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ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E AMBIENTAIS

CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS


CONTROLE DE QUALIDADE DA INDÚSSTRIA
ACADÊMICA: ANA CAROLINA VIVAN, SUZANA REMPEL E VINICIUS ALEIXO
ANGONESE PIAIA

APLICAÇÃO PRÁTICA DAS SETE FERRAMENTAS DA QUALIDADE

De acordo com a NBR ISO 9000, o Sistema de Gestão da Qualidade objetiva a direção e o
controle empresarial no que diz respeito à qualidade. Ao longo da sua existência, tem se tornando
cada vez mais evoluída e necessária à melhoria continua dos processos.

O princípio básico dessa metodologia consiste em utilizar técnicas básicas, para investigar,
analisar, corrigir e melhorar, continuamente um produto, processo e serviço tendo por foco a
satisfação do cliente e redução de perdas na produção. Essas técnicas são compostas pelas seguintes
ferramentas: Fluxograma, folha de verificação (coleta de dados), histograma, diagrama de pareto e
carta de controle, diagrama de dispersão e diagrama de Ishikawa.

Dentro das sete ferramentas de controle da qualidade, avaliou-se uma indústria produtora de
farinha de milho, e como a qualidade do milho pode interferir na qualidade final do produto, tendo
como foco principal a umidade da matéria prima. Vale salientar a importância dos valores de
referência para a umidade do milho na chegada da empresa, que deve variar entre 14% e 15% para
ser enquadrado como ótimo para a produção.

1. FLUXOGRAMA

O fluxograma de processos é uma representação gráfica que descreve os passos e etapas


sequenciais de um processo. Muitos estudiosos emplacam o fluxograma na lista das ferramentas da
qualidade. O fluxograma a seguir representa ilustrativamente o caminho que o milho percorre dentro
da indústria até se transformar no produto final (fubá).
Figura 1. Fluxograma do processo industrial, desde a chegada do milho até o armazenamento do produto final.
2. FOLHA DE VERIFICAÇÃO

A folha de verificação ou coleta de dados reúne informações importantes para o setor de


estudo. Problemas no processo podem ser identificados a partir da folha de verificação e os
respectivos dados coletados. Neste caso, a tabela contém informações a respeito da umidade que o
milho entra na empresa, levando em conta a quinzena de descarga da matéria prima.

Formulário de coleta de dados quinzenal da umidade do milho descarregado na indústria.


Número da Produtividade Umidade
Quinzena
amostra (Kg) Bruto Mínimo Máximo Média
1 1 800 0,14 0,14 0,15 0,145
2 2 750 0,13 0,14 0,15 0,145
3 3 755 0,13 0,14 0,15 0,145
4 4 700 0,12 0,14 0,15 0,145
5 5 720 0,125 0,14 0,15 0,145
6 6 740 0,128 0,14 0,15 0,145
7 7 760 0,145 0,14 0,15 0,145
8 8 758 0,138 0,14 0,15 0,145
9 9 810 0,15 0,14 0,15 0,145
10 9 795 0,155 0,14 0,15 0,145
11 10 698 0,16 0,14 0,15 0,145
12 10 699 0,162 0,14 0,15 0,145
13 11 650 0,167 0,14 0,15 0,145
14 11 590 0,17 0,14 0,15 0,145
15 12 550 0,178 0,14 0,15 0,145
16 12 555 0,175 0,14 0,15 0,145
17 13 655 0,168 0,14 0,15 0,145
18 13 590 0,17 0,14 0,15 0,145
19 14 700 0,165 0,14 0,15 0,145
20 14 698 0,161 0,14 0,15 0,145
21 15 788 0,158 0,14 0,15 0,145
22 16 795 0,155 0,14 0,15 0,145
23 17 720 0,148 0,14 0,15 0,145
24 18 810 0,15 0,14 0,15 0,145
25 19 780 0,143 0,14 0,15 0,145
26 20 758 0,137 0,14 0,15 0,145
27 21 740 0,128 0,14 0,15 0,145
28 22 810 0,15 0,14 0,15 0,145
29 23 740 0,127 0,14 0,15 0,145
30 24 800 0,14 0,14 0,15 0,145
Observação: Dados coletados pelos colaboradores, durante o período de um ano.
Tabela 1. Limites de controle pela qualidade final do produto e problemas no processo.
3. HISTOGRAMA
O histograma demonstra um índice considerável de variação dentro dos limites de controle
e possui valores fora desses limites, o que demanda interferência no processo para regulá-lo e
colocá-lo dentro dos parâmetros estabelecidos.
Ao definir limites de controles do fubá, levou-se em consideração a alteração da qualidade
do produto final em função da variação da umidade da matéria prima, e, também as perdas ao longo
do processo.
A tabela abaixo faz referência aos dados coletados, representando um total de coleta de trinta
dados amostrais, num período quinzenal, contendo os limites da umidade e frequência de ocorrência.

