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ANO IV

Nº 3 JULHO/DEZEMBRO DE 2009 em Revista


INCLUSÃO SOCIAL
Investimento e ações de conscientização ambiental
beneficiam catadores de materiais recicláveis

H1N1: Mobilização Educadores em saúde


Prevenção e parceria com Exército Trabalho de profissionais dedicados
no combate à gripe entre indígenas leva cidadania a populações carentes
Funasa em números
Saúde Indígena
• A Funasa é responsável pela atenção básica à saúde de mais de 547 mil indígenas que vivem
em mais de 4,2 mil aldeias distribuídas em 432 municípios de 24 estados
• Mais de 96% das crianças indígenas com menos de cinco anos estão vacinadas contra a
tuberculose
• 40,55% é o percentual referente à queda da mortalidade infantil, entre os anos de 2000 e 2008
• Mais de 52 mil crianças menores de cinco anos têm o seu estado nutricional e alimentar
acompanhado pela Funasa
• 1,6 milhão de escovas de dentes e cremes dentais foram distribuídos em 2008, beneficiando
388,7 mil pessoas, ou 79,5% da população indígena nacional
• 280 milhões de reais é o valor investido nas aldeias, nos últimos dez anos, em obras de
abastecimento de água, sistemas de esgotamento sanitário e melhorias domiciliares
• 63,7% da população indígena e 35,89% das aldeias possuem abastecimento de água
• 66,5 milhões de reais foram aplicados, na última década, na aquisição de equipamentos e
material permanente voltados para o atendimento à saúde dos índios, totalizando mais de 30
mil itens. Metade deste valor foi investido em 2008
• 1.101 equipamentos médico-hospitalares e odontológicos, 170 rádios de comunicação,
240 aparelhos eletroeletrônicos, 150 microcomputadores e 902 mobiliários em geral foram
adquiridos em 2008
• 479 veículos foram incorporados à frota da Funasa, entre 2007 e 2009, para atuar no
atendimento aos índios
• 55 barcos e 94 motores de popa também entraram na lista de aquisições
• 907,3 toneladas de medicamentos foram entregues aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
(Dseis)
• Para atender à saúde indígena, a Funasa conta com 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas
(Desais), 338 Polos-Base, 751 postos de saúde e 57 Casas de Apoio à Saúde do Índio (Casai)
PAC/Funasa

A Funasa já contratou com as prefeituras 78% dos recursos previstos pelo Programa de Aceleração
do Crescimento para obras de saneamento e outras ações nos municípios com até 50 mil habitantes.
Este percentual corresponde a R$ 2,7 bilhões dos R$ 4 bilhões fixados para a meta 2007/2010.

Os valores contratados para cada Eixo de Ação:

• Áreas Indígenas » R$ 87,3 milhões


• Áreas Quilombolas » R$ 67,2 milhões
• Combate à Malária » R$ 121,1 milhões
• Combate à Doença de Chagas » R$ 237,6 milhões
• Água, Esgoto, Melhorias Sanitárias e Resíduos sólidos » R$ 2,098 bilhões
• Saneamento Rural » R$ 118,6 milhões
• Saneamento em Escolas » R$ 22,7 milhões
• Controle de Qualidade da Água » R$ 22 milhões
Sumário Primeiro enfermeiro guarani da Funasa
Mensagem do Presidente
Iniciante, mas já campeão
S u s t e n ta b i l i d a d e a m b i e n ta l Festa para o novo Polo-Base
Posto de saúde é reformado no MS
Perspectiva de vida melhor
Tratamento de resíduos sólidos Atenção integral às crianças
Cidadania para catadores de materiais recicláveis
Saneamento
E s p e c i a l : O trabalho dos agentes de saúde
Ações de cooperação ajudam municípios
Heróis da selva
Ceará capacita gestores municipais
P re v e n ç ão c o n t r a o v í ru s Água para a pequena Assu
Unidos no combate à gripe Controle de excelência
Entrevista: Flávio Nunes PAC/Funasa acelera obras em MS
Blindagem contra a doença Mais saúde perto do rio
O fim da esquistossomose
E s p e c i a l : E d u c a ç ã o e m s aú d e
Casa nova contra a doença de Chagas
Orgulho de ser educador em saúde Paraíso preservado
Comunidade é só elogios
Exemplos de dedicação Pa r c e r i a
A garra de uma quilombola
Expedicionários da Saúde
Repassando conhecimentos
Reconhecimento internacional
População mobilizada conquista água tratada
I Fórum Amazonas Indígena
Resgate da dignidade Kalunga
Protagonistas de uma nova realidade
Registro
S aú d e i n d í g e n a Livro comemora 10 anos de atenção à Saúde Indígena
Orientação e prevenção: mortalidade zero Funasa em tempo de Twitter
Livres do alcoolismo Reforço nas ações de saúde
Para entender melhor Vacinação é exemplo para a Opas

Presidente da República Colaboração Projeto Gráfico


Luiz Inácio Lula da Silva André Toscano (ES), Anna Lima (DF), Antônia Osvaldo Moreira da Silva
Fernandes (GO), Chico Dias (DF), Cida Gutem-
Ministro da Saúde Direção de Arte e Diagramação
berg (DF), Cleide Barbosa (DF), Diogo Rondon
José Gomes Temporão José Gil Dieguez Neto
(MS), Edilene Mota (BA), Elena Rosário (SE), Ezí
Presidente da Funasa Melo (AC), Flávio Guimarães (AM), Hugo Fernan- Fotografia
Francisco Danilo Bastos Forte des (MT), Israel Lucas (RN), João Batista Santana André Toscano (ES), Chico Dias (DF), Cida Gu-
(TO), Lylia Diógenes (DF), Lyvia Cavalcanti (ES), temberg (DF), Edmar Chaperman (DF), Luís
Assessor de Comunicação e Educação em
Saúde e Jornalista Responsável Lúcia Baracho (DF), Luís Lima (RJ), Marcus Mar- Lima (RJ), Marcus Marconi, Paulo Dantas (PE),
Domingos Xisto (RJ 15.767 - JP) coni (DF), Mayron Gouvêa (PA), Quênia Almeida Ribamar Rocha (RR), Ricardo Nobre (DF), Rui
(DF), Rejane Cavalcanti (PE), Ribamar Rocha (RR), Pizarro (DF)
Núcleo de Imprensa Ricardo Nobre (DF), Rodrigo Abreu (MG), Sandra
Rui Pizarro (RJ 15.300 - JP) Ascom/Funasa
Rodrigues (SP), Selestina Delmundes (TO), Thaís
Setor de Autarquias Sul
Edição Geral Ramos (SC), Thaise Saeter (ES), Thiago Norões
Quadra 4 – Bloco N – 2º andar / Ala Norte
Domingos Xisto (CE), Ulisses Nenê (RS), Vanusa Braga (MS)
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mensagem do presidente
Catadores de recicláveis, agentes e educadores em saúde:
a hora da homenagem

A
necessidade, cada vez maior, de se priori- Dos 11 ocupantes, nove sobreviveram. A extrema de-
zar projetos que aliem a consciência am- dicação desses agentes de saúde à causa indígena
biental à geração de renda chama a aten- despertou a atenção inclusive do presidente Lula, que
ção para uma categoria de trabalhador encaminhou à Funasa e à FAB uma emocionante men-
cuja importância cresce no mundo e, em especial, no sagem de solidariedade.
Brasil: a dos catadores de materiais recicláveis. Esse é o
tema de abertura desta edição de fim de ano do Funa- O trabalho realizado pela Funasa, em especial as
sa em Revista. campanhas de vacinação, tem sido alvo, cada vez
mais, de elogios e de parcerias com instituições nacio-
Atividades como a coleta seletiva e a destinação nais e internacionais. É o caso da aprovação recebida
adequada do lixo das grandes indústrias e das grandes da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e do
cidades tornaram-se fundamentais diante do aumen- convênio de R$ 8 milhões firmado com o Fundo das
to populacional e do consumismo em ritmo acelerado Nações Unidas para a Infância (Unicef).
que colocam em risco a sobrevivência do planeta.
Esta edição mostra, ainda, as importantes iniciati-
Nada mais justo, portanto, do que prestar uma ho- vas de prevenção contra a gripe Influenza A (H1N1) nas
menagem a quem, silenciosa e pacientemente, e sem áreas indígenas. Com o surgimento de casos na Região
que a maioria das pessoas perceba ou mesmo valori- Sul do País, o Departamento de Saúde Indígena (De-
ze, colhe e separa materiais que os outros jogam fora e sai) da Funasa estruturou um sistema de vigilância da
que, depois de reciclados, voltam a ser úteis. síndrome gripal e síndrome respiratória aguda grave
entre a população indígena, de maneira que pudesse
Outros heróis reverenciados nesta publicação são identificar a ocorrência da epidemia ou confirmar a cir-
os profissionais de saúde que executam suas ações culação do vírus.
em lugares distantes e de difícil acesso, como a região
amazônica. Além do próprio trabalho, os constantes Posteriormente, as ações preventivas e de trata-
deslocamentos são cercados de riscos. mento foram estendidas a outras áreas que passaram
a merecer atenção especial e vigilância constante.
Uma dessas viagens acabou resultando no aciden- Todo o trabalho está sob a responsabilidade da Coor-
te com a aeronave C-98, da FAB, no fim de outubro. denação-Geral de Atenção à Saúde Indígena.

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Foto » Edmar Chaperman / Funasa
O destaque especial deste número ficou por conta das
ações de educação em saúde promovidas pelas equipes das
Assessorias de Comunicação das Coordenações Regionais e
da Presidência, em Brasília.

A importância dessas medidas educativas e de mobilização


social se revela tanto pelo impacto nas comunidades benefi-
ciadas com empreendimentos de saneamento — que as tor-
nam mais conscientes e atuantes — quanto pela sustentabili-
dade das intervenções promovidas.

Para ilustrar as atividades das equipes de educação em saú-


de, apresentamos as iniciativas desenvolvidas com as comu-
nidades de áreas rurais, indígenas e com os quilombolas. Em
(PAC), no âmbito da Fundação, como as que estão sendo rea­
Mirandiba (PE), acompanhamos uma oficina na comunidade
lizadas em 90% dos municípios do Mato Grosso do Sul, e as
de Sítio Queimadas e outras atividades com remanescentes de
benfeitorias em Macuco e Cardoso Moreira, ambos no Rio de
quilombos do Tocantins, Rondônia, Goiás e da Bahia.
Janeiro. Mostramos, ainda, outras atividades na área de sanea-
mento ambiental, como as desenvolvidas na Bacia do Rio São
A revista apresenta, também, algumas das muitas realiza-
Francisco, na Bahia.
ções da Fundação no ano de 2009, em áreas indígenas. É o
Todos esses investimentos e atividades da Funasa são um
caso do Espírito Santo, que comemora seis anos de mortalida-
testemunho fiel do empenho e da competência dos profis-
de infantil zero em suas aldeias.
sionais da instituição, para atender às demandas da imensa
população que forma a nossa clientela: os indígenas, quilom-
Outra grande conquista foi o Programa de Saúde Mental
bolas, ribeirinhos, assentados rurais e os municípios com até
implantado no Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Cuia-
50 mil habitantes.
bá, que acaba de ser reconhecido internacionalmente. Os téc-
nicos do Distrito foram convidados a apresentar o programa
Sem dúvida, um grande desafio!
em um Congresso em Taparoto, no Peru.
Boa Leitura!
Apresentamos, igualmente, as ações de saneamento pro- Francisco Danilo Bastos Forte
porcionadas pelo Programa de Aceleração do Crescimento Presidente da Funasa

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S ustentabilidade ambiental

Perspectiva de
vida melhor
Funasa destina R$ 33,2 milhões para catadores de materiais recicláveis

Foto » Kyr2/PMSP
m 2010 a Funasa vai investir
R$ 33,2 milhões em ações de
apoio aos catadores de mate-
riais recicláveis, com repasse
direto para associações e cooperativas.
O anúncio foi feito pelo presidente do
órgão, Danilo Forte durante o encontro
“Reviravolta Expocatadores 2009”, reali-
zado no mês de outubro em São Paulo,
com a presença do presidente da Repú-
blica, Luíz Inácio Lula da Silva.
O investimento foi assegurado com a
assinatura do Termo de Cooperação Mú-
tua entre a Funasa e o Movimento Nacio-
nal dos Catadores de Materiais Recicláveis
(MNCR), feita durante o encontro, com o
objetivo de elaborar o Termo de Parceria
para o Fortalecimento Técnico e Institu-
cional, a fim de desenvolver ações para o
apoio às cooperativas e associações. Danilo (em pé) entre Lula e o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, no Expocatadores em São Paulo
“A ação do PAC/Funasa para o apoiar os
Reconhecimento cessária para melhorias nas condições
catadores é uma parceria que fortalece a
As ações de apoio da Funasa às coo- de trabalho dos catadores. “A Funasa
organização do MNCR, atuando de forma
perativas e associações de catadores de tem atendido nossos pleitos e melho-
preventiva para desenvolver, capacitar e
materiais recicláveis, com a aplicação de rado bastante nosso trabalho e a quali-
uniformizar quem tira a sua sobrevivência
recursos para construção, ampliação ou dade de vida dos catadores em todo do
de materiais recicláveis”, disse Danilo.
melhoria de unidades de triagem de re- Brasil”, disse.
Ainda durante o encontro, o presiden-
síduos sólidos tem sido reconhecida por Também presente ao evento, o pre-
te Lula enfatizou o investimento que o
diversos órgãos e autoridades. sidente da Cencoop/DF, Ronei Alves da
governo federal tem destinado aos cata-
No mês de dezembro, foi realizada Silva, defendeu as ações do órgão como
dores, por meio da Funasa, Banco Mun-
em Brasília a solenidade que oficializou parceiro de grande importância no reco-
dial, Banco Nacional de Desenvolvimento
a doa­ção de terrenos do Ministério do nhecimento e crescimento na melhoria
Econômico e Social (BNDES) e Banco do
Planejamento, por meio da Secretaria de na vida dos catadores.
Brasil, dentre outras instituições.
Patrimônio da União (SPU), para a Coope- “Com o apoio da Funasa temos ad-
Em 2009, segundo informação do di-
rativa dos Catadores de Materiais Reciclá- quirido caminhões e equipamentos
retor do Departamento de Engenharia
veis do Distrito Federal (Cencoop/DF). que vêm contribuindo para um melhor
de Saúde Pública (Densp), Raimundo
Na oportunidade, o representante aproveitamento do material. A Funasa
Machado, a Funasa repassou R$ 16,9 mi-
do Movimento Nacional dos Catadores tem sido o anjo da guarda dos catado-
lhões, por meio de prefeituras e Organi-
de Materiais Recicláveis (MNCR), Eduar- res; este ano a Fundação já atendeu 12
zações da Sociedade Civil de Interesse
do Ferreira de Paula, falou do apoio que associações e mais dez devem ser con-
Público (Oscip), beneficiando mais de 45
tem recebido da Funasa, que dotou a templadas em 2010. Isso está mudando
cooperativas.
cooperativa de toda a infraestrutura ne- a nossa realidade”, afirmou Ronei. 

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S ustentabilidade ambiental

Tratamento de
resíduos sólidos
Funasa e governo fluminense inauguram primeiro centro em regime de consórcio

Foto » Luís Lima / Ascom RJ


Além de Teresópolis, o novo Centro de Tratamento vai atender os municípios de Carmo, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto

C
om apoio técnico da Funasa ma de aterros sanitários consorciados. O coordenador regional da Funasa
e participação dos governos Com essa parceria, triplicamos os in- no Rio de Janeiro, Marcos Muffareg,
estadual e federal, foi inau- vestimentos no estado”, afirmou. “Fize- que representou a instituição duran-
gurado em julho deste ano, mos um plano de resíduos sólidos, com te o evento, também elogiou o es-
no município serrano de Teresópolis, o mapas para saber onde pode ser cada forço conjunto que visa acabar com
segundo Centro de Tratamento de Re- aterro, com cerca de dez aterros consor- os lixões. “A Funasa está junto com o
síduos Sólidos do Estado do Rio de Ja- ciados, cada um servindo até dez muni- governo do estado para desenvolver
neiro — o primeiro em regime de con- cípios. Para cada R$ 1 milhão do Fundo e inaugurar outros aterros sanitários.
sórcio. O novo complexo de tratamento Esta­dual de Conservação Ambiental e Hoje, a Fundação investe dois terços
também atenderá os municípios flumi- Desenvolvimento Urbano (Fecam), a Fu- dos recursos e o Fecam, do governo
nenses de Carmo, Sumidouro e São José nasa participa com R$ 2 milhões”, acres- estadual, aplica um terço para a cons-
do Vale do Rio Preto, tendo sendo proje- centou. trução de aterros sanitários consorcia-
tado para uma vida útil de 25 anos. Segundo o governador Sérgio Ca- dos”, explicou.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos bral, existem 46 lixões no Rio de Janeiro. Muffareg citou o maior entrave da
Minc, que participou da cerimônia, des- E para resolver esse problema, destacou Instituição para alavancar ainda mais o
tacou a importância da parceria com a o governador, é “importante envolver, desenvolvimento do estado na área de
Fundação na criação dos novos aterros cada vez mais, os municípios dentro da saneamento: “Nossa maior dificuldade
sanitários consorciados no Rio de Ja- metodologia de atuação dos aterros sa- são os projetos inadequados, oriundos
neiro: “A Funasa abraçou esse progra- nitários consorciados. dos municípios”, frisou. 

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S ustentabilidade ambiental

Foto » Luís Lima / Ascom Core-RJ

Alexandro (E) e Isaías levantam um fardo de plástico para a prensa


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S ustentabilidade ambiental

Cidadania para catadores


de materiais recicláveis
No Rio de Janeiro, programa gera renda
e desperta responsabilidade ambiental

A
liar consciência ambiental veitando o espaço físico e tendo mais

Foto » Luís Lima / Ascom Core-RJ


com geração de renda tem mobilidade. Além disso, percebi a impor-
sido uma boa alternativa tância de manter contato com a comuni-
que começa a transformar dade, porque há muita curiosidade sobre
a realidade dos catadores de materiais nossas atividades”, explica.
recicláveis do Morro do Céu, em Niterói, Já a assistente social da Clin, Wania
região metropolitana do Rio de Janeiro. Borges, ressalta o trabalho de Educação
A partir de um convênio firmado entre a em Saúde promovido junto às crianças,
Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a com a distribuição de materiais educa-
Companhia de Limpeza Urbana de Nite- tivos. “De forma lúdica, elas receberam
rói (Clin) para a construção de sete Eco- informações sobre coleta seletiva”. Ou
pontos (postos de armazenamento de seja, os pequenos já estão aprendendo
materiais recicláveis recolhidos pelos pró- a importância da preservação do meio
prios moradores da cidade), a equipe de ambiente.
Educação em Saúde da Coordenação Re-
gional da Funasa no Rio de Janeiro (Core/ Projeto se expande pela cidade
RJ) realizou o trabalho de assessoramen- Com o sucesso das ações do Progra-
to técnico do Programa de Educação em ma de Educação em Saúde, a parceria
Saúde e Mobilização Social (PESMS). entre a Funasa e a Clin está sendo esten-
Com essa ação de ampliação dos siste- Jorge Luiz destaca a importância do contato dida para todos os catadores da cidade,
com a comunidade no entorno
mas de tratamento e destinação final de atendendo aproximadamente 160 famí-
resíduos sólidos para controle de agravos de de conhecer práticas ambientalmente lias. “O município de Niterói é o primeiro
em Niterói, os técnicos de Educação em corretas sobre o tratamento do lixo. “Es- no estado onde conseguimos dar conti-
Saúde desenvolveram com os catadores sas atividades foram mais uma orienta- nuidade às atividades após o término do
e suas famílias atividades para conscien- ção sobre a importância de se trabalhar PESMS. Dessa forma, damos sustentabi-
tizá-los sobre a importância da coleta se- unido, selecionar bem o material e man- lidade às ações de educação em saúde,
letiva e a necessidade de dar destinação ter o espaço sempre limpo”, destaca Isaí- que se trata de um processo contínuo e
adequada ao lixo. No total, 80 pessoas as dos Santos, presidente da cooperativa não apenas pontual”, enfatiza o técnico
participaram das atividades. do Morro do Céu. em educação em saúde da Funasa José
Por meio da oficina de sensibilização O catador Jorge Luiz da Conceição Roberto de Castro Gonçalves. As próxi-
“Cooperativismo e Empreendedorismo”, também salienta uma mudança na roti- mas ações conjuntas encontram-se em
apresentação teatral e visitas domicilia- na de trabalho da cooperativa. “Aprende- fase de planejamento e deverão aconte-
res, os catadores tiveram a oportunida- mos a organizar melhor os fardos, apro- cer em breve. 

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especial » o trabalho dos agentes de sa ú de

Heróis
da selva
Acidente aéreo mostrou como é árduo o
trabalho de profissionais da Funasa

A
tragédia que vitimou duas pessoas a serviço da Fu-

Foto » Marcus Marconi - Ascom / Funasa


nasa em outubro mostrou para todo o País como
é árduo o trabalho dos profissionais de saúde da
Fundação que se dedicam ao atendimento à saú-
de dos índios brasileiros, principalmente na região amazôni-
ca. Nos estados do Norte, a tarefa de atuar nas aldeias locais é
um trabalho para guerreiros. Naquela área, cada missão ganha
ares de expedição, devido aos grandes obstáculos enfrenta-
dos pelas equipes, o que transforma esses servidores e cola-
boradores em verdadeiros heróis da selva.
No dia 29 de outubro, uma equipe com sete técnicos em
imunização da Coordenação Regional da Funasa no Amazo-
nas (Core/AM) viajava a bordo da aeronave Caravan C-98, da
Força Aérea Brasileira, que foi obrigada a fazer um pouso de Danilo conforta Valderlandia Nascimento, viúva de João de Abreu
emergência no Rio Ituí, após sofrer pane no motor. No aci-
dente, morreram o técnico em enfermagem João de Abreu Três dos sete integrantes da equipe que estavam no Ca-
Filho e o suboficial da Aeronáutica Marcelo dos Santos Dias. ravan da FAB relataram à TV Brasil, meses antes do aciden-
Os profissionais de saúde retornavam do Vale do Javari, no te, as dificuldades e os riscos que agentes de saúde enfren-
extremo oeste do Estado do Amazonas, onde, durante 15 tam para imunizar a população indígena daquela região.
dias, participaram da Operação Gota, criada para garantir a “Para chegar a algumas aldeias, a gente viaja dez dias de
vacinação de cerca de 3,7 mil índios da região. barco. Depois, mochila nas costas e mais caminhadas que
O acidente trouxe à tona uma realidade já bastante co- duram horas. As dificuldades são grandes, mas é o nosso
nhecida da direção e dos servidores da Funasa: é preciso trabalho”, contou Diana Rodrigues Soares, uma das sobre-
muita obstinação e amor à causa para atuar no atendimento viventes.
aos índios brasileiros. No Vale do Javari, por exemplo, a per- Outro técnico de enfermagem, Marcelo Nápoles, mari-
manência das equipes na mata, junto às aldeias, pode durar do de Diana, conta que há muita carência de recursos hu-
até 45 dias. Segundo a coordenadora técnica de enferma- manos, pois atender 3.700 indígenas na região não é tarefa
gem do Distrito Sanitário Especial Indígena do Vale do Java- fácil. “A parceria com as Forças Armadas é o que, em par-
ri (Dsei/Javari), Mara Regina Midena, os profissionais deixam te, agiliza a nossa missão. São os helicópteros da FAB que
família, amigos e o conforto de casa para ajudar quem vive nos deixam e nos resgatam das aldeias após o período de
isolado. No caso das campanhas de imunização, que são fei- trabalho”, diz Marcelo, que também escapou com vida do
tas a cada quatro meses, uma das principais dificuldades é a acidente.
navegabilidade. Por isso, a parceria com as Forças Armadas O diretor do Departamento de Saúde Indígena (Desai) da
é fundamental. Funasa, Wanderley Guenka, ressalta que o atendimento à
No Dsei Vale do Javari, onde trabalha a equipe que se aci- saúde nas aldeias é dificultado principalmente por dois fato-
dentou, o deslocamento entre aldeias é demorado e exige res: logístico e burocrático. “Temos que levar em conta as di-
logística militar. São cerca de 50 aldeias bastante dispersas, ficuldades de acesso e de atendimento. Nessa região amazô-
reunindo 611 famílias das etnias Marubo, Mayoruna, Kana- nica, temos diversas equipes de saúde, que percorrem o rio
mari, Matis, Kulina e Korubo numa área de 8,5 milhões de atendendo as aldeias ao longo do caminho, mas nem todas
hectares, equivalente ao Estado de Santa Catarina. são nas margens do rio e isso leva até dias”, explicou.

