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O ensino das disciplinas de Ciências Humanas (Geografia, História, Sociologia, Filosofia) vem
sofrendo uma longa crítica em relação ao seu caráter essencialmente ligado a memória, as vezes
vulgarmente taxadas como disciplinas “decorativas”, ironicamente ligado a decorar, memorizar
certos fatos, eventos, personagens, datas, conceitos, etc. Portanto, pouco analítica e as vezes
colocadas com pouca ou sem nenhuma importância ou finalidade prática para as novas gerações
que chegam à escola. Se a afirmação anterior parece obviamente equivocada tendo em vista
que a construção de um horizonte de mundo acerca da vida individual e coletiva é tudo menos
desprovida de finalidade.
Mas aqui precisamos retomar o poder de certos fatos para entender as conjunturas. Alguns fatos
ainda que não conformem ou reestruturem as formas sociais propriamente ditas, elas agem
como estopim de revoltas que se tornando acontecimentos são capazes de reconfigurarem as
relações sociais. Nesse caso, é melhor pensarmos na ideia de circuito de afetos e de como certos
fatos são capazes de criar situações que alterem a conjugação de força na política. Poderíamos
ilustrar como exemplo a primavera árabe e o evento em que o Jovem vendedor de frutas das
ruas de Tunis, Mohamed Bouazizi, se recusando a pagar propina a policiais corruptos, em seu
ato extremo de autoimolação desencadeou eventos que levariam a queda do autocrata militar
Ben Ali, que estava no poder há 23 anos, e as insurreições que varreriam o mundo Árabe nos
anos subsequentes.