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Afinal, por que o álcool 70% é mais eficaz como bactericida que o álcool

absoluto?

Postado em 18/05/2016 Autor: Humberto Vinícius Faria da Cunha


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Na área da saúde, “álcool” refere-se a dois compostos químicos solúveis em água – álcool etílico (etanol) e álcool
isopropílico – que têm características germicidas em função de suas concentrações.
Recordo quando estava na graduação e aconselhei meu pai a comprar álcool (etanol) 70%, pois seu uso seria mais
eficiente na desinfecção do que o álcool 99,6% (absoluto). Em contrapartida ao conselho, veio uma pergunta: “Mas se
ele é menos concentrado, por que é mais eficiente?”. A razão por trás disso é o modo de ação do álcool 70%.
O álcool 70% possui concentração ótima para o efeito bactericida, porque a desnaturação das proteínas do
microrganismo faz-se mais eficientemente na presença da água, pois esta facilita a entrada do álcool para dentro da
bactéria e também retarda a volatilização do álcool, permitindo maior tempo de contato. Nesta concentração, o etanol
destrói bactérias vegetativas, porém esporos bacterianos podem ser resistentes. Fungos e vírus (envelopados, como o
vírus Influenza H1N1) também são destruídos pelo álcool (leia mais aqui).

Na verdade, a ciência sabe que o álcool interrompe muitas funções essenciais à bactéria, embora não estejam muito
claras quais destas interrupções podem levar à morte celular.
Prováveis efeitos:
Em primeiro lugar, o álcool destrói a membrana celular externa por desidratação, afinal o álcool é higroscópico e
hidrofílico. Em segundo lugar, as moléculas de álcool penetram no citoplasma e, como resultado, precipitam as proteínas
devido à desnaturação. Em terceiro lugar, causa coagulação de enzimas responsáveis por atividades celulares
essenciais.
Quando se utiliza o álcool (etanol) 99,6% para desinfecção, ocorre uma coagulação extremamente rápida, não havendo
penetração no interior da célula e, portanto, não matando o micróbio. Essa atuação ineficaz ocorre devido à rápida
volatilização do etanol nessa concentração.
E por que 70%?
O grau de hidratação é um fator importante para a atividade antimicrobiana, mas como chegaram à conclusão de que
a concentração 70% é melhor do que a de 50%, 60% ou 80%, por exemplo? Muitas pesquisas foram conduzidas, e
podemos citar algumas em que observaram a atividade antimicrobiana do álcool em grau inferior a 50% e superior a
70% (veja referências 1,2,3,4 no final do texto), concluindo que essa atividade decresce acentuadamente nos dois extremos.
Portanto, uma boa atividade germicida ocorre entre 50 a 70%, sendo a máxima a 70% de diluição.
REFERÊNCIAS

1 – Rochon-Edouard S, Pons JL, Veber B, Larkin M, Vassal S, Lemeland JF. Comparative in vitro and in vivo study of nine alcohol-based handrubs. Am J

Infect Control 2004; 32: 200-4.

2 – Kampf G, Kramer A. Epidemiologic background of hand hygiene and evaluation of the most important agents for scrubs and rubs. Clin Microbiol Rev

2004; 17(4): 863-93.

3 – Rotter ML, Koller W, Neumann R. The influence of cosmetic additives on the acceptability of alcohol-based hand disinfectants. J Hosp Infect 1991;18

(Suppl B):57-63.

4 – Lawrence C. Testing alcohol wipes. Nurs Times 1992; 88:63-6.

Read more: http://foodsafetybrazil.org/afinal-por-que-o-alcool-70-e-mais-eficaz-como-bactericida-que-o-alcool-absoluto/#ixzz4mIljPujl

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