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especial » o trabalho dos agentes de sa ú de

No ano passado, a Funasa conseguiu reequipar suas equi- “Às vezes temos que comprar combustível para os barcos
pes com o maior montante de recursos disponibilizados, des- e não podemos comprar próximo da área indígena porque
de a sua criação, para a compra de equipamentos de logística. temos que apresentar notas fiscais e, nesses municípios dis-
Foram aplicados mais de R$ 27,4 milhões para compra de veí­ tantes, não há postos de combustíveis. Aí, tem que comprar
culos, rádios comunicadores, barcos e outros equipamentos numa cidade maior e transportar sobre as caminhonetes”,
fundamentais para o atendimento à saúde. Em 2004, o gover- narrou Guenka , dando mais um exemplo das dificuldades
no federal disponibilizou pouco mais de R$ 500 mil para aqui- enfrentadas pela Funasa. 
sições semelhantes.

Presidente Lula
encaminha mensagem
de solidariedade

O
presidente da Fundação Nacional
de Saúde (Funasa), Danilo Forte, e o
Comando da Aeronáutica receberam, no
dia 4 de novembro, mensagem de solidariedade
do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da
Silva, para divulgação durante a celebração de
Ação de Graças pelos nove sobreviventes do
acidente com o avião C98 da FAB.
Na nota, o presidente Lula também
manifesta os pêsames aos familiares dos “dois
companheiros que partiram” e destaca a
importância da atuação da Funasa e da FAB na
região amazônica e que “deve ser considerado, de
fato, um trabalho missionário, um trabalho que
leva a esperança e a salvação de muitas vidas aos
lugares de mais difícil acesso de nosso Brasil”.
Uma cópia da mensagem presidencial foi
entregue por Danilo Forte aos sobreviventes
e familiares das duas vítimas — entre as quais,
Valderlandia Nascimento, viúva do técnico de
enfermagem João de Abreu —, após a missa
celebrada pelo bispo de Tabatinga, Dom Alcimar
Caldas Magalhães, na Igreja Matriz Santos Anjos,
no dia 4 de novembro. A cerimônia contou com
a presença de mais de uma centena de pessoas,
dentre as quais familiares dos sobreviventes e de
João de Abreu Filho, além de amigos e servidores
do Dsei Alto Solimões.

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preven ç ã o contra o v í rus

Foto » Core/RR

Atendimento a criança Yanomami

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preven ç ã o contra o v í rus

Unidos no combate
à gripe
Funasa e Exército promovem atendimento
diferenciado aos indígenas da Amazônia

P
reocupada com a possibilidade de a gripe influen- Core/RR tranquiliza população indígena
za A (H1N1) atingir os indígenas brasileiros que vi- Tão logo as notícias da epidemia da gripe influenza A
vem no Amazonas e em Roraima, na fronteira com (H1N1) entre os Yanomami da Venezuela foram relatadas pe-
a Venezuela, entre eles os da etnia Yanomami, a Fu- los indígenas a seus parentes da região fronteiriça com o Bra-
nasa criou o Comitê de Crise H1N1, juntamente com o Gabine- sil, a Coordenação Regional da Funasa de Roraima (Core/RR)
te Emergencial da Influenza A do Estado, com a participação iniciou um amplo trabalho de mobilização.
do Exército Brasileiro e Fundação Nacional do Índio (Funai). Ciente de que o vírus da gripe A se dissemina com extre-
O coordenador-geral de Atenção à Saúde Indígena (Cgasi) ma velocidade, a Core/RR enviou técnicos para a região. Eles
do Desai, Flávio Pereira Nunes, participou da reunião, em no- coletaram amostras de secreção e o material para exames foi
vembro, que definiu um plano de encaminhado ao Instituto Evan-
Foto » Core/RR

ações entre os órgãos federais e dro Chagas, em Belém (PA). O re-


estaduais que têm acesso à área sultado foi negativo, o que trou-
indígena. xe tranquilidade às comunidades
O Exército Brasileiro se colo- indígenas que vivem próximas à
cou à disposição para dar apoio fronteira.
logístico por meio de dois pelo- A Funasa capacitou 25 profis-
tões localizados na região fron- sionais em Vigilância Epidemio-
teiriça com a Venezuela: um em lógica da Síndrome Gripal, Rede
Surucucus, área mais próxima à Sentinela e manejo de amostras
aldeia onde foram confirmados, de secreção nasofaríngea. Esses
do lado venezuelano, os casos técnicos são agentes multiplica-
da doença, e em Auaris, mais ao dores das equipes sentinelas que
norte de Roraima. Cada pelotão atuam na barreira sanitária na
possui um médico e uma equipe Equipes atuam nas aldeias de fronteira fronteira com a Venezuela e em
de enfermagem para atendimen- toda área Yanomami, que inclui
to a possíveis casos confirmados. áreas de Roraima e do Amazonas. São mais de 260 profissio-
Além das equipes multidisciplinares, foram treinados pro- nais de saúde e 150 Agentes Indígenas de Saúde (AIS) que
fissionais de saúde para atuar nas 22 aldeias que fazem frontei- atendem 37 polos-base, sendo dois na fronteira com a Vene-
ra com a Venezuela para o monitoramento do vírus. zuela. Os polos estão abastecidos com o medicamento Tami-
Como não há condições de manter um médico em cada lo- flu, para o combate à gripe A.
calidade, o Conselho Regional de Medicina (CRM) manifestou- As ações foram elogiadas pelo diretor da Hutukara Asso-
se favoravelmente para que as medicações sejam prescritas por ciação Yanomami (HAY), Anselmo Xurupim. “Avisamos às co-
radiofonia. Um profissional de saúde de nível superior, no caso munidades da região de fronteira que não é para ir muitas
o enfermeiro, irá passar para o médico, de plantão na Casa de vezes para fazer visitas às famílias que moram na Venezuela,
Saúde do Índio (Casai) a situação do paciente e medicá-lo. nem de lá para o Brasil”, explicou. 

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preven ç ã o contra o v í rus

Entrevista: Flávio Nunes


Coordenador-geral de Atenção à Saúde Indígena (Cgasi)

“Contra o H1N1,
a estratégia é se antecipar”

C
om o surgimento de casos da gripe Influenza A Flávio lembra que, no Rio Grande do Sul, a experiência foi
provocados pelo vírus H1N1 na Região Sul do País, difícil porque a capacidade de resposta do sistema de saúde es-
no final do primeiro semestre deste ano, o Depar- tadual foi superada pelo aumento rápido do número de aten-
tamento de Saúde Indígena (Desai) da Funasa es- dimentos na rede de serviços. “A nossa primeira iniciativa foi
truturou um sistema de vigilância de síndrome gripal e síndro- quando começou a epidemia na população em geral, no Rio
me respiratória aguda grave entre a população indígena, de Grande do Sul. Deslocamos uma equipe de especialistas em vi-
maneira que pudesse identificar a ocorrência da epidemia ou gilância em saúde e doenças transmissíveis. Eles acompanha-
confirmar a circulação do vírus. ram o enfrentamento adotado pelo estado e verificaram de que
Posteriormente, as ações preventivas e de tratamento fo- maneira a Funasa, por meio de seus Distritos Sanitários Espe-
ram estendidas a outras áreas que passaram a merecer aten- ciais Indígenas (Dseis) e Assessorias de Saúde Indígena (Assais),
ção especial e vigilância constante. Todo o trabalho foi diri- poderia estruturar um sistema complementar, não paralelo. A
gido pelo coordenador-geral de Atenção à Saúde Indígena Fundação se aproximou da Secretaria de Saúde e do Centro de
(Cgasi) do Desai, Flávio Pereira Nunes. Vigilância em Saúde, pois o diagnóstico dos casos e a distribui-
Segundo o coordenador, no início da epidemia, para se ção de remédios representavam um problema”, explica.
confirmar a doença, era requerido o exame laboratorial, o Flávio Nunes é médico com especialização em cardiologia,
que acabou se tornando um limitante das intervenções, de- medicina do trabalho e toxicologia. Possui mestrado em Ci-
vido à grande quantidade de testes que precisavam ser re- ências da Saúde na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp).
alizados e à existência, no País, de apenas três laboratórios Na entrevista abaixo, ele explica como foi estruturado e como
certificados para dar o diagnóstico — Adolfo Lutz (SP), Evan- está sendo desenvolvido o trabalho de prevenção e enfren-
dro Chagas (PA) e a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), no Rio tamento ao vírus H1N1 entre indígenas, principalmente nas
de Janeiro. ­regiões de fronteira da Amazônia.

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Funasa em Revista: Qual foi o primeiro avanço obtido no maior em São Paulo, porque os indígenas que estão dentro da
Rio Grande do Sul? região metropolitana ficaram muito vulneráveis à circulação
Flávio Nunes – O primeiro avanço que nós tivemos foi uma do vírus. Infelizmente, tivemos registro de óbitos logo no ini-
nota técnica, na qual a Secretaria de Saúde recomendou que cio. A partir disso, entramos em contato com o Ministério da
as populações indígenas tivessem uma atenção diferenciada no Saúde, com a Secretaria de Vigilância à Saúde, e solicitamos
enfrentamento do problema, do ponto de vista do tratamento que os nossos profissionais fossem treinados pelos especialis-
e do diagnóstico. Isso sinalizou para a Funasa que era possível tas do Ministério. Então, avançamos para o treinamento reali-
construir uma política diferenciada e complementar, reconheci- zado em Curitiba, no Laboratório Central.
da pelos gestores estaduais. Foi iniciada, então, uma unificação
das informações, o que já representou um grande avanço. A in- Como ocorreu esse treinamento?
formação era divulgada de uma forma integrada com o estado. Cerca de 20 técnicos foram treinados em vigilância epide-
miológica de Influenza, coleta e fluxo de envio de material para
O que foi possível observar, a partir dessa experiência? o laboratório de referência, o que fez com que os nossos profis-
Nós conseguimos identificar que o surto na população in- sionais fossem informados sobre as estratégias usadas na po-
dígena ocorria três semanas, em média, após a população ge- pulação em geral para gerar uma estratégia para a população
ral, porque era necessária a circulação das pessoas, era preciso indígena. Tivemos esse treinamento também em Roraima e
o vírus transitar e ele transita por meio do deslocamento das Amazonas, e em janeiro vamos fazer na Região Nordeste.
pessoas, o que começou a chamar

Foto » Edmar Chaperman / Funasa


a atenção. Vimos que era necessá- Como está o monitoramento
rio identificar a síndrome gripal e a dos casos de H1N1 na população
síndrome respiratória aguda grave indígena?
na população geral. Ou seja, numa Hoje temos 92% dos nossos Dis-
pequena comunidade, se duas ou tritos e Assessorias Indígenas notifi-
três pessoas estavam com gripe já cando semanalmente casos de sín-
era um sinal de alerta para inten- drome gripal aguda grave e H1N1.
sificar as ações de vigilância, pois É algo inédito porque é um sistema
o agravamento daquele quadro nacional complementar ao Sistema
chamava a atenção para a possi- Único de Saúde (SUS). Nós começa-
bilidade do H1N1, onde a principal mos com 65% e hoje estamos com
intervenção é o diagnós­tico e o tra- 92%. Há 16 semanas, as nossas uni-
tamento precoce. dades apresentam essa regularida-
de de notificação; isso é um mo-
Como foi desenvolvido esse delo. Com o sistema de vigilância,
processo? podemos entender o comporta-
Fizemos uma mobilização mui- mento da epidemia na população
to grande e, quando os surtos co- Flávio: “Instituir um gabinete de crise no âmbito da Funasa indígena. As nossas decisões têm
e participar dos gabinetes estaduais é a estratégia ideal
meçaram a aparecer em pequenas sido voltadas para as regiões onde
comunidades indígenas, essa vigilância já estava minimamen- há a circulação do vírus. Houve no Sul, Sudeste, Centro-Oeste,
te orientada sobre como proceder. Designamos recursos para e agora estamos monitorando o sul do Amazonas e Rondônia,
que os Dseis comprassem os Equipamentos de Proteção Indi- principalmente na fronteira, e sul do Pará.
vidual (EPI) e mobilizamos o Ministério da Saúde para que a
Funasa tivesse disponível, nos seus Distritos e nas Assessorias, Qual a primeira estratégia adotada pela Funasa?
o Tamiflu, medicamento indicado em casos de H1N1. Vimos a Foi a instituição de um gabinete de crise com técnicos dos
ação que foi desenvolvida junto à população em geral e cons- Dseis para que se acompanhe semanalmente e analise as no-
truímos uma similar para a população indígena, com adapta- tificações. Também transmitimos regularmente para as Secre-
ções e sempre seguindo as orientações do Ministério da Saú- tarias Estaduais de Saúde informações sobre a situação epide-
de. miológica. O que caracteriza o H1N1 é a rapidez da transmissão
do vírus e a necessidade de atendimento secundário e terciá-
Partindo da experiência no Rio Grande do Sul, o que foi rio, nos casos graves. Os pacientes precisam ser removidos para
feito nos outros Dseis? as unidades de referência e, muitas das vezes, com tratamento
Essa iniciativa precisava ser repetida em outros Dseis an- em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Para isso, tem que se
tes que a epidemia se instalasse. A epidemia causou um dano recorrer ao SUS. E não adianta recorrer aos SUS no momento

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com EPI, medicamentos e recursos para o atendimento de aten-


ção secundária e terciária.

Entre os Yanomami, no norte do País, há registros de casos?


Na região dos Yanomami, em Roraima, que tem difícil acesso
e é de fronteira, já foi confirmada a presença do vírus no lado
venezuelano. Temos uma estrutura montada lá para identifica-
ção do vírus. Na região amazônica, apesar de não ter concen-
tração demográfica, há áreas de difícil acesso e a estratégia é o
diagnos­tico precoce e, em casos graves, o tratamento e a remo-
ção, o que é muito mais complexo. Estamos programando um
evento para possibilitar a troca de informações a distância, que
inclui uma videoconferência para manter os técnicos informa-
dos. A estratégia é se antecipar.

Como seria avaliada essa situação?


Nunca houve a pretensão, por parte da Funasa, de que não
houvesse epidemia — que, aliás, é global. Não há porque achar
que a população indígena não vá ser atingida. Temos, neste
mês de dezembro, e até agora, 338 casos de Influenza entre in-
dígenas, confirmados por exames laboratoriais ou por vínculo
epidemiológico. Ou seja, há a evidência da circulação do vírus
onde há surtos de gripe. E se tem surto, tem que atribuir o sur-
to ao vírus. O problema existe e está sendo tratado com agres-
sividade. Há uma tendência de queda das síndromes gripais.
Desde que começamos a fazer o monitoramento, no início do
segundo semestre, já tivemos 14 mil casos de síndrome gripal
também entre indígenas. Conseguimos identificar os surtos de
gripe e isso fez com que a vigilância fosse acionada e reforçados
os cuidados com os pacientes graves, impactando em baixos
números de óbitos em relação aos números absolutos.  Na re-
gião amazônica, quantitativamente, os números são menores,
porém, a complexidade é maior.

Qual foi a lição aprendida no desenvolvimento desse


trabalho?
da crise pois o sistema também vai estar em crise. E se o SUS for Instituir um gabinete de crise no âmbito da Funasa e par-
informado sobre qual a situação epidemiológica, vai conseguir ticipar dos gabinetes estaduais é a estratégia ideal para se ter
construir estratégias que atendam, de forma diferenciada, esse acesso às informações da situação epidemiológica da popula-
grupo populacional. ção em geral e o melhor canal para buscar soluções para a área
indígena. Levar os dados da saúde indígena para o sistema for-
Qual a maior preocupação agora? mal é importante porque a população indígena também pode
As áreas de fronteira, sobretudo com a Venezuela, a trípli- representar um risco para a população geral, e vice-versa. As
ce fronteira — Brasil, Colômbia e Peru — e a fronteira do Brasil alianças fortalecem o trabalho. O Subsistema de Atenção à
com a Bolívia (Amazonas e Rondônia). Já estamos fazendo cole- Saúde Indígena é complementar ao SUS, justificando a ne-
ta de material em Guajará-Mirim (RO) e Humaitá (AM) para sa- cessidade da integração das ações. A Funasa tem um grande
ber como se caracteriza a circulação do vírus. Estamos fazendo potencial mas, para que isso seja uma realidade, a instituição
exatamente o modelo que é recomendado pela Organização deve ter sempre a cultura de se integrar aos outros setores nos
Mundial de Saúde (OMS) — vigilância dos quadros gripais e das níveis federal, estadual e municipal. A Fundação tem muito a
doenças respiratórias agudas para ver se a Influenza é causada oferecer; tem uma capilaridade muito grande em todas as re-
pelo vírus H1N1. Se for, nós nos antecipamos em dotar equipes giões do País. 

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Blindagem
contra a doença
Medidas preventivas também mobilizam aldeias em Santa Catarina

O
vírus da gripe Influenza A (H1N1) tem cara de mentos de proteção, como máscaras, medicamentos, sabone-
monstro para as crianças guaranis que vivem tes antissépticos e álcool em gel.
em Santa Catarina. Pelo menos é assim que elas
o desenharam no papel. Para vencê-lo, além da Vacina para todas as idades
crença no deus supremo Nhanderu e na sabedoria do pajé, Como a gripe H1N1 constitui ainda uma grave ameaça, a
as famílias receberam orientações da Funasa que, desde abril orientação passada aos indígenas pela equipe da Core/SC foi
de 2009, vem investindo em cuidados médicos preventivos e a de utilizar as dicas da medicina sem deixar de lado a paje-
mobilização social para diminuir a incidência de gripe entre os lança. As constantes visitas de monitoramento das equipes às
9.318 indígenas do estado. aldeias incluíram a presen-
Com a imunidade re- ça de médicos, enfermeiros,

Foto » Ascom / Funasa


duzida por intensos fluxos técnicos de enfermagem e
migratórios, deficiências dentistas. Estes profissio-
nutricionais e carências eco- nais, e mais os Agentes Indí-
nômicas, esses brasileiros genas de Saúde, compõem
necessitam de uma aten- as equipes que mobilizam
ção especial. Segundo Ja- toda a população indígena
nete Ambrósio, enfermeira catarinense para as ações
do Distrito Sanitário Espe- desenvolvidas nos postos
cial Indígena (Dsei) Interior- de saúde das aldeias.
Sul, vinculado à Coordena- O coordenador regional
ção Regional da Funasa em da Funasa, Marcos Fernan-
Santa Catarina, se não fosse des, explica que, além dos
a vacinação, os índios já te- cuidados, a assistência pres-
riam sido dizimados há mui- tada às aldeias e o calendá-
to tempo. rio vacinal diferenciado fa-
A vulnerabilidade dos zem com que a imunidade
hábitos é uma das preocu- Profissionais da Funasa orientam população indígena sobre o H1N1 esteja mais alta do que a do
pações dos técnicos da Fun- homem branco. “Temos um
dação com os quase 10 mil índios em solo catarinense. Desde monitoramento contínuo e prezamos pelas atividades educa-
que a gripe surgiu, houve algumas internações sem, no entan- tivas e mobilizadoras; por isso não recebemos nenhum caso
to, confirmações ou mesmo registro de mortes. O trabalho da de Influenza A no estado”, afirma Marcos.
Funasa na vacinação e no combate à gripe já é de rotina, mas a A população indígena possui um calendário de vacinas di-
Influenza A contribuiu para intensificar as ações. ferente do restante da população. Enquanto que para os não
A equipe da Fundação, por ter entre as suas responsabili- índios a vacinação contra a gripe começa a partir dos 60 anos,
dades a promoção e proteção à saúde dos povos indígenas os indígenas já são vacinados a partir dos seis meses de idade
no País, trabalhou durante o ano de 2009 para intensificar os contra a Influenza, a partir de um ano contra varicela, e aos dois
procedimentos de prevenção nas aldeias catarinenses perten- anos contra pneumococos. As especificidades dos povos indí-
centes aos quatro Polos-Base. Por causa da demanda, profis- genas, com taxas de morbimortalidade superiores às da po-
sionais de Florianópolis foram deslocados para outras regiões pulação brasileira em geral, garantem a eles um atendimento
do estado. A Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena (Emsi) diferenciado, por meio do Subsistema de Atenção à Saúde In-
fez palestras, reuniões, atendimentos e distribuiu os equipa- dígena, articulado com o Sistema Único de Saúde (SUS). 