Limite Frequência
0,120 ˫ 0,130 7
0,131 ˫ 0,140 4
0,141 ˫ 0,150 4
0,151 ˫ 0,160 4
0,161 ˫ 0,170 7
0,171 ˫ 0,180 4
Tabela 2. Limites de umidade e frequência quinzenal.

No cenário indicado pela figura 2, tanto o consumidor quanto o fabricante, em alguns


momentos, são prejudicados pela falta ou pelo excesso de umidade no milho. O gráfico a seguir faz
uma representação visual das perdas, visando a melhoria no processo avaliando os estágios de
decadência.

LIMITE X FREQUÊNCIA

7
6
LIC 0,140 LMC 0,145 LSC 0,150
5
Frequência

4
3
2
1
0
0,120 ˫ 0,130 0,131 ˫ 0,140 0,141 ˫ 0,150 0,151 ˫ 0,160 0,161 ˫ 0,170 0,171 ˫ 0,180

Percentual de Umidade

Figura 2. Histograma contendo os dados da umidade da matéria prima.


4. DIAGRAMA DE PARETO

Como já se sabe, a implantação das sete ferramentas da qualidade ocorre no setor da chegada
do milho a indústria produtora de farinha de milho. Para investigar essa área, é plausível que se
visite o setor de garantia da qualidade para averiguar quais são as não conformidades registradas e
se alguma delas está relacionada ao excesso ou falta de umidade no milho. Nessa investigação
apurou-se as informações, descritas na tabela 3.

TIPO DE PROBLEMA PERDAS (kg) PERCENTUAL


Perda de produto por excesso de umidade no milho. 19800 50%
Perda de produto por excesso de dureza no milho. 9350 74%
Perdas pelo excesso de impurezas no milho. 7500 93%
Parada na produção. 2500 99%
Retorno de produtos com defeito. 250 100%
Total 39400
Observação: O percentual é calculado de maneira cumulativa.
Tabela 3. Relatório de não conformidades em função da massa de produto perdido.

A investigação vem comprovando o que se observou na “Folha de Verificação” ou seja, a


umidade do milho na grande maioria das vezes não atende o limite especificado que garanta a
qualidade do produto final, indicando problemas na matéria prima.

DIAGRAMA DE PARETO 100%


20000 100%
18000 99% 90%
16000 93% 80%
74%
14000 70%
Perdas (Kg)

12000 60%
50%
10000 50%
8000 40%
6000 30%
4000 20%
2000 10%
0 0%
Perda de Perda de Perdas pelo Parada na Retorno de
produto por produto por excesso de produção. produtos com
excesso de excesso de impurezas no defeito.
umidade no dureza no milho.
milho. milho.

Figura 3. Diagrama de Pareto das falhas no processo Constatadas no Moinho “X”.


5. CARTA DE CONTROLE

As variações apontadas no gráfico Carta de Controle indicam que há uma grande


instabilidade no processo de fabricação da farinha de milho em virtude do problema gerado pela
umidade do milho. Em outras palavras, identifica-se um comportamento alternante com muitos
pontos fora do controle. É recomendável a intervenção para corrigir o processo.

0,18
0,178
0,175
0,17 0,17 0,17
0,167
0,168 0,165
0,162
0,16 0,161
0,16 0,158
0,155 0,155 0,15
Umidade

0,15 0,15
0,15
0,145 0,148
0,14 0,143
0,14
0,138 0,137
0,13
0,13 0,14
0,13 0,128 0,128
0,125 Pontos Mínimo Máximo Média 0,127
0,12
0,12
1 2 3 4 5 6 7 8 9 9 10 10 11 11 12 12 13 13 14 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Quinzena

Figura 4. Gráfico Carta de Controle da Amostragem da umidade do milho que chega na indústria.

