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Elementos de Química Geral VOL 1 PDF
Elementos de Química Geral VOL 1 PDF
2ª edição
Apoio:
Fundação Cecierj / Consórcio Cederj
Rua Visconde de Niterói, 1364 – Mangueira – Rio de Janeiro, RJ – CEP 20943-001
Tel.: (21) 2299-4565 Fax: (21) 2568-0725
Presidente
Masako Oya Masuda
Vice-presidente
Mirian Crapez
Material Didático
ELABORAÇÃO DE CONTEÚDO Departamento de Produção
Edilson Clemente
EDITORA PROGRAMAÇÃO VISUAL
COORDENAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO
Tereza Queiroz Alexandre d'Oliveira
INSTRUCIONAL
Bruno Gomes
Cristine Costa Barreto COPIDESQUE Marcelo Carneiro
DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL Cristina Maria Freixinho Renata Borges
E REVISÃO REVISÃO TIPOGRÁFICA ILUSTRAÇÃO
Zulmira Speridião Elaine Bayma Fabiana Rocha
Roberto Paes de Carvalho Patrícia Paula
CAPA
COORDENAÇÃO DE LINGUAGEM COORDENAÇÃO DE Fabiana Rocha
Maria Angélica Alves PRODUÇÃO
Cyana Leahy-Dios Jorge Moura PRODUÇÃO GRÁFICA
Andréa Dias Fiães
COORDENAÇÃO DE AVALIAÇÃO DO
Fábio Rapello Alencar
MATERIAL DIDÁTICO
Débora Barreiros
AVALIAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO
Ana Paula Abreu Fialho
Aroaldo Veneu Copyright © 2005, Fundação Cecierj / Consórcio Cederj
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio
eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Fundação.
C626e
Clemente, Edilson.
Elementos de química geral. v. 1 / Edilson Clemente.
– 2.ed. – Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2008.
189p.; 19 x 26,5 cm.
ISBN: 978-85-7648-385-4
Governador
Sérgio Cabral Filho
Universidades Consorciadas
Meta da aula
Descrever a evolução histórica da Química, até o
século XVIII, como determinante na constituição
desta ciência.
objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
8 CEDERJ
O domínio do fogo, que o homem conhecia mas não controlava,
1
permitiu a produção de grande variedade de utensílios e ferramentas. O
AULA
homem aprendeu a extrair e a trabalhar o cobre, o bronze e o ferro. Por
conseqüência, as comunidades que sabiam trabalhar os metais assumiram
a liderança sobre as demais.
Em um salto histórico, estamos agora por volta de 4000-3000
a.C. No Oriente Próximo (onde hoje estão o Egito, a Síria, a Turquia, o
Líbano e Israel), bem como na China e na Índia, florescem as primeiras
grandes civilizações. Dentre elas, a egípcia foi a que mais influenciou a
humanidade nos tempos antigos.
Nos séculos seguintes, os egípcios trabalharam o ferro, o ouro,
a prata e outros metais. Ainda fabricaram o vidro, produziram tintas e
pigmentos para pintura de ambientes, papiro para a escrita, aprenderam
a curtir o couro e extrair corantes, medicamentos e perfumes das plantas,
fabricaram bebidas fermentadas e aprenderam a produzir sabão e
vinagre. Não podemos esquecer que os egípcios dominavam a técnica
da mumificação e, para tal, utilizavam resinas especiais, provavelmente
extraídas de plantas e misturadas com matérias do reino animal. Esta
técnica tinha a função de preservar o corpo do morto por longo período,
e nela atingiram níveis de perfeição admirados até hoje.
A tecnologia egípcia foi absorvida, difundida e, algumas vezes,
aprimorada pelos outros povos da Antiguidade. Entretanto, é importante
assinalar que o conhecimento adquirido por esses povos era totalmente
empírico, ou seja, baseado na experiência do dia-a-dia. Não havia registro
de uma preocupação sistemática com o estudo da natureza da matéria
e de suas propriedades até cerca de 500-400 a.C., quando os gregos
desenvolveram os primeiros modelos para explicar como são formadas
as substâncias presentes na Natureza.
CEDERJ 9
Elementos de Química Geral | Evolução da Química: da Pré-história a Lavoisier
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
Você vai descobrir que o vidro é feito com uma das matérias-primas
mais baratas que podemos encontrar na Natureza: a areia. Esta é,
essencialmente, formada por silicatos de sódio e alumínio. O vidro
colorido é obtido pela adição de óxidos de ferro, cobre, cromo, cobalto
ou manganês. A engenhosidade do homem em manipular os materiais
que a Natureza oferece é o segredo de sua evolução neste planeta.
10 CEDERJ
A ALQUIMIA E A IATROQUÍMICA
1
ALQUIMIA
AULA
A ALQUIMIA era uma “arte secreta” na qual se misturavam idéias Palavra derivada
do árabe al-kımıá,
¯ ¯
de magia e práticas químicas. Os primeiros registros são em Alexandria que por sua vez
originou-se do
e apresentam forte inspiração filosófica da teoria dos quatro elementos, grego chymeıa,
¯
defendida por Aristóteles. A alquimia perdeu prestígio na Europa por volta cujo significado é
“mistura de vários
de 292 d.C., devido à destruição de muitos escritos guardados em Alexandria, ingredientes”.
12 CEDERJ
Paracelso, cujo nome verdadeiro é Philippus Aureolus Theophrastus
1
IATROQUÍMICA
Bombastus von Hohenmheim, dedicou boa parte de sua vida ao preparo
AULA
Doutrina médica
de medicamentos extraídos das plantas e dos outros reinos da Natureza. reinante no
século XVI que
Com ele, as artes mágicas da alquimia, já em declínio, adquiriram um pretendia explicar
os fenômenos
caráter mais científico. A alquimia praticada por Paracelso e seus
fisiológicos pelas
seguidores foi chamada I A T R O Q U Í M I C A . leis da Química.
CEDERJ 13
Elementos de Química Geral | Evolução da Química: da Pré-história a Lavoisier
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
Você precisa conhecer algumas propriedades dos materiais
apresentados no texto. Felizmente são comuns, fazem parte do nosso
dia-a-dia. O enxofre é um sólido amarelo e opaco, que se quebra com
muita facilidade; a sua queima produz o dióxido de enxofre (SO2), um
gás muito tóxico e que pode levar até à formação de ácido sulfúrico na
atmosfera. O mercúrio é o único metal líquido à temperatura ambiente:
é usado nos termômetros. O ácido sulfúrico é uma substância altamente
corrosiva, com inúmeras aplicações em laboratório e indústria. O ouro
é um metal de cor amarelo brilhante utilizado na fabricação de jóias e
em partes de alguns instrumentos de precisão. b, c, e, d, a.
14 CEDERJ
na implantação do método científico de investigação em Química. Suas
1
experiências com gases marcaram, para muitos, o início da Química
AULA
moderna.
!
As experiências de Boyle com os gases o levaram a formular a lei de Boyle, que diz ser a
pressão (p) de um gás inversamente proporcional ao seu volume (V) se a temperatura (T)
for constante. A forma matemática desta lei é pV = C, T constante, na qual a constante
C depende apenas da temperatura. A determinação de C levou à famosa equação dos
gases perfeitos: pV = nRT.
16 CEDERJ
Com isso, podemos ver que a história desta ciência vai muito além de
1
uma simples história. Vamos parar por aqui!
AULA
Faça a Atividade Final para “fechar” esta breve introdução do
curso.
ATIVIDADE FINAL
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
A teoria do flogisto foi uma tentativa de explicar os processos de combustão
dos materiais. Uma dificuldade observada foi que a massa do material
queimado era, muitas vezes, maior que a do material original. Este é o caso
da oxidação de um metal. Na reação dada, um metal se transforma em seu
óxido pela ação do oxigênio do ar. Se você pesar o material antes e depois
da combustão, verá que o material oxidado tem massa maior que o metal
puro. Se houvesse perda do flogisto do metal, o material queimado deveria
ficar mais leve, o que entra em contradição com os resultados experimentais
e mostra a inconsistência da teoria do flogisto.
CEDERJ 17
Elementos de Química Geral | Evolução da Química: da Pré-história a Lavoisier
RESUMO
18 CEDERJ
2
AULA
Evolução da Química: de
Lavoisier até os dias atuais
Metas da aula
Apresentar os principais períodos da evolução da
Química, desde Lavoisier até os dias atuais.
Descrever o modelo atômico de Dalton.
objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
Pré-requisito
Para acompanhar esta aula, você deverá rever
o percurso histórico que foi apresentado na
Aula 1 desta disciplina.
Elementos de Química Geral | Evolução da Química: de Lavoisier até os dias atuais
INTRODUÇÃO Vimos na aula anterior que, ao final do século XVIII, as bases científicas da
Química foram estabelecidas, dando a ela o status de ciência exata. O químico
francês Antoine Lavoisier foi fundamental neste processo. Graças a ele, as leis
das combinações químicas ficaram bem estabelecidas, permitindo que, no início
do século XIX, John Dalton propusesse o primeiro modelo atômico consistente
com os dados experimentais disponíveis na época. A partir daí, um crescimento
impressionante de técnicas de análise e síntese de compostos químicos marcou
os séculos XIX e XX. Nesta aula, você vai acompanhar o notável desenvolvimento
da Química, tanto na parte experimental quanto teórica, desde o final do século
XVIII até os dias atuais.
LAVOISIER E DALTON
20 CEDERJ
Além da lei da conservação da massa, podemos destacar como
2
contribuições de Lavoisier:
AULA
a) a definição precisa de elementos químicos e sua descrição;
b) a descrição dos compostos químicos formados pelas
combinações entre os elementos;
c) a primeira nomenclatura sistemática dos compostos inorgânicos,
usando seus elementos constituintes;
d) a composição quantitativa dos compostos pelo uso de balanças
de precisão;
e) medições quantitativas das propriedades térmicas dos
elementos, dos compostos e das reações entre eles, pela construção e
uso de calorímetros.
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
Você deve desenhar inicialmente duas esferas pequenas unidas para
representar a molécula de H2, e três esferas unidas para representar
o dióxido de carbono. A forma como você vai unir as três esferas
mostra se você percebe ou não como o carbono se liga aos átomos
de oxigênio. A forma correta é colocar a esfera do carbono no centro
e as esferas dos oxigênios uma em cada lado, com as três esferas em
linha reta. Em seguida, você deve representar os produtos da reação.
Para a água, faça como no CO2 , com o átomo de oxigênio no centro.
A rigor, há um ângulo diferente de 180° entre as ligações O-H. Para
entender mais sobre a geometria de moléculas, aguarde a Aula 11.
A representação do CO é simples: duas esferas unidas representando
a ligação C=O.
22 CEDERJ
A QUÍMICA DO SÉCULO XIX
2
E S P E C T RO S C O P I A
AULA
Os avanços tecnológicos ocorridos no século XIX – pelo É o estudo da
luz absorvida
desenvolvimento das máquinas térmicas, pelo domínio da eletricidade, ou emitida pelos
corpos sólidos,
pela melhora de equipamentos ópticos de precisão e pelos estudos sobre líquidos ou gasosos.
o magnetismo – permitiram a descoberta de muitos novos elementos POLARIMETRIA
químicos. Também, graças a esses avanços, houve grande progresso na É o estudo do
desvio do plano
caracterização de compostos por técnicas não só puramente químicas, da luz polarizada
quando atravessa
mas também por determinações ESPECTROSCÓPICAS , POLARIMÉTRICAS E
uma substância
ELETROQUÍMICAS. quiral (nos
compostos
Talvez a melhor forma de ilustrar a importância dos acontecimentos orgânicos, é a que
apresenta carbono
ocorridos naquele século, na área da Química, seja traçar uma pequena assimétrico).
cronologia em que vamos destacar alguns eventos, bem como os químicos ELETROQUÍMICA
que os produziram. Acompanhe esta cronologia na Tabela 2.1 a seguir: É o estudo dos
efeitos da passagem
de uma corrente
Tabela 2.1: Alguns eventos importantes na área da Química no século XIX elétrica sobre
sólidos inorgânicos
Ano Evento e orgânicos,
líquidos puros ou
Humphrey Davis utilizou células eletrolíticas na decomposição de
1801 soluções.
compostos
1803 Jön Berzelius realiza a decomposição eletrolítica de sais
1807 Humphrey Davis obtém sódio e potássio por eletrólise
Amedeo Avogadro estabelece que volumes iguais de gases diferentes
1811
têm o mesmo número de partículas
Jean-Baptiste Biot descobriu que a luz tem seu plano de propagação
1813 girado ao atravessar uma placa de quartzo e a seguir uma solução de
sacarose
Jön Berzelius calcula fórmulas de compostos orgânicos a partir de
1815
dados analíticos experimentais
Franz Wöhler converteu o cianato de amônio em uréia, realizando
1828 assim a primeira síntese de um composto orgânico a partir de um
inorgânico
Michael Faraday expôs as leis da eletrólise e estabeleceu a
1833
nomenclatura ainda hoje usada em eletroquímica
Thomas Graham explicou a lei da efusão dos gases em pequenos
1846
orifícios
Stanislao Cannizzaro mostrou a diferença entre pesos atômicos e
1858
moleculares
Friedrich Kekulé definiu a química orgânica como a química dos
1861
compostos do carbono
Robert Bunsen e Gustav Kirchhoff descobriram o césio e o rubídio por
1861
técnicas espectroscópicas
Dimitri Mendeleev criou o sistema de classificação periódica dos
1869
elementos.