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Paulo Dan tas na Of i c i na pa r a


Co ns t r u ç ão d e Plan o d e Aç ão
E d u c at i va na Co m un i da d e
Q u i lo m b o la s í t i o Q u e i m a das:
c i da dan i a pa r a qu e m pr e c i sa

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Foto » Ascom/Funasa

Orgulho de ser
educador em saúde
Oficina mostra o trabalho abnegado de profissionais
em prol das populações humildes

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A
E S P E C I A L » educa ç ã o em S A Ú D E

A
li não havia nenhum equipes têm uma grande responsabi- rias com o objetivo de discutir sobre a
termômetro. No en- lidade no trabalho de compartilhar a importância daquele empreendimen-
tanto, todos os pre- missão institucional da Fundação, que to, como utilizá-lo de forma correta, o
sentes na sede da As- é promover a atenção à saúde indígena que fazer para que ele seja preservado
sociação Quilombola e o saneamento básico nos municípios e, principalmente, o que o projeto pode
Sítio Queimadas não com até 50 mil habitantes. Os educado- significar em termos de mais benefícios
tinham qualquer dúvida de que naque- res passam o ano planejando e execu- para todos.
la tarde de terça-feira, 20 de outubro, tando ações em benefício também das Muitas vezes, os educadores fazem a
a temperatura beirava os 40 graus. Lá comunidades ribeirinhas, dos que vivem chamada oficina antes e logo após o tér-
dentro, mulheres se abanavam sem pa- nas áreas rurais e em assentamentos mino da obra, e retornam tempos depois
rar e homens enxugavam o suor como destinados à reforma agrária e, é claro, para saber o resultado do que foi aplica-
podiam. Enquanto isso, do lado de fora, dos remanescentes dos quilombos. do e discutido. Se for preciso, novas ações
uns poucos privilegiados se debruça- Além disso, essas equipes são mui- de continuidade são articuladas.
vam sobre o parapeito das três janelas to requisitadas por entidades, governos A rotina de capacitação não ocor-
do salão para acompanhar, protegidos municipais e estaduais e empresas pú- re apenas de dentro para fora. Regu-
por uma sombra providencial, o aconte- blicas para promover a capacitação de larmente, os próprios técnicos da Fun-
cimento do dia. seus servidores, agentes e funcionários dação participam de cursos e outras
Mas, verdade seja dita, ninguém es- nos mais diversos campos de atuação. atividades que lhes dão a chance de se
tava muito preocupado com o calor, até Ou seja, além de atuarem nas comuni- atualizar em relação às tarefas que exer-
porque ele faz parte da rotina do lugar. dades beneficiadas com ações executa- cem. No início de outubro, por exemplo,
O que importava mesmo para os convi- das diretamente pela própria Funasa, os representantes de todas as Ascoms pas-
dados e integrantes da Comunidade Qui- técnicos também formam equipes das saram uma semana em Brasília, onde
lombola Sítio Queimadas, localizada na

Foto » Ricardo Nobre – Ascom/Funasa


área rural do município pernambucano
de Mirandiba, era o que iriam falar os dois
representantes da equipe de Educação
em Saúde da Coordenação Regional da
Funasa em Pernambuco (Core/PE). E eles
tinham muito a dizer.
De grande importância para as popu-
lações mais humildes do País, os educa-
dores em saúde da Fundação exercem o
papel indispensável de orientar milha-
res de brasileiros sobre questões que in-
fluenciam diretamente suas vidas. Eles
mostram, por exemplo, o quanto é fun-
damental fazer a coleta regular do lixo;
ensinam que depositar dejetos em ma- O que antes era um amontoado de mato e lixo, ...
tas e perto de rios também pode causar
doenças. E lembram que procedimentos
prefeituras contempladas com obras, participaram de uma grande oficina de
simples, como evitar o desperdício de
por meio de convênios com a Fundação. capacitação. Nesses encontros, além do
água, são essenciais para o futuro desta
novo aprendizado, o que mais chama a
e de outras gerações. Esses educadores
Troca de experiências atenção é a troca de experiências entre
são, sobretudo, especialistas em ajudar
Quando a Funasa executa uma ação os servidores.
a estimular a autoestima e o senso críti-
direta em determinada comunidade, a De acordo com Onivaldo Coutinho,
co daqueles que até pouco tempo vive-
equipe da Assessoria de Comunicação chefe substituto da Coordenação de
ram à margem dos preceitos elementa-
Social e Educação em Saúde (Ascom) Educação em Saúde (Coesa) da presi-
res de cidadania.
da Coordenação Regional do respec- dência da Funasa, essas oficinas inter-
Hoje, cerca de 160 servidores da Fu-
tivo estado já sabe o que fazer. Após nas são um reflexo da importância da
nasa integram as equipes de Educação
montar o plano de trabalho, ela reúne ­atuação das equipes, seja nas capitais
em Saúde das 26 Coordenações Regio-
os moradores e lideranças comunitá- ou nos rincões espalhados pelo País.
nais e da presidência, em Brasília. As

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­ nivaldo destaca também a oportuni-


O dovia Luiz Gonzaga, os dois educadores residências para os remanescentes de
dade que a Fundação abre para as co- em saúde da Coordenação Regional de quilombos que, historicamente, vivem
munidades exercerem o controle social Pernambuco (Core/PE), vindos de Recife, nessas regiões.
sobre as ações que as beneficiam. chegaram a Salgueiro, de onde, no dia E a missão dos dois técnicos da Funa-
“Por meio das ações de educação em seguinte, partiriam para a vizinha Miran- sa era semelhante a muitas outras que
saúde, a Funasa busca permanentemen- diba rumo à sede da Associação Quilom- eles mesmos já empreenderam pelo in-
te incentivar e fortalecer a participação bolas Sítio Queimadas. terior de Pernambuco. Ainda em Recife,
e o controle social, entendendo que as Na área rural do município, que tem Paulo e Ramilson prepararam o conteúdo
ações de saneamento ambiental não cerca de 14 mil habitantes, a vida está mu- da “Oficina para Construção de Plano de
podem ser planejadas, executadas e dando para as 11 famílias que há décadas Ação Educativa na Comunidade Quilom-
avaliadas sem que os beneficiários efe- formam aquela comunidade. Aproveitan- bola Sítio Queimadas” e, já em Mirandiba,
tivamente participem desses processos. do a experiência da Funasa com o Progra- reuniram representantes das 11 famílias
Com isso, garante-se a melhoria da qua- ma de Melhorias Habitacionais para o con- para, naquela terça-feira, debater o que
lidade de vida da população, o uso cons- trole da doença de Chagas, o Ministério da efetivamente as novas casas, entregues
ciente, permanente e sustentável das Integração Nacional pôs abaixo os 11 case- em julho, podem significar em termos de
obras de saneamento básico e a trans- bres de pau a pique e construiu, no lugar, transformação na vida de todos.
parência na aplicação dos recursos pú- casas de alvenaria de dois e quatro quar-
blicos”, explica Onivaldo. tos, além da sede da associação. Diagnóstico das necessidades
Essa parceria com a Fundação Nacio- Foi uma tarde de conversas acalo-
Novas casas, novas consciências nal de Saúde está beneficiando diver- radas. No início da reunião, depois de
Se tiverem oportunidade, no próxi- sas comunidades quilombolas localiza- montarem o datashow e colar cartazes
mo encontro de educadores em saúde, das na área de influência do Projeto de nas paredes da associação, os dois técni-
Paulo Dantas de Andrade e Ramilson da ­Inte­gração do Rio São Francisco. Entre cos apresentaram às famílias o resultado
Silva Matos terão muito que contar aos os projetos do Ministério que integram do diagnóstico que eles mesmos levan-
colegas de outros estados. Depois de a chamada “transposição” do São Fran- taram, em visitas anteriores, sobre os há-
viajar 471 quilômetros pela BR-232, a Ro- cisco está a construção de centenas de bitos, condições de vida e ­necessidades

Foto » Ricardo Nobre – Ascom/Funasa

... agora está virando rua de verdade: novas moradias e ação da Funasa elevaram a autoestima dos moradores

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Foto » Foto » Ricardo Nobre – Ascom/Funasa


zação da comunidade, fortalecida com o
primeiro benefício conquistado. Eles es-
tavam certos.
Ainda durante o período de constru-
ção das casas, os moradores da comuni-
dade, estimulados pela ação da equipe
da Funasa, perceberam que as coisas não
podiam continuar como eram. Viram, por
exemplo, que se mantivessem as cabras
soltas ininterruptamente, as fezes dos
animais continuariam a tomar conta do
povoado, misturadas às toneladas de lixo
escondidas no mato sempre alto. Com as
novas moradias, o que até pouco tem-
po atrás era um espaço repleto de ratos
Em Sítio Queimadas, criação de cabras ajuda no sustento dos moradores e baratas está se transformando em rua
de verdade, com direito à iluminação re-
daquele povo. Constataram, por exem- avançava, foram as observações e orien- gularizada e à futura rede de água. Hoje,
plo, que os principais problemas iden- tações transmitidas constantemente por os animais têm hora para circular e a su-
tificados na comunidade são a falta de Paulo e Ramilson aos grupos de trabalho. jeira está sendo eliminada por meio de
água encanada, o desemprego e a infes- “Olha pessoal, vamos sugerir coisas mais mutirões.
tação de ratos e baratas. palpáveis, como o reforço na borrifação “A presença de tantas autoridades do
O objetivo da oficina era justamente contra a doença de Chagas e palestras so- município e do governo federal mostra
definir com os presentes o que fazer – bre reciclagem de lixo. Vamos dar priori- bem a importância que vocês conquis-
e como fazer – para que esses e outros dade àquelas reivindicações que podem taram. Agora, não podem deixar o presi-
problemas possam ser resolvidos. E a ex- ser executadas em curto prazo. A água, dente da associação fazer tudo sozinho;
pectativa era grande, já que a Prefeitu- por exemplo, não precisa entrar na lista tem que haver uma participação geral. Só
ra de Mirandiba foi convidada para o en- porque ela já foi garantida”, avisou Ramil- assim vocês vão conseguir mais do que já
contro e enviou os secretários Sebastião son, lembrando que, em breve, a comuni- conseguiram”, afirmou Ramilson.
Nunes, de Recursos Hídricos e Meio Am- dade será contemplada com o sistema de “Essas casas foram um marco, porque
biente, e Clodoaldo Rodrigues, de Agri- abastecimento por meio de verba federal é evidente que a partir delas vocês pas-
cultura, além do vice-prefeito Evaldo Be- do Programa Pró-Rural. saram a ter outra visão de mundo. Já fa-
zerra. Também participou Helena Barros, zem mutirão para limpar o mato, se preo-
assistente social do Ministério da Integra- Conscientização e orgulho cupam em aprender a combater os ratos
ção Nacional. As casas e a garantia de água encana- e sabem que, unidos, novas conquistas
Ao longo da oficina, autoridades e da são exemplos concretos das mudan- virão. Nós queremos que vocês não per-
moradores se dividiram em grupos e, de- ças por que passam as 11 famílias do Sí- cam a vontade de lutar e esta reunião é
pois de muitas discussões, elaboraram tio de Queimadas — mudanças materiais uma prova de que estão no caminho cer-
a lista de necessidades que iria se juntar e, especialmente, de comportamento. Os to. Se estivessem vendo televisão, não
às já detectadas no diagnóstico anterior. momentos mais marcantes da oficina fo- estariam lutando para resolver seus pro-
Mutirão de limpeza, instalação de tele- ram quando os técnicos da Funasa enfa- blemas. Só queremos dizer que se conti-
fone público, escola, capacitação para as tizavam o contentamento de ver brotar nuarem assim, quem sabe esse lugar vai
famílias sobre educação ambiental, curso na face daqueles descendentes diretos se transformar numa verdadeira cidade”,
de artesanato, construção de uma praça de escravos um extraordinário sentimen- elogiou Paulo, que concluiu seu diagnós-
com parque infantil e até laboratório de to de valorização da autoestima, que, por tico pessoal para a reportagem da Funasa
informática estavam entre os muitos pe- sua vez, desencadeou uma enorme capa- em Revista.
didos levantados pelos grupos e que se- cidade de mobilização. “Esta é a quinta vez que venho aqui a
rão encaminhados pela comunidade aos Em uma de suas intervenções, Paulo Queimadas e é emocionante ver o que
órgãos competentes e à Funasa. Dantas e Ramilson Matos se declararam está acontecendo com esse povo. Hoje,
Porém, o que chamou mais a atenção orgulhosos de constatar que a situação eles andam de cabeça erguida, quan-
durante todo o encontro, que começou dos quilombolas de Mirandiba melhora do antes era como se eles não tivessem
às 14h30 e só terminou quando a noite a cada visita deles, graças à conscienti- vontade de viver”, acrescentou. 

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Comunidade é só elogios

U
m gesto de Maria Aparecida da Conceição chamou Quem também não esconde a satisfação por atuar em par-
bastante atenção durante a oficina comandada pe- ceria com a Funasa é João Batista Rodrigues, de 55 anos. Pre-
los dois técnicos da Funasa em Mirandiba. Logo de- sidente da Associação Quilombola Sítio Queimadas, “Pitel”,
pois do lanche, Aparecida começou a recolher os copos de como é chamado, diz que depois que a Fundação passou a
plásticos nos quais foram servidos os refrigerantes, mas não agir em Mirandiba, as coisas melhoraram cem por cento.
para jogar no lixo. É que ela é uma das muitas integrantes da Além dos benefícios que ele e sua comunidade conquis-
Comunidade Quilombola Sítio Queimadas que basicamente taram, como cisternas, postes de luz e a futura rede de água
vivem do que plantam e os copos servirão para que a jovem encanada, Pitel é enfático ao reconhecer que as oficinas da
de 27 anos, apaixonada pela agricultura, cultive mudas a se- Funasa ajudaram bastante a mudar a mentalidade de sua gen-
rem plantadas em sua horta. te. “Essas oficinas são muito importantes pelos conhecimen-
tos que transmitem. Graças a elas, a maioria

Foto » Ricardo Nobre – Ascom/Funasa


já tem consciência de como fazer as coisas
certas. O pessoal da Funasa nos encoraja a
ter um futuro melhor”, diz o líder comunitá-
rio, cujas afirmações são respaldadas também
pelo vice-prefeito de Mirandiba, Evaldo Be-
zerra, que, juntamente com os secretários de
Agricultura e de Recursos Hídricos, só deixou
a oficina no final do encontro.

Foto » Ricardo Nobre – Ascom/Funasa


Aparecida com Ramilson: cobrança e apoio às oficinas

Aparecida é uma das pessoas mais atuantes


daquela comunidade. Além de participar ati-
vamente da oficina, articulando reivindicações
durante os debates em seu grupo de trabalho,
ainda não teve a mínima cerimônia em pedir a
Ramilson Matos os telefones da Funasa para
posterior cobrança do que foi discutido ali.
Separada e mãe de três crianças, a jovem qui- “Pitel”, líder comunitário: “A Funasa nos encoraja a ter um futuro melhor”
lombola se vira como pode para sustentar a casa
que ganhou e ainda encontra tempo para estudar.
Por isso, é exigente quando lhe fazem promessas. “Eu gosto de “Essa parceria entre a Funasa, as comunidades e os gesto-
cobrar mesmo, mas sei que a Funasa está fazendo um grande tra- res públicos é fundamental para o desenvolvimento dos muni-
balho aqui em Queimadas, principalmente com essas oficinas. Es- cípios e de suas populações. O que está acontecendo aqui em
pero que eles venham muito aqui e que a gente consiga logo a Mirandiba é um exemplo disso e do que podemos vislumbrar
escola, o orelhão e o curso de artesanato”, torce Aparecida. para o futuro”. 

FU N A SA   em R evista  |  julho / de z embro de 20 0 9    2 1


E S P E C I A L » educa ç ã o em S A Ú D E

Exemplos de dedicação

V
iajar durante mais de sete horas de Recife a Miran- se sente plenamente realizado, embora nem sempre veja re-
diba, por uma estrada em boas condições de uso conhecimento em seu trabalho.
como a BR-232, não é nada quando vêm à lembrança “Entre trancos e barrancos, gosto muito do que faço, mas é tris-
outras missões que Paulo Dantas de Andrade, 43 anos, e Ra- te constatar que muitos gestores municipais não têm visão da im-
milson da Silva Matos, 46, estão acostumados a cumprir em portância das ações de educação em saúde. Nosso trabalho não é
Pernambuco como educadores em saúde da Funasa. É co- só distribuir cartazes; o que fazemos é conscientizar as comunida-
mum eles trafegarem quilômetros e quilômetros em terra de des sobre seus direitos, e muitos gestores não gostam disso”, co-
chão batido até desembarcarem em algum distante município menta Paulo, com seus 16 anos de experiência como educador.
onde uma comunidade carente qualquer aguarda ansiosa pe- Além de concordar com o colega, Ramilson faz outra obser-
las oficinas dos técnicos da Fundação. vação a respeito da importância do trabalho da Funasa. Na sua
Paulo e Ramilson são o retrato fiel dos sentimentos, propó- avaliação, foi um erro administrativo retirar o combate às ende-
sitos e características que envolvem a maioria dos servidores mias do conjunto de responsabilidades da Fundação, já que o

Foto » Ricardo Nobre – Ascom/Funasa


Ramilson Matos e Paulo Dantas: muitas missões pelo sertão de Pernambuco
integrantes dessas equipes. Assim como seus colegas da presi- órgão detinha uma experiência muito grande nessa área, o que
dência e de outras Coordenações Regionais, o prazer e a since- permitia acompanhar de perto as necessidades dos municípios.
ridade com que desenvolvem suas tarefas em favor da popu- — Nós tínhamos os Distritos Sanitários e, por meio deles, fa-
lação humilde estão estampados no suor de seus rostos. Até zíamos um belo trabalho, ainda no tempo da Sucam. Atuáva-
porque eles sabem da grandiosa responsabilidade que têm ao mos não só de casa em casa como promovíamos ações em es-
levar um pouco de esperança e cidadania para esse segmen- colas, capacitando professores e pais para evitar as endeminas.
to da população atendido pela Assessoria de Comunicação e Hoje, os municípios e os estados não têm condições nem estru-
Educação em Saúde (Ascom). tura completa para fazer isso”, argumenta Ramilson, que há 26
Paulo entrou na área de atenção à saúde em 1987, ainda na anos entrou na Sucam como agente de saúde pública e há 18
Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam), atua como educador em saúde.
que foi incorporada à Funasa em 1990 e posteriormente teve Mas, independentemente de possíveis equívocos do pas-
sua atribuição de combate às endemias descentralizada para sado, a missão de Paulo e Ramilson tem de continuar. Neste
os municípios. Ele começou o trabalho como guarda de en- momento, com certeza eles estão executando ou planejando
demias, função que o fazia bater de casa em casa na campa- uma nova ação em alguma comunidade pobre. E como bem
nha contra a dengue. Depois de passar a atuar em laboratório, ressaltou o motorista Valter Rodrigues da Silva, que levou os
onde examinava amostras de material para detecção de do- técnicos a Mirandiba, em breve os dois vão cruzar com outra
enças endêmicas, Paulo decidiu fazer capacitação pedagógica equipe da Funasa pelas estradas, poeirentas ou não, do sertão
para, de volta à Funasa, atuar como educador em saúde. Agora pernambucano. 

2 2   FU N A SA   em R evista  | julho / de zembro de 20 0 9


E S P E C I A L » educa ç ã o em S A Ú D E

A garra de uma quilombola


N
o mínimo uma vez por semana, Rita Maria da Concei-

Foto » Paulo Dantas


ção Santos deixa sua casa na zona rural de Mirandiba
para enfrentar cinco quilômetros de caminhada até o
matadouro localizado na área central do município. Ali, a tarefa
dela começa com a lavagem do chão onde, por muito tempo,
permanecerá limpando miúdos do gado abatido no local.
É um trabalho duro, geralmente vara as madrugadas e só
acaba com o sol nascendo. Depois de mortos, os corpos dos
animais são pendurados por empregados do matadouro que,
de um só golpe, abrem a barriga dos bichos e separam o intes-
tino para que Rita e suas colegas iniciem a tarefa de lavar muito
bem lavado o que mais tarde irá se transformar em dobradinha
nas cozinhas de Mirandiba e municípios próximos.
Depois, extremamente cansada, Rita toma banho, muda de
roupa, recebe os R$ 12 pelo serviço e repete a caminhada de
cinco quilômetros de volta a seu lar. Mas nada de repouso, por
enquanto. Como todas as mulhe­
res que enfrentam dupla jornada
de trabalho, ela ainda tem muito
que fazer: lavar a roupa, dar um
jeito na casa e preparar a comida
Foto » Paulo Dantas

do marido, netos e filhos presen- Rita Maria e o marido João


tes ou que chegam sem avisar. Batista trocaram a casa de
pau a pique (à esquerda) por
Esta é a rotina de Rita quan- outra de alvenaria (acima):
do tem plantão no matadouro. muito trabalho e dignidade
para sustentar a família
Nos outros dias, além de dona de quilombola
casa, ela assume a função de agri-
cultora, plantando feijão, milho,
abóbora e demais culturas do
inverno nordestino. O que colhe tuação, agravada por uma inflacionada
ajuda no sustento, complemen- contabilidade: Rita tem 13 filhos. “Eles se
tado com a renda de R$ 167 do cadastraram lá nas empresas que estão
Bolsa Família. fazendo a transposição do São Francis-
Assim é a vida de Rita, 52 anos, co, mas até agora ninguém foi chama-
matriarca de uma das 11 famílias da Comunidade Quilombola do”, lamenta a quilombola, que ainda tem 13 netos para ajudar
Sítio Queimadas que tiveram suas realidades transformadas ao a criar.
trocarem os casebres de pau a pique por residências de alvena- Durante a Oficina de Educação em Saúde surgiu uma espe-
ria, construídas pelo Ministério da Integração Nacional em par- rança para essa mulher de muita fibra. Agora que a comunidade
ceria com a Fundação Nacional de Saúde. está se organizando, motivada pela conquista de moradia dig-
Rita também reservou um tempo para acompanhar a oficina na, o secretário de Agricultura de Mirandiba, Clodoaldo Rodri-
que os educadores em saúde da Funasa promoveram na asso- gues, falou da possibilidade de a Prefeitura conseguir, em par-
ciação. Além dos desejos comuns aos demais moradores, como ceria com outros órgãos, desenvolver projetos agrotécnicos e
a água encanada, escola e telefone público, tinha um interesse voltados para a caprinocultura, aproveitando o forte hábito do
especial pela oficina. É que assim como o marido João Batista consumo de cabras – ou bodes – na região. “Enquanto isso a
Alexandre dos Santos, praticamente todos os seus filhos em ida- gente faz o que pode. Só sei que eu até posso passar fome, mas
de de trabalhar estão desempregados e a expectativa dela era meus filhos e netos, não”, avisa a obstinada quilombola Rita da
saber se alguma coisa poderia ser feita para amenizar a sua si- Conceição. 

