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CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO
DA COVID-19 NO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO
Setembro - 2021
Secretário de Estado de Saúde do Rio de Janeiro - SES-RJ
Alexandre Otavio Chieppe
Colaboradores
Grupo Técnico Corona UFRJ
Assessoria de Comunicação Social e Visual
Revisão
Simone Intrator - Assessoria de Comunicação Social e Visual
Na terceira onda de aumento dos casos de COVID-19 no estado do Rio de Janeiro, que
ocorreu entre março e abril de 2021, com um repique na SE 19 (09/05 a 15/05 de 2021)
e posterior estabilização na redução de casos, observou-se um padrão com o registro de
um repique após ocorrência do pico da onda, também apresentado nas primeira e segun-
da ondas da pandemia no estado, que ocorreram no ano de 2020.
Fonte: e-SUS e SIVEP-Gripe, SES/RJ, dados atualizados em 13 de setembro de 2021*, sujeitos à revisão.
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Fonte: e-SUS e SIVEP-Gripe, SES/RJ, dados atualizados em 13 de setembro de 2021*, sujeitos à revisão.
Quanto ao perfil dos óbitos de COVID-19 segundo situação vacinal no estado, observa-se
na Figura 4 que na SE 13 (28/03 a 03/04 de 2021), momento de pico da terceira onda,
houve menor número de óbitos (linha verde) em pessoas com esquema completo de
imunização (duas doses). Reforçando, portanto, a importância do esquema vacinal com-
pleto para redução no risco de evoluir para óbito. No entanto, em torno da SE 27 (04/07 a
10/07 de 2021), é possível observar um aumento de óbitos em pessoas com imunização
completa, apontando para a necessidade de reforço.
A Figura 5 corrobora para o que já foi observado acima, em que se observa a faixa etá-
ria e o status vacinal dos pacientes que evoluíram para óbito, considerando vacinados os
que receberam pelo menos uma dose. Na faixa etária mais avançada, de pessoas com
idade a partir de 80 anos, observa-se uma maior proporção de óbitos entre vacinados. É
importante ressaltar que pessoas com 80 anos e mais foram as primeiras a se vacinarem,
estando a maioria com esquema completo em março e abril de 2021. No entanto, devido
à imunossenescência (redução da resposta imunológica ao imunizante), é esperado que
nessa faixa etária ocorra redução da resposta vacinal com o passar do tempo, reiterando
a necessidade de um reforço. A qualidade da informação do campo sobre o registro da si-
tuação vacinal no SIVEP-Gripe apresenta uma expressiva falta de informação, mantendo
uma média de 64% de falta de informação vacinal entre os óbitos, independentemente
da faixa etária.
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Figura 5 – Proporção de óbito por COVID-19, segundo situação vacinal e faixa etária,
estado do Rio de Janeiro, ano 2021*.
A Figura 6 mostra o número de pessoas que evoluíram para óbito por faixa etária, segun-
do a vacina administrada. É possível observar que o número de pessoas internadas que
tomaram Coronavac é majoritariamente de maiores de 60 anos, enquanto que as pes-
soas que tomaram Astrazeneca estão mais distribuídas nas faixas etárias mais baixas e
com menor representatividade entre os que têm acima de 70 anos. A vacina Coronavac
foi o primeiro imunobiológico disponível e usado prioritariamente nas faixas etárias mais
avançadas e outros grupos, como trabalhadores da saúde. A Figura 6 também mostra
que os óbitos (barra azul) aumentaram conforme aumento da faixa etária.
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Fonte: Banco SIVEP-Gripe, SES/RJ, dados obtidos em 13 de setembro de 2021*, sujeitos à revisão.
Para uma avaliação da chance de evoluir para o óbito, foi ajustado um modelo univariado
(apenas considerando o laboratório fabricante da vacina) e um modelo múltiplo (incluin-
do além do laboratório a faixa etária dos pacientes) através de um modelo de regressão
logística. Para análise, foi considerado um intervalo de confiança de 95%.
Assim, analisando a razão de chances para evoluir a óbito, considerando o fator idade
isolado, independentemente da vacina recebida, observou-se que a idade continua sendo
o principal fator de risco para óbito por COVID-19, havendo 4,85 (OR=5,85;IC95%:2.76
– 13.96) vezes mais chances de morrer em pessoas com idade entre 60 e 69 anos; 5,78
(OR=6,78;IC95%:3.24 – 16.02) vezes mais chances de morrer em pessoas entre 70 e 79
anos; e 10,1 (OR=11,1;IC95%:5.32 – 26.24) vezes mais chances de morrer em pessoas a
partir de 80 anos, em comparação com pessoas menores de 50 anos.