Jacobus van’t Hoff demonstrou que as quatro ligações do carbono
1874
estão distribuídas em forma de tetraedro
Svante Arrhenius demonstrou que os eletrólitos se dissociam em íons,
1884 átomos ou grupos de átomos que transportam carga elétrica positiva
ou negativa
1896 Henri Becquerel descobre a radioatividade
1897 Joseph John Thomson descobre o elétron
CEDERJ 23
Elementos de Química Geral | Evolução da Química: de Lavoisier até os dias atuais
24 CEDERJ
2
AULA
Figura 2.4: Aparelhos de ressonância magnética são hoje amplamente utilizados na
área médica para diagnóstico.
Ano Evento
CEDERJ 25
Elementos de Química Geral | Evolução da Química: de Lavoisier até os dias atuais
Max Von Laue mostrou que os cristais eram compostos por camadas
1912
regulares e repetidas de átomos, através da difração de raios X
Henry Moseley elaborou a tabela periódica baseada no número
1914
atômico, que ele igualou à carga positiva do núcleo de um átomo
Gilbert Lewis explicou a ligação covalente como sendo uma
1916
distribuição dos elétrons
Erwin Schrödinger estabeleceu o modelo dos orbitais para o átomo de
1925
hidrogênio
Heitler e London descrevem a formação da molécula de hidrogênio à
1927
luz da mecânica quântica
Arne Tiselius inventou a eletroforese, que separa partículas em
1930
suspensão em um campo elétrico
!
A observação feita após a Tabela 2.1 vale também para as informações contidas nesta
tabela: você não precisa se preocupar em entender o significado de todos os termos
que aparecem; muitos deles são altamente especializados e sua interpretação foge aos
objetivos do nosso curso.
26 CEDERJ
ATIVIDADE
2
AULA
2. A diversidade de conhecimento químico atual e a interdisciplinaridade
geraram uma série de subdivisões na área de Química. Descubra do que
tratam as seguintes subáreas da Química e descreva, de forma sucinta,
suas aplicações:
a) Bioeletroquímica
b) Química Marinha
c) Química Forense
d) Geoquímica
e) Petroquímica
RESPOSTA COMENTADA
Você encontrará facilmente o significado destas importantes áreas
de conhecimento, nas quais a Química e outras ciências têm uma
importante interface. A Bioeletroquímica se ocupa do estudo dos
princípios e aplicações da Eletroquímica nos processos biológicos. A
Química Marinha está voltada para a análise de materiais encontrados
no mar; tem um forte componente voltado ao meio ambiente. A Química
Forense está ligada às análises químicas e determinações de substâncias
em locais onde ocorreram fatos que podem estar relacionados a delitos.
Ambas são ramos da Química analítica. Finalmente, a Geoquímica e
a Petroquímica fazem a interface da química com as geociências. Na
Geoquímica, estuda-se a composição química e processos químicos
que ocorrem no globo terrestre; um ramo especial desta ciência é a
química do petróleo (Petroquímica).
CONCLUSÃO
CEDERJ 27
Elementos de Química Geral | Evolução da Química: de Lavoisier até os dias atuais
RESUMO
28 CEDERJ
3
AULA
Propriedades gerais
da matéria
Meta da aula
Metas
Caracterizar elementos, substâncias simples e compostas e misturas.
Descrever os estados físicos da matéria.
Descrever as unidades fundamentais do Sistema
Internacional e aplicá-las na determinação de propriedades
fundamentais da matéria.
objetivos
Pré-requisitos
É importante você rever os modelos de constituição
da matéria descritos nas Aulas 1 e 2. Isso vai ajudar
a compreender os conceitos expostos na primeira
parte desta aula.
Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria
INTRODUÇÃO Você já aprendeu que a Química é a ciência que trata das propriedades e das
transformações da matéria. Agora, vamos especificar algumas propriedades
fundamentais da matéria e os tipos de transformações que vamos abordar
ao longo de nosso curso. Você vai aprender a distinguir os estados físicos
da matéria pelas suas características mais fundamentais. Vamos também
introduzir nesta aula conceitos importantes que permitem distinguir as
substâncias puras das misturas, e caracterizar as propriedades destas. Você
vai conhecer também as unidades utilizadas na determinação das propriedades
fundamentais da matéria. Através delas, as unidades de qualquer propriedade
podem ser obtidas.
Definição de matéria
MASSA
Massa é uma
medida do quão
difícil é começar o
movimento de um
corpo ou mudar
a sua velocidade. Figura 3.1: O peixe, o copo com água e o planeta Saturno são formados por matéria.
Esta definição de
massa é puramente
operacional e vem
das leis de Newton, A MASSA é, para um dado corpo, constante e independente do local
que você aprendeu da
Física elementar. A onde o corpo se encontra. Você deve distinguir claramente a massa de
massa é propriedade um corpo de seu peso. O peso de um corpo é uma medida da força de
intrínseca da matéria
e não pode ser atração da gravidade sobre ele e depende do valor da força gravitacional.
definida senão pelos
efeitos que causa em Um mesmo objeto na Terra e na Lua tem pesos diferentes, embora sua
outros corpos.
massa seja a mesma.
30 CEDERJ
!
3
O valor do peso P de um corpo de massa m é dado por
AULA
P = mg
Em que g é a aceleração provocada pelo campo gravitacional. Na Terra,
g = 9,8 m/s2 ao nível do mar e a 45° de latitude. O valor de g muda em relação
à altura e à latitude.
!
Atente agora para as seguintes definições:
Um elemento químico é uma substância que não pode ser decomposta em
substâncias mais simples por processos físicos ou químicos comuns.
Um átomo é a menor unidade de um elemento que detém suas propriedades.
Uma molécula é uma unidade química que contém dois ou mais átomos unidos
por ligações químicas.
CEDERJ 31
Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria
ATIVIDADE
Frasco 1 2 3 4
Azeite e
Conteúdo Etanol Água e açúcar
água
Iodo
RESPOSTA COMENTADA
Você deve ter em mente as definições dadas no tópico que prece-
de esta atividade para bem desenvolvê-la. Lembre-se de que uma
substância pura é formada por átomos ou moléculas de uma só
espécie química; ela é elementar se só existe um elemento em sua
constituição, e composta se é formada por mais de um elemento
diferente. As misturas contêm mais de uma espécie química. São
homogêneas se têm aspecto e composição uniforme; caso contrário,
são heterogêneas. Assim, o conteúdo do frasco I é o de uma subs-
tância pura cujas moléculas são formadas por átomos de carbono,
hidrogênio e oxigênio; trata-se de um composto puro (B). O frasco
II contém uma mistura de dois compostos: a água (formada por
átomos de hidrogênio e oxigênio) e a sacarose (formada por áto-
mos de carbono, hidrogênio e oxigênio); como o açúcar é solúvel
32 CEDERJ
3
em água, o frasco II contém uma mistura homogênea ou solução (C).
AULA
O azeite e a água também formam uma mistura de dois compostos.
Entretanto, o azeite não se dissolve na água; temos, então, uma mistura
heterogênea no frasco III (D). Finalmente, o conteúdo do frasco IV é
o de uma substância pura formada por átomos do mesmo elemento
químico. Trata-se de uma substância elementar pura.
CEDERJ 33
Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
Embora esta tarefa seja muito simples, é importante que você
observe os detalhes de cada quadro da Tabela Periódica. Ele
apresenta o símbolo químico e nome do elemento considerado,
além de um número acima (o número atômico) e um número abaixo
(a massa atômica) no mesmo quadro. Na Aula 6, estudaremos
detalhadamente a estrutura desta tabela.
ESTADOS DA MATÉRIA
Figura 3.2: Os cristais hexagonais do gelo têm uma arrumação regular e definida,
que dão forma e volume definidos ao gelo.
34 CEDERJ
Existem dois tipos de sólidos, em função da diferença no arranjo das
3
partículas que eles contêm. Nos sólidos amorfos, as partículas estão presas
AULA
em um padrão orientado ao acaso. Nos sólidos cristalinos, as partículas
formam estruturas tridimensionais com padrão ordenado e regular. Nestas
estruturas, as partículas vibram em torno de suas posições de equilíbrio na
rede cristalina. Quando a temperatura é baixa, as vibrações são pequenas.
O aumento da temperatura faz aumentar a amplitude dessas vibrações até
que, no ponto de fusão do sólido, a rede cristalina se rompe.
!
Como exemplos de sólidos amorfos temos o vidro e os plásticos. Os metais são
sólidos cristalinos, assim como o gelo, o açúcar (sacarose) e o sal de cozinha
(cloreto de sódio). A rede cristalina do NaCl, por exemplo, tem o aspecto ilus-
trado na Figura 3.3. Nela as esferas pequenas são átomos de Na,e as maiores,
de Cl. Você pode observar o rigoroso ordenamento dos átomos na rede.
CEDERJ 35
Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria
Figura 3.5: Em um gás, as moléculas estão muito separadas umas das outras.
!
Lembre-se da Aula 1: pela lei de Boyle, a pressão de um gás é inversamente
proporcional ao volume do recipiente que o contém, se a temperatura for
constante. Um cilindro de oxigênio, por exemplo, contém o gás a alta pressão;
se abrirmos a válvula do cilindro para a atmosfera, o gás escapa e vai ocupar um
volume muito maior, pois a pressão a que ele estará submetido é bem menor.
36 CEDERJ
Tabela 3.2: Algumas propriedades da água, do hidrogênio e do oxigênio à
3
temperatura ambiente
AULA
Substância Água Hidrogênio Oxigênio
Estado Líquido Gasoso Gasoso
Densidade (g/mL) 1,00 0,84 x 10 -3
1,33 x 10-3
Ponto de fusão (°C) 100 -253 - 183
Inflamável? Não Sim Não
UNIDADES DE MEDIDA
!
Se você medir a distância entre dois pontos, por exemplo, e não especificar
a unidade, não saberemos se esta distância é em metros, centímetros ou
quilômetros.
CEDERJ 37
Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria
!
Lembre-se de que a notação exponencial é utilizada para não carregarmos
uma quantidade exagerada de zeros. Assim, 10n (n positivo) indica que
temos n zeros após o número 1. Já 10-n indica que temos n zeros antes do
número 1, sendo o primeiro deles seguido de vírgula. Por exemplo, 103 = 1000
e 10-3 = 0,001.
38 CEDERJ
Tabela 3.4: Prefixos mais utilizados no sistema métrico
3
AULA
Prefixo Símbolo Significado
giga G 109
mega M 106
quilo K 103
deci D 10-1
centi C 10-2
mili M 10-3
micro µ 10-6
nano n 10-9
pico p 10-12
femto f 10-15
!
Observe que a escolha do quilograma como unidade de massa não é usual,
pois esta unidade é um múltiplo do grama. Em muitas situações práticas, o
grama é usado ao invés do quilograma.
CEDERJ 39
Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria
ATIVIDADE
3.
a) O diâmetro de um glóbulo branco do sangue mede cerca de 42 µm.
Exprima este valor em m e em nm.
RESPOSTA COMENTADA
a) Você precisa estar atento às transformações de unidades e ao
trabalho com as potências de 10 (notação exponencial).
Sabendo que 1 µm = 10-6 m, então 42 µm são 42×10-6 m ou
4,2×10-5 m. Sendo 1 nm = 10-9 m, então vale a seguinte relação
entre µm e nm: 1 m = 106 µm = 109 nm. Dividindo os dois últimos
membros por 106, vemos que 1 µm = 103 nm. Assim, 42 µm são
42×103 nm = 4,2×104 nm.
40 CEDERJ
Como os corpos podem ter as mais diversas formas, vamos con-
3
siderar um cubo de aresta L. O volume deste corpo é dado por
AULA
V = L3
!
Em laboratório, é comum usarmos submúltiplos de unidade: o decímetro
cúbico (1 dm3 = 10-3 m3) e o centímetro cúbico (1 cm3 = 10-6 m3). Estas duas
últimas se relacionam ao litro (L), uma unidade muito usada, mas que não
pertence ao SI. As relações são
1 dm3 = 1 L
1 cm3 = 1 mL
Logo, 1 L = 1 dm3 = 1000 mL = 1000 cm3
ρ = m = m3
V L
!
É mais comum exprimir a densidade em gramas por mililitro (g/mL ou g mL-1)
para sólidos e líquidos, e gramas por litro g/L ou g L-1 para gases. A relação
entre estas unidades e as unidades SI pode ser obtida como se segue:
1g/mL = 10-3 kg/10-3 L = 10-3 kg/10-6 m3 = 103 kg/m3
1 g/L = 10-3 kg/10-3 m3 = 1 kg/m3
CEDERJ 41
Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria
ATIVIDADES FINAIS
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
c) O que pesa mais, um quilo de papel ou um quilo de chumbo? E quem tem maior
densidade? Justifique suas respostas.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
42 CEDERJ
RESPOSTAS COMENTADAS
3
a) Lembre-se dos conceitos mencionados no tópico PROPRIEDADES E
AULA
TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA. Uma transformação física mantém
a identidade da substância, enquanto uma transformação química
altera a substância, transformando-a em outras. Assim, (A) e (B) são
transformações físicas, enquanto (C) e (D) são químicas. A corrosão
leva o ferro à ferrugem (óxido de ferro), e a queima da glicose produz
gás carbônico e água.
CEDERJ 43
Elementos de Química Geral | Propriedades gerais da matéria
b.4) Por fim, a pressão (p) é a razão entre a força (F) e a área (A) de um
F ma mL m
corpo: p = = = 22 = . Novamente, a última expressão
A L2 Lt Lt2
exprime a grandeza desejada (pressão) em termos de grandezas do
SI (massa, distância, comprimento e tempo). A unidade SI de pressão
é então dada por
RESUMO
De uma célula microscópica aos corpos celestes, tudo que tem massa e ocupa lugar
no espaço é formado por matéria. As substâncias formadoras da matéria podem
ser simples ou compostas. Elas possuem uma série de propriedades e podem sofrer
transformações que alteram ou não a sua composição. A medida quantitativa
dessas propriedades é expressa por números com unidades bem definidas, obtidas
a partir de um conjunto de unidades fundamentais.