FU N A SA   em R evista  |  julho / de z embro de 20 0 9    2 3


educa ç ã o em S A Ú D E

Repassando
conhecimentos
Em Goiás, agentes municipais são capacitados para orientar comunidades

T
odos os municípios que fir- da sua principal finalidade, que é melho- Consuelo Ayres Marinho, defende o
mam convênios com a Fun- rar a saúde e a qualidade de vida. Tam- projeto social como meta prioritária de
dação Nacional de Saúde bém é preciso sensibilizar as comunida- qualquer programa. “Não adianta fazer
para execução de obras de des para o uso correto dos benefícios uma obra e não saber usá-la. A finalida-
saneamento são obrigados a seguir a conquistados. de dessas ações é promover a saúde e a
Portaria da Funasa nº 723, de 24 de ­julho Nas reuniões promovidas pela Fun- melhoria da qualidade de vida da popu-
de 2007, que estabelece os critérios e dação para capacitação no PESMS, além lação, por isso é importante a participa-
procedimentos para aplicação dos re- dos gestores municipais, comparecem ção da comunidade, transformando-a
cursos disponibilizados pelo Programa profissionais de saúde e técnicos dos em autora do processo”, explica Consue-
de Aceleração do Crescimento (PAC). municípios, que serão os responsáveis lo.
Além desses critérios, a Portaria de- pela execução do programa. Eles são Em setembro, foi realizado em São Si-
termina que as prefeituras devem levar orientados pela Funasa a elaborar o pro- mão um encontro com a presença de 41
em consideração, ao apresentar seus jeto de Educação em Saúde de acordo pessoas do povoado de Itaguaçu, onde
pleitos, uma série de diretrizes elabo- com o foco do objeto, as necessidades estão sendo construídas 17 casas pelo
radas pela Funasa, entre elas a promo- das famílias e da realidade local. Programa de Melhorias Habitacionais
ção de ações de educação em saúde e A partir dessa capacitação, os técni- para o Controle da Doença de Chagas.
de mobilização social durante as fases cos mobilizam os beneficiários, promo- Outras dez unidades também estão em
de planejamento, implantação e opera- vem reuniões nas localidades dos mu- construção no centro do município.
ção das obras. Esta norma visa estimu- nicípios em que foram implantadas as “A Funasa está ajudando o povo a vi-
lar o controle social e a participação da obras e, ainda com a participação da ver melhor. A minha casa nem começou
comunidade beneficiada com as ações. equipe da Funasa, orientam o público- a ser construída, mas já me sinto feliz. Eu
Partindo desse princípio, a equipe alvo sobre a finalidade dos projetos da tenho a doença de Chagas e meu filho
de Educação em Saúde da Coordena- instituição, que é promover a saúde e também. Acho que pegamos essa do-
ção Regional da Funasa em Goiás (Core/ evitar doenças, sempre lembrando da ença na Bahia; lá a casa era velha, cheia
GO), por meio do Programa de Educa- importância da adesão de todos nas ati- de barbeiros. Agora, na casa nova o bar-
ção em Saúde e Mobilização Social (PES- vidades educativas. beiro não vai entrar, porque também
MS), empenha-se em priorizar e estimu- No final de 2009, a equipe da Core/ aprendi nas reuniões educativas como
lar os municípios a desenvolverem essas GO estimulou o desenvolvimento das nos defender deles”, afirmou Santa Ma-
ações, contribuindo para a sustentabili- atividades do PESMS em diversos mu- ria da Conceição, 68 anos, moradora do
dade do sistema e a melhoria da quali- nicípios contemplados com recursos do povoado de Itaguaçu.
dade de vida das comunidades PAC para implantação de projetos de Letícia Oliveira Lacerda, responsá-
Para ajudar as prefeituras convenia- saneamento ambiental. Inicialmente, vel pelo projeto social da Prefeitura de
das a cumprirem as recomendações as reuniões com os gestores e técnicos São Simão, ressalta que o Programa de
da Funasa, a equipe, a exemplo do que municipais ocorreram na sede da Coor- Melhorias Habitacionais da Funasa faz a
ocorre em todo o País, sensibiliza os ges- denação Regional. Posteriormente, os diferença porque não é apenas um pro-
tores municipais sobre a importância e a encontros foram realizados nos próprios grama para construir moradias. “O obje-
necessidade de promoverem atividades municípios, com participação também tivo principal é promover saúde, evitar a
educativas com as comunidades benefi- das comunidades beneficiadas, que dis- doença de Chagas e melhorar a qualida-
ciadas pelos projetos de saneamento. A cutiram e sugeriram ações que melhor de de vida da população”, enfatiza.
justificativa é clara: não adianta apenas atendam às suas necessidades. Em outubro, foi a vez de a comuni-
construir obras se as pessoas não sabem A coordenadora da equipe, Maria dade quilombola de Pombal, no muni-

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educa ç ã o em S A Ú D E

cípio de Santa Rita do Novo Destino, re- frutos, como a produção de rapadura jetos da Funasa estão de acordo com a
ceber a visita da equipe de Educação em e farinha financiada por programas de realidade e as necessidades da comu-
Saúde da Core/GO. Lá, 25 pessoas bene- geração de renda desenvolvidos pelo nidade local. “O trabalho educativo é
ficiadas com rede de água, comparece- Ministério de Desenvolvimento Agrário fundamental para conhecer as dificul-
ram à reunião do PESMS. Esta comuni- e Faculdade Católica de Brasília. dades e as necessidades da comunida-
dade está bem avançada em termos de Naildes Rodrigues Borges da Silva, de e também contribuir para que ela
organização, tanto que foram criadas as líder comunitária e secretária de Igual- seja sujeito da ação, da sua historia”,
Associações dos Pequenos Produtores dade Racial do município de Santa Rita afirma a responsável pelo PESMS no
e das Mulheres. A mobilização rendeu do Novo Destino, enfatiza que os pro- município. 

população mobilizada
conquista água tratada
O
município de Atibaia, na re- Água (SAA). A obra teve como objetivo e também corresponsáveis pelos benefí-
gião serrana, localizado a 60 substituir os poços artesianos, para que a cios recebidos.
quilômetros da cidade de população deixasse de usar água de qua- Para alcançar essa meta, o foco da
São Paulo, é um exemplo lidade duvidosa. equipe técnica da Core/SP foi sensibili-
bem-sucedido de participação da socie- Após um ano de ações educativas os zar as pessoas sobre a importância de
dade nas ações de Educação em Saúde resultados começaram a surgir, como a consumir água potável. A Funasa inves-
promovidas pela Coordenação Regional redução no número de registros de ver- tiu R$ 500 mil na obra e o município aplicou
da Funasa (Core/SP) para discutir ques- minose. Foi o caso do bairro Jardim São a contrapartida de R$ 211 mil. Destes, cerca
tões de saúde e saneamento ambiental. Felipe, que em 2008 apresentou quatro de R$ 11 mil foram voltados para as ações
Cerca de 800 pessoas dos bairros casos informados de doença diarreica e educativas envolvendo a comunidade.
Campos de Atibaia, Ciliar, Jardim Santo em 2009, não registrou nenhuma ocor- Para desenvolver a Feira de Saúde,
Antônio e Jardim São Felipe foram bene- rência. O projeto educativo propiciou às Meio Ambiente e Cidadania sob a te-
ficiadas com a construção de uma suba- pessoas beneficiadas tornarem-se sujei- mática Água Tratada – Saúde Garantida,
dutora de Sistema de Abastecimento de tos autônomos da própria transformação ­foram promovidas reuniões com as lide-
ranças da comunidade para abordar os
temas relacionados à questão de saúde
Foto » Giovanni Debortoli - Core/SP

e abastecimento público de água. Hou-


ve, também, esclarecimentos sobre a
obra de saneamento básico e foi realiza-
da uma pesquisa para conhecer melhor a
comunidade dos bairros beneficiados.
Na feira foram montadas barracas
no Jardim São Felipe. Crianças, jovens e
adultos participaram de atividades como
trabalhos manuais, jogos, leituras e brin-
cadeiras em que foram abordados os con-
ceitos de saúde e a importância da água
tratada no combate às doenças de veicu-
lação hídrica. 
“Educação em Saúde (SP)”: Crianças e adultos envolvidos na preservação do meio ambiente

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educa ç ã o em S A Ú D E

Resgate da dignidade
Kalunga
Entre as diversas ações desenvolvidas pelas equipes
destacam-se as oficinas educativas

K
alunga é uma palavra de

Foto » Core / Ascom / GO


origem Banto, comum entre
os povos africanos. Ela pos-
sui vários significados, es-
pecialmente ligados às crenças religio-
sas desses povos. Os kalungas formam
a maior comunidade de remanescentes
de quilombos do Brasil. Eles vivem no
sitio histórico Kalunga, que abrange os
municípios de Cavalcante, Monte Alegre
de Goiás e Teresina, na região nordeste
de Goiás.
Para ajudar a resgatar a dignidade Encontros levaram orientações sobre saneamento ambiental a 283 kalungas
desse povo que fez historia, a Funasa
investiu pesado na melhoria de vida de ranã e levar água para casa para beber, cia vem da plantação de roça e da pro-
seis comunidades do município de Mon- cozinhar e tomar banho. Era obrigada, dução e venda de farinha de mandioca
te Alegre de Goiás, beneficiando 113 fa- com duas crianças, a carregar um balde e feijão. A renda é complementada com
mílias com a implantação de cinco Siste- de 20 litros”, lembra Antônia. a aposentadoria rural e a Bolsa Família.
mas de Abastecimento de Água. Essa também é a história de Osila dos Agora, com água encanada em suas
Depois das obras, a equipe de Edu- Santos, Rosalina Pereira Santiago e Celsi- casas, as famílias esperam conquistar
cação em Saúde, por meio da aplica- na Fernandes das Virgens. “Só pudemos outros benefícios, pois o objetivo da ofi-
ção de um questionário, realizou quatro ter limpeza do corpo e da nossa casa cina educativa é mostrar que eles po-
diagnós­ticos situacionais, com o obje- depois que a Funasa trouxe água para dem buscar novas melhorias junto ao
tivo de conhecer a realidade local das nós. Agora vamos pôr em prática o que Poder Público.
comunidades de Tinguizal, Sucuri, Saco aprendemos na oficina educativa”, res- “Nos sentimos gratificados com a
Grande e Curral da Taboca — quatro das saltou Celsina. emoção dessa comunidade quando
seis que receberam água encanada. Na oficina de Saco Grande, dona Filo- chegamos para realizar a oficina. Todos
Nas oficinas educativas que se segui- mena, parteira tradicional, contou que confessaram não acreditar que voltaría-
ram aos diagnósticos, a equipe orientou hoje já não se importa quando as crian- mos depois da primeira visita para fazer
283 pessoas sobre saneamento ambien- ças sujam a roupa durante as brincadei- o diagnóstico situacional, consideran-
tal, preservação do meio ambiente, im- ras. “Elas podem rolar pelo chão porque do as dificuldades para chegar até eles”,
portância da água como fonte de vida e à noite tomam banho e vão dormir lim- contou Heleuza Pereira Arantes, educa-
prevenção de doenças transmitidas por pos, sem precisar ir até o rio para se la- dora em saúde da Core/GO.
vetores e de veiculação hídrica. var”, afirmou, feliz, dona Filomena. Durante os diagnósticos e as oficinas,
Para Antônia da Cunha, moradora da Em Curral da Taboca, a vida não é todas as comunidades quilombolas vi-
localidade de Sucuri, a água que chega fácil para os moradores. Devido à falta sitadas pelas equipes de Educação em
a sua casa é uma bênção de Deus. “Ti- de estrada que permita a circulação de Saúde da Core/GO foram unânimes em
vemos esse grande benefício da Funasa ­veículos, para se chegar ao lugar é pre- apontar como necessidade a construção
que aliviou o sofrimento da gente. An- ciso caminhar cerca de 20 quilômetros de estradas e a implantação de trans-
tes, tínhamos que lavar roupa no Rio Pa- descendo e subindo serras. A subsistên- porte e de telefones públicos. 

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educa ç ã o em S A Ú D E

Protagonistas de
uma nova realidade
Iniciativa do Polo-Base de Chapecó (SC)
afasta jovens indígenas das drogas e do alcoolismo

A
bandonar os estudos, pas- alguém da família ser usuário de algum

Fotos » Pólo Base Chapecó


sar o dia inteiro na rua e tra- tipo de droga, o que gera certo incen-
tar as pessoas com agres- tivo ao jovem. “Como é mais difícil mu-
sividade eram atitudes dar o pensamento dos mais velhos, nós,
rotineiras de muitos jovens indígenas como educadores, em parceria com a
da região de Chapecó que faziam uso Funasa, buscamos trabalhar e orientar
de bebidas alcoólicas e outras drogas. os jovens por meio de palestras, pro-
Essa realidade foi mudada com ações duções de texto e atividades em gru-
educativas realizadas pela Fu-
nasa que proporcionaram co- e Dânica Almeida, do Polo-Base
nhecimento e conscientização de Chapecó, ao capacitarem jo-
sobre o risco do uso do álcool vens indígenas em novembro de
e entorpecentes. “Temos vários 2008. “A necessidade dessa ação
casos de adolescentes que tro- surgiu após um professor ter
caram a dependência pela sala procurado por mim, ao perceber
de aula, inclusive o caso de um que os alunos apresentavam um
jovem que cheirava gasolina e comportamento diferente, com
hoje me auxilia nas atividades suspeita de uso de drogas”, re-
de conscientização”, relatou lata Olivete. Segundo os coorde-
João Batista Antunes, profes- nadores do projeto, ele é um ca-
sor das aldeias pertencentes ao minho encontrado pela equipe
Polo- Base de Chapecó. técnica para a implantação da
João Batista ministra pales- atenção básica em saúde mental
tras nas escolas e postos de Jovens indígenas são alertados para o risco do alcoolismo nas aldeias.
saúde, falando da reestrutura- A ideia principal do Prota-
ção familiar. Discutir a realidade aberta- po de maneira que eles transmitam aos gonismo Juvenil é fazer com que os
mente perante todos e incentivar o di- outros essa forma de conscientização”, adolescentes indígenas participem
álogo dentro de casa são as propostas ressaltou João Batista. ativamente das etapas de criação de
das discussões. “Nós conversamos com estratégias e de sugestões para o en-
as famílias sobre o problema que está Capacitação de lideranças frentamento do problema, propondo
próximo a todos, pois é uma realidade É dessa forma que a Coordenação as melhores maneiras de abordá-lo. O
que envolve toda a sociedade e não Regional da Funasa em Santa Catarina trabalho da Funasa ocorre em parceria
somente os adolescentes”, afirma. Nas (Core/SC) vem dando continuidade ao com as escolas das aldeias. A equipe es-
conversas são trabalhadas as questões Projeto de Protagonismo Juvenil Indí- pera que o projeto continue atuando
da sensibilização e experimentação, gena, capacitando jovens do ensino diretamente no universo das popula-
que mostram como enfrentar a necessi- fundamental e médio, professores e li- ções das comunidades indígenas, além
dade do consumo e recuperar a aceita- deranças que atuam como promotores de implantar a atenção básica na saú-
bilidade perante a sociedade sem o uso da saúde na prevenção do uso de álco- de mental nos quatro Polos-Base da Fu-
do álcool e das drogas. ol e outras drogas. nasa de Santa Catarina, formando uma
O professor afirma que muitas vezes A ação nasceu a partir de uma inicia- rede de saúde e educação com ampla
o problema surge dentro de casa, por tiva das enfermeiras Olivete Machado participação indígena. 

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sa ú de ind í gena

Orientação e prevenção:
mortalidade zero
Conjunto de ações melhora atendimento a indígenas no Espírito Santo

H
á seis anos, o Espírito San- menos de um ano de idade é de 44,35 pal de Saúde de Aracruz, município que
to não registra morte en- para cada mil nascidos vivos, segundo o concentra todas as sete aldeias do esta-
tre crianças indígenas com coeficiente registrado em 2008. O índice do. Entre as ações que garantem assis-
menos de um ano de idade. nacional registrou inclusive uma queda tência à saúde dos índios, destacam-se
A melhoria na saúde das comunidades substancial, já que no ano de 2000 a re- a presença constante dos profissionais
indígenas capixabas é ainda mais clara lação era de 74,61/1.000. e o programa de vigilância nutricional,
quando confrontada com dados históri- O índice de mortalidade infantil zero que promove as visitas domiciliares rea­
cos locais ou com a média nacional. Em no Espírito Santo é resultado do contro- lizadas por pediatras, nutricionistas e
1997, das 29 crianças indígenas nascidas le de doenças e da assistência às comu- Agentes Indígenas de Saúde (AIS), para
vivas no estado, cinco morreram antes nidades indígenas prestada pela Coor- o acompanhamento do peso das 304
de completar um ano de idade. A mé- denação Regional da Funasa (Core/ES), crianças indígenas menores de cinco
dia nacional de óbitos entre índios com em parceria com a Secretaria Munici- anos.

Fotos » André Toscano - Ascom /ES

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sa ú de ind í gena

Fotos » André Toscano - Ascom /ES


Quatro equipes compostas por médi- sa, Nilton Andrade, reestruturou a Asses- O número de internações hospita-
cos, enfermeiros, odontólogos, técnicos soria de Saúde Indígena no estado, que lares caiu. Entre 2000 e 2002, a média
de enfermagem, atendente de consultó- agora tem novo responsável, o servidor de internações foi de 127, por ano. Em
rio dentário e Técnico de Higiene Den- Vanderlei Faioli. “Nós estamos agregan- 2009, 107 indígenas foram internados,
tal (THD) trabalham diariamente na pro- do mais força de trabalho e ampliando a destes 50% por causa de gravidez ou
moção de saúde indígena nas aldeias de presença da Fundação nas aldeias. O ge- partos. A assistência à saúde dos 3.038
Aracruz, litoral norte do estado. Além renciamento e a supervisão das ações, índios distribuídos entre as etnias Tu-
das quatro equipes, os indígenas con- aliadas ao compromisso e à dedicação piniquim e Guarani é feita por meio de
tam ainda com nutricionista, assisten- das equipes, foram imprescindíveis para um repasse de incentivo de atenção bá-
te social, pediatra, ginecologista e psi- o sucesso no atendimento de saúde”, sica aos povos indígenas. O município
cólogo, totalizando 45 profissionais de destacou Andrade. de Aracruz recebe mais de R$ 1 milhão
saúde. As equipes fazem o pré-natal em anualmente para a contratação dos
gestantes, vacinam crianças e adultos e Melhoria em todos os indicadores profissionais.
prestam atendimentos médicos e odon- As virtudes do trabalho realizado Ainda neste ano, nas aldeias de
tológicos. pela Funasa no Espírito Santo traduzem- Caieiras Velhas e Irajá serão construídas
Para o indígena e presidente do Con- se também em números. No primeiro novas unidades de saúde, que totaliza-
selho Distrital de Saúde Indígena MG/ES semestre deste ano, 91% das crianças rão um investimento de R$ 1,1 milhão.
(Condisi), Lindomar José de Almeida e foram vacinadas. Até setembro, as equi- O posto de saúde que será construído
Silva, existem motivos para comemora- pes de saúde realizaram 7.496 consultas em Caieiras Velhas será referência no
ções. “Em relação à realidade brasileira, médicas e 13.895 atendimentos de en- estado. Com mais de 550 metros qua-
os índios do Espírito Santo têm uma saú- fermagem. A média mensal de visitas drados de área construída, a estrutura
de de boa qualidade, mas é necessário às famílias pelos Agentes Indígenas de vai contar com sete consultórios, salas
avançar ainda mais”, afirma o indígena. Saúde (AIS) também cresceu. Em 2004, de vacinação e de esterilização. A uni-
Buscando fortalecer a cooperação o número de visitas às famílias pelos dade será responsável pela saúde da
técnica entre a Funasa e a Prefeitura de agentes foi de 4.201. Em 2009, apenas maior aldeia indígena do Espírito Santo,
Aracruz no que diz respeito à saúde dos no primeiro semestre, os AIS realizaram com 1.193 indígenas, sendo 157 crian-
índios, o coordenador regional da Funa- 5.430 visitas domiciliares. ças entre 0 e 5 anos. 

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sa ú de ind í gena

Livres do
alcoolismo
Em Mato Grosso, plano de saúde mental livra indígenas da dependência

Foto » Ascom / MT
epressão, tristeza, angús-
tia, desânimo e dependên-
cia alcoólica. Muitas vezes
associadas à vida contur-
bada nas cidades, estas doenças psíqui-
cas não se restringem mais aos espaços
urbanos. Acostumados a beber a tradi-
cional chicha — bebida fermentada fei-
ta à base de milho, arroz ou mandioca
— em rituais funerários e batismos, o
consumo do álcool passou a fazer parte
da vida de muitos indígenas.
Levados ao vício devido às mudan-
ças culturais ocasionadas pelo contato
com os brancos, cerca de 6 mil indíge-
nas de dez etnias de Mato Grosso estão
sendo beneficiados pelo ‘Plano de Ação
de Saúde Mental’. O objetivo é promo-
ver ações de educação em saúde e inter-
venção ao consumo de bebidas alcoóli-
cas e outras substâncias psicoativas nas
aldeias. Trabalho de conscientização ajuda jovens a superar resistência contra tratamentos
Tudo começou há quatros anos com
o médico Jaime Aguiar e o enfermeiro O projeto inclui terapias ocupacionais, também são realizados nas escolas. “Já
Amauri Arruda, da equipe multidiscipli- implementadas em consonância com as existem casos de adolescentes que fa-
nar da Fundação de Apoio e Desenvolvi- idéias discutidas pelos grupos e apresen- zem o uso precoce da bebida e isso nos
mento da Universidade Federal de Mato tadas à coordenação, como a confecção preocupa muito”, aponta.
Grosso (Uniselva), que diagnosticaram de artesanatos, plantação de banana, fei- As ações são desenvolvidas pelo Dis-
o agravamento do alcoolismo entre os jão, milho e mandioca para produção de trito Sanitário Especial Indígena (Dsei)
Bororó. A identificação deu origem ao farinha. Além disso, algumas etnias ela- Cuiabá, da Coordenação Regional da
Projeto Alcoólico Indígena (PAI), que já boraram cartilhas com orientações e ilus- Funasa em Mato Grosso (Core/MT).
conseguiu resgatar 34 pessoas da de- trações feitas por eles próprios a fim de Neste ano, o ‘Plano de Ação de Saúde
pendência. conscientizar suas comunidades. Mental’ ganhou projeção internacional
De acordo com Danielle Spagnol, A enfermeira Fernanda Miranda, res- ao ser apresentado no Congresso Inter-
uma das coordenadoras do projeto, o ponsável pelas ações na etnia Nambi- nacional de Medicinas Tradicionais, In-
‘Plano de Ação de Saúde Mental’ fez kwara, conta que alguns indígenas têm terculturalidade e Saúde Mental, reali-
mais do que resgatar a saúde e a digni- resistência em tratar do alcoolismo. zado na cidade peruana de Tarapoto. O
dade indígenas. Agora, eles atuam como “Sempre que vou às aldeias, converso Plano beneficia índios das etnias Boro-
multiplicadores, unidos pela filosofia do com os caciques e lideranças para con- ró, Umutina, Bakairi, Paresi, Guató, Iran-
resgate cultural de não ingerir bebidas vocarem os membros a participar das txe, Enawené-Nawê, Mynky, Chiquitano
alcoólicas do não índio. reuniões”. Os trabalhos de prevenção e Nambikwara. 

