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CURSO PREPARATÓRIO PARA O TRT/RJ – ANALISTA JUDICIÁRIO

DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. FABIANO PEREIRA


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Olá!

Hoje iremos conhecer a organização e estruturação da Administração


Pública brasileira, tema muito freqüente nas provas da Fundação Carlos
Chagas.

Tentei ser o mais sucinto possível, mas o tópico é muito abrangente, o que
fez com que a aula ficasse um “pouquinho” grande. Sei que você não está
preocupado com isso, pois é melhor sobrar do que faltar conhecimento, mas, por
via das dúvidas, prometo que as outras aulas serão um pouco menos extensas.

No mais, se você possui alguma sugestão ou crítica que possam aumentar


a qualidade do curso, não deixe de enviá-las para o e-mail
fabianopereira@pontodosconcursos.com.br ou diretamente para o fórum.

Lembre-se sempre de que o curso está sendo desenvolvido para que você
possa ter um excelente desempenho na prova de Direito Administrativo. O meu
grande desejo é que você também possa sentir a gratificante sensação de ser um
servidor público, assim como sinto, todos os dias, ao exercer as minhas funções
de Analista Judiciário no Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Minas
Gerais.

Conte comigo nesta bela jornada!

Bons estudos!

Fabiano Pereira.

FACEBOOK: (www.facebook.com.br/fabianopereiraprofessor)

Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br


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DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. FABIANO PEREIRA
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ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA

1. Considerações iniciais ............................................................. 03

2. Órgãos Públicos

2.1. Teorias que buscam justificar a natureza jurídica da relação


entre Estado e agentes públicos

2.1.1. Teoria do mandato ...................................................... 04

2.1.2. Teoria da representação .............................................. 04

2.1.3. Teoria do órgão ........................................................... 05

2.2. Conceito de órgão público .............................................. 05

2.3. Criação e extinção dos órgãos públicos .......................... 11

2.4. Capacidade processual ................................................... 11

2.5. Principais características dos órgãos públicos ................ 13

2.6. Classificação .................................................................. 13

3. Centralização e descentralização

3.1. Centralização e descentralização política ....................... 16

3.2. Centralização e descentralização administrativas ......... 16

3.2.1. Descentralização Administrativa Territorial ................ 17

3.2.2. Descentralização administrativa por serviços ou outorga 18

3.2.3. Descentralização por delegação ou colaboração ........... 18

4. Administração Pública Direta e Indireta

4.1. Administração Pública Direta ........................................... 20

4.2. Administração Pública Indireta ........................................ 20

4.3. Criação das entidades da Administração Indireta ............ 21

5. Revisão de Véspera de Prova – RVP ............................................ 24

6. Questões comentadas ............................................................... 79

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1. Considerações iniciais

A expressão “Administração Pública” não apresenta um sentido único, pois


pode ser estudada e analisada sob vários enfoques diferentes. Dentre os vários
sentidos que podem ser atribuídos à referida expressão, encontram-se o
sentido objetivo, material ou funcional e, ainda, o sentido subjetivo,
formal ou orgânico.

Em sentido subjetivo, a Administração Pública pode ser entendida como


o conjunto de órgãos, entidades e agentes públicos encarregados do
exercício da função administrativa. Esse é um sentido que as bancas
examinadoras gostam muito de exigir em suas provas, principalmente a
Fundação Carlos Chagas, portanto, é necessário ficar atento.

De outro lado, em sentido objetivo, material ou funcional, a expressão


administração pública (que deve ser grafada com as iniciais minúsculas),
consiste na própria função administrativa exercida pelos órgãos, entidades e
agentes que integram a Administração Pública em sentido subjetivo. Nesse caso,
estudaremos as atividades finalísticas exercidas pela administração, a exemplo
do fomento, serviço público, polícia administrativa e intervenção administrativa.

A partir de agora, utilizarei a expressão Administração Pública somente em


seu sentido subjetivo, pois iremos restringir o nosso estudo, neste momento,
aos órgãos e entidades que a integram. E os agentes públicos, serão
esquecidos? É claro que não, iremos estudá-los posteriormente, em uma aula
específica, já que também integram a Administração Pública em sentido
subjetivo.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: A Administração


Pública em seu sentido subjetivo compreende o conjunto de agentes, órgãos e
entidades designados para executar atividades administrativas
(FCC/Executivo Público Casa Civil/2010).

2. Órgãos públicos

Todos aqueles capazes de contrair direitos e obrigações são conhecidos


como pessoas ou sujeitos de direito, podendo estabelecer relações jurídicas
com outras pessoas ou sujeitos de direito, pois é a existência de uma
personalidade que possibilita o estabelecimento de relações jurídicas.

O Estado é considerado um ente personalizado, ou seja, é dotado de


personalidade jurídica. Entretanto, não possui vontade própria, não consegue
se expressar diretamente para estabelecer relações jurídicas com outras pessoas
ou sujeitos de direito.

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Sendo assim, é obrigado a manifestar a sua vontade através da atuação de
seus agentes públicos, cujos atos praticados lhe são diretamente imputados
(quando o agente público pratica um ato no exercício da função pública é como
se o próprio Estado o tivesse praticado e, portanto, é o ente estatal que
inicialmente deverá ser responsabilizado pelos prejuízos que eventualmente
forem causados a terceiros).

Diversas teorias foram criadas para tentar justificar a possibilidade de se


atribuir a uma pessoa jurídica (Estado) atos praticados por pessoas físicas
(agentes públicos). E, como não poderia ser diferente, são frequentes as
questões em provas sobre o tema.

2.1. Teorias que buscam justificar a natureza jurídica da relação


entre Estado e agentes públicos

2.1.1. Teoria do mandato

Essa teoria considerava o agente, pessoa física, como mandatário da


pessoa jurídica. Tem origem no direito civil, sendo a mais antiga das teorias
criadas para explicar a ligação do Estado (que é uma pessoa jurídica) a uma
pessoa natural (agente público).

Alegavam os seus defensores que os agentes públicos atuavam em nome


do Estado em virtude de uma “suposta” procuração fictícia que lhes havia sido
outorgada.

Várias críticas surgiram em oposição à teoria do mandato. A principal delas


afirma que, como o Estado não tem vontade própria, não poderia outorgar uma
procuração a alguém. Assim, a teoria restou superada e você precisa saber de
sua existência apenas para fins de concurso público.

2.1.2. Teoria da representação

Se comparada com a teoria anterior, possui critérios mais sensatos e


razoáveis, pois afirma que a atuação dos agentes públicos expressaria a vontade
do Estado em decorrência de lei. O agente público seria equiparado a um tutor
ou curador e o Estado seria um “incapaz”.

Essa teoria também foi muito criticada, tendo sido descartada


doutrinariamente, pois apresentava a idéia de que o Estado estaria escolhendo
os seus próprios representantes, o que não acontece na tutela ou curatela.
Ademais, se o representante ultrapassasse os poderes de representação e
causasse prejuízo a terceiros, o Estado não poderia ser responsabilizado, o que é
inadmissível.

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2.1.3. Teoria do órgão

Criada pelo jurista alemão Otto Gierke, a teoria do órgão declara que o
Estado manifesta a sua vontade através de seus órgãos públicos, que são
titularizados por agentes públicos. Os atos praticados pelos órgãos são
imputados à pessoa jurídica a cuja estrutura estão integrados, o que se
convencionou denominar de imputação volitiva.

A teoria do órgão distingue a entidade, que possui personalidade jurídica,


do órgão público, que é desprovido de personalidade jurídica.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: A teoria do órgão


teve grande aceitação doutrinária e jurisprudencial no Brasil, portanto, é
importante que você se lembre de que o Estado manifesta a sua vontade através
de seus órgãos públicos, que são “ocupados” por agentes públicos e não
possuem personalidade jurídica.

2.2. Conceito de órgão público

A conceituação de órgão público mais explorada pela Fundação Carlos


Chagas é a do professor Hely Lopes Meirelles, que os conceitua como “centros
de competência instituídos para o desempenho de funções estatais, através
de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem”.
Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: Os órgãos
públicos são centros de competência instituídos para o desempenho de funções
estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a
que pertencem (FCC/Analista Judiciário TRE AL/2010) .

Antes de analisarmos as suas principais características, é necessário que


você saiba que os órgãos públicos são consequência da desconcentração
administrativa.

Pergunta: Professor, o que significa desconcentração administrativa?

A desconcentração nada mais é que a distribuição interna de


competências dentro de uma mesma pessoa jurídica. Trata-se da criação de
órgãos públicos que fazem parte de uma mesma estrutura, hierarquizada,
criada com o objetivo de tornar mais ágil e eficiente a execução das finalidades
administrativas previstas em lei.

A desconcentração pode ser efetuada tanto pelos entes que compõem a


Administração Direta (União, Estados, Municípios ou Distrito Federal), quanto
pelos entes que integram a Administração Indireta (autarquias, fundações
públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas).

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Em provas da Fundação Carlos Chagas, é mais comum você encontrar
questões afirmando que a desconcentração ocorre no âmbito de uma entidade
pertencente à Administração Direta, o que não está errado. Contudo,
lembre-se de que também poderá ocorrer a criação de órgãos dentro das
entidades administrativas, ou seja, aquelas que integram a Administração
Indireta.

Essa é a informação prevista expressamente no § 2o, artigo 1º, da Lei


9.784/1099 (Lei de processo administrativo federal):

§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:

I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da


Administração direta e da estrutura da Administração indireta;

A UNIÃO é pessoa jurídica regida pelo Direito Público, portanto, possui


personalidade jurídica própria, podendo contrair direitos e obrigações. E, para
facilitar a persecução de seus objetivos, tanto o texto constitucional
quanto a lei criaram vários órgãos dentro de sua estrutura (desconcentração),
encarregando cada um deles de funções específicas.

Todavia, os atos praticados pelos órgãos públicos federais (da União) serão
imputados à própria União, pois eles não detêm personalidade jurídica e,
portanto, não podem contrair direitos e obrigações.

Dificilmente você encontrará uma questão em prova afirmando que a


União criou uma lei “X”, a União julgou o processo “W” ou a União criou o
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mas, por quê? É simples. Porque
a União possui em sua estrutura vários órgãos especializados e cada um deles é
responsável por uma função específica.

Exemplo: No âmbito da União, a Constituição Federal criou alguns órgãos


públicos, denominados independentes, que assumiram a responsabilidade de
criar leis (Congresso Nacional, Câmara dos Deputados e Senado Federal), de
julgar (Tribunais Regionais Federais, Superior Tribunal de Justiça, Juízes
Federais, etc.) e de administrar a máquina estatal (Presidência da República).

Assim, deve ficar bem claro que a União resolveu criar centros
especializados de competências (órgãos públicos) para facilitar o alcance de
seus objetivos, estabelecidos expressamente no artigo 2º da CF/1988.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: Todos esses


órgãos a que me referi e que estão previstos diretamente no texto constitucional
não possuem personalidade jurídica. Assim, os atos que praticam são
imputados diretamente à União, que possui personalidade jurídica e pode
contrair direitos e obrigações. Caso um servidor do Senado Federal no exercício
de suas funções públicas, por exemplo, pratique ato que cause prejuízos a um
particular, este deverá acionar judicialmente a União, caso queira pleitear uma
indenização por danos materiais e/ou morais, e não o Senado Federal.
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Mas, por quê? Porque o Senado Federal é um órgão e, portanto, não
possui personalidade jurídica, fato que impede a sua responsabilização pelos
supostos danos materiais e/ou morais.

A desconcentração não ocorre somente no âmbito da Administração Direta


da União, mas também nas esferas estadual, municipal e distrital. Ademais,
também pode ocorrer no âmbito das entidades da Administração Pública
Indireta.

Exemplos: Uma Secretaria Estadual de Fazenda, assim como todas as


demais secretarias de governo de um Estado, são órgãos públicos estaduais. O
mesmo ocorre na esfera municipal, em relação às secretarias municipais de
governo, que também são órgãos.

Nos mesmos moldes, como consequência da necessidade de especialização


técnica e respeito ao princípio constitucional da eficiência, os órgãos também
podem ser criados na estrutura de entidades integrantes da Administração
Pública Indireta.

Exemplo: O IBAMA, autarquia pertencente à Administração Pública


Federal Indireta e detentora de personalidade jurídica de Direito Público, possui
em sua estrutura diversos órgãos, cada um deles com atribuições e
competências próprias. Como não possuem personalidade jurídica, esses
órgãos não atuam em nome próprio, mas sim em nome do IBAMA. Portanto,
todas as atividades administrativas executadas pelos órgãos que integram a
estrutura do IBAMA consideram-se praticados pela própria autarquia, o que é
muito lógico.

Para ficar ainda mais fácil o entendimento, vamos analisar rapidamente a


organização da Presidência da República e dos Ministérios, que está prevista na
Lei Federal 10.683/03.

A Presidência da República é o órgão mais importante dentro da


organização administrativa do Poder Executivo Federal. Nos termos da Lei
10.683/03, a Presidência da República possui, dentro de sua própria
estrutura, diversos outros órgãos, que lhe são subordinados.

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Pergunta: Professor, dentro da estrutura de um órgão independente
(Presidência da República, por exemplo), seria possível a criação de outros
órgãos, subordinados ao primeiro?
Com certeza! Em conformidade com o artigo 1º da citada lei, a Presidência
da República é constituída, essencialmente, pela Casa Civil; pela
Secretaria-Geral; pela Secretaria de Relações Institucionais; pela Secretaria de
Comunicação Social; pelo Gabinete Pessoal; pelo Gabinete de Segurança
Institucional; pela Secretaria de Assuntos Estratégicos; pela Secretaria de
Políticas para as Mulheres; pela Secretaria de Direitos Humanos; pela Secretaria
de Políticas de Promoção da Igualdade Racial; pela Secretaria de Portos; e pela
Secretaria de Aviação Civil, além de vários outros órgãos de assessoramento.
Ademais, é importante destacar que os Ministérios também são órgãos
diretamente subordinados a outro órgão: a Presidência da República (o
Ministério da Previdência, por exemplo, é subordinado à Presidência da
República).

Aprofundando um pouquinho mais, é válido destacar que os Ministérios


também podem desconcentrar a sua estrutura administrativa, criando outros
órgãos internos.

Exemplo: O inciso XII, artigo 29, da Lei 10.683/03, declara que o


MINISTÉRIO DA FAZENDA possui em sua estrutura vários outros órgãos, que
lhe são subordinados. Entre eles, podemos citar o Conselho Monetário
Nacional, o Conselho Nacional de Política Fazendária, o Conselho de Recursos do
Sistema Financeiro Nacional, o Conselho Nacional de Seguros Privados, o
Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdência
Privada Aberta e de Capitalização, o Conselho de Controle de Atividades
Financeiras, a Câmara Superior de Recursos Fiscais, os 1o, 2o e 3o Conselhos de
Contribuintes, o Conselho Diretor do Fundo de Garantia à Exportação - CFGE, o
Comitê Brasileiro de Nomenclatura, o Comitê de Avaliação de Créditos ao
Exterior, a Secretaria da Receita Federal do Brasil, a Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional, a Escola de Administração Fazendária (ESAF) e até 05
(cinco) secretarias.

Não se desespere! Você não precisa ficar decorando todos esses órgãos,
pois apenas estou explicando como é que se constitui a estruturação de um
órgão público.

Para conseguir visualizar o que estou escrevendo, observe bem o seguinte


organograma do Ministério da Fazenda, que indica perfeitamente como estão
estruturados os órgãos que integram a sua estrutura administrativa:

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Atenção: No organograma do Ministério da Fazenda estão presentes todos


os órgãos e também entidades que fazem parte de sua estruturação. Todavia,
lembre-se de que entidade não é órgão público, pois possui personalidade
jurídica própria.

Apesar de estarem inseridas em seu organograma, as entidades


administrativas não estão subordinadas ao Ministério, mas somente
vinculadas, conforme estudaremos posteriormente.

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Aprofundando novamente no assunto, é válido esclarecer que todos os
órgãos que integram a estrutura do Ministério da Fazenda também podem
desconcentrar as suas atividades administrativas, como acontece com a ESAF.

Observe que, na estrutura da ESAF, iremos encontrar diversos outros


órgãos, tais como diretorias, centros regionais, gerências e chefias e, sendo
assim, todos eles são fruto da desconcentração.

E para não ficar muito cansativo, gostaria apenas de ressaltar que todos os
órgãos citados abaixo também podem se desconcentrar, dando origem a novos
órgãos em suas respectivas estruturas. Na sequência, os novos órgãos criados
também poderão se desconcentrar e assim por diante.

Bem, vai chegar um determinado momento em que a desconcentração não


mais será possível, por questão de lógica.

De qualquer forma, lembre-se de que, independentemente do nível ou do


número de órgãos que foram criados, sempre estaremos nos referindo a uma
única pessoa jurídica. Sendo assim, os atos praticados por todos os órgãos que
apresentei deverão ser imputados à União, que deu origem a toda essa
desconcentração.
Diretor Geral

Diretor-Geral Adjunto

Diretor-Geral Adjunto

Diretoria de Administração - Dirad

Diretoria de Atendimento e Coordenação de Programa – Dirat

Diretoria de Cooperação Técnica e


Pesquisa – Dirco

Diretoria de Educação – Dired

Diretoria de Recrutamento e Seleção – Dires

Centro Estratégico de Formação e Educação Permanente - Cefor

Centro Regional Conjunto de Capacitação para a América Latina no


Brasil – Cecab

Gerencia do Programa de
Educação Fiscal – Geref

Gerência de Tecnologia da Informação – Gerti

Chefia do Contencioso de Cursos e Concursos – Conte

Gerência de Educação a Distância – GEEAD

Chefia do Centro de Editoração e Material Didático – Cemad

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Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: Quando a
Administração Pública, diante da complexidade das atividades por ela
desenvolvidas, distribui competências, no âmbito de sua própria estrutura, a fim
de tornar mais ágil e eficiente a prestação dos serviços, ocorre a técnica
administrativa intitulada desconcentração (FCC/Analista Judiciário TRE
AL/2010).

2.3. Criação e extinção dos órgãos públicos

Nos termos do artigo 61, § 1º, II, “e”, combinado com o artigo 48, XI, da
Constituição Federal, os órgãos públicos somente podem ser criados ou extintos
através de lei.

No momento da desconcentração, podem ser levados em conta o critério


territorial ou material. Quando os órgãos públicos são criados em função de
sua localização territorial, a exemplo da Superintendência Regional da Polícia
Federal em Minas Gerais, em São Paulo, na Bahia, no Amazonas e em outros
Estados, ocorre a desconcentração territorial.

Por outro lado, a desconcentração pode ocorrer em razão da natureza


das atividades a serem exercidas pelo órgão público, a exemplo do Ministério
da Saúde, Ministério da Educação, Ministério dos Transportes, Ministério da
Previdência, entre outros. Neste caso, estaremos diante da denominada
desconcentração material.

Apesar de a criação de órgãos públicos depender de instrumento legal, é


importante esclarecer que a organização e o funcionamento desses órgãos pode
ocorrer mediante a edição de decreto autônomo, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos (artigo 84, VI,
“a”, da CF/88).

Sendo assim, deve ficar bem claro que o Presidente da República não pode
criar ou extinguir órgãos públicos, mas pode expedir decreto para organizar o
funcionamento desses órgãos na Administração Pública Federal, desde que não
implique aumento de despesas. Por simetria, tal prerrogativa também deve ser
estendida aos demais Chefes do Executivo em âmbito estadual, distrital e
municipal.

2.4. Capacidade processual

Segundo o entendimento majoritário da doutrina, é possível definir a


capacidade processual como a capacidade de estar em juízo, ou seja, a
aptidão para atuar pessoalmente na defesa de direitos e obrigações, de
exercer, por si só, os atos da vida civil.

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O artigo 7º do Código de Processo Civil declara expressamente que "toda
pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em
juízo".

Pergunta: Professor, como os órgãos públicos não são pessoas (físicas ou


jurídicas), existe a possibilidade de figurarem no pólo ativo ou passivo de uma
relação processual (uma ação judicial)?

Em regra, não. Entretanto, em caráter excepcional, existem algumas


situações nas quais os órgãos públicos, mesmo não possuindo personalidade
jurídica, poderiam integrar uma relação processual:

1ª) Para a defesa de suas prerrogativas funcionais: nesse caso, é


assegurada capacidade processual aos denominados órgãos independentes e
autônomos para ingressarem com mandado de segurança para a defesa de
suas competências, quando violada por outros órgãos.

Exemplo: Imaginemos que o Poder Executivo deixe de repassar ao


Tribunal de Contas as verbas orçamentárias que lhes são devidas, no prazo
previsto no texto constitucional, desrespeitando a sua autonomia financeira.
Nesse caso, o próprio Tribunal poderá propor um mandado de segurança com
o objetivo de defender as suas prerrogativas constitucionais (direito ao
recebimento dos repasses orçamentários, pois, sem esses recursos, o Tribunal
de Contas não consegue sequer arcar com as suas despesas básicas de
funcionamento).

2ª) Na defesa dos interesses e direitos dos consumidores: nos


termos do inciso III, artigo 82, do Código de Defesa do Consumidor, alguns
órgãos públicos (mesmo não possuindo personalidade jurídica) são legitimados a
ingressarem com ação judicial na defesa dos interesses e direitos dos
consumidores, individualmente ou a título coletivo.

Exemplo: apesar de ser um órgão público, o PROCON tem importante


atuação em favor dos consumidores. O Superior Tribunal de Justiça, no
julgamento do Recurso Especial 200827/SP, reconheceu a sua capacidade
processual para ingressar com ação judicial:

“Ação civil pública. Direitos individuais homogêneos. Cobrança de taxas


indevidas. Candidatos a inquilinos. Administradoras de imóveis. Legitimidade
ativa do PROCON - Coordenadoria de Proteção e Defesa do Consumidor, por meio
da Procuradoria Geral do Estado para ajuizar ação coletiva para proteção de
direitos individuais homogêneos. Prescrição. Multa do art. 84, § 4º, do Código de
Defesa do Consumidor. Repetição em dobro. Multa do art. 538, parágrafo único,
do Código de Processo Civil. Súmula n° 07 da Corte.

1. O PROCON - Coordenadoria de Proteção e Defesa do Consumidor, por meio da


Procuradoria Geral do Estado, tem legitimidade ativa para ajuizar ação coletiva
em defesa de interesses individuais homogêneos, assim considerados aqueles
direitos com origem comum, divisíveis na sua extensão, variáveis

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individualmente, com relação ao dano ou à responsabilidade. São direitos ou
interesses individuais que se identificam em função da origem comum, a
recomendar a defesa coletiva, isto é, a defesa de todos os que estão presos pela
mesma origem. No caso, o liame está evidenciado, alcançando os candidatos a
inquilinos que são cobrados de taxas indevidas (STJ, Resp 200827/SP, relator
Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, 3ª T., j. 26/08/2002, DJ
09/12/2002, p. 339).

2.5. Principais características dos órgãos públicos

Os professores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo sintetizaram muito


bem as principais características dos órgãos públicos, que estão presentes na
maioria deles (não em todos):

1ª) Integram a estrutura de uma pessoa jurídica;

2ª) Não possuem personalidade jurídica;

3ª) São resultado da desconcentração;

4ª) Alguns possuem autonomia gerencial, orçamentária e financeira;

5ª) Podem firmar, por meio de seus administradores, contratos de gestão


com outros órgãos ou com pessoas jurídicas (CF, art. 37, § 8º.);

6ª) Não têm capacidade para representar em juízo a pessoa jurídica que
integram;

7ª) Alguns têm capacidade processual para a defesa em juízo de suas


prerrogativas funcionais;

8ª) Não possuem patrimônio próprio.

2.6. Classificação

São várias as classificações de órgãos públicos elaboradas pelos


doutrinadores brasileiros, contudo, nas provas da Fundação Carlos Chagas, a do
professor Hely Lopes Meirelles ainda é a mais utilizada.

1º) Quanto à posição ocupada na escala governamental ou


administrativa (quanto à posição estatal): órgãos independentes,
autônomos, superiores e subalternos.

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Independentes são os órgãos previstos diretamente no texto
constitucional, representativos dos Poderes Legislativo (Congresso Nacional,
Senado, Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmara de
Vereadores), Executivo (Presidência da República, Governadoria dos Estados,
DF e Prefeituras) e Judiciário (com todos os seus órgãos). É possível incluir
nessa classificação também o Ministério Público e os Tribunais de Contas.

Destaca-se que esses órgãos não estão subordinados a quaisquer outros e


são ocupados por agentes políticos.

Autônomos são os órgãos que se encontram diretamente


subordinados aos órgãos independentes, apesar de figurarem no topo da
hierarquia administrativa. Detêm autonomia técnica, administrativa e financeira.
Dentre eles, podemos citar os Ministérios, os órgãos integrantes da estrutura
administrativa da Presidência da República (Casa Civil, Secretaria-Geral,
Secretaria de Relações Institucionais, etc), entre outros.

Os órgãos superiores são aqueles que detêm poder de direção, controle,


decisão e comando dos assuntos de sua competência específica, mas sempre
sujeitos à subordinação e ao controle hierárquico de uma chefia mais alta. Nessa
categoria, podemos incluir os órgãos que estão diretamente subordinados aos
órgãos autônomos e, em alguns casos, até mesmo aos órgãos independentes,
tais como as gerências, as coordenadorias, as procuradorias, os departamentos,
as secretarias-gerais etc.

Os órgãos subalternos são aqueles que têm reduzido poder decisório,


responsáveis por atribuições meramente executivas. Segundo o professor Hely
Lopes Meirelles, esses órgãos “destinam-se à realização de serviços de rotina,
tarefas de formalização de atos administrativos, cumprimento de decisões
superiores e primeiras decisões em casos individuais, tais como os que, nas
repartições públicas, executam as atividades-meio e atendem ao público,
prestando-lhes informações e encaminhando os requerimentos, como as
portarias e as seções de expediente”.

2º) Quanto à estrutura: simples e compostos.

Podemos entender como órgãos simples aqueles constituídos por um


único centro de competência. São órgãos que não possuem em sua estrutura
outros órgãos que lhe sejam subordinados, atuando de forma isolada. Não
possuem subdivisões internas.

O número de agentes públicos que compõem o órgão não é relevante para


essa definição, o que interessa é a inexistência de outros órgãos em sua
estrutura, sendo possível citar como exemplo uma portaria ou uma seção de
cópias de documentos.

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Os órgãos compostos são fruto da desconcentração administrativa e
reúnem, em sua estrutura, diversos outros órgãos, que lhes são subordinados.

Podemos citar como exemplo o Ministério da Fazenda, que possui em sua


estrutura diversos outros órgãos, como a Receita Federal do Brasil, Secretaria do
Tesouro Nacional, ESAF, entre outros.

3º) Quanto à atuação funcional: órgãos singulares ou unipessoais


e colegiados ou pluripessoais.

Órgãos singulares ou unipessoais são aqueles cujas atuações e


decisões mais importantes estão centralizadas em um único agente, que é o
seu titular. Isso não quer dizer que o órgão tenha que ser formado por um único
agente (na maioria das vezes, o órgão é formado por diversos agentes), mas sim
que as decisões sejam tomadas pelo seu representante máximo. Como exemplo,
podemos citar as chefias do Poder Executivo (Presidência da República,
Governadoria dos Estados e do DF e Prefeituras), pois, nesses casos, as decisões
são centralizadas na autoridade máxima (Chefe do Executivo),
independentemente da quantidade de agentes públicos que trabalhem no órgão.

Colegiados ou pluripessoais são aqueles que atuam mediante a


manifestação obrigatória e conjunta de seus principais membros, mediante
votação, sendo necessária a observância das regras previstas nos respectivos
regimentos internos. Podemos citar como exemplo as casas legislativas, os
tribunais integrantes do Poder Judiciário (o plenário do STF é um caso típico) e os
órgãos que têm a denominação de comissão, conselho, turma, etc.

4º) Quanto às funções exercidas: ativos, consultivos e de controle.

Órgãos ativos são aqueles que editam atos administrativos com o


objetivo de materializar as atividades administrativas, como acontece com os
Ministérios, por exemplo.

Órgãos consultivos são aqueles que elaboram pareceres com o objetivo


de subsidiar as decisões de outros órgãos públicos, a exemplo do Conselho de
Defesa Nacional.

Órgãos de controle são aqueles que exercem atribuições de fiscalização


e controle em relação a outros órgãos, a exemplo do Tribunal de Contas da
União.

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3. Centralização e descentralização

3.1. Centralização e descentralização política

As expressões “centralização” e “descentralização” podem ser estudadas


tanto no âmbito do Direito Constitucional quanto no âmbito do Direito
Administrativo.

Analisando-as sob o âmbito constitucional, a expressão “centralização”


refere-se à manutenção do poder político (poder de legislar) em um único
núcleo. Nesse caso, a função legislativa não é repartida entre vários entes,
mas centralizada em um ente central, que é o único responsável pela edição de
leis, que são de âmbito nacional. É o que ocorre nos denominados Estados
Unitários, sendo possível citar como exemplos o Uruguai, a França, a Itália,
dentre outros.

Na “descentralização” ocorre justamente o contrário, pois o poder de


legislar (poder político) é repartido entre várias pessoas jurídicas, como
acontece no Brasil. Nesse caso, além da União (através do Congresso Nacional),
também podem criar leis os Estados, Distrito Federal e os Municípios, através de
suas respectivas casas legislativas.

A descentralização política é característica marcante nos países que


adotam a Federação como forma de estado, como ocorre no Brasil e nos Estados
Unidos.

3.2. Centralização e descentralização administrativas

Sob o enfoque do Direito Administrativo, a “centralização” ocorre quando


a União, Estados, Distrito Federal e Municípios exercem diretamente, em face
dos beneficiários, as atividades administrativas que estão em suas respectivas
competências, sem interferência de outras pessoas físicas ou jurídicas.

Nesse caso, além de o ente estatal ser o titular da função administrativa,


ainda será o responsável pela execução de tal atividade, que ocorrerá através
de seus respectivos órgãos e agentes públicos.

Exemplo: Na esfera municipal, o serviço de ensino fundamental é exercido


diretamente pelo Município, através das escolas públicas, que são órgãos
públicos.

Pergunta: Diante do que acabei de afirmar, suponhamos que um


estudante sofra graves lesões corporais no interior da escola, causadas por um
professor. Caso o pai decida ajuizar uma ação de reparação pelos respectivos
danos morais e materiais sofridos pelo filho, quem responderá judicialmente? O
Município, a Secretaria Municipal de Educação ou a própria escola? Pense bem...
Tem certeza?

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É claro que será o Município, pois, dentre as alternativas apresentadas, é o
único que possui personalidade jurídica. A Secretaria Municipal de Educação é
apenas um órgão inserido na estrutura administrativa do Município, assim como
a escola pública também é um órgão, nesse caso, inserido na estrutura da
Secretaria Municipal.

Por outro lado, ocorre a “descentralização administrativa” quando um


ente estatal (União, Estados, DF e Municípios) transfere a outra pessoa, pública
ou privada, o exercício de uma determinada atividade administrativa. Nesse
caso, a função administrativa não será executada por órgãos públicos, mas por
uma outra pessoa jurídica, com personalidade jurídica distinta do ente estatal
que transferiu a execução da função administrativa.

Conforme declara o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, na


“descentralização, o Estado atua indiretamente, pois o faz através de outras
pessoas, seres juridicamente distintos dele, ainda quando sejam criaturas suas e
por isso mesmo se constituam, como ao diante se verá, em parcelas
personalizadas da totalidade do aparelho administrativo estatal”.

Na descentralização administrativa, existirá uma pessoa interposta


entre o Estado e o beneficiário da atuação estatal, que será denominada
entidade descentralizada. Esta será responsável por desempenhar a atividade
administrativa, ou seja, prestar o serviço público, exercer o poder de polícia
administrativa ou praticar atividades de fomento público.

A doutrina majoritária apresenta três espécies de descentralização


administrativa: a descentralização territorial (ou geográfica); a
descentralização por serviços ou outorga (descentralização funcional ou
técnica); descentralização por colaboração ou delegação.

3.2.1. Descentralização Administrativa Territorial

Antes de a Constituição Federal de 1988 determinar a extinção dos


territórios, existia, no Brasil, a denominada descentralização territorial ou
geográfica. Nessa espécie de descentralização, cria-se um território (que terá
personalidade jurídica de Direito Público interno) e a ele é concedida capacidade
administrativa genérica.

A descentralização territorial ocorre tipicamente nos Estados Unitários,


como é o exemplo da França. No Brasil, atualmente, não temos esse tipo de
descentralização, pois a Constituição Federal de 1988 determinou a
transformação dos antigos territórios de Roraima e do Amapá em Estados da
Federação (artigo 14 do ADCT da CF/88). Da mesma forma, o antigo território de
Fernando de Noronha foi incorporado ao Estado de Pernambuco, nos moldes do
artigo 15 do ADCT da CF/88.

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Apesar de não existirem territórios no Brasil, lembre-se de que o artigo 18
da CF/88 afirma que “os Territórios Federais integram a União, e sua criação,
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas
em lei complementar”.

Sendo assim, caso posteriormente o Congresso Nacional decida pela


criação de um novo território, este será fruto de uma descentralização
administrativa da União, integrando a sua estrutura.

3.2.2. Descentralização administrativa por serviços ou outorga

Na descentralização por outorga, uma entidade política (União,


Estados, DF e Municípios) cria ou autoriza a criação, em ambos os casos
através de lei específica, de entidades administrativas (autarquias, fundações
públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista) que receberão a
titularidade e a responsabilidade pela execução de uma determinada atividade
administrativa.

Exemplo: O inciso VI, do artigo 23, da CF/1988, declara expressamente


que “é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios protegerem o meio ambiente e combaterem a poluição em qualquer
de suas formas”. Sendo assim, na esfera federal, a União poderia exercer
diretamente essa atribuição administrativa de proteger o meio ambiente,
criando um órgão público específico para tal.