44 CEDERJ
4
AULA
O átomo é divisível!
Metas da aula
Listar as principais partículas formadoras
dos átomos.
Definir número atômico, número de massa
e massa atômica.
Distinguir os vários isótopos de um elemento.
objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
Pré-requisitos
É importante que você releia os modelos teóricos
da Aula 1 e a teoria atômica de Dalton, da
Aula 2, que vão ajudá-lo(a) a compreender
as idéias expostas na parte inicial desta aula.
Você deve rever também o conceito
de elemento, Aula 3.
Elementos de Química Geral | O átomo é divisível!
INTRODUÇÃO Você já aprendeu o modelo atômico de Dalton, com base nas leis de Lavoisier e
Proust. De acordo com este modelo, os átomos são partículas indivisíveis, como
esferas maciças de tamanho microscópico. Segundo Dalton, a cada elemento
corresponde um tipo de átomo distinto, característico deste elemento.
Entretanto, à época de Dalton, não havia evidência direta da existência dos
átomos. À medida que foram desenvolvidos métodos experimentais para
estudar mais detalhadamente a natureza da matéria, surgiram indícios de que
a estrutura do átomo era mais complexa do que se pensava.
Nesta aula, você vai acompanhar as descobertas que levaram ao conhecimento
das principais partículas formadoras do átomo. A seguir, você vai aprender a
caracterizar um átomo pelo número destas partículas nele presentes e verá que,
em alguns casos, um elemento pode estar associado a átomos com números
diferentes de algumas destas partículas.
DESBRAVANDO O ÁTOMO
4
catódicos. Ele demonstrou que estes:
AULA
1. Movimentavam pequenos anteparos colocados em sua
trajetória, indicando que tinham massa.
2. Eram desviados por campos elétricos e magnéticos, criados ao
longo dos tubos de gás, indicando que tinham carga.
3. Eram sempre da mesma natureza, independentemente do
material formador do cátodo.
Radioatividade
48 CEDERJ
Tabela 4.3: Propriedades do próton, do elétron e do nêutron
4
AULA
Partícula Carga (e) Massa (mp)
Próton (p) +1 1
Elétron -1 1/1836
Nêutron 0 1,0013
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
Para realizar essa atividade, você precisa saber os valores da carga e
da massa do elétron. O próton e o elétron têm a mesma carga em
módulo e o nêutron não tem carga. A massa do próton é 1.836 vezes
maior que a do elétron, e a do nêutron é 1,0013 vezes maior que a
do próton. Com estas informações e com o auxílio da Tabela 4.1, você
pode montar a tabela a seguir:
O átomo nuclear
50 CEDERJ
ATIVIDADE
4
AULA
2. a. O diâmetro de um átomo de carbono é de 1,5 Å. Quantos átomos de
carbono poderiam ser alinhados lado a lado se comparados à ponta de
um lápis, com 0,3 mm de espessura?
RESPOSTA COMENTADA
2. a. A primeira etapa que você deve tomar para resolver este exercício
é converter os dois números dados à mesma unidade (metros):
1,5 Å = 1,5×10-10 m
0,3 mm = 0,3×10-3 m = 3×10-4 m
Dividindo os dois números, obtemos a resposta: 3×10-4/1,5×10-10 =
2×106 átomos de C. Portanto, são necessários dois milhões de átomos
de carbono enfileirados lado a lado para se obter uma ponta de lápis
comum!
!
O número atômico (Z) de um elemento é dado pelo número de prótons (p) do átomo de um
elemento. Em um átomo neutro, o número de elétrons é igual ao número de prótons.
CEDERJ 51
Elementos de Química Geral | O átomo é divisível!
!
Já vimos que a massa de um átomo está concentrada no núcleo, onde estão os prótons
e os nêutrons. O número de massa M de um elemento é dado pela soma do número de
prótons (p) e do número de nêutrons (n) do átomo que representa esse elemento.
M=p+n
52 CEDERJ
ATIVIDADE
4
AULA
3. Determine o número de prótons, nêutrons e elétrons do átomo neutro
12
de 06 C , cobalto-60 e 131I.
RESPOSTA COMENTADA
Você precisa lembrar que:
• Em um átomo neutro, o número de prótons (p) é igual ao de
elétrons (e).
• A soma do número de prótons (p) com o de neutros (n) é o número
de massa (M) de um átomo.
12
1) Para o C : p=6, e = 6, M = 12 e n = M – p = 6. Neste exemplo,
06
usou-se a notação M
Z1 X
para representar o elemento C;
2) Consulte a Tabela Periódica e descubra que o cobalto tem Z = 27;
logo p = 27, e = 27. Como a massa dada é M = 60, então n = 60
– 27 = 33.
(c) Consulte a Tabela Periódica e veja que o iodo tem Z = 53. Então,
p = 53, e = 53. Como a massa dada é M = 131, então n = 131 – 53
= 78.
ISÓTOPOS DE UM ELEMENTO
CEDERJ 53
Elementos de Química Geral | O átomo é divisível!
2
O isótopo 1 H tem um nome e um símbolo especiais – é o deutério (D). A água
deuterada é feita de deutério, no lugar do ¹H.
O deutério é muito utilizado como marcador de substâncias químicas. Neste caso,
substitui-se um ou mais átomos de 1H por átomos de 2H; o composto resultante
é mais pesado e o local onde o deutério entrou na molécula pode ser mapeado,
dando informações estruturais sobre o composto de interesse.
Próton Nêutron
1 2
Figura 4.3: Os isótopos 1 H e 1 H do hidrogênio diferem no número de nêutrons
no núcleo.
54 CEDERJ
ATIVIDADE
4
AULA
4. O oxigênio possui três isótopos: 16O, 17O e 18O. Monte uma tabela
semelhante à Tabela 4.4 para os isótopos do oxigênio:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
Você já sabe que o oxigênio tem Z = 8. Como os números de massa dos
isótopos são 16, 17 e 18, o número de nêutrons em cada isótopo é de
8, 9 e 10, respectivamente. A tabela que você vai montar fica assim:
MASSA ATÔMICA
Uma vez que os átomos são tão pequenos e leves, não é prático
medir a massa de um pequeno número deles. Foi escolhido arbitrariamente
um tipo de átomo como padrão para medição de massas e, então, foi
desenvolvida uma escala de medições relativas de massa. Nesta, atribui-se
o valor exato de 12,000 unidades de massa atômica (u.m.a) ao isótopo
mais abundante do carbono, o 12C. A massa desse isótopo tem o valor
de 1,992×10-26 kg. Logo,
1 u.m.a. = 1,660×10-27 kg
!
A massa atômica de um elemento é a média dos números de massa dos isótopos do
elemento, ponderada pela abundância percentual de cada isótopo do elemento. A massa
atômica é expressa em unidades de massa atômica (u.m.a).
!
Lembre-se de que a percentagem é uma forma de exprimir uma fração. Por exemplo,
75,53% quer dizer 75,53/100 = 0,7553.
ATIVIDADE
5. O magnésio (Mg) tem três isótopos: 24Mg, 25Mg e 26Mg. Complete a tabela
a seguir e calcule a massa atômica do magnésio.
Isótopo Abundância % p M n
24
Mg 78,99
25
Mg 10,00
26
Mg 11,01
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
A montagem da tabela é semelhante a que você fez na Atividade 4.
Consultando a Tabela Periódica, você pode verificar que o Mg tem doze
prótons. Isto permite completar a tabela como segue:
56 CEDERJ
4
Isótopo Abundância % P M N
AULA
24
Mg 78,99 12 24 12
25
Mg 10,00 12 25 13
26
Mg 11,01 12 26 14
CONCLUSÃO
ATIVIDADES FINAIS
Símbolo 58
Ni 33
S
Número de prótons 10
Número de nêutrons 10 30
Número de elétrons no átomo neutro 25
b) O gálio (Ga) tem dois isótopos naturais: 69Ga e 71Ga. As massas destes isótopos,
em u.m.a, são 68,929 e 70,925, respectivamente. Determine as abundâncias
percentuais destes isótopos do Ga.
RESPOSTA COMENTADA
a) Você precisa consultar a Tabela Periódica para resolver este exercício,
que é semelhante ao que foi feito na Atividade 3. Deve recordar também as
definições de número atômico (Z) e número de massa (M); ainda, para um
dado elemento X, a representação destas grandezas é dada pelo símbolo
M
Z X . Lembre-se de que o número atômico é o número de prótons (p), o
número de massa é a soma do número de prótons com o de nêutrons e
CEDERJ 57
Elementos de Química Geral | O átomo é divisível!
Número de prótons 28 16 10 25
Número de nêutrons 30 17 10 30
Número de elétrons no átomo neutro 28 16 10 25
b) Para resolver este exercício, você precisa lembrar que a massa atômica de
um elemento é uma média das massas atômicas dos isótopos do elemento,
ponderada na abundância relativa de cada isótopo. O valor da massa atômica
listado na Tabela Periódica, conforme descrito na RESPOSTA COMENTADA da
Atividade 3 da Aula 3, é o dessa média ponderada. Você pode verificar que o
Ga tem massa atômica 69,723 (em u.m.a.). Então podemos escrever:
i) Massa atômica Ga = (massa atômica 69Ga × abundância relativa do 69Ga)
+ (massa atômica 71Ga × abundância relativa do 71Ga);
ii) abundância relativa do 69Ga + abundância relativa do 71Ga = 100%;
A expressão (ii) estabelece a relação entre as abundâncias relativas dos dois
isótopos. Lembre-se de que 100% = 1. Se você chamar de x a abundância
relativa do 69Ga, então a abundância relativa do 71Ga será dada por 1 – x.
Assim, usando os dados do problema, as informações da Tabela Periódica e
a relação (ii), você pode escrever a relação (i) como segue:
69,723 = 68,929x + 70,925(1 – x)
Esta equação do primeiro grau tem solução x = 0,6022, ou 60,22%. Assim a
abundância relativa do 69Ga é de 60,22%, e a do 71Ga é de (100 – 60,22)
= 39,78%.
58 CEDERJ
4
RESUMO
AULA
A estrutura do átomo é mais complexa do que se pensava quando o modelo
atômico de Dalton foi elaborado. O átomo é formado por muitas partículas com
propriedades distintas que se reúnem formando núcleo denso e rodeado pelos
elétrons. O núcleo atômico pode conter um número diverso de nêutrons para o
mesmo número de prótons, resultando em isótopos do elemento. A determinação
da massa atômica de um elemento deve levar em consideração a existência dos
isótopos.
CEDERJ 59
5
AULA
Estrutura eletrônica
dos átomos
Meta da aula
Metas
Descrever os modelos atômicos de Thomson, Bohr e Schrödinger.
Definir os números quânticos dos elétrons de um átomo.
Determinar as configurações eletrônicas dos
átomos neutros e de íons.
objetivos
Pré-requisito
Você precisa dos conhecimentos da aula
anterior sobre a estrutura do átomo para melhor
compreender os conceitos desta aula.
Elementos de Química Geral | Estrutura eletrônica dos átomos
INTRODUÇÃO Na aula anterior, você aprendeu que um átomo é formado por um núcleo
denso e extremamente pequeno circundado pelos elétrons. Nesta aula, va-
mos analisar a forma como os elétrons se distribuem em torno dos núcleos.
Esta distribuição define a estrutura eletrônica do átomo. Você vai aprender
a caracterizar os elétrons presentes no átomo pelos seus números quânticos
e a forma de arrumá-los de acordo com o princípio da estruturação.
62 CEDERJ
Experiências realizadas por Rutherford, por volta de 1909,
5
mostraram que o modelo de Thomson era inconsistente. Naquelas
AULA
experiências, lâminas finas de metais, como o ouro, eram bombardeadas
por um feixe de partículas α, que já se sabia serem carregadas positivamente
(veja a Tabela 4.2 da aula anterior). Observe o comportamento do feixe
na Figura 5.2:
Detetor
Colimador
ZnS
Partículas
Espalhadas
Fonte α Folha
de ouro
Figura 5.2: Comportamento do feixe de partículas α ao incidir sobre uma fina lâmina
de ouro. Rutherford verificou que este comportamento era incompatível com o modelo
de Thomson.
CEDERJ 63
Elementos de Química Geral | Estrutura eletrônica dos átomos
R v
m
^
r
Figura 5.3: Modelo de Bohr. Nesse modelo, os elétrons se movem no plano em órbitas
definidas.
64 CEDERJ
5
órbita de energia mais alta para outra de energia mais baixa. A freqüência
AULA
(ν) dessa luz é dada por
∆E
v=
h
∆E é a diferença entre os níveis de energia inicial e final do elétron (∆E = Ef
– Ei), e (h) é a constante de Planck. Vale a pena lembrar que a freqüência se
c
relaciona ao comprimento de onda da luz pela expressão ν = , em que
c é a velocidade da luz. λ
Chapa fotográfica
Fonte de
radiação
Prisma
Fenda
colimadora
Figura 5.5: A luz emitida pelo gás contido no tubo provém da energia liberada pelos
elétrons quando passam de um nível de energia mais alto para um mais baixo.
