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CAPÍTULO 5
INFILTRAÇÃO
5.1 Introdução
tanto que sua intensidade se iguala à da precipitação. A partir deste momento, mantendo-se a
precipitação , a infiltração real se processa nas mesmas taxas da curva da capacidade de
infiltração, que passa a decrescer exponencialmente no tempo tendendo a um valor mínimo de
infiltração. A parcela não infiltrada da precipitação forma filetes que escoam
superficialmente para áreas mais baixas, podendo infiltrar novamente se houver condições.
Quando termina a precipitação e não há
mais aporte de água à superfície do solo,
a taxa de infiltração real anula-se
rapidamente e a capacidade de infiltração
volta a crescer, porque o solo continua a
perder umidade para as camadas mais
profundas (além das perdas por
evapotranspiração). A Figura 5.1 mostra
o desenvolvimento típico das curvas
representativas da evolução temporal da Fig. 5.1 – Curvas de capacidade e taxa de infiltração
infiltração real e da capacidade de
infiltração com a ocorrência de uma
precipitação.
A curva da capacidade de infiltração como mostrada na Figura 5.1 é de difícil determinação
experimental, exceto na fase em que a intensidade de precipitação a supera. A curva
exponencial desta função tem sido estudada isoladamente por muitos pesquisadores, mas o
comportamento da capacidade de infiltração fora deste período pode ser avaliado por
algoritmos específicos. Há também equações deduzidas para calcular o tempo de
encharcamento ou saturação superficial, contado a partir do início da precipitação.
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Tempo Volume Lido Variação do Altura da Lâmina Capacidade de Infiltração
(min) (cm3) Volume (mm) (mm/h)
(cm3)
Um solo seco tem maior capacidade de infiltração inicial devido ao fato de se somarem às
forças gravitacionais e às de capilaridade o fato do solo ter maior capacidade para absorver a
água..
A permeabilidade do solo, que pode ser afetada por outros fatores como cobertura vegetal,
compactação, infiltração dos materiais finos, etc., é fator preponderante no fenômeno da
infiltração da água, pois o seu fluxo para baixo depende primordialmente desse fator.
Não se deve confundir permeabilidade com capacidade de infiltração. Permeabilidade é a
velocidade de filtração para um gradiente unitário de carga hidráulica em fluxo saturado
através de um meio poroso. Não depende das condições de contorno, mas depende
primordialmente do tamanho e distribuição dos grãos do solo e da temperatura da água.
A capacidade de infiltração, por sua vez, é também um fenômeno de fluxo da água do solo,
sua medida depende direta e indiretamente da temperatura da água e da condição de contorno,
qualquer que seja a profundidade do solo.
Todas as equações usadas para cálculo da infiltração, foram desenvolvidas na forma que
despreza a carga de uma eventual lâmina de água sobre o solo. A seguir apresenta-se uma das
mais usadas equações já desenvolvidas para calculo da infiltração.
A partir de experimentos de campo, Horton (1939) estabeleceu para o caso de um solo submetido a
uma precipitação com intensidade sempre superior à capacidade de infiltração, uma relação empírica
para representar o decaimento da infiltração com o tempo (ramo B-C da Figura 5.1), que pode ser
apresentada da seguinte forma:
f = f c
+ (f 0
− f )e
c
− kt
(5.1)
K = ( fo − fc) / Fc (5.2)
Desta mesma forma são calculadas as áreas referentes aos outros intervalos de tempo
obtendo-se a seguinte tabela:
Tempo Capacidade de infiltração Fci
(horas) (cm/hora) (cm)
1 3,4
2 2,9 1,65
3 2,6 1,25
4 2,3 0,95
5 2,1 0,70
6 1,9 0,50
7 1,8 0,35
8 1,7 0,25
9 1,6 0,15
10 1,5 0,05
Fc 5,85
Tabela 5.2 – Cálculo de Fc
Suponhamos uma seção de curso d’água, a que corresponde determinada bacia hidrográfica.