6. DIAGRAMA DE DISPERSÃO

Observa-se que no levantamento de dados da área do recebimento do milho há muitas


variáveis que podem interferir no volume de farinha de milho produzida pelo moinho. Na “Folha
de Verificação” (Tabela 1) duas variáveis chamam a atenção: a umidade do milho, e a massa final
de fubá produzidos quinzenalmente pela indústria. Percebe-se que quando o milho possui umidade
superior ou inferior ao intervalo de 14% a 15% a produção reduz consideravelmente.

A partir dessa suspeita elaborou-se o “Diagrama de Dispersão”, conforme demonstrado na


figura 5, e constatou-se que essas duas variáveis se correlacionam positivamente, ou seja, quando
uma variável aumenta, a outra também se eleva. Além disso, evidencia-se que o peso de produto
quinzenalmente se estabiliza dentro dos limites de controle quando o milho chega na indústria com
um valor ótimo de produção, a correlação entre variáveis, pode revelar também dados que nem
sempre ficam, claramente, visíveis ao analista.

DIAGRAMA DE DISPERSÃO
850
800
Peso/Quinzena

750
700
650 y = -219232x2 + 62560x - 3672,4
600 R² = 0,8728

550
500
0,115 0,125 0,135 0,145 0,155 0,165 0,175
Umidade (%)

Figura 5. Diagrama de Dispersão da umidade do milho com relação ao peso de produto.

7. DIAGRAMA DE ISHIKAWA

Concluída a investigação na área do recebimento do milho pode-se iniciar a busca pela causa
raiz do problema revelado pela investigação: a qualidade e quantidade de fubá produzidos são
reduzidos devido a variação da umidade do milho.
Nesta etapa, uma equipe multidisciplinar (colaboradores de setores diferentes) deve ser
formada para avaliar os dados obtidos na verificação do setor em pauta e sugerir, consensualmente,
a possível raiz do problema em questão para ser tratada e eficazmente corrigida.

Nesse estudo de caso hipotético, a equipe multidisciplinar concluiu que o problema é


principalmente causado pela variação climática, e que de alguma maneira poderia ser resolvido
dentro da indústria com a inserção de alguns métodos que pudessem reduzir a umidade do milho
como com a aplicação de calor nos ventiladores centrais, e fora da indústria instruindo os produtores
sobre a importância de avalizar o prazo de qualidade do milho em função da umidade.

Acredita-se que ao se implantar um procedimento de trabalho para os produtores de para os


colaboradores responsáveis pelo recebimento da matéria prima de maneira a reduzir a incidência de
milho com umidade fora dos parâmetros poderia se reduzir as perdas e manter a qualidade do
produto.
Figura 6. Diagrama de Ishikawa ou espinha de peixe que representa o processo.
8. RESULTADO DA IMPLANTAÇÃO DAS SETE FERRAMENTAS
DA QUALIDADE

Conforme demonstrado no estudo acima, as sete ferramentas da qualidade foram utilizadas


para investigar o processo. Cumprindo o ciclo PDCA (planejar, fazer, verificar e agir), as mesmas
sete ferramentas devem ser aplicadas para avaliar se as ações propostas para adequação dos
problemas identificados foram consideradas eficazes.

Percebeu-se que a umidade do milho é o principal fator de não conformidade, este problema
pode ocasionar uma perda considerável na linha principal de produção que é a farinha de milho.
Este problema foi identificado pelos colaboradores e foi colocado como um problema de produção,
podendo ser resolvido com a aplicação de alguns métodos, sendo estes a instrução do produtor e a
utilização de maquinários adaptados que conduzam calor quente ás caixas de armazenamento.

Reduzindo a umidade do milho, que é o maior causador de problemas, há um aumento


considerável da produção e um rendimento lucrativo significativo.

9. 5W2H

5W2H
O que? Quem? Quando? Onde? Porquê? Como? Quanto?
Implantação
Na Reduz a de sistema de
Gerente da
Umidade Dentro de indústria e qualidade e ventilação e
indústria; 20.000,00
do milho. um ano. com o quantidade conversas
Produtor.
produtor. de produto. com o
produtor.

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