3 0   FU N A SA   em R evista  | julho / de zembro de 20 0 9


sa ú de ind í gena

Para entender melhor


Funasa edita cartilhas sobre saúde, escritas e ilustradas pelos próprios indígenas

E
m alguns estados, como no tos educativos que apresentam dicas
Mato Grosso, Mato Grosso de cuidados simples que podem ajudar
do Sul e Ceará, as Coordena- a diminuir a incidência dessas doenças
ções Regionais (Cores) da Fu- nas aldeias e nos municípios.
nasa ampliam suas ações de atendimen- O material, fruto de uma parceria
to à saúde indígena por meio da edição com a Prefeitura Municipal de Bela Vista
de cartilhas e publicações que facilitam (MS), Funai, Ministério da Saúde e o De-
a compreensão do público-alvo em re- partamento (governo) de Amambay, no
lação aos temas abordados. No Mato Paraguai, foi produzido em três idiomas:
Grosso, por exemplo, português, espanhol e guarani. O princi-
mais especificamen- pal objetivo era facilitar o entendimento
te no Distrito Sanitá- e ressaltar a necessidade de se fazer pre-
rio Especial Indíge- venção com base em medidas de higie-
na (Dsei) do Xingu, ne simples.
um belo trabalho A publicação fornece dicas de como
foi desenvolvido proteger a família com ações cotidianas,
pelos profissio- como guardar garrafas sempre viradas
nais das Equipes para baixo e pneus em locais cobertos,
Multidisciplina- além de manter os quintais sempre lim-
res de Saúde In- pos. O material foi distribuído entre 600
dígena (Emsi) e indígenas da Aldeia Pirakuá, localizada a
Agentes Indígenas de Saú- 67 quilômetros de Bela Vista, e no muni-
de (AIS), que atuam nas aldeias do par- cípio paraguaio de Bella Vista do Norte.
que, que é dividido em Alto, Baixo, Mé-
dio e Leste Xingu. Prevenção da diarreia
No Alto Xingu, os AIS são capacita- No Ceará, a Coordenação Regional
dos em assuntos como saúde da mulher, Publicações, algumas escritas na língua lançou a cartilha “Diarreia Infantil e Ver-
indígena, ajudam na compreensão dos temas
saúde da criança e Doenças Sexualmen- minoses”. O material foi produzido pe-
te Transmissíveis (DST). Para que esses los Agentes Indígenas de Saúde (AIS)
agentes possam manter e transmitir nas e Agentes Indígenas de Saneamento
aldeias o que foi aprendido durante a (­Aisan) da Fundação, juntamente com o
capacitação, o Dsei/Xingu decidiu edi- é Ayato Kuikuro, de 28 anos, da aldeia Dsei/CE e a Assessoria de Comunicação
tar publicações com as matérias ofere- Lahatuá. Ele se diz orgulhoso de sua par- e Educação em Saúde (Ascom), com o
cidas. O mais revelador dessa iniciativa ticipação. “Nosso curso está dentro da apoio do Fundo das Nações Unidas para
é que todos os desenhos e muitos tex- realidade indígena e o desenho ajuda a a Infância (Unicef).
tos foram elaborados pelos próprios in- conscientizar o povo”, salienta. Por meio de oficinas, realizadas com in-
dígenas, tanto que o primeiro trabalho dígenas da etnia Tapeba, do município de
da série — Manual de Introdução à Saú- Combate à dengue Caucaia, a equipe de Educação em Saúde
de para Agentes Indígenas de Saúde — No Mato Grosso do Sul, para aju- e técnicos do Dsei promoveram, com os
foi premiado em 2006, em Brasília, na 1ª dar no controle dos casos de dengue e AIS e Aisan, a discussão sobre conceitos
Mostra Nacional de Saúde Indígena. leishmaniose na população indígena do importantes a serem transmitidos ao pú-
Além do português, alguns desses município de Bela Vista, e também mo- blico, o vocabulário adequado e a cons-
trabalhos são escritos em línguas dos nitorar as ocorrências em Bella Vista do trução das gravuras, sempre buscando a
povos do Xingu. Um dos autores dos Norte, no Paraguai, a Coordenação Re- adequação desses aspectos à realidade
desenhos estampados nas publicações gional da Funasa confeccionou panfle- cultural da população indígena Tapeba.

FU N A SA   em R evista  |  julho / de z embro de 20 0 9    3 1


sa ú de ind í gena

Primeiro enfermeiro
guarani da Funasa
Indígena, que se formou este ano, passa a integrar a equipe
de profissionais da Coordenação Regional do RS

Foto » Ascom/Core-RS
ma nova etapa de vida está
começando para o jovem
Zico da Silva. Em novem-
bro, o indígena de 27 anos
assumiu o cargo de enfermeiro na As-
sessoria de Saúde Indígena (Assai) da
Coordenação Regional da Funasa no
Rio Grande do Sul (Core/RS). É uma data
para se comemorar, porque Zico é pri-
meiro representante da etnia Guarani a
se formar em enfermagem no estado.
O rapaz, que há alguns anos saiu da al-
deia da Estiva, em Viamão, para os ban-
cos da faculdade do Centro Universitário
Metodista Sul (IPA), onde se formou neste
ano, agora integra a equipe de profissio-
nais da Core/RS, coordenada por Gustavo
de Mello, e dividirá o trabalho com a en-
fermeira Rosângela da Silva e o terapeu-
ta ocupacional Claudemir Vaz, da etnia Zico da Silva: “Espero contribuir para que a saúde indígena seja melhor compreendida”
Kaingang, responsáveis pela supervisão
das equipes de saúde nas aldeias e acam- pelo coordenador regional, Gustavo de rente”, disse o guarani. Ele foi influencia-
pamentos de todo o Rio Grande do Sul. Mello, e pelo representante do Conselho do pelo pai, o ex-cacique Juarez da Silva,
“Estamos consolidando a política de Distrital Indígena – Litoral Sul (Condisi- já falecido, que participou intensamente
introduzir profissionais indígenas das Lisul), Mário Karaí. “Desde que a Funasa da estruturação do Subsistema de Saú-
etnias Kaingang e Guarani dentro da passou a cuidar da saúde indígena, em de Indígena do SUS, quando a Funasa
Assai, atendendo o que foi indicado na 1999, o objetivo foi estimular a parceria assumiu este serviço, conta”.
4ª. Conferência Nacional de Saúde Indí- de índios e brancos, entre os funcioná- Claudemir Vaz, o terapeuta ocupacio-
gena, em 2006, de que onde haja vagas rios e técnicos, visando à melhor com- nal Kaingang da Assai, acredita que com
disponíveis, que elas sejam ocupadas preensão das peculiaridades da saúde a presença das duas etnias na Core/RS
preferencialmente por pessoas oriundas indígena”, observa Karaí. vão melhorar significativamente as dis-
dessas comunidades”, explica o chefe da Zico da Silva conta que fez a facul- cussões e os indicadores de saúde nas
Assai, Jair Pereira Martins. dade de Enfermagem já pensando em áreas indígenas. Já atuam hoje nas 106 al-
Segundo ele, com isto os indígenas trabalhar com a sua comunidade de deias e 23 acampamentos do estado, 111
começam a exercitar o controle social origem: “Nas aldeias há possibilidades agentes indígenas de saúde e 45 agentes
e a participar de todo o planejamento muito amplas de realização do nosso indígenas de saneamento, dois enfermei-
e desenvolvimento das ações de saúde ­trabalho e espero, aos poucos, contri- ros e 16 técnicos de enfermagem.
nas aldeias e acampamentos. buir para que a saúde do indígena seja Na aldeia de Muliterno, também tra-
O novo membro teve uma acolhida melhor compreendida, porque o modo balha o primeiro enfermeiro Kaingang
calorosa na Assai. Ele foi recepcionado do índio ver a saúde e a doença é dife- do Brasil, Pedro Salles. 

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sa ú de ind í gena

Iniciante, mas
já campeão
Jovem indígena, estagiário da Core/MS, é medalhista no arco e flecha

Foto » Core / Ascom / MS


Índio Terena venceu torneio de arco e flecha por dois anos consecutivos

A
os 18 anos, o adolescente da etnia Terena, Uilton ção dos Jogos dos Povos Indígenas, competição realizada este
Henrique, se orgulha de representar os indígenas ano em Paragominas, no Pará, onde foi montada uma Vila
de Mato Grosso do Sul na modalidade esportiva Olímpica para abrigar os participantes de tribos de todo o País.
tradicional arco e flecha. Campeão há dois anos Nesses torneios, além da prática de esportes, a comunidade
consecutivos nas competições estaduais, Uilton conta que co- promove manifestações culturais para preservar as tradições.
meçou a treinar aos 14 anos, porque a Aldeia Bonita, comuni- “Apesar de não ter trazido medalhas dos Jogos Indígenas
dade onde mora, não tinha representante para competir nes- no Pará, me orgulho muito de ser bicampeão pelo Mato Gros-
se esporte. so do Sul e de ter a oportunidade de representar meu povo,
Estudante do segundo ano do nível médio, Uilton nasceu sem perder a vontade de treinar cada vez mais. Quem sabe,
em Campo Grande e foi criado na Aldeia Cachoeirinha, região poderei conquistar o título nos jogos no ano que vem, aqui no
de Miranda. Em março de 2009, foi selecionado para estagiar meu estado?”, aposta Uilton com desenvoltura.
na Coordenação Regional da Funasa de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso do Sul disputa com o Rio de Janeiro o direito
no setor de Divisão de Engenharia e Saúde Pública (Diesp). de sediar os XI Jogos dos Povos Indígenas, no segundo semes-
No início de novembro, o jovem indígena medalha de ouro tre de 2010. A competição é promovida pelo Comitê Intertribal
em Mato Grosso do Sul representou o estado na décima edi- – Memória e Ciência Indígena (ITC). 

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sa ú de ind í gena

Festa para o
novo Polo-Base
Unidade inaugurada em Porto Seguro (BA) vai atender indígenas de 23 aldeias

N
a estrutura de organização O prédio do Polo-Base foi construí- (SUS) é o maior programa de saúde do
dos serviços de saúde indí- do em um terreno doado pela prefeitu- mundo e o Subsistema de Saúde Indíge-
gena prestados pela Funa- ra municipal de Porto Seguro. O prefeito na está dentro dele. O almoxarifado está
sa, além dos Distritos Sa- Gilberto Pereira Abade destacou que a cheio de remédios, a farmácia básica está
nitários Especiais Indígenas (Dseis), os comunidade indígena já sofreu por ser disponível para atender as comunida-
Polos-Base são de grande importância excluída de políticas sociais. “Conheço des”, finalizou.
no atendimento aos índios. Daí a neces- as reivindicações desses povos e o polo O presidente do Condisi da Bahia, An-
sidade da construção de novas unidades é um passo para a solução dos proble- selmo Conceição, agradeceu pela entrega
para intensificar o fluxo de atenção às mas de saúde”, ressaltou. Abade salien- do prédio. “Estamos inaugurando uma das
comunidades. tou que a prefeitura e a Funasa são par- mais bonitas obras. Estamos aqui para de-
No fim de agosto, a Funasa inaugu- ceiras, e que o respeito pelos índios está fender o nosso povo. O presidente Danilo
rou mais um Polo-Base, desta vez em até mesmo no símbolo oficial da cidade, sempre deu apoio para o controle social”,
Porto Seguro, na Bahia, somando ago- que tem uma imagem indígena. disse. Anselmo aproveitou para ressaltar
ra 338 unidades em todo o País. O pre- Já o presidente da Funasa, Danilo For- que a Funasa deu grande contribuição
sidente da instituição, Danilo Forte, fez te, ressaltou que vem sendo construída, para a comunidade que vive no Raso da
questão de ir pessoalmente à cidade nos últimos dois anos, uma estrutura Catarina, sua região de origem, com a im-
inaugurar as instalações, onde foram ­melhor para atender às demandas dos plantação de abastecimento de água.
investidos R$ 625 mil. Na ocasião, ele povos indígenas. “Direcionamos sem- O coordenador regional da Funasa
destacou que 23 aldeias no estado baia- pre as nossas políticas de acordo com as na Bahia, Willian Dell’Oso, destacou, por
no serão diretamente beneficiadas com orientações dos Condisis (Conselhos Dis- sua vez, o empenho dos servidores da
os serviços oferecidos pelo novo Polo. “A tritais de Saúde Indígena). Temos duas Fundação para tornar o polo uma reali-
estrutura tem 1,7 mil metros quadrados, reuniões anuais com todos os represen- dade. “Agora poderemos atender com
com moderno projeto arquitetônico tantes para debater o que precisa ser mais qualidade, isso é muito bom para
para oferecer atendimento de qualidade feito e onde. O Sistema Único de Saúde todos”, frisou. 
aos indígenas”, assinalou.

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sa ú de ind í gena

Em Mato Grosso do Sul,


posto reformado recebe o
nome de Zelik Trajber

Foto » Core / Ascom / MS


exemplo da Coordenação Regional da Funasa na Bahia aldeias de Dourados
(Core/BA), que inaugurou o Polo-Base de Porto Seguro, desde 1999.
a Core do Mato Grosso do Sul (Core/MS) também in- Na solenidade,
veste na atenção à saúde dos índios. Em julho deste ano, a coor- estiveram presentes
denação concluiu a reforma e ampliação do Posto de Saúde Dr. lideranças indígenas
Zelik Trajber, na Aldeia Bororó, em Dourados, que vai beneficiar e diversas autorida-
mais de 5 mil indígenas das etnias Guarani/Kaiowá. des, como o diretor
Foram investidos mais de R$ 92 mil, favorecendo cerca de do Departamento
720 pacientes que são atendidos por mês pelas Equipes Multi- de Saúde Indígena
disciplinares de Saúde que atuam na unidade. As novas instala- (Desai) da Funasa,
ções do Posto de Saúde — agora com 164 metros quadrados, Wanderley Guenka,
o dobro do tamanho do antigo posto, inaugurado em 2006 — que destacou a im- Posto vai beneficiar mais de 5 mil indígenas
são constituídas de varanda para espera, sala de vacina, sala de portância que cada
esterilização, sala de expurgo, sala de atendimento individuali- pessoa tem na construção do Sistema de Saúde.
zado, depósito de materiais e sanitários. “Há dez anos, iniciamos esse trabalho em Mato Grosso do
A escolha do nome foi definida pelos Agentes Indígenas de Sul. Hoje são 71 postos de saúde e 33 Equipes Multidisciplina-
Saúde (AIS) e pelos habitantes da aldeia, como homenagem ao res trabalhando nas 74 aldeias. Ainda há muito a se fazer, mas
médico pediatra chefe das Equipes Multidisciplinares do Distri- a comunidade reconhece nosso empenho em trazer ações que
to Sanitário Especial Indígena (Dsei), Zelik Trajber, que atua nas melhorem as condições de saúde”, ressaltou Guenka.

Polo-Base de Porto Seguro, na Bahia


Foto » Edmar Chaperman/Funasa

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sa ú de ind í gena

Foto » Core / MS

Brinquedoteca ajuda na recuperação dos indiozinhos

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sa ú de ind í gena

Atenção integral
às crianças
Casai de Dourados comemora sucesso no atendimento aos pequenos indígenas

H
á mais de dois anos, Clau- fazem tratamento na Associação dos acompanhamento 19 crianças indígenas
dinho, Ismael e Tatiano Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) matriculadas na Apae”, explica o coorde-
­ganham o carinho e a aten- de Dourados. Mas, em breve, eles vão se nador regional da Funasa no Mato Grosso
ção dos profissionais de separar, pois Ismael aguarda a conclusão do Sul, Flávio Britto.
saúde indígena que trabalham na Casa do processo de adoção e logo ganhará
de Apoio à Saúde Indígena (Casai) do uma família definitiva. Ações resultam do contato com crianças
município de Dourados, no Mato Grosso Claudinho continuará na Casai até O presidente do Conselho Distrital
do Sul. A unidade da Funasa, que aten- encontrar um lar que o acolha com o Indígena (Condisi), Fernando Silva Sou-
de mais de 46 mil indígenas da região mesmo amor que recebe na instituição, za, que acompanha de perto as ações
sul do estado, desenvolveu durante o pois crianças como essas não são espe- da instituição, lembra que todas as ati-
ano de 2009 várias atividades voltadas ciais por suas limitações e sim por ven- vidades desenvolvidas na Casai são
às crianças indígenas que passam pela cerem seus próprios limites. resultado de pesquisa e experiências
instituição, sempre acompanhadas por Enquanto também não encontra adquiridas pelo contato direto com as
familiares. uma família, Claudinho desfruta da brin- crianças indígenas. “Nada é fácil, mas
Tatiano, de quatro anos, portador de quedoteca da Casai, montada no final com planejamento e participação en-
cardiopatia, chegou à Casai com um ano de 2007 por meio de parcerias e cam- volvendo os responsáveis, funcionários
de idade, antes mesmo de aprender a panhas de doação. Com isso, a Funasa e voluntários é possível realizar um tra-
andar. Lá, enquanto aguarda adoção, o pôde aumentar o acervo literário e de balho que educa e acompanha o de-
pequeno guarani recebe acompanha- materiais pedagógicos utilizados em ati- senvolvimento das crianças indígenas”,
mento médico diário, carinho e estímulo vidades lúdicas que estimulam o desen- afirma Fernando.
através das atividades psicomotoras que volvimento dos pequenos. Por meio da parceria com instituições
lhe renderam grandes progressos. “Uma das principais formas de ajudar privadas e com a própria comunidade, foi
O caso de Claudinho e Ismael, ambos pedagogicamente as crianças é a utiliza- possível também a realização de diversos
também com quatro anos, tem muita ção da brinquedoteca. E a participação eventos, tais como a celebração da Pás-
semelhança. Vieram de uma aldeia em das mães em trabalhos de pintura, cola- coa, Dia das Mães, Festa de Inverno, Dia
Paranhos, no extremo sul do estado há gem e montagem utilizando papéis re- dos Pais, Dia das Crianças e a I Oficina de
dois anos, quase na mesma época. Eles cicláveis e garrafas é fundamental, prin- Leitura com Brincadeiras, além da confra-
têm problemas neurológicos e já passa- cipalmente para aqueles que realizam ternização de Natal. Neste ano, a 2ª Edi-
ram por duas cirurgias de lábio leporino tratamento na Associação de Pais e Ami- ção da Oficina de Leitura contou com o
e fenda palatina. Em comum, além da gos dos Excepcionais. Atualmente, a Ca- apoio do Serviço Social da Indústria (Sesi)
idade, da etnia guarani e das cirurgias, sai/Dourados auxilia com transporte e e de outras instituições. 

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saneamento

ações de cooperação
ajudam municípios
Funasa já recebeu mais de 1,8 mil pleitos das prefeituras para apoiá-las
na elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico

A
participação do setor saúde mostra extremamente vantajosa em di- para a melhoria dos indicadores de ges-
em saneamento deve estar versos aspectos. tão, o aperfeiçoamento profissional dos
orientada para a universali- Esse programa, desenvolvido pelo técnicos e gestores, a melhoria da quali-
zação do atendimento, trans- Departamento de Engenharia de Saú- dade dos serviços prestados e do Índice
formando este benefício em instrumen- de Pública (Densp) da Funasa, tem como de Desenvolvimento Humano (IDH) do
to de promoção à saúde. A influência das objetivo geral propiciar aos estados, município. O programa possui 12 linhas
ações de saneamento ambiental na re- municípios e Distrito Federal um con- de ação, das quais destacam-se a elabo-
dução da incidência e da prevalência de junto de processos, ações, atividades e ração dos Planos Municipais de Sanea-
enfermidades é inquestionável. No Brasil, procedimentos para melhorar a gestão mento Básico (PMSB) e a criação de Con-
são reconhecidas as iniciativas de sanea- dos serviços de saneamento, buscando sórcios Públicos de Saneamento.
mento para controle de endemias e epi- a sustentabilidade dos serviços e a pro-
demias, a exemplo da malária, da esquis- moção da saúde humana. Assessoria técnica na elaboração do
tossomose, da doença de Chagas e, mais A Cooperação Técnica possibilita a PMSB
recentemente, da dengue e da cólera. cogestão e o envolvimento do poder Para auxiliar no processo de elabo-
A atuação do setor saúde em sanea- público local e da própria comunidade, ração dos PMSBs, a Fundação publicou
mento deve estar pautada pela disponi- tornando-se um instrumento de cidada- a Portaria nº 1.232, de 27 de outubro de
bilização de tecnologias capazes de as- nia. Este modelo estimula o fomento à 2009 que estabeleceu prazo, critérios e os
segurar a sustentabilidade dos sistemas execução de saneamento de forma inte- procedimentos referentes à aplicação de
locais de saneamento, especialmente grada nos serviços de abastecimento de recursos orçamentários para a elabora-
nos municípios menores e nas locali- água, esgotamento sanitário, limpeza ção e implantação dos PMSBs, conforme
dades rurais, vislumbrando meios que urbana, melhorias sanitárias domicilia- dispõe a Lei nº 11.445 (Lei de Saneamento
promovam a correta e regular gestão, res e na habitação e educação sanitária, Básico). Os recursos são os provenientes
operação e manutenção dos serviços entre outras, além de estender esses be- da Lei Orçamentária Anual (LOA), relativa
implantados. nefícios às áreas rurais. Também assegu- aos exercícios de 2009 e 2010.
Neste sentido, a Funasa reestruturou ra a sustentabilidade, o custeio da ope- A avaliação e seleção das propostas
o Programa de Cooperação Técnica em ração, a manutenção e a continuidade de projetos para a elaboração e implan-
Saneamento Ambiental, uma metodolo- da prestação dos benefícios. tação dos PMSBs a serem apoiados técni-
gia de trabalho compatível com a filoso- As ações de cooperação técnica já ca e financeiramente pelo Densp levarão
fia do Sistema Único de Saúde (SUS), que contemplaram um total de 969 muni- em conta os critérios de priorização esta-
norteia a saúde pública no País e que se cípios, contribuindo significativamente belecidos nesta portaria, bem como as

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saneamento

Foto » André Toscano - Ascom/ES


Funasa é homenageada pela parceria na construção da Unidade de Triagem e Compostagem de Lixo em Montanha/ ES

informações contidas nos Planos de Tra- peza urbana e drenagem de águas plu- to ambiental. Os consórcios públicos
balho apresentados pelos municípios. viais. “Isto porque, pelas novas regras, são entidades que reúnem diversos en-
Até o dia 11 de dezembro foram en- haverá um maior controle social sobre tes federados e possibilitam a parceria
caminhadas à Fundação mais de 1.800 os serviços, principalmente na formu- entre diversas prefeituras. Isso melhora
propostas para elaboração de PMSBs. Os lação dos Planos Municipais de Sanea- a capacidade do grupo para solucionar
planos contemplados representarão be- mento”, completa Danilo. problemas comuns sem lhes retirar a au-
nefícios diretos para a saúde de milhares tonomia política e administrativa. Por
de famílias. Os Consórcios Públicos Municipais meio dos consórcios, as prefeituras po-
O Presidente da Funasa, Danilo Forte, Além da assessoria na elaboração dos dem unir forças para a construção, por
destaca que a população deve, a partir Planos Municipais de Saneamento Bási- exemplo, de um aterro sanitário que ve-
de agora, acompanhar e participar do co, outro importante eixo de atuação nha a servir a todos os municípios con-
planejamento, da implementação e da da Funasa é o apoio técnico e financei- sorciados.
execução dos serviços de esgotamento ro para a implementação dos consór- A Lei dos Consórcios Públicos (nº
sanitário, abastecimento de água, lim- cios públicos para ações de saneamen- 11.107/2005), flexibilizou os arranjos para