Entretanto, com o objetivo de diminuir o excesso de atividades


administrativas que estão sob a sua responsabilidade e, ainda, em respeito ao
princípio constitucional da eficiência, a União decidiu descentralizar essa
atividade, criando o IBAMA.

O IBAMA foi criado sob a forma de uma autarquia e recebeu, através de


lei específica, a titularidade e a execução, em todo o território nacional, do
poder de polícia administrativa na área ambiental, por prazo indeterminado.

É válido destacar que, por ser uma autarquia, o IBAMA será uma pessoa
jurídica de Direito Público, ou seja, terá personalidade jurídica própria e,
portanto, estará apto a contrair direitos e obrigações em seu próprio nome.

3.2.3. Descentralização por delegação ou colaboração

Na descentralização por delegação, uma entidade política (União,


Estados, DF e Municípios) ou administrativa, através de contrato
administrativo ou ato unilateral, transfere o exercício de determinada
atividade administrativa a uma pessoa física ou jurídica, que já atuava
anteriormente no mercado.
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Algumas diferenças existentes na descentralização por outorga e
delegação são muito cobradas em concursos e, portanto, vejamos as principais:

1ª) Na outorga ocorre a transferência da titularidade e da execução do


serviço, enquanto na delegação ocorre apenas a transferência da execução, ou
seja, a titularidade do serviço permanece com o ente estatal.

Exemplo: Em âmbito municipal, é muito comum a contratação de


empresas privadas para a prestação do serviço público de transporte coletivo
urbano, apesar de esta atividade ser prevista no inciso V do artigo 30 da CF/88
como de competência do Município.

Isso ocorre em virtude da descentralização por delegação, que


possibilita ao ente estatal firmar um contrato administrativo de concessão de
serviço público, através do qual será transferida ao particular apenas a
execução do serviço e não a titularidade.

Apesar da delegação do serviço, compete ao Município exercer uma ampla


fiscalização dos serviços que estão sendo prestados pela concessionária,
garantindo-se, assim, a qualidade, a eficiência e a satisfação dos usuários.

2º) Na outorga, a transferência da titularidade e da execução dos serviços


ocorre através de lei, enquanto, na delegação, ocorre através de contrato
administrativo ou ato unilateral (nos casos das autorizações de serviços
públicos, por exemplo).

3º) Em regra, a outorga ocorre por prazo indeterminado, enquanto a


delegação tem prazo determinado em contrato.

4º) Na outorga, a transferência da titularidade e da execução do serviço é


feita apenas por uma entidade política (União, Estados, DF e Municípios). Por
outro lado, na delegação é possível que tenhamos no pólo ativo da transferência
da execução do serviço tanto uma entidade política quanto uma entidade
administrativa, apesar de esta última hipótese não ser muito comum. No setor
de telecomunicações, temos um bom exemplo de delegação efetuada por uma
entidade administrativa: a ANATEL, que é uma autarquia, transferiu para os
particulares apenas a execução dos serviços de telecomunicações,
permanecendo com a titularidade.

4. Administração Pública Direta e Indireta

São muito comuns as questões em provas da Fundação Carlos Chagas


diferenciando Administração Pública Direta e Indireta. Entretanto, tenho certeza
de que você jamais errará esse tipo de questão em prova, pois iremos estudar
profundamente o tema, analisando todas as espécies de entidades que integram
a Administração Pública, principalmente a indireta.

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4.1. Administração Pública Direta

O Decreto-Lei nº. 200/67, em seu artigo 4º, inciso I, declara


expressamente que a Administração Pública Federal compreende a
“Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura
administrativa da Presidência da República e dos ministérios” e ainda a
Administração Indireta.

Como é possível perceber, o conceito de Administração Pública Direta está


previsto diretamente no texto legal, não comportando maiores dúvidas ou
discussões. Na esfera federal, é composta pela União (que detém
personalidade jurídica de direito público) e de todos os órgãos que integram a
estrutura da Presidência da República, previstos na Lei 10.683/03: Ministérios,
Casa Civil, Secretaria-Geral, Secretaria de Relações Institucionais, Secretaria de
Comunicação Social, entre outros.

Da mesma forma que ocorre na esfera federal, os Estados, Distrito Federal


e Municípios possuem autonomia política para se auto-organizarem. Entretanto,
o que se observa na prática é que todos os entes políticos estaduais e municipais
têm seguido a estrutura administrativa estabelecida no âmbito da União.

4.2. Administração Pública Indireta

Além de apresentar expressamente o conceito de Administração Direta, o


Decreto-Lei 200/67, em seu artigo 4º, II, “a”, declara ainda que a Administração
Pública Federal Indireta compreende as autarquias, empresas públicas,
sociedades de economia mista e fundações públicas, todas dotadas de
personalidade jurídica própria.

Todavia, é importante destacar que a Lei 11.107/05, que dispõe sobre os


consórcios públicos, estabelece expressamente em seu artigo 6º, § 1º, que “o
consórcio público com personalidade jurídica de Direito Público integra a
administração indireta de todos os entes da Federação consorciados”.

Assim, além das entidades previstas no Decreto-Lei 200/67, temos que


incluir ainda os consórcios públicos de Direito Público no âmbito da
Administração Indireta.

Atenção: No conceito de Administração descentralizada,


anteriormente estudado, estão incluídas todas as entidades que integram a
Administração Indireta, ou seja, as autarquias, empresas públicas, sociedades
de economia mista e fundações públicas, que recebem a incumbência de
executarem uma determinada função administrativa mediante outorga.

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Além disso, é válido lembrar que também se incluem nesse conceito as
pessoas físicas ou jurídicas privadas que executam atividades administrativas
mediante delegação, a exemplo dos concessionários, permissionários e
autorizatários de serviços públicos.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: Fique atento às


“pegadinhas” de prova, pois as expressões “Administração Descentralizada” e
“Administração Indireta” não são sinônimas. Nesta última, não se incluem os
concessionários, permissionários e autorizatários de serviços públicos.

4.3. Criação das entidades integrantes da Administração Indireta

As regras constitucionais para a criação das entidades integrantes da


Administração Pública Indireta estão previstas no inciso XIX, artigo 37, da
Constituição Federal de 1988:

“XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação,
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação”.

Como é possível observar, algumas entidades serão criadas diretamente


por lei específica (autarquias e fundações públicas de direito público) e outras
terão a sua criação autorizada por lei específica (fundações públicas de Direito
Privado, empresas públicas e sociedades de economia mista). Fique atento, pois
essas peculiaridades são muito cobradas nas provas da Fundação Carlos
Chagas.
Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: Somente por Lei
Específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação
(FCC/Analista Judiciário TRE AL/2010).

Caso a entidade seja criada diretamente por lei específica, será instituída
com personalidade jurídica de direito público. Entretanto, se a criação for
apenas autorizada por lei específica, será regida pelo direito privado.

Uma questão que anteriormente gerou bastante polêmica, mas que parece
ter sido pacificada pelo Supremo Tribunal Federal, refere-se à existência de duas
espécies de fundações públicas: de Direito Público e de Direito Privado.

A polêmica foi criada porque até a promulgação da emenda constitucional


19, que alterou o artigo 37, XIX, da CF/1988, as fundações públicas não podiam
ter a criação autorizada por lei específica, somente podiam ser criadas por lei
específica. O texto anterior era o seguinte:
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“XIX - somente por lei específica poderão ser criadas empresas
públicas, sociedades de economia mista, autarquias ou fundações
públicas”.

O Supremo Tribunal Federal já se manifestou por várias vezes no sentido


de que existem duas espécies de fundações públicas: as de Direito Público e
as de Direito Privado. As primeiras são criadas por lei específica, nos mesmos
moldes das autarquias e, portanto, são regidas pelo Direito Público. A segunda
espécie terá a criação autorizada por lei específica e, portanto, será regida pelo
Direito Privado.

Além disso, independentemente do regime adotado (público ou privado),


as fundações públicas somente poderão atuar em áreas definidas em lei
complementar, que, até o momento, ainda não foi criada.

No processo de criação de autarquias e fundações públicas de Direito


Público, a própria lei específica será responsável por conceder personalidade
jurídica a essas entidades, independentemente de registro posterior de seus atos
constitutivos nos órgãos competentes (Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas
ou Junta Comercial, por exemplo).

Em relação às entidades que têm a criação apenas autorizada em lei


específica (fundações públicas de Direito Privado, empresas públicas e
sociedades de economia mista), a personalidade jurídica somente será
assegurada com a edição de decreto pelo chefe do Poder Executivo (que será
responsável pela organização e estruturação da entidade) e o respectivo registro
de seus atos constitutivos na Junta Comercial ou no Cartório de Registro Civil das
Pessoas Jurídicas.

Nas pessoas jurídicas de Direito Público, a própria lei criadora concede


“existência jurídica” à entidade, ou seja, personalidade jurídica que culmina na
possibilidade de contrair direitos e obrigações em nome próprio.

Em relação às entidades regidas pelo Direito Privado, essa possibilidade de


contrair direitos e obrigações somente ocorrerá com a publicação da lei específica
autorizando a criação e, na sequência, com a elaboração e registro do ato
constitutivo (decreto do Chefe do Executivo) nos órgãos competentes.

Outro dispositivo que merece destaque é o inciso XX, do artigo 37, da


Constituição Federal de 1988, que apresenta as regras gerais sobre a criação de
subsidiárias de empresas públicas e sociedades de economia mista:

“XX – depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de


subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como
a participação de qualquer delas em empresa privada”.

Inicialmente, é válido esclarecer que, para a criação de subsidiárias, não


existe a necessidade de lei específica, mas somente autorização legislativa
(qualquer espécie legislativa). Além disso, nos termos constitucionais, a
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autorização legislativa tem que ser concedida em cada caso, ou seja, a cada
criação de uma nova subsidiária.

Contudo, apesar de o texto constitucional ser expresso ao afirmar a


necessidade de autorização legislativa para cada caso, o Supremo Tribunal
Federal, no julgamento da ADI 1649, decidiu que a autorização legislativa
específica para a criação de empresas subsidiárias é dispensável nos casos em
que a lei autorizativa de criação da sociedade de economia mista ou empresa
pública matriz também previu a eventual formação das subsidiárias.

"ADI 1649 / DF. EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI


9478/97. AUTORIZAÇÃO À PETROBRÁS PARA CONSTITUIR SUBSIDIÁRIAS.
OFENSA AOS ARTIGOS 2º E 37, XIX E XX, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
INEXISTÊNCIA. ALEGAÇÃO IMPROCEDENTE. 1. A Lei 9478/97 não autorizou a
instituição de empresa de economia mista, mas sim a criação de subsidiárias
distintas da sociedade-matriz, em consonância com o inciso XX, e não com o XIX
do artigo 37 da Constituição Federal. 2. É dispensável a autorização legislativa
para a criação de empresas subsidiárias, desde que haja previsão para esse fim na
própria lei que instituiu a empresa de economia mista matriz, tendo em vista que
a lei criadora é a própria medida autorizadora. Ação direta de
inconstitucionalidade julgada improcedente."

Assim, o entendimento que deve prevalecer para concursos públicos é o de


que a autorização para a criação de subsidiárias pode ser genérica (conforme o
entendimento do STF), ou, ainda, que deve ser concedida autorização legislativa
em cada caso (quando a questão cobrar o texto literal do inciso XX, do artigo
37, da CF/1988).

Fique atento ao modelo de questão, pois podem ser cobrados os dois


entendimentos. Todavia, você saberá identificar a resposta facilmente, pois a
Fundação Carlos Chagas não apresentará as duas possibilidades na mesma
questão (pelo menos eu ainda não vi!).

Ultrapassada esta parte “introdutória” sobre a Administração Pública,


começaremos a estudar, a partir de agora, cada uma das entidades que integram
a Administração Pública Indireta, com as suas respectivas peculiaridades. Por
serem várias as entidades (autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
sociedades de economia mista e consórcios públicos de Direito Público),
procurarei ser bastante objetivo, restringindo-me às informações que são
realmente importantes para as provas da FCC.

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REVISÃO DE VÉSPERA DE PROVA - R.V.P.

1. Criada pelo jurista alemão Otto Gierke, a teoria do órgão declara que a o
Estado manifesta a sua vontade através de seus órgãos, que são compostos de
agentes públicos. Sendo assim, a vontade do órgão é imputada à pessoa jurídica
a cuja estrutura está integrado, o que se convencionou denominar de imputação
volitiva;

2. Não confunda desconcentração e descentralização. A primeira nada mais


é que a distribuição interna de competências dentro de uma mesma pessoa
jurídica, ou seja, a criação de órgãos públicos que fazem parte de uma estrutura
hierarquizada, criada com o objetivo de tornar mais eficiente a execução das
finalidades administrativas previstas em lei. A segunda ocorre quando a União,
DF, Estados ou Municípios desempenham algumas de suas funções por meio de
outras pessoas jurídicas. A descentralização pressupõe a existência de duas
pessoas jurídicas distintas: o Estado e a entidade que executará o serviço, por ter
recebido do Estado essa atribuição;

3. As principais características dos órgãos públicos, que estão presentes na


maioria deles (não em todos), são: integram a estrutura de uma pessoa jurídica;
não possuem personalidade jurídica; são resultado da desconcentração; alguns
possuem autonomia gerencial, orçamentária e financeira; podem firmar, por
meio de seus administradores, contratos de gestão com outros órgãos ou com
pessoas jurídicas (CF, art. 37, § 8º.); não tem capacidade para representar em
juízo a pessoa jurídica que integram; alguns tem capacidade processual para a
defesa em juízo de suas prerrogativas funcionais e não possuem patrimônio
próprio.

4. Independentes são os órgãos previstos diretamente no texto constitucional,


representativos dos Poderes Legislativo (Congresso Nacional, Senado, Câmara
dos Deputados, Assembléias Legilativas e Câmara de Vereadores) Executivo
(Presidência da República, Governadoria dos Estados, DF e Prefeituras) e
Judiciário (com todos os seus órgãos). É possível incluir nesta classificação
também o Ministério Público e os Tribunais de Contas;

5. Fique atento para não confundir descentralização por outorga e


descentralização por delegação. Na outorga ocorre a transferência da
titularidade e da execução do serviço, enquanto na delegação ocorre apenas a
transferência da execução, ou seja, a titularidade do serviço permanece com o
ente estatal;

6. Algumas entidades administrativas serão criadas diretamente por lei


específica (autarquias e fundações públicas de direito público) e outras terão a
sua criação autorizada por lei específica (fundações públicas de direito privado,
empresas públicas e sociedades de economia mista). Fique atento, pois essas
peculiaridades são muito cobradas em provas;

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7. O Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento de que existem duas
espécies de fundações públicas, as de direito público e as de direito privado. As
primeiras são criadas por lei, nos mesmos moldes das autarquias e, portanto,
serão regidas pelo direito público. As segundas terão a criação autorizada por lei
e, sendo assim, serão regidas pelo direito privado.

8. É válido esclarecer que para a criação de subsidiárias não existe a necessidade


de lei específica, mas somente autorização legislativa (qualquer espécie
legislativa). Além disso, a autorização legislativa tem que ser concedida em cada
caso, ou seja, a cada criação de uma nova subsidiária. Contudo, apesar do texto
constitucional ser expresso ao afirmar a necessidade de autorização legislativa
para cada caso, em 2004 o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI
1649, decidiu que a autorização legislativa específica para a criação de empresas
subsidiárias é dispensável nos casos em que a lei autorizativa de criação da
empresa de economia mista ou empresa pública matriz também previu a
eventual formação das subsidiárias.

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ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA

1. Considerações iniciais ............................................................. 27

2. Espécies de entidades integrantes da administração pública indireta

2.1. Autarquias ..................................................................... 27

2.1.2. Autarquias em regime especial ................................... 38

2.1.3. Autarquias profissionais ............................................. 38

2.2. Fundações públicas ........................................................ 39

2.3. Empresas públicas e sociedades de economia mista ..... 43

2.4. Consórcios públicos ........................................................ 53

3. Revisão de véspera de prova – “RVP”......................................... 58

4. Questões comentadas ............................................................... 78

5. Questões para fixação do conteúdo .......................................... 137

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1. Considerações iniciais

De início, é importante que você saiba diferenciar algumas expressões que


são muito comuns em provas da Fundação Carlos Chagas: “entidades ou
entes políticos”, “entidades ou entes estatais” e “entidades ou entes
administrativos”.

As expressões “entidades ou entes políticos”, bem como “entidades ou


entes estatais”, são expressões sinônimas, utilizadas para se referir à União,
Estados, Municípios e Distrito Federal. De outro lado, as expressões “entidades
ou entes administrativos” são utilizadas para designar as autarquias, fundações
públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista e consórcios
públicos de Direito Público.

Os entes políticos ou estatais sempre serão pessoas jurídicas de Direito


Público interno. Por outro lado, as entidades administrativas podem ser
instituídas sob a forma de pessoas jurídicas de Direito Público (autarquias,
fundações de direito público e consórcios públicos) ou de Direito Privado
(fundações públicas de direito privado, empresas públicas e sociedades de
economia mista).

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: As entidades


estatais são pessoas jurídicas de direito público que integram a estrutura
constitucional do Estado e têm poderes políticos e administrativos, como, por
exemplo, os Estados-membros (FCC/Analista Judiciário TRE AP/2011).

2. Espécies de entidades integrantes da Administração Pública indireta

2.1. Autarquias

Conforme nos informa o saudoso professor Diógenes Gasparini, o vocábulo


autarquia, de origem helênica, significa comando próprio, autogoverno.
Entretanto, conforme veremos mais adiante, não é conveniente que se faça uma
estrita ligação entre o vocábulo “autarquia” e “governo próprio”, pois outras
entidades administrativas também possuem essas características e, nem por
isso, são denominadas autarquias.

Cuidado! Não é correto afirmar que as autarquias possuem autonomia


política (autonomia de governo), pois essa é uma característica inerente às
entidades estatais (União, Estados, Municípios e Distrito Federal). As autarquias
somente possuem atribuições administrativas e, para exercê-las com maior
eficiência, possuem autoadministração.

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A principal característica das autarquias está relacionada à natureza das
atividades que desenvolvem: atividades típicas de Estado, em regra. Estão
incluídas no âmbito das atividades típicas de Estado segurança pública,
diplomacia, arrecadação e fiscalização de tributos e contribuições
previdenciárias, vigilância sanitária, fiscalização e proteção ao meio ambiente,
entre outras.

Apesar do que acabei de afirmar, é importante esclarecer que nem


sempre as autarquias exercerão atividades típicas de Estado, a exemplo da
UFMG (autarquia federal), que desempenha atividades de pesquisa, ensino e
extensão universitários, que não são típicas de Estado, já que também são
realizadas por particulares.

2.1.1. Conceito

As autarquias possuem personalidade jurídica de Direito Público e


integram a Administração Indireta e Descentralizada, sendo criadas por lei
específica para o exercício de funções administrativas típicas de Estado, tais
como previdência e assistência social (INSS), polícia administrativa (IBAMA),
regulação de determinados setores da economia (Banco Central e Comissão de
Valores Mobiliários - CVM), assistência social (INCRA) e até mesmo atuação na
área de saúde, em situações excepcionais.

O Decreto-Lei 200/67, em seu artigo 5º, I, conceitua autarquia como “o


serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e
receita próprios, para executar atividades típicas da administração pública, que
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira
descentralizada”.

Doutrinariamente, é interessante o conceito formulado pela professora


Maria Sylvia Zanella Di Pietro, para quem autarquia é uma “pessoa jurídica de
Direito Público, criada por lei, com capacidade de autoadministração, para o
desempenho de serviço público descentralizado, mediante controle
administrativo exercido nos limites da lei”.

As autarquias se caracterizam por serem um “braço” do próprio Estado,


sendo as primeiras entidades administrativas a quem foram transferidas a
titularidade e a execução de atividades administrativas específicas.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: Caso você


encontre a expressão “função típica de Estado” ou “função típica do Poder
Público” em uma questão de prova sobre Administração Indireta, provavelmente
a resposta estará relacionada com a autarquia. Moleza!

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2.1.2. Natureza jurídica

As autarquias possuem personalidade jurídica de Direito Público,


podendo contrair direitos e obrigações em nome próprio, pois são entidades
distintas daquelas responsáveis pela sua criação.

Exemplo: O IBAMA, que é uma autarquia federal, foi criado pela


União, mediante lei específica, para o exercício do poder de polícia
administrativa na área ambiental. Entretanto, o IBAMA possui personalidade
jurídica própria, distinta da União e, portanto, deve atuar de maneira autônoma
no exercício de suas funções administrativas. O mesmo ocorre com o BANCO
CENTRAL, que também é uma autarquia federal e, portanto, possui
personalidade jurídica distinta da União.

A personalidade jurídica de Direito Público, atribuída às autarquias, é


consequência direta dos fins e atividades administrativas que ficam sob a sua
responsabilidade. Em regra, como exercem funções típicas de Estado, nada mais
coerente do que atribuir às autarquias todas as “prerrogativas” provenientes
do regime jurídico-administrativo, assim como acontece com as entidades
estatais (que também são regidas pelo Direito Público).

No mesmo sentido, como consequência da autonomia e independência


autárquica, é perfeitamente possível que a União, por exemplo, ajuíze uma ação
judicial em face do IBAMA, ou vice e versa, pois ambas as entidades têm
personalidade jurídica própria.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: Para os fins do


Decreto-Lei nº 200/67, autarquia é o serviço autônomo, criado por lei, com
personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades
típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor
funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada
(FCC/Analista Judiciário TRT 14ª Região/2011).

2.1.3. Criação e extinção

Nos termos do inciso XIX, artigo 37, da Constituição Federal de 1988,


somente por lei específica, poderá ser criada uma autarquia, seja ela federal,
estadual, municipal ou distrital.

A personalidade jurídica de uma autarquia tem início com a vigência da


lei responsável pela sua criação, contrariamente ao que ocorre em relação às
pessoas jurídicas de Direito Privado, que são regidas pelas regras constantes no
artigo 42 do Código Civil Brasileiro, que assim dispõe:

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Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de Direito Privado
com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no
registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.

A capacidade da autarquia para contrair direitos e obrigações em nome


próprio independe do registro de seus atos constitutivos perante os órgãos
competentes. A sua existência legal terá início com a publicação do texto da
lei criadora no Diário Oficial, que assegurará o início de sua vigência e, ainda,
da personalidade jurídica da autarquia.

Em regra, a iniciativa legislativa para a criação de autarquias é privativa


do Chefe do Executivo (artigo 61, § 1º, II, “e”, da CF/88), em todos os níveis
federativos (União, Estados, Municípios e Distrito Federal).

Depois de criada por lei, está autorizado o Chefe do Poder Executivo a


editar decretos que tenham por objetivo organizar e estruturar o funcionamento
da autarquia. O Presidente da República, por exemplo, poderá editar um decreto
com a finalidade de aprovar o regimento interno ou o estatuto de uma autarquia
recém-criada.

Analisando-se o texto do artigo 37, caput, da CF/88, conclui-se ser possível


a criação de autarquias vinculadas ao Poder Judiciário e, ainda, ao Poder
Legislativo. Nesses casos, a apresentação do projeto de lei de criação dependeria
de cada Poder específico, e não do Chefe do Executivo.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...]

Como exemplo de autarquia vinculada ao Poder Judiciário, podemos


citar o Instituto Pedro Ribeiro de Administração Judiciária – IPRAJ, criada junto
ao Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (através da Lei Estadual nº
4.348/84), com o objetivo de “planejar, coordenar, dirigir, executar e controlar
as atividades de apoio administrativo em matéria financeira, de pessoal, de
suprimento, de desenvolvimento de recursos humanos e organizacionais,
assistência e previdência social do Tribunal”.

Assim, apesar de o Conselho Nacional de Justiça - CNJ, em decisão


proferida no processo administrativo nº 337.015, ter sido contrário à existência
de autarquia vinculada ao Poder Judiciário, constata-se que, em tese, é possível
a criação de tais entidades vinculadas ao Poder Judiciário e Legislativo (análise
extraída do artigo 37 da CF/88).

Em respeito ao princípio do paralelismo das formas, como se exige lei


específica para criação de autarquia, da mesma forma, exige-se lei específica
para a sua extinção. Desse modo, uma autarquia jamais poderá ser extinta por
Decreto editado pelo Chefe do Executivo, pois não foi criada por Decreto, mas
sim por lei específica.
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Para que você consiga visualizar o processo de criação de uma autarquia,
basta efetuar uma leitura do artigo 2º da Lei 7.735/89, alterado pela lei
11.516/07, que criou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis – IBAMA:

“Art. 2º É criado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais


Renováveis – IBAMA, autarquia federal dotada de personalidade jurídica de
Direito Público, autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do
Meio Ambiente, com a finalidade de:

I - exercer o poder de polícia ambiental;

II - executar ações das políticas nacionais de meio ambiente, referentes às


atribuições federais, relativas ao licenciamento ambiental, ao controle da
qualidade ambiental, à autorização de uso dos recursos naturais e à fiscalização,
ao monitoramento e ao controle ambiental, observadas as diretrizes emanadas do
Ministério do Meio Ambiente; e (Incluído pela Lei nº. 11.516, 2007).

III - executar as ações supletivas de competência da União, de conformidade com


a legislação ambiental vigente”.

2.1.4. Responsabilidade civil perante terceiros

As autarquias responderão objetivamente pelos danos que seus agentes,


nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa, nos termos do § 6º, artigo 37,
da Constituição Federal de 1988.

Como as autarquias possuem personalidade jurídica própria, respondem


civilmente pelos danos que seus agentes, no exercício de função pública,
causarem a terceiros. O ente estatal responsável pela criação da autarquia
somente será acionado para cumprir a obrigação quando a autarquia
tornar-se inadimplente.

Entende a doutrina majoritária que os entes estatais respondem


subsidiariamente pelos danos a terceiros causados em virtude de ações ou
omissões de agentes das autarquias. O ente criador (União, Estados, Municípios
e DF) somente pode ser acionado após a exaustão dos recursos financeiros da
autarquia e, portanto, não é correto falar-se em responsabilidade solidária, mas
sim subsidiária, já que as autarquias possuem personalidade jurídica e
patrimônio próprios,

Somente se a autarquia não possuir recursos financeiros suficientes


para cobrir os prejuízos causados a terceiros é que o ente estatal poderá ser
acionado, subsidiariamente.

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2.1.5. Patrimônio

O patrimônio de uma autarquia é constituído por bens móveis e imóveis,


que são considerados integralmente bens públicos, não existindo participação
da iniciativa privada em sua constituição.

Nos termos do artigo 98 do Código Civil, “são públicos os bens do domínio


nacional pertencentes às pessoas jurídicas de Direito Público interno; todos os
outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencem”.

Pergunta: Professor, como esses bens móveis e imóveis passam a


integrar o patrimônio de uma autarquia?

Esses bens podem ser transferidos através da própria lei responsável pela
criação da autarquia ou, ainda, através de lei posterior, que irá agregar novos
bens ao patrimônio original.

Exemplo: No momento da criação do IBAMA, a própria Lei 7.735/89, em


seu artigo 4º, declarou expressamente que os bens que iriam integrar o
patrimônio inicial da entidade seriam provenientes de outras entidades extintas.

“Art. 4º O patrimônio, os recursos orçamentários, extra-orçamentários e


financeiros, a competência, as atribuições, o pessoal, inclusive inativos e
pensionistas, os cargos, funções e empregos da Superintendência da
Borracha - SUDHEVEA e do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Florestal - IBDF, extintos pela Lei nº. 7.732, de 14 de fevereiro de 1989,
bem assim os da Superintendência do Desenvolvimento da Pesca - SUDEPE
e da Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA são transferidos para
o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis, que os sucederá, ainda, nos direitos, créditos e obrigações,
decorrentes de lei, ato administrativo ou contrato, inclusive nas
respectivas receitas”.

Como os bens integrantes do patrimônio das autarquias são considerados


públicos, gozam das mesmas prerrogativas asseguradas aos bens
pertencentes às entidades da Administração Direta: a imprescritibilidade (não
podem ser objeto de ações de usucapião apresentadas por terceiros), a
alienabilidade condicionada (apenas os bens dominicais podem ser alienados
e desde que cumpridas todas as exigências legais) e a impenhorabilidade (não
podem ser penhorados para garantir o pagamento de créditos de terceiros).

2.1.6. Regime de pessoal

Ao analisarmos o regime de pessoal das autarquias, é necessário e


imprescindível diferenciarmos duas espécies de agentes: os servidores
públicos e os seus dirigentes.

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a) Servidores Públicos

O texto original do artigo 39 da Constituição Federal de 1988 estabelecia


que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deveriam estabelecer,
no âmbito de sua competência, regime jurídico único (apenas estatutário,
celetista ou outro regime legal) para os servidores da administração pública
direta, das autarquias e das fundações públicas.

Na esfera federal, decidiu-se adotar o regime estatutário (Lei 8.112/90)


para todos os servidores públicos federais vinculados à União, seus respectivos
órgãos, autarquias e fundações públicas de Direito Público.

Entretanto, em 04 de junho de 1998, foi promulgada a emenda


constitucional nº. 19, que acabou com a obrigatoriedade de um regime jurídico
único para todos os servidores públicos.

A partir de então, o regime jurídico das referidas entidades e órgãos


públicos poderia ser estatutário ou celetista (nos termos da CLT), ou, ainda,
qualquer outro previsto em lei. Em tese, seria possível então que uma autarquia
federal, por exemplo, tivesse em seu quadro uma parte de servidores regidos por
estatuto (Lei 8.112/90) e outra parte regida pela CLT.

Todavia, no dia 02 de agosto de 2007, o Plenário do Supremo Tribunal


Federal deferiu medida cautelar na ADIn nº. 2.135, para declarar inconstitucional
a nova redação dada pela EC nº. 19/98 ao caput do artigo 39 da CF, sob a
alegação de que a alteração do referido artigo não teria sido aprovada pelo
processo legislativo previsto no texto constitucional (quórum favorável de, no
mínimo, 3/5 dos membros das duas Casas do Congresso Nacional, em dois
turnos de votação, como exige o art. 60, §2º, da CF/88).

Segundo os partidos que apresentaram a ADIn 2.135 (PT, PDT, PCdoB e


PSB), a alteração do texto do artigo 39 da CF somente teria sido aprovada no
Senado, sem a manifestação obrigatória da Câmara dos Deputados.

Sendo assim, com a suspensão, pelo STF, da alteração que havia sido
efetuada pela emenda constitucional nº 19, voltou a vigorar no Brasil o famoso
regime jurídico único.

A alteração efetuada pela EC nº. 19/98 (fim do regime jurídico único) no


artigo 39 da CF/88 foi suspensa liminarmente pelo Supremo Tribunal Federal e,
portanto, as autarquias federais atualmente só podem contratar servidores
públicos pelo regime estatutário (Lei 8.112/90), pelo menos até a decisão
final de mérito na ADIn 2.135.

Atenção: As sociedades de economia mista e as empresas públicas


não foram afetadas pelas modificações citadas neste tópico, pois os seus
empregados sempre foram regidos exclusivamente pelo regime celetista,
conforme veremos adiante.

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b) Dirigentes

Além dos servidores públicos, ainda fazem parte do quadro de pessoal das
autarquias os seus respectivos dirigentes, que serão escolhidos na forma da lei
instituidora ou dos respectivos estatutos.

Em regra, os dirigentes das autarquias ocupam cargos em comissão


(também denominados cargos de confiança), nos termos do inciso II, artigo
37, da CF/1988, e a competência para efetuar tanto a nomeação quanto a
exoneração é do Presidente da República (artigo 84, XXV, da CF/1988).

Da mesma forma e em respeito ao princípio da simetria (que determina


que as entidades federativas estaduais, municipais e distrital, ao organizarem
suas constituições estaduais e leis orgânicas, devem obediência às normas de
organização previstas na Constituição Federal), tal competência também será
assegurada aos Governadores dos Estados, do DF e aos Prefeitos, em suas
respectivas esferas de atuação.

Existem casos específicos em que a própria Constituição Federal afastou a


discricionariedade do Presidente da República para a nomeação dos dirigentes de
autarquias, como acontece, por exemplo, no inciso XIV, do artigo 84, que
condiciona a nomeação dos diretores e presidente do Banco Central (autarquia
federal) à aprovação prévia do Senado Federal.

O Supremo Tribunal Federal já declarou ser constitucional a exigência


legal que condiciona a nomeação de dirigentes de autarquias e demais entidades
administrativas regidas pelo Direito Público, pelo Chefe do Executivo, à prévia
aprovação do Poder Legislativo respectivo.

Todavia, é inconstitucional a lei que estabeleça a necessidade de


aprovação prévia pelo Legislativo das nomeações de dirigentes para as
empresas públicas e sociedades de economia mista efetuadas pelo Chefe
do Executivo (ADI 1.642/MG).

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: Apesar de ser


possível a exigência legal de aprovação prévia do Legislativo para a nomeação
de dirigentes das autarquias e fundações públicas, o Supremo Tribunal Federal
considera inconstitucional qualquer tipo de lei que condicione a exoneração
dos dirigentes das autarquias, pelo chefe de Poder Executivo, à prévia aprovação
do poder Legislativo, pois caracterizaria uma violação ao princípio da separação
dos Poderes.

2.1.7. Privilégios processuais

Em função de serem regidas pelo direito público, as autarquias gozarão


dos mesmos “privilégios” processuais outorgados à Fazenda Pública (entidades
da Administração Direta). Dentre eles podemos citar:

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1) Prazo em quádruplo para contestar uma ação em dobro para
recorrer, nos termos do artigo 188 do Código de Processo Civil.