Seja h, a altura total da precipitação. Nem toda a água precipitada na bacia influenciará o
escoamento, isto é, a vazão na seção em estudo.
Se designarmos por:
D- as perdas por evapotranspiração expressos em mm de altura de chuva
R- as águas que ficam retidas quer em lençóis subterrâneos, quer em geleiras e neves
expressas também em mm
R’- as águas restituídas por geleiras, neves e escoamentos subterrâneos, provenientes de
precipitações em períodos precedentes, também expressas em mm.
Teremos então que, relativamente a um mesmo período de tempo, por exemplo, em um ano:
h − D − R − R' = he (5.4)
Relações Funcionais
De acordo com o método apresentado pelo SCS (Soil Conservation service-1957) a relação entre
precipitação total e precipitação efetiva, durante uma cheia, aproximando-se da seguinte expressão:
d / S * = Pe / P
onde:
Pe=precipitação efetiva ou seja, P=a precipitação total
a precipitação que gera escoamento superficial d= P-Pe
S=capacidade de infiltração
Esta relação tem o seguinte significado:
volume. inf iltrado precipitação.efetiva
=
capacidade.máxima precipitação.total
=
(P −0,2S ) 2
P e
P + 0,8S
(5.7)
Esta equação é válida para P>0,2S quando P<0,2S, Pe=0. Para determinar a capacidade
máxima da camada superior do solo S, os autores relacionaram esse perímetro da bacia com
um fator CN pela seguinte expressão:
25400
S= − 254 (5.8)
CN
Esta expressão foi obtida em unidades métricas. A equação original em unidades inglesas,
estabelece o valor de CN numa escala de 1 a 100. Esta escala retrata as condições de
cobertura e solo, variando desde uma cobertura muito impermeável (limite inferior) até uma
cobertura completamente permeável ( limite superior ). Esse fator foi tabelado para diferentes
tipos de solo e cobertura (Tabelas 5.5 e 5.6).
Os tipos de solos intensificados nas referidas tabelas são os seguintes:
soloA: solos que produzem baixo escoamento superficial e alta infiltração. Solos arenosos
profundos com pouco silte e argila;
soloB: solos menos permeáveis do que o anterior, solos arenosos menos profundos do que o
tipo A e com permeabilidade superior à média;
soloC: solos que geram escoamento superficial acima da média e com capacidade de
infiltração abaixo da média, contendo percentagem considerável de argila. Pouco profundo;
soloD: solos contendo argila expansiva e pouco profundos, com muito baixa capacidade de
infiltração, gerando maior proporção de escoamento superficial.
Chácaras normais 56 75 86 91
estradas de más 72 82 87 89
terra de superfície dura 74 84 90 92
Zonas industriais 81 88 91 93
Zonas residenciais
Lotes de (m²) % média impermeável
<500 65 77 85 90 92
1000 38 61 75 83 87
1300 30 57 72 81 86
2000 25 54 70 80 85
4000 20 51 68 79 84
Os valores das constantes nas Tabelas 5.5 e 5.6 referem-se a condições médias de umidade
antecedente. Os autores apresentam correções aos valores tabelados para situações diferentes
da média. As condições consideradas são as seguintes: AMC I – situação em que os solos
estão secos. No estágio de crescimento, a precipitação acumulada dos cinco dias anteriores é
menor que 36mm e em outro período, menor que 13mm; AMC II – situação média em que os
solos correspondem a umidade da capacidade de campo; AMC III – situação em que ocorrem
precipitações consideráveis nos cinco dias anteriores e o solo encontra-se saturado. No
período de crescimento, as precipitações acumuladas nos cinco dias anteriores, são maiores
que 53mm e no outro maior que 28mm.
Na Tabela 5.7 é apresentada a correspondência entre a situação media das outras tabelas e as
condições de umidade que se diferenciam.
QUESTIONÁRIO