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A PRÉ-HISTÓRIA BRASILEIRA

Pintura Rupestre

O critério adotado para separar a Pré-História da História é a invenção da escrita, que ocorreu aproximadamente em 4000 a.C.

O Brasil também teve seu período pré-histórico, mas este não se encerrou com a invenção da escrita, pois a população que originalmente
habitava o que hoje constitui o território brasileiro foi exterminada graças à chegada de colonizadores europeus. Assim, a Pré-História
brasileira se inicia com o aparecimento das primeiras comunidades humanas no atual território brasileiro e se encerra com a chegada dos
portugueses, no ano 1500.

O que não se sabe com certeza é como surgiram os primeiros seres humanos que habitavam o espaço geográfico que hoje constitui o
Brasil. Existem diversas hipóteses, que estudaremos abaixo.

As primeiras teorias

A maioria dos historiadores acredita que o homem que habita o que é hoje as Américas não surgiu dentro da América do Norte ou da
América do Sul. Em vez disso, os primeiros habitantes das Américas vieram de outras regiões: migraram milhares de anos atrás.

Até recentemente, os historiadores acreditavam que as primeiras comunidades humanas nas Américas eram originárias da Ásia, tendo
migrado em 12.000 a.C. Acreditava-se que essas comunidades saíram do atual território russo da Sibéria e atravessaram o estreito de
Bering, chegando à região que hoje constitui o Alasca. A partir de então, expandiram-se: primeiro pela América do Norte, depois pela
América Central e, finalmente, pela América do Sul.

Essa hipótese se baseava em várias teorias e descobertas arqueológicas. Presumia-se, por exemplo, que os seres humanos que migraram
para as Américas eram incapazes de desenvolver técnicas de navegação. Os historiadores não acreditavam que as primeiras
comunidades nas Américas haviam chegado aos continentes americanos por meio do oceano – Atlântico ou Pacífico. Portanto, presumiram
que foi por meio do estreito de Bering – que separa a Ásia da América – que os primeiros seres humanos chegaram à América do Norte e,
posteriormente, à América Central e a à América do Sul.

Essa teoria também se baseava em um acontecimento físico-geográfico: a redução da temperatura da Terra, ocorrida entre 35.000 a.C. e
12.000 a.C. Graças a esse fenômeno, a massa de gelo polar aumentou e o nível dos oceanos foi reduzido: consequentemente, o estreito
de Bering secou, permitindo a passagem de seres humanos da Ásia para a América.

Descobertas arqueológicas também pareciam comprovar essa teoria. Os mais antigos vestígios humanos descobertos nas Américas
datavam de 12.000 a.C., tendo sido descobertos na América do Norte. Os mesmos tipos de vestígios foram encontrados na América
Central – datavam de 9000 a.C. – e na América do Sul – que datavam de 8000 a.C. Isso parecia indicar que depois de atravessar o istmo
do Panamá, o homem teria viajado em direção ao sul, acompanhando a cordilheira dos Andes, e que finalmente havia chegado às regiões
mais baixas da América do Sul – a maioria delas hoje ocupada pelo território brasileiro.

Havia, porém, alguns fatores que aparentemente refutavam a hipótese a respeito da origem dos primeiros seres humanos das Américas.
Exemplificando: se os agrupamentos humanos se estabeleceram primeiro nos Andes – onde desenvolveram civilizações muito avançadas

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– e depois ocuparam a região amazônica, por que a civilização amazônica era menos avançada que a andina? Havia o homem esquecido
na região amazônica o que havia desenvolvido nos Andes? Os especialistas tentaram encontrar uma explicação para isso: respondiam que
as terras baixas tropicais não eram muito adequadas ao desenvolvimento humano e, portanto, os agrupamentos humanos que migraram
dos Andes para o atual território brasileiro haviam perdido conhecimentos técnicos, tornando-se mais primitivos. Essa era a explicação
dada para justificar o estado primitivo das populações nativas encontradas pelos portugueses quando estes chegaram ao atual território
brasileiro.

Novas Hipóteses

A partir de 1970, descobertas arqueológicas e novos conhecimentos humanos passaram a pôr em dúvida as teorias de como o homem
chegou à América.

Presumia-se que os seres humanos que migraram para a América eram incapazes de desenvolver técnicas de navegação. Contudo, sabe-
se que a glaciação que causou com que o estreito de Bering secasse fez com que a temperatura da região caísse a níveis insuportáveis.
Se os seres humanos possuíam técnicas para sobreviver apesar de tais condições climáticas, por que presumir que não eram capazes de
desenvolver meios de navegação?

Ademais, descobertas arqueológicas obrigaram os estudiosos a reexaminar suas teorias. Acreditava-se que o homem havia chegado à
Austrália por volta de 7000 a.C., pois, antes disso, os seres humanos não conseguiriam navegar até o continente australiano. Contudo,
foram descobertos na Austrália fósseis humanos com mais de 40 mil anos. Como isso era possível?