2) Dispensa de apresentação, por seus procuradores, do instrumento de


mandato (procuração) para atuar em juízo, nos termos da Súmula 644 do
Supremo Tribunal Federal:

Súmula 644 – Ao procurador autárquico não é exigível a apresentação de


instrumento de mandato para representá-lo em juízo.

3) Não sujeição ao concurso de credores ou à habilitação de crédito em


falência, concordata ou inventário, para cobrança de seus créditos, salvo
para estabelecimento de preferência entre as diversas Fazendas Públicas;

4) Pagamento de custas judiciais apenas ao término da ação judicial,


quando vencidas, nos termos do artigo 27 do Código de Processo Civil;

5) A sentença proferida contra tais entidades, ou a que julgar procedentes,


no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa, está sujeita
ao duplo grau de jurisdição obrigatório e, portanto, somente produzirá
efeitos jurídicos após ter sido confirmada pelo tribunal, nos termos dos
incisos I e II do artigo 475 do CPC, salvo:

a) quando a decisão contrária à Autarquia for de valor igual ou


inferior a 60 (sessenta) salários mínimos;

b) quando a sentença for fundamentada em jurisprudência do


plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal
ou de Tribunal Superior.

2.1.8. Imunidade tributária

Nos termos do artigo 150, VI, “a”, da Constituição Federal de 1988, “é


vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir
impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros” e, por força do
§ 2º do mesmo artigo 150, a vedação se estende “às autarquias e às fundações
instituídas e mantidas pelo poder público, no que se refere ao patrimônio, à
renda e aos serviços vinculados às suas finalidades essenciais ou às delas
decorrentes”.

É importante esclarecer que a imunidade tributária, prevista no artigo


150, VI, “a”, da CF/88, não se aplica de forma plena às autarquias. A
imunidade tributária somente irá incidir sobre o patrimônio, a renda e os
serviços das autarquias que estejam vinculados às suas finalidades
essenciais ou às que delas decorram.

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Exemplo: O IBAMA, que é autarquia federal, não está obrigado a pagar
IPTU relativo a imóvel integrante de seu patrimônio e que é utilizado como sede
de suas atividades administrativas (finalidade essencial). Todavia, se o
IBAMA possui imóvel que esteja desocupado e decide alugá-lo, será exigido o
pagamento do IPTU, pois, nesse caso, o bem não estará sendo utilizado para a
satisfação de suas finalidades essenciais.

Para que você não seja surpreendido nas provas, lembre-se sempre de que
a imunidade tributária não alcança todas as espécies de tributo, como as taxas e
as contribuições de melhoria, mas apenas os impostos, que são espécies do
gênero tributo.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: As autarquias


gozam de imunidade de impostos sobre seu patrimônio, renda e serviços
vinculados às suas finalidades essenciais ou delas decorrentes (FCC/Analista
Judiciário TRT 7ª Região/2009).

2.1.9. Prescrição quinquenal

Todos aqueles que possuem créditos a receber de autarquias deverão


promover a cobrança no prazo máximo de 05 (cinco) anos, sob pena de
prescrição (não poder mais exigi-lo). O referido prazo consta expressamente no
Decreto Federal 20.910/32, que foi estendido às autarquias pelo Decreto-Lei
4.597/42.

2.1.10. Foro judicial

Nos termos do inc. I, artigo 109, da Constituição Federal de 1988, as


causas em que entidade autárquica federal for interessada na condição de
autora, ré, assistente ou oponente, exceto as de falência, as de acidentes de
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho, tramitarão na
justiça federal. Entretanto, nos casos de autarquias estaduais ou municipais,
as causas deverão tramitar na justiça estadual.

Da mesma forma, nos termos do inciso VIII, artigo 109, da CF/1988, os


mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal
(dirigentes de autarquias, por exemplo), excetuados os casos de competência
dos tribunais federais, também serão propostos na justiça federal de 1ª
instância.

No momento, os servidores das autarquias somente podem vincular-se à


entidade pelo regime jurídico estatutário, pois o Supremo Tribunal Federal
restabeleceu a obrigatoriedade do regime jurídico único. Contudo, entre 04
de junho de 1998 (promulgação da EC 19) e 02 de agosto de 2007 (data na

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qual o STF concedeu medida cautelar para restituir o regime jurídico único), as
autarquias puderam contratar agentes públicos tanto pelo regime estatutário
quanto celetista.

Assim, caso os servidores estatutários de uma autarquia federal


necessitem recorrer ao judiciário para exigir o pagamento de alguma verba
remuneratória (horas extraordinárias, por exemplo), deverão acionar a justiça
federal. Por outro lado, caso os agentes autárquicos sejam regidos pela CLT
(contratados no período em que havia sido extinto o regime jurídico único) e
desejam exigir o pagamento de horas extraordinárias não recebidas, deverão
acionar a justiça trabalhista.

Deve ficar bem claro que a competência judicial para processamento e


julgamento das ações propostas pelos servidores públicos, em face da
Administração, está intimamente relacionada com o regime jurídico adotado.
Caso o regime jurídico adotado seja o celetista (empregados públicos), a ação
judicial pleiteando adicional de insalubridade, por exemplo, deverá ser proposta
na justiça trabalhista. Do contrário, caso o regime seja estatutário (Lei 8.112/90,
por exemplo), a ação deverá ser proposta na justiça federal comum de 1ª
instância.

2.1.11. Controle finalístico

As entidades autárquicas não estão subordinadas às entidades políticas


responsáveis pela respectiva criação, mas apenas vinculadas. As entidades
criadoras, da Administração Direta, exercem sobre as autarquias apenas o
denominado “controle finalístico” ou “supervisão ministerial” (essa última
denominação é utilizada apenas no âmbito federal, já que não temos Ministérios
no âmbito estadual e municipal, mas apenas Secretarias).

Pergunta: Professor, o que seria essa tal de supervisão ministerial?

Primeiramente, é necessário esclarecer que as autarquias possuem


autonomia administrativa, ou seja, capacidade de autoadministração segundo as
regras constantes da lei responsável pela sua criação.

Em virtude dessa autonomia administrativa, as autarquias não estão


subordinadas às entidades da Administração Direta, mas somente vinculadas a
um Ministério (na esfera federal) responsável pela sua área de atuação.

Nos termos do artigo 26 do Decreto-Lei 200/67, os Ministérios ficarão


responsáveis por exercer uma supervisão, um controle finalístico sobre as
autarquias, visando assegurar, essencialmente, a realização dos objetivos
fixados nos atos de constituição da entidade. Trata-se de uma supervisão
(fiscalização) geral com o objetivo de verificar se as autarquias realmente estão
cumprindo as suas respectivas finalidades legais.

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Exemplo: O INSS está vinculado, mas não subordinado ao Ministério da
Previdência Social; o IBAMA está vinculado ao Ministério do Meio Ambiente; o
Banco Central e a CVM estão vinculados ao Ministério da Fazenda; o INCRA está
vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, etc.

2.1.12. Licitação e concurso público

Apenas para que não reste qualquer dúvida, as autarquias estão obrigadas
a licitar previamente a contratação de obras, serviços, compras e alienações, nos
termos do inciso XXI, do artigo 37, da CF/1988. Nos mesmos moldes, as
autarquias também estão obrigadas a realizar concurso público para a seleção de
novos servidores para o seu quadro de pessoal, nos termos do inciso II, artigo
37, da CF/1988.

2.1.13. Autarquias em regime especial

Em nosso ordenamento jurídico, algumas autarquias passaram a receber


um tratamento especial do legislador em virtude de possuírem prerrogativas
peculiares e, portanto, passaram a ser denominadas “autarquias especiais”.

Como exemplos dessas autarquias em regime especial, podemos citar as


Universidades Públicas Federais que, em razão de o artigo 207 da CF/88
assegurar-lhes autonomia didática, científica, administrativa e de gestão
financeira e patrimonial, acabaram recebendo o título de “especiais”.

As agências reguladoras também são exemplos de autarquias em


regime especial e, por sinal, a Fundação Carlos Chagas adora cobrar questões
sobre o tema. Todavia, somente no próximo módulo iremos conhecer as
características básicas das agências reguladoras e outras espécies de
autarquias, como as agências executivas.

2.1.14. Autarquias profissionais

Apesar de não serem comuns questões em provas sobre o tema, é


importante que você saiba que os conselhos profissionais (Conselho Federal
de Farmácia, Conselho Regional de Enfermagem, Conselho Federal de
Contabilidade, entre outros) possuem a natureza jurídica de autarquias e,
portanto, são regidos pelo Direito Público.

Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal Federal no julgamento da


ADI 1.717-DF, em 22/09/1999, ao reconhecer que o serviço de fiscalização de
profissões constitui atividade típica de Estado, fundamentando o exercício do
poder de polícia e a aplicação de penalidades aos profissionais que
desrespeitarem os preceitos legais normatizadores de cada profissão.

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Nos termos do § 3º, artigo 58, da Lei 9.649/98, os empregados dos
conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas são regidos pela
legislação trabalhista, sendo necessária a realização de concurso público
para o provimento de seu quadro de pessoal.

Outro ponto importante e que merece destaque é a natureza jurídica sui


generis da Ordem dos Advogados do Brasil, que não pode ser confundida com
os demais conselhos profissionais (assim se manifestou o Superior Tribunal de
Justiça no julgamento do EREsp nº 503.252/SC, em 25/08/2004).

No julgamento da ADI nº 3.026-4/DF, o Supremo Tribunal Federal


declarou, entre outros, que:

1º) a OAB não se sujeita aos ditames impostos pela Administração Pública
Direta e Indireta;

2º) a OAB não integra a Administração Indireta da União;

3º) a OAB é um serviço público independente;

4º) a OAB não é uma autarquia em regime especial;

5º) a OAB não está sujeita ao controle da Administração Pública;

6º) a OAB não precisa realizar concurso público para a contratação de seus
empregados;

7º) a OAB é uma categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas do


Direito brasileiro.

2.2. Fundações Públicas

2.2.1. Aspectos gerais

Para fins de concursos públicos, é possível citar três espécies básicas de


fundações: fundações privadas; fundações públicas de Direito Privado e
fundações públicas de Direito Público.

As fundações são figuras jurídicas originárias do Direito Privado,


constituídas pela atribuição de personalidade jurídica a um patrimônio
preordenado a um fim social. É tão grande a importância do patrimônio em
uma fundação que, frequentemente, você encontra questões de concursos
“apelidando-as” de patrimônio personificado.

Nos termos do Código Civil, para criar uma fundação privada o seu
instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens
livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira

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de administrá-la. A fundação privada somente poderá constituir-se para fins
religiosos, morais, culturais ou de assistência.

Tornando-se ilícita, impossível ou inútil à finalidade a que visa a fundação


ou, vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público (que é o
responsável por zelar pelas fundações privadas) ou qualquer interessado lhe
promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em
contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, a outra fundação, designada pelo
juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.

Como exemplos de fundações privadas, podemos citar a Fundação Roberto


Marinho, Fundação Bradesco, Fundação Ayrton Senna, Fundação Abrinq, entre
outras. Entretanto, para concursos públicos, o nosso foco serão as fundações
públicas.

2.2.2. Natureza jurídica

Fundações Públicas são entidades dotadas de personalidade jurídica de


Direito Público ou Privado, sem fins lucrativos, criadas por lei (Direito
Público) ou em virtude de autorização legislativa (Direito Privado) para o
desenvolvimento de atividades de interesse público, como educação, cultura,
saúde e pesquisa, sendo regulamentadas por decreto do Chefe do Executivo.

Para responder às questões elaboradas pela Fundação Carlos Chagas, é


necessário que você saiba que as fundações públicas podem ser regidas pelo
Direito Público ou pelo Direito Privado, bem como as consequências da
adoção de cada regime.

Apesar de o tema ser constante em provas de concursos públicos e de o


próprio Supremo Tribunal Federal já ter se manifestado pela existência das duas
espécies de fundações públicas (julgamento do recurso extraordinário nº.
101.126/RJ), ainda é grande a divergência na doutrina. Entretanto, como o
nosso objetivo é ingressar no serviço público, vamos adotar o posicionamento do
STF.

Até a promulgação da emenda constitucional nº. 19, que alterou o artigo


37, XIX, da CF/1988, as fundações públicas não podiam ter a criação
autorizada por lei específica, somente podiam ser criadas por lei específica. O
texto anterior era o seguinte:

“XIX - somente por lei específica poderão ser criadas empresas públicas,
sociedades de economia mista, autarquias ou fundações públicas”.

Entretanto, com a promulgação da EC nº.19/98, o inciso XIX do artigo 37


passou a vigorar com seguinte teor:

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XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada
a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas
de sua atuação.

Nesse contexto, é possível concluir que as fundações públicas de Direito


Público são criadas por lei específica e, segundo o entendimento do Supremo
Tribunal Federal, seriam uma espécie de autarquia, gozando de todas as
prerrogativas atribuídas a essa entidade administrativa. Quando regidas pelo
Direito Público, as fundações públicas são usualmente denominadas de
“autarquia fundacional” ou “fundação autárquica”.

Por outro lado, as fundações públicas de Direito Privado têm a criação


autorizada por lei e, portanto, não podem ser consideradas espécies de
autarquias (pelo menos esse é o entendimento da doutrina majoritária). As
fundações públicas de Direito Privado são criadas nos moldes do art. 37, XIX, da
CF, por decreto do Chefe do Poder Executivo após autorização concedida por
lei específica, que deverá ser registrada nos órgãos competentes para que se
tenha início a personalidade jurídica.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: As fundações


instituídas ou mantidas pelo poder público têm natureza de autarquia
(FCC/Executivo Público Casa Civil/2010).

Na questão acima, aplicada pela Fundação Carlos Chagas no ano de 2010,


a banca não deixou claro se a fundação pública foi instituída com personalidade
jurídica de direito público ou direito privado, o que acabou complicando a
interpretação por parte dos candidatos. Como a assertiva foi considerada
correta, aconselho que você assimile o respectivo conteúdo e a considere
novamente correta caso venha a encontrá-la em provas futuras.

Como exemplos de fundações públicas de Direito Público, podemos citar


a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), a Fundação Nacional do Índio (FUNAI),
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Fundação Universidade
de Brasília (UNB), a Fundação Oswaldo Cruz, entre outras.

Em relação às fundações públicas de Direito Privado, podemos citar o


Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a
Fundação Joaquim Nabuco (FUNDAJ) e a Fundação Cultural Palmares.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: As fundações são


normalmente dotadas de personalidade jurídica de direito privado, podendo, a
critério do ente instituidor, assumir personalidade de direito público
(FCC/Executivo Público Casa Civil/2010).

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2.2.3 Características das fundações públicas de Direito Privado

O regime de Direito Privado é a regra para as fundações públicas de


Direito Privado, sejam elas federais, estaduais, municipais ou distritais.
Entretanto, também é correto afirmar que são regidas por um regime jurídico
híbrido, pois a elas se aplicam também alguns preceitos do Direito Público,
como passaremos a elencar:

1ª) Controle Finalístico: estão sujeitas ao controle, fiscalização e gestão


financeira pelos Tribunais de Contas (artigo 71, II e III, da CF/88) e ainda, nos
termos do inciso X, artigo 49, da CF/1988, à fiscalização do Congresso Nacional.
Ademais, é válido esclarecer ainda que as fundações públicas de Direito Privado
estão sujeitas ao controle finalístico, também denominado de supervisão
ministerial;

2º) Licitação: independentemente da natureza jurídica da fundação


governamental, seja de Direito Público ou de Direito Privado, existe a
obrigatoriedade de submissão às regras licitatórias previstas no inciso XXI,
artigo 37, da CF/1988;

3º) Responsabilidade civil: se estiver incumbida da prestação de


serviços públicos responderão objetivamente pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros;

4º) Patrimônio: é constituído por bens móveis, imóveis, valores e


direitos adquiridos em razão de doações terceiros, receitas da própria entidade
ou, ainda, em razão de cessão gratuita de bens públicos, mediante lei. O
entendimento doutrinário majoritário é no sentido de que os bens integrantes do
patrimônio das fundações públicas de Direito Privado não podem ser
considerados bens públicos e, portanto, são penhoráveis e suscetíveis de
usucapião.

5º) Regime de pessoal: apesar de serem regidas pelo Direito Privado,


existe consenso entre os doutrinadores de que será necessária a realização de
concurso público para a contratação de seus agentes públicos. Entretanto, os
seus agentes serão regidos pelo regime contratual, ou seja, celetista.

6º) Foro judicial: como o inciso I, do artigo 109, da Constituição Federal,


não diferenciou as fundações públicas regidas pelo Direito Público das fundações
públicas regidas pelo Direito Privado, predomina o entendimento de que ambas
possuem prerrogativa de foro na Justiça Federal, quando forem instituídas pela
União. Esse pelo menos é o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça, que
já se pronunciou nesses termos no julgamento do Conflito de Competência
37681/SC e 39431/PE.

7º) Imunidade tributária recíproca: aplicam-se às fundações públicas


regidas pelo Direito Privado as regras estabelecidas no § 2º, artigo 150, da

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CF/1988, gozando de imunidade em relação ao pagamento de impostos sobre
os seus bens, serviços e rendas, quando vinculados às atividades fins.

Assim, para responder às questões de concursos públicos, tenha sempre


em mente que as fundações públicas de Direito Público são espécies de
autarquias, e, portanto, gozam das mesmas prerrogativas destas. Por outro
lado, as fundações públicas de Direito Privado não gozam de todas as
prerrogativas das autarquias, mas somente aquelas que foram elencadas acima.

2.3. Empresas públicas e sociedades de economia mista

2.3.1. Noções gerais

Apesar de as empresas públicas e sociedades de economia mista


possuírem algumas características distintas, estudaremos as duas
conjuntamente, o que facilitará bastante a assimilação das informações. De
início, analisaremos as características comuns e, posteriormente, os tópicos que
as distinguem.

Primeiramente, é válido esclarecer que são várias as expressões utilizadas


pelas bancas examinadoras ao se referirem às empresas públicas e sociedades
de economia mista: “empresas paraestatais”, “empresas governamentais”,
“empresas estatais”, entre outras.

O professor Hely Lopes Meirelles informa que “empresas paraestatais são


pessoas jurídicas de Direito Privado, autorizadas por lei, a prestar serviços ou
realizar atividades de interesse coletivo, mas não exclusivos do Estado”.

Analisando-se o conceito do saudoso professor, percebe-se que ele não


alcança as empresas públicas e sociedades de economia mista, mas sim
entidades que atuam paralelamente ao Estado, a exemplo das OSCIP´s, OS´s
e Serviços Sociais Autônomos.

Tenha muito cuidado para não confundir as expressões “empresas


estatais” com “empresas paraestatais”. Na primeira, é possível incluir as
empresas públicas e sociedades de economia mista, pois ambas são “empresas”
do Estado. Na segunda, isso já não é possível, pois estaríamos nos referindo a
empresas que atuam “paralelamente” ao Estado, mas não integrando a sua
estrutura.

2.3.2. Classificação

As empresas públicas e sociedades de economia mista são pessoas


jurídicas de Direito Privado, instituídas pelo Estado para a exploração de
atividade econômica ou prestação de serviços públicos, sendo possível
classificá-las sob dois critérios:

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1º) Dependência financeira: a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei
Complementar 101/00) utiliza-se do critério da dependência financeira para
diferenciar as entidades integrantes da Administração Indireta. Nos termos do
inciso III do artigo 2º, empresa estatal dependente é aquela que recebe do
ente controlador (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) recursos
financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou
de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de
participação acionária.

Por outro lado, empresa estatal independente é aquela que consegue


se manter com recursos próprios e, portanto, não se sujeita integralmente à Lei
de Responsabilidade Fiscal, ao contrário das empresas estatais dependentes.

Esse critério também é utilizado para submeter ou não os empregados das


empresas estatais ao teto geral remuneratório previsto no inciso XI, artigo 37, da
CF/1988, que dispõe que o teto aplica-se somente “às empresas públicas e às
sociedades de economia mista e suas subsidiárias, que receberem recursos da
União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de
despesas de pessoal ou de custeio em geral”.

2º) Objeto de atuação (prestação de serviços públicos ou


exploração de atividade econômica): apesar de o texto constitucional
referir-se apenas às empresas estatais exploradoras de atividades econômicas
(§ 1º do artigo 173), é pacífico na doutrina o entendimento de que também
podem prestar serviços públicos.

a) Empresas estatais exploradoras de atividades econômicas: nos


termos do artigo 173 da CF/1988, o Estado somente está autorizado a explorar
atividades econômicas em duas situações excepcionais: quando necessária aos
imperativos de segurança nacional ou existir relevante interesse coletivo.

Em regra, a exploração de atividades econômicas deve ficar sob a


responsabilidade das empresas particulares e o Estado somente irá intervir nessa
seara supletivamente.

Como exemplos de entidades estatais exploradoras de atividades


econômicas, podemos citar o Banco do Brasil (sociedade de economia mista
federal), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social –
BNDES (empresa pública federal), a Caixa Econômica Federal (empresa
pública federal), o Banco do Nordeste do Brasil (sociedade de economia mista
federal) e a Petrobrás (sociedade de economia mista federal).

Ainda sobre o tema, outro ponto que merece destaque é a distinção entre
atividade econômica de “produção ou comercialização de bens” ou de “prestação
de serviços”.

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O § 1º, art. 173, da Constituição Federal de 1988, afirma claramente que a
exploração de atividade econômica poderá ocorrer através da “produção ou
comercialização de bens” ou ainda através da “prestação de serviços”. Em
relação à primeira hipótese, podemos citar como exemplo o caso da Petrobrás
(sociedade de economia mista federal), que realiza a produção e a
comercialização de produtos derivados do petróleo. Em relação à segunda
hipótese, podemos citar como exemplo a Caixa Econômica Federal (empresa
pública federal) e o Banco do Brasil (sociedade de economia mista federal), que
realizam a prestação de serviços bancários.

Atenção: O § 1º, art. 173, da Constituição Federal, refere-se aos serviços


que não são públicos, ou seja, àqueles que são explorados pelas empresas
privadas e que, somente quando estiver em risco a segurança nacional ou
existir relevante interesse coletivo, serão explorados pelo Estado. O serviço
bancário não é considerado um serviço público, muito pelo contrário,
caracteriza-se como atividade econômica.

b) Empresas estatais prestadoras de serviços públicos: além de


explorarem atividades econômicas, as empresas estatais também exercem
funções típicas de Estado, ou seja, prestam determinados serviços públicos
que são da competência das entidades integrantes da Administração direta.

Como exemplo de empresas estatais prestadoras de serviços públicos,


podemos citar a INFRAERO (empresa pública federal), os CORREIOS (empresa
pública federal), a Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU
(sociedade de economia mista federal), a Cia Energética de Minas Gerais –
CEMIG (sociedade de economia mista estadual), a Companhia de
Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba -
CODEVASF (empresa pública federal), entre outras.

2.3.3. Regime jurídico

Independentemente da atividade que exercerem (exploração de atividade


econômica ou prestação de serviços públicos) as empresas estatais serão
predominantemente regidas pelo Direito Privado. Entretanto, não é correto
afirmar que essas entidades são regidas exclusivamente pelo direito privado,
pois a elas também se aplicam regras do Direito Público, tais como a
obrigatoriedade de licitação para a contração de obras, bens e serviços e ainda
a necessidade de realização de concurso público para a contratação de seus
empregados.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: É característica


da sociedade de economia mista a derrogação parcial do regime de direito
privado por normas de direito público (FCC/Analista Judiciário TRT 23ª
Região/2011).

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O inc. II, § 1º, do artigo 173, da Constituição Federal, estabelece que
quando as empresas estatais explorarem atividades econômicas estarão
sujeitas ao regime próprio das empresas privadas, submetendo-se às mesmas
obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias.
Determina ainda § 2º do mesmo artigo que as referidas entidades não
poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às empresas privadas de sua
área de atuação, evitando-se, assim, uma possível concorrência desleal entre as
empresas governamentais e privadas.
Você consegue imaginar o tamanho do prejuízo que poderia ser causado
aos bancos privados caso a imunidade tributária recíproca também se
estendesse ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal? Esses bancos
simplesmente engoliriam o restante do mercado.

2.3.4. Criação e extinção


As empresas estatais são criadas após autorização concedida em lei
específica, nos termos do inciso XIX, artigo 37, da Constituição Federal, que
assim dispõe:
Art. 37. [...] XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e
de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de
sua atuação.

Além de autorização legal, para que a empresa estatal adquira


personalidade jurídica, será necessária ainda a edição de decreto pelo Chefe
do Executivo e o respectivo registro perante a Junta Comercial ou Cartório de
Registro de Pessoas Jurídicas, dependendo da forma jurídica adotada.
Não é a lei que confere existência jurídica às empresas estatais. Nos
termos do artigo 45 do Código Civil brasileiro, “a existência legal das pessoas
jurídicas de Direito Privado começa com a inscrição do ato constitutivo no
respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação
do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar
o ato constitutivo”.
Em respeito ao princípio da simetria, se foi exigida autorização legal para a
criação das empresas estatais, também será exigida autorização legal para a
respectiva extinção.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: Somente por Lei


Específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação
(FCC/Analista Judiciário TRE AL/2010).

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a) Criação de subsidiárias

Nos termos do inciso XX, artigo 37, da Constituição Federal, depende de


autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das empresas
estatais, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada.

Para a criação de subsidiárias, não existe a necessidade de lei específica,


mas somente autorização legislativa (qualquer espécie legislativa). Além
disso, nos termos constitucionais, a autorização legislativa tem que ser
concedida em cada caso, ou seja, a cada criação de uma nova subsidiária.

Contudo, apesar de o texto constitucional ser expresso ao afirmar a


necessidade de autorização legislativa para cada caso, o Supremo Tribunal
Federal, no julgamento da ADI 1649, decidiu que a autorização legislativa
específica para a criação de empresas subsidiárias é dispensável nos casos em
que a lei autorizativa de criação da sociedade de economia mista ou empresa
pública matriz também previu a eventual formação das subsidiárias.

"ADI 1649 / DF. EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.


LEI 9478/97. AUTORIZAÇÃO À PETROBRÁS PARA CONSTITUIR
SUBSIDIÁRIAS. OFENSA AOS ARTIGOS 2º E 37, XIX E XX, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INEXISTÊNCIA. ALEGAÇÃO IMPROCEDENTE.
1. A Lei 9478/97 não autorizou a instituição de empresa de economia mista, mas
sim a criação de subsidiárias distintas da sociedade-matriz, em consonância com
o inciso XX, e não com o XIX do artigo 37 da Constituição Federal. 2. É dispensável
a autorização legislativa para a criação de empresas subsidiárias, desde que haja
previsão para esse fim na própria lei que instituiu a empresa de economia mista
matriz, tendo em vista que a lei criadora é a própria medida autorizadora. Ação
direta de inconstitucionalidade julgada improcedente."

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: O entendimento


que deve prevalecer é o de que a autorização para a criação de subsidiárias pode
ser genérica (conforme o entendimento do STF) ou, ainda, que deve ser
concedida autorização legislativa em cada caso (quando a questão cobrar o
texto literal do inciso XX, artigo 37, da CF/1988).

2.3.5. Regime de pessoal

O quadro de pessoal encarregado de executar as atividades desenvolvidas


pelas empresas públicas e sociedades de economia mista será regido pela CLT
(regime celetista). O inciso II, § 1º, do artigo 173, da Constituição Federal,
estabelece que as empresas estatais que explorarem atividades econômicas
estarão sujeitas ao regime próprio das empresas privadas, inclusive na esfera
trabalhista.

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O quadro de pessoal da Petrobrás (sociedade de economia mista), por
exemplo, será regido pela CLT, assim como acontece com os empregados das
demais empresas privadas que atuam no mesmo setor econômico (Ipiranga,
Texaco etc.).

Como os empregados das empresas estatais são regidos pela CLT, é da


competência da justiça trabalhista decidir os conflitos relativos à relação de
emprego. Caso um empregado público do Banco do Brasil, por exemplo, queira
exigir judicialmente o pagamento de horas extraordinárias realizadas e não
recebidas, deverá acionar a Justiça do Trabalho, nos termos do artigo 114 da
Constituição Federal de 1988.

Apesar de ser adotado o regime celetista nas relações entre as empresas


estatais e os seus empregados, também incidem sobre essa relação diversas
normas provenientes do Direito Público, por isso a Fundação Carlos Chagas
costuma afirmar que sobre essas entidades incide um regime híbrido:

1º) A obrigatoriedade de realização de concurso público para a


contratação de empregados pelas empresas estatais;

2º) A proibição da acumulação de cargos e empregos públicos, nos


termos do inciso XVI, artigo 37, da CF/88;

3º) A submissão dos salários dos empregados públicos ao teto geral


remuneratório previsto no inciso XI, artigo 37, da CF/88, desde que as
empresas estatais recebam da entidade política criadora (União, Estados,
Municípios e Distrito Federal) recursos para pagamento de despesas de
pessoal ou de custeio em geral (§ 9º, artigo 37, da CF/88).

Apesar da exigência de aprovação em concurso público para ingresso nas


empresas estatais, é válido esclarecer que os empregados públicos não
possuem estabilidade, que é privativa dos servidores titulares de cargos
efetivos, nos termos do artigo 41 da Constituição Federal de 1988.

A dispensa dos empregados públicos das empresas públicas e das


sociedades de economia mista pode ocorrer sem necessidade de motivação
ou instauração de processo administrativo. Esse é o entendimento do Tribunal
Superior do Trabalho, nos termos da Orientação Jurisprudencial nº. 247 da
SDI-1, alterada pela resolução 143/07:

SERVIDOR PÚBLICO. CELETISTA CONCURSADO. DESPEDIDA


IMOTIVADA. EMPRESA PÚBLICA OU SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA.
POSSIBILIDADE.
1. A despedida de empregados de empresa pública e de sociedade de economia
mista, mesmo admitidos por concurso público, independe de ato motivado
para sua validade;
2. A validade do ato de despedida do empregado da Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos (ECT) está condicionada à motivação, por gozar a

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empresa do mesmo tratamento destinado à Fazenda Pública em relação à
imunidade tributária e à execução por precatório, além das prerrogativas de foro,
prazos e custas processuais.

Como é possível perceber, a regra geral é a de que os empregados de


empresas públicas e sociedades de economia mista podem ser dispensados
(demitidos) independentemente de motivação, o que não se aplica aos
empregados da ECT, já que esta goza de todas as prerrogativas e sujeições
inerentes à Fazenda Pública (entidades de Direito Público) e, portanto, está
obrigada a submeter-se aos princípios gerais da Administração, inclusive o da
motivação de seus atos.

2.3.6. Licitação

O inciso III, § 1º, artigo 173, da CF/88, afirma expressamente que a lei
estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de
economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de
produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo
sobre licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações,
observados os princípios da administração pública.

Analisando-se o referido dispositivo, conclui-se que o próprio texto


constitucional estabelece a necessidade de criação de um regime licitatório
específico para as empresas estatais exploradoras de atividade econômica,
que se dará nos termos da lei.

A criação desse novo regime certamente tornará mais simplificado o


processo licitatório, aumentando a competitividade e a eficiência das empresas
públicas e sociedades de economia mista.

É importante destacar que o citado dispositivo constitucional não se refere


às empresas estatais prestadoras de serviços públicos, mas somente
àquelas que exploram atividades econômicas. Diante desse contexto, surge
a seguinte dúvida: as empresas estatais prestadoras de serviços públicos estão
obrigadas a realizar licitação para a contratação de obras, bens e serviços?

Certamente. Apesar de o texto constitucional não mencioná-las, é válido


esclarecer que as empresas estatais prestadoras de serviços públicos exercem
atividades típicas de Estado, assim como os órgãos da Administração Direta
federal, estadual, municipal e distrital, bem como as autarquias e fundações
públicas. Assim, também se submetem às regras do inciso XXI, artigo 37, da
CF/1988, que apresenta como obrigatória a realização de licitação.

Diante de tudo o que foi apresentado, é possível concluir que a lei deverá
criar um estatuto licitatório próprio para as empresas estatais exploradoras de
atividade econômica. Todavia, enquanto o referido estatuto não for criado,

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aplicam-se a essas entidades as regras da lei geral de Licitações (Lei
8.666/93).

Pergunta: As empresas estatais prestadoras de serviços públicos também


se submetem à Lei 8.666/93? Sim, pois exercem atividades tipicamente estatais.

2.3.7. Imunidade tributária

Empresa estatal que explora atividade econômica atua no mercado


competindo diretamente com empresas privadas e, portanto, não pode gozar
de privilégios tributários que não sejam assegurados também aos particulares,
sob pena de caracterização de concorrência desleal.

O § 2º, artigo 150, da CF/1988, estende a imunidade de pagamento de


impostos sobre os seus bens, rendas e serviços somente às autarquias e
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, além, é claro, das entidades
políticas criadoras (União, Estados, Municípios e Distrito Federal).

Em relação às empresas estatais prestadoras de serviços públicos o


entendimento é um pouco diferente. Para fins de concursos públicos, é
conveniente que adotemos o entendimento do professor José dos Santos
Carvalho Filho, segundo o qual as empresas públicas e as sociedades de
economia mista, que executam “serviço público monopolizado”, poderão gozar
de privilégios fiscais não extensivos às empresas do setor privado.

Esse entendimento encontra amparo em decisão proferida pelo Supremo


Tribunal Federal, mais precisamente no recurso extraordinário nº 407.099/RS,
através do qual se considerou inconstitucional a cobrança de IPVA (imposto
estadual) dos veículos integrantes do patrimônio da Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos.

No julgamento ficou assentado que a Empresa Brasileira de Correios e


Telégrafos é executora de, no mínimo, dois serviços de manutenção obrigatória
para a União (serviços postais e correio aéreo nacional, conforme o artigo 21, X,
da CF/1988). Assim, nos mesmos moldes que a União, também goza de
privilégios fiscais.