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saneamento

Foto » Ascom / RJ
O apoio à gestão associada
Mais de 300 municípios já foram aten-
didos pelo Programa de Cooperação Téc-
nica, na linha de ação que trata da criação
de consórcios públicos. Até novembro
de 2009, 15 consórcios contaram com o
apoio da Funasa em seu processo de cria-
ção e estruturação. Este trabalho envolve
a divulgação do programa, a realização
de seminários abordando os aspectos
técnicos e jurídicos relacionados ao tema.
Além disso, a Funasa presta apoio na dis-
cussão dos objetivos dos consórcios, na
elaboração de documentos como Pro-
tocolo de Intenções e o Estatuto propria-
mente, dentre outras atividades essen-
ciais para a efetiva implantação destas
entidades.
Com relação à estruturação e implan-
tação dos consórcios, o apoio da Funa-
sa é prestado exclusivamente por meio
Por meio dos consórcios, prefeitos podem planejar obras em conjunto de cooperação técnica. O repasse finan-
ceiro só ocorre em alguns casos, quan-
a prestação dos serviços de saneamento da população, do uso dos serviços e do existe a necessidade de financiamen-
ambiental. A lei dispõe sobre as normas bens do consórcio ou por outro critério to dos Centros de Referências, unidades
gerais para a formação de consórcios en- julgado conveniente. que abrigam toda a estrutura adminis-
tre entes federados e, inclusive, para o de- trativa, espaço para capacitação e la-
senvolvimento de ações, possibilitando a
padronização de serviços, contratação de

Foto » André Toscano - Ascom/ES


pessoal e aquisição de equipamentos.
As ações conjuntas de um consórcio,
no caso de produzidas pelos municípios
individualmente, não alcançariam os
mesmos resultados e certamente exigi-
riam recursos mais vultosos.
Os consórcios públicos possuem per-
sonalidade jurídica própria (normalmen-
te assumem a figura de associação pú-
blica), estrutura de gestão autônoma
e orçamento próprio. Também podem
dispor de patrimônio próprio para a re-
alização de suas atividades.
Seus recursos podem ser de receitas
próprias que venham a ser obtidas com
suas atividades ou a partir das contribui-
ções dos municípios integrantes, confor-
me disposto nos estatutos do consórcio
e por aportes da União ou estados. To-
dos os municípios podem dar a mesma
contribuição financeira, ou esta pode
variar em função da receita municipal, Prefeituras também poderão atuar em parceria na destinação correta do lixo

4 0   FU N A SA   em R evista  | julho / de zembro de 20 0 9


saneamento

Lula: ‘Estamos fazendo no Brasil o maior


investimento em saneamento básico’

O
investimento em saneamento básico por parte do Minha Vida, no Centro de Convenções Pedro Neiva de Santa-
governo federal tem possibilitado a redução de do- na, em São Luís (MA). A informação foi divulgada pelo Blog
enças entre a população, especialmente, nas regiões do Planalto.
mais carentes do País. “Nós estamos investindo no Maranhão, entre 2009 e 2010,
Para o presidente Lula, destinar recursos para obras dessa em saneamento básico mais do que tudo que um governo in-
natureza representa cuidar da saúde do povo brasileiro. E é vestiu no Brasil inteiro”, disse o presidente ao fazer uma com-
por isso que o atual governo foi o que mais investiu, até ago- paração com a capital catarinense, Florianópolis, que, embora
ra, nessa área vital, considerada uma das prioridades da atual seja uma cidade com praias lindas e um visual exuberante, ti-
administração. nha carência na rede de esgotos.
A preocupação do governo com o saneamento básico foi
ressaltada pelo presidente Lula durante pronunciamento em A íntegra da matéria pode ser lida em:
10 de dezembro, que marcou a assinatura de contratos de http://blog.planalto.gov.br/estamos-fazendo-no-brasil-o-
construção de moradias no âmbito do programa Minha Casa maior-investimento-em-saneamento-basico/

boratório de controle da qualidade da riais Recicláveis, por exemplo. de saúde coletiva gerados pelos consór-
água, ou concomitantemente a outros De acordo com o diretor do Densp, cios são inúmeros. As ações consorcia-
programas da Fundação, como o pro- José Machado dos Santos, “o impacto das propiciam aos entes federados en-
grama de Apoio aos Catadores de Mate- ambiental e os benefícios em termos volvidos a possibilidade de contratação
de corpo técnico qualificado para tratar
Foto » André Toscano - Ascom/ES

de assuntos relacionados às ações de


sanea­mento.
Isto possibilita tratar em conjunto os
problemas relacionados ao controle da
qualidade da água para consumo hu-
mano, por exemplo, viabilizando a im-
plantação de laboratórios regionais com
estrutura suficiente para atender inte-
gralmente a Portaria n.º 518/04, do Mi-
nistério da Saúde”, destacou Machado.
Outro benefício imediato se reflete
nas ações de gestão integrada de resí-
duos sólidos. Quando esse trabalho se
faz em parceria, o manejo desses resídu-
os possibilita a implantação de aterros
sanitários de uso compartilhado, mini-
mizando os impactos no meio ambien-
te resultando em benefícios para todos,
acrescentou o engenheiro Cícero Olivei-
ra de Paula, da Coordenação-Geral, de
Cooperação Técnica em Saneamento
Cícero: “Parcerias possibilitam implantação de aterros de uso compartilhado (Cgcot) .  

FU N A SA   em R evista  |  julho / de z embro de 20 0 9    41


saneamento

Foto » Thiago Norões / Ascom CE


Ceará capacita
gestores municipais
Prefeitos e vereadores participam de oficinas de sensibilização

Danilo Forte frisou a importância do trabalho de sensibilização junto aos municípios, durante oficina realizada em Fortaleza

A
Coordenação Regional da Fu- e Associação dos Municípios e Prefeitos estaduais e municipais em relação aos
nasa no Ceará (Core/CE) ins- do Estado do Ceará (Aprece). Planos Municipais de Saneamento Bási-
tituiu em agosto deste ano, A CEGPSB, com o objetivo de sensibi- co (PMSB).
por meio da Portaria nº 864, a lizar os gestores municipais do Ceará so- Durante dois dias, prefeitos e secre-
Comissão Executiva Gestora de Planeja- bre a importância da Lei de Saneamento tários municipais foram instruídos sobre
mento em Saneamento Básico (CEGPSB). (Lei Federal nº 11.445/07), vem realizan- a legislação vigente e puderam conhe-
A comissão é composta por represen- do em vários municípios do estado as cer os exemplos de sucesso quanto ao
tantes da Core/CE, Secretaria das Cida- “Oficinas de Sensibilização e Capacita- desenvolvimento dos PMSBs no Ceará,
des do Governo do Ceará, Companhia ção dos Gestores Públicos Municipais”. com os casos de Morada Nova e Limo-
de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), A primeira, realizada em setembro em eiro do Norte. O presidente da Funasa,
Agência Reguladora dos Serviços Públi- Fortaleza, envolvendo cerca de 60 pre- Danilo Forte, que participou do evento,
cos Delegados do Ceará (Arce), Universi- feituras do Ceará, debateu, entre outros destacou a importância de um trabalho
dade do Parlamento Cearense (Unipace) assuntos, o papel dos governos federal, de sensibilização junto aos municípios

4 2   FU N A SA   em R evista  |  julho / de zembro de 20 0 9


saneamento

cearenses. “Devido à baixa cobertura sa- pela Fundação, por meio de convênios metas de forma organizada para o sane-
nitária no Ceará, é primordial que os mu- firmados com as prefeituras e do Termo amento, ele se torna vital para qualquer
nicípios elaborem projetos de qualidade de Referência da Funasa para elabora- município.
e, assim, possamos executar os recursos ção dos PMSBs. “Planejar o saneamento das habita-
de saneamento da Funasa”, disse. No Ceará, os municípios Morada ções tem uma importância vital, já que
“A Lei de Saneamento visa à univer- Nova e Limoeiro do Norte concluíram a as ações decorrentes desse plano têm
salização dos serviços de abastecimen- elaboração do PMSB. Já Cariús e Iguatu influência direta na qualidade do am-
to de água, da rede de esgoto, da dre- estão na fase de conclusão. Em fase de biente como um todo e, consequente-
nagem de águas pluviais e da coleta de contratação está a elaboração dos pla- mente, na qualidade de vida das pesso-
lixo, com o intuito de garantir a saúde da nos dos municípios de Altaneira, Barba- as. A adequação à Lei nº 11.445 (Lei do
população brasileira, e é para isso que lha, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Jardim, Saneamento), que regula o setor de sa-
temos que atentar, levar mais qualidade Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova neamento desde o início de 2007, hoje
de vida à sociedade através das ações de Olinda e Santana do Cariri. Todos esses se configura como um fator indispen-
saneamento”, completou Danilo. planos foram ou estão sendo elabora- sável para qualquer prefeito que preze
Durante esse primeiro seminário, a dos com recursos da Funasa. pela saúde pública de seus munícipes e
CEGPSB aproveitou para lançar o blog pela saúde ambiental de seu município
Planos de Saneamento, uma ferramen- Limoeiro do Norte sai na frente na e região”, afirma o prefeito.
ta interativa de perguntas e respostas elaboração do PMSB Dilmar cita também a importância
em que os técnicos e gestores muni- Limoeiro do Norte foi um dos pri- da participação popular durante a ela-
cipais têm a oportunidade de esclare- meiros municípios do País a elaborar, boração do PMSB. De acordo com a Lei
cer dúvidas sobre a Lei de Saneamen- em parceria com a Funasa, o seu Pla- do Saneamento, o controle social ga-
to, para elaboração dos PMSBs. O blog no Municipal de Saneamento Básico. rante à sociedade informações, repre-
disponibiliza links para os sites das ins- A conhecida “Princesa do Vale” situa- sentações técnicas e participações nos
tituições e para facilitar o acesso às pu- se entre dois grandes rios do Ceará processos de formulação de políticas,
blicações da Funasa, Cagece, Arce e (Jaguaribe e Banabuiú), na região do de planejamento e de avaliação relacio-
Unipace. O endereço do blog é www. Baixo Jaguaribe. Por estar na área de nados aos serviços públicos de sanea-
pmsb-ce.blogspot.com. influên­cia do Projeto de Integração do mento básico.
A segunda oficina, com caráter mais Rio São Francisco, Limoeiro do Nor- “A participação popular na elabo-
prático, foi realizada no município de te deu um passo à frente ao concluir ração de um plano dessa envergadu-
­Juazeiro do Norte, na região sul do esta- o PMSB, pois os municípios ribeirinhos ra não só é necessária, como indispen-
do, nos dias 5 e 6 de novembro. As ativi- precisam atender às condicionantes sável, pois garante o envolvimento da
dades envolveram os dez municípios — da Licença de Instalação, expedida comunidade na definição de políticas
Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Nova pelo Ibama para o Ministério da Inte- que, diretamente, lhe dizem respeito”,
Olinda, Missão Velha, Jardim, Santana do gração Nacional. disse.
Cariri, Altaneira, Caririaçu e Farias Brito Essas condicionantes estão relacio- Foi a partir de um convênio firmado
— que, por meio de um convênio firma- nadas à conclusão da implantação do com a Funasa que a prefeitura de Limo-
do entre a Funasa e o Governo do Esta- sistema de esgotamento sanitário e de eiro iniciou o planejamento para a área
do do Ceará (Secretaria das Cidades), ini- coleta, tratamento e disposição final do saneamento na cidade. Por meio do
ciarão a elaboração dos seus respectivos adequada dos resíduos sólidos e à apre- Programa de Cooperação Técnica da
Planos de Saneamento. sentação do levantamento de fontes Fundação, o município pôde avançar
O terceiro seminário, realizado nos poluentes, do diagnóstico e dos proje- rumo ao desenvolvimento. Para o pre-
dias 11 e 12 de novembro, no muni- tos básicos para os municípios localiza- feito, o apoio da instituição foi funda-
cípio de Crateús, contou com a parti- dos nas bacias do Rio Salgado e do Rio mental.
cipação de 20 municípios que ainda Jaguaribe. “Sem a parceria de cooperação téc-
não elaboraram os seus Planos e não Para o prefeito da cidade, João Dil- nica da Funasa nas ações de saneamen-
possuíam nenhum convênio formali- mar, na medida em que o PMSB formu- to, dificilmente seria possível a execu-
zado para esse fim. Por isso, o evento la as políticas públicas de saneamento, ção dessas ações, pois os municípios,
foi pautado na divulgação da Portaria definindo a gestão do saneamento em de um modo geral, principalmente os
da Funasa nº‑1.232/2009, prorrogada âmbito local, fornecendo as diretrizes e do interior, não dispõem de corpo téc-
até 11 de dezembro, que se aplica às estudos para a viabilização de recursos, nico capaz de, sem uma orientação de
ações de sanea­mento da área de coo- identificando os programas de investi- alto nível, executar obras de saneamen-
peração técnica a serem desenvolvidas mentos e estabelecendo cronogramas e to”, completou Dilmar. 

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saneamento

Água para a
pequena Assu
Obra acaba com agonia de comunidade do Rio Grande do Norte

H
á seis anos que os morado-

Foto » Core / Ascom / RN


res do Assentamento Baixa
dos Galegos, no município
de Assú, a 220 quilôme-
tros de Natal (RN), lutam para conseguir
água para a comunidade. Tal objetivo só
foi alcançado este ano, graças ao apoio
da Funasa na perfuração de um poço
que garantirá o benefício à comunidade.
Inicialmente, a obra do sistema de
abastecimento de água para os mora-
dores do assentamento seria executada
integralmente por meio do Programa de
Desenvolvimento Solidário, do Governo
do Estado do Rio Grande do Norte. No
entanto, como informou o presidente da
Associação dos Pequenos e Médios Pro-
dutores do Assentamento Baixa dos Ga-
legos, José Dantas dos Santos, o projeto
não contemplava a perfuração de poço
e na comunidade não existe fonte de
água; assim o projeto ficou inviabilizado. Perfuração de poço em comunidade rural no Rio Grande do Norte
A solução encontrada pela associação
foi solicitar à Funasa a sua participação sobrava nem para os animais”, diz. com o governo estadual para a instala-
no projeto, com a perfuração do poço. Segundo o presidente da Associação ção da tubulação, pois a única condição
Para atender ao pedido da entidade, o dos Pequenos e Médios Produtores do é que a comunidade tenha uma fonte de
Serviço de Engenharia de Saúde Pública Assentamento Baixa dos Galegos, o pro- água. E a Funasa nos deu essa condição”,
(Sensp) da Coordenação Regional da Fu- blema da falta de água na comunidade agradece Dedé.
nasa no Rio Grande do Norte (Core/RN) é tão grave que vários moradores aban- O geólogo da Funasa responsável
deslocou uma equipe composta por três donaram as suas casas e a única escola pela perfuração, Alberto Ricardo, infor-
servidores e diversos equipamentos, en- existente foi fechada. Agora, José Dan- ma que os trabalhos já foram concluí-
tre eles uma perfuratriz. tas dos Santos, ou Dedé, como é chama- dos, ficando o poço com 117 metros de
A chegada da água na comunidade do, espera que, com a chegada da água, profundidade, cabendo agora, ao go-
tem um valor social muito grande, como essas pessoas voltem para recomeçar verno do estado, por meio da Secretaria
constata José Leite, 75 anos. “A água vai nova vida. de Recursos Hídricos, levar os 15 mil me-
melhorar a vida de todos. Antes, além da “Se não fosse a ação da Funasa, não tros de tubulação até as residências do
qualidade duvidosa, ela era pouca e não teríamos condição de assinar o processo assentamento. 

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saneamento

Foto » Core / Ascom / RN

Poço perfurado pela Funasa tem 117 metros de profundidade

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saneamento

Controle
de excelência
Laboratório especializado na análise da qualidade de água
é destaque em Pernambuco

O
sman de Oliveira Lira é um tidade e qualidade, as pesquisas científi- canas e ainda capacita técnicos da Funa-
servidor público orgulho- cas e técnicas relacionadas ao seu cam- sa de todo o Brasil na contagem dessas
so de seu trabalho. Desde po de interesse, bem como estreitar o cianobactérias.
julho último, quando foi relacionamento com centros de ensino, “As fezes humanas, por serem ricas em
concluída a reforma da Unidade Regio- por meio, inclusive, da oferta de está- fósforo e nitrogênio, são uma das gran-
nal de Controle da Qualidade da Água gios a estudantes universitários. des responsáveis pela proliferação das al-
(URCQA) da Coordenação Regional da “Com a reforma, entre outros benefí- gas, daí a importância também das ações
Funasa em Pernambuco (Core/PE), este cios, nós trouxemos a universidade para de conscientização e de saneamento bá-
farmacêutico bioquímico só vê crescer o dentro do laboratório, com a capacita- sico promovidas pela Funasa nas comu-
prestígio do laboratório em que ­trabalha ção de estagiários. E isso é importante nidades”, lembra o chefe do laboratório.
ininterruptamente há 33 anos. porque, ao mesmo tempo em que pro- Osman destaca ainda que as parce-
Referência entre os municípios do porcionamos conhecimentos práticos rias com outras instituições pernambu-
estado em função da análise e contro- aos estudantes, reforçamos o papel que canas estão sendo de grande valia para
le da água que executa, a URCQA teve a Funasa exerce junto à comunidade”, o aperfeiçoamento técnico-científico da
a procura por seus serviços aumentada destaca Osman. Funasa e das próprias organizações par-
em 30% depois da melhoria do espaço A URCQA de Pernambuco está equi- ceiras. A Fundação, por exemplo, finan-
físico e da modernização de seus equi- pada para fazer diversos tipos de aná- ciou um projeto desenvolvido pela Fa-
pamentos. lises da água consumida pela popula- culdade de Engenharia da Universidade
O laboratório de Pernambuco é um ção, entre eles exames de características Federal de Pernambuco para a dessalini-
dos 13 que a Funasa administra no País, físico-químicas (materiais orgânicos, zação de águas subterrâneas no estado
sem contar as 12 Unidades de Monitora- inorgânicos e metais pesados), micro- e também em Alagoas.
mento e Controle da Qualidade da Água biológicos (coliformes totais e outras “Essa pesquisa serve como norte téc-
(UMCQA), os chamados laboratórios mó- bactérias) e de hidrobiologia (cianobac- nico para implantação de dessalinizado-
veis. Por meio dessas unidades, a Funda- térias ou algas). res em terras indígenas”, revela o chefe
ção presta uma grande ajuda aos muni- No caso dos exames de hidrobiolo- da URCQA, ressaltando outras parcerias,
cípios na área de saneamento ambiental gia, a Funasa mantém uma importante como a firmada com o Instituto Tecnoló-
ao apoiar, com suas atividades, o contro- parceria com o Laboratório Central de gico de Pernambuco, por meio da qual a
le da qualidade da água dos sistemas de Saúde Pública (Lacen) da Secretaria Es- Funasa financiou estudo sobre a utiliza-
abastecimento para consumo humano, tadual de Saúde de Pernambuco, para o ção do carvão ativado no combate às al-
incluindo o das comunidades indígenas. monitoramento das algas. Pouca gente gas.
A Fundação Nacional de Saúde inves- sabe, mas essas cianobactérias, comuns Outra ação que tem enchido de or-
tiu R$ 336 mil, dos quais R$ 155 mil na re- em lagos e açudes, quando morrem li- gulho a missão de Osman e de seu labo-
forma da infraestrutura e R$ 181 mil em beram toxinas que podem causar sérias ratório é o programa de fluoretação nas
equipamentos, na nova URCQA, o que doenças hepáticas e neurológicas e até Estações de Tratamento de Água (ETAs)
permitiu ampliar não só o número de mesmo o óbito. de seis municípios que administram seus
atendimentos como também o de parce- Ciente disso, a Core/PE doou ao La- sistemas de abastecimento, garantindo
rias com outras entidades que atuam no cen dois microscópios, um deles de alta água de qualidade para 270 mil pesso-
setor. complexidade, que estão sendo utiliza- as. Essa ação da Funasa faz parte de um
Além disso, as mudanças também dos na detecção da cianobactéria. Em dos subcomponentes do Programa Bra-
foram de suma importância para que a contrapartida, o Lacen monitora 41 ma- sil Sorridente, do governo federal.
Fundação pudesse aprimorar, em quan- nanciais em terras indígenas pernambu- “Todo esse trabalho que fazemos,

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saneamento

Foto » Paulo Dantas – Core / PE


principalmente em favor das popula- da Instituição, pela criação das unida- Os m an L i r a t r a balha h á 33
ções mais carentes, nos deixa muito gra- des móveis de controle da água, nem de an o s na U RCQ A : “ T r o u x e m o s a
tificados. É muito bom constatar que as longe pensa em se aposentar e deixar o un i v e r s i da d e pa r a d e n t r o d o
pessoas se sentem seguras com a prote- lugar que vem ocupando nesses últimos la b o r ató r i o ”
ção que damos a elas e ao meio ambien- 33 anos. Ele poderia muito bem se apo-
te”, explica Osman, que se diz realizado sentar e trabalhar em consultoria, como
também com o fato de a Core/PE ser já foi convidado, mas acha que ainda
sempre procurada para a realização de tem muito a contribuir com a Fundação
diagnósticos e capacitação de técnicos e Nacional de Saúde e com o seu estado.
servidores das mais diversas instituições “Aqui, tenho a oportunidade de ser
pernambucanas. multiplicador, de levar avanços impor-
Se preparando para a capacitação tantes para as comunidades. É um orgu-
dos farmacêuticos bioquímicos e quí- lho muito grande fazer o que faço e por
micos industriais recém-empossados na isso não passa pela minha cabeça me
Funasa, Osman Lira, responsável tam- aposentar”, afirma o chefe da URCQA da
bém, juntamente com uma ex-colega Core de Pernambuco. 