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
A primeira órbita de Bohr é obtida fazendo-se n =1, na expressão
n2 a0
geral rn = . Tudo que você precisa saber é o valor de Z do
Z
núcleo do átomo de interesse. Consultando a Tabela Periódica, você
vai descobrir que ZH = 1, ZC = 6 e ZCa = 20. Então, o valor da primeira
órbita de Bohr para o elétron em cada um desses átomos é dado
pela seguinte tabela:
CEDERJ 65
Elementos de Química Geral | Estrutura eletrônica dos átomos
Orbitais atômicos
66 CEDERJ
5
• As soluções da equação de Schrödinger são funções matemáticas conhecidas
como funções de onda, representadas por ψ (a letra grega psi maiúscula).
AULA
O valor desta função depende da posição da partícula. A equação também
fornece, quando resolvida, as energias possíveis da partícula.
• Nem sempre uma partícula pode ter qualquer valor de energia. Se a equação
de Schrödinger fornecer apenas certos valores de energia, dizemos que a
energia é quantizada.
• Devido ao caráter ondulatório da partícula, não podemos determinar com
total precisão a sua posição e sua velocidade em um dado instante (esta
afirmação é o princípio da incerteza, de Heisenberg).
Números quânticos
CEDERJ 67
Elementos de Química Geral | Estrutura eletrônica dos átomos
Lembre-se de que o elétron e o núcleo têm carga oposta. Quanto mais afas-
tado o elétron, menor a atração entre ele e o núcleo; logo, maior a energia
do elétron.
Valor de l 0 1 2 3
Letra usada s p d f
Z
l=1
ml = 1
l=1 h
π m =0 (1)(2)
l 2π
2π
B
−π h
2π (1)(2)
Figura 5.6: O vetor correspondente a 2π
l = 1 se orienta no espaço somente de
três maneiras, consistentes ao valor de
ml = 0, +1 e -1.
l=1
ml = −1
68 CEDERJ
Relações entre os números quânticos
5
AULA
Em um átomo, o conjunto de orbitais com o mesmo valor de n
define uma camada eletrônica. É comum representar as camadas com
letras maiúsculas, segundo o seguinte quadro:
Valor de n 1 2 3 4 5 6 7
Símbolo da camada K L M N O P Q
2 L 0 2s 0 1 4
1 2p 1, 0, -1 3
3 M 0 3s 0 1 9
1 3p 1, 0, -1 3
2 3d 2, 1, 0, -1, -2 5
CEDERJ 69
Elementos de Química Geral | Estrutura eletrônica dos átomos
!
Generalizando as relações entre os possíveis valores dos números quânticos,
podemos observar que:
1. Cada camada, caracterizada pelo número quântico n, contém exatamente
n subcamadas. Cada subcamada corresponde a um dos valores permitidos
de l, de 0 até n-1.
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
2.a. Inicialmente, você precisa caracterizar os números quânticos
compatíveis ao valor de n dado. Sabemos que, para um dado valor
de n, são permitidos n valores de l, que vão de 0 até n -1; para cada
valor de l, são permitidos 2l + 1 valores de ml, que vão de +l até
-l de uma em uma unidade. Os valores de l permitidos para n =
4 são 0, 1, 2 e 3. De posse destes valores, a Tabela 5.1 pode ser
estendida incluindo-se os seguintes dados:
4 N 0 4s 0 1 16
1 4p 1, 0, -1 3
2 4d 2, 1, 0, -1, 5
-2
3 4f 3, 2, 1, 0, 7
-1, -2, -3
70 CEDERJ
5
Da mesma forma, os cinco orbitais da subcamada 4d e os sete
AULA
orbitais da subcamada 4f diferem pelos valores de ml .
Camada O P
Valor de n 5 6
Nº de orbitais 25 36
!
A determinação rigorosa da forma e do tamanho de um orbital só pode ser feita conhecen-
do-se a função matemática que o descreve, o que está fora dos objetivos deste curso.
1s X
CEDERJ 71
Elementos de Química Geral | Estrutura eletrônica dos átomos
1s < 2s < 2p < 3s < 3p < 4s < 3d < 4p < 5s < 4d < 5p < 6s < 4f < ...
72 CEDERJ
5
AULA
Figura 5.9: Diagrama de Pauling, indicando o ordenamento dos orbitais. A energia
cresce no sentido das setas.
O spin do elétron
CEDERJ 73
Elementos de Química Geral | Estrutura eletrônica dos átomos
B0
mI = + 1/2
(estado α)
mI = - 1/2
(estado β)
Figura 5.10: O vetor que representa o spin do elétron tem duas projeções, chamadas
�
α ( ) e β( ).�
!
A inclusão do spin faz com que, no átomo, cada elétron seja caracterizado
por quatro números quânticos. Os três primeiros, n, l e ml, dizem respeito
ao orbital em que o elétron se encontra; o último, ms, define se o spin do
elétron é � ou �.
O princípio da estruturação
!
O princípio da estruturação é concebido a partir de 4 regras. Elas indicam
que:
a) Os elétrons ocupam os orbitais em ordem crescente de energia (dada pelo
diagrama de Pauling).
b) Nenhum orbital pode conter mais do que dois elétrons.
c) Se um orbital contiver dois elétrons, os seus spins serão distintos (diz-se que
os elétrons estão emparelhados).
d) Elétrons não se emparelham em um orbital se outro de mesma energia
estiver disponível. Ou seja, os elétrons só se emparelham em um orbital quando
todos os orbitais de mesma energia (na mesma subcamada) contiverem pelo
menos um elétron.
74 CEDERJ
Você já conhece a regra “a”. As regras “b” e “c” são conseqüências
5
do princípio da exclusão de Pauli: Não há em um átomo dois elétrons
AULA
com os quatro números quânticos iguais.
A regra “d”, por sua vez, não pode ser explicada sem o apelo à
mecânica quântica. Ela é conhecida como regra da máxima multiplici-
dade, e a explicação de sua origem está fora dos objetivos deste curso.
Configuração eletrônica
�� ��
1s 2s 2p
�� �� � �
�� �� �� � �
CEDERJ 75
Elementos de Química Geral | Estrutura eletrônica dos átomos
ATIVIDADE
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
Você precisa ter em mãos a tabela periódica para descobrir os
números atômicos dos elementos dados no problema. Sabendo o
valor de Z, você tem automaticamente o número de elétrons contidos
no átomo. O próximo passo é conhecer o ordenamento dos orbitais
atômicos em ordem crescente de energia. Para isso, você precisa
utilizar o diagrama de Pauling. A última etapa é aplicar as regras
do princípio da estruturação.
�� �� �� �� ��
,
76 CEDERJ
5
Observe que, neste caso, todos os orbitais de todas as camadas
AULA
ocupadas estão completamente preenchidos. Esta configuração
eletrônica é típica dos gases nobres, como será discutido na
próxima aula.
�� �� �� �� �� �
,
1s 2s 2p 3s 3p 4s
�� �� �� �� �� �� �� �� �� ��
,
�� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� � � � �
,
e a configuração eletrônica é Fe: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d6.
Diferentemente dos casos anteriores, a penúltima camada do átomo
é que contém os elétrons de maior energia. Este é uma caso típico
de configuração eletrônica dos metais de transição, que ocupam
boa parte da Tabela Periódica.
CEDERJ 77
Elementos de Química Geral | Estrutura eletrônica dos átomos
!
Um íon é uma espécie carregada que se forma quando um átomo perde ou
ganha elétrons. Um cátion é um íon com carga positiva, e um ânion é um
íon com carga negativa.
78 CEDERJ
ATIVIDADE
5
AULA
4.a. A configuração eletrônica de um certo átomo de magnésio (Z = 12) é
dada pelo quadro a seguir:
Camada K L M N O
Nº de elétrons 2 8 1 1
RESPOSTA COMENTADA
4.a. O primeiro passo é escrever a configuração eletrônica do Mg no
estado fundamental. Sendo Z = 12 (você obtém esta informação da
Tabela Periódica), temos 12 elétrons no átomo neutro. O diagrama
de orbitais do Mg neutro é:
1s 2s 2p 3s
�� �� �� �� �� ��
,
e a sua configuração eletrônica é Mg: 1s2 2s2 2p6 3s2. Então o número
de elétrons em cada camada é dado pelo quadro a seguir:
Camada K L M
Nº de elétrons 2 8 2
CEDERJ 79
Elementos de Química Geral | Estrutura eletrônica dos átomos
1s 2s 2p 3s 3p
�� �� �� �� �� �� �� � �
1s 2s 2p 3s 3p
�� �� �� �� �� �� �� �� ��
CONCLUSÃO
ATIVIDADE FINAL
80 CEDERJ
RESPOSTA COMENTADA
5
Para responder ao item “a”, você precisa apenas relembrar a fórmula
AULA
proposta por Bohr para o tamanho das órbitas eletrônicas. Veja que,
pelo modelo de Bohr, todos os elétrons pertencentes a uma mesma
camada estariam na mesma órbita e à mesma distância do núcleo.
O elétron mais externo do íon X+ está numa camada cujo n = 4.
Utilizando este valor de n na expressão das órbitas permitidas por
2
Bohr, obtemos rn = 4 a0 .
Z X+
Embora saibamos o valor de a0, não sabemos o número atômico da
espécie X+. Para descobrir, você precisa contar o número de elétrons
do átomo e lembrar que a espécie dada é um cátion, obtido pela
retirada de um elétron do átomo neutro X. Sendo o número de elétrons
contidos em X+ igual a 19, o átomo neutro (que tem o número de
elétrons igual ao número atômico) contém 20 elétrons. Logo, Z = 20.
Consultando a Tabela Periódica, você vai verificar que este é o número
atômico do cálcio (Ca), o que responde imediatamente ao item (b):
a espécie química é o Ca+.
Levando o valor de Z=20 na expressão de r n , obtemos
16a0 o
rn = = 0, 75a0 = 0, 397 A .
20
Em seu estado fundamental, o Ca neutro tem a configuração eletrônica
(veja a Atividade 3) Ca: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2. O íon Ca+, em seu
estado fundamental, tem a configuração Ca+: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s1.
A configuração fornecida indica que o elétron mais externo do íon foi
promovido do orbital 4s para um orbital 4p; trata-se, portanto, de uma
configuração correspondente a um estado excitado do íon.
RESUMO
CEDERJ 81
6
AULA
Propriedades periódicas
dos elementos
Metas da aula
Apresentar o conceito de periodicidade.
Localizar os metais, os não-metais, os metalóides e
os elementos de transição na Tabela Periódica.
Aplicar a Tabela Periódica em diferentes
determinações de propriedades dos elementos.
objetivos
Pré-requisito
É essencial que você saiba escrever a
configuração eletrônica dos átomos; este
assunto foi abordado detalhadamente na
aula anterior.
Elementos de Química Geral | Propriedades periódicas dos elementos
Definição de periodicidade
84 CEDERJ
!
6
Periodicidade é a repetição das propriedades dos elementos. Ela deriva da
AULA
forma como os elétrons enchem os orbitais s, p, d e f. A Tabela Periódica é
a forma de arrumar os elementos de forma a exibir essa periodicidade (ou
lei periódica).
Períodos e grupos
!
Período é o nome que se dá a cada linha da Tabela Periódica.
Grupo é o nome que se dá a cada coluna da Tabela Periódica.
!
Existem diversos sistemas em uso para numerar os grupos da Tabela Periódica.
No sistema recomendado pela IUPAC (International Union of Pure and Applied
Chemistry), as colunas são numeradas da esquerda para a direita, de 1 a 18.
Um sistema mais didático usa os números 1 a 8 e as letras A e B. É o que nós
vamos usar em nossa discussão.
CEDERJ 85
Elementos de Química Geral | Propriedades periódicas dos elementos
!
Alguns grupos da Tabela Periódica têm nomes especiais. Os elementos dos
grupo 1A são os metais alcalinos; os do grupo 2A são os metais alcalino-
terrosos; os do grupo 7A são os halogênios, e os do grupo 8A são os gases
nobres. Estes últimos são assim nomeados devido a sua baixa reatividade.
86 CEDERJ
ATIVIDADE
6
AULA
1.a. Complete a tabela a seguir:
Transição
Elemento Período Grupo Representativo? Transição?
interna?
Cobalto (Co) 4
Iodo (I)
Prata (Ag) 1B
Selênio (Se)
Urânio (U) Não Não Sim
X: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d3
Y: 1s2 2s+ 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p6 6s
Z: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p6 6s2 4f
RESPOSTA COMENTADA
1.a. Para realizar esta atividade, você precisa consultar a Tabela
Periódica, localizar cada elemento e verificar a numeração do período
e do grupo correspondente. A tabela completa é a que segue:
Transição
Elemento Período Grupo Representativo? Transição?
interna?
Cobalto (Co) 4 8B Não Sim Não
Iodo (I) 5 7A Sim Não Não
Prata (Ag) 5 1B Não Sim Não
Selênio (Se) 4 6A Sim Não Não
actiní-
Urânio (U) 7 Não Não Sim
deos
CEDERJ 87
Elementos de Química Geral | Propriedades periódicas dos elementos
88 CEDERJ
6
AULA
Figura 6.2: Um circuito integrado utilizado em microcomputadores contém silício
e germânio.
Raio atômico
CEDERJ 89
Elementos de Química Geral | Propriedades periódicas dos elementos
d = RCl
Cl Cl
Figura 6.3: A distância (d) entre os átomos de Cl permite obter o raio do cloro.
!
Observa-se na Tabela Periódica que o raio atômico:
• diminui ao longo de um período;
• aumenta ao longo de um grupo.
