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15 October, 2019 | created using FiveFilters.

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Filosofia analítica A filosofia analítica, através de suas sucessivas manifestações,


sempre comportou duas correntes: o empirismo lógico e a filosofia da
linguagem ordinária. Na primeira geração o empirismo lógico é
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representado por G. Frege, cuja Begriffschrift (Halle, 1879) constitui
a obra fundamental da lógica moderna. Ele leva adiante o projeto
A Filosofia analítica é uma vertente do pensamento contemporâneo,
leibniziano, que permanecera suspenso, de uma “língua
reivindicada por filósofos bastante diferentes, cujo ponto comum é a
característica”. Os Grundgesetze der Arithmetik (Breslau, 1884)
ideia de que a filosofia é análise — a análise do significado dos
proporcionam a primeira definição lógica de número cardinal. No
enunciados — e se reduz a uma pesquisa sobre a linguagem.
caso da filosofia da linguagem ordinária, H. Sidgwick (1838−1900), em
Inicialmente, Filosofia analítica assumiu a hipótese de que a lógica Method of Ethics (1874), representa a resistência da tradição
criada por Gottlob Frege, Bertrand Russell e outros, entre o final do empirista inglesa contra o idealismo neo-hegeliano na Inglaterra. Na
século XIX e o início do século XX, poderia ter consequências segunda geração temos as filosofias de Russell, no caso do empirismo
filosóficas gerais e ajudar na análise de conceitos e no esclarecimento lógico, e George Edward Moore, na filosofia da linguagem ordinária.
das ideias. Um dos mais claros exemplos dessa tendência é a análise
A partir de meados do século XX, mais uma vez sob a forte influência
de Russell de frases contendo descrições definidas. Os primeiros
de estudos advindos do campo da Lógica – dessa vez especificamente
filósofos analíticos foram Frege, Russell, George Edward Moore e
da lógica modal – houve uma retomada, por parte dos filósofos
Ludwig Wittgenstein[1]. Na Inglaterra, com Russell e Moore, opunha-
analíticos, de questões metafísicas e epistemológicas, tal como
se às escolas procedentes do idealismo alemão, principalmente o
tradicionalmente concebidas. Assim, a partir de alguns escritos
hegelianismo, representado sobretudo por J. M. E. McTaggart e F. H.
seminais de autores como Saul Kripke, Hilary Putnam e Tyler Burge,
Bradley.
passou-se mais uma vez a tematizar assuntos tais como o da relação
Mas há várias correntes dentro da filosofia analítica; dentre elas, o entre o sujeito e o mundo – ou, mais especificamente, entre o sujeito e
positivismo lógico, que se distingue pela rejeição de toda e qualquer seu ambiente físico e social – condições de identidade de objetos
metafísica. Neste contexto, convém destacar o Círculo de Viena, de através de mundos possíveis, etc. Nascia assim o externalismo.
corte neopositivista, fundado por Moritz Schlick e constituído por
Atualmente a filosofia analítica é a filosofia dominante nos
filósofos e lógicos austríacos e alemães: Carnap, eventualmente Hans
departamentos universitários de filosofia nos países de anglófonos,
Reichenbach e, em seus primeiros tempos, Wittgenstein. Suas teses
bem como nos países escandinavos, em certos países do Leste
foram proclamadas num manifesto, Concepção científica do mundo
Europeu, como a Polônia, e também em Israel. Algumas vezes é
(1929).
entendida por oposição à filosofia continental. Entretanto,