Surgiram outras descobertas arqueológicas: por exemplo, vestígios humanos de 10.000 a.C. foram encontrados no sul da Argentina. No
Brasil, no estado do Piauí, no sítio arqueológico da Pedra Furada, foi descoberto um acervo arqueológico contendo pinturas rupestres e
utensílios. As pinturas foram datas em mais de 20 mil anos e os utensílios, 56 mil anos.

Essas descobertas refutam a hipótese clássica sobre a ocupação humana nas Américas. Hoje, a comunidade científica internacional
admite que é provável que os primeiros seres humanos chegaram às Américas entre 100 e 70 mil anos atrás. Hoje, admite-se a
possibilidade que vieram por vias marítimas. Além disso, é provável que o povoamento da América do Sul ocorreu na mesma época ou até
antes do da América do Norte.

A História dos Indígenas no Brasil

A teoria clássica afirma que a presença humana no Brasil data aproximadamente de 6000 a.C. Contudo, há indícios de que essa presença
tenha mais de 50.000 anos. Sabemos que por volta de 10.000 a.C., o atual território brasileiro se encontrava ocupado e que, em 6000
a.C., algumas regiões, especialmente o Nordeste, eram densamente ocupadas.

Antes da chegada dos portugueses, o território brasileiro era ocupado por centenas de nações, que falavam mais de mil línguas. (Hoje,

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restam apenas 180 línguas ou dialetos indígenas).

É importante ressaltar que existiam diferenças significativas entre as nações indígenas. Havia as nômades, mas também as sedentárias.
Havia nações primitivas, mas também povos que criaram uma organização social, econômica e política avançada: hierarquias compostas
por chefes, nobres, plebeus e escravos. Além disso, algumas nações indígenas possuíam uma organização política e militar, denominada
cacicado, em que o chefe de uma aldeia impunha sua autoridade sobre outras aldeias.

Essas grandes aldeias foram destruídas pelos colonizadores europeus, que ativa e passivamente exterminaram as nações indígenas. Vale
lembrar que as nações indígenas não tinham como prevalecer sobre as armas de fogo dos colonizadores europeus. Aos indígenas, havia
apenas duas alternativas: fugir para o interior da floresta ou se submeter aos europeus. O resultado foi o extermínio quase absoluto das
nações indígenas, pois mesmo os que se submeteram aos europeus foram vitimados pelas doenças trazidas pelos conquistadores –
sarampo, tifo, gripe, varíola e peste bubônica. Tais doenças não existiam nas Américas e, portanto, os indígenas não tinham defesa
imunológica contra eles.

Quase toda a população indígena que fugiu para a floresta morreu de fome. Os poucos que sobreviveram formaram pequenas
comunidades que dependiam da caça, da pesca e de alimentos providos pela floresta. Consequentemente, houve uma regressão: a mata
fechada não oferecia muitas condições de sobrevivência e, muito menos, de desenvolvimento.

A maioria das pessoas subestima a magnitude do genocídio sofrido pelas nações indígenas, tanto no atual território como no restante dos
continentes americanos. Estima-se que no ano de 1500, havia 80 milhões de indígenas nas Américas. No final do século XVI, esse número
havia sido reduzido para 10 milhões.

Contudo, é importante ressaltar que o genocídio das nações indígenas não constituiu uma política de extermínio deliberada. Milhões
morrerem de doenças: foram vitimados pela expansão comercial das nações europeias. Além disso, vale ressaltar que muitos indígenas
foram exterminados porque participaram das guerras dos colonizadores: aliaram-se a um colonizador para combater outro ou fizeram
alianças com os europeus para combater outras nações indígenas. Essas alianças contribuíram para o extermínio das nações indígenas.

Mas é importante saber que os indígenas não foram vitimados apenas por epidemias e exploradores europeus. Durante o período colonial,
foram dizimados por caçadores de escravos e pela própria expansão das atividades econômicas dos europeus.

Mesmo após a independência do Brasil, a dizimação dos indígenas não cessou. Houve tentativas de defendê-los: a legislação do Marquês
de Pombal e o trabalho dos jesuítas. Contudo, a esmagadora maioria foi exterminada.

Em 1910, foi criado o Serviço de Proteção aos Índios (SPI), que foi pouco eficaz. Em 1967, foi substituído pela Fundação Nacional
do Índio (Funai), que reduziu o massacre sistemático dos indígenas, mas adotou a prática errônea de tentar assimilá-los. Hoje, são ONGs
(organizações não governamentais) e as próprias organizações indígenas que mais zelam pelos descendentes das populações nativas do
Brasil.

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