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CONDIÇÕES SÓCIO-AMBIENTAIS DO USO DO SOLO NO MUNICIPIO DE RAPOSA, REGIÃO

METROPOLITANA DA GRANDE SÃO LUÍS.

Orientada: Natália Moraes Silva


Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo - CCT/UEMA

Orientador: Carlos Frederico Lago Burnett


Prof. Dr. do Curso de Arquitetura e Urbanismo - CCT/UEMA

O município de Raposa, alvo do presente estudo, encontra-se situado na região norte do Estado, na
Microrregião da Aglomeração Urbana de São Luis, e na Mesorregião Norte Maranhense. Limitando-se com o
município de Paço do Lumiar (sul e oeste) e o oceano Atlântico (norte, leste e oeste), e tem como principal
via de acesso a Rodovia MA-203. O trabalho, desenvolvido durante a vigência da Bolsa de Iniciação
Científica BIC/FAPEMA, teve por objetivo o levantamento, sistematização e espacialização das condições de
uso do solo no município da Raposa, buscando caracterizar seus eixos de urbanização, principais tipologias
dos assentamentos humanos e qualidade de acesso à infra-estrutura e aos serviços.
Foram levantadas informações sobre o histórico da ocupação territorial, formação política, configuração
geográfica do município, com identificação de principais núcleos urbanos, vias de acesso e recursos naturais;
E sobre espacialização das condições de uso do solo quanto à produção, habitação, transportes, saneamento,
meio-ambiente; com a elaboração de cartografia temática geral do município com identificação dos
diferentes tipos de uso do solo, suas relações com atividades econômicas e a utilização do meio ambiente.
Primeiramente, fez-se necessário o desenvolvimento de estudos de conceitos tais como de Urbanização,
Metropolização, Espaço Rural e Urbano e Região Metropolitana. Seguindo o plano de trabalho realizou-se
pesquisa bibliográfica e iconográfica sobre o município de Raposa, realizada por meio de jornais, revistas,
monografias, entre outros. Com o objetivo de enriquecer o trabalho, foram realizadas visitas técnicas. De
forma que pudesse oferecer ainda que empiricamente, dados para configurar o município na sua forma atual,
no que diz respeito às características de urbanização, tipologias de habitações, comércio, serviços, bem como
a verificação das condições e do acesso à infra- estrutura.
As atividades internas da pesquisa foram realizadas no Laboratório de Análise Territorial e Estudos Sócio-
Econômicos – LATESE do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual do Maranhão –
UEMA. Onde eram programadas as visitas com auxilio das imagens aéreas do software Google Earth.
O inicio do povoamento da região, que inicialmente era considerado povoado do município de Paço do
Lumiar, remonta aos anos cinqüenta do século XX, quando pescadores cearenses fugindo da seca, se fixaram
no território de Raposa, posteriormente trouxeram consigo suas mulheres, as conhecidas rendeiras de bilro do
município. Até hoje, a pesca e o artesanato são as principais atividades econômicas do município. Devido seu
inicial isolamento, a referida comunidade foi considerada uma ilha lingüística cearense por pesquisadores ate
final da década de 1970.O marco inicial de intensificação do povoamento ocorreu durante o Governo de José
Sarney (1965-1970), quando houve a ligação da vila à capital, São Luís, por uma estrada de piçarras, o que
propiciou um significativo incremento tanto em termos de dinâmicas de ocupação humana, quanto de
crescimento das relações socioeconômicas. Criado pela Lei Estadual 6.132 de 10 de novembro de 1994, o
município de Raposa foi emancipado de Paço do Lumiar (MARANHÃO, 2008). A criação do município de
Raposa, para atender aos anseios de um novo modelo de divisão político-administrativa, fez surgir um novo
município sem nenhum planejamento urbano, social ou ambiental. O crescimento horizontal da então área
rural foi impulsionado. Houve uma extensiva conversão dos elementos ambientais em espaço humanizado
(KATER, 1986-1987). E ocorreu, então, a proliferação de assentamentos populacionais e ocupações
irregulares que, por falta de planejamento adequado, comprometem os ecossistemas locais, alem de causar
sérios problemas sócio-econômicos para o município. E hoje um dos danos ambientais mais significativos
são a degradação e o aterramento do manguezal - área onde a cidade está assentada, e pior, quanto mais à
cidade cresce, mais o ecossistema sofre e a população padece, com isso, algumas doenças de veiculação
ambiental tornaram-se endêmicas, dentre as mais importantes, verminoses, diarréia, calazar, dentre outras.
Em relação ao povoamento, ocupou-se primeiro o litoral, para depois avançar para o interior, configurando o
que hoje é a Avenida Principal de Raposa, de onde partem as ocupações e povoados de suas imediações, e
que corta desde o extremo do cais do porto (Praia da Raposa) até a saída da cidade. Assim os primeiros
bairros ocupados, são conhecidos como Inhaúma e Cacarape, estão localizados entre o porto da Raposa e a
Praça Chico Noca, na parte baixa, onde os problemas de urbanização são mais críticos. Numa região próxima
ao mar em área de vegetação de mangue; essa área foi aterrada, dando a possibilidade da fixação de
moradias. Mesmo com a pavimentação asfáltica da avenida principal e de algumas ruas, a maioria das casas
tem seus quintais alagadas pelo movimento das marés.
O primeiro censo demográfico encontrado na pesquisa, realizado pelo IBGE, data de1991 e registrou-se que
havia 13.089 habitantes, sendo 4.364 localizadas na sede da então Vila, então classificadas como população