Nesses termos, fique atento às questões de prova, pois o Supremo Tribunal


Federal reconheceu as empresas estatais que prestam serviços públicos em
regime de exclusividade, como é o caso dos Correios, a imunidade em relação
ao pagamento de impostos. Além disso, assegurou ainda as demais
prerrogativas inerentes às entidades regidas pelo Direito Público (entes
estatais, autarquias e fundações públicas de Direito Público), a exemplo da
impenhorabilidade e imprescritibilidade dos bens, pagamento de seus débitos
judiciais através do regime de precatórios, entre outros.

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2.3.8. Falência

Consta expressamente no inciso I, artigo 2º, da Lei 11.101/2005 (que


regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da
sociedade empresária), que não se aplicam às empresas públicas e às
sociedades de economia mista as regras gerais sobre a falência,
independentemente de explorarem atividade econômica ou prestarem serviços
públicos.

2.3.9. Responsabilidade civil

O regime de responsabilização civil da empresa estatal dependerá da


atividade exercida. Se a empresa pública ou sociedade de economia mista
prestar serviços públicos, é incontestável que se submeterão às regras do §
6º, artigo 37, da CF/1988, ou seja, responderão objetivamente pelos danos
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.

Entretanto, caso a empresa pública ou sociedade de economia mista


explorem atividades econômicas, a responsabilidade será subjetiva,
regulada pela legislação civil.

2.3.10. Patrimônio

O patrimônio da empresa pública e da sociedade de economia mista é


constituído, inicialmente, mediante transferência efetuada pelo ente político
criador (União, Estados, Municípios e Distrito Federal).

Enquanto integravam o patrimônio das citadas entidades políticas, os bens


eram considerados públicos. Todavia, a partir do momento que são transferidos
para o patrimônio das empresas estatais assumem a característica de bens
privados e, portanto, não gozam dos atributos da imprescritibilidade,
impenhorabilidade e alienabilidade condicionada.

2.3.11. Diferenças entre as empresas públicas e sociedades de


economia mista

Nos itens anteriores foram apresentadas as características comuns entre


as empresas públicas e as sociedades de economia mista. Entretanto, para
responder às questões da Fundação Carlos Chagas, é imprescindível conhecer as
principais diferenças entre as duas entidades, a saber:

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a) Foro judicial

Nos termos do inciso I, artigo 109, da Constituição Federal de 1988, as


causas em que a empresa pública federal for interessada na condição de
autora, ré, assistente ou oponente, exceto as de falência, as de acidentes de
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho, tramitarão na
justiça federal comum. Entretanto, nos casos de empresas públicas estaduais
ou municipais, as causas deverão tramitar na justiça estadual.

As sociedades de economia mista não gozam dessa prerrogativa e,


portanto, todas as ações judiciais em que for autora, ré, assistente ou oponente,
exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral
e à Justiça do Trabalho, tramitarão na justiça estadual, independentemente de
serem entidades federais, estaduais ou municipais.

Nos termos da Súmula n° 517 do Supremo Tribunal Federal “as


sociedades de economia mista só têm foro na Justiça Federal quando a
União intervém, como assistente ou opoente”.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: As sociedades de


economia mista apenas têm foro na Justiça Federal quando a União intervém
como assistente ou opoente ou quando a União for sucessora da referida
sociedade (FCC/Analista Judiciário TRT 9ª Região/2010).

b) Forma jurídica

As sociedades de economia mista somente podem ser constituídas sob a


forma de sociedade anônima (S.A.), sejam elas federais, estaduais,
municipais ou distritais. Por outro lado, as empresas públicas podem ser
constituídas sob qualquer forma jurídica prevista em lei (sociedade anônima,
sociedade limitada ou sociedade em comandita por ações).

Na esfera federal, as empresas públicas ainda podem ser constituídas


sob uma forma jurídica inédita, que ainda não existia e foi criada apenas para
aquela determinada empresa pública. Isso se deve ao fato de que compete à
União legislar sobre direito comercial, nos termos do inciso I, artigo 22, da
Constituição Federal de 1988.

As empresas estatais estaduais e municipais somente podem ser


instituídas sob uma forma jurídica já existente, já que os Estados e Municípios
não podem legislar sobre Direito Comercial.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: As empresas


públicas podem adotar qualquer forma societária, inclusive a forma de sociedade
"unipessoal" (FCC/Analista Judiciário TRT 9ª Região/2010).

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c) Capital

As empresas públicas são constituídas por capital exclusivamente


estatal (público). O capital deve pertencer integralmente a entidades da
Administração Direta (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) ou
Indireta (outras empresas públicas, autarquias, fundações públicas e
sociedades de economia mista), sendo vedada a participação de particulares na
integralização do capital.

Para que uma empresa pública seja considerada federal, é necessário que
a maioria do capital votante esteja sob o domínio da União. Nesses termos,
podemos considerar como federal uma empresa pública em que 60% do capital
votante pertença à União (mais da metade), 20% a um Estado, 10% a uma
sociedade de economia mista e 10% a um Município.

Por outro lado, as sociedades de economia mista são instituídas mediante


a integralização de capital proveniente do Poder Público e iniciativa privada
(particulares). É o denominado “capital misto”.

O inciso III, artigo 5º, do Decreto-Lei 200/67, estabelece que, para ser
configurada como federal, a maioria das ações com direito a voto da sociedade
de economia mista deve pertencer à União.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: Nos termos do


conceito previsto no Direito federal, uma empresa com maioria do capital votante
pertencente à União, e o restante do capital atribuído a outras pessoas jurídicas
de direito público interno, bem como a entidades da Administração Indireta da
União, dos Estados, Distrito Federal e Municípios, é dita empresa pública
(FCC/Juiz de Direito TJ MS/2010).

2.4. Consórcios públicos

2.4.1. Noções gerais

O tópico “consórcios públicos” não tem sido muito cobrado em provas da


Fundação Carlos Chagas, mas, em respeito ao princípio da precaução, é bom
ficar atento às principais informações sobre essa “nova” entidade integrante da
Administração Pública Indireta.

O art. 241 da Constituição Federal de 1988 estabelece expressamente que


“a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de
lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes
federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a
transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à
continuidade dos serviços transferidos”.

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Nesses termos, em 06 de abril de 2005, foi criada a Lei 11.107/2005, que
teve por objetivo regulamentar o citado dispositivo constitucional e dispor sobre
normas gerais de contratação de consórcios públicos.

Os consórcios públicos nada mais são que parcerias estabelecidas entre


Municípios, Municípios e Estados, ou, ainda, Municípios, Estados e União para a
realização de objetivos comuns a todos os entes que o integram, a exemplo do
gerenciamento do tratamento de água e esgoto, da demanda por leitos nos
hospitais, do recolhimento e destinação de lixo, entre outros.
Os consórcios públicos poderão ter um ou mais objetivos e os entes
consorciados poderão se consorciar em relação a todos ou apenas a parcela
deles.
2.4.2. Conceito
O artigo 2º do Decreto Federal 6.017/07 define o consórcio público como “a
pessoa jurídica formada exclusivamente por entes da Federação, na forma da Lei
no 11.107, de 2005, para estabelecer relações de cooperação federativa,
inclusive a realização de objetivos de interesse comum, constituída como
associação pública, com personalidade jurídica de direito público e natureza
autárquica, ou como pessoa jurídica de direito privado sem fins econômicos”.

2.4.3. Natureza jurídica


Os consórcios públicos podem ser instituídos com personalidade jurídica de
Direito Público ou de Direito Privado. Na primeira hipótese serão
denominados também de “associação pública”, “autarquia interfederativa" ou,
ainda, “autarquia multifederada”, integrando a Administração Pública
Indireta de todos os entes consorciados.
Caso seja instituído com personalidade jurídica de Direito Público, o
consórcio público gozará de todas as prerrogativas asseguradas às autarquias.
Por outro lado, caso seja instituído com personalidade jurídica de Direito Privado,
não integrará a Administração Pública, mas deverá submeter-se às regras
administrativas de licitação, prestação de contas e admissão de pessoal, este
regido pela CLT.
A regulamentação dessa nova figura administrativa consta expressamente
na Lei 11.107/05, que, dentre outras providências, estabeleceu que a “União
somente participará de consórcios públicos em que também façam parte todos
os Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados”.

Assim, não é possível que exista um consórcio público constituído


exclusivamente pela União e um ou vários Municípios, sem a participação do
respectivo Estado em que o (s) Município (s) esteja (m) localizado (s). Da mesma
forma, não é possível que seja instituído um consórcio público formado por um
Estado (Minas Gerais, por exemplo) e um ou vários Municípios integrantes de
outro Estado (São Paulo, por exemplo).

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2.4.4. Protocolo de intenções

A constituição de consórcio público dependerá da prévia celebração de


protocolo de intenções subscrito pelos representantes legais dos entes da
Federação interessados. O protocolo de intenções pode ser definido como um
contrato preliminar que, ratificado pelos entes da Federação interessados,
converte-se em contrato de consórcio público.

A ratificação deverá ocorrer mediante lei aprovada nas casas legislativas


de cada um dos respectivos entes consorciados, com a devida publicação no
órgão oficial de imprensa.

O protocolo de intenções deverá estabelecer também o prazo de duração


do mandato e a forma de eleição do representante do consórcio público, que
deverá ser escolhido entre os Chefes do Poder Executivo dos entes
federativos que o integram.

Salvo previsão em contrário dos estatutos, o representante legal do


consórcio público, nos seus impedimentos ou na vacância, será substituído ou
sucedido por aquele que, nas mesmas hipóteses, o substituir ou o suceder na
Chefia do Poder Executivo.

É nula a cláusula do protocolo de intenções que preveja determinadas


contribuições financeiras ou econômicas de ente da Federação ao consórcio
público, salvo a doação, destinação ou cessão do uso de bens móveis ou imóveis
e as transferências ou cessões de direitos operadas por força de gestão associada
de serviços públicos.

Nas hipóteses de criação, fusão, incorporação ou desmembramento que


atinjam entes consorciados ou subscritores de protocolo de intenções, os novos
entes da Federação, salvo disposição em contrário do protocolo de intenções,
serão automaticamente tidos como consorciados ou subscritores.

2.4.5. Princípio da publicidade

Para permitir o acesso de todos os interessados ao seu conteúdo, o


protocolo de intenções deverá ser publicado na imprensa oficial.

Ademais, os consórcios públicos deverão tornar públicas as decisões que


digam respeito a terceiros e as de natureza orçamentária, financeira ou
contratual, inclusive as que digam respeito à admissão de pessoal, permitindo
que qualquer do povo tenha acesso a suas reuniões e aos documentos que
produzir, salvo, nos termos da lei, os considerados sigilosos por prévia e
motivada decisão.

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2.4.6. Responsabilidade subsidiária dos entes consorciados

Os entes da Federação consorciados respondem subsidiariamente pelas


obrigações do consórcio público. Além disso, os dirigentes do consórcio público
responderão pessoalmente pelas obrigações por ele contraídas caso pratiquem
atos em desconformidade com a lei, os estatutos ou decisão da assembléia geral.

2.4.7. Contrato de rateio

O contrato de rateio pode ser definido como o contrato por meio do qual os
entes consorciados comprometem-se a fornecer recursos financeiros para a
realização das despesas do consórcio público. Trata-se do único instrumento
apto a fundamentar a entrega de recursos do ente consorciado ao consórcio
público.

O contrato de rateio será formalizado em cada exercício financeiro, com


observância da legislação orçamentária e financeira do ente consorciado
contratante e depende da previsão de recursos orçamentários que suportem o
pagamento das obrigações contratadas.

Havendo restrição na realização de despesas, de empenhos ou de


movimentação financeira, ou qualquer outra derivada das normas de direito
financeiro, o ente consorciado, mediante notificação escrita, deverá informá-la
ao consórcio público, apontando as medidas que tomou para regularizar a
situação, de modo a garantir a contribuição prevista no contrato de rateio.

A eventual impossibilidade de o ente consorciado cumprir obrigação


orçamentária e financeira estabelecida em contrato de rateio obriga o consórcio
público a adotar medidas para adaptar a execução orçamentária e financeira aos
novos limites.

O prazo de vigência do contrato de rateio não será superior ao de vigência


das dotações que o suportam, com exceção dos que tenham por objeto
exclusivamente projetos consistentes em programas e ações contemplados em
plano plurianual.

2.4.8. Contrato de programa

O artigo 2º do Decreto Federal 6.017/07 define o contrato de programa


como o “instrumento pelo qual devem ser constituídas e reguladas as obrigações
que um ente da Federação, inclusive sua administração indireta, tenha para com
outro ente da Federação, ou para com consórcio público, no âmbito da prestação
de serviços públicos por meio de cooperação federativa”.

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Deverão ser constituídas e reguladas por contrato de programa, como
condição de sua validade, as obrigações contraídas por ente da Federação,
inclusive entidades de sua administração indireta, que tenham por objeto a
prestação de serviços por meio de gestão associada ou a transferência total ou
parcial de encargos, serviços, pessoal ou de bens necessários à continuidade dos
serviços transferidos.

Considera-se prestação de serviço público por meio de gestão associada


aquela em que um ente da Federação, ou entidade de sua administração indireta,
coopere com outro ente da Federação ou com consórcio público,
independentemente da denominação que venha a adotar, exceto quando a
prestação se der por meio de contrato de concessão de serviços públicos
celebrado após regular licitação.

O contrato de programa continuará vigente mesmo quando extinto o


contrato de consórcio público ou o convênio de cooperação que autorizou a
gestão associada de serviços públicos. Além disso, a extinção do contrato de
programa não prejudicará as obrigações já constituídas e dependerá do prévio
pagamento das indenizações eventualmente devidas.

2.4.9. Das disposições gerais

O artigo 10 da Lei 11.107/05 declara expressamente que, para o


cumprimento de suas finalidades, o consórcio público poderá:

a) firmar convênios, contratos, acordos de qualquer natureza, receber


auxílios, contribuições e subvenções sociais ou econômicas;

b) ser contratado pela administração direta ou indireta dos entes da


Federação consorciados, dispensada a licitação; e

c) caso constituído sob a forma de associação pública, ou mediante


previsão em contrato de programa, promover desapropriações ou instituir
servidões nos termos de declaração de utilidade ou necessidade pública, ou
de interesse social.

Por outro lado, a contratação de operação de crédito por parte do consórcio


público se sujeita aos limites e condições próprios estabelecidos pelo Senado
Federal, de acordo com o disposto no art. 52, inciso VII, da Constituição.

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REVISÃO DE VÉSPERA DE PROVA - RVP

1. As autarquias exercem funções típicas de Estado e são apelidadas de


“serviços públicos personificados”;

2. Somente por lei específica poderá ser criada uma autarquia, seja ela federal,
estadual, municipal ou distrital;

3. Em regra, a iniciativa legislativa para a criação de autarquias é privativa do


Chefe do Executivo;

4. As autarquias responderão objetivamente pelos danos que seus agentes,


nessa qualidade, causarem a terceiros;

5. O patrimônio de uma autarquia é constituído por bens públicos e, portanto,


imprescritíveis e impenhoráveis;

6. As autarquias possuem prazo em quádruplo para contestar uma ação em


dobro para recorrer, nos termos do artigo 188 do Código de Processo Civil;

7. As autarquias são abrangidas pela imunidade tributária recíproca;

8. As autarquias federais possuem prerrogativa de foro na justiça federal;

9. As entidades da Administração não estão subordinadas à Administração


Direta, mas somente vinculadas;

10. As fundações públicas de Direito Público são criadas por lei e as fundações
públicas de Direito Privado tem a sua criação autorizada por lei;

11. As empresas públicas e sociedades de economia mista podem explorar


atividade econômica ou prestar serviços públicos, mas, em ambos os casos,
serão regidas pelo Direito Privado;

12. As empresas estatais têm a sua criação autorizada por lei;

13. O entendimento que deve prevalecer para concursos públicos é o de que a


autorização para a criação de subsidiárias pode ser genérica (conforme o
entendimento do STF) ou ainda que deve ser concedida autorização legislativa
em cada caso (quando a questão cobrar o texto literal do inciso XX do artigo 37
da CF/88);

14. Os empregados das empresas públicas e sociedades de economia mista são


regidos pela CLT, portanto, não possuem estabilidade;

15. o próprio texto constitucional estabelece a necessidade de criação de um


regime licitatório específico para as empresas estatais exploradoras de atividade
econômica, que se dará nos termos da lei;

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16. Empresa estatal que explora atividade econômica atua no mercado
competindo diretamente com empresas privadas e, portanto, não pode gozar de
privilégios tributários que não sejam assegurados também aos particulares, sob
pena de caracterização de concorrência desleal;

17. As empresas públicas e sociedades de economia mista não estão sujeitas à lei
de falência;

18. Se a empresa pública ou sociedade de economia mista prestarem serviços


públicos, é incontestável que se submeterão às regras do § 6º do artigo 37 da
CF/88, ou seja, responderão objetivamente pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros. Entretanto, caso a empresa pública ou
sociedade de economia mista explorarem atividades econômicas, a
responsabilidade será subjetiva, regulada pela legislação civil;

19. As sociedades de economia mista somente podem ser constituídas sob a


forma de sociedade anônima (S.A.), enquanto as empresas públicas podem ser
constituídas sob qualquer forma existente no Direito;

20. O capital das sociedades de economia mista é formado pela conjugação de


recursos públicos e de recursos privados. As empresas públicas, por sua vez,
possuem capital integralmente público, ou seja, proveniente de entidades da
Administração Pública Direta ou Indireta.

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A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO E SUAS INOVAÇÕES

1. Considerações iniciais ............................................................. 61

2. Contrato de gestão .................................................................... 61

2.1. Agências Executivas ....................................................... 65

3. Agências reguladoras

3.1. Noções gerais ................................................................ 68

3.2. O surgimento das agências reguladoras “propriamente ditas”


no Direito brasileiro ............................................................... 68

3.3. Conceito e natureza jurídica ........................................... 69

3.4. Características ................................................................ 70

3.5. Regime de pessoal .......................................................... 73

3.6. Controle .......................................................................... 75

4. Revisão de véspera de prova – “RVP”......................................... 77

5. Questões comentadas ............................................................... 78

6. Questões para fixação do conteúdo .......................................... 137

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1. Considerações iniciais

No módulo anterior, estudamos detalhadamente cada uma das entidades


administrativas que integram a Administração Pública Indireta (autarquias,
fundações públicas de direito público e de direito privado, empresas públicas,
sociedades de economia mista e os consórcios públicos), oportunidade em que
conhecemos as suas principais peculiaridades para fins de concursos públicos.
Entretanto, é importante esclarecer que existem outras entidades
administrativas, também integrantes da Administração Indireta, que somente
iremos estudar agora, a exemplo das agências executivas e das agências
reguladoras.
Professor, mas por que não estudamos essas entidades anteriormente?
É simples a resposta. Não estudamos anteriormente porque são
entidades que possuem características especiais, apesar de serem autarquias
(nos casos das agências reguladoras), ou autarquias ou fundações públicas (no
caso das agências executivas).
Optei por apresentá-las separadamente para que você possa assimilar com
mais facilidade o conteúdo, pois as agências reguladoras e as agências
executivas são figuras recentes, provenientes das reformas administrativas
instituídas no âmbito da Administração Pública nas últimas duas décadas.
Para responder às questões de prova, lembre-se sempre de que as
agências executivas e as agências reguladoras não representam uma nova
categoria de entidades integrantes da Administração Indireta.
As agências reguladoras nada mais são que autarquias em regime
especial. Por outro lado, as agências executivas são autarquias ou fundações
públicas que, após receberem uma qualificação proveniente de decreto
expedido pelo Presidente da República, passam a receber essa
denominação.

2. Contrato de gestão

O contrato de gestão tem origem na França e foi muito utilizado por


diversos países europeus, após a Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de
introduzir na Administração Pública uma atuação visando à busca por
resultados.

O contrato de gestão, também denominado acordo-programa, está


intimamente relacionado com o princípio da eficiência, que deve servir de
parâmetro para toda a Administração Pública.

Segundo Peter Drucker, o contrato de gestão é um método de


planejamento e avaliação baseado em fatores quantitativos, pelo qual superiores
e subordinados elegem áreas prioritárias, estabelecem resultados a serem

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alcançados, dimensionam as respectivas contribuições (metas) e procedem ao
acompanhamento sistemático do desempenho.

Restringindo-nos ao contrato de gestão no âmbito da Administração


Pública, mais precisamente a brasileira, é possível defini-lo, nas palavras de
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino como

[...] um ajuste firmado entre a Administração Direta Centralizada e


entidades da Administração Indireta, ou entre órgãos da própria
Administração Direta, em decorrência do qual estes órgãos ou entidades
assumem o compromisso de cumprir determinadas metas e, em
contrapartida, ganham maior liberdade em sua atuação administrativa,
passando a sujeitar-se, basicamente, ao controle relativo ao atingimento
dos resultados pactuados.

Sendo assim, deve ficar bem claro que o principal objetivo do contrato
de gestão é aumentar a autonomia gerencial, orçamentária e financeira de
órgãos e entidades públicos, facilitando assim o alcance de suas finalidades
previstas em lei.

Pergunta: Professor, até agora não consegui entender como a assinatura


de um contrato de gestão pode ampliar a autonomia de uma entidade ou órgão
público, seria possível explicar melhor?

Claro! Irei citar dois exemplos apresentados pelos professores Vicente


Paulo e Marcelo Alexandrino que destacam a ampliação da autonomia dos órgãos
e entidades que firmam um contrato de gestão:

1º) A ampliação dos limites de valor de contratações até os quais a licitação


é dispensável. Para a Administração em geral, é dispensável a licitação
quando o valor de contrato é de até 10% do valor máximo admitido para a
utilização da modalidade convite. Para as agências executivas, esse limite
até o qual a licitação é dispensável é o dobro, ou seja, 20% do valor
máximo admitido para a utilização da modalidade convite (Lei 8.666/93,
artigo 24, parágrafo único). Registramos que esse limite de 20% também
é aplicável aos consórcios públicos e a todas as empresas públicas e
sociedades de economia mista, por estarem incluídos na regra do mesmo
parágrafo único do art. 24 da Lei Geral de Licitações e Contratos; nesse
caso, porém, não há nenhuma relação com celebração de contratos de
gestão.

2º) A Lei nº. 9.962/2000, que regula a contratação de empregados


públicos celetistas pela Administração Direta, autarquias e fundações
públicas federais, enumera, em seu art. 3º as hipóteses em que poderá a
Administração Pública rescindir, unilateralmente, o contrato de trabalho de
seus empregados públicos. Dentre as hipóteses taxativamente
enumeradas, encontra-se a “insuficiência de desempenho, apurada em
procedimento no qual se assegurem pelo menos um recurso hierárquico

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dotado de efeito suspensivo, que será apreciado em trinta dias, e o prévio
conhecimento dos padrões mínimos exigidos para a continuidade da
relação de emprego, obrigatoriamente estabelecidos de acordo com as
peculiaridades das atividades exercidas” (art. 3º, inciso IV). O parágrafo
único desse mesmo art. 3º, cuja interpretação mostra-se algo nebulosa,
afirma que os procedimentos previstos não são obrigatórios na hipótese
das “contratações de pessoal decorrentes da autonomia de gestão de que
trata o § 8º do art. 37 da Constituição Federal”.
Para facilitar ainda mais o entendimento, é possível concluir que o contrato
de gestão se resume a dois pontos principais:
1º) A fixação de metas a serem atingidas por um órgão ou entidade
integrantes da Administração, tais como o aumento de arrecadação, o aumento
na qualidade dos serviços prestados ou, ainda, a diminuição de gastos e
despesas correntes, por exemplo.
2º) A ampliação da autonomia gerencial, financeira e orçamentária
do órgão ou entidade administrativa para que sejam atingidas as metas fixadas.

O professor Paulo Modesto nos informa que as metas devem ser previstas
no contrato de gestão de modo claro e quantificado, com prazos certos,
correspondendo proporcionalmente aos benefícios que serão deferidos à parte
que firma o vínculo com o ente federativo.

Se for expressiva a majoração na transferência de recursos orçamentários,


ou se for cedido maior número de servidores e bens públicos, deverá o Poder
Público exigir ampliação significativa do atendimento das demandas sociais, com
aperfeiçoamento concreto da ação desenvolvida pela entidade contratada. Em
contrapartida, não é admissível que o Poder Público exija da entidade metas
desproporcionais ao incentivo outorgado e disponível.
A Constituição Federal de 88, em seu § 8º, artigo 37, declara
expressamente que “a autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada
mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público,
que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou
entidade, cabendo à lei dispor sobre:
1º - o prazo de duração do contrato;
2º - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos,
obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
3º - a remuneração do pessoal.”

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: Os contratos de


gestão podem ser assinados entre a Administração Direta e Administração
Indireta; entre órgãos da própria Administração Direta; ou, ainda, entre a
Administração Direta e pessoas jurídicas de Direito Privado não
integrantes da Administração (dando origem às Organizações Sociais).

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Para ilustrar e facilitar a assimilação do conteúdo, apresento abaixo alguns
exemplos hipotéticos, que demonstram o objetivo básico de um contrato de
gestão.

1º Exemplo: O Ministério do Meio Ambiente (órgão da Administração


Direta Federal) poderia formalizar um contrato de gestão com o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente – IBAMA (autarquia), nos seguintes termos:

METAS DO IBAMA CONTRAPARTIDA DO MINISTÉRIO

Redução de 10% (dez por cento) no Repasse de R$ 100.000.000,00 (cem


número de desmatamentos ilegais milhões) de reais para investimento em
ocorridos na Amazônia, nos próximos treinamento e aquisição de
24 (vinte e quatro) meses, levando-se equipamentos necessários para o
em conta o índice do ano anterior. alcance das metas estabelecidas.

Aumento de 20% (vinte por cento) no Cessão de 200 (duzentos) servidores


número de fiscalizações efetuadas em públicos com o objetivo exclusivo de
madeireiras legais e/ou ilegais em auxiliar as operações de fiscalização na
funcionamento da região da Amazônia região da Amazônia legal.
legal.

2º Exemplo: Da mesma forma, nos termos do § 8º, artigo 37, da


CF/1988, é possível que o Ministério do Meio Ambiente (órgão da Administração
Direta Federal) firme um contrato de gestão com a Secretaria de Extrativismo
e Desenvolvimento Rural Sustentável (que também é um órgão integrante da
própria estrutura do Ministério) com o objetivo de aumentar em 15% (quinze por
cento), nos próximos 30 (trinta) meses, o número de propostas de estudos e
estratégias para a recuperação de áreas degradadas no meio rural.

Em contrapartida, o Ministério do Meio Ambiente, que é órgão


hierarquicamente superior à Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural
Sustentável, poderia suspender alguns dos controles hierárquicos exercidos em
face da Secretaria, além de aumentar o repasse de recursos financeiros em 10%
(dez por cento), em comparação ao ano anterior.

Pergunta: Professor, pelo que entendi, no exemplo acima teríamos um


órgão (Ministério do Meio Ambiente) celebrando um contrato de gestão com
outro órgão (Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável).
Isso é possível, já que os órgãos não possuem personalidade jurídica?

Eis um tema bastante divergente na doutrina. Você certamente se recorda


de que anteriormente afirmei que os órgãos não possuem personalidade jurídica,
e que, portanto, os atos praticados pelos órgãos devem ser imputados à pessoa
jurídica criadora. Seguindo-se esse raciocínio, teríamos a União (a quem devem
ser imputados os atos praticados pelos agentes do Ministério do Meio Ambiente)

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assinando um contrato com ela mesma (que também é responsável
juridicamente pelos atos praticados pela Secretaria de Extrativismo e
Desenvolvimento Rural Sustentável).

A possibilidade de um órgão firmar contrato de gestão com outro órgão é


muito criticada pelos principais doutrinadores brasileiros. A ausência de
personalidade jurídica exclui a possibilidade dos órgãos exercerem direitos e
assumirem obrigações, afastando, consequentemente, a viabilidade concreta
de celebrar contrato de gestão com ente de que é parte integrante.

A professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro esclarece que

Como os órgãos da Administração Direta não são dotados de personalidade


jurídica própria, mas atuam em nome da pessoa jurídica em que estão
integrados, os dois signatários do ajuste estarão representando
exatamente a mesma pessoa jurídica. E não se pode admitir que essa
mesma pessoa tenha interesses contrapostos defendidos por órgãos
diversos. Por isso mesmo, esses contratos correspondem, na realidade,
quando muito, a termo de compromissos assumidos por dirigentes de
órgãos, para lograrem maior autonomia e se obrigarem a cumprir metas.
Além disso, correspondem àquelas que estão obrigadas a cumprir por força
da própria lei que definem as atribuições do órgão público; a outorga de
maior autonomia é um incentivo ou um instrumento que facilita a
consecução das metas legais.

Pergunta: Entendi a explicação professor, mas o que devo responder se a


Fundação Carlos Chagas exigir esse tópico em uma questão de concurso?

FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS: No que se refere aos órgãos públicos, é


CORRETO afirmar ser característica destes (algumas não presentes em todos),
dentre outras, o fato de que podem firmar, por meio de seus administradores,
contratos de gestão com outros órgãos (FCC/Analista Judiciário TRF 4ª
Região/2010).

2.1. Agências Executivas

A Lei Federal 9.649/98 introduziu no Brasil a possibilidade de autarquias


e fundações públicas celebrarem contratos de gestão e serem submetidas a
um regime jurídico especial, que tenha por objetivo aumentar a produtividade e
a eficiência na execução de suas atividades.

As autarquias e fundações públicas são as únicas entidades da


Administração Indireta que podem ser qualificadas como agências executivas
e, mesmo assim, desde que cumpram os seguintes requisitos:

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1º) ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento
institucional em andamento;

2º) ter celebrado com o respectivo Ministério supervisor um Contrato


de Gestão, que terá periodicidade mínima de um ano e estabelecerá os
objetivos, metas e respectivos indicadores de desempenho da entidade,
bem como os recursos necessários e os critérios e instrumentos para a
avaliação do seu cumprimento.

A qualificação da autarquia ou fundação pública como Agência


Executiva será feita por Decreto expedido pelo Presidente da República, que
também editará medidas específicas visando assegurar a sua autonomia de
gestão, bem como a disponibilidade de recursos orçamentários e financeiros para
o cumprimento dos objetivos e metas definidos no contrato de gestão, conforme
estabelecido no artigo 51 da Lei 9.649/98.

Os planos estratégicos de reestruturação e de desenvolvimento


institucional definirão diretrizes, políticas e medidas voltadas para a
racionalização de estruturas e do quadro de servidores, a revisão dos processos
de trabalho, o desenvolvimento dos recursos humanos e o fortalecimento da
identidade institucional da Agência Executiva.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: A expressão


“agência executiva” não designa uma nova entidade integrante da
Administração Pública. Trata-se somente de uma qualificação que é concedida
pelo Poder Público às fundações públicas ou autarquias que tenham
celebrado um contrato de gestão com a Administração Direta e atendam aos
demais requisitos previstos nos artigos 51 e 52 da Lei 9.649/98.

Será assegurada às autarquias e fundações públicas a manutenção da


qualificação como Agência Executiva desde que o contrato de gestão seja
sucessivamente renovado e que o plano estratégico de reestruturação e de
desenvolvimento institucional tenha prosseguimento ininterrupto, até a sua
conclusão.

Por outro lado, nos casos de extinção do contrato de gestão ou de


interrupção ou suspensão da execução do plano estratégico de
reestruturação, será efetuada a desqualificação da autarquia ou fundação pública
por iniciativa do Ministério supervisor, mediante Decreto expedido pelo
Presidente da República.

São raros os exemplos de fundações públicas ou autarquias que se


qualificaram como agências executivas. Um desses exemplos é o INMETRO
(autarquia federal) que, em julho de 1998, com sucessivas prorrogações, firmou
contrato de gestão com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior - MDIC, objetivando aumentar sua credibilidade, reconhecimento e
confiabilidade perante a população brasileira, além de aumentar a qualificação
de seus servidores.
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Em contrapartida, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior ampliou a autonomia do INMETRO através das seguintes
medidas (é claro que as bancas examinadoras não cobrarão essas informações
em prova, exceto em um concurso para o próprio INMETRO, se for o caso):
“I - Fica delegado ao Presidente do INMETRO competência para:
a) aprovação ou readequação de sua estrutura regimental ou seu estatuto, sem
aumento de despesas, observadas as disposições específicas previstas em lei e o
quantitativo de cargos destinados à entidade;
b) autorização de afastamento do País dos servidores civis da instituição, tratada
no art. 2º do Decreto n° 1.387, de 7 de fevereiro de 1995;
c) regulamentação do registro de freqüência de seus funcionários;
d) fixação de limites específicos, aplicáveis ao INMETRO, para a concessão de
suprimento de fundos para atender a despesas de pequeno vulto, previstas no
inciso III do art. 45 do Decreto nº 93.872, de 23 de dezembro de 1986,
observadas as demais disposições do referido Decreto;
e) edição de regulamento próprio dispondo sobre valores de diárias no País e
condições especiais para sua concessão, observado o disposto no art. 2º do
Decreto nº 343, de 19 de novembro de 1991, nos §§ 1º e 3º do art. 58 da Lei nº
8.112, de 11 de dezembro de 1990, e os valores máximos unitários estabelecidos
em tabela editada pelo Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado.
III - Fica o INMETRO dispensado da celebração de termos aditivos a contratos e a
convênios de vigência plurianual, quando objetivarem unicamente a identificação
dos créditos à conta dos quais devam correr as despesas relativas ao respectivo
exercício financeiro”.