90 CEDERJ
Energia de ionização
6
AULA
A energia de ionização (EI) de um elemento X é a energia necessária
para remover o elétron mais fracamente ligado ao átomo, em fase gasosa
do elemento. O processo pode ser representado pela seguinte equação:
X(g) → X+(g) + e–
!
Observa-se que, ao longo da Tabela Periódica, a energia de ionização:
• aumenta ao longo de um período;
• diminui ao longo de um grupo.
CEDERJ 91
Elementos de Química Geral | Propriedades periódicas dos elementos
Afinidade ao elétron
!
Observa-se que, ao longo da Tabela Periódica, a afinidade ao elétron:
• aumenta ao longo de um período (à medida que o raio diminui);
• diminui ao longo de um grupo (à medida que o raio atômico aumenta).
ATIVIDADE
2. Dos elementos rubídio (Rb), lítio (Li), cloro (Cl) e iodo (I), qual tem
a. maior e menor raio atômico?
b. maior e menor energia de ionização?
c. maior e menor afinidade eletrônica?
RESPOSTA COMENTADA
Você precisa conhecer as tendências de cada propriedade em
crescer ou diminuir ao longo da Tabela Periódica. Precisa também
verificar a posição relativa de cada elemento na Tabela para realizar
corretamente esta atividade.
92 CEDERJ
6
O raio atômico diminui ao longo de um período e aumenta em um
AULA
grupo; então, o elemento de maior raio é o Rb, e o de menor é o F.
CEDERJ 93
Elementos de Química Geral | Propriedades periódicas dos elementos
CONCLUSÃO
ATIVIDADE FINAL
(i) S, Cl, Si e Pd
c) Para cada um dos pares, diga qual elemento tem o maior raio atômico, a maior
energia de ionização e a maior afinidade eletrônica:
RESPOSTA COMENTADA
a. Para realizar esta atividade, você só precisa consultar a TP. Nela, os
elementos estão arrumados por grupos (numerados na parte de cima),
que correspondem às colunas da tabela; e por períodos (numerados na
parte lateral), que correspondem às linhas da tabela. Cada elemento
fica caracterizado pela posição que ocupa em uma linha e em uma
coluna da tabela.
(i) O elemento que está no grupo 2A, período 5 é o estrôncio (Sr).
Trata-se de um metal alcalino-terroso.
(ii) O elemento que está no grupo 4B, período 4 é o cromo (Cr). É
um metal de transição.
94 CEDERJ
(iii) O elemento que está no grupo 7A, período 2 é o flúor (F). É um
6
halogênio.
AULA
(iv) O elemento que está no grupo 2A, período 2 é o berílio (Be). É
um metal alcalino-terroso.
Elementos no mesmo grupo têm propriedades semelhantes. Dos dados
no problema, os que pertencem ao mesmo grupo são o Sr e Be.
b. Você precisa saber que um elemento tem tão mais caráter metálico
quanto mais à esquerda estiver na Tabela Periódica. Uma consulta vai
mostrar, então, que a ordem será:
(i) Pd > Si > S > Cl
(ii) Rb > Pd > Ag > Sn
Ou seja, o paládio (Pd) é o de maior caráter metálico entre os elementos
listados no item (i) e o rubídio, entre os do item (ii).
c. Para resolver esta questão, verifique se os elementos de cada par estão
no mesmo período ou no mesmo grupo. Sabemos que o raio atômico
(R) diminui ao logo de um período e aumenta ao longo de um grupo.
A energia de ionização (EI) e a afinidade ao elétron (AE) aumentam ao
longo de um período e diminuem ao longo de um grupo.
Os elementos deste par (i) estão no mesmo período (n = 4). Os dos
pares (ii) e (iii) nos mesmos períodos (6A e 2A, respectivamente).
Podemos montar a seguinte tabela:
Par R El AE
(i) Ca > Se Se > Ca Se > Ca
(ii) Se > S S > Se S > Se
(iii) Sr > Ca Ca > Sr Ca > Sr
CEDERJ 95
Elementos de Química Geral | Propriedades periódicas dos elementos
RESUMO
Na próxima aula, você vai estudar o primeiro tipo de ligação química entre os
átomos: a ligação iônica.
96 CEDERJ
7
AULA
Combinações entre átomos:
a ligação iônica
Metas da aula
Definir os tipos de ligação química entre os átomos.
Enunciar a regra do octeto e o seu significado.
Representar o símbolo de Lewis de átomo.
Descrever a ligação iônica.
Relacionar o tamanho de um íon com o do átomo neutro que o originou.
objetivos
Pré-requisitos
Você precisa dos conceitos ensinados na
Aula 6 (especialmente o de elétrons de
valência) para compreender esta aula.
Elementos de Química Geral | Combinações entre átomos: a ligação iônica
Bateria
e- e-
Ânodo Cátodo
Figura 7.1: Se a solução dentro do recipiente contiver açúcar, a corrente elétrica não
passa; se contiver sal, ela passa com facilidade.
98 CEDERJ
Existem três tipos gerais de ligação química:
7
a. ligação iônica – é o resultado da ação de fortes forças
AULA
eletrostáticas entre íons de carga oposta. Os íons podem ser
formados a partir dos átomos neutros, pela transferência de
elétrons de um átomo para outro. Este tipo de ligação ocorre
normalmente entre os metais mais à esquerda e os não-metais
mais à direita da Tabela Periódica;
b. ligação covalente – é o resultado do compartilhamento de um ou
mais pares de elétrons entre dois átomos. Ocorre normalmente
entre os não-metais;
c. ligação metálica – é a ligação encontrada nos metais, como no
ferro, no cobre ou no alumínio. Neste tipo de ligação, cada
átomo se liga a muitos outros átomos vizinhos. Os elétrons
de ligação são relativamente livres para mover-se através da
estrutura tridimensional do metal.
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
Para resolver o exercício desta atividade, você precisa reconhecer se
os elementos listados são metais ou não-metais. O estudo da Tabela
Periódica (feito na Aula 6) permite que você identifique os elementos
da seguinte forma:
• metais: magnésio;
• não-metais: carbono, oxigênio, cloro, bromo e enxofre.
Sabemos também que a ligação iônica se dá entre um metal e um
não-metal; a covalente, entre não-metais; a metálica, entre metais.
Então a resposta do exercício é:
a. ligação covalente
b. ligação covalente
c. ligação iônica
d. ligação metálica
e. ligação covalente
CEDERJ 99
Elementos de Química Geral | Combinações entre átomos: a ligação iônica
SÍMBOLOS DE LEWIS
!
Símbolo de Lewis de um elemento = símbolo químico do elemento + um
ponto para cada elétron de valência.
100 C E D E R J
Solução: neste caso, podemos determinar o número de elétrons
7
de valência diretamente da configuração eletrônica do elemento. Vemos
AULA
pela configuração dada que a última camada ocupada (n = 3) é também
a mais externa (o enxofre é um elemento representativo). Esta camada
tem seis elétrons ao todo. Logo, este é o número de elétrons de valência.
O símbolo de Lewis para o enxofre é:
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
Para resolver este exercício, você precisa consultar a Tabela Periódica e
verificar o grupo em que cada elemento se encontra. Se o elemento for
representativo, o número do grupo a que ele pertence indica o número
de elétrons de valência.
O Na pertence ao grupo 1A, o Cl ao grupo 7A, o C ao grupo 4A e o
Ne, por sua vez, ao grupo 8A. Todos são elementos representativos.
Portanto, o número de elétrons de valência de cada um é o número do
grupo a que pertence (Na = 1, Cl = 7, C = 4 e Ne = 8). Os símbolos
de Lewis desses elementos são:
C E D E R J 101
Elementos de Química Geral | Combinações entre átomos: a ligação iônica
A REGRA DO OCTETO
!
Regra do octeto: Os átomos tendem a ganhar, perder ou compartilhar elétrons
até que tenham oito elétrons de valência. No caso do hidrogênio, cuja camada
de valência é n = 1, o “octeto” fica completo com dois elétrons.
A LIGAÇÃO IÔNICA
102 C E D E R J
Podemos esperar que os elementos com poucos elétrons de valência
7
(em particular os metais dos grupos 1A, 2A e 3A) percam elétrons quando
AULA
reagem com elementos que tenham quase oito elétrons de valência (como
os não-metais dos grupos 6A e 7A). Os íons formados nessa transferência
são atraídos uns pelos outros porque cargas opostas se atraem. Esta
atração entre os íons é a ligação iônica.
Veja que cada íon tem o seu octeto completo (O íon Na+ ficou
com oito elétrons na camada n = 2 e nenhum elétron na camada
n = 3!). Observe também que o símbolo de Lewis de um íon é escrito
entre colchetes, com a carga do íon também indicada.
C E D E R J 103
Elementos de Química Geral | Combinações entre átomos: a ligação iônica
Figura 7.2: Rede cristalina do NaCl. Cada íon é rodeado por seis íons de carga oposta.
!
A razão entre os íons em uma rede cristalina de um composto iônico é tal
que o composto, como um todo, é eletricamente neutro. A fórmula de um
composto iônico traduz esta proporção entre íons positivos e negativos. No
composto MgCl2, por exemplo, a rede cristalina é tal que a proporção entre
os íons Mg2+ e Cl- é de 1:2.
Grupo 1A 2A 3ª 5A 6ª 7A
K+ Ca2+ Se2- Br -
Cs+ Ba2+
104 C E D E R J
Vamos ver se ficou claro? Acompanhe o exemplo a seguir:
7
AULA
Exemplo 3: Com base na Tabela 7.1, explicar a formação do íon N3-.
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
3.a. Você pode consultar a Tabela Periódica para verificar que o Mg
pertence ao grupo 2A; é um elemento representativo de modo que
tem dois elétrons na camada de valência. Para o cloro, você já dispõe
das informações necessárias no texto. Os símbolos de Lewis de cada
elemento são:
C E D E R J 105
Elementos de Química Geral | Combinações entre átomos: a ligação iônica
106 C E D E R J
7
AULA
a) -e
b) +e
Figura 7.3: (a) A retirada de elétrons faz o átomo diminuir; (b) a adição de elétrons
faz o átomo aumentar.
!
Vamos resumir estas idéias da seguinte forma:
• cátions são menores do que os átomos neutros que os originaram;
• ânions são maiores que os átomos neutros que os originaram;
• os íons de uma mesma família têm a mesma carga e aumentam de tamanho
ao longo de seu grupo na Tabela Periódica.
C E D E R J 107
Elementos de Química Geral | Combinações entre átomos: a ligação iônica
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
Consultando a Tabela Periódica, você vai verificar que o S e o O
pertencem ao mesmo grupo. Sabendo que um ânion é maior que
o átomo neutro, então S < S2-. Entre os átomos neutros de O e de S,
temos que O < S. Então o ordenamento é:
O < S < S2-
CONCLUSÃO
ATIVIDADE FINAL
Considere os átomos de Ga e I:
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
108 C E D E R J
RESPOSTA COMENTADA
7
Em primeiro lugar, você deve verificar a posição dos elementos considerados
AULA
na Tabela Periódica. O Ga pertence ao grupo 3A; e o I, ao grupo 7A. Ambos
são elementos representativos. O Ga é um metal e o I um não-metal. Com
estas informações, podemos responder às questões propostas.
a. Como o Ga é um metal e o I um não-metal, espera-se uma ligação iônica
entre eles.
b. O Ga tem três elétrons de valência, e o I tem sete. Assim, os símbolos de
Lewis para cada elemento são:
RESUMO
C E D E R J 109
Elementos de Química Geral | Combinações entre átomos: a ligação iônica
Na próxima aula, você vai estudar a ligação covalente, aquela em que os elétrons
são compartilhados entre os átomos.
110 C E D E R J
8
AULA
Combinações entre átomos:
a ligação covalente
Meta da
Metas da aula
Descrever a formação da ligação covalente.
Caracterizar um composto covalente.
Desenhar o diagrama de pontos e o diagrama de ligações para um
composto covalente formado pelos elementos representativos.
Definir eletronegatividade e definir as tendências da
eletronegatividade ao longo da tabela periódica.
Diferenciar uma ligação polar de uma ligação apolar.
objetivos
Pré-requisitos
Você precisa saber representar os símbolos de
Lewis dos elementos e a regra do octeto para com-
preender o conteúdo desta aula. Estes assuntos
foram tratados na Aula 7. Você deverá rever tam-
bém energia de ionização e afinidade eletrônica,
apresentados ao final da Aula 6.
Elementos de Química Geral | Combinações entre átomos: a ligação covalente
A LIGAÇÃO COVALENTE
Átomos que têm atração semelhante por elétrons não podem unir-
se por ligações iônicas. Neste caso, os seus octetos ficam completos por
compartilhamento de elétrons, formando uma ligação covalente.
!
Uma ligação covalente surge quando dois núcleos atraem os mesmos elétrons,
geralmente arrumados em pares.
Figura 8.1: Em uma ligação covalente, dois núcleos atraem os mesmos elétrons.
!
Elementos que existem como moléculas diatômicas à temperatura ambiente
são:
Hidrogênio (H2) Flúor (F2) Iodo (I2)
Nitrogênio (N2) Cloro (Cl2)
Oxigênio (O2) Bromo (Br2)
112 C E D E R J
Cada átomo de cloro tem sete elétrons de valência (confira!) e
8
precisa de mais um para completar o seu octeto. O símbolo de Lewis
AULA
do cloro mostra que existe um elétron desemparelhado na camada de
valência (confira novamente!). Ao compartilhar um par de elétrons,
formado por cada um dos elétrons desemparelhados, cada átomo de
cloro adquire o seu octeto.
De forma semelhante, cada átomo de hidrogênio tem um elétron
na sua camada de valência. O compartilhamento de um par de elétrons,
cada um proveniente de um dos dois átomos de H, permite que cada
átomo complete a sua camada de valência com dois elétrons.