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Tabela 1 – Razão de chances (Odds Ratio) de óbitos por COVID-19 segundo a vacina
administrada e a faixa etária, estado do Rio de Janeiro, ano 2021*.
3. MONITORAMENTO DAS
VARIANTES CIRCULANTES
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A epidemia de SARS-CoV-2 no Brasil durante a maior parte de 2020 foi dominada por
duas linhagens designadas como B.1.1.28 e B.1.1.33 que, provavelmente, surgiram no país
em fevereiro de 2020. A partir de mutações na B.1.1.28 foram geradas as variantes Gama
(P.1) e P.2. A linhagem P.1 é considerada uma variante de preocupação (VOC), enquanto a
linhagem P.2 é considerada uma variante de interesse (VOI). Recentemente, a B.1.1.28 foi
renomeada para P.5, fato esse que causou grande repercussão, mas que não significou o
surgimento de mais uma variante. Em maio, a variante Indiana, Delta (B1.617.2), foi identi-
ficada como de transmissão autóctone.
No mês de junho, a variante Delta passa ser a segunda variante mais prevalente no esta-
do do Rio de Janeiro. Em julho, observa-se um menor número de amostras sequenciadas
identificadas como P.1 quando comparado com a variante Delta. Foram 268 amostras de
P.1 e 395 de Delta (B.1.617.2; AY.12; AY.23 e AY.40). Em agosto, podemos observar uma re-
dução ainda maior das amostras sequenciadas de P.1 (percentual 6,48%) e um aumento
da Delta (percentual de 79,63%) (Tabela 3).
Variantes Maio Junho Julho Agosto Total Maio Junho Julho Agosto
AY.12 0 0 1 0 1 0,00 0,00 0,13 0,00
AY.23 0 0 0 1 1 0,00 0,00 0,00 0,93
AY.4 0 1 163 24 188 0,00 0,09 21,70 22,22
B.1 0 0 14 0 14 0,00 0,00 1,86 0,00
B.1 0 0 0 1 1 0,00 0,00 0,00 0,93
B.1.1 0 0 5 0 5 0,00 0,00 0,67 0,00
B.1.1.119 0 0 0 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00
B.1.1.130 0 0 0 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00
B.1.1.222 0 0 0 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00
B.1.1.279 0 0 0 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00
B.1.1.28 2 0 1 6 9 0,28 0,00 0,13 5,56
B.1.1.33 0 4 3 2 9 0,00 0,35 0,40 1,85
B.1.1.525 0 1 0 0 1 0,00 0,09 0,00 0,00
B.1.1.7 10 6 3 0 19 1,41 0,53 0,40 0,00
B.1.1.94 0 0 0 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00
B.1.1.97 0 0 0 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00
B.1.617.2 1 102 231 61 395 0,14 9,03 30,76 56,48
B.1.621 0 1 0 0 1 0,00 0,09 0,00 0,00
N.1 0 0 0 1 1 0,00 0,00 0,00 0,93
N.2 0 0 0 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00
N.9 0 0 0 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00
P.1 661 957 268 7 1893 93,10 84,77 35,69 6,48
P.1.1 1 18 21 0 40 0,14 1,59 2,80 0,00
P.1.2 31 33 13 0 77 4,37 2,92 1,73 0,00
P.1.4 0 0 5 0 5 0,00 0,00 0,67 0,00
P.1.7 0 1 6 0 7 0,00 0,09 0,80 0,00
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Variantes Maio Junho Julho Agosto Total Maio Junho Julho Agosto
P.1.7 0 0 0 1 1 0,00 0,00 0,00 0,93
P.1.8 0 0 15 2 17 0,00 0,00 2,00 1,85
P.1.9 0 0 0 2 2 0,00 0,00 0,00 1,85
P.2 4 1 0 0 5 0,56 0,09 0,00 0,00
P.4 0 1 2 0 3 0,00 0,09 0,27 0,00
P.4 0 1 0 0 1 0,00 0,09 0,00 0,00
P.5 0 2 0 0 2 0,00 0,18 0,00 0,00
Total
Geral 710 1129 751 108 2698 100,00 100,00 100,00 100,00
A vacinação completa foi um importante fator para reduzir óbitos nas faixas etárias mais
avançados no momento do pico da terceira onda, ocorrida no final de abril e maio de 2021.
No entanto, a partir de julho, observamos um aumento na proporção de óbito nas faixas
etárias mais elevadas (>60 anos), mesmo entre os vacinados. Esse resultado reitera a ne-
cessidade da aplicação da dose de reforço entre os mais velhos, pois esse grupo é afetado
pela imunossenescência, responsável pela redução da resposta imunológica ao imuni-
zante. Também é importante avaliar que esse grupo foi um dos primeiros a tomarem a
vacina e que a redução da efetividade da vacina ao longo do tempo já foi evidenciada.