Outra medida que também é garantida às agências executivas, conforme


destacado pelos professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, é a ampliação
dos limites de valor de contratações até os quais a licitação é dispensável. Para a
Administração em geral, é dispensável a licitação quando o valor de contrato é de
até 10% do valor máximo admitido para a utilização da modalidade convite. Para
as agências executivas esse limite até o qual a licitação é dispensável é o dobro,
ou seja, 20% do valor máximo admitido para a utilização da modalidade convite
(Lei 8.666/93, artigo 24, parágrafo único). Registramos que esse limite de 20%
também é aplicável aos consórcios públicos e a toda as empresas públicas e
sociedades de economia mista, por estarem incluídos na regra do mesmo
parágrafo único do art. 24 da Lei Geral de Licitações e Contratos; nesse caso,
porém, não há nenhuma relação com celebração de contratos de gestão.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: É correto afirmar


que a qualificação da entidade como agência executiva permite que ela usufrua
de determinadas vantagens previstas em lei, como, por exemplo, o aumento dos
percentuais de dispensa de licitação, previsto na Lei nº 8666/93
(FCC/Advogado Nossa Caixa/2011).

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3. Agências reguladoras

3.1. Noções gerais

No Brasil, sempre existiram órgãos e entidades encarregados do


acompanhamento e fiscalização das atividades de caráter público executadas
por entes públicos ou particulares, mediante outorga ou delegação, e, dentre
eles, podemos citar:

1º) Banco Central do Brasil: criado em 1964, o BCB tem por finalidade
a formulação, a execução, o acompanhamento e o controle das políticas
monetária, cambial, de crédito e de relações financeiras com o exterior; a
organização, disciplina e fiscalização do Sistema Financeiro Nacional; a gestão do
Sistema de Pagamentos Brasileiro e dos serviços do meio circulante.

2º) Comissão de Valores Mobiliários (criada em 1976): dentre


outros, tem por objetivo assegurar o funcionamento eficiente e regular dos
mercados de bolsa e de balcão; proteger os titulares de valores mobiliários
contra emissões irregulares e atos ilegais de administradores e acionistas
controladores de companhias ou de administradores de carteira de valores
mobiliários; evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a
criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço de valores mobiliários
negociados no mercado.

3º) Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE (criado


em 1962): tem a finalidade de orientar, fiscalizar, prevenir e apurar abusos de
poder econômico, exercendo papel tutelador da prevenção e da repressão a tais
abusos.

Entretanto, muitos desses órgãos e entidades não conseguiram realmente


exercer a função de regulação e fiscalização que lhes havia sido outorgada por
lei, pois o próprio Poder Central exercia um excesso de controle sobre as
atividades fiscalizatórias desses órgãos e entidades, o que lhes restringia a
atuação.

Sendo assim, não é “totalmente” correto afirmar que as agências


reguladoras são um instituto novo, surgido apenas a partir da década de 90,
pois, mesmo antes desse período, já existiam entes com as mesmas funções
executadas atualmente pelas agências reguladoras.

3.2. O surgimento das agências reguladoras “propriamente ditas”


no Direito brasileiro

Como afirmei anteriormente, antes da criação das agências reguladoras no


Brasil nós já tínhamos em funcionamento vários entes que também exerciam
funções regulatórias.

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Entretanto, somente no ano de 1996 foi criado, com a denominação
“agência reguladora”, o primeiro ente de regulação no Brasil: a Agência Nacional
de Energia Elétrica - ANEEL, instituída pela Lei nº 9.427/96.

Na sequência, diversas outras agências foram criadas, a exemplo da


Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL (Lei nº 9.472/97), a Agência
Nacional do Petróleo - ANP (Lei 9.478/97), a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária – ANVISA (Lei 9.782/99), a Agência Nacional de Saúde Suplementar –
ANS (Lei 9.961/00), a Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT (Lei
10.223/01) e várias outras.

Os Estados, Municípios e Distrito Federal, nos mesmos moldes da União,


também estão autorizados a criar agências reguladoras. O que se observa é que
os demais entes federativos fizeram opção por criar agências reguladoras
atuando simultaneamente em diversas áreas, objetivando, principalmente, a
redução de custos.

Como exemplos de agências reguladoras criadas fora da estrutura da União


podemos citar a Agência Reguladora de Serviços Públicos – ASEP (Criada
pela Lei fluminense nº 2.686/97) e a Agência Estadual de Regulação de
Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia –
AGERBA (criada pela Lei estadual 7.314/98), dentre outras.

Informação interessante e que você tem que saber para responder às


questões de concursos é que de todas as agências reguladoras existentes,
somente a ANATEL (artigo 21, XI) e a ANP (artigo 177, § 2º, III) possuem
previsão constitucional, todas as demais estão amparadas somente em lei.

Para exemplificar, destaca-se que o artigo 21, XI, da CF/88 estabelece


expressamente que compete à União “explorar, diretamente ou mediante
autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos
termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um
órgão regulador e outros aspectos institucionais”. O citado dispositivo
constitucional foi alterado pela emenda constitucional 08/95.

3.3. Conceito e natureza jurídica

Todas as agências reguladoras criadas no direito brasileiro nada mais são


que “autarquias em regime especial” e, portanto, integrantes da Administração
Pública indireta.

Segundo o professor Hely Lopes Meirelles, autarquia especial é "aquela a


que a lei instituidora conferir privilégios específicos e aumentar sua
autonomia comparativamente com as autarquias comuns, sem infringir
preceitos constitucionais pertinentes a essas entidades de personalidade
pública".

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Como as agências reguladoras são autarquias em regime especial, devem
obedecer às mesmas normas constitucionais e legais no que se refere ao
processo de sua criação e extinção, seleção de servidores (obrigatoriedade de
concurso público), licitação, controle externo dos Tribunais de Contas,
prerrogativas e sujeições inerentes ao Direito Público.

De uma forma geral, comparando-se as autarquias genéricas com as


autarquias denominadas “especiais”, é possível constatar como principais
características distintivas entre ambas o mandato fixo aos seus dirigentes e a
ausência de ingerência hierárquica da Administração Central sobre os atos
decisórios relativos à respectiva área de atuação.

3.4. Características
Analisando-se as questões de concursos públicos aplicadas pelas bancas
examinadoras nos últimos anos (inclusive da Fundação Carlos Chagas), bem
como o entendimento dos principais doutrinadores do país, é possível apontar as
seguintes características inerentes às agências reguladoras:

1ª) Autonomia administrativa


Grande parte dos doutrinadores nacionais aponta a autonomia
administrativa das agências reguladoras como a sua principal
característica. A escolha por um sistema independente de administração em
relação à Administração Direta é uma espécie de “medida cautelar contra a
concentração de poderes nas mãos do Estado”, nos dizeres do professor Carlos
Ari Sunfeld.
Os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, citando Floriano
Marques Neto, apresentam os principais elementos caracterizadores da ampla
autonomia outorgada às agências reguladoras, e que constantemente são
cobrados em provas:
a) A estabilidade dos dirigentes (somente devem ser afastados no caso de
cometimento de ilícitos, ou de outros desvios de conduta, ou se a
agência não estiver cumprindo a política pública definida nos termos da
lei para o setor);
b) A autonomia de gestão;
c) O estabelecimento de fontes próprias de recursos, se possível geradas
pelo próprio exercício da atividade regulatória (taxas pelo exercício do
poder de polícia e preços públicos específicos);
d) A não-subordinação hierárquica a qualquer instância de governo;
e) A inexistência de instância revisora hierárquica de seus atos, ressalvada
a revisão judicial;
f) A indicação dos dirigentes pautada por critérios técnicos, sendo
preferível que sua nomeação não seja ato exclusivo do Poder Executivo,
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devendo envolver o Legislativo, mediante sabatina e aprovação, pela
instância parlamentar, dos nomes indicados.

Fundação Carlos Chagas: A doutrina aponta entre as principais características


das agências reguladoras no ordenamento jurídico brasileiro o regime jurídico
especial, fixado na lei que a institui, garantindo maior grau de autonomia
administrativa e orçamentária que o conferido às demais autarquias
(FCC/Analista Judiciário TRT 3ª Região/2010).

2ª) Exercício de atividade regulatória (normativa)


As agências reguladoras podem expedir normas jurídicas que conduzam
o setor regulado aos fins públicos, cuja preservação cabe ao Estado em prol da
sociedade, mas esses atos não podem ser editados em substituição às leis.
As agências reguladoras somente podem editar atos normativos
secundários, ou seja, atos normativos delegados ou autorizados pela lei.
Nesses termos, a lei será responsável pelo estabelecimento de diretrizes
relativas ao setor que deverá ser regulado e, com o objetivo de implementar a
vontade da lei, as agências reguladoras expedirão tais atos secundários
(infralegais) respaldadas em critérios técnicos, já que estão mais próximas do
contexto regulado e conhecem com mais profundidade o setor.
É importante que você entenda que os atos normativos editados pelas
agências reguladoras não podem regular matéria reservada à lei, muito menos
contrariar o seu teor. Em síntese, devem ser editados nos termos da lei e estão
sujeitos ao controle judicial.

3ª) Poder sancionatório


É assegurada às agências reguladoras a prerrogativa de aplicar sanções
consistentes na aplicação de advertências, multas ou mesmo cassações de
licenças. Da mesma forma, também gozam da prerrogativa de obrigar o
particular a reparar um consumidor ou a corrigir os efeitos de uma conduta lesiva
a algum valor ou interesse tutelado pelo regulador.

4ª) Definitividade administrativa de suas decisões


O ordenamento jurídico brasileiro confere às agências reguladoras o poder
de arbitrar os conflitos entre o Estado, o prestador do serviço e os cidadãos que
surgirem no respectivo setor regulado. As decisões proferidas pelas agências
reguladoras possuem caráter de definitividade na esfera administrativa, ou
seja, não são passíveis de recursos para instâncias administrativas superiores.
Entretanto, o inciso XXXV, artigo 5º, da Constituição Federal de 1988,
dispõe expressamente que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito”. Nesses termos, as decisões proferidas pelas agências
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reguladoras estão sujeitas a posterior análise do Poder Judiciário, caso seja
provocado pelo interessado.
Caso o particular não esteja satisfeito com a decisão administrativa
proferida pela agência reguladora, poderá recorrer ao Poder Judiciário
requerendo uma nova decisão sobre o mesmo caso anteriormente decidido.
Para ser mais claro, entenda que as decisões administrativas proferidas
pelas agências reguladoras podem ser anuladas pelo Judiciário sempre que
aquele que sentiu prejudicado com a decisão acioná-lo e comprovar a ilegalidade
da decisão.
Pergunta: Professor, você acabou de afirmar que as decisões das
agências reguladoras possuem caráter de definitividade na esfera
administrativa. Entretanto, encontrei uma questão afirmando que para as
decisões proferidas pelas agências reguladoras seria cabível “recurso hierárquico
impróprio”, desde que previsto em lei. O que significa “recurso hierárquico
impróprio”?
Bem, para fins de concursos públicos, é necessário que você entenda que a
lei pode estabelecer a possibilidade de o interessado apresentar recurso
hierárquico impróprio em face das decisões proferidas pelas agências
reguladoras.
O professor Sérgio Guerra nos ensina que recurso hierárquico impróprio,
em síntese, “é aquele endereçado à autoridade administrativa que não é
hierarquicamente superior àquela de que exarou o ato recorrido”. Nas palavras
de Celso Antônio Bandeira de Mello: ‘Os recursos administrativos são propostos
na intimidade de uma mesma pessoa jurídica; por isso são chamados de recursos
hierárquicos. Se, todavia, a lei previr que da decisão de uma pessoa jurídica cabe
recurso para a autoridade encartada em outra pessoa jurídica, o recurso será,
em tal caso, denominado de recurso hierárquico impróprio’.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: O recurso


hierárquico impróprio somente poderá ser proposto face às decisões proferidas
pelas agências reguladoras ou demais entidades da Administração Pública
Indireta, se existir a expressão previsão legal ou constitucional.

Nesse caso, o recurso hierárquico impróprio seria analisado pelo Ministério


Supervisor da área de atuação da agência reguladora ou demais entidades da
Administração Indireta.
Além de todas as características apresentadas acima, é necessário que
você conheça ainda alguns poderes enumerados pelo Professor Floriano
Azevedo Marques Neto e que são imprescindíveis para o eficiente exercício da
atividade regulatória.

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1º) Poder de outorga, consistente na prerrogativa de emissão, em
consonância com as políticas públicas aplicáveis ao setor, de atos
concretos de licenças, autorizações, injunções, com vistas a franquear ou
interditar o exercício de uma atividade regulada a um particular;
2º) Poder de fiscalização do setor, a qual se revela tanto pelo
monitoramento das atividades reguladas (de modo a manter-se
permanentemente informada sobre as condições econômicas, técnicas e
de mercado do setor), quanto na aferição das condutas dos regulados de
modo a impedir o descumprimento de regras ou objetivos regulatórios;
3º) Poderes de conciliação, que se traduzem na capacidade de, dentro
do setor, conciliar ou mediar interesses de operadores regulados,
consumidores isolados ou em grupos de interesses homogêneos, ou ainda
interesses de agentes econômicos que se relacionam com o setor regulado
(malgrado não explorarem diretamente a atividade sujeita à regulação
setorial) no âmbito da cadeia econômica; e
4º) Poderes de recomendação, consistentes na prerrogativa, muitas
vezes prevista na lei que cria a Agência, do regulador subsidiar, orientar ou
informar o poder político, recomendando medidas ou decisões a serem
editadas no âmbito das políticas públicas.

3.5. Regime de pessoal

A Lei 9.986, publicada em 18 de julho de 2000, estabeleceu que o quadro


de pessoal das agências reguladoras seria regido pela Consolidação das Leis
do Trabalho, pois a emenda constitucional nº 19/98 havia acabado com a
obrigatoriedade da adoção de regime jurídico único na Administração Pública
(no caso, a lei 8.112/90) para os seus servidores.

Entretanto, ainda durante a tramitação do projeto que culminou na Lei


9986/00, vários juristas apontaram a inconstitucionalidade da escolha pelo
regime contratual (celetista), pois as agências reguladoras exercem atividades
típicas de Estado, que caracterizam necessidade pública contínua e não
transitória. Sendo assim, seus servidores deveriam ser regidos por estatuto legal
(no âmbito federal, Lei 8.112/90) e não pela CLT.

Em 19 de dezembro de 2000, ao analisar o pedido de liminar requerido


na ADI nº 2.310/DF, o Ministro Marco Aurélio (Supremo Tribunal Federal) decidiu
suspender os efeitos do artigo 1º da Lei 9986/200, que estabelecia o regime
celetista para os servidores das agências reguladoras.

Em sua decisão, o Ministro Marco Aurélio afirmou que os servidores das


agências reguladoras exercem funções de fiscalização, que são típicas de
Estado e que, portanto, deveriam titularizar cargos públicos de provimento
efetivo.

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A partir da decisão liminar proferida pelo Supremo Tribunal Federal, as
agências reguladoras ficaram impedidas de realizar novos concursos públicos.
Por um lado, não podiam mais selecionar candidatos para o regime celetista em
virtude da concessão da medida cautelar (liminar) pelo STF. Por outro, como
não possuíam cargos públicos efetivos em sua estrutura (que era a exigência do
STF), não poderiam fazer concurso público para a contratação de novos
servidores.

Diante disso, tiveram que aguardar a solução do problema pelo Congresso


Nacional, que somente ocorreu em 2004, com a publicação da Lei 10.871/04,
responsável pela criação de diversos cargos de provimento efetivo no âmbito das
agências reguladoras.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: Atualmente os


servidores das agências reguladoras federais são regidos pela Lei 8.112/1990
(regime estatutário), portanto, titularizam cargos públicos.

3.5.1. Dirigentes

Um dos elementos configuradores da autonomia administrativa das


agências reguladoras é o “mandato a prazo certo” exercido pelos seus
dirigentes, que, segundo o entendimento da doutrina majoritária, trata-se de
essencial e necessário instrumento de garantia contra ingerências externas,
principalmente político-eleitorais.

Nos termos da Lei 9986/00, as agências reguladoras serão dirigidas em


regime de colegiado, por um Conselho Diretor ou Diretoria composta por
Conselheiros ou Diretores, sendo um deles o seu Presidente ou o Diretor-Geral
ou o Diretor-Presidente.

O Presidente ou o Diretor-Geral ou o Diretor-Presidente e os demais


membros do Conselho Diretor ou da Diretoria serão brasileiros, de reputação
ilibada, formação universitária e elevado conceito no campo de especialidade dos
cargos para os quais serão nomeados, devendo ser escolhidos pelo Presidente
da República e por ele nomeados, após aprovação pelo Senado Federal, nos
termos da alínea “f”, inciso III, art. 52, da Constituição Federal.

Após terem sido indicados e nomeados pelo Presidente da República,


com referendo do Senado Federal, os dirigentes das agências reguladoras
exercerão mandato a prazo certo, cuja duração será definida na lei de criação
de cada agência.

Depois de nomeados, os dirigentes somente perderão o mandato em caso


de renúncia, de condenação judicial transitada em julgado ou de
processo administrativo disciplinar, desde que a lei de criação da agência
não tenha estabelecido outras hipóteses de perda do mandato.

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Além disso, o artigo 8º da Lei 9986/00 ainda estabelece um período de
“quarentena” que deve ser cumprido pelos ex-dirigentes das agências
reguladoras federais após deixarem as respectivas entidades. Segundo o texto
da lei, o ex-dirigente fica impedido para o exercício de atividades ou de prestar
qualquer serviço no setor regulado pela respectiva agência, por um período
de quatro meses, contados da exoneração ou do término do seu mandato.

Durante o impedimento, o ex-dirigente ficará vinculado à agência,


fazendo jus à remuneração compensatória equivalente à do cargo de direção
que exerceu e aos benefícios a ele inerentes. A “quarentena” é aplicável
também ao ex-dirigente exonerado a pedido, se este já tiver cumprido pelo
menos seis meses do seu mandato.

Pergunta: Professor Fabiano, por que os ex-dirigentes estão submetidos


às regras da “quarentena”?

São várias as explicações, mas, resumidamente falando, a obrigatoriedade


de respeito à quarentena está relacionada à grande quantidade de informações
privilegiadas (conhecimento de mercado, planejamento estratégico do setor de
atuação, entre outras) que o ex-dirigente possui e que, logicamente, são de
interesse das empresas privadas que atuam no setor de atuação do ex-dirigente.

Pergunta: E o que pode acontecer com o ex-dirigente que desrespeitar as


regras da “quarentena”?

Estará praticando crime de advocacia administrativa, sujeitando-se às


penas de 01 (um) mês a 01 (um) ano de detenção ou multa, sem prejuízo das
demais sanções administrativas e civis.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: As agências


reguladoras têm poder normativo, nos termos das leis que as instituíram, e seus
Dirigentes, mandatos fixos (FCC/Especialista em Políticas Estado de
SP/2009)

3.6. Controle

A ampla autonomia administrativa assegurada às agências reguladoras


não as exime do controle realizado pelos poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, além do Ministério Público e dos próprios cidadãos, através da
aplicação de vários dispositivos constitucionais e legais.

Como estão vinculadas (e não subordinadas) ao Poder Executivo, as


agências reguladoras estão submetidas ao mesmo controle finalístico (ou
supervisão ministerial) exercido em relação às entidades da Administração
Pública Indireta, nos termos do artigo 84, II e 87, parágrafo único, da CF/88.

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As agências reguladoras estão sujeitas ao controle direto e indireto do
Poder Legislativo. Nos termos do inciso X, artigo 49, da CF/1988, é de
competência do Congresso Nacional “fiscalizar e controlar, diretamente, ou por
qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da
administração indireta”.

Ademais, o artigo 70 da Constituição Federal dispõe que a fiscalização


contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas
será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, com o
auxílio do Tribunal de Contas.

Apenas para reforçar, pois já afirmei anteriormente, lembre-se de que as


agências reguladoras possuem autonomia para decidir em última instância
administrativa os conflitos oriundos do seu setor de atuação.

Entretanto, toda e qualquer decisão proferida por essas entidades pode


voltar a ser discutida perante o Poder Judiciário, em respeito ao princípio da
inafastabilidade da jurisdição, expressamente disposto no inciso XXXV, do
artigo 5º, da Constituição Federal de 1988.

Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas: As agências


reguladoras no Brasil por vezes são tratadas explicitamente na legislação federal
como "autoridades administrativas independentes". Essa independência não
exime a sujeição de seus atos ao controle dos três Poderes do Estado, devendo
compatibilizar sua atuação com os mecanismos de controle previstos no
ordenamento jurídico (FCC/Procurador Municipal Prefeitura de SP 2008).

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REVISÃO DE VÉSPERA DE PROVA – R.V.P.

1. A Administração Pública brasileira passou por três modelos básicos de


administração: a patrimonialista, a burocrática e a gerencial. Todas essas
modalidades se sucederam no tempo, mas não é correto afirmar que os dois
primeiros modelos foram totalmente abandonados, pois ainda encontramos
resquícios de sua aplicação atualmente;

2. O principal objetivo do contrato de gestão é aumentar a autonomia


gerencial, orçamentária e financeira de órgãos e entidades públicos, facilitando o
alcance de suas finalidades previstas em lei;

3. Para responder às questões de prova, lembre-se de que os contratos de gestão


podem ser assinados entre a Administração Direta e Administração
Indireta; entre órgãos da própria Administração Direta; ou, ainda, entre a
Administração Direta e pessoas jurídicas de Direito Privado não
integrantes da Administração (dando origem às Organizações Sociais);

4. A expressão “agência executiva” não designa uma nova entidade integrante


da Administração Pública. Trata-se somente de uma qualificação que é concedida
pelo Poder Público às fundações públicas e autarquias que tenham celebrado um
contrato de gestão com a Administração Direta e atendam aos demais
requisitos previstos nos artigos 51 e 52 da Lei 9.649/98;

5. As principais características das agências reguladoras são: a estabilidade dos


dirigentes (somente devem ser afastados no caso de cometimento de ilícitos, ou
de outros desvios de conduta, ou se a agência não estiver cumprindo a política
pública definida nos termos da lei para o setor); autonomia de gestão;
estabelecimento de fontes próprias de recursos, se possível geradas pelo próprio
exercício da atividade regulatória (taxas pelo exercício do poder de polícia e
preços públicos específicos); a não-subordinação hierárquica a qualquer
instância de governo; a inexistência de instância revisora hierárquica de seus
atos, ressalvada a revisão judicial; a indicação dos dirigentes pautada por
critérios técnicos, sendo preferível que sua nomeação não seja ato exclusivo do
Poder Executivo, devendo envolver o Legislativo, mediante sabatina e
aprovação, pela instância parlamentar, dos nomes indicados;

6. O ordenamento jurídico brasileiro confere às agências reguladoras o poder de


arbitrar os conflitos entre o Estado, o prestador do serviço e os cidadãos que
surgirem no respectivo setor regulado. As decisões proferidas pelas agências
reguladoras possuem caráter de definitividade na esfera administrativa, ou seja,
não são passíveis de recursos para instâncias administrativas superiores;

7. A lei pode estabelecer a possibilidade de o interessado apresentar recurso


hierárquico impróprio em face das decisões proferidas pelas agências
reguladoras, em caráter excepcional. O recurso hierárquico impróprio somente
poderá ser proposto face às decisões proferidas pelas agências reguladoras ou

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demais entidades da Administração Pública Indireta, se existir a expressão
previsão legal ou constitucional;

8. Um dos elementos configuradores da autonomia administrativa das agências


reguladoras é o “mandato a prazo certo” exercido pelos seus dirigentes que,
segundo o entendimento da doutrina majoritária, trata-se de essencial e
necessário instrumento de garantia contra ingerências externas, principalmente
político-eleitorais;

9. Como estão vinculadas (e não subordinadas) ao Poder Executivo, as


agências reguladoras estão submetidas ao mesmo controle finalístico (ou
supervisão ministerial) exercido em relação às entidades da Administração
Pública Indireta, nos termos do artigo 84, II e 87, parágrafo único, da CF/88.

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QUESTÕES COMENTADAS

01. (FCC/Executivo Público Casa Civil/2010) Administração Pública em


seu sentido subjetivo compreende
a) aquelas atividades exercidas pelo conjunto dos órgãos que possuem
personalidade jurídica própria e autonomia administrativa relativa.
b) as entidades com personalidade jurídica própria, que foram criadas
para realizar atividades descentralizadas.
c) as atividades exclusivamente executadas pelo Estado, por seus
órgãos e agentes, com base em sua função administrativa.
d) o conjunto de agentes, órgãos e entidades designados para executar
atividades administrativas.
e) a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob regime
jurídico de direito público, para a consecução dos interesses privados.

Comentários
A expressão “Administração Pública” não apresenta um sentido único, pois
pode ser estudada e analisada sob vários enfoques diferentes. Dentre os vários
sentidos que podem ser atribuídos à referida expressão, encontram-se o
sentido objetivo, material ou funcional e, ainda, o sentido subjetivo,
formal ou orgânico.
Em sentido subjetivo, a Administração Pública pode ser entendida como
o conjunto de órgãos, entidades e agentes públicos encarregados do
exercício da função administrativa. Esse é um sentido que as bancas
examinadoras gostam muito de exigir em suas provas, mas que não apresenta
qualquer dificuldade para assimilação.
De outro lado, em sentido objetivo, material ou funcional, a expressão
administração pública (que deve ser grafada com as iniciais minúsculas),
consiste na própria função administrativa exercida pelos órgãos, entidades e
agentes que integram a Administração Pública em sentido subjetivo. Nesse caso,
estudaremos as atividades finalísticas exercidas pela administração, a exemplo
do fomento, serviço público, polícia administrativa e intervenção administrativa.

Gabarito: letra d.

02. (FCC/Analista Judiciário TRE AP/2011) Considere as seguintes


proposições acerca das entidades políticas e administrativas:
I. As entidades estatais são pessoas jurídicas de direito público que
integram a estrutura constitucional do Estado e têm poderes políticos e
administrativos, como, por exemplo, os Estados-membros.

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II. As autarquias desempenham suas atividades sem subordinação
hierárquica, no entanto, estão sujeitas a controle administrativo,
indispensável para assegurar que elas não se desviem de seus fins
institucionais.
III. As entidades paraestatais, também denominadas entes de
cooperação com o Estado, são autônomas, administrativa e
financeiramente; têm, entre outras características, patrimônio próprio,
sendo que não se sujeitam a qualquer controle estatal.
Está correto o que se afirma SOMENTE em
a) III.
b) I e II.
c) II e III.
d) II.
e) I e III.
Comentários
Item I – Correto. As expressões “entidades estatais”, “entes políticos” ou
“entes federados” são utilizadas para fazer referência à União, Estados,
Municípios e Distrito Federal, que gozam de autonomia política e administrativa,
nos termos da Constituição Federal.
Item II – Correto. As entidades da Administração Indireta (autarquias,
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista) não
estão subordinadas às entidades da Administração Direta (União, Estados,
Municípios e Distrito Federal). Entre elas existe apenas uma relação de
vinculação administrativa, que permite às entidades estatais exercer o
controle administrativo (orientação, supervisão e coordenação) sobre as
atividades das autarquias, assegurando, assim, que as finalidades institucionais
sejam sempre observadas.
Item III – Errado. Em regra, as entidades paraestatais (Serviços Sociais
Autônomos, Organizações Sociais, Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público – OSCIP e Fundações de Apoio) realmente possuem autonomia
administrativa e financeira, já que são entidades regidas pelo direito privado.
Entretanto, submetem-se ao controle estatal quando recebem recursos ou
incentivos públicos, a exemplo da obrigatoriedade de prestação de contas ao
Tribunal de Contas da União.

Gabarito: letra b.

03. (FCC/Analista Judiciário TRT 23ª Região/2011) NÃO é


característica da sociedade de economia mista:
a) criação autorizada por lei.

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b) personalidade jurídica de direito privado.
c) derrogação parcial do regime de direito privado por normas de
direito público.
d) estruturação sob qualquer forma societária admitida em direito.
e) desempenho de atividade econômica.
Comentários
a) Errado. As sociedades de economia mista somente podem ser criadas
mediante autorização legal específica, nos termos do art. 37, XIX, da
Constituição Federal.
b) Errado. Apesar de integrarem a Administração Pública Indireta,
lembre-se sempre de que as sociedades de economia mista (a exemplo do Banco
do Brasil e Petrobras) possuem personalidade jurídica de direito privado,
sujeitando-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto
aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários.
c) Errado. É muito comum você encontrar questões em prova afirmando
que as empresas estatais (sociedades de economia mista e empresas públicas)
são regidas por um regime jurídico híbrido, formado por normas de direito
público e de direito privado. Essa afirmação está correta, pois, apesar de se
submeterem ao regime jurídico próprio das empresas privadas, as empresas
estatais também são obrigadas a realizar licitação e concursos públicos, por
exemplo, imposições que não existem na iniciativa privada. Nesse caso, o regime
de direito privado está sendo parcialmente derrogado por normas de direito
público (Lei 8.666/1993, por exemplo).
d) Correto. As sociedades de economia mista somente podem ser
constituídas sob a forma de sociedade anônima, portanto, esta assertiva não
apresenta uma característica dessas entidades.
e) Errado. As sociedades de economia mista, segundo entendimento da
doutrina majoritária, podem desempenhar atividade econômica ou prestar
serviços públicos.

Gabarito: letra d.

04. (FCC/Analista Judiciário TRT 23ª Região/2011) Analise as


características abaixo.
I. Personalidade jurídica de direito público.
II. Criação por lei.
III. Capacidade de autoadministração.
IV. Especialização dos fins ou atividades.
V. Sujeição a controle ou tutela.

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Trata-se de
a) empresa pública.
b) fundação.
c) autarquia.
d) sociedade de economia mista.
e) órgão público.
Comentários
Analisando-se as características apresentadas, não restam dúvidas de que
a questão está se referindo às autarquias, que são as únicas entidades criadas
mediante autorização legal e que possuem personalidade jurídica de direito
público.
As empresas públicas e sociedades de economia mista sempre são
instituídas com personalidade jurídica de direito privado, enquanto as fundações
públicas podem ser regidas tanto pelo direito público quanto pelo direito
privado. Ademais, os órgãos públicos não possuem personalidade jurídica, o
que afasta a possibilidade de apontar a letra “e” como resposta.

Gabarito: letra c.

05. (FCC/Analista Judiciário TRT 23ª Região/2011) No que concerne à


classificação quanto à posição estatal, os órgãos públicos autônomos
são
a) órgãos de direção, controle e comando, mas sujeitos à subordinação
e ao controle hierárquico de uma chefia; não gozam de autonomia
administrativa nem financeira.
b) os que se localizam na cúpula da Administração, subordinados
diretamente à chefia dos órgãos independentes; gozam de autonomia
administrativa, financeira e técnica e participam das decisões
governamentais.
c) os originários da Constituição e representativos dos três Poderes do
Estado, sem qualquer subordinação hierárquica ou funcional, sujeitos
apenas aos controles constitucionais de um sobre o outro, e suas
atribuições são exercidas por agentes políticos.
d) os que se acham subordinados hierarquicamente a órgãos superiores
de decisão, exercendo principalmente funções de execução.
e) órgãos de direção e comando, não sujeitos à subordinação e ao
controle hierárquico de uma chefia, gozando de autonomia
administrativa e financeira, como, por exemplo, as Casas Legislativas.
Comentários

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a) Errado. O texto da assertiva está se referindo aos órgãos superiores,
que detêm poder de direção, controle, decisão e comando dos assuntos de sua
competência específica, mas sempre estão sujeitos à subordinação e ao controle
hierárquico de uma chefia lotada em outro órgão.
b) Correto. Órgãos autônomos são aqueles que se encontram
diretamente subordinados aos órgãos independentes, apesar de figurarem no
topo da hierarquia administrativa. Detêm autonomia técnica, administrativa e
financeira, a exemplo dos Ministérios, dos órgãos integrantes da estrutura
administrativa da Presidência da República (Casa Civil, Secretaria-Geral,
Secretaria de Relações Institucionais, etc), entre outros.
c) Errado. Não restam dúvidas de que a assertiva está se referindo aos
órgãos independentes, que estão previstos diretamente no texto
constitucional, representativos dos Poderes Legislativo (Congresso Nacional,
Senado, Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmara de
Vereadores), Executivo (Presidência da República, Governadoria dos Estados,
DF e Prefeituras) e Judiciário (com todos os seus órgãos).
d) Errado. Esses são os órgãos subalternos, que possuem reduzido
poder decisório e são responsáveis por atribuições meramente executivas, a
exemplo das seções de atendimento ao público, portarias etc.
e) Errado. As casas legislativas (Congresso Nacional, Câmara dos
Deputados, Senado Federal, Assembléias Legislativas e Câmaras de Vereadores)
são classificadas como órgãos independentes, já que possuem previsão
constitucional e não se subordinam a qualquer outro órgão.

Gabarito: letra b.