O diagrama de pontos representativo dessas combinações está
ilustrado na Figura 8.2. Nela incluímos também o diagrama de ligações,
em que cada par compartilhado é representado por um traço unindo
os dois átomos; este traço simboliza uma ligação simples (ou ligação de
um par de elétrons).
C E D E R J 113
Elementos de Química Geral | Combinações entre átomos: a ligação covalente
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
Para resolver o exercício desta atividade, você precisa inicialmente
escrever os símbolos de Lewis do flúor e do hidrogênio e do cloro:
LIGAÇÕES MÚLTIPLAS
114 C E D E R J
8
NPE Tipo de ligação Símbolo
AULA
1 Simples –
2 Dupla =
3 Tripla =
Exemplo 1: A molécula de O2
O oxigênio pertence ao grupo 6A, tendo seis elétrons na camada
de valência. O símbolo de Lewis para o átomo de oxigênio é:
C E D E R J 115
Elementos de Química Geral | Combinações entre átomos: a ligação covalente
Exemplo 3: A molécula de N2
O nitrogênio pertence ao grupo 5A e tem cinco elétrons de valên-
cia. Seu diagrama de Lewis é:
!
É importante observar que o diagrama de pontos não indica a forma de
uma molécula. Se você observar as representações para o CO2 e para a H2O,
verá que não pode inferir delas a geometria de cada uma destas espécies.
Este assunto será tratado futuramente.
116 C E D E R J
ATIVIDADE
8
AULA
2. Escrever os diagramas de pontos e os de ligação para os compostos
covalentes formados entre:
a) nitrogênio e hidrogênio
b) carbono e enxofre
c) carbono e flúor
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
Você deve proceder da mesma forma que na Atividade 1, escre-
vendo inicialmente os símbolos de Lewis dos elementos que vão
combinar-se e completando os seus octetos por compartilhamento
de elétrons.
C E D E R J 117
Elementos de Química Geral | Combinações entre átomos: a ligação covalente
ÍONS POLIATÔMICOS
118 C E D E R J
8
Bicarbonato HCO3- Peróxido O2-2
CN- PO -3
AULA
Cianeto Fosfato 4
Nitrato NO -
3
Tiossulfato S2O32-
Eletronegatividade
!
Eletronegatividade é a habilidade que um átomo tem em atrair elétrons.
!
Podemos concluir que átomos com alta energia de ionização e alta afinidade
eletrônica são muito eletronegativos.
C E D E R J 119
Elementos de Química Geral | Combinações entre átomos: a ligação covalente
!
Fique atento, pois alguns metais de transição não obedecem a essa regra!
!
Da definição de eletronegatividade, você pode concluir que:
a) ligações covalentes apolares ocorrem entre átomos de mesma eletrone-
gatividade;
b) ligações covalentes polares ocorrem entre átomos de eletronegatividade
diferente.
120 C E D E R J
É a diferença de eletronegatividade, representada por ∆χ (lê-se
8
delta ki), que determina a polaridade de uma ligação entre dois átomos.
AULA
Se os átomos que formam a ligação têm a mesma eletronegatividade (ou
seja, se ∆χ = 0), a ligação é covalente apolar. Neste caso, os pares de
elétrons envolvidos na ligação são igualmente compartilhados entre os
dois núcleos dos átomos. É o caso das ligações entre dois átomos iguais,
como as existentes nas moléculas diatômicas homonucleares.
No extremo oposto estão as ligações onde ∆χ é tão grande que
um dos átomos desloca completamente os elétrons de ligação para si.
É o caso das ligações iônicas. A maioria das ligações está entre estes dois
limites, sendo covalentes polares. Você pode visualizar o efeito de ∆χ na
polaridade de uma ligação pelo quadro a seguir:
ligação polar
ligação apolar ligação iônica
∆χ= 0 polaridade cresce ∆χ grande
∆χ cresce
Molécula F2 HF LiF
∆χ 0 1,9 3,0
Tipo de ligação CA CP IO
ATIVIDADE
C E D E R J 121
Elementos de Química Geral | Combinações entre átomos: a ligação covalente
________________________________________________________________
________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
Você pode resolver os exercícios dessa atividade consultando a
Tabela 8.2 e calculando ∆χ para cada par de átomos envolvidos
na ligação. No entanto, se você observar melhor, verá que as ligações
do item (a) são todas entre H e um halogênio. Sabemos quem para
um mesmo grupo, a eletronegatividade diminui ao longo do grupo
(de cima para baixo). Então, o ordenamento fica:
CONCLUSÃO
ATIVIDADE FINAL
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
122 C E D E R J
8
RESPOSTA COMENTADA
a) Inicialmente, você deve verificar que não se trata de uma espécie
AULA
neutra e sim de um íon com carga total igual a -1. Os símbolos de
Lewis do Cl e do O são conhecidos:
ou
RESUMO
C E D E R J 123
9
AULA
Estruturas de Lewis: Parte I
Metas da aula
Enunciar as regras para escrever a estrutura
de Lewis de um composto; discutir exemplos de
obtenção das estruturas de Lewis de compostos
formados por elementos representativos.
objetivo
Pré-requisitos
Tudo que você aprendeu sobre símbolos de
Lewis dos elementos e diagramas de pontos
e de ligações é essencial para a compreensão
desta aula. Reveja rapidamente as Aulas 7 e 8
antes de começar a ver este novo conteúdo.
Elementos de Química Geral | Estruturas de Lewis: Parte l
ESTRUTURAS DE LEWIS
!
Nesta aula, vamos considerar apenas os casos em que o composto é formado por átomos de
elementos representativos da Tabela Periódica. Verifique na Aula 6 quais são os elementos
representativos e onde eles estão localizados.
126 CEDERJ
um par de elétrons). As fórmulas químicas são geralmente
9
escritas na ordem em que os átomos estão ligados na molécula
AULA
ou no íon. Quando um átomo central tem um grupo de átomos
ligados a ele, é representado primeiro na fórmula química.
EXEMPLOS DE REPRESENTAÇÃO
CEDERJ 127
Elementos de Química Geral | Estruturas de Lewis: Parte l
!
Não é crucial colocar os átomos como no arranjo mostrado. As estruturas de Lewis não
são desenhadas para mostrar a geometria da molécula. É importante apenas que você
mostre quais átomos estão ligados o quê!
128 CEDERJ
ATIVIDADE
9
AULA
1.a. Quantos elétrons de valência devem aparecer na estrutura do CHCl3?
1.b. Represente a estrutura de Lewis do CHCl3 (o átomo de C é o átomo
central).
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
1.a. Para resolver esta atividade, você pode consultar diretamente
a Tabela Periódica. Os átomos formadores da molécula de CHCl3
pertencem aos grupos 4A (C), 1A (H) e 7A (Cl). Todos são elementos
representativos. Assim, o número de elétrons de valência de cada átomo
é de 4 (para o C), 1 (para o H) e 7 (para o Cl). Uma vez que a molécula
contém um átomo de C, um átomo de H e três átomos de Cl, o número
de elétrons de valência da molécula é de 4 + 1 + (3 × 7) = 26.
CEDERJ 129
Elementos de Química Geral | Estruturas de Lewis: Parte l
Solução:
• Primeiro passo: o número de elétrons de valência de cada átomo
é H = 1, C = 4 e N = 5 (Confira.). O número total de elétrons
de valência é 10.
130 CEDERJ
• Isto indica que C e N devem compartilhar três pares de elétrons,
9
formando uma ligação tripla. A estrutura de Lewis do HCN é,
AULA
então:
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
Você já sabe que cada átomo de C tem quatro elétrons de valência, e
cada átomo de H, dois. Então, o número total de elétrons de valência
do C2H2 é (2 × 4) + (2 × 1) = 10. Um esquema de estrutura pode ser
obtido ligando-se os átomos por ligações simples:
Observe que não há outro esquema, pois cada H só pode formar uma
ligação simples com qualquer átomo. Os “octetos” dos átomos de H já
estão completos. SE tentarmos completar o octeto de um dos átomos
de C, o outro fica incompleto:
CEDERJ 131
Elementos de Química Geral | Estruturas de Lewis: Parte l
132 CEDERJ
ATIVIDADE
9
AULA
3. Representar a estrutura de Lewis do íon PO43-:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
Como nas atividades anteriores, você tem de começar contando os
elétrons de valência dos átomos formadores do PO43-. O fósforo e
o oxigênio pertencem aos grupos 5A e 6A, respectivamente. Então,
cada átomo de P contém cinco elétrons de valência; e cada átomo de
O, seis. O número total de elétrons de valência do PO4 neutro é 5 +
(4 × 6) = 29. Entretanto, o ânion PO43- tem mais três elétrons que a
espécie neutra que lhe dá origem. Logo, para este íon, o número total
de elétrons é 32.
A seguir, você deve desenhar o esqueleto da estrutura, ligando o átomo
central (P) aos átomos de O por ligações simples:
CEDERJ 133
Elementos de Química Geral | Estruturas de Lewis: Parte l
CONCLUSÃO
ATIVIDADE FINAL
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
Embora este exercício seja, de certa forma, mais simples que alguns que
você resolveu nas atividades anteriores, ele tem grande importância, que será
comentada durante sua resolução.
Como você já sabe, o número de elétrons de valência de cada átomo leva a
concluir que estas moléculas não só têm o mesmo número total de elétrons,
como também o mesmo número de elétrons de valência (são isoeletrônicas
na camada de valência). Todas têm oito elétrons de valência, e o esqueleto
de estruturas de Lewis (considerando apenas ligações simples com o átomo
central) é:
134 CEDERJ
Os “octetos” dos átomos de H já estão completos em todas as estruturas. O
9
octeto do C (no CH4) também está completo. Colocando os elétrons restantes
AULA
sobre o N e o O, ficamos com as estruturas finais a seguir:
RESUMO
CEDERJ 135
10
AULA
Estruturas de Lewis: Parte II
Metas da aula
Determinar a carga formal e número de
oxidação de cada átomo em um composto;
definir o conceito de estruturas de
ressonância de um composto; analisar os
casos em que a regra do octeto não pode ser
aplicada com sucesso.
objetivos
Pré-requisitos
Você precisa saber as regras para
a representação das estruturas
de Lewis (este conhecimento foi
adquirido na Aula 9); o conceito de
eletronegatividade, discutido na
Aula 8, também é essencial.
Elementos de Química Geral | Estruturas de Lewis: Parte II
Se você refletir um pouco mais, verá que existe uma outra estrutura
que também satisfaz a regra do octeto:
!
A carga formal de um átomo em uma molécula é a carga que o átomo teria
se todos os átomos da molécula tivessem a mesma eletronegatividade.
Em outras palavras, a carga formal é a carga que o átomo teria em
um composto caso suas ligações fossem consideradas covalentes apolares.
138 C E D E R J
• todos os elétrons não compartilhados ficam no átomo em
10
que se encontram. Vamos chamar o número desses elétrons
AULA
de NENC;
• metade do número de elétrons compartilhados (NEC) em cada
ligação é marcada em cada átomo que forma a ligação.
O número desses elétrons para cada átomo é NEC/2.
Então, o número total de elétrons em um átomo, em uma dada
estrutura, é contado como NENC + NEC/2.
A carga formal (CF) de um átomo é igual ao número de elétrons de
valência do átomo isolado (NEV), menos o número de elétrons contados
no átomo na estrutura de Lewis considerada, conforme a equação:
!
Verifique se a estrutura está correta.
C 4 2 6/2 = 3 4 - (2 + 3) = -1
N 5 2 6/2 = 3 5 - (2 + 3) = 0
C E D E R J 139
Elementos de Química Geral | Estruturas de Lewis: Parte II
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
Para resolver este exercício, você precisa primeiramente escrever a
estrutura de Lewis do ClO-. Use as regras que você aprendeu na
aula anterior. A estrutura é:
Cl 7 6 2/2 = 1 7 - (6 + 1) = 0
O 6 6 2/2 = 3 6 - (6 + 1) = -1
140 C E D E R J
10
Estrutura I II
AULA
Átomo O C O O C O
NEV 6 4 6 6 4 6
NENC 4 0 4 6 0 2
NEC/2 2 4 2 1 4 6
CF 0 0 0 -1 0 +1
!
Isso está coerente com o fato, observado experimentalmente, de serem iguais
os comprimentos das duas ligações C-O. A estrutura II não é coerente com
esta observação, já que nela as ligações C-O são diferentes.
!
Número de oxidação (NOX) de um átomo é a carga que ele teria em um
composto se suas ligações fossem consideradas completamente iônicas.
C E D E R J 141
Elementos de Química Geral | Estruturas de Lewis: Parte II
H 1 0 +1
Cl 7 8 -1
Observe que, tal como nas cargas formais, a soma dos números
de oxidação é igual à carga total da molécula.
O conhecimento dos números de oxidação é essencial para
o estudo das reações de oxirredução, que você verá em breve no
nosso curso.
!
Note que nem as cargas formais nem os números de oxidação dão o valor real
da carga sobre um átomo. Eles refletem duas situações extremas: a de átomos
ligados por ligações covalentes apolares e a dos mesmos átomos ligados por
ligações puramente iônicas. Em um modelo mais realista, a carga real sobre
cada um dos átomos em um ligação polar tem um valor intermediário entre
o da carga formal e a do número de oxidação.
142 C E D E R J
ATIVIDADE
10
AULA
2. Determine a carga formal e o número de oxidação de cada átomo nas
seguintes moléculas e íons: Cl2, H2O, NO3-.