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saneamento

PAC/Funasa acelera
obras no MS
Quase R$ 118 milhões para 90% dos municípios, em três anos

A
Funasa investiu em Mato de R$ 900 mil para a construção de 230 gotamento Sanitário, além da implanta-
Grosso do Sul, de 2007 a kits de Melhorias Sanitárias Domiciliares, ção de MSDs, dos quais mais de 40% dos
2009, recursos da ordem de que vão favorecer aproximadamente 1,2 118 módulos distribuídos em todos os
R$ 117,9 milhões em obras mil pessoas de 18 bairros, com banhei- bairros do município já estão concluídos.
de saneamento ambiental em 90% dos ros, tanque para lavar roupas e depósi- “Para nós, esse recurso é fundamental,
municípios do estado. Os recursos estão tos de detritos adequados à saúde. pois o desenvolvimento está chegando
sendo empregados na ampliação ou im- Para ampliar o Sistema de Abasteci- na forma de ampliação da rede de distri-
plantação de Sistemas de Abastecimen- mento de Água de 65% para 90%, o PAC/ buição de água, do esgotamento sanitá-
to de Àgua (SAA), Sistemas de Esgota- Funasa está investindo R$ 1,6 milhão em rio e dos banheiros. Assim, conseguimos
mento Sanitário (SES) e construção de Bela Vista. O Sistema de Esgotamento Sa- alcançar índices melhores de saúde em
Melhorias Sanitárias Domiciliares (MSD), nitário da cidade também receberá um Ribas, graças às verbas da Funasa”, desta-
por meio de 140 Termos de Compromis- montante de R$ 4,2 milhões, ampliando cou Roberson Luiz Moureira, prefeito do
so firmados. de 20% para 80% a destinação adequada município.
Dessas ações, 121 são em parceria dos detritos e evitando a contaminação No dia 18 de novembro, o coordena-
com o governo do estado, sendo 107 do lençol freático da região. dor regional da Funasa no Mato Grosso
projetos de Sistema de Abastecimento “Já iniciamos a execução de várias do Sul, Flávio Britto, e o engenheiro Ar-
de Água, 13 de Sistema de Esgotamen- obras, entre elas a de canalização subter- thur Chinzarian, da Agência Estadual de
to Sanitário e um de Melhoria Sanitária rânea para resolver o problema de alaga- Gestão de Empreendimentos (Agesul),
Domiciliar (banheiro). Noventa por cen- mento com águas pluviais, que sempre responsável pela vistoria das obras do
to deles já foram licitados ou estão em atormentou a vida dos moradores, cau- PAC/Funasa no estado, inspecionaram
fase de licitação. sando perdas materiais e decretação de um reservatório de água, onde estão sen-
Em convênio com as prefeituras e estado de emergência. Com esses recur- do investidos R$ 833 mil. O depósito de
com recursos do Programa de Acelera- sos, Bela Vista terá menos problemas so- água terá capacidade para armazenar um
ção do Crescimento (PAC), a Funasa pos- ciais e doenças advindas da falta de sane- milhão de litros, favorecendo toda a po-
sui 19 obras — cinco SAAs e 14 MSDs. amento adequado”, ressaltou o prefeito pulação de Ribas do Rio Pardo.
Destas, 14 foram iniciadas em 2009 e da cidade, Francisco Emanoel Costa. “Todas essas ações da Funasa têm
cinco encontram-se em fase de licitação. Em Ribas do Rio Pardo, região leste de apenas um propósito: garantir qualidade
O município de Bela Vista recebeu R$ 6,8 Mato Grosso do Sul, a 95 quilômetros da de vida para a população”, ressaltou Flá-
milhões para executar obras nos setores capital, a Funasa está investindo aproxi- vio Britto.
de saneamento e atenção básica à saú- madamente R$ 4 milhões para melhorar
de nas áreas urbana e indígena. a qualidade de vida dos 20 mil habitantes Comunidades Quilombolas
Em maio de 2009, a cidade assinou da cidade. São obras estruturantes nos A comunidade Quilombola de Furnas
Termo de Compromisso do PAC no valor Sistemas de Abastecimento de Água e Es- dos Baianos, localizada no distrito de Pi-

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saneamento

Foto » Core / Ascom / MS


raputanga, município de Aquidauana, O prefeito Albertino Nunes Pereira R e s e r vató r i o d e ág ua n o M S
também foi contemplada com investi- lembra que Furnas do Dionísio surgiu co m 1 m i l m e t r o s c ú b i co s ,
mentos na ordem de R$ 504 mil. Os re- antes do município, como um povoado, o n d e e s tão s e n d o i n v e s t i d o s
cursos serão aplicados na construção do por volta de 1890 e é a mais populosa R $ 833 m i l r e a i s
Sistema de Abastecimento de Água e das comunidades quilombolas de Mato
Melhorias Sanitárias Domiciliares, bene- Grosso do Sul. “A Funasa e o governo es-
ficiando 25 famílias que moram no local. tadual, por meio do PAC, vão atender as
Os investimentos não param por aí. 57 famílias da comunidade com abaste-
No município de Jaraguari, região cen- cimento de água, complementando as
tro-norte do estado, estão sendo em- ações em MSDs e Sistema de Abasteci-
pregados R$ 370 mil para implantação mento de Água implantado anterior-
de rede de distribuição de água, liga- mente”, informa.
ções domiciliares, poços tubulares, além “A Funasa é uma parceira importan-
de dois reservatórios metálicos com ca- te e incondicional do estado na constru-
pacidade para 10 mil metros cúbicos de ção de uma nova realidade social, onde
água, o que beneficiará 26 famílias que as oportunidades vão sendo criadas por
moram na comunidade quilombola Fur- meio de obras e programas sociais”, des-
nas do Dionísio. tacou o governador André Puccinelli. 

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saneamento

mais saúde
perto do rio
Obras promovem melhorias em casas de cidades ribeirinhas do São Francisco

O
rio São Francisco é um im- tes temporários, mas mesmo assim é tes, está situado na bacia hidrográfica
portante patrimônio hí- perene, ou seja, não seca em nenhum do São Francisco. Para chegar até Barra,
drico que percorre 2.830 período do ano. utiliza-se a balsa, que remonta o início
quilômetros do território Para as pessoas que moram ao longo do século passado, quando os meios de
brasileiro. O “Velho Chico”, como é po- de suas margens, o São Francisco possui transportes utilizados na região eram a
pularmente chamado, nasce no Estado uma grande importância socioeconô- navegação e os cavalos.
de Minas Gerais, na Serra da Canastra, mica, pois é usado para navegação em Na zona rural de Barra, os ribeirinhos
e sua extensão corta o norte da Bahia, alguns trechos, irrigação de plantações, do povoado de Sambaíba, às margens
além dos estados de Pernambuco, Ser- pesca, turismo e lazer, entre outros. En- do São Francisco, já começaram a notar
gipe e Alagoas. tretanto, o rio também sofre com o as- as mudanças no visual das casas. A Fu-
Em seu percurso, é possível encon- soreamento provocado pela retirada da nasa está construindo novas residências
trar áreas influenciadas por diferentes vegetação nativa de suas margens, o para mais de 80 famílias que moram em
climas, vegetações e relevos, sendo uti- que impossibilita a navegação em mui- casebres de tapume e palha, propícias à
lizado como fonte hídrica para a gera- tos trechos. proliferação do barbeiro, transmissor da
ção de energia em cinco usinas hidrelé- Distante 650 quilômetros da capital doença de Chagas. Do montante total,
tricas. O Velho Chico passa por regiões baiana, Salvador, o município de Bar- 55 casas do projeto já foram concluídas.
semiáridas, com pouca chuva e afluen- ra, com pouco mais de 45 mil habitan- A dona de casa Joelma de Meira Ro-
drigues, 32 anos, lembra das
dificuldades que enfrentou e
Foto » André Toscano / Core ES

a convivência perigosa com o


barbeiro. “Antes da casa nova,
eu lavava louças no chão, pois
as paredes eram de taipa e não
tinha tanque nem água. Hoje
temos a pia, o tanque, o chu-
veiro e não tem mais o barbeiro
tirando o nosso sono”, lembra
Joelma.
A equipe da Funasa, em par-
ceria com a prefeitura, trabalha
também a conscientização dos
moradores, principalmente no
que se refere à necessidade da
derrubada das casas antigas.
“Nas visitas, observamos que
os moradores das comunida-
des beneficiadas com os módu-
los sanitários ou a reconstrução
das casas demonstram satisfa-
ção com as melhorias e já ma-
Joelma feliz por não conviver com o barbeiro nifestam mudança de hábitos”,

5 0   FU N A SA   em R evista  | julho / de zembro de 20 0 9


saneamento

Foto » André Toscano / Core ES


PAC/Funasa
na Bahia

C
om o objetivo de reduzir
os índices de doenças pro-
vocadas pela falta de sane-
amento básico e promover a inclu-
são social, a Funasa disponibilizou
mais de R$ 200 milhões para 250
municípios da Bahia. Os recursos
são provenientes do PAC/Funasa e
estão sendo aplicados em obras de
ampliação ou implantação de sis-
tema de abastecimento de água,
esgotamento sanitário, Melhorias
Sanitárias Domiciliares e melho-
ria habitacional para o controle da
Travessia do São Francisco (balsa) para chegar a Barra (BA) doen­ça de Chagas.
Do montante, serão destina-
dos R$ 22,3 milhões para obras de
relata o engenheiro da Funasa, José Nel- os indicadores de cobertura de sane-
abastecimento de água; R$ 72,5
son Almeida do Vale. amento básico, com a implantação de
milhões para obras de esgotamen-
“As casas velhas foram derrubadas MSDs em 16 localidades rurais. A Funasa
to sanitário; R$ 43,1 milhões para
para não ter mais o risco do barbeiro. investe R$ 550 mil na construção de 197
implantação de melhorias habita-
Melhorou muito a nossa vida”, ressal- banheiros em Macaúbas (BA), prevenin-
cionais para controle da doença
ta Edínia Maria Soares dos Santos, de do doenças de veiculação hídrica e pro-
de Chagas e R$ 30 milhões para
47 anos, mãe de três filhos. Além des- movendo saúde.
construção de banheiros. Comuni-
ta ação, o PAC/Funasa aplicará R$ 1,2 Para o coordenador regional da Fu-
dades quilombolas de 22 municí-
milhão em obras de abastecimento de nasa na Bahia, William Dell’Oso, “com os
pios também foram contempladas
água e banheiros em assentamentos investimentos do PAC/Funasa aplicados
com R$ 20 milhões.
rurais no município. nos municípios baianos estamos refor-
Para selecionar os municípios, a
çando ainda mais o nosso compromisso
Fundação levou em consideração
Mais municípios beneficiados social em levar saneamento para as po-
cidades que apresentam altos índi-
Outra cidade às margens do “Velho pulações que vivem em situações pre-
ces epidemiológicos, altas taxas de
Chico” beneficiada com recursos para sa- cárias, trazendo novas possibilidades de
mortalidade infantil e baixos índices
neamento básico é Ibotirama, também garantir a igualdade e a cidadania”.
de desenvolvimento humano (IDH).
na Bahia. Foram disponibilizados R$ 850 Em Muquém do São Francisco, o po-
A Funasa também irá levar água de
mil para ajudar na despoluição do rio, voado de Quebra Linha está localizado
boa qualidade e melhorias sanitá-
com a implantação de Melhorias Sani- nas margens do São Francisco. Os mo-
rias para 57 escolas municipais da
tárias Domiciliares (MSD, ou banheiros), radores desfrutam das belezas naturais
Bahia, disponi-
com fossa e sumidouro. Os moradores e têm a pesca como principal fonte de
bilizando mais
também irão receber melhorias habita- renda. Nesse distrito rural, 17 famílias re-
de R$ 7 milhões
cionais para controle da doença de Cha- ceberam banheiros em suas casas e, ago-
por meio do
gas, no valor de R$ 600 mil, numa ação ra, os dejetos têm destinação correta, não
Programa Água
preventiva que ajuda a melhorar a saúde poluindo mais o rio. A Fundação irá inves-
na Escola.
pública no município. tir, ainda, R$ 346 mil para levar água po-
A cidade baiana de Macaúbas está tável para comunidades quilombolas e
igualmente trabalhando para melhorar assentamentos rurais do município. 

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saneamento

Foto » André Toscano / Core ES


o fim da
esquistossomose
Construção de banheiros
reduz casos da doença no ES

O
J o s é Sa b i n o v i v i a s e m banh e i r o município de Afonso Cláu- truções ou ampliações de sistemas de
h á 3 0 an o s: “ N o ssa v i da dio, localizado no Espírito abastecimento de água, esgotamento
m e lh o r o u m u i to ” Santo, tem pouco mais de sanitário e melhorias sanitárias domici-
30 mil habitantes. A cidade liares. Para tratamento individual do es-
registra, na área rural, a maior prevalên- goto doméstico, são contabilizadas em
cia de esquistossomose no estado. Re- torno de 3 mil MSD já implantadas.
alidade combatida com empenho pela Para a agente de saúde Onilda Cor-
Funasa nos últimos 16 anos, com a im- reia Alves de Barcelos, responsável por
plantação de Melhorias Sanitárias Do- prestar assistência a 104 famílias em Alto
miciliares (MSD/banheiros), que somam Santa Joana, os avanços são notórios.
mais de R$ 800 mil em investimentos. “Deu para perceber a diminuição dos
A localidade rural de Serra Pelada, casos de amarelão (tipo de verminose),
com pouco mais de 4 mil habitantes, após a instalação de fossas e construção
é um dos exemplos de ação preventi- dos banheiros”, afirmou.
va promovida pela Fundação. Em dez As localidades de Francisco Correa,
anos, o índice da população infectada Alto Santa Joana e Alto Lagoa Primeiro,
por esquistossomose caiu de 90% para todas também em Afonso Cláudio, fo-
18%. A doença é transmitida por um ram contempladas, nos últimos 12 me-
parasita que se desenvolve em água ses, com a implantação de 105 banhei-
contaminada. ros, 256 fossas sépticas, 250 sumidouros
No município, chega a R$ 2 milhões e 105 tanques de lavar roupa. “Há mais
o valor aplicado em intervenções de sa- de 30 anos esse é o primeiro banheiro
neamento básico pela Funasa. São cons- daqui. Melhorou muito a nossa vida”,

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saneamento

Foto » André Toscano / Core ES


r­ elatou o agricultor José Sabino, da re- da Cruz, Carlos Eduardo Grault e pelo
gião de Alto Santa Joana. professor Frederico Simões Barbosa,
É possível constatar por pesquisas da Escola Nacional de Saúde Pública
realizadas pela Secretaria de Estado da (Ensp/Fiocruz).
Saúde do Espírito Santo que um dos fa- As dez primeiras localidades deli-
tores responsáveis pelo aumento de en- mitadas para a execução da pesquisa
demias é a falta de saneamento. O pro- foram: Córrego Santo Antonio, Ribei-
grama da Funasa prioriza a integração rão dos Pontões, Cabeceira do Bom
com os serviços locais de saúde e a par- Será, Córrego do Bom Será, Córrego
ticipação da comunidade. Controlar o Rancharia, Vargem Grande, Córrego
índice de casos de doenças endêmicas São Pedro, Córrego Kuster, Ribeirão
com medidas de prevenção e sustenta- da Costa e Vargedo.
bilidade dos serviços é o objetivo. Para o engenheiro da Funasa Ri-
cardo Ferraz, que acompanha as
Inquérito sanitário ações de saneamento básico em
A Vigilância Sanitária Ambiental tem Afonso Cláudio desde 1993, com a
realizado anualmente, nas localidades iniciativa e colaboração entre Funa-
rurais do município, um inquérito sani- sa, Ensp/Fiocruz, Secretaria Munici-
tário domiciliar com a finalidade de es- pal de Saúde e Secretaria Estadual de
tabelecer a destinação dos recursos pro- Saúde, foi possível a concretização Ailton Júnior destaca a importância das ações
venientes do governo federal. dos projetos de controle da esquis-
O trabalho teve como ponto de par- tossomose. “É necessário tratar e fa- cação em saúde para que a população
tida um modelo alternativo desenvolvi- zer as ações de saneamento. Além disso, local entenda o que está sendo feito”, re-
do pelos pesquisadores Oswaldo José é essencial manter os trabalhos de edu- forçou Ricardo.

Foto » Reprodução
Doença chega
com a água

A
esquistossomose é uma doença transmissível, para-
sitária, causada por vermes do gênero Schistossoma
mansoni. O parasita tem como hospedeiro definitivo o
homem, mas para completar o ciclo vital possui um hospedei-
ro intermediário, que são os caramujos de água doce, dispersos
principalmente em águas não tratadas. Na fase adulta, o para-
sita vive nos vasos sanguíneos do intestino e fígado do hospe-
deiro definitivo.
A infecção ocorre quando o parasita entra pela pele, duran-
te o contato do homem com a água contaminada, geralmente
durante atividades domésticas e cotidianas, como lavar roupas, Caramujo é o hospedeiro intermediário
louças e banhos em rios e lagoas. Acontece também por meio
dão e coceira. Os sintomas mais comuns da esquistossomose
do consumo de alimentos lavados com água contaminada.
são diarreia, febre, cólica, dor de cabeça, náusea, tontura, sono-
Quando o parasita começa a habitar o hospedeiro definitivo,
lência, emagrecimento, endurecimento e o aumento de volume
ele pode se fixar no fígado, na vesícula, no intestino ou bexiga
do fígado e hemorragias que causam vômitos. Se não tratada, a
do homem. Nas primeiras 24 horas de contágio surge vermelhi-
esquistossomose pode matar.

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saneamento

Foto » André Toscano / Core ES


Nas montanhas de Afonso Cláudio, Funasa investe em obras para deter a esquistossomose
Foto » André Toscano / Core ES

dades ainda encontradas e que devem ser tar os técnicos para a elaboração e exe-
superadas, “Trabalhamos com casos de cução das ações de educação em saúde
dengue e esquistossomose na região. No junto à população que será beneficiada
caso da esquistossomose, identificamos pelas obras. Assim como esclarecer as
como característica da população local o comunidades locais sobre a importância
mau hábito da automedicação. Tem que das benfeitorias, debatendo os projetos
haver empenho nas ações de educação por meio de atividades educativas, como
em saúde até resolver a situação”. oficinas, visitas domiciliares e reuniões
Apesar da identificação e tratamen- com a população para conscientizá-la
to dos portadores de esquistossomose, quanto aos benefícios proporcionados
para alcançar a erradicação da doença é pelas obras de saneamento básico.
necessário adotar medidas que interrom- As situações de carência no cotidia-
pam o ciclo evolutivo do parasita, como no dessas populações, para quem vive
a realização de obras de saneamento bá- nos centros urbanos, são dificilmente
sico e a mudança de hábito das pessoas compreendidas; mas a falta de acesso
MSDs ajudam a combater a doença no ES que vivem em áreas endêmicas. ao saneamento é uma realidade para as
comunidades das áreas rurais. “Antes, eu
Ailton Vieira Lima Júnior, coordenador Visitas domiciliares tinha que usar o banheiro da casa de mi-
de Vigilância Ambiental de Afonso Cláu- Além de alcançar as metas estabeleci- nha mãe”, disse Idaline Aparecida Perei-
dio, retrata a situação e destaca as dificul- das, também é missão da Funasa capaci- ra, moradora de Afonso Cláudio. 

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saneamento

Casa nova contra


a doença de Chagas
Programa beneficia dezenas de famílias em Sergipe

O
Programa de Melhorias Ha- duras e buracos que, nas antigas casas, radias com saneamento básico, banhei-
bitacionais para o Contro- serviam de abrigo para o barbeiro. “O ros adequados, água e, o mais importan-
le da Doença de Chagas é programa enfatiza, sobretudo, o aspec- te, dignidade.
uma das ações de maior im- to epidemiológico, buscando eliminar a É o que pensa Marinalva da Silva, mo-
pacto social desenvolvidas pela Funasa doença de Chagas ao inibir o ambiente radora do povoado Marias Pretas, muni-
no interior do País. Por meio dele, famí- natural do inseto transmissor”, explica cípio de Ribeirópolis, situado no agreste
lias que vivem em casas de pau a pique Robério Maia. sergipano. Para ela, a nova moradia ele-
ficam livres do barbeiro, mosquito trans- vou a autoestima e garan-
missor da doença, ao serem contempla- tiu segurança para ela e

Foto » Core / Ascom / SE


das com casas de alvenaria. Utilizando sua família. “Na outra casa,
recursos do Programa de Aceleração do quando chovia, a gente
Crescimento (PAC), a Fundação já con- tinha que sair às pressas
tratou com os municípios, de 2007 a com medo de que ela ca-
2009, R$ 250,8 milhões para execução ísse”, lembra a moradora,
(construção e melhoria) de quase 20 mil que divide o novo lar com
unidades habitacionais em 13 estados. o marido e três filhos.
Um dos exemplos do significado des- A poucos metros da
se alcance social pode ser constatado casa de Marinalva, reside
em Sergipe, onde a Coordenação Regio- o agricultor Jesinaldo San-
nal da Funasa (Core/SE) beneficiou 18 tos, que também se decla-
famílias carentes no município de Feira ra feliz com a nova mora-
Nova, e mais 28 em Ribeirópolis, garan- da. “Agora moro numa
tindo conforto, segurança e dignidade. casa limpa e organizada”,
Mais 35 casas estão em fase de acaba- Família do sertão sergipano fica livre dos barbeiros reconhece o beneficiado,
mento e serão entregues no inicio de ao lembrar que no antigo
2010. A exemplo das melhorias habitacio- casebre de taipa sofria com a poeira e os
No estado, o Programa de Melhorias nais para o controle da doença de Cha- insetos que viviam e se reproduziam na
Habitacionais para o Controle da Doen- gas, a Core/SE executa ações visando casa, inclusive o barbeiro.
ça de Chagas se estende aos municípios oferecer qualidade de vida à população. A perigosa convivência com esse in-
de Aquidabã, Carira, Itabaiana, Itabaia- Como ocorre nos outros estados, a Core/ seto também foi lembrada por Gildo da
ninha, Lagarto, Macambira, Muribeca SE implementa, além de Melhorias Sani- Paixão, morador do povoado Bandeira,
e Poço Redondo. Para tanto, já foram tárias Domiciliares (banheiros), progra- município de Feira Nova, sertão sergipa-
aprovados projetos que contemplam mas como Sistemas de Abastecimento no. O humilde lavrador tinha consciência
essas cidades com a construção de 120 de Água, Resíduos Sólidos e Esgotamen- do risco de contrair a doença de Chagas,
novas casas, a serem entregues à popu- tos Sanitários, que também estão sendo no antigo lar, e hoje se sente aliviado por
lação em 2010. empreendidos em todas as regiões de morar numa casa de tijolos. “No barraco
O engenheiro da Organização Pan- Sergipe. de taipa, sempre encontrava o barbeiro,
Americana de Saúde (Opas), Robério Assim, a instituição cumpre, com êxi- e agora, com a casa de alvenaria, estou li-
Ferreira Maia, lembra que as residên- to, a missão de contribuir para uma me- vre dele”, reconhece o morador, que, jun-
cias são construídas com ventilação e lhor qualidade de vida das populações tamente com a mulher e seis filhos, des-
iluminação adequadas e livres de racha- mais necessitadas, proporcionando mo- fruta do novo lar. 