urbana e 8.725 residentes nas imediações desta, e classificados como população rural, pelo IBGE.
No período 1991-2000, a população de Raposa teve uma taxa média de crescimento anual de 3,12%,
passando de 13.089 em 1991 para 17.088 em 2000. A taxa de urbanização cresceu 99,57% passando de
33,34% em 1991 para 66,54% em 2000. No período de 2000-2010 crescimento anual da população foi de
4,40 %, aumentando de 17.088 habitantes, para 26.327 em 2010.
No que se refere à educação, renda e habitação, em 2003, o município possuía 81,5% de jovens entre 15 a 17
anos e 66,9% entre 18 a 24 anos, todos esses jovens com menos de oito anos de estudo. Os dados do IBGE
apontam também que o município possui na sua população adulta 29,2% de analfabetos, 82,4% com menos
de oito anos de estudo e 52,7% com menos de quatro anos de estudo, apresentando uma média ínfima de 3,8
anos de estudo. Os dados de 1991 são quando o município ainda era um povoado de Paço do Lumiar. Então
no período 1991-2000, a taxa de mortalidade infantil do município diminuiu 41,16%, passando de 79,68 (por
mil nascidos vivos) em 1991 para 46,88 (por mil nascidos vivos) em 2000, e a esperança de vida ao nascer
cresceu 5,54 anos, passando de 58,17 anos em 1991 para 63,71 anos em 2000.
Em relação aos aspectos econômicos o município de Raposa possui uma das maiores colônias de pescadores
do Estado do Maranhão, consolidando-se a pesca, como a principal atividade econômica do município,
atingindo uma renda anual de 7,1 milhões de reais e correspondendo a quase 10% do faturamento total do
Estado nesse ramo da economia (FEITOSA E TROVÃO, 2006, p.139). Na época de safra, período de abril a
junho, a economia local dinamiza-se devido ao aumento de produção e conseqüentemente ao aumento de da
circulação de dinheiro, principalmente em função do comércio, que se expande. Entretanto, de janeiro a
março, período considerado de entressafra, a produção diminui e essa dinâmica econômica desaparece.
(SILVA, 2004). O artesanato também é importante fonte de renda para a comunidade do centro da cidade,
pois o trabalho das rendeiras na Raposa é tão importante quanto a atividade pesqueira, principalmente para o
mercado turístico local. Quanto ao PIB (Produto Interno Bruto) em 2008 chegou aos R$ 98 818 (noventa e
oito milhões, oitocentos e dezoito mil reais) e o FPM (Fundo de Participação do Município) de 2006 foi da
ordem de R$ 5.870.437,40 (cinco milhões, oitocentos e setenta mil, quatrocentos e trinta e sete reais e
quarenta centavos) (IBGE, 2008).
No que diz respeito ao transporte, foi durante a gestão do prefeito Tadeu Palácio( 2005-2008) que foram
implantadas as linhas semi-urbanas do município de Raposa, integradas ao Sistema Integrado de Transporte
de São Luís. A medida foi fruto de um convênio entre a Prefeitura de São Luís e o Governo do Estado,
oficializada realizada em abril de 2007. A empresa que faz a rota entre os municípios de São Luís e Raposa, é
a Viação Litoral, com as linhas T970 – A965 – T984 – A995 e etc., algumas dessas linhas são alimentadoras
(esse tipo de linha só vai até o Terminal e volta), mas na realidade os números com início 9, significa que são
Terminais Intermunicipais, ou seja, circulam no município da Raposa, assim como em São José de Ribamar,
Paço do Lumiar. Vem até os Terminais da Praia Grande ou Cohab/Cohatrac, mas nenhuma dessas linhas
entra nos Terminais da Cohama/ Vinhais, São Cristovão e Distrito Industrial.
A partir de exposto, percebe-se que o município de raposa, assim como os outros da Ilha reflete todas as
transformações pelas quais São Luis passou e/ou esta passando. Por exemplo, a urbanização de São Luis foi
acelerada na década de 1990 e, sem planejamento adequado, acarretou sérios problemas urbanos com
reflexos econômicos, demográficos e sociais nos outros municípios da Ilha. Dentre estes intensificou a
expansão desordenada em áreas rurais e urbanas, ambientalmente frágeis que necessitam de cuidados por
parte do poder público. A principal conseqüência desse crescimento da capital no município de Raposa foi a
ocupação de área irregular do território, prejudicando o ecossistema local. Raposa emancipou-se de Paço do
Lumiar há aproximadamente 17 anos. E seguindo a tendência dos outros municípios da Ilha, esta em pleno
crescimento. No entanto, o município de Raposa, desde a sua criação, cresce sem qualquer tipo de
planejamento. O processo de urbanização do município está acelerado, muitas áreas que há 5 ou 6 anos era
apenas área verde, hoje estão ocupadas, e na maioria das vezes ocupações irregulares, sem qualquer tipo de
infraestrutura urbana.

Palavras-chave: Raposa, Região Metropolitana da Grande São Luís, Uso do Solo


REFERÊNCIAS

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso


em: agosto de 2011
SILVIA, Carlos Alberto Claudino. O município de raposa e as relações oligárquicas no maranhão. São
Luis, 2004.
MARANHÃO. Lei estadual nº 6.132 de 10 de novembro de 1994. Dispõe sobre a criação do município de
Raposa a partir do desmembramento do município de Paço do Lumiar – Maranhão.
FEITOSA, Antonio Cordeiro; TROVÃO, José Ribamar. Atlas escolar do Maranhão: espaço geo-histórico e
cultural. João Pessoa: Editora Grafset, 2006.
KATER, Maria das Graças Lins. Síntese do relatório preliminar da pesquisa sobre a colônia de
pescadores da Praia da Raposa. Encontro de geógrafos da América Latina, 01, 1986. Rio Claro. Boletim de
Geografia Teorética;

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