06. (FCC/Procurador TCE SP/2011) Como característica comum às


entidades integrantes da Administração Indireta do Estado de São
Paulo, pode-se mencionar a
a) necessidade de lei autorizando a criação do ente.
b) necessidade de concurso público para preenchimento dos cargos em
comissão.
c) submissão à autotutela da Administração Direta.
d) submissão ao regime próprio de previdência.
e) observância do regime de precatórios para pagamento de seus
débitos judiciais.
Comentários
a) Correto. Por eliminação, certamente marcaríamos esta assertiva como
resposta da questão. Entretanto, é importante esclarecer que o seu texto
também deveria ter sido considerado incorreto, já que o caput está se referindo
às entidades integrantes da Administração Indireta do Estado de São Paulo, que
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inclui as autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e
empresas públicas.
Analisando-se o art. 37, XIX, da Constituição Federal, assim como o atual
entendimento do Supremo Tribunal Federal, consta-se que somente as empresas
públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado
necessitam de autorização legal para a respectiva criação. As autarquias e
fundações públicas de direito público não precisam de autorização, pois são
criadas diretamente pela própria lei específica.
b) Errado. Os cargos em comissão, também denominados de cargos de
confiança, não exigem aprovação em concurso público para o respectivo
provimento. Trata-se de uma espécie de cargo público cujas nomeações e
exonerações ficam sob a discricionariedade da autoridade competente (a
exemplo dos cargos de Ministro de Estado e Secretários Municipais).

c) Errado. É necessário ficar atento para não confundir o princípio da


tutela com o princípio da autotutela, pois são muitas as questões elaboradas
pela Fundação Carlos Chagas com o objetivo de tentar induzir o candidato ao
erro.
O controle administrativo realizado pela Administração Direta em relação
às atividades exercidas pelas entidades da Administração Indireta é
conseqüência do princípio da tutela, também denominado de “princípio do
controle”. Como não existe relação de subordinação entre a Administração
Pública Direta e Indireta, está não está sujeita à prerrogativa de autotutela
(possibilidade de revisão de atos, por exemplo) daquela.
d) Errado. Enquanto os servidores das entidades regidas pelo direito
público (autarquias e fundações públicas de direito público) gozam de regime
próprio de previdência social, os empregados das entidades regidas pelo direito
privado (empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas
de direito privado) são regidos pelo regime geral de previdência social (INSS).
e) Errado. Em regra, somente as entidades regidas pelo direito público
podem pagar os seus débitos judiciais através do regime de precatórios.

Gabarito: letra a.

07. (FCC/Analista Judiciário TRT 14ª Região/2011) Para os fins do


Decreto-Lei nº 200/67, autarquia é
a) a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado,
criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de
sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua
maioria à União ou a entidade da Administração Indireta.
b) a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com
patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criada por lei para a

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exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer
por força de contingência ou de conveniência administrativa.
c) o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica,
patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da
Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento,
gestão administrativa e financeira descentralizada.
d) a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem
fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o
desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou
entidades de direito público, com autonomia administrativa.
e) a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com
fins lucrativos, criada por lei, para o desenvolvimento de atividades que
não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com
patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção.

Comentários
A autarquia, entidade integrante da Administração Pública Indireta, é
conceituada no art. 5º, I, do Decreto-Lei nº 200/1967, como “o serviço
autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita
próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira
descentralizada.”
São exemplos de autarquias, na esfera federal, o INSS, o IBAMA, o DNOCS
(Departamento Nacional de Obras contra as secas), o Banco Central do Brasil, a
CVM (Comissão de Valores Mobiliários), entre outras.
Gabarito: letra c.

08. (FCC/Analista Judiciário TRF 1ª Região/2011) NÃO é considerada


característica da sociedade de economia mista
a) a criação independente de lei específica autorizadora.
b) a personalidade jurídica de direito privado.
c) a sujeição a controle estatal.
d) a vinculação obrigatória aos fins definidos em lei.
e) o desempenho de atividade de natureza econômica.
Comentários
A Fundação Carlos Chagas realmente faz jus ao carinhoso apelido de
“Fundação Copiou Colou”. Como é possível perceber, esta questão é
praticamente idêntica à outra questão aplicada no concurso do TRT da 23ª
Região (questão 02 de nossa lista), que também ocorreu em 2011. Por isso
sempre afirmo que a melhor tática para gabaritar as provas dessa banca é
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resolver o maior número possível de questões aplicadas em concursos
anteriores.
a) Correto. A criação de sociedade de economia mista somente pode
ocorrer após autorização concedida por lei específica. Deve ficar claro que a lei
não cria a sociedade de economia mista, apenas autoriza a sua criação, que
acontecerá com o registro de seus atos constitutivos no órgão competente.
b) Errado. Todas as sociedades de economia mista, assim como as
empresas públicas, são criadas com personalidade jurídica de direito privado.
c) Errado. As sociedades de economia mista, em razão do princípio da
tutela (também chamado de “princípio do controle”), estão sujeitas ao controle
administrativo realizado pela Administração Direta.

d) Errado. Ao criar ou autorizar a criação de uma entidade


administrativa (a exemplo da sociedade de economia mista), a lei estabelece
previamente a sua área de atuação (a sua finalidade), isto é, a sua
especialidade. Desse modo, a sociedade de economia mista somente pode
atuar em conformidade com a finalidade prevista em lei, sob pena de
responsabilização administrativa, civil e penal de seus gestores públicos.
e) Errado. As sociedades de economia mista podem desempenhar
atividades econômicas ou prestar serviços públicos.

Gabarito: letra a.

09. (FCC/Analista Judiciário TRE TO/2011) Constitui traço distintivo


entre sociedade de economia mista e empresa pública:
a) forma de organização, isto é, forma jurídica.
b) desempenho de atividade de natureza econômica.
c) criação autorizada por lei.
d) sujeição a controle estatal.
e) personalidade jurídica de direito privado.
Comentários
a) Correto. As sociedades de economia mista somente podem ser
constituídas sob a forma de sociedade anônima (S.A.), sejam elas federais,
estaduais, municipais ou distritais. Por outro lado, as empresas públicas podem
ser constituídas sob qualquer forma jurídica prevista em lei (sociedade
anônima, sociedade limitada ou sociedade em comandita por ações).
b) Errado. Tanto as empresas públicas quanto as sociedades de economia
mista podem desempenhar atividades de natureza econômica, portanto, não se
trata de um traço distintivo entre essas entidades.

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c) Errado. Nos termos do art. 37, XIX, da Constituição Federal, as
empresas públicas e sociedades de economia mista somente podem ser criadas
mediante autorização legal específica.
d) Errado. A obrigatoriedade de submissão ao controle estatal se impõe
tanto às empresas públicas quanto às sociedades de economia mista.
e) Errado. Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas,
lembre-se sempre de que as empresas públicas e as sociedades de economia
mista possuem personalidade jurídica de direito privado, apesar de integrarem
a Administração Pública indireta.

Gabarito: letra a.

10. (FCC/Analista Judiciário TRE TO/2011) Os órgãos públicos


a) confundem-se com as pessoas físicas, porque congregam funções
que estas vão exercer.
b) são singulares quando constituídos por um único centro de
atribuições, sem subdivisões internas, como ocorre com as seções
integradas em órgãos maiores.
c) não são parte integrante da estrutura da Administração Pública.
d) não têm personalidade jurídica própria.
e) são compostos quando constituídos por vários agentes, sendo
exemplo, o Tribunal de Impostos e Taxas.

Comentários

a) Errado. O professor Hely Lopes Meirelles afirma que os órgãos públicos


são “centros de competência instituídos para o desempenho de funções
estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica
a que pertencem”.

Apesar de se tratar da unidade de atuação integrante da estrutura da


Administração Direta e da Administração Indireta onde as pessoas físicas
(agentes públicos) irão exercer as suas funções, os órgãos públicos e agentes
públicos não se confundem.

b) Errado. Órgãos singulares ou unipessoais são aqueles cujas


atuações e decisões mais importantes estão centralizadas em um único agente,
que é o seu titular. Isso não quer dizer que o órgão tenha que ser formado por um
único agente (na maioria das vezes, o órgão é formado por diversos agentes),
mas sim que as decisões sejam tomadas pelo seu representante máximo, a
exemplo da Presidência da República.

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c) Errado. Os órgãos públicos são fruto da desconcentração
administrativa, podendo ser criados no âmbito da Administração Pública Direta
ou Indireta.

d) Correto. Os órgãos públicos realmente são desprovidos de


personalidade jurídica, o que impõe que todos os atos praticados pelos seus
agentes públicos sejam imputados à entidade a qual estiverem vinculados.

e) Errado. Os órgãos compostos são fruto da desconcentração


administrativa e reúnem, em sua estrutura, diversos outros órgãos que lhes são
subordinados. Podemos citar como exemplo o Ministério da Fazenda, que possui
em sua estrutura administrativa diversos outros órgãos, a exemplo da Receita
Federal do Brasil, Secretaria do Tesouro Nacional, ESAF, entre outros.

Gabarito: letra d.

11. (FCC/Analista Judiciário TRE TO/2011) De acordo com a


Organização Administrativa Brasileira, o SESI, o SESC e o SENAI são
entidades
a) estatais.
b) paraestatais.
c) autárquicas.
d) fundacionais.
e) empresariais.
Comentários
O professor Celso Antônio Bandeira de Mello define as entidades
paraestatais como “[...] pessoas privadas que colaboram com o Estado
desempenhando atividade não lucrativa e às quais o Poder Público dispensa
especial proteção, colocando a serviço delas manifestações de seu poder de
império, como o tributário, por exemplo; não abrangem as entidades da
Administração Indireta; trata-se de pessoas privadas que exercem função típica
(embora não exclusiva do Estado), como as de amparo aos hipossuficientes, de
assistência social, de formação profissional. Exatamente por atuarem ao lado do
Estado, recebem a denominação de entidades paraestatais; nessa expressão
podem ser incluídas todas as entidades integrantes do chamado terceiro setor, o
que abrange as declaradas de utilidade pública, as que recebem certificado de
fins filantrópicos, os serviços sociais autônomos (SESI, SESC, SENAI), as
organizações sociais e as organizações da sociedade civil de interesse público”.

Gabarito: letra b.

12. (FCC/Analista Judiciário TRE TO/2011) Os órgãos públicos


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a) são classificados como entidades estatais.
b) têm autonomia política.
c) têm personalidade jurídica.
d) são soberanos.
e) são centros de competência instituídos para o desempenho de
funções estatais.
Comentários
a) Errado. Os órgãos públicos não podem ser classificados como
“entidades”, já que não possuem personalidade jurídica. Ademais, somente a
União, Estados, Municípios e Distrito Federal podem ser classificados como
entidades estatais.
b) Errado. A autonomia política pode ser entendida como a capacidade de
criar leis, prerrogativa assegurada apenas à União, Estados, Municípios e Distrito
Federal, através de suas respectivas casas legislativas.
c) Errado. Para responder às questões de prova, a informação mais
importante certamente é a de os órgãos públicos são desprovidos de
personalidade jurídica. Fique atento!
d) Errado. Somente a República Federativa do Brasil é soberana, isto
é, possui a prerrogativa de decidir, em última instância, os assuntos internos que
são de seu interesse.
e) Correto. A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro conceitua os órgãos
públicos como “uma unidade que congrega atribuições exercidas pelos agentes
públicos que o integram com o objetivo de expressar a vontade do Estado”.

Gabarito: letra e.

13. (FCC/Advogado Nossa Caixa/2011) No que concerne às agências


executivas, é correto afirmar que
a) tais agências não possuem autonomia de gestão, porém a lei
assegura a disponibilidade de recursos orçamentários e financeiros
para que possam cumprir suas metas e objetivos institucionais.
b) trata-se de entidade preexistente, que receberá a qualificação de
agência executiva através de ato do Ministro de Estado a que estiver
vinculada.
c) agência executiva é a qualificação dada somente às autarquias,
desde que cumpridas as exigências legais para tanto.
d) a qualificação da entidade como agência executiva permite que ela
usufrua de determinadas vantagens previstas em lei, como, por
exemplo, o aumento dos percentuais de dispensa de licitação, previsto
na Lei nº 8666/93.
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e) para a qualificação em agência executiva, é necessário o
cumprimento de apenas um desses requisitos: ter plano estratégico de
reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento ou
ter celebrado contrato de gestão com o respectivo Ministério
supervisor.
Comentários
a) Errado. O Poder Executivo editará medidas de organização
administrativa específicas para as Agências Executivas, visando assegurar a sua
autonomia de gestão, bem como a disponibilidade de recursos orçamentários e
financeiros para o cumprimento dos objetivos e metas definidos nos Contratos de
Gestão.

b) Errado. As agências executivas nada mais são do que autarquias e


fundações públicas que recebem uma titulação específica através de
decreto editado pelo Presidente da República.

c) Errado. A qualificação de “agência executiva” pode ser conferida tanto


às autarquias quanto às fundações públicas que atendam aos requisitos
previstos no art. 51 da Lei 9.649/98.

d) Correto. Os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino afirmam


que uma das grandes vantagens asseguradas às agências executivas é a
ampliação dos limites de valor de contratações até os quais a licitação é
dispensável. Para a Administração em geral, é dispensável a licitação quando o
valor de contrato é de até 10% do valor máximo admitido para a utilização da
modalidade convite. Para as agências executivas esse limite até o qual a licitação
é dispensável é o dobro, ou seja, 20% do valor máximo admitido para a utilização
da modalidade convite (Lei 8.666/93, artigo 24, parágrafo único).

e) Errado. As autarquias ou fundações públicas somente podem ser


qualificadas como agência executiva se atenderem os seguintes requisitos: ter
um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em
andamento; e ter celebrado com o respectivo Ministério supervisor um
Contrato de Gestão, que terá periodicidade mínima de um ano e estabelecerá
os objetivos, metas e respectivos indicadores de desempenho da entidade, bem
como os recursos necessários e os critérios e instrumentos para a avaliação do
seu cumprimento.

Comentários: letra d.

14. (FCC/Técnico Judiciário TRT 22ª Região/2010) A Administração


Pública brasileira é classificada em administração direta e indireta. É
correto afirmar que
a) a administração direta não é exercida pelos órgãos centrais
diretamente integrados à estrutura do Poder Público.

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b) empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de
Direito Privado, com criação autorizada por lei para a prestação de
serviço público ou a exploração de atividade econômica e pertence à
administração indireta.
c) a administração indireta é exercida por entidades centralizadas que
mantêm vínculos com o Poder Público, e estão diretamente integradas
na sua estrutura.
d) autarquia é um ente autônomo, com personalidade jurídica de
Direito Público, patrimônio e recursos próprios e pertence à
administração direta.
e) fundação governamental ou pública é um patrimônio total ou
parcialmente público, instituído pelo Estado e cuja função é a realização
de determinados fins, pertence à administração direta.

Comentários
a) Errado. A Administração Pública Direta é constituída pelos entes
estatais (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e respectivos órgãos
públicos que integram a sua estrutura. No âmbito da União, por exemplo,
podemos citar como exemplos de órgãos públicos a Presidência da República, os
Ministérios, o Congresso Nacional, entre outros.
b) Correto. O professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que as
empresas públicas “são pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da
Administração Indireta do Estado, criadas por autorização legal, sob qualquer
forma jurídica adequada a sua natureza, para que o Governo exerça atividades
gerais de caráter econômico ou, em certas situações, execute a prestação de
serviços públicos”. São exemplos de empresas públicas a Caixa Econômica
Federal, os Correios, o BNDES, a Casa da Moeda, entre outras.
c) Errado. A Administração Indireta é exercida por entidades
descentralizadas, vinculadas à Administração Direta, e que tem por objetivo a
execução de atividades administrativas definidas legalmente.
d) Errado. O art. 5º, I, do Decreto-Lei nº 200/1967 define a autarquia
como “o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio
e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira
descentralizada”.
Analisando-se o conceito apresentado pelo texto da assertiva, constata-se
que foi afirmado que as autarquias integram a Administração Pública Direta, o
que não é verdade.
e) Errado. Fundações Públicas ou Governamentais são entidades dotadas
de personalidade jurídica de direito público ou direito privado, sem fins
lucrativos, criadas por lei (direito público) ou em virtude de autorização
legislativa (direito privado) para o desenvolvimento de atividades de interesse
público, como educação, cultura, saúde e pesquisa, sendo regulamentadas por
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decreto do Chefe do Executivo. Assim como acontece com as autarquias, as
fundações públicas integram a Administração Pública Indireta.

Gabarito: letra b.

15. (FCC/Técnico Judiciário TRT 22ª Região/2010) Na organização da


Administração Pública, a concessão de um serviço alinha-se com o
modelo de estrutura organizacional, denominado
a) Estruturação matricial.
b) Desconcentração administrativa.
c) Descentralização administrativa.
d) Departamentalização por programas e serviços.
e) Desconcentração funcional.

Comentários
A “descentralização administrativa” ocorre quando um ente estatal
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios) transfere a outra pessoa, pública
ou privada, o exercício de uma determinada atividade administrativa. Nesse
caso, a função administrativa não será executada por órgãos públicos, mas por
outra pessoa jurídica, com personalidade jurídica distinta do ente estatal que
transferiu a execução da função administrativa.
É o que ocorre, por exemplo, na concessão de um serviço público a
determinado particular (outra pessoa jurídica), que executará a atividade
administrativa por sua conta e risco.

Gabarito: letra c.

16. (FCC/Procurador Prefeitura de Teresina/2010) Os entes da


Administração Indireta NÃO
a) decorrem de descentralização por colaboração.
b) detêm capacidade de autoadministração.
c) possuem personalidade jurídica própria.
d) vinculam-se a órgãos da Administração Direta.
e) possuem patrimônio próprio.

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Comentários
Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas, é importante ficar
claro que a expressão “Administração Indireta” não é sinônima da expressão
“Administração Descentralizada”.
A Administração Indireta é conseqüência da descentralização por
serviços, funcional ou técnica, que ocorre quando as entidades estatais
(União, Estados, Municípios e Distrito Federal) criam entidades administrativas
de direito público ou privado (autarquias, empresas públicas, sociedades de
economia mista, fundações públicas e consórcios públicos) e a elas atribuem a
titularidade e a execução de determinado serviço público.
Por outro lado, a expressão “Administração Descentralizada” abrange
tanto as entidades da Administração Pública Indireta quanto as pessoas jurídicas
de direito privado incumbidas da prestação de serviços públicos (concessionários
e permissionários de serviços públicos), que são fruto da descentralização por
colaboração.
A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que a descentralização
por colaboração ocorre quando, “por meio de contrato ou ato administrativo
unilateral, se transfere a execução de determinado serviço público a pessoa
jurídica de direito privado, previamente existente, conservando o poder público a
titularidade do serviço”. Desse modo, contata-se que os entes da
Administração Indireta não decorrem da descentralização por colaboração
(assim como ocorre com os concessionários e permissionários de serviços
públicos), mas sim da descentralização por serviços, funcional ou técnica.

Gabarito: letra a.

17. (FCC/Procurador TCE AP/2010) Dentre outras características,


distingue-se a autarquia das empresas estatais em razão de a primeira
a) submeter-se a processo especial de execução, ainda que também
não goze de imunidade tributária.
b) gozar de imunidade tributária, embora seus bens também não sejam
protegidos pela impenhorabilidade e pela imprescritibilidade.
c) poder editar atos dotados de imperatividade e executoriedade,
enquanto as estatais são regidas pelo regime jurídico de direito
privado.
d) integrar a administração direta, embora não goze de juízo privativo,
enquanto as empresas estatais fazem parte da administração indireta.
e) ser criada por lei, enquanto as empresas estatais podem ser
constituídas por decreto.

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Comentários
a) Errado. Perceba que a assertiva afirmou que as autarquias não gozam
de imunidade tributária, o que invalida o seu texto.
Nos termos do artigo 150, VI, “a”, da Constituição Federal de 1988, “é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir
impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros” e, por força do
§ 2º do mesmo artigo 150, a vedação se estende “às autarquias e às
fundações instituídas e mantidas pelo poder público, no que se refere ao
patrimônio, à renda e aos serviços vinculados às suas finalidades essenciais ou
às delas decorrentes”.
b) Errado. Como os bens integrantes do patrimônio das autarquias são
considerados públicos, gozam das mesmas prerrogativas asseguradas aos
bens pertencentes às entidades da Administração Direta: a imprescritibilidade
(não podem ser objeto de ações de usucapião apresentadas por terceiros), a
alienabilidade condicionada (apenas os bens dominicais podem ser alienados
e desde que cumpridas todas as exigências legais) e a impenhorabilidade (não
podem ser penhorados para garantir o pagamento de créditos de terceiros).
c) Correto. Perceba que o texto da assertiva não ficou muito claro, pois é
possível deduzir que as empresas estatais não podem editar atos
administrativos, o que não é verdade. Apesar dos vários recursos apresentados
por parte dos candidatos que participaram do concurso público do Tribunal de
Contas do Amapá, o gabarito original foi mantido.
Em virtude de possuírem personalidade jurídica de direito público, as
autarquias realmente podem editar atos administrativos dotados dos atributos
da imperatividade e autoexecutoriedade, a exemplo da interdição de
determinado estabelecimento comercial. Entretanto, esse não é um traço
distintivo em relação às empresas estatais, que, em caráter excepcional,
também podem editar atos administrativos (a exemplo da publicação de um
edital de concurso público).
d) Errado. Tanto as autarquias quanto as empresas estatais integram a
Administração Pública Indireta.
e) Errado. Nos termos do art. 37, XIX, da Constituição Federal, as
autarquias somente podem ser criadas por lei específica. No mesmo sentido, as
empresas estatais somente podem ser criadas após autorização prevista em lei
específica.

18. (FCC/Procurador TCE AP/2010) As entidades integrantes da


Administração Pública
a) sujeitam-se ao regime jurídico de direito público,
independentemente de integrarem a Administração direta ou indireta.
b) sujeitam-se, todas, aos princípios fixados na Constituição Federal,
porém apenas os entes políticos são constituídos sob a forma de
pessoas jurídicas de direito público.
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c) sujeitam-se ao regime jurídico publicístico, exceto as empresas
estatais, que são regidas, exclusivamente, pelo direito privado.
d) possuem, todas, as mesmas prerrogativas da Fazenda Pública,
especialmente no que diz respeito à imunidade tributária e
impenhorabilidade de seus bens.
e) sujeitam-se, quando empresas estatais, ao regime jurídico de direito
privado, não obstante seus bens, se afetados a serviço público, possam
estar protegidos pelo regime jurídico de direito público.

Comentários
a) Errado. Em regra, as empresas públicas e sociedades de economia
mista não estão sujeitas ao regime jurídico de direito público, pois, nos termos
do art. 173, § 1º, II, da Constituição Federal, devem ser submetidas ao regime
jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e
obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários.
b) Errado. Todas as entidades integrantes da Administração Pública
realmente estão obrigadas a respeitar os princípios fixados na Constituição
Federal, a exemplo daqueles contidos no caput do art. 37. Entretanto, deve ficar
claro que os entes políticos não são os únicos constituídos sob a forma de
pessoas jurídicas de direito público, pois isso também ocorre com as autarquias
e fundações públicas de direito público.
c) Errado. As empresas estatais não são regidas, exclusivamente, pelas
regras do direito privado. A essas entidades também são impostas regras de
direito público, a exemplo da obrigatoriedade de realização de concurso
público para a seleção de pessoal e licitação para a contratação de bens,
produtos ou serviços.
d) Errado. As empresas públicas e sociedades de economia mista não
podem ser incluídas no conceito de “Fazenda Pública”, que se restringe às
entidades regidas pelo direito público. Desse modo, não são abrangidas pela
imunidade tributária e impenhorabilidade de seus bens, em regra.
e) Correto. Apesar de regidas pelo direito privado, existe a possibilidade
de que os bens das empresas estatais sejam considerados “públicos”, sendo
protegidos, assim, pela impenhorabilidade assegurada pelas regras do direito
público. No julgamento do Recurso Extraordinário nº 230.051/SP, de relatoria do
Ministro Maurício Corrêa, o Supremo Tribunal Federal decidiu que “à empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos, pessoa jurídica equiparada à Fazenda
Pública, é aplicável o privilégio da impenhorabilidade de seus bens, rendas e
serviços”.
É importante esclarecer que as prerrogativas de direito públicos (a
exemplo da impenhorabilidade de seus bens e imunidade tributária) somente são
asseguradas às empresas públicas e sociedades de economia mista que prestam
serviços públicos em regime de monopólio (exclusividade), como é o caso dos
Correios (empresa pública federal).
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Gabarito: letra e.

19. (FCC/Analista Judiciário TRT 9ª Região/2010) No que concerne ao


tema sociedades de economia mista e empresas públicas, é INCORRETO
afirmar:
a) O pessoal das empresas públicas e das sociedades de economia
mista são considerados agentes públicos, para os fins de incidência das
sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa.
b) As sociedades de economia mista apenas têm foro na Justiça Federal
quando a União intervém como assistente ou opoente ou quando a
União for sucessora da referida sociedade.
c) Ambas somente podem ser criadas se houver autorização por lei
específica, cabendo ao Poder Executivo as providências
complementares para sua instituição.
d) No capital de empresa pública, não se admite a participação de
pessoa jurídica de direito privado, ainda que integre a Administração
Indireta.
e) As empresas públicas podem adotar qualquer forma societária,
inclusive a forma de sociedade "unipessoal".

Comentários
a) Correto. O art. 2º da Lei 8.429/1992 considera agente público, para os
efeitos de improbidade administrativa, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
emprego ou função pública.
b) Correto. Em regra, a prerrogativa de foro na Justiça Federal somente
alcança as empresas públicas federais, já que o art. 109 da Constituição Federal
não faz qualquer referência às sociedades de economia mista.
c) Correto. Não é a lei específica que confere existência jurídica às
empresas estatais. Nos termos do artigo 45 do Código Civil brasileiro, “a
existência legal das pessoas jurídicas de Direito Privado começa com a inscrição
do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de
autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as
alterações por que passar o ato constitutivo”.
d) Errado. As empresas públicas são constituídas por capital
exclusivamente estatal (público). O capital deve pertencer integralmente a
entidades da Administração Direta (União, Estados, Municípios e Distrito
Federal) ou Indireta (outras empresas públicas, autarquias, fundações públicas
e sociedades de economia mista), sendo vedada a participação de
particulares na integralização do capital.

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e) Correto. O professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que a
dicção do Decreto-lei nº 200/1967 é no sentido de que as empresas públicas
podem revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito. Assim,
podem as empresas públicas ser unipessoais, quando o capital pertence
exclusivamente à pessoa instituidora, ou pluripessoais, quando, além do
capital dominante da pessoa criadora, se associam recursos de outras pessoas
administrativas.

Gabarito: letra d.

20. (FCC/Procurador PGE AM/2010) O regime jurídico das empresas


públicas e sociedades de economia mista que desempenham atividade
econômica em sentido estrito estabelece que
a) seus bens são considerados de natureza pública, motivo pelo qual
não estão sujeitos à constrição judicial.
b) a remuneração de seus agentes não está sujeita ao teto
constitucional, a menos que a entidade receba recursos orçamentários
para pagamento de despesa de pessoal ou de custeio em geral.
c) essas entidades devem assumir necessariamente a forma de
sociedade anônima.
d) a licitação e a contratação de obras, serviços, compras e alienações
não precisam observar os princípios da Administração Pública.
e) a nomeação de seus dirigentes deve se dar na forma de seu estatuto
social, podendo a lei condicionar tal nomeação à ratificação pelo Poder
Legislativo.
Comentários
a) Errado. Somente os bens das empresas estatais que prestam serviços
públicos em regime de monopólio, a exemplo dos Correios, podem ser
considerados bens públicos, e, portanto, gozarem da impenhorabilidade.
b) Correto. O art. 37, § 9º, da Constituição Federal, dispõe que o teto
geral remuneratório aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia
mista, e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do
Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de
custeio em geral. Assim, se a empresa estatal não recebe recursos públicos para
despesas de pessoal ou de custeio, a remuneração de seus agentes não está
sujeita ao teto constitucional remuneratório.
c) Errado. Somente as sociedades de economia mista devem assumir a
forma de sociedade anônima. As empresas públicas podem assumir qualquer
forma jurídica admitida pelo ordenamento jurídico.

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d) Errado. Tanto as empresas públicas quanto as sociedades de economia
mista estão obrigadas a respeitar os princípios da Administração Pública nas
contratações de obras, serviços, compras e alienações.
e) Errado. No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº
1.642/MG, de relatoria do Ministro Eros Grau, o Supremo Tribunal Federal
afirmou ser inconstitucional a exigência de aprovação prévia do Poder
Legislativo como condição para a nomeação, pelo Chefe do Poder Executivo, de
dirigentes de quaisquer empresas públicas e sociedades de economia mista,
tanto das exploradoras de atividades econômicas quanto das prestadoras de
serviços públicos.
Gabarito: letra b.

21. (FCC/Técnico Judiciário TRE RS/2010) NÃO integram a


Administração Pública Indireta:
a) Autarquia e Fundação Pública.
b) Ministério Público e Defensoria Pública.
c) Fundação Pública e Empresa Pública.
d) Sociedade de economia mista e autarquia.
e) Empresa Pública e Sociedade de economia mista.

Comentários
Essa é a típica questão “de grátis”, isto é, para ninguém “zerar” a prova e
ser eliminado. Faço votos para que esse tipo de questão não seja cobrado no
concurso do TRT da 11ª Região, pois, se isso ocorrer, dezenas de alunos ficarão
empatados na 1ª colocação (rrsss).
A propósito, é importante destacar que, nos termos do Decreto-lei nº
200/1967, integram a Administração Pública Indireta as autarquias, empresas
públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas. Todavia, o art. 6º,
§ 1º, da Lei 11.107/2005, dispõe que “o consórcio público com personalidade
jurídica de direito público integra a administração indireta de todos os entes
da Federação consorciados”.
Desse modo, lembre-se sempre de que é correto afirmar que os consórcios
públicos de direito público também integram a Administração Pública Indireta,
apesar de não ser comum esse tipo de questão nas provas da Fundação Carlos
Chagas.

Gabarito: letra b.

22. (FCC/Analista Judiciário TRE RS/2010) A entidade da administração


publica indireta deve ser criada diretamente por lei especifica é a
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a) fundação publica
b) empresa publica
c) sociedade de economia mista
d) autarquia
e) fundação privada
Comentários
O art. 37, XIX, da Constituição Federal, dispõe que “somente por lei
específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação”.

Gabarito: letra d.

23. (FCC/Analista Bahiagás/2010) Quanto às autarquias, analise:


I. O seu patrimônio é formado com a transferência de bens móveis e
imóveis da entidade-matriz, os quais se incorporam ao ativo da nova
pessoa jurídica.
II. É pessoa jurídica de Direito Privado, com função pública própria,
típica e outorgada pelo Estado, criada através do registro de seus
estatutos, segundo a lei que autoriza a sua criação.
III. Os atos dos seus dirigentes equiparam-se aos atos administrativos,
devendo observar os mesmos requisitos para sua expedição,
sujeitando-se aos controles internos e ao exame de legalidade pelo
Judiciário, pelas vias comuns ou especiais.
IV. Por realizarem serviços públicos centralizados, despersonalizados e
limitados, se acham integradas na estrutura orgânica do Executivo e
hierarquizadas à tutela do órgão público vinculado.
V. Nascem com os privilégios administrativos da entidade estatal que as
institui, auferindo as vantagens tributárias e prerrogativas processuais
da Fazenda Pública, além de outros que lhes forem outorgados por lei
especial.

Está correto o que se afirma APENAS em


a) I e II.
b) IV e V.
c) I, III e V.
d) II, III e IV.
e) III, IV e V.
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Comentários
Item I – Correto. O patrimônio de uma autarquia é constituído por bens
móveis e imóveis, que são considerados integralmente bens públicos, não
existindo participação da iniciativa privada em sua constituição.
Esses bens podem ser transferidos através da própria lei responsável pela
criação da autarquia ou, ainda, através de lei posterior, que irá agregar novos
bens ao patrimônio original.
Item II – Errado. A criação de autarquia decorre diretamente de lei
específica, que é a responsável por assegurar a personalidade jurídica de direito
público.
Item III – Correto. O professor José dos Santos Carvalho Filho afirma
que “os atos das autarquias são, como regra, típicos atos administrativos,
revestindo-se das peculiaridades próprias do regime de direito público ao qual se
submetem. Devem conter todos os requisitos de validade (competência,
finalidade etc.) e são privilegiados pela imperatividade, presunção de
legitimidade, autoexecutoriedade e exigibilidade. Sua extinção pode dar-se pela
invalidação ou pela revogação”.
Item IV – Errado. Para responder às questões da Fundação Carlos
Chagas, lembre-se sempre de que as autarquias executam serviços públicos
descentralizados, integrando a Administração Pública Indireta. Ademais, não
estão hierarquicamente subordinadas ao Poder Executivo, mas apenas
vinculadas administrativamente.
Item V – Correto. Como as autarquias possuem personalidade jurídica de
direito público, integram o conceito de “Fazenda Pública” e são abrangidas por
todas as prerrogativas inerentes ao regime jurídico-administrativo, a exemplo da
imunidade tributária, impenhorabilidade de seus bens, duplo grau de jurisdição
obrigatório, entre outras.

Gabarito: letra c.

24. (FCC/Juiz de Direito TJ MS/2010) Nos termos do conceito previsto


no Direito federal, uma empresa com maioria do capital votante
pertencente à União, e o restante do capital atribuído a outras pessoas
jurídicas de direito público interno, bem como a entidades da
Administração Indireta da União, dos Estados, Distrito Federal e
Municípios, é dita
a) empresa autárquica.
b) sociedade de economia mista.
c) empresa pública.
d) empresa federativa.
e) empresa privada sob controle acionário estatal
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Comentários
Uma das principais características da empresa pública é o fato de que o
seu capital é exclusivamente público, sendo vedada a participação de
particulares em sua integralização. Entretanto, esse capital não precisa ser de
titularidade de um único ente estatal ou administrativo, podendo ser distribuído
entre várias pessoas jurídicas.
No exemplo apresentado no caput da questão, estamos diante de uma
empresa pública federal, pois a União é titular da maioria do capital votante,
sendo o restante do capital distribuído entre várias outras entidades da
Administração Pública Direta e Indireta.

Gabarito: letra c.

