você deu nosso nome a ele. — Dix olhou para Colt. — E o seu!
— Claro. — Os olhos de Dax brilharam com lágrimas. — Então, o que
acha?
— Ele é tão pequeno. — Dix olhou para Dax. — Ele é perfeito. Mamãe
e papai teriam adorado e o estragariam.
As lágrimas que Dax estava segurando escorriam pelo seu rosto e ele
disse um silencioso um ‘obrigado’ com seus lábios a Dix. Seus pais foram
embora, mas nunca foram esquecidos.
— Ele é lindo. — Rowan pôs o braço em volta da cintura de Dix e
chegou até a tocar o rosto do bebê. — O mais bonito bebê que já vi.
— Estou feliz que pensem assim. — Disse Dax pegando a mão de
Colt. — Porque Colt e eu queremos sejam seus padrinhos.
— Você está falando sério? — Perguntou Rowan, os olhos arregalados
quando olhou entre o bebê Garrett e Dax.
— Claro, Rowan. — Dax acenou com a cabeça. — Vocês são tios de
Garrett e sei que ambos irão amá-lo tanto quanto Colt e eu. Somos uma
família.
— O que diz, Rowan? — Dix cutucou seu companheiro no lado com
seu quadril. As mãos do bebê balançaram com a movimentação brusca. — Está
pronto para essa responsabilidade?
Dix inclinou-se e beijou Rowan nos lábios. Amava muito seu
companheiro e um dia esperava ter um filho seu, mas, até então, estava feliz
de ser o melhor tio do mundo para Garrett.
— Mais do que você jamais saberá. — Rowan se inclinou e deu um
beijo rápido em Dix, depois beijou a cabeça do bebê.
Após cerca de 30 minutos de Dix e Rowan segurarem o bebê,
acharam melhor deixar que os outros dessem uma olhada para ver o bebê
milagre. Com o quarto cheio, Dix levou Rowan pela mão e o levou para fora da
sala.
— Que dia. — Dix pôs os braços ao redor da cintura de Rowan e
puxou-o para perto.
— Diz isto para mim? — Rowan levantou-se para beijar Dix. — Mas foi
um grande dia.
— Sim, foi. — Dix esfregou o nariz no rosto de Rowan. — Mal posso
esperar até o dia em que seguraremos nosso bebê. — Dix recostou-se longe o
suficiente para ver o rosto de Rowan e avaliar sua reação. — O que pensa
sobre isso?
Rowan parecia um pouco chocado e sua boca abriu e fechou algumas
vezes. Suas mãos apertaram nos ombros de Dix e, então, finalmente um
sorriso dividiu seu rosto.
— Se há alguém no planeta com quem eu gostaria de ter um bebê, é
você. Então, se está me perguntando se quero ter filhos algum dia, então, sim,
eu quero. — Rowan fez uma careta para ele. — Só não da maneira que Dax
acabou de fazer.
— Concordo. — Um calafrio percorreu as costas de Dix com o
pensamento de passar por aquilo que seu irmão teve de suportar durante nove
longos meses. Estava perfeitamente bem adotando ou mesmo usando uma
substituta.
— Como é que tive tanta sorte de encontrá-lo? — Rowan perguntou
enquanto seus dedos brincavam com o cabelo de Dix.
— Eu sou o sortudo, Rowan. Eu te amo.
— Não tanto quanto te amo, mas sinta-se livre para me dizer uma e
outra vez. — Rowan riu. — Nunca vou cansar de ouvir essas palavras vindo de
você.
Dix silenciou a risada de Rowan com outro beijo. Sorriu quando caiu
no calor familiar do amor de seu companheiro. Dix nunca acreditou que iria
encontrar essa felicidade, mas encontrou. Dei um monte de trabalho e teve
que passar por tempos difíceis para chegar até ali, mas faria tudo de novo só
para ter Rowan em seus braços. A vida nunca foi perfeita, mas quando algo
bom caia no colo de uma pessoa, era melhor não questionar.

FIM

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