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saneamento

Paraíso
preservado
Ilha de Mosqueiro, no Pará,
ganha sistema de abastecimento de água

A
ilha fluvial de Mosqueiro trabalho. A Funasa está de parabéns por
está localizada no Rio Pará, beneficiar nossa gente”, comemorou.
no braço sul do Amazonas e O sistema de abastecimento de água
tem, aproximadamente, 212 é composto de reservatório com capaci-
quilômetros quadrados. O nome “Mos- dade de 660 m3, estação elevada, aduto-
queiro” é originário da antiga prática ra de recalque, rede de distribuição com
do “moqueio” (conservação de alimen- 4.344 m, 500 ligações domiciliares, poço
tos) do peixe pelos indígenas tupinam- tubular profundo com 270 metros e va-
bás que habitavam o local. Cercada por zão de 108 m3/h.
17 praias de água doce, a ilha é conside- Para o agente distrital Ivan Santos, a
rada um dos pontos turísticos da capital Fundação teve um papel primordial, já
paraense, Belém. que ao investir em Mosqueiro a institui-
Mosqueiro acaba de ganhar um sis- ção está promovendo saúde com água
tema de abastecimento de água com li- tratada e de acordo com os parâmetros
gações domiciliares beneficiando resi- exigidos pela Agência Nacional de Vigi-
dências, escolas, hospitais, comércios e lância Sanitária. “Era uma necessidade
outros estabelecimentos do distrito. A tão grande que Mosqueiro já começava a
obra é fruto de um convênio firmado en- perder turistas, porque é importante que
tre a Funasa e a Prefeitura Municipal de nós tenhamos saneamento, sobretudo,
Belém, com um investimento de mais de água de qualidade. Essa era uma reivindi-
R$ 1,4 milhão. cação tanto de quem vive na ilha, quanto
A professora Lia de Fátima da Silva, 43 de quem a visita”, esclareceu.
anos, moradora do bairro do Maracajá, é
nativa da ilha e conta que a população Laboratório em Altamira
sofreu muito nos últimos anos com a falta Além de Mosqueiro, a Funasa tam-
de água, mas agora todos têm esperan- bém investe na qualidade de vida dos
ça de dias melhores. “Esse investimento indígenas paraenses. A população de
foi muito bom mesmo, porque Mosquei- cerca de 2,5 mil índios, de nove etnias,
ro precisa. Nós vivemos em um balneário distribuídos por oito aldeias atendidas
e para que a gente tenha visitantes por pelo Distrito Sanitário Especial Indíge-
aqui, é necessário que haja esse tipo de na (Dsei) Altamira, terá mais um reforço

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saneamento

Foto » Ascom / Core PA


nas ações de saúde preventiva. A Funasa equipamentos que serão utilizados para o b r a é f r u to d e co n v ê n i o
construiu no município um novo labora- fazer análises de cor, pH, turbidez, clo- f i r m a d o e n t r e a Funasa e a
tório de análise e controle da qualidade ro e microbiológico da água consumida P r e f e i t u r a Mun i c i pal d e B e l é m ,
de água com a finalidade de cumprir o nas aldeias. co m u m i n v e s t i m e n to d e m a i s
que preconiza a Portaria nº. 518/2004, Para realizar o trabalho, foi formada d e R $ 1, 4 m i lh ão
do Ministério da Saúde, que dispõe so- uma equipe interinstitucional com os su-
bre as responsabilidades, procedimen- pervisores de saneamento ambiental da
tos e monitoramento da qualidade da Funasa Pedro Brito e José Ciro Lima, e
água para consumo humano. o engenheiro químico da Secretaria de
Foi firmado um convênio de coope- Saúde de Altamira, Paulo Célio Neves. “O
ração técnica entre a Fundação e Vigi- apoio da Funasa é importante para o for-
lância Sanitária Municipal, pelo qual a talecimento das ações conjuntas visando
Funasa entrou com os equipamentos e à busca de melhor qualidade de vida da
insumos no valor de R$ 20 mil, e o espa- população local, mediante o consumo de
ço físico utilizado é da Vigilância. O labo- água dentro dos padrões de potabilida-
ratório foi estruturado com a compra de de”, salientou Paulo Neves. 

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parceria

Expedicionários
da Saúde
Mutirão de médicos voluntários beneficia mais de 1,1 mil indígenas no AM

A
Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em parceria Paraíso (2) e Rio Andirá (1). As outras quatro tiveram como alvo
com os médicos voluntários paulistas da Associa- populações de comunidades ribeirinhas.
ção Expedicionários da Saúde, participou, na pri- A ação de novembro foi realizada em 103 aldeias indígenas
meira semana de novembro, de um mutirão de ci- pertencentes às etnias Saterê-Mawé e Hixkaryana. Aproximada-
rurgias de catarata, hérnia e piterígio na Escola Indígena São mente 80 profissionais da Funasa, do Distrito Sanitário Especial
Pedro (Eisp), localizada às margens do Rio Andirá, no municí- Indígena de Parintins (Dsei/Parintins) deram suporte à operação.
pio de Parintins (AM). A estes se somaram 22 médicos, além de quatro enfermeiras es-
Foi a 15ª missão realizada em conjunto pelas duas institui- pecializadas em centro cirúrgico e dez voluntários de logística, to-
ções, 11 das quais apenas com povos indígenas da Amazônia dos da Associação Expedicionários da Saúde e de áreas diversas
— Iauretê (3), Pari Cachoeira (2), Tunuí (2), Vila Nova (1), Novo como oftalmologia, ortopedia, ginecologia e odontologia.

Foto » Helô Fernandes

Emoção no encontro de médicos e pacientes na Amazônia

5 8   FU N A SA   em R evista  | julho / de zembro de 20 0 9


parceria

Foto » Helô Fernandes


Expedicionários da Saúde fazem cirurgias no meio da selva

Ao todo, foram feitos 1.135 atendimentos, 136 cirurgias e Segundo Wanderley Guenka, diretor do Departamento de
110 procedimentos (coleta de papanicolau e 20 ultrassonogra- Saúde Indígena da Funasa (Desai), a parceria com os Expedicio-
fias). Na área de odontologia, foram mais 210 atendimentos, nários tem sido muito importante para levar saúde a esses brasi-
118 cirurgias e 334 procedimentos, entre extrações e restau- leiros que vivem em áreas isoladas. “Apesar de toda dificuldade
rações. Desde 2004, quando foi iniciada a parceria, o total de de deslocamento e logística para chegar a essas comunidades,
atendimentos chega a 7.971, com 1.515 cirurgias. o atendimento e as cirurgias são realizadas com total segurança
Para o médico Ricardo Affonso Ferreira, idealizador da As- e, o mais importante, sem retirar os indígenas do convívio de sua
sociação Expedicionários da Saúde, a missão foi, mais uma vez, comunidade”, explicou.
um sucesso. “Quando chegamos aqui, os indígenas ficaram O coordenador regional da Funasa no Amazonas, Worney
desconfiados; mas, à medida que eram atendidos e a notícia se Amoedo Cardoso, também destacou a importância da parceria.
espalhava, eles acabavam aparecendo”, contou. “Ela traz benefícios imensuráveis, em especial, à população indí-
A ação da Funasa, que além dos profissionais do Dsei/Parin- gena dessa região que, tendo em vista as suas dificuldades geo-
tins disponibilizou barcos e combustível para a locomoção da gráficas naturais, estão afastadas dos grandes centros. Os profis-
equipe de saúde e dos indígenas, contou ainda com o apoio lo- sionais de saúde da Funasa estão de parabéns por todo o apoio
gístico das prefeituras de Parintins, Maués e Nhamundá. necessário ao sucesso da operação”, acrescentou. 

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parceria

reconhecimento
internacional
Ex-presidente dos EUA convida Funasa para ajudar Haiti e República Dominicana

O
ex-presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter,

Foto » Edmar Chaperman / Funasa


convidou o presidente da Fundação Nacional de
Saúde, Danilo Forte, para firmar uma parceria in-
ternacional entre a Funasa e a Fundação Carter,
com o objetivo de ajudar os governos do Haiti e da República
Dominicana a combater doenças como a elefantíase e a ma-
lária.
Jimmy Carter, presidente da organização que leva o seu
nome, manifestou o desejo de aproveitar a experiência da
Funasa no controle das endemias, para a adoção de ações de
saúde nesses países da América Central.
O convite de Carter a Danilo foi feito no início de maio des-
te ano, no gabinete do ministro da Saúde, José Gomes Tempo-
rão, em Brasília. O ex-presidente norte-americano percorreu a
América do Sul para defender o acesso à informação pública
na região. Ele esteve no Equador, Peru e Bolívia. No Brasil, além
de discutir o tema de sua viagem com autoridades, procurou o
Ministério da Saúde para saber o que o País vem fazendo para
eliminar os casos de oncocercose entre os índios Yanomami.
A oncocercose é uma doença parasitária crônica, caracte-
rizada pelo aparecimento de nódulos subcutâneos fibrosos,
sobre superfícies ósseas, em várias regiões, como ombros, Jimmy Carter, o ministro José Gomes Temporão e Danilo Forte
membros inferiores, pelves e cabeça. Só afeta o ser humano.
Também conhecida como “cegueira dos rios” ou “mal do ga- que a Funasa conseguiu diminuir em 35% a infectação por ma-
rimpeiro”, raramente é fatal, mas é a segunda maior causa in- lária, reduzindo os casos de 17 mil para 12 mil, e destacou os
fecciosa de cegueira. É transmitida por mosquitos do gênero avanços em relação ao saneamento básico. Em Roraima, 23 al-
Simulium, conhecidos no Brasil por piúm na região norte ou deias yanomamis contam com sistema de abastecimento de
por borrachudo nas outras regiões. água.
Durante a reunião no gabinete do ministro da Saúde, o pre- Danilo apontou ainda a redução nos índices de mortalida-
sidente da Funasa entregou a Jimmy Carter um relatório sobre de infantil, neste caso relativos ao Distrito Sanitário Especial
as ações da Fundação em favor dos Yanomami, cujas aldeias (Dsei) Leste, onde vivem outras etnias do estado. Nessa região,
ficam na fronteira com a Venezuela, no estado de Roraima. o coeficiente de mortalidade infantil caiu de 70 óbitos por mil
De acordo com Danilo Forte, dos cerca de 11 mil índios da nascidos vivos, em 2007, para 40,6/1000 no ano passado.
região, 7.696 receberam tratamento no primeiro semetre de “Foram dados como esses que levaram o ex-presidente a
2008, resultando em uma cobertura de 89%, índice, inclusive, propor essa parceria internacional entre a Funasa e a Fundação
superior ao preconizado pelos organismos internacionais. A Carter. O ex-presidente tem um conhecimento muito grande
oncocercose é tratada com o ivermectina, medicamento mi- dos problemas de saúde dos povos do Terceiro Mundo e foi
nistrado via oral muito amável ao reconhecer o trabalho desenvolvido pela Fu-
Além desses números, Danilo Forte mostrou a Jimmy Car- nasa junto às populações indígenas. É gratificante e estimulan-
ter, também agraciado com o Prêmio Nobel da Paz de 1982, te receber este reconhecimento de um ex-presidente da nação
outros indicadores relativos ao povo Yanomami. Ele lembrou mais importante do mundo”, afirmou Danilo Forte. 

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parceria

I Fórum Amazonas
Indígena
Evento destaca êxito do intercâmbio com as comunidades indígenas

A
s ações desenvolvidas pela Fundação Nacional de Faustino lembrou que neste ano a instituição completa dez
Saúde na atenção e promoção da saúde dos mais anos desde que assumiu a saúde indígena, com a criação do
de 547 mil indígenas do País foram destaque no Subsistema de Saúde, do atendimento primário nas aldeias.
I Fórum Amazonas Indígena, em Manaus (AM). O Ele reforçou que os avanços só foram possíveis graças à parce-
evento teve início no dia 30 de novembro e contou com a par- ria com as comunidades indígenas, nas ações de saneamento

Foto » Flavio Guimarães - Ascom / AM


O diretor-executivo da Funasa, Faustino Lins, destacou os avanços alcançados pela instituição na área de saúde do índio
Foto » Flavio Guimarães - Ascom / AM

básico e assistência em saúde, ressaltando a redução da mor-


talidade infantil indígena.
O diretor-executivo também assinalou que os indicado-
res positivos só foram possíveis graças aos investimentos na
saúde indígena brasileira, em geral, em termos de estrutura e
pessoal. “Só no Amazonas, a Funasa já investiu R$ 45 milhões,
reforçando o compromisso com a promoção da atenção em
saúde. Isto influenciou muito obtermos indicadores tão favo-
ráveis. Mas ainda há muito a se fazer”, acrescentou.
O evento também contou com a presença do presidente da
Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, que elogiou
o modelo de atenção em saúde da Funasa às populações indí-
genas, especialmente os Distritos Sanitários Especiais Indíge-
Fórum contou com uma plateia atenta e participativa nas (Dseis) e as Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena
(Emsi). “Essas estruturas representam uma conquista para os
ticipação do diretor-executivo da Fundação, Faustino Lins, que povos indígenas e para o seu bem-estar”, destacou Meira, pa-
explanou sobre os avanços conquistados pela Funasa na área rabenizando a Funasa pelo trabalho. 
nos últimos dez anos.

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registro » funasa

Livro comemora 10 anos


de atenção à Saúde Indígena

H
á dez anos, a obstinação do médico sanitarista to já fizemos e ainda temos que lutar para alcançar nossos ob-
Sérgio Arouca na defesa de um tratamento dife- jetivos. E graças à garra e determinação de nossos servidores
renciado da saúde indígena no âmbito do Siste- e às parcerias, pudemos implementar um política de fiscaliza-
ma Único de Saúde (SUS) acabou sendo bem-su- ção e uma gestão séria, sob o comando do Guenka (Wander-
cedida. Naquele mesmo ano, em 1999, no dia 23 de setembro, ley Guenka, diretor do Departamento de Saúde Indígena–De-
foi criada a Lei nº 9.836/99, conhecida como Lei Arouca, esta- sai), para ajudar a mudar a vida de mais de 547 mil índios. E
belecendo as diretrizes para a política de atendimento da saú- com a ajuda do presidente Lula, que tem muita consciência
de indígena que, desde então, de inclusão social, poderemos
está sob o comando da Funda- construir um País melhor”, com-
ção Nacional de Saúde (Funasa). pletou o presidente.
Para comemorar a década Wanderley Guenka, por sua
de serviços prestados pela ins- vez, defendeu a política do
tituição em benefício dos indí- SUS e falou das dificuldades
genas, a Assessoria de Comu- de se fazer saúde pública no
nicação e Educação em Saúde Brasil. “O nosso SUS é o melhor
(Ascom) editou um livro que sistema de saúde pública do
retrata a luta mútua dos indíge- mundo e até o presidente dos
nas e da Fundação por uma saú- Estados Unidos, Barack Oba-
de ­melhor, e os avanços obtidos ma, quis conhecê-lo. E atuar
nos últimos dez anos. como tutor de saúde da comu­
O lançamento oficial do livro, nidade indígena com todas as
intitulado “Lei Arouca: 10 anos barreiras culturais e geográ-
de Saúde Indígena”, ocorreu no ficas é muito difícil. Fizemos
dia 15 de outubro e contou com muito nesses dez anos, mas
a presença de lideranças indí- ainda temos muito por fazer”,
genas, personagens fundamen- concluiu o diretor do Desai.
tais para a confecção do livro, O ex-presidente da Câmara
do presidente da Funasa, Danilo dos Deputados, deputado Aldo
Forte, dos diretores e também Rebelo, amigo e companheiro
dos deputados federais Colbert de lutas políticas de Danilo há
Martins (PMDB-BA), Darcísio Pe- 30 anos, enalteceu os valores
rondi (PMDB-RS) e Aldo Rebelo humanitários do presidente na
(PC do B-SP). defesa da democratização da
Em um discurso emociona- saúde para índios brasileiros.
do, o presidente da Funasa, Danilo Forte, agradeceu o apoio “Somos gratos pela herança cultural que nossos irmãos indí-
de todos os servidores e lideranças indígenas que contribuí- genas nos deixaram e pudemos acompanhar e vivenciar a luta
ram para que a Fundação tivesse tantos resultados exitosos, diária desse povo. Só a Funasa tem experiência e conhecimen-
como a redução nos índices de mortalidade infantil nas al- to de causa para desenvolver essa missão com competência e
deias. êxito. Enalteço o trabalho do Danilo à frente da Funasa, onde
“Estou muito feliz com o lançamento deste livro, que para tem cumprido com excelência a missão de atender às comuni-
mim é um marco na história da Funasa. Como podem ver, mui- dades indígenas”, disse o deputado. 

6 2   FU N A SA   em R evista  |  julho / de zembro de 20 0 9


registro » funasa

Funasa em tempo
de Twitter
A
companhando a tendência atual da web e visan- tituições públicas, sempre ligando o cidadão a uma página
do manter os funcionários a par de tudo o que onde possa encontrar mais informações. Além disso, o Twitter
acontece na instituição, a Fundação Nacional de tem se mostrado um ótimo instrumento para o fortalecimen-
Saúde (Funasa) já está pre- to da imagem no ambiente virtual,
sente, desde junho deste ano, no mais pois agrega valor e proporciona uma
recente e inovador meio de comunica- maior transparência e interatividade.
ção virtual, o Twitter. De fácil acesso, o Twitter pode ser
Lançado há pouco mais de dois anos, acompanhado de qualquer lugar. Isso
o microblog ganhou força entre os inter- faz com que a maioria dos aconteci-
nautas — conhecidos popularmente como “twitteiros”. Essa mentos seja anunciada primeiramente no microblog. O fato
nova rede social permite aos usuários que enviem e leiam atu- de usar mensagens curtas faz com que os assuntos sejam
alizações pessoais ou profissionais, valorizando a integração transmitidos e retransmitidos rapidamente.
entre os internautas. Para acessar a nova ferramenta basta digitar www.twitter.
O Twitter também tem sido constantemente utilizado por com/Funasa. Se você já possui cadastro no Twitter, basta seguir
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Reforço nas
ações de saúde 
P
ara auxiliar no combate à gri- pagamento de eventuais in-

Foto » Core / Ascom / RJ


pe Influenza A (H1N1) e à frações de trânsito e DPVAT.
dengue no Rio de Janeiro, a Para realizar a doação, a
Funasa e o Departamento de Funasa responsabilizou-se
Gestão Hospitalar do Ministério da Saú- por reformar os carros ava-
de doaram, em agosto, o primeiro lote riados e regularizar as even-
de 66 veículos para a prefeitura da ci- tuais infrações de trânsito e
dade. Os carros estão dando suporte às os DPVATs atrasados para,
ações de logística da Secretaria Munici- em seguida, efetivar a trans-
pal de Saúde. ferência de propriedade dos
Além do Rio de Janeiro, São Gonça- veículos. Funasa: 83 veículos reformados e regularizados para o Rio
lo e Queimados também receberam re- Em contrapartida ao inves-
forço na frota de veículos das Secretarias timento efetuado pela Funasa, as prefei- Estadual de Saúde e Defesa Civil recebe-
Municipais de Saúde, respectivamente, turas tiveram esses valores descontados rão novos carros reformados e regulari-
com 14 e três carros. No total, são 83 uni- no repasse de recursos federais oriun- zados para ações de saúde.
dades doadas. dos da Programação Pactuada Integra- Entre 2002 e 2004, a Funasa cedeu,
Anteriormente, esses carros estavam da de Saúde — verba repassada pela Se- em regime de comodato, 414 carros para
cedidos em regime de comodato para as cretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do o Governo do Estado do Rio de Janeiro,
prefeituras. Por esse sistema, os usuários Ministério da Saúde, para os municípios. para o combate a endemias. Na época, o
finais desses veículos tornam-se respon- No cronograma previsto pela Funa- governo estadual fluminense descentra-
sáveis pela conservação, manutenção, sa, outros oito municípios e a Secretaria lizou os veículos para 47 municípios. 

FU N A SA   em R evista  |  julho / de z embro de 20 0 9    6 3


registro » funasa

Vacinação é exemplo
para a Opas
Consultor considera política de imunização da Funasa modelo para outros países

A
s campanhas  de imuniza- explicou que, por essas razões, a Opas

Foto » Chico Dias - Acom / Funasa


ção que vêm sendo realiza- procura desenvolver uma parceria bem
das pela Funasa nas comu- próxima com o Departamento de Saúde
nidades indígenas poderão Indígena (Desai). “A intenção da Opas é
servir de modelo para outros países que levar o modelo desenvolvido pela Funa-
trabalham com atenção à saúde indí- sa para ser aplicado em outros países”,
gena. A opinião é do consultor interna- acrescentou.
cional da Unidade de Saúde Familiar e Ao fazer uma abordagem sobre as di-
Comunitária da Organização Pan-Ameri- ficuldades encontradas para manter a
cana de Saúde (Opas), Brendon Flannery, cobertura vacinal em terras indígenas,
que participou da  Reunião Nacional de o diretor do Desai, Wanderley Guenka,
Avaliação das Ações de Imunizações traçou um perfil dos problemas que a
2009 e Planejamento para 2010, reali- Funasa enfrenta para desenvolver suas
zada no início de dezembro em Brasília, campanhas de imunização, principal-
com a presença dos representantes dos mente na Amazônia, em função das
Distritos Sanitários Especiais Indígenas grandes distâncias e da carência de um Brendon: “Intenção da Opas é levar modelo
desenvolvido pela Funasa para outros países”
(Dseis). sistema regular de transporte. “A missão
O presidente da Funasa, Danilo Forte, de levar saúde às comunidades indíge-
em pronunciamento no mesmo evento, nas é muito árdua. E só participa quem
também destacou a presença da Fun- realmente está interessado no trabalho”, em 2010. No Brasil, as comunidades in-
dação no cenário mundial. “A política explicou. dígenas terão prioridade na imunização.
de atenção à saúde indígena que hoje é Com relação às ações futuras de imu- Estão trabalhando na produção des-
desenvolvida no Brasil por meio da Fu- nização, o representante da Opas infor- sas vacinas o Instituto Butantan, de São
nasa tem reconhecimento internacional. mou que estão sendo desenvolvidas Paulo; a Fundação Manguinhos, do Rio
Podemos afirmar que, no plano interna- vacinas contra o novo vírus H1N1 (In- de Janeiro; e a Fundação Ezequiel Dias,
cional, somente o Canadá, além do Bra- fluenza A), que serão disponibilizadas já de Belo Horizonte.. 
sil, tem uma política de atenção à saúde
indígena reconhecida por outros países.
O mundo inteiro sabe que temos uma
política específica para atender nossos
índios”, destacou Danilo.
Unicef destina US$ 8 milhões
Na avaliação do consultor da Opas, o para saúde indígena
Brasil é um dos poucos países que dis-
A Funasa recebeu US$ 8 milhões da Organização das Nações Unidas (ONU), por
põem de uma política de imunização
meio do Unicef–Fundo das Nações Unidas para a Infância -, para ações de saúde jun-
definida, com calendário especial e que
to às comunidades indígenas. O anúncio foi feito pelo presidente da Funasa, Danilo
tem consciência dos riscos de não fazer
Forte, no final de outubro.
prevenção contra certas doenças, pela
Os recursos resultam de uma parceria entre as duas instituições e devem beneficiar
vacinação.  “São exigências básicas para
diretamente os indígenas da etnia Xavante (em Mato Grosso), além de ajudar no com-
que as campanhas sejam bem-suce-
bate à hepatite na região do Vale do Javari (no Amazonas) e os Yanomami (em Roraima).
didas. E a Funasa atende a todos esses
requisitos”, afirmou. Brendon Flannery

6 4   FU N A SA   em R evista  |  julho / de zembro de 20 0 9


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de gestão, em consonância com o SUS e com

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