25. (FCC/Analista Judiciário TRF 4ª Região/2010) No que se refere aos


órgãos públicos, é INCORRETO afirmar ser característica destes
(algumas não presentes em todos), dentre outras, o fato de que
a) não possuem personalidade jurídica e são resultado da
desconcentração.
b) podem firmar, por meio de seus administradores, contratos de
gestão com outros órgãos.
c) alguns possuem autonomia gerencial, orçamentária e financeira.
d) não possuem patrimônio próprio, mas integram a estrutura da
pessoa jurídica.
e) têm capacidade para representar em juízo a pessoa jurídica que
integram.
Comentários
a) Correto. Os órgãos públicos realmente não possuem personalidade
jurídica, já que decorrem da desconcentração de atividades realizadas no
âmbito da Administração Pública com a finalidade de aumentar a eficiência das
atividades executadas.
b) Correto. Apesar de se tratar de um tema bastante polêmico,
percebe-se que a Fundação Carlos Chagas adota o entendimento constitucional
de que os órgãos públicos também podem firmar contratos de gestão.
O art. 37, § 8º, da Constituição Federal, preceitua que “a autonomia
gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração
direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre
seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de
metas de desempenho para o órgão ou entidade”.
c) Correto. Os órgãos autônomos, por exemplo, que são aqueles
localizados na cúpula da Administração Pública, subordinados diretamente às

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chefias dos órgãos independentes (a exemplo dos Ministérios), realmente
possuem autonomia gerencial, orçamentária e financeira.
d) Correto. Em virtude de não possuírem personalidade jurídica, os
órgãos públicos também não possuem patrimônio próprio, que, em regra, são de
propriedade da mesma pessoa jurídica onde o órgão está inserido
administrativamente.
e) Errado. Somente em caráter excepcional um órgão público poderá
atuar em juízo, já que não possui personalidade jurídica e capacidade processual.
O professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que “de algum tempo
para cá, todavia, tem evoluído a idéia de conferir capacidade a órgãos públicos
para certos tipos de litígio. Um desse casos é o da impetração de mandado de
segurança por órgãos públicos de natureza constitucional, quando se trata de
defesa de sua competência, violada por ato de outro órgão. Em conseqüência,
para exemplificar, a Assembléia Legislativa Estadual, a par de ser órgão com
autonomia financeira expressa no orçamento do Estado, goza, legalmente, de
independência organizacional. É titular de direitos subjetivos, o que lhe confere a
chamada personalidade judiciária, que a autoriza a defender os seus interesses
em juízo. Tem, pois, capacidade processual."

Gabarito: letra e.

26. (FCC/Executivo Público Casa Civil/2010) É certo que, as Sociedades


de Economia Mista
a) embora pertencendo à Administração direta, ostentam estrutura e
funcionamento de empresa particular.
b) não têm, por natureza, qualquer privilégio estatal, só auferindo as
prerrogativas administrativas, tributárias e processuais concedidas
especificamente na lei criadora ou em dispositivos especiais.
c) possuem capital exclusivamente privado e direção exclusiva do ente
estatal ao qual estão subordinadas.
d) somente podem ser instituídas pela União, pelos Estados, pelo
Distrito Federal, vedada a sua criação pelos Municípios.
e) têm como objeto a prestação de uma atividade econômica
empresarial, vedada a realização de atividade pública.

Comentários
a) Errado. As sociedades de economia mista, juntamente com as
empresas públicas, integram a denominada Administração Pública Indireta,
apesar de possuírem personalidade jurídica de direito privado.

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b) Correto. Nos termos do art. 173, § 1º, II, da Constituição Federal, as
sociedades de economia mista devem ser submetidas ao regime jurídico próprio
das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis,
comerciais, trabalhistas e tributários. Desse modo, em regra, não possuem
quaisquer privilégios estatais assegurados pelo regime jurídico-administrativo.
c) Errado. As sociedades de economia mista são instituídas mediante a
integralização de “capital misto”, isto é, proveniente do Poder Público e de
particulares.
d) Errado. As sociedades de economia mista podem ser instituídas em
todos os níveis federativos, inclusive pelos Municípios.
e) Errado. As sociedades de economia mista podem ser instituídas com a
finalidade de prestar serviços públicos (CBTU – Cia. Brasileira de Trens
Urbanos) ou explorar atividade econômica (Banco do Brasil S.A).

Gabarito: letra b.

27. (FCC/Executivo Público Casa Civil/2010) No âmbito da organização


administrativa brasileira atual, as agências executivas
a) substituem as antigas autarquias e fundações e sociedades de
economia mista.
b) exercem funções normativas, fiscalizadoras e de adjudicação de
conflitos.
c) exercem funções administrativas de execução de serviço público de
forma direta.
d) são entidades que gozam de regime de autonomia administrativa
estável.
e) auxiliam os ministérios como órgãos formuladores de políticas
públicas.
Comentários
As agências executivas não substituem qualquer outra entidade da
Administração Pública Indireta. Na verdade, trata-se de uma mera qualificação
conferida a uma autarquia ou fundação pública que tenha celebrado
contrato de gestão com o respectivo Ministério supervisor e tenha plano
estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional, voltado para a
melhoria da qualidade da gestão e para a redução de custos, já concluído ou em
andamento.
Essas entidades exercem atividades meramente administrativas, de
execução de serviço público de forma direta, sem qualquer ingerência nas
políticas públicas formuladas pelo Ministério Supervisor da área em que atua.

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Gabarito: letra c.

28. (FCC/Executivo Público Casa Civil/2010) Ocorre a chamada


centralização administrativa quando o Estado executa suas tarefas por
meio
a) apenas de órgãos da Administração Direta com atuação em todo o
território nacional.
b) apenas de funcionários da Administração Direta concursados.
c) de órgãos e agências integrantes da Administração Direta e Indireta.
d) das agências executivas e fundações localizadas na sede do governo
federal.
e) dos órgãos e agentes integrantes da Administração Direta.

Comentários
Sob o enfoque do Direito Administrativo, a “centralização” ocorre quando
a União, Estados, Distrito Federal e Municípios exercem diretamente, em face
dos beneficiários, as atividades administrativas que estão em suas respectivas
competências, sem interferência de outras pessoas físicas ou jurídicas. Nesse
caso, além de o ente estatal ser o titular da função administrativa, ainda será o
responsável pela execução de tal atividade, que ocorrerá através de seus
respectivos órgãos e agentes públicos.
Na esfera municipal, por exemplo, o serviço de ensino fundamental é
exercido diretamente pelo Município, através das escolas públicas, que são
órgãos públicos.

Gabarito: letra e.

29. (FCC/Executivo Público Casa Civil/2010) A descentralização por


meio de delegação é efetivada quando o Estado
a) cria uma entidade e a ela transfere, mediante previsão em lei,
determinado serviço público.
b) exerce o serviço público que está previsto no ato como atribuição
própria sua.
c) transfere, por contrato ou ato unilateral, unicamente a execução do
serviço.
d) realiza a transferência temporária da titularidade do serviço ao órgão
responsável.
e) delega competências, no âmbito de sua própria estrutura, a fim de
tornar mais ágil e eficiente a prestação dos serviços.
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Comentários
Na descentralização por delegação, uma entidade política (União,
Estados, DF e Municípios) ou administrativa, através de contrato
administrativo ou ato unilateral, transfere o exercício de determinada
atividade administrativa a uma pessoa física ou jurídica que já atuava
anteriormente no mercado.
Isso acontece, por exemplo, quando determinado Município transfere para
um particular (concessionário ou permissionário), após regular procedimento
licitatório, a responsabilidade pela execução do serviço de transporte urbano no
âmbito municipal. A titularidade do serviço de transporte urbano continua
sendo do Município, que transfere para o particular apenas a sua execução.

Gabarito: letra c.

30. (FCC/Executivo Público Casa Civil/2010) A desconcentração


administrativa pressupõe
a) obrigatoriamente, a existência de uma só pessoa jurídica.
b) necessariamente, uma estrutura organizacional mais ágil e eficiente
na prestação dos serviços.
c) especialmente, a transferência da execução de um serviço a órgão da
Administração Indireta.
d) exclusivamente, a prestação de serviços pela Administração Direta.
e) a prestação concentrada de um serviço em uma pessoa jurídica que
não apresente divisões em sua estrutura interna.
Comentários

A desconcentração nada mais é do que a distribuição interna de


competências dentro de uma mesma pessoa jurídica. Trata-se da criação de
órgãos públicos que fazem parte de uma mesma estrutura, hierarquizada,
criada com o objetivo de tornar mais eficiente a execução das finalidades
administrativas previstas em lei.

A desconcentração pode ser efetuada tanto pelos entes que compõem a


Administração Direta (União, Estados, Municípios ou Distrito Federal), quanto
pelos entes que integram a Administração Indireta (autarquias, fundações
públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas).

A criação de Ministérios na estrutura da União é um bom exemplo de


desconcentração administrativa.

Gabarito: letra a.

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31. (FCC/Executivo Público Casa Civil/2010) Com relação à natureza
dos órgãos públicos, considere:
I. Agências reguladoras são autarquias especiais, com personalidade
jurídica de direito privado e amplos poderes normativos.
II. As fundações são normalmente dotadas de personalidade jurídica de
direito privado, podendo, a critério do ente instituidor, assumir
personalidade de direito público.
III. As empresas públicas e as sociedades de economia mista devem ter
a forma de Sociedade Anônima ( S/A ), sendo reguladas, basicamente,
pela Lei das Sociedades por Ações ( Lei n° 6.404/1976 ).
IV. Empresas públicas, autarquias e sociedades de economia mista,
assim como as fundações públicas, só podem ser criadas por lei
específica.
V. As fundações instituídas ou mantidas pelo poder público têm
natureza de autarquia.

Está correto o que se afirma SOMENTE em


a) I, II e III.
b) III, IV e V.
c) I e IV.
d) II e V.
e) II, III, IV e V.
Comentários
Item I – Errado. Se as agências reguladoras são espécies de autarquias,
certamente possuem personalidade jurídica de direito público e gozarão de
todas as prerrogativas asseguradas pelo regime jurídico-administrativo.
Item II – Correto. As fundações públicas de direito público são criadas
por lei específica e, segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, seriam
uma espécie de autarquia, gozando de todas as prerrogativas atribuídas a
essa entidade administrativa. Por outro lado, as fundações públicas de direito
privado têm a criação autorizada por lei e, portanto, não podem ser
consideradas espécies de autarquias. As fundações públicas de direito privado
são criadas nos moldes do art. 37, XIX, da CF, isto é, por decreto do Chefe do
Poder Executivo após autorização concedida por lei específica, sendo
registrada nos órgãos competentes para que se inicie a personalidade jurídica.
Item III – Errado. Somente as sociedades de economia mista devem ser
criadas obrigatoriamente sob a forma de sociedade anônima. As empresas
públicas podem assumir qualquer forma admita pelo ordenamento jurídico
brasileiro.

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Item IV – Errado. As autarquias somente podem ser criadas por lei
específica, enquanto as fundações públicas podem ser criadas (direito público)
ou autorizadas (direito privado) por legislação específica. Por outro lado, as
empresas estatais têm a criação autorizada por lei, já que possuem
personalidade jurídica de direito privado.
Item V – Correto. Apesar de o texto desta assertiva ter sido considerado
correto pela Fundação Carlos Chagas, penso que a questão deveria ter sido
anulada por ausência de resposta. Analisando-se a afirmação feita pela banca
examinadora, é possível concluir que todas as fundações instituídas ou mantidas
pelo poder público são regidas pelo direito público, o que não é verdade.
É importante esclarecer que o entendimento do Supremo Tribunal Federal
é no sentido de que somente as fundações de direito público podem ser
consideradas espécies de autarquias, gozando de todas as prerrogativas
inerentes ao regime jurídico-administrativo. Assim, se a fundação pública foi
instituída com personalidade jurídica de direito privado, não pode ser
considerada espécie de autarquia.

De qualquer forma, é bom ficar atento à essa afirmação da Fundação


Carlos Chagas, pois, se ela cair novamente em prova, o mais sensato é seguir o
entendimento da banca e garantir o ponto da questão! Lógico!

Gabarito: letra d.

32. (FCC/Analista SEFAZ SP/2010) A respeito do regime jurídico


aplicável às entidades integrantes da Administração indireta, é correto
afirmar que as
a) autarquias, fundações e sociedades de economia mista prestadoras
de serviço público sujeitam-se ao regime jurídico de direito público.
b) fundações instituídas e mantidas pelo poder público sujeitam-se ao
mesmo regime das autarquias, exceto no que diz respeito ao processo
seletivo de pessoal.
c) sociedades de economia mista sujeitam-se ao regime de direito
privado, inclusive no que diz respeito à legislação tributária e
trabalhista.
d) sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica
sujeitam-se ao mesmo regime das empresas privadas, exceto no que
diz respeito à matéria tributária.
e) autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo poder público
sujeitam-se ao regime de direito público, exceto no que diz respeito à
penhorabilidade de seus bens.

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Comentários
a) Errado. O simples fato de uma sociedade de economia mista prestar
serviços públicos, por si só, não lhe garante o direito de usufruir das
prerrogativas asseguradas pelo regime jurídico-administrativo. Somente as
sociedades de economia mista que prestem serviços públicos em regime de
monopólio sujeitam-se ao regime jurídico de direito público.
b) Errado. Se a Fundação Carlos Chagas entende que as fundações
instituídas e mantidas pelo poder público são espécies de autarquia (conforme
destacado na questão anterior), isso significa que devem seguir o mesmo
processo de seleção de pessoal: concurso público.
c) Correto. Perceba que a Fundação Carlos Chagas “adora” fazer
referência ao art. 173, § 1º, II, da Constituição Federal, que é expresso ao
afirmar que as empresas estatais devem ser submetidas ao regime jurídico
próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações
civis, comerciais, trabalhistas e tributários.
d) Errado. A obrigatoriedade de submissão às regras de direito privado
inclui também os direitos e obrigações relativos ao direito tributário.
e) Errado. Se a Fundação Carlos Chagas entende que as fundações
instituídas e mantidas pelo poder público são espécies de autarquia (conforme
destacado na questão anterior), isso significa que ambas gozam da prerrogativa
de impenhorabilidade de seus bens.

Gabarito: letra c.
33. (FCC/Agente Técnico Legislativo ALSP/2010) O regime jurídico das
sociedades de economia mista que exploram atividade econômica é o
mesmo
a) das empresas privadas, inclusive no que diz respeito às obrigações
trabalhistas e tributárias, sujeitando-se, porém, aos princípios que
regem a Administração pública.
b) das entidades integrantes da administração direta, exceto no que diz
respeito aos contratos de trabalho, que se regem pela Consolidação das
Leis do Trabalho.
c) das empresas privadas, exceto no que diz respeito ao processo de
execução judicial de suas dívidas, em face da impenhorabilidade de
seus bens e rendas.
d) estabelecido na lei das sociedades anônimas, sendo vedado ao
acionista controlador orientar os negócios da companhia para fins
diversos da obtenção de lucro, sob pena de abuso de poder.
e) das empresas privadas, exceto no que diz respeito às obrigações
tributárias, que são parcialmente afastadas em face da imunidade em
relação a impostos incidentes sobre seu patrimônio e renda.

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Comentários
Apesar de o art. 173, § 1º, II, da Constituição Federal, dispor que as
empresas estatais devem ser submetidas ao regime jurídico próprio das
empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis,
comerciais, trabalhistas e tributários, destaca-se que existem algumas
peculiaridades que devem ser lembradas no momento da prova.
Uma delas é o fato de que as empresas estatais estão obrigadas a respeitar
os princípios insculpidos no texto constitucional, a exemplo das demais
entidades da Administração Pública Direta e Indireta. Outra peculiaridade é o
fato de que também estão submetidas à obrigatoriedade de realização de
licitação e concurso público, o que não ocorre em relação às empresas privadas.
Fique atento!

Gabarito: letra a.

34. (FCC/Analista Judiciário TRE AL/2010) Quando a Administração


Pública, diante da complexidade das atividades por ela desenvolvidas,
distribui competências, no âmbito de sua própria estrutura, a fim de
tornar mais ágil e eficiente a prestação dos serviços, ocorre a técnica
administrativa intitulada
a) descentralização.
b) desconcentração.
c) delegação.
d) privatização.
e) desburocratização.
Comentários
A desconcentração administrativa pode se entendida como a distribuição
interna de competências dentro de uma mesma pessoa jurídica,
materializando-se através da criação de órgãos públicos que fazem parte de uma
estrutura hierarquizada que tem a finalidade de tornar mais ágil e eficiente a
execução das finalidades administrativas previstas em lei.
Gabarito: letra b.

35. (FCC/Analista Judiciário TRE AL/2010) Considere as seguintes


assertivas:
I. Os órgãos públicos são centros de competência instituídos para o
desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação
é imputada à pessoa jurídica a que pertencem.

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II. No tocante a Administração Indireta, na descentralização
administrativa existe subordinação hierárquica entre a pessoa jurídica
incumbida do serviço público e a pessoa política instituidora.
III. Somente por Lei Específica poderá ser criada autarquia e autorizada
a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as
áreas de sua atuação.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I.
b) I e III.
c) II.
d) II e III.
e) III.
Comentários
Item I – Correto. O texto da assertiva simplesmente reproduziu o
conceito de órgão público formulado pelo professor Hely Lopes Meirelles.
Item II – Errado. Não existe subordinação hierárquica entre a pessoa
política instituidora (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) e a pessoa
jurídica incumbida do serviço público (autarquias, fundações públicas, empresas
públicas ou sociedades de economia mista). O que existe entre essas entidades é
apenas uma relação de vinculação administrativa, através da qual as
entidades da Administração Direta exercem o controle finalístico em relação
às atividades praticadas pelas entidades da Administração Indireta.
Item III – Correto. Esse é o teor do art. 37, XIX, da Constituição Federal.
Ademais, é importante destacar que a lei complementar somente irá estabelecer
as áreas de atuação das fundações, não alcançando as demais entidades
administrativas.

Gabarito: letra b.

36. (FCC/Analista Judiciário TRE AL/2010) Doutrinariamente, quanto à


situação ou posição na estrutura administrativa, classificam-se os
órgãos em
a) autônomos e independentes.
b) simples e compostos.
c) singulares e colegiados.
d) diretos e indiretos.
e) internos e externos.

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Comentários
São várias as classificações de órgãos públicos elaboradas pelos
doutrinadores brasileiros, contudo, para fins de concursos públicos, a do
professor Hely Lopes Meirelles ainda é a mais utilizada.
Quanto à posição ocupada na escala governamental ou administrativa
(quanto à posição estatal), o citado professor classifica os órgãos públicos em
independentes, autônomos, superiores e subalternos.
Independentes são os órgãos previstos diretamente no texto
constitucional, representativos dos Poderes Legislativo (Congresso Nacional,
Senado, Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmara de
Vereadores), Executivo (Presidência da República, Governadoria dos Estados e
Prefeituras) e Judiciário (com todos os seus órgãos). É possível incluir nessa
classificação também o Ministério Público e os Tribunais de Contas. Por outro
lado, autônomos são os órgãos que se encontram diretamente subordinados
aos órgãos independentes, apesar de figurarem no topo da hierarquia
administrativa. Detêm autonomia técnica, administrativa e financeira, a exemplo
dos Ministérios, dos órgãos integrantes da estrutura administrativa da
Presidência da República (Casa Civil, Secretaria-Geral, Secretaria de Relações
Institucionais etc.), entre outros.

Gabarito: letra a.

37. (FCC/Analista Judiciário TRE AL/2010) Sobre as entidades políticas,


os órgãos e os agentes públicos, considere:
I. As empresas públicas e sociedades de economia mista não são
criadas por lei, mas, a sua instituição depende de autorização
legislativa.
II. Entidades estatais são pessoas jurídicas de Direito Público que
integram a estrutura constitucional do Estado, mas, não têm poderes
políticos nem administrativos.
III. Órgãos subalternos são os que exercem atribuições de mera
execução, sempre subordinados a vários níveis hierárquicos superiores.
IV. Órgãos públicos são centros de competência instituídos para o
desempenho de funções estatais, dotados de personalidade jurídica e
de vontade própria.
V. Agentes públicos são todas as pessoas físicas incumbidas, definitiva
ou transitoriamente, do exercício de alguma função estatal.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I, III e V.
b) I, II e IV.

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c) III, IV e V.
d) III e IV.
e) IV e V.
Comentários
Item I – Correto. As empresas estatais somente podem ser criadas
mediante autorização legal, conforme preceitua o art. 37, inc. XIX, da
Constituição Federal de 1988.
Item II – Errado. As entidades estatais realmente integram a estrutura
constitucional do Estado, porém, ao contrário do que consta no texto da
assertiva, têm poderes políticos e administrativos.
Item III – Correto. Segundo o professor Hely Lopes Meirelles, os órgãos
subalternos “destinam-se à realização de serviços de rotina, tarefas de
formalização de atos administrativos, cumprimento de decisões superiores e
primeiras decisões em casos individuais, tais como os que, nas repartições
públicas, executam as atividades-meio e atendem ao público, prestando-lhes
informações e encaminhando os requerimentos, como as portarias e as seções
de expediente”.
Item IV – Errado. Os órgãos públicos não possuem personalidade
jurídica, portanto, os atos praticados pelos agentes que integram a sua estrutura
devem ser imputados à pessoa jurídica a qual estão vinculados
administrativamente.
Item V – Correto. Para responder às questões da Fundação Carlos
Chagas, lembre-se sempre de que a expressão “agentes públicos” é a mais
ampla possível, abrangendo todas as pessoas que, direta ou indiretamente, com
ou sem vínculo, com ou sem remuneração, exercem uma função pública.

Gabarito: letra a.

38. (FCC/Analista Judiciário TRT 3ª Região/2010) A doutrina aponta


entre as principais características das agências reguladoras no
ordenamento jurídico brasileiro
a) a desvinculação das normas constitucionais aplicáveis aos entes da
Administração Pública, o que confere às agências maior grau de
autonomia e independência.
b) a personalidade de direito privado e a autonomia administrativa e
orçamentária.
c) a personalidade de direito público, com menor grau de autonomia
administrativa em relação às demais autarquias.

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d) a especialidade, a neutralidade, a independência e a competência
legislativa exclusiva para disciplinar a prestação do serviço público ou
atividade econômica sob sua fiscalização.
e) o regime jurídico especial, fixado na lei que a institui, garantindo
maior grau de autonomia administrativa e orçamentária que o conferido
às demais autarquias.
Comentários
a) Errado. As agências reguladoras são espécies de autarquias, portanto,
devem obediência a todas as normas constitucionais impostas às demais
entidades da Administração Pública brasileira.
b) Errado. As agências reguladoras realmente possuem autonomia
administrativa e orçamentária, contudo, não possuem personalidade jurídica de
direito privado, mas sim de direito público.

c) Errado. Nas palavras do professor Hely Lopes Meirelles, autarquia


especial, a exemplo da agência reguladora, é "aquela a que a lei instituidora
conferir privilégios específicos e aumentar sua autonomia
comparativamente com as autarquias comuns, sem infringir preceitos
constitucionais pertinentes a essas entidades de personalidade pública".

d) Errado. As agências reguladoras não possuem competência legislativa


para disciplinar a prestação de serviços públicos ou atividades sob a sua
fiscalização. Somente os entes estatais possuem competência para criar leis,
através de suas respectivas casas legislativas.
e) Correto. De uma forma geral, comparando-se as autarquias genéricas
com as autarquias denominadas “especiais” (a exemplo das agências
reguladoras) é possível constatar como principais características distintivas
entre ambas o mandato fixo aos seus dirigentes e a ausência de ingerência
hierárquica da Administração Central sobre os atos decisórios relativos à
respectiva área de atuação, o que lhes garante maior grau de autonomia
administrativa e orçamentária.

Gabarito: letra e.

39. (FCC/Analista Judiciário TRT 7ª Região/2009) Aplicam-se às


autarquias, dentre outras regras e princípios, o seguinte:
a) Não têm direito a ação regressiva contra seus servidores culpados
por danos a terceiros.
b) Agem por delegação do Poder que a instituiu.
c) Gozam de imunidade de impostos sobre seu patrimônio, renda e
serviços vinculados às suas finalidades essenciais ou delas decorrentes.

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d) Subordinam-se hierarquicamente à entidade estatal a que
pertencem.
e) Por gozarem de autonomia, seus contratos não estão sujeitos a
licitação.
Comentários
a) Errado. As autarquias estão obrigadas constitucionalmente a
responder civilmente pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem
a terceiros. Todavia, é assegurado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo ou culpa.
b) Errado. As autarquias não atuam por delegação do ente estatal
responsável pela sua criação, já que possuem autonomia administrativa,
gerencial e orçamentária.
c) Correto. É importante esclarecer que a imunidade tributária prevista
no artigo 150, VI, “a”, da CF/1988, não se aplica de forma plena às autarquias.
Essa imunidade somente irá incidir sobre o patrimônio, a renda e os serviços
das autarquias que estejam vinculados às suas finalidades essenciais ou às
que delas decorram.

d) Errado. As entidades autárquicas não estão subordinadas às


entidades políticas responsáveis pela respectiva criação, mas apenas
vinculadas. As entidades da Administração Direta exercem sobre as autarquias
apenas o denominado “controle finalístico” ou “supervisão ministerial” (essa
última denominação é utilizada apenas no âmbito federal, já que não temos
Ministérios no âmbito estadual e municipal, mas apenas Secretarias).
e) Errado. Ressalvados os casos especificados na Lei 8.666/1993, as
obras, serviços, compras e alienações das autarquias serão contratados
mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a
todos os concorrentes.

Gabarito: letra c.

40. (FCC/Analista Judiciário TJ PI/2009) Com relação à administração


pública indireta e suas entidades, considere:
I. A descentralização administrativa ocorre quando as atribuições que
os entes descentralizados exercem só têm o valor jurídico que lhes
empresta o ente central.
II. A fundação é pessoa jurídica de direito privado com capital
inteiramente público e organização sob qualquer das formas admitidas
em direito.
III. As autarquias, dentre outras características, são instituídas por
seus fundadores, possuem personalidade jurídica própria e não se
sujeitam a controle ou tutela, salvo se previsto em seus estatutos.
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IV. A posição da fundação governamental privada perante o poder
público é a mesma das sociedades de economia mista e empresas
públicas.
V. O desempenho de atividade de natureza econômica e a personalidade
jurídica de direito privado são, além de outros, traços comuns entre
empresa pública e sociedade de economia mista.
É correto o que consta APENAS em
a) II e V.
b) II, III e IV.
c) I, III e V.
d) II e III.
e) I, IV e V.
Comentários
a) Correto. Na descentralização administrativa existirá uma pessoa
interposta entre o Estado e o beneficiário da atuação estatal, que será
denominada entidade descentralizada. Esta será responsável por
desempenhar diretamente a atividade administrativa que lhe foi transferida e
valorada pelo ente central.
b) Errado. Analisando-se as informações apresentadas pelo texto da
assertiva, constata-se que a entidade administrativa a que se refere é a
empresa pública e não uma fundação pública.
c) Errado. Apesar de possuírem personalidade jurídica própria,
assegurada por lei específica, é importante esclarecer que as autarquias estão
sujeitas ao controle finalístico realizado pela Administração Pública Direta, que
tem por objetivo garantir o cumprimento de suas finalidades institucionais.
d) Correto. Tanto as empresas estatais quanto as fundações públicas de
direito privado são instituídas com personalidade jurídica de direito privado, não
usufruindo, em regra, das prerrogativas inerentes ao regime
jurídico-administrativo.
e) Correto. As empresas públicas e sociedades de economia mista
realmente possuem personalidade jurídica de direito privado, adquirida
mediante o registro de seus atos constitutivos nos órgãos competentes.
Ademais, podem explorar atividade econômica ou prestar serviços públicos.

Gabarito: letra e.

41. (FCC/Analista Judiciário TRE TO/2011) Considerando a


Organização Administrativa Brasileira, é correto afirmar que
a) a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios são
entidades estatais.
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b) o Brasil é uma confederação formada pela união indissolúvel dos
Estados-membros, dos Municípios e do Distrito Federal
c) os poderes e competências dos Municípios são delimitados por ato do
Presidente da República.
d) as empresas públicas e as sociedades de economia mista integram a
administração direta da União, dos Estados-membros e dos Municípios.
e) Os Ministérios são órgãos autônomos, unipessoais, integrantes da
administração indireta, porém vinculados à Presidência da República

Comentários
a) Correto. Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas,
lembre-se sempre de que a expressão “entidades estatais” é utilizada como
sinônima das expressões “entidades políticas” ou “entes estatais”, fazendo
referência à União, Estados, Municípios e Distrito Federal.
b) Errado. Nos termos do art. 1º da Constituição Federal, o Brasil é uma
República Federativa, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal.
c) Errado. As competências dos entes estatais estão delimitadas
diretamente no texto constitucional, não se admitindo que quaisquer outras
espécies normativas possam alterá-las.
d) Errado. As empresas públicas e sociedades de economia mista
integram a Administração Pública Indireta, podendo ser criadas no âmbito
federal, estadual, distrital ou municipal.
e) Errado. Os Ministérios realmente são órgãos autônomos e estão
diretamente subordinados à Presidência da República. Entretanto, integram a
Administração Pública direta e não “indireta”.

Gabarito: letra a.

42. (FCC/Analista Judiciário TRE TO/2011) A repartição de funções


entre os vários órgãos de uma mesma pessoa jurídica da Administração
Pública é conceito de
a) desconcentração.
b) descentralização.
c) descentralização por serviços.
d) delegação de competência.
e) desmembramento.

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Comentários
Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas, fique atento para
não confundir as expressões desconcentração e descentralização
administrativas.
A desconcentração nada mais é que a distribuição interna de
competências dentro de uma mesma pessoa jurídica, ou seja, a criação de
órgãos públicos que fazem parte de uma estrutura hierarquizada, instituída com
o objetivo de tornar mais eficiente a execução das finalidades administrativas
previstas em lei. De outro lado, a descentralização ocorre quando a União,
Distrito Federal, Estados ou Municípios desempenham algumas de suas funções
por meio de outras pessoas jurídicas. A descentralização pressupõe a existência
de duas pessoas jurídicas distintas: o Estado e a entidade (de direito público
ou privado) que executará o serviço, por ter recebido do Estado essa atribuição.

Gabarito: letra a.

43. (FCC/Analista Judiciário TRE AC/2010) A respeito das entidades


políticas e administrativas, considere:
I. Pessoas jurídicas de Direito Público que integram a estrutura
constitucional do Estado e têm poderes políticos e administrativos.
II. Pessoas jurídicas de Direito Público, de natureza meramente
administrativa, criadas por lei específica, para realização de atividades,
obras ou serviços descentralizados da entidade estatal que as criou.
III. Pessoas jurídicas de Direito Privado que, por lei, são autorizadas a
prestar serviços ou realizar atividades de interesse coletivo ou público,
mas não exclusivos do Estado.
Esses conceitos referem-se, respectivamente, a entidades
a) autárquicas, fundacionais e empresariais.
b) estatais, autárquicas e paraestatais ou de cooperação.
c) estatais, paraestatais ou de cooperação e fundacionais.
d) paraestatais ou de cooperação, autárquicas e estatais.
e) estatais, empresariais e fundacionais.

Comentários
Item I – Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas,
lembre-se sempre de que somente as entidades estatais têm poderes
políticos, isto é, capacidade de criar suas próprias leis.
Item II – Dentre as entidades que integram a Administração Pública
Indireta, somente as autarquias são criadas por lei específica para a realização
de atividades, obras ou serviços descentralizados.
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Item III – As entidades de cooperação, também denominadas de
“entidades paraestatais”, realmente exercem atividades de interesse coletivo
ou público que não são exclusivos do Estado, a exemplo da assistência social e
da formação profissional.

Gabarito: letra b.

44. (FCC/Analista TCM CE/2010) As sociedades de economia mista e as


empresas públicas
a) estão sujeitas ao mesmo regime jurídico das empresas privadas,
inclusive no que diz respeito a matéria tributária e trabalhista.
b) não estão submetidas aos princípios da Administração Pública,
exceto quando prestadoras de serviço público.
c) sujeitam-se ao regime jurídico de direito público, quando
prestadoras de serviço público, e ao regime de direito privado, quando
exploradoras de atividade econômica.
d) sujeitam-se ao mesmo regime jurídico das fundações públicas,
exceto no que diz respeito à matéria de pessoal.
e) estão sujeitas ao mesmo regime jurídico das empresas privadas,
exceto no que diz respeito a matéria tributária e trabalhista.

Comentários
a) Correto. O art. 173, § 1º, II, da Constituição Federal, preceitua que as
empresas estatais sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresas
privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais,
trabalhistas e tributários.
b) Errado. Todos os órgãos e entidades da Administração Pública Direta e
Indireta estão obrigados a respeitar os princípios gerais do Direito
Administrativo, especialmente aqueles que estão previstos no art. 37, caput, da
Constituição Federal de 1988.
c) Errado. Em regra, as empresas públicas e sociedades de economia
mista estão sujeitas ao regime jurídico de direito privado, independentemente
de prestarem serviços públicos ou explorarem atividade econômica. Segundo
entendimento do Supremo Tribunal Federal, somente as empresas estatais
que prestam serviços públicos em regime de exclusividade (monopólio), a
exemplo dos Correios, poderão usufruir das prerrogativas asseguradas pelo
direito público (imunidade tributária, por exemplo).
d) Errado. Analisando-se o texto da assertiva, não é possível constatar se
a banca examinadora está se referindo às fundações públicas de direito público
(cujos servidores são estatutários) ou às fundações públicas de direito privado
(cujos empregados são celetistas). Se a questão está se referindo às fundações
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públicas de direito privado (o mais provável, apesar de não ser claro), o regime
de seus empregados é o mesmo adotado pelas empresas estatais (celetista).
e) Errado. A sujeição das empresas estatais ao regime jurídico das
empresas privadas inclui também os direitos e obrigações civis, comerciais,
trabalhistas e tributários.