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
Tal como no exercício anterior, a primeira etapa consiste em escrever
a estrutura de Lewis para cada molécula usando as regras que você
aprendeu na aula anterior:
C E D E R J 143
Elementos de Química Geral | Estruturas de Lewis: Parte II
Átomos Cl Cl O H- -H N O- -O
O
NEV 7 7 6 1 1 5 6 6 6
NENC 6 6 4 0 0 0 6 6 4
NEC 2 2 4 2 2 8 2 2 4
NEC ÷ 2 1 1 2 1 1 4 1 1 2
CF 0 0 0 0 0 +1 -1 -1 0
Átomos Cl Cl O H- -H N O- -O
NEV 7 7 6 1 1 5 6 6 6
O
NET 7 7 8 0 0 0 8 8 8
NOX 0 0 -2 +1 +1 +5 -2 -2 -2
144 C E D E R J
ESTRUTURAS DE RESSONÂNCIA
10
AULA
Você aprendeu que a molécula de CO2 pode ser representada
por duas estruturas, mas que uma delas é mais adequada do que outra. RESSONÂNCIA
Existem situações importantes em que o arranjo dos átomos não pode Estruturas de
Lewis equivalentes
ser descrito somente por uma única estrutura e que, além disso, todas as são denominadas
estruturas compatíveis com a regra do octeto são igualmente plausíveis. estruturas de
ressonância.
Neste caso, dizemos que há R E S S O N Â N C I A entre tais estruturas.
O primeiro exemplo importante é o do ozônio (O3). Duas
estruturas de Lewis são possíveis e satisfazem à regra do octeto (você
dever conferir se as estruturas estão corretas!):
!
A determinação experimental da geometria de moléculas em fase gasosa,
como no caso do ozônio, é freqüentemente realizada pela técnica da
espectroscopia de microondas. Nesta técnica, um pulso de radiação na região
das microondas estimula a rotação das moléculas. Estas absorvem energia para
aumentar o seu movimento rotacional e, dessa forma, produz-se um espectro
no qual são registrados os comprimentos de onda da radiação absorvida,
e que induziu a rotação das moléculas. A análise deste espectro permite
determinar os comprimentos das ligações entre os átomos formadores da
espécie química em estudo.
C E D E R J 145
Elementos de Química Geral | Estruturas de Lewis: Parte II
146 C E D E R J
ATIVIDADE
10
AULA
3. Determine as estruturas de ressonância do íon NO3- (nitrato):
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
Na atividade anterior, você já representou uma das possíveis
estrutura de Lewis deste íon:
C E D E R J 147
Elementos de Química Geral | Estruturas de Lewis: Parte II
As estruturas II, III e IV são equivalentes entre si, mas não são
equivalentes à estrutura I. O cálculo das cargas formais nos mostra
que I é preferível, embora nela o átomo de B não esteja com seu octeto
completo.
148 C E D E R J
c) Átomos com mais do que o octeto
10
Este é, de longe, o caso mais importante e mais freqüente de
AULA
violação da regra do octeto. Ocorre quando o átomo central pertence
aos períodos mais altos da Tabela Periódica (do terceiro em diante).
A possibilidade de elétrons estarem em (ou ocuparem) orbitais d ou f
permite que a última camada do átomo central possa ser completada
com mais de oito elétrons. Essa situação é comum em compostos nos
quais o átomo central é um elemento de transição; ocorre também em
compostos formados entre os não-metais, desde que existam elétrons d
ou f na camada de valência, ou orbitais d ou f que possam ser ocupados
nessa camada.
Como exemplo ilustrativo, vamos considerar o íon [ClF4]-.
O átomo central (Cl) é um não-metal (sendo também um elemento
representativo), mas pertence ao terceiro período da Tabela Periódica.
Sua camada de valência contém orbitais d (que não são ocupados no
átomo de Cl neutro e isolado). Assim, há a possibilidade do número de
elétrons ao redor do Cl ultrapassar o octeto.
Você pode verificar que existem 36 elétrons de valência nessa
espécie. Ao ligar o átomo de Cl aos de F e completar os octetos destes,
ficamos com a seguinte estrutura:
C E D E R J 149
Elementos de Química Geral | Estruturas de Lewis: Parte II
ATIVIDADE
a. C2H5OH;
b. SF4
c. CF2Cl2
d. [Fe(CN)4]2-
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
Das espécies citadas, três contêm elementos do terceiro período da
Tabela Periódica: SF4 (contém S), CF2Cl2 (contém Cl) e [Fe(CN)4]2-
(contém Fe). Entretanto, o átomo de Cl não é o átomo central no
CF2Cl2 ; seu octeto não vai ser ultrapassado. Já S é o átomo central
no SF4 , e Fe no [Fe(CN)4]2-. Portanto, é possível que os octetos do
S e do Fe sejam ultrapassados. Você pode verificar se isto vai ou
não ocorrer montando as estruturas de Lewis para estas espécies,
que são:
CONCLUSÃO
150 C E D E R J
ATIVIDADES FINAIS
10
AULA
1. Calcule as cargas formais e os números de oxidação dos átomos presentes no
íon CO32- (carbonato), e demonstre que essas grandezas são iguais em todas as
estruturas de ressonância deste íon.
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
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____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
A primeira etapa para resolver esta atividade é determinar o número
total de elétrons de valência do ânion CO32-. Você já sabe que o C per-
tence ao grupo 4A; e o O, ao 6A. Então, esse número é 4 + (3 × 6)
para o CO3, e 4 + (3 × 6) + 2 = 24 para o CO32-.
A seguir, você vai verificar que pode escrever três estruturas de Lewis
equivalentes para o CO32-. São elas:
C E D E R J 151
Elementos de Química Geral | Estruturas de Lewis: Parte II
Átomo C O- -O C O= -O C =O O-
O O O
NEV 4 6 6 6 4 6 6 6 4 6 6 6
NENC 0 4 6 6 0 4 6 6 0 4 6 6
NEC/2 4 2 1 1 4 2 1 1 4 2 1 1
CF 0 0 -1 -1 0 0 -1 -1 0 0 -1 -1
Átomo C O- -O C O= -O C =O O-
O O O
NEV 4 6 6 6 4 6 6 6 4 6 6 6
NET 0 8 8 8 0 8 8 8 0 8 8 8
NOX 4 -2 -2 -2 4 2 -2 -2 4 -2 -2 -2
CF 0 0 -1 -1 0 0 -1 -1 0 0 -1 -1
Veja como são diferentes os valores de CF e NOX para cada átomo! Eles
correspondem a dois modelos limites de partição da carga eletrônica:
em um, as ligações são vistas como covalentes apolares, e os átomos
152 C E D E R J
dividem igualmente os elétrons das ligações; no outro, os elétrons de
10
ligação são transferidos completamente para o átomo mais eletrone-
AULA
gativo, como em uma ligação puramente iônica. Observe também que
a soma dos NOX de todos os átomos é a carga total do íon.
2. Embora os gases nobres sejam inertes, eles formam compostos com o flúor.
Um exemplo típico é o XeF2. Represente a estrutura de Lewis deste composto e
verifique se o octeto do Xe é ultrapassado.
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C E D E R J 153
Elementos de Química Geral | Estruturas de Lewis: Parte II
Você vai notar que sobram seis elétrons. Eles podem ser arrumados em
pares em torno do átomo de Xe. Logo, o átomo central terá seu octeto
ultrapassado. Isto é aceitável, pois o Xe pertence ao quinto período da
Tabela Periódica. A estrutura de Lewis é:
RESUMO
Muitos sistemas podem ser representados por mais de uma estrutura de Lewis.
Quando isso ocorre, uma análise das cargas formais sobre os átomos permite
decidir qual das estruturas compatíveis é a mais consistente. Em casos em que mais
de uma estrutura consistente pode ser escrita, o composto tem propriedades que
não podem ser descritas por nenhuma das estruturas isoladamente. Por fim, há
casos nos quais a regra do octeto não pode ser cumprida. O mais comum é ter um
átomo central com mais de oito elétrons; nessa situação, o átomo central pertence
ao período igual ou superior ao terceiro da Tabela Periódica.
154 C E D E R J
11
AULA
Forma das moléculas: Parte I
Meta da
Metas da aula
Descrever os fatores que determinam a
geometria de uma molécula; utilizar a teoria da
repulsão dos pares de elétrons de valência para
prever a geometria de moléculas simples.
objetivos
Pré-requisitos
Os conhecimentos adquiridos nas aulas
sobre estruturas de Lewis (Aulas 9 e 10) são
indispensáveis para você compreender o
conteúdo desta aula.
Elementos de Química Geral | Forma das moléculas: Parte I
INTRODUÇÃO Você já sabe como representar a estrutura de Lewis das moléculas. Essas estru-
turas dão bastante informação sobre a distribuição dos elétrons de valência nos
átomos e sobre as ligações químicas formadas entre eles. Entretanto, elas não
indicam como é a arrumação dos átomos no espaço tridimensional, ou seja,
não definem a geometria da molécula. Nesta aula, você aprenderá um método
para determinar a geometria de moléculas simples baseado na estrutura de
Lewis das moléculas.
!
O tamanho e a forma de uma molécula são determinados:
• pelo comprimento das ligações
• pelos ângulos entre as ligações
TETRAEDRO
No metano (CH4), por exemplo, todas as ligações têm o mesmo
O tetraedro é uma
figura geométrica comprimento, e o ângulo entre duas ligações C-H é sempre igual a 109,5°.
formada por quatro
faces triangulares A arrumação dos átomos está ilustrada na Figura 11.1: Essa estrutura
iguais. É um dos
tridimensional é característica de um TETRAEDRO. Já o XeF4 tem também
sólidos platônicos,
figuras espaciais as quatro ligações iguais, mas arrumadas no plano na forma de um
muito regulares e
com propriedades quadrado, como também mostrado na mesma figura.
geométricas bem
definidas. Os demais
sólidos platônicos
são o cubo (seis
faces quadradas),
o octaedro (oito
faces triangulares),
o dodecaedro (doze
faces pentagonais)
e o icosaedro (vinte
faces triangulares). Na
Figura 11.2, você pode
visualizar estas formas
geométricas.
Figura 11.1: Tanto o CH4 quanto o XeF4 têm quatro ligações iguais, mas geometrias
completamente diferentes.
156 C E D E R J
11
AULA
Tetraedro Cubo Octaedro
Dodecaedro Icosaedro
C E D E R J 157
Elementos de Química Geral | Forma das moléculas: Parte I
158 C E D E R J
11
NPA = NPL + NPNL
AULA
A água, por exemplo, tem a seguinte estrutura de Lewis:
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
Você precisa inicialmente escrever as estruturas de Lewis das
moléculas de CH4 e NH3 para fazer a contagem dos pares de elétrons
em torno do átomo central de cada molécula. Estas estruturas foram
obtidas na Atividade Final da Aula 9, e são:
C E D E R J 159
Elementos de Química Geral | Forma das moléculas: Parte I
!
Segundo a teoria RPECV, o melhor arranjo de um dado número de pares de elétrons
no espaço é aquele que minimiza a repulsão entre eles.
Tabela 11.1: Arranjos espaciais dos pares de elétrons em torno do átomo central A,
em uma molécula ABn
160 C E D E R J
11
GEOMETRIA DAS MOLÉCULAS
AULA
Na Atividade 1, você contou os números de pares de elétrons em
torno do átomo central nas moléculas de CH4, NH3 e H2O. Talvez tenha
passado despercebido, mas o fato é que, embora o número total de pares
(NPA) dessas moléculas seja o mesmo (NPA = 4), os valores de NPL e
NPNL são diferentes. Consultando a Tabela 11.1, você seria tentado a Figura 11.6: Bipirâmide
trigonal. Sua base é trian-
dizer que as três moléculas são tetraédricas. Entretanto, somente o CH4 gular, e a linha que une os
pontos acima e abaixo da
é tetraédrico; NH3 é trigonal plano, e H2O é angular. base passa pelo centro do
triângulo.
!
A geometria de uma molécula é definida pelo arranjo espacial dos núcleos dos
átomos que formam a molécula.
Tabela 11.2: Geometria de moléculas simples ABn em função de NPA, NPL e NPNL
C E D E R J 161
Elementos de Química Geral | Forma das moléculas: Parte I
AULA
!
É importante que você verifique se estas estruturas estão corretas.
Qualquer uma das duas estruturas pode ser usada, pois elas são
equivalentes, só diferindo na posição da dupla ligação N=O. Em cada
uma, o N tem dois pares ligantes e um par não-ligante (lembre-se de que
a ligação dupla – ou tripla – conta como um só par). Então, NPL = 2,
NPNL = 1, NPA = 3, e o íon é plano angular.
CONCLUSÃO
ATIVIDADE FINAL
a. PCl3
b. CF2Cl2
c. O3
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
C E D E R J 163
Elementos de Química Geral | Forma das moléculas: Parte I
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
A primeira etapa para resolver esta atividade é construir a estrutura de
Lewis das moléculas de interesse. A seguir, você vai contar os pares de
elétrons ligantes e não-ligantes em torno do átomo central e, por fim,
usar a Tabela 11.2 para determinar a geometria correspondente ao
arranjo dos núcleos de cada espécie química.
a. A estrutura de Lewis do PCl3 foi obtida no exemplo 1 da Aula 9:
164 C E D E R J
11
AULA
Figura 11.7: Na molécula de CF2Cl2, as ligações C-F têm comprimento
menor que as C-Cl. Por isso, a molécula é um tetraedro irregular.
Qualquer uma delas pode ser usada para mostrar que o O central está
cercado por dois pares de elétrons ligantes (lembre-se de que a ligação
dupla conta como um par no modelo RPECV) e um par não-ligante.
