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A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO (KONRAD HESSE)

O texto “A força normativa da constituição” de Konrad Hesse trata de uma


crítica que contrasta as concepções do prussiano Ferdinand Lassale decorrentes de uma
conferência sobre a essência da constituição, é válido constar que as ideias apresentadas
pelos autores são constituídas em diferentes conjunturas, Hesse escreve seu texto após a
Segunda Guerra Mundial, na qual se vale a construção da Constituição Alemã e a busca
pela garantia dos direitos fundamentais, já Lassale ao tratar da constituição de reportava
ao cenário prussiano-alemão, adepto de uma perspectiva sociológica, da qual considera
que questões constitucionais não são questões jurídicas, mas sim questões políticas, a
constituição de um país reflete as relações de poder dominantes, sejam eles: o poder
militar, social, econômico ou intelectual esses fatores compõem a constituição real e
efetiva de um país que apresenta a soma dos fatores reais do poder que imperam no
país, sendo a constituição escrita, um mero pedaço de papel, ou seja, a constituição de
um país é o resultado da correlação de forças reais, os fatores reais de poder dizem
respeito a força ativa, que vem demonstrar na constituição a realidade como
efetivamente é, resumindo-se apenas no “ser”, para Lassale, a constituição de “papel”
pode ser duradoura e fundamental, desde que, se case com a constituição real (detentora
dos fatores reais de poder.

A história constitucional ensina que o poder da força (fatores reais de poder) é


superior a força das normas jurídicas, ou seja, a normatividade se submete a realidade
fática, esse pensamento se manifesta até hoje. Para Hesse, não existe disparidade entre a
norma e a realidade, as duas são inseparáveis, pois a norma constitucional não tem
existência autônoma fora da realidade, tanto que (Hesse apud Humboldt, 1991, p.17)
afirma:

As constituições pertencem àquelas coisas da vida cuja realidade se


pode ver, mas cuja origem jamais poderá ser totalmente compreendida
e, muito menos, reproduzida ou copiada. Toda constituição, ainda que
considerada como simples construção teórica, deve encontrar um
germe material de sua força vital no tempo, nas circunstâncias, no
caráter nacional, necessitando apenas de desenvolvimento.
Entendemos que compreender a constituição com base exclusiva nas relações
fática é bastante pueril, pois como apresenta Hesse, a constituição jurídica tem força
ativa que se assenta no presente, mas não habita somente em uma dada realidade. A
constituição não irá realizar nada por si só, mas poderá impor determinadas atividades,
ela se torna força ativa se essas tarefas forem realizadas, não se configura, portanto, em
apenas “ser”, mas sim, em um “dever-ser”. É necessário admitir que a constituição
possui, mesmo que de forma limitada, uma força própria, motivadora e ordenadora da
vida do Estado.

Por fim, Hesse finaliza informando que não se deve esperar que as tensões entre
ordenação constitucional e realidade política e social venham a deflagrar conflito. Para
Hesse, o pensamento de Lassalle marca-se pelo isolamento entre norma e realidade,
para Hesse o pensamento de Lassalle nega a constituição escrita e o direito
constitucional.

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