Gabarito: letra a.

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RELAÇÃO DE QUESTÕES QUE FORAM COMENTADAS

01. (FCC/Executivo Público Casa Civil/2010) Administração Pública em


seu sentido subjetivo compreende
a) aquelas atividades exercidas pelo conjunto dos órgãos que possuem
personalidade jurídica própria e autonomia administrativa relativa.
b) as entidades com personalidade jurídica própria, que foram criadas
para realizar atividades descentralizadas.
c) as atividades exclusivamente executadas pelo Estado, por seus
órgãos e agentes, com base em sua função administrativa.
d) o conjunto de agentes, órgãos e entidades designados para executar
atividades administrativas.
e) a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob regime
jurídico de direito público, para a consecução dos interesses privados.

02. (FCC/Analista Judiciário TRE AP/2011) Considere as seguintes


proposições acerca das entidades políticas e administrativas:
I. As entidades estatais são pessoas jurídicas de direito público que
integram a estrutura constitucional do Estado e têm poderes políticos e
administrativos, como, por exemplo, os Estados-membros.
II. As autarquias desempenham suas atividades sem subordinação
hierárquica, no entanto, estão sujeitas a controle administrativo,
indispensável para assegurar que elas não se desviem de seus fins
institucionais.
III. As entidades paraestatais, também denominadas entes de
cooperação com o Estado, são autônomas, administrativa e
financeiramente; têm, entre outras características, patrimônio próprio,
sendo que não se sujeitam a qualquer controle estatal.
Está correto o que se afirma SOMENTE em
a) III.
b) I e II.
c) II e III.
d) II.
e) I e III.

03. (FCC/Analista Judiciário TRT 23ª Região/2011) NÃO é


característica da sociedade de economia mista:
a) criação autorizada por lei.

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b) personalidade jurídica de direito privado.
c) derrogação parcial do regime de direito privado por normas de
direito público.
d) estruturação sob qualquer forma societária admitida em direito.
e) desempenho de atividade econômica.

04. (FCC/Analista Judiciário TRT 23ª Região/2011) Analise as


características abaixo.
I. Personalidade jurídica de direito público.
II. Criação por lei.
III. Capacidade de autoadministração.
IV. Especialização dos fins ou atividades.
V. Sujeição a controle ou tutela.
Trata-se de
a) empresa pública.
b) fundação.
c) autarquia.
d) sociedade de economia mista.
e) órgão público.

05. (FCC/Analista Judiciário TRT 23ª Região/2011) No que concerne à


classificação quanto à posição estatal, os órgãos públicos autônomos
são
a) órgãos de direção, controle e comando, mas sujeitos à subordinação
e ao controle hierárquico de uma chefia; não gozam de autonomia
administrativa nem financeira.
b) os que se localizam na cúpula da Administração, subordinados
diretamente à chefia dos órgãos independentes; gozam de autonomia
administrativa, financeira e técnica e participam das decisões
governamentais.
c) os originários da Constituição e representativos dos três Poderes do
Estado, sem qualquer subordinação hierárquica ou funcional, sujeitos
apenas aos controles constitucionais de um sobre o outro, e suas
atribuições são exercidas por agentes políticos.
d) os que se acham subordinados hierarquicamente a órgãos superiores
de decisão, exercendo principalmente funções de execução.

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e) órgãos de direção e comando, não sujeitos à subordinação e ao
controle hierárquico de uma chefia, gozando de autonomia
administrativa e financeira, como, por exemplo, as Casas Legislativas.

06. (FCC/Procurador TCE SP/2011) Como característica comum às


entidades integrantes da Administração Indireta do Estado de São
Paulo, pode-se mencionar a
a) necessidade de lei autorizando a criação do ente.
b) necessidade de concurso público para preenchimento dos cargos em
comissão.
c) submissão à autotutela da Administração Direta.
d) submissão ao regime próprio de previdência.
e) observância do regime de precatórios para pagamento de seus
débitos judiciais.

07. (FCC/Analista Judiciário TRT 14ª Região/2011) Para os fins do


Decreto-Lei nº 200/67, autarquia é
a) a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado,
criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de
sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua
maioria à União ou a entidade da Administração Indireta.
b) a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com
patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criada por lei para a
exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer
por força de contingência ou de conveniência administrativa.
c) o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica,
patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da
Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento,
gestão administrativa e financeira descentralizada.
d) a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem
fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o
desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou
entidades de direito público, com autonomia administrativa.
e) a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com
fins lucrativos, criada por lei, para o desenvolvimento de atividades que
não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com
patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção.

08. (FCC/Analista Judiciário TRF 1ª Região/2011) NÃO é considerada


característica da sociedade de economia mista

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a) a criação independente de lei específica autorizadora.
b) a personalidade jurídica de direito privado.
c) a sujeição a controle estatal.
d) a vinculação obrigatória aos fins definidos em lei.
e) o desempenho de atividade de natureza econômica.
09. (FCC/Analista Judiciário TRE TO/2011) Constitui traço distintivo
entre sociedade de economia mista e empresa pública:
a) forma de organização, isto é, forma jurídica.
b) desempenho de atividade de natureza econômica.
c) criação autorizada por lei.
d) sujeição a controle estatal.
e) personalidade jurídica de direito privado.

10. (FCC/Analista Judiciário TRE TO/2011) Os órgãos públicos


a) confundem-se com as pessoas físicas, porque congregam funções
que estas vão exercer.
b) são singulares quando constituídos por um único centro de
atribuições, sem subdivisões internas, como ocorre com as seções
integradas em órgãos maiores.
c) não são parte integrante da estrutura da Administração Pública.
d) não têm personalidade jurídica própria.
e) são compostos quando constituídos por vários agentes, sendo
exemplo, o Tribunal de Impostos e Taxas.

11. (FCC/Analista Judiciário TRE TO/2011) De acordo com a


Organização Administrativa Brasileira, o SESI, o SESC e o SENAI são
entidades
a) estatais.
b) paraestatais.
c) autárquicas.
d) fundacionais.
e) empresariais.

12. (FCC/Analista Judiciário TRE TO/2011) Os órgãos públicos


a) são classificados como entidades estatais.
b) têm autonomia política.
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c) têm personalidade jurídica.
d) são soberanos.
e) são centros de competência instituídos para o desempenho de
funções estatais.

13. (FCC/Advogado Nossa Caixa/2011) No que concerne às agências


executivas, é correto afirmar que
a) tais agências não possuem autonomia de gestão, porém a lei
assegura a disponibilidade de recursos orçamentários e financeiros
para que possam cumprir suas metas e objetivos institucionais.
b) trata-se de entidade preexistente, que receberá a qualificação de
agência executiva através de ato do Ministro de Estado a que estiver
vinculada.
c) agência executiva é a qualificação dada somente às autarquias,
desde que cumpridas as exigências legais para tanto.
d) a qualificação da entidade como agência executiva permite que ela
usufrua de determinadas vantagens previstas em lei, como, por
exemplo, o aumento dos percentuais de dispensa de licitação, previsto
na Lei nº 8666/93.
e) para a qualificação em agência executiva, é necessário o
cumprimento de apenas um desses requisitos: ter plano estratégico de
reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento ou
ter celebrado contrato de gestão com o respectivo Ministério
supervisor.

14. (FCC/Técnico Judiciário TRT 22ª Região/2010) A Administração


Pública brasileira é classificada em administração direta e indireta. É
correto afirmar que
a) a administração direta não é exercida pelos órgãos centrais
diretamente integrados à estrutura do Poder Público.
b) empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de
Direito Privado, com criação autorizada por lei para a prestação de
serviço público ou a exploração de atividade econômica e pertence à
administração indireta.
c) a administração indireta é exercida por entidades centralizadas que
mantêm vínculos com o Poder Público, e estão diretamente integradas
na sua estrutura.
d) autarquia é um ente autônomo, com personalidade jurídica de
Direito Público, patrimônio e recursos próprios e pertence à
administração direta.

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e) fundação governamental ou pública é um patrimônio total ou
parcialmente público, instituído pelo Estado e cuja função é a realização
de determinados fins, pertence à administração direta.

15. (FCC/Técnico Judiciário TRT 22ª Região/2010) Na organização da


Administração Pública, a concessão de um serviço alinha-se com o
modelo de estrutura organizacional, denominado
a) Estruturação matricial.
b) Desconcentração administrativa.
c) Descentralização administrativa.
d) Departamentalização por programas e serviços.
e) Desconcentração funcional.

16. (FCC/Procurador Prefeitura de Teresina/2010) Os entes da


Administração Indireta NÃO
a) decorrem de descentralização por colaboração.
b) detêm capacidade de autoadministração.
c) possuem personalidade jurídica própria.
d) vinculam-se a órgãos da Administração Direta.
e) possuem patrimônio próprio.

17. (FCC/Procurador TCE AP/2010) Dentre outras características,


distingue-se a autarquia das empresas estatais em razão de a primeira
a) submeter-se a processo especial de execução, ainda que também
não goze de imunidade tributária.
b) gozar de imunidade tributária, embora seus bens também não sejam
protegidos pela impenhorabilidade e pela imprescritibilidade.
c) poder editar atos dotados de imperatividade e executoriedade,
enquanto as estatais são regidas pelo regime jurídico de direito
privado.
d) integrar a administração direta, embora não goze de juízo privativo,
enquanto as empresas estatais fazem parte da administração indireta.
e) ser criada por lei, enquanto as empresas estatais podem ser
constituídas por decreto.

18. (FCC/Procurador TCE AP/2010) As entidades integrantes da


Administração Pública

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a) sujeitam-se ao regime jurídico de direito público,
independentemente de integrarem a Administração direta ou indireta.
b) sujeitam-se, todas, aos princípios fixados na Constituição Federal,
porém apenas os entes políticos são constituídos sob a forma de
pessoas jurídicas de direito público.
c) sujeitam-se ao regime jurídico publicístico, exceto as empresas
estatais, que são regidas, exclusivamente, pelo direito privado.
d) possuem, todas, as mesmas prerrogativas da Fazenda Pública,
especialmente no que diz respeito à imunidade tributária e
impenhorabilidade de seus bens.
e) sujeitam-se, quando empresas estatais, ao regime jurídico de direito
privado, não obstante seus bens, se afetados a serviço público, possam
estar protegidos pelo regime jurídico de direito público.
19. (FCC/Analista Judiciário TRT 9ª Região/2010) No que concerne ao
tema sociedades de economia mista e empresas públicas, é INCORRETO
afirmar:
a) O pessoal das empresas públicas e das sociedades de economia
mista são considerados agentes públicos, para os fins de incidência das
sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa.
b) As sociedades de economia mista apenas têm foro na Justiça Federal
quando a União intervém como assistente ou opoente ou quando a
União for sucessora da referida sociedade.
c) Ambas somente podem ser criadas se houver autorização por lei
específica, cabendo ao Poder Executivo as providências
complementares para sua instituição.
d) No capital de empresa pública, não se admite a participação de
pessoa jurídica de direito privado, ainda que integre a Administração
Indireta.
e) As empresas públicas podem adotar qualquer forma societária,
inclusive a forma de sociedade "unipessoal".

20. (FCC/Procurador PGE AM/2010) O regime jurídico das empresas


públicas e sociedades de economia mista que desempenham atividade
econômica em sentido estrito estabelece que
a) seus bens são considerados de natureza pública, motivo pelo qual
não estão sujeitos à constrição judicial.
b) a remuneração de seus agentes não está sujeita ao teto
constitucional, a menos que a entidade receba recursos orçamentários
para pagamento de despesa de pessoal ou de custeio em geral.
c) essas entidades devem assumir necessariamente a forma de
sociedade anônima.
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d) a licitação e a contratação de obras, serviços, compras e alienações
não precisam observar os princípios da Administração Pública.
e) a nomeação de seus dirigentes deve se dar na forma de seu estatuto
social, podendo a lei condicionar tal nomeação à ratificação pelo Poder
Legislativo.

21. (FCC/Técnico Judiciário TRE RS/2010) NÃO integram a


Administração Pública Indireta:
a) Autarquia e Fundação Pública.
b) Ministério Público e Defensoria Pública.
c) Fundação Pública e Empresa Pública.
d) Sociedade de economia mista e autarquia.
e) Empresa Pública e Sociedade de economia mista.
22. (FCC/Analista Judiciário TRE RS/2010) A entidade da administração
publica indireta deve ser criada diretamente por lei especifica é a
a) fundação publica
b) empresa publica
c) sociedade de economia mista
d) autarquia
e) fundação privada

23. (FCC/Analista Bahiagás/2010) Quanto às autarquias, analise:


I. O seu patrimônio é formado com a transferência de bens móveis e
imóveis da entidade-matriz, os quais se incorporam ao ativo da nova
pessoa jurídica.
II. É pessoa jurídica de Direito Privado, com função pública própria,
típica e outorgada pelo Estado, criada através do registro de seus
estatutos, segundo a lei que autoriza a sua criação.
III. Os atos dos seus dirigentes equiparam-se aos atos administrativos,
devendo observar os mesmos requisitos para sua expedição,
sujeitando-se aos controles internos e ao exame de legalidade pelo
Judiciário, pelas vias comuns ou especiais.
IV. Por realizarem serviços públicos centralizados, despersonalizados e
limitados, se acham integradas na estrutura orgânica do Executivo e
hierarquizadas à tutela do órgão público vinculado.
V. Nascem com os privilégios administrativos da entidade estatal que as
institui, auferindo as vantagens tributárias e prerrogativas processuais

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da Fazenda Pública, além de outros que lhes forem outorgados por lei
especial.

Está correto o que se afirma APENAS em


a) I e II.
b) IV e V.
c) I, III e V.
d) II, III e IV.
e) III, IV e V.

24. (FCC/Juiz de Direito TJ MS/2010) Nos termos do conceito previsto


no Direito federal, uma empresa com maioria do capital votante
pertencente à União, e o restante do capital atribuído a outras pessoas
jurídicas de direito público interno, bem como a entidades da
Administração Indireta da União, dos Estados, Distrito Federal e
Municípios, é dita
a) empresa autárquica.
b) sociedade de economia mista.
c) empresa pública.
d) empresa federativa.
e) empresa privada sob controle acionário estatal

25. (FCC/Analista Judiciário TRF 4ª Região/2010) No que se refere aos


órgãos públicos, é INCORRETO afirmar ser característica destes
(algumas não presentes em todos), dentre outras, o fato de que
a) não possuem personalidade jurídica e são resultado da
desconcentração.
b) podem firmar, por meio de seus administradores, contratos de
gestão com outros órgãos.
c) alguns possuem autonomia gerencial, orçamentária e financeira.
d) não possuem patrimônio próprio, mas integram a estrutura da
pessoa jurídica.
e) têm capacidade para representar em juízo a pessoa jurídica que
integram.

26. (FCC/Executivo Público Casa Civil/2010) É certo que, as Sociedades


de Economia Mista

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a) embora pertencendo à Administração direta, ostentam estrutura e
funcionamento de empresa particular.
b) não têm, por natureza, qualquer privilégio estatal, só auferindo as
prerrogativas administrativas, tributárias e processuais concedidas
especificamente na lei criadora ou em dispositivos especiais.
c) possuem capital exclusivamente privado e direção exclusiva do ente
estatal ao qual estão subordinadas.
d) somente podem ser instituídas pela União, pelos Estados, pelo
Distrito Federal, vedada a sua criação pelos Municípios.
e) têm como objeto a prestação de uma atividade econômica
empresarial, vedada a realização de atividade pública.

27. (FCC/Executivo Público Casa Civil/2010) No âmbito da organização


administrativa brasileira atual, as agências executivas
a) substituem as antigas autarquias e fundações e sociedades de
economia mista.
b) exercem funções normativas, fiscalizadoras e de adjudicação de
conflitos.
c) exercem funções administrativas de execução de serviço público de
forma direta.
d) são entidades que gozam de regime de autonomia administrativa
estável.
e) auxiliam os ministérios como órgãos formuladores de políticas
públicas.

28. (FCC/Executivo Público Casa Civil/2010) Ocorre a chamada


centralização administrativa quando o Estado executa suas tarefas por
meio
a) apenas de órgãos da Administração Direta com atuação em todo o
território nacional.
b) apenas de funcionários da Administração Direta concursados.
c) de órgãos e agências integrantes da Administração Direta e Indireta.
d) das agências executivas e fundações localizadas na sede do governo
federal.
e) dos órgãos e agentes integrantes da Administração Direta.

29. (FCC/Executivo Público Casa Civil/2010) A descentralização por


meio de delegação é efetivada quando o Estado

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a) cria uma entidade e a ela transfere, mediante previsão em lei,
determinado serviço público.
b) exerce o serviço público que está previsto no ato como atribuição
própria sua.
c) transfere, por contrato ou ato unilateral, unicamente a execução do
serviço.
d) realiza a transferência temporária da titularidade do serviço ao órgão
responsável.
e) delega competências, no âmbito de sua própria estrutura, a fim de
tornar mais ágil e eficiente a prestação dos serviços.

30. (FCC/Executivo Público Casa Civil/2010) A desconcentração


administrativa pressupõe
a) obrigatoriamente, a existência de uma só pessoa jurídica.
b) necessariamente, uma estrutura organizacional mais ágil e eficiente
na prestação dos serviços.
c) especialmente, a transferência da execução de um serviço a órgão da
Administração Indireta.
d) exclusivamente, a prestação de serviços pela Administração Direta.
e) a prestação concentrada de um serviço em uma pessoa jurídica que
não apresente divisões em sua estrutura interna.

31. (FCC/Executivo Público Casa Civil/2010) Com relação à natureza


dos órgãos públicos, considere:
I. Agências reguladoras são autarquias especiais, com personalidade
jurídica de direito privado e amplos poderes normativos.
II. As fundações são normalmente dotadas de personalidade jurídica de
direito privado, podendo, a critério do ente instituidor, assumir
personalidade de direito público.
III. As empresas públicas e as sociedades de economia mista devem ter
a forma de Sociedade Anônima ( S/A ), sendo reguladas, basicamente,
pela Lei das Sociedades por Ações ( Lei n° 6.404/1976 ).
IV. Empresas públicas, autarquias e sociedades de economia mista,
assim como as fundações públicas, só podem ser criadas por lei
específica.
V. As fundações instituídas ou mantidas pelo poder público têm
natureza de autarquia.
Está correto o que se afirma SOMENTE em
a) I, II e III.
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b) III, IV e V.
c) I e IV.
d) II e V.
e) II, III, IV e V.

32. (FCC/Analista SEFAZ SP/2010) A respeito do regime jurídico


aplicável às entidades integrantes da Administração indireta, é correto
afirmar que as
a) autarquias, fundações e sociedades de economia mista prestadoras
de serviço público sujeitam-se ao regime jurídico de direito público.
b) fundações instituídas e mantidas pelo poder público sujeitam-se ao
mesmo regime das autarquias, exceto no que diz respeito ao processo
seletivo de pessoal.
c) sociedades de economia mista sujeitam-se ao regime de direito
privado, inclusive no que diz respeito à legislação tributária e
trabalhista.
d) sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica
sujeitam-se ao mesmo regime das empresas privadas, exceto no que
diz respeito à matéria tributária.
e) autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo poder público
sujeitam-se ao regime de direito público, exceto no que diz respeito à
penhorabilidade de seus bens.

33. (FCC/Agente Técnico Legislativo ALSP/2010) O regime jurídico das


sociedades de economia mista que exploram atividade econômica é o
mesmo
a) das empresas privadas, inclusive no que diz respeito às obrigações
trabalhistas e tributárias, sujeitando-se, porém, aos princípios que
regem a Administração pública.
b) das entidades integrantes da administração direta, exceto no que diz
respeito aos contratos de trabalho, que se regem pela Consolidação das
Leis do Trabalho.
c) das empresas privadas, exceto no que diz respeito ao processo de
execução judicial de suas dívidas, em face da impenhorabilidade de
seus bens e rendas.
d) estabelecido na lei das sociedades anônimas, sendo vedado ao
acionista controlador orientar os negócios da companhia para fins
diversos da obtenção de lucro, sob pena de abuso de poder.

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e) das empresas privadas, exceto no que diz respeito às obrigações
tributárias, que são parcialmente afastadas em face da imunidade em
relação a impostos incidentes sobre seu patrimônio e renda.

34. (FCC/Analista Judiciário TRE AL/2010) Quando a Administração


Pública, diante da complexidade das atividades por ela desenvolvidas,
distribui competências, no âmbito de sua própria estrutura, a fim de
tornar mais ágil e eficiente a prestação dos serviços, ocorre a técnica
administrativa intitulada
a) descentralização.
b) desconcentração.
c) delegação.
d) privatização.
e) desburocratização.

35. (FCC/Analista Judiciário TRE AL/2010) Considere as seguintes


assertivas:
I. Os órgãos públicos são centros de competência instituídos para o
desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação
é imputada à pessoa jurídica a que pertencem.
II. No tocante a Administração Indireta, na descentralização
administrativa existe subordinação hierárquica entre a pessoa jurídica
incumbida do serviço público e a pessoa política instituidora.
III. Somente por Lei Específica poderá ser criada autarquia e autorizada
a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as
áreas de sua atuação.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I.
b) I e III.
c) II.
d) II e III.
e) III.

36. (FCC/Analista Judiciário TRE AL/2010) Doutrinariamente, quanto à


situação ou posição na estrutura administrativa, classificam-se os
órgãos em
a) autônomos e independentes.

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b) simples e compostos.
c) singulares e colegiados.
d) diretos e indiretos.
e) internos e externos.

37. (FCC/Analista Judiciário TRE AL/2010) Sobre as entidades políticas,


os órgãos e os agentes públicos, considere:
I. As empresas públicas e sociedades de economia mista não são
criadas por lei, mas, a sua instituição depende de autorização
legislativa.
II. Entidades estatais são pessoas jurídicas de Direito Público que
integram a estrutura constitucional do Estado, mas, não têm poderes
políticos nem administrativos.
III. Órgãos subalternos são os que exercem atribuições de mera
execução, sempre subordinados a vários níveis hierárquicos superiores.
IV. Órgãos públicos são centros de competência instituídos para o
desempenho de funções estatais, dotados de personalidade jurídica e
de vontade própria.
V. Agentes públicos são todas as pessoas físicas incumbidas, definitiva
ou transitoriamente, do exercício de alguma função estatal.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I, III e V.
b) I, II e IV.
c) III, IV e V.
d) III e IV.
e) IV e V.

38. (FCC/Analista Judiciário TRT 3ª Região/2010) A doutrina aponta


entre as principais características das agências reguladoras no
ordenamento jurídico brasileiro
a) a desvinculação das normas constitucionais aplicáveis aos entes da
Administração Pública, o que confere às agências maior grau de
autonomia e independência.
b) a personalidade de direito privado e a autonomia administrativa e
orçamentária.
c) a personalidade de direito público, com menor grau de autonomia
administrativa em relação às demais autarquias.

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d) a especialidade, a neutralidade, a independência e a competência
legislativa exclusiva para disciplinar a prestação do serviço público ou
atividade econômica sob sua fiscalização.
e) o regime jurídico especial, fixado na lei que a institui, garantindo
maior grau de autonomia administrativa e orçamentária que o conferido
às demais autarquias.

39. (FCC/Analista Judiciário TRT 7ª Região/2009) Aplicam-se às


autarquias, dentre outras regras e princípios, o seguinte:
a) Não têm direito a ação regressiva contra seus servidores culpados
por danos a terceiros.
b) Agem por delegação do Poder que a instituiu.
c) Gozam de imunidade de impostos sobre seu patrimônio, renda e
serviços vinculados às suas finalidades essenciais ou delas decorrentes.
d) Subordinam-se hierarquicamente à entidade estatal a que
pertencem.
e) Por gozarem de autonomia, seus contratos não estão sujeitos a
licitação.

40. (FCC/Analista Judiciário TJ PI/2009) Com relação à administração


pública indireta e suas entidades, considere:
I. A descentralização administrativa ocorre quando as atribuições que
os entes descentralizados exercem só têm o valor jurídico que lhes
empresta o ente central.
II. A fundação é pessoa jurídica de direito privado com capital
inteiramente público e organização sob qualquer das formas admitidas
em direito.
III. As autarquias, dentre outras características, são instituídas por
seus fundadores, possuem personalidade jurídica própria e não se
sujeitam a controle ou tutela, salvo se previsto em seus estatutos.
IV. A posição da fundação governamental privada perante o poder
público é a mesma das sociedades de economia mista e empresas
públicas.
V. O desempenho de atividade de natureza econômica e a personalidade
jurídica de direito privado são, além de outros, traços comuns entre
empresa pública e sociedade de economia mista.
É correto o que consta APENAS em
a) II e V.
b) II, III e IV.

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c) I, III e V.
d) II e III.
e) I, IV e V.

41. (FCC/Analista Judiciário TRE TO/2011) Considerando a


Organização Administrativa Brasileira, é correto afirmar que
a) a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios são
entidades estatais.
b) o Brasil é uma confederação formada pela união indissolúvel dos
Estados-membros, dos Municípios e do Distrito Federal
c) os poderes e competências dos Municípios são delimitados por ato do
Presidente da República.
d) as empresas públicas e as sociedades de economia mista integram a
administração direta da União, dos Estados-membros e dos Municípios.
e) Os Ministérios são órgãos autônomos, unipessoais, integrantes da
administração indireta, porém vinculados à Presidência da República

42. (FCC/Analista Judiciário TRE TO/2011) A repartição de funções


entre os vários órgãos de uma mesma pessoa jurídica da Administração
Pública é conceito de
a) desconcentração.
b) descentralização.
c) descentralização por serviços.
d) delegação de competência.
e) desmembramento.

43. (FCC/Analista Judiciário TRE AC/2010) A respeito das entidades


políticas e administrativas, considere:
I. Pessoas jurídicas de Direito Público que integram a estrutura
constitucional do Estado e têm poderes políticos e administrativos.
II. Pessoas jurídicas de Direito Público, de natureza meramente
administrativa, criadas por lei específica, para realização de atividades,
obras ou serviços descentralizados da entidade estatal que as criou.
III. Pessoas jurídicas de Direito Privado que, por lei, são autorizadas a
prestar serviços ou realizar atividades de interesse coletivo ou público,
mas não exclusivos do Estado.
Esses conceitos referem-se, respectivamente, a entidades
a) autárquicas, fundacionais e empresariais.
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b) estatais, autárquicas e paraestatais ou de cooperação.
c) estatais, paraestatais ou de cooperação e fundacionais.
d) paraestatais ou de cooperação, autárquicas e estatais.
e) estatais, empresariais e fundacionais.

44. (FCC/Analista TCM CE/2010) As sociedades de economia mista e as


empresas públicas
a) estão sujeitas ao mesmo regime jurídico das empresas privadas,
inclusive no que diz respeito a matéria tributária e trabalhista.
b) não estão submetidas aos princípios da Administração Pública,
exceto quando prestadoras de serviço público.
c) sujeitam-se ao regime jurídico de direito público, quando
prestadoras de serviço público, e ao regime de direito privado, quando
exploradoras de atividade econômica.
d) sujeitam-se ao mesmo regime jurídico das fundações públicas,
exceto no que diz respeito à matéria de pessoal.
e) estão sujeitas ao mesmo regime jurídico das empresas privadas,
exceto no que diz respeito a matéria tributária e trabalhista.

GABARITO

1) D 2) B 3) D 4) C 5) B

6) A 7) C 8) A 9) A 10) D

11) B 12) E 13) D 14) B 15) C

16) A 17) C 18) E 19)D 20) B

21) B 22) D 23) C 24) C 25) E

26) B 27) C 28) E 29) C 30) A

31) D 32) C 33) A 34) B 35) B

36) A 37) A 38) E 39) C 40) E

41) A 42) A 43) B 44) A

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QUESTÕES PARA FIXAÇÃO DO CONTEÚDO
1. (Técnico Judiciário/TRF 5ª 2008/FCC) Em conformidade com a
doutrina dominante e quanto à posição que ocupam na estrutura
estatal, os órgãos públicos classificam-se em
(A) singulares, colegiados superiores e inferiores.
(B) autônomos, superiores, inferiores e compostos.
(C) compostos, independentes, subalternos e singulares.
(D) compostos, colegiados, autônomos e superiores.
(E) independentes, autônomos, superiores e subalternos.

2. (Analista Judiciário/TRE PI 2009/FCC) Com relação à Administração


Pública, é correto afirmar que
(A) os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público serão
computados e acumulados para fins de concessão de acréscimos
ulteriores.
(B) é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço
público.
(C) a administração fazendária e seus servidores fiscais não terão,
dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência sobre os
demais setores administrativos.
(D) poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, somente por lei
específica, cabendo à lei ordinária, neste último caso, definir as áreas
de sua atuação.
(E) independe de autorização legislativa a criação de subsidiárias de
sociedade de economia mista, assim como a sua participação em
empresa privada.

3. (Analista Judiciário/TRT 16ª 2009/FCC) São traços distintivos entre


empresa pública e sociedade de economia mista:
(A) forma jurídica; composição do capital e foro processual.
(B) foro processual; forma de criação e objeto.
(C) composição de capital; regime jurídico e forma de criação.
(D) objeto; forma jurídica e regime jurídico.
(E) regime jurídico; objeto e foro processual.

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4. (Procurador Municipal /Pref.Municipal-SP 2008/FCC) As agências
reguladoras no Brasil por vezes são tratadas explicitamente na
legislação federal como "autoridades administrativas independentes".
Essa independência não exime a sujeição de seus atos ao controle
(A) do Poder Judiciário, inclusive no que concerne à análise de mérito,
excluídos o controle do Poder Legislativo e do Poder Executivo.
(B) do Poder Legislativo, porque exercem função normativa, excluídos o
controle do Poder Executivo e do Poder Judiciário.
(C) do Poder Executivo criador das agências, porque dele receberam
expressa delegação de parcela de poder, excluídos o controle do Poder
Judiciário e do Poder Legislativo.
(D) dos três Poderes do Estado, devendo compatibilizar sua atuação
com os mecanismos de controle previstos no ordenamento jurídico.
(E) do Poder Legislativo, exclusivamente no que concerne às
atribuições do Tribunal de Contas, excluídos o controle do Poder
Executivo e do Poder Judiciário.

5. (Especialista em Políticas/Estado de SP 2009/FCC) É correto afirmar:


(A) As agências reguladoras têm poder normativo, nos termos das leis
que as instituíram, e seus Dirigentes, mandatos fixos.
(B) Empresas Públicas são entidades da Administração indireta, criadas
por lei sob regime de Direito Público, para a finalidade de estimular a
concorrência.
(C) As sociedades de economia mista são criadas por lei e dissolvidas
mediante deliberação da Assembléia Geral.
(D) Organizações Sociais e Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público são associações civis sem fins lucrativos, às quais a
lei concede benefícios tributários e isenções fiscais para execução de
atividades de interesse coletivo.
(E) Serviços sociais autônomos são prestados por entidades privadas
por delegação do Poder Público, cabendo-lhes, inclusive, a fiscalização
de profissões regulamentadas.

6. (Técnico do Ministério Público/MRE SE 2009/FCC) Considere as


entidades abaixo relacionadas:
I. Sociedade de economia mista sob controle do Estado de Sergipe.
II. Fundação pública instituída pelo Estado de Sergipe.
III. Associação pública mantida entre a União e o Estado de Sergipe.
São integrantes da administração indireta do Estado de Sergipe as
entidades citadas nos itens
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(A) I, II e III.
(B) I, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) I e III, apenas.
(E) II e III, apenas.

7. (Técnico do Ministério Público/MRE SE 2009/FCC) Terá,


obrigatoriamente, personalidade jurídica de direito privado uma
(A) autarquia de regime especial.
(B) autarquia de regime comum.
(C) fundação pública.
(D) associação pública.
(E) sociedade de economia mista que exerça atividade econômica.

8. (Analista Judiciário/TRT 18ª Região 2008/FCC) Embora a


Administração Pública indireta seja constituída de entidades de direito
público e/ou de direito privado, é certo que elas têm alguns traços
comuns, dentre os quais se destaca que
(A) elas têm liberdade na fixação ou modificação de seus próprios fins.
(B) a sua criação nem sempre é feita ou autorizada por lei.
(C) a sua finalidade essencial é o lucro, que será distribuído dentre seus
funcionários/ou empregados.
(D) elas têm a possibilidade de se extinguirem pela própria vontade.
(E) todas têm personalidade jurídica própria, o que implica direitos e
obrigações definidas em lei.

9. (Auditor/TCE-AL 2008/FCC) Constitui norma comum e inerente ao


regime jurídico das autarquias, fundações públicas, empresas públicas
e sociedades de economia mista
(A) a imunidade tributária garantida pela Constituição, relativa aos
impostos sobre patrimônio, renda ou serviços.
(B) o controle das suas atuações por órgãos da Administração Direta,
nos limites da lei.
(C) o desempenho de atividade de natureza não econômica.
(D) a incidência do duplo grau de jurisdição, quando sejam partes em
processo judicial.

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(E) a instituição de sua personalidade jurídica por Decreto expedido
pelo chefe do Poder Executivo.

10. (Analista Judiciário/TRT 16ª 2009/FCC) Os objetivos do consórcio


público com personalidade jurídica de direito público são determinados
(A) unilateralmente pelo Estado ou Município que tiver maior população
em relação ao outro ou outros entes integrantes do Consórcio.
(B) pelo Governador do Estado em cujo território estão situados os
municípios que se consorciarem.
(C) pela lei federal que dispõe sobre normas gerais de contratação de
consórcios públicos.
(D) pelo Presidente da República no decreto que regulamenta a lei que
dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos.
(E) pelos entes da Federação que se associarem.

GABARITO

1) E 2) B 3) A 4) D 5) A

6) A 7) E 8) E 9) B 10) E

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