Então, NPL = 2, NPNL = 1 e NPA = 3. A molécula é angular plana, como
no caso da H2O. Lembre-se de que, no caso de existirem estruturas
ressonantes, as propriedades da molécula não são descritas por
nenhuma das estruturas separadamente. Em particular, as distâncias
entre as ligações O-O no ozônio são iguais. Dessa forma, a geometria
da molécula é melhor representada pela Figura 11.8:
RESUMO
C E D E R J 165
Elementos de Química Geral | Forma das moléculas: Parte I
Na próxima aula, vamos estender o modelo RPECV de modo a englobar os casos em que
o átomo central ultrapassa o octeto e quando não existe um único átomo central.
166 C E D E R J
12
AULA
Forma das moléculas: Parte II
Metas da aula
Discutir a influência dos pares não-ligantes
e das ligações múltiplas na geometria de uma molécula.
Estender o modelo RPECV a moléculas ABn, no qual o átomo
central está rodeado por mais de quatro pares de elétrons
e a moléculas com mais de um átomo central.
Discutir o efeito da geometria e da polaridade das ligações
na determinação da polaridade de uma molécula poliatômica.
Pré-requisitos
Para a compreensão desta aula, você precisa de
todo o conteúdo da aula anterior (Aula 11)
e precisa se lembrar das regras para escrever as
estruturas de Lewis, estudadas na Aula 9.
É também importante que você reveja os
conceitos de carga formal, número de oxidação
e polaridade de ligação ensinados na Aula 8.
Elementos de Química Geral | Forma das moléculas: Parte II
168 C E D E R J
12
AULA
Ao se espalhar mais, um par não-ligante comprime mais os pares
ligantes à sua volta. Isto faz diminuir o ângulo entre as ligações em que
os pares ligantes estão envolvidos. Quanto maior o número de pares
não-ligantes, menor deve ser o ângulo de ligação.
NPA 4 4 4
NPL 4 3 2
NPNL 0 1 2
Ângulo previsto
109,5° 109,5° 109,5°
entre as ligações
Ângulo experimental
109,5° 107° 104,5°
entre as ligações
a b c
Figura 12.2: Os ângulos entre as ligações N-H no NH3 e O-H na H2O são menores que entre
as ligações C-H no CH4.
C E D E R J 169
Elementos de Química Geral | Forma das moléculas: Parte II
Figura 12.3: A presença da ligação dupla C=O reduz o ângulo entre as ligações
C-Cl no COCl2.
170 C E D E R J
12
ATIVIDADE
AULA
1. Utilize o modelo RPECV e o que você aprendeu sobre o efeito dos pares
não-ligantes e das ligações múltiplas para determinar qual das seguintes
espécies tem o menor ângulo entre as ligações N-H:
NH2-, NH3, NH4+.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
Como você pôde observar, todas as espécies têm oito elétrons de
valência. A primeira etapa para resolver esta atividade é, então,
representar as estruturas de Lewis de cada uma delas:
C E D E R J 171
Elementos de Química Geral | Forma das moléculas: Parte II
Tabela 12.1: Geometria das moléculas ABn em função de NPA, NPL e NPNL
Bipirâmide Bipirâmide
5 120° e 90° 5 0 PCl5
trigonal trigonal
4 1 Gangorra SF4
3 2 Forma de T ClF3
2 3 Linear XeF2
Pirâmide
5 1 BrF5
quadrada
Quadrado
4 2 XeF4
plano
172 C E D E R J
12
!
Como você pode inferir a figura geométrica que define a forma de uma molécula? Observe
AULA
a Figura 12.4.a, que mostra as ligações químicas entre o átomo central P e os átomos de
Cl unidos a ele no PCl5. Ao unir os átomos de Cl (que rodeiam o átomo central) por linhas
retas, você verá a bipirâmide trigonal ilustrada na Figura 12.4.b.
a b
Figura 12.4: O PCl5 tem a forma de uma bipirâmide trigonal, que é visualizada
unindo-se os átomos de Cl por linhas retas.
Figura 12.5: O par de elétrons não-ligantes do SF4 pode ficar em posição equatorial
ou axial. A primeira é energeticamente mais favorável e tem a forma geométrica
de gangorra.
C E D E R J 173
Elementos de Química Geral | Forma das moléculas: Parte II
a b
174 C E D E R J
12
a b
AULA
Figura 12.8: As moléculas de BrF5 e XeF4 têm formas de uma pirâmide quadrada e
de um quadrado, respectivamente.
ATIVIDADE
2. Utilize o modelo RPECV para confirmar que o XeF2 é linear e que o XeF4
tem a forma de um quadrado.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
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___________________________________________________________________
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_________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
O Xe e o F pertencem aos grupos 8A e 7A, respectivamente. No XeF4 , o
número total de elétrons de valência é 36; no XeF2, é 22. O esqueleto
básico das estruturas de Lewis dos dois compostos é:
C E D E R J 175
Elementos de Química Geral | Forma das moléculas: Parte II
I II III
AULA
NPA 4 4 4
NPL 4 4 2
NPNL 0 0 2
Figura 12.9: A forma da molécula de etanol (C2H5OH) pode ser obtida analisando-se
as geometrias das partes formadas pelos três átomos centrais.
I II III
A escolha dos átomos centrais deve estar clara para você. Eles são
os átomos de C, numerados como I, II e III.
C E D E R J 177
Elementos de Química Geral | Forma das moléculas: Parte II
NPA 4 3 4
NPL 4 3 2
NPNL 0 0 2
ATIVIDADE
a)
b)
c)
178 C E D E R J
12
___________________________________________________________________
AULA
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
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_________________________________________________________________
RESPOSTA COMENTADA
Para resolver esta atividade, o primeiro passo a ser dado é decidir,
para cada uma das estruturas, quantos e quais são os átomos centrais.
A seguir, você deve montar uma tabela que contenha, para cada um
dos átomos centrais que você escolheu, os valores de NPA, NPL e
NPNL. Desta forma, você pode prever o arranjo geométrico em torno
de cada átomo central e, desta forma, o ângulo entre as ligações que
envolvem este átomo.
A estrutura de Lewis do composto (a) indica que você deve escolher
os dois átomos de C como átomos centrais:
I II
A linha cheia divide a estrutura em duas regiões, uma correspondendo
ao C central I e a outra, ao II.
Observe agora que cada átomo de C está rodeado por dois grupos
de pares de elétrons (a ligação tripla conta como um par!), e que não
há pares não-ligantes em nenhum deles. O quadro a seguir resume
estas informações:
NPA 2 2
NPL 2 2
NPNL 0 0
C E D E R J 179
Elementos de Química Geral | Forma das moléculas: Parte II
Átomo Central O- -N
NPA 4 3
NPL 2 2
NPNL 2 1
NPA 3 4 4
NPL 3 2 4
NPNL 0 2 0
180 C E D E R J
12
a b
AULA
c
Figura 12.11: Arranjo espacial das estruturas de Lewis (a), (b) e (c).
C E D E R J 181
Elementos de Química Geral | Forma das moléculas: Parte II
a b
Figura 12.12: (a) Duas cargas de mesmo módulo q, separadas por uma distância
R, geram um dipolo cujo valor é d = qR. O dipolo aponta para a carga negativa.
(b) Numa ligação entre dois átomos, a carga sobre o átomo A é δA e sobre B, δB.
182 C E D E R J
12
Numa molécula poliatômica, há várias ligações químicas.
A polaridade da molécula depende de dois fatores:
AULA
• polaridade de cada ligação;
• geometria da molécula.
Figura 12.13: Os dipolos das ligações C=O se cancelam no CO2, mas os das ligações
O-H não se cancelam na molécula de H2O.
r
O momento de dipolo ( d ) é, na verdade, uma grandeza vetorial que se
caracteriza não só pelo seu valor absoluto (d) como também pela sua direção r
e sentido. Quando há vários dipolos numa r molécula, o dipolo resultante ( d ) é
obtido pela soma vetorial dos dipolos ( d i ) das ligações que formam a molécula.
Lembre-se da Física que:
r
1. um vetor ( v ) pode ser decomposto
r r em rsuas componentes
r r r ao longo dos
r
eixos cartesianos como v = x i + y j + zk , onde i , j , k são os vetores
unitários em cada um dos eixos. Se o vetor estiver no plano, só haverá
duas componentes; r r r r r r r
r
2. a soma de dois vetores v1 = x1 i + y1 j + z1k e v 2 = x 2 i + y 2 j + z 2 k é um
r
vetor v cujas componentes são x = x1 + x 2 , y = y1 + y 2 e z = z1 + z 2 .
Esta soma é representada pela regra do paralelogramo.
A Figura 12.14 ilustra estas duas propriedades vetoriais para o caso simples de
dois vetores no plano xy.
C E D E R J 183
Elementos de Química Geral | Forma das moléculas: Parte II
a b
Figura 12.14: Um vetor é caracterizado por suas componentes ao longo dos eixos
cartesianos; a soma de dois vetores é representada pela regra do paralelogramo.
Figura 12.15: Na molécula de H2O, as componentes dos dipolos das ligações O-H
ao longo do eixo dos x se cancelam, e ao longo do eixo dos y se somam. O vetor
resultante aponta para o átomo de O, ao longo do eixo dos y.
!
Os argumentos utilizados para prever a polaridade do CO2 e da H2O são gerais e podem
ser resumidos da seguinte forma: se a soma dos dipolos das ligações (consideradas as suas
orientações) for nula, a molécula é apolar; se for diferente de zero, ela é polar.
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12
ATIVIDADE
AULA
4. Determine a polaridade das moléculas a seguir; caso sejam polares,
indique onde aponta o dipolo resultante.
a) BF3
b) CH4
c) CF2Cl2
d) XeF4
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RESPOSTA COMENTADA
A primeira etapa para você resolver esta atividade é determinar a
estrutura de Lewis de cada composto. A seguir, utilizando-se as Tabelas
11.2 e 12.1, você pode determinar a geometria de cada molécula.
Construa a seguir os dipolos das ligações e verifique se eles se cancelam
(ou não) no espaço.
Já sabemos bastante sobre as moléculas envolvidas nesta atividade.
A molécula de BF3 é trigonal plana (Figura 11.3.a), a de CH4 e de
CF2Cl2 são tetraédricas (Figuras 11.1.a e 11.7) e a de XeF4 é quadrada
plana (Figura 12.8.b). Todas as ligações entre o átomo central e
qualquer outro átomo nestas moléculas são polares. A polaridade final
vai depender, portanto, da composição dos vetores que correspondem
aos dipolos das ligações em cada uma delas.
Na molécula de BF3 , os dipolos ficam dispostos como está mostrado na
Figura 12.16.a. Observe que todos os dipolos de ligação são iguais.
A trigonometria elementar mostra que as componentes ao longo
dos eixos dos x e dos y se anulam, de forma que a molécula é
apolar. O mesmo ocorre com a molécula de XeF4, cujos dipolos estão
representados na Figura 12.16.b. Esta molécula também é apolar.
A composição dos dipolos das moléculas de CH4 e CF2Cl2 é um pouco
mais difícil, pois o arranjo geométrico é tridimensional. Talvez fique mais
C E D E R J 185
Elementos de Química Geral | Forma das moléculas: Parte II
c b
186 C E D E R J
12
CONCLUSÃO
AULA
A geometria de moléculas pode ser prevista com excelente
aproximação por um modelo simples, baseado na distribuição dos
pares de elétrons em torno de um ou mais átomos centrais. Entretanto,
a presença de pares de elétron não-ligantes e de ligações múltiplas distorce
os ângulos das ligações em relação ao previsto pelo modelo simples
RPECV. O arranjo geométrico da molécula é de fundamental importância
na determinação da sua polaridade, que resulta da composição dos
dipolos das ligações, considerando as suas orientações no espaço.
ATIVIDADE FINAL
a. HBCl2
b. GeH4
c. SO3
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RESPOSTA COMENTADA
Você precisa escrever a estrutura de Lewis de cada composto, determinar a
geometria pelo método RPECV e compor os dipolos das ligações para formar
o dipolo resultante.
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Elementos de Química Geral | Forma das moléculas: Parte II
Observe que o B não tem o seu octeto completo neste composto; a ele estão
ligados três pares de elétrons (NPA = 3), todos ligantes (NPL =3, NPNL = 0).
Logo, o HBCl2 é trigonal plano. Na Figura 12.17 está a representação da
molécula, com os dipolos das ligações e o dipolo total. Este aponta ao longo da
bissetriz das ligações B-Cl, pois os átomos de Cl são bem mais eletronegativos
que o átomo de H.
188 C E D E R J
12
Em qualquer uma delas, há três pares de elétrons em torno do átomo de S
(lembre-se de que a ligação dupla conta como um par!). Então, NPA = 3, NPL
AULA
= 3 e NPNL = 0. Desta forma, o SO3 é trigonal plano. Se você pensar que há
duas ligações simples e uma dupla, deve esperar que as distâncias das ligações
S-O e S=O sejam diferentes, o que está certo. Entretanto, convém lembrar que,
quando há ressonância de estruturas, a estrutura real do composto não pode
ser representada por nenhuma das estruturas ressonantes isoladamente. Na
verdade, as distâncias S-O no SO3 são todas iguais. Se assim for, a molécula
tem a mesma composição de dipolos que o BF3 , sendo apolar.
RESUMO
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Serviço gráfico realizado em parceria com a Fundação Santa Cabrini por intermédio do gerenciamento
laborativo e educacional da mão-de-obra de apenados do sistema prisional do Estado do Rio de Janeiro.