História considerando que algumas de suas raízes estão no continente europeu,


e.g., com os trabalhos de Franz Brentano, e alguns dos seus
Na passagem do século XIX para o século XX, a filosofia passou por seguidores (e.g. Alexius Meinong), em torno do conceito de
uma nova e profunda remodelação, a chamada “virada linguística”, intencionalidade, talvez a alegada oposição seja apenas aparente.
sob a influência de Frege, Bertrand Russell e Wittgenstein. A atividade
filosófica passou a ser considerada basicamente como um método Além da referência original à lógica contemporânea, não há ideia
lógico de análise do pensamento. Posteriormente, com os autores unificadora ou dogma característico da filosofia analítica:
ligados ao Círculo de Viena e demais positivistas lógicos, será vista
A epistemologia e a lógica de Frege opunham-se sobretudo ao
como um método de análise do significado das proposições da ciência;
empirismo. Todavia, muitos filósofos analíticos posteriores,
ou ainda, para autores como Peter Strawson, será uma tentativa de se
notadamente os positivistas lógicos e Quine, defenderam
descrever alguns dos conceitos fundantes do nosso esquema
posições empiristas e rejeitaram o racionalismo de Frege.
conceitual. Nascia assim a chamada filosofia analítica.
Filósofos analíticos mais recentes, como Tyler Burge, rejeitam
O surgimento da filosofia analítica marcou, portanto, uma nova divisão o empirismo e defendem o racionalismo.
entre modos de se fazer filosofia. Os próprios filósofos analíticos
Em lógica, Frege se opôs ao “psicologismo” de John Stuart
forjaram o termo Filosofia continental para referir-se às várias
Mill. Algumas ideias atribuídas a Mill — e.g., que nomes
tradições filosóficas procedentes da Europa Continental,
próprios não têm o que chama de conotação — voltaram a
principalmente da Alemanha e da França.
circular entre os filósofos analíticos. Saul Kripke, por
Com o início da Segunda Guerra Mundial, muitos dos principais exemplo, defende uma teoria milliana dos nomes próprios,
componentes do Círculo de Viena tiveram que fugir para os Estados contra o alegado descritivismo do que chama “a concepção de
Unidos, e da síntese de sua filosofia – o positivismo lógico – com a Frege-Russell”.)
cultura americana nasceu uma nova corrente filosófica, o chamado
Russell, entre outros, defendeu posições realistas. Já seu
Pragmatismo — ou o “Pragmatismo moderno”, uma vez que, como
primeiro aluno e depois colega Wittgenstein parece ter sido,
corrente filosófica, o pragmatismo estava há mais tempo enraizado
ao menos por algum tempo, um anti-realista.
nos Estados Unidos, e precisamente com esse nome, sobretudo nas
obras de William James (1842−1910), Charles Sanders Peirce O Círculo de Viena e a filosofia da linguagem ordinária se
(1839−1914) e John Dewey (1859−1952). opunham a toda e qualquer metafísica. Hoje a metafísica
floresce na filosofia analítica.
Até o início da década de 1950, o positivismo lógico era o principal Lógica
movimento dentro da filosofia analítica. No entanto, o movimento
sofreu um golpe mortal em 1951, quando Quine publicou “Dois Dogmas Clássica
do Empirismo”. Foi o fim do positivismo lógico. Depois disso a filosofia
Matemática
analítica desenvolveu-se em diversas direções. A ciência cognitiva e a
filosofia da mente tomaram o lugar da lógica e da filosofia da Não-clássica
linguagem. Há uma metafísica e mesmo uma teologia analítica. Há
Filosífica
uma filosofia política (John Rawls e Robert Nozick) e diversos estudos
sobre ética. Filósofos

Ver também Noam Chomsky

Epistemologia David Chalmers

Filosofia da linguagem Daniel Dennett

Referências Keith Donnellan

1. ↑ Wittgenstein, Ludwig (1968), Philosophical Investigations, Paul Feyerabend


260 pp. New York: Macmillan.
Bas van Fraassen
Ligações externas
Gottlob Frege
Filosofia Analítica em Crítica: revista de filosofia
Jerry Fodor
v
Ian Hacking
d
Alasdair MacIntyre
e
Ernest Nagel
Filosofia Analítica
Thomas Nagel
Artigos relacionados
Derek Parfit

Áreas de interesse Karl Popper

Epistemologia John Searle

Linguagem Peter Singer

Matemática J. J. C. Smart

ciência Charles Taylor

Teorias Michael Walzer

Análise (filosofia) Cambridge

Antirrealismo G. E. Moore

Atomismo lógico Roger Scruton

Contrafatual Bertrand Russell

Cognitivismo em ética Frank P. Ramsey

Dados dos sentidos Ludwig Wittgenstein

Distinção analítico-sintética Oxford

Emotivismo

Filosofia da linguagem comum

Funcionalismo (filosofia da mente)

Marxismo analítico

Neopragmatismo

Superveniência
G. E. M. Anscombe Roderick Chisholm

J. L. Austin Donald Davidson

A. J. Ayer Nelson Goodman

Michael Dummett Thomas Kuhn

Antony Flew Robert Nozick

Philippa Foot Hilary Putnam

Peter Geach W. V. O. Quine

Paul Grice John Rawls

R. M. Hare Pittsburgh School

Peter Hacker Robert Brandom

Gilbert Ryle John McDowell

P. F. Strawson Wilfrid Sellars

Bernard Williams Princeton

Círculo de Berlim David Lewis

Carl Gustav Hempel Saul Kripke

Hans Reichenbach Richard Rorty

Círculo de Viena Língua portuguesa

Rudolf Carnap Newton da Costa

Kurt Gödel Desidério Murcho

Otto Neurath Vicente Ferreira da Silva

Moritz Schlick Obtida de “https://pt.wikipedia.org/w/index.php?


title=Filosofia_analítica&oldid=56435276″
Harvard

https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_anal%C3%ADtica

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