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Aspiração de vias aéreas

Profa Dra Rita de Cassia Gengo e Silva


Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica - EEUSP
Objetivos da aula
 Ao final desta aula, o estudante deverá ser capaz de:

 Discutir o conceito e métodos de aspiração as vias aéreas,

 Conhecer as indicações, contraindicações, riscos e complicações


do procedimento

 Descrever o material necessário, a técnica de aspiração e os


princípios de biossegurança relacionados ao procedimento
Aspiração das vias aéreas
 Retirada mecânica de secreções, sangue, vômito das vias aéreas de
pacientes que não conseguem removê-los de forma efetiva, para

 manter as vias aéreas permeáveis

 prevenir infecções

 promover trocas gasosas

 melhorar a oxigenação arterial

 melhorar a função pulmonar


Aspiração das vias aéreas

• Naso e orofaríngea
• remove secreções das VAS

• Naso/orotraqueal e endotraqueal
(TOT e traqueostomia)
• removem secreção das VA
inferiores
Objetivos da aspiração

Naso e Naso/orotraqueal e
orofaríngea endotraqueal

 Manter a higiene oral/nasal  Remover secreções

 Promover conforto ao paciente pulmonares nos pacientes que


não são capazes de tossir
 Remover sangue e vômito em
efetivamente para eliminá-las
situações de emergência
Aspiração das vias aéreas
 Procedimento comum em UTI

 Componente da terapia de higiene brônquica

 Pode ser realizada no paciente respirando com ou sem dispositivo


invasivo de acesso às vias aéreas

 Oferece riscos e pode resultar em complicações

 Realizada por fisioterapeutas, enfermeiros/técnicos de enfermagem


e médicos
Indicações
 Ausculta de ruídos adventícios (roncos, estertores)

 Movimentação audível de secreções durante a respiração

 Secreção visível no TOT

 Queda na saturação de oxigênio

 Aumento do pico da pressão inspiratória no VM

 Diminuição do volume corrente


Contraindicações
 Para aspiração nasofaríngea /traqueal

 Hemorragia nasal, obstrução nasal, traumatismo de face

 Para aspiração endotraqueal

 Não há contraindicações absolutas

 As contraindicações relativas se referem ao risco de o paciente


apresentar reações adversas ao procedimento ou piora da
condição clínica
Riscos e complicações
 Hipóxia / hipoxemia
 Trauma à mucosa da traqueia ou brônquica
 Broncoconstrição ou broncoespasmo
 ↑ colonização bacteriana das vias aéreas inferiores
 Mudanças no fluxo sanguíneo cerebral e ↑ da PIC
 Hiper ou hipotensão
 Arritmias cardíacas
 ...
Determinar a necessidade de aspiração
 Sinais subjetivos e objetivos de desconforto respiratório e/ou
de presença de secreção nas VA

 Nunca deve ser realizada como procedimento de rotina.


Sempre que possível estimular a tosse e fisioterapia
respiratória.
Aspiração do paciente não intubado
 Explicar o procedimento para o paciente e a necessidade da
aspiração
 Higienizar as mãos
 Providenciar o material
 Montar e testar o sistema de aspiração, definindo pressão para
sucção em até 120mmHg para adultos
 Elevar a cabeceira da cama. Colocar toalha de papel ou tecido sobre
o toráx do paciente
 Colocar EPI: máscara, avental e óculos de proteção.
Aspiração do paciente não intubado

 Abrir o pacote da sonda somente até a exposição da válvula de


sucção e conectar ao sistema de aspiração.

 Calçar luva estéril, a mão dominante não poderá entrar em contato


com materiais não estéreis
Aspiração do paciente não intubado

 Lubrificar a sonda de aspiração com


pequena quantidade de lidocaína estéril
ou soro fisiológico

 Introduzir a sonda em uma das narinas


com válvula aberta

 Realizar hiperextensão da cabeça, quando


possível
Aspiração do paciente não intubado

 Fechar a válvula de pressão da sonda com a mão não dominante, e


retirar a sonda das narinas, realizando movimentos circulares. Esse
procedimento não deve demorar mais do que 15 segundos

 Fornecer oxigênio por 15 a 30 segundos


Aspiração do paciente não intubado
 Repetir o procedimento, se necessário, por mais 1 ou 2 vezes.
Avaliar a pessoa durante a aspiração, em caso de laringoespasmo,
broncoespasmo ou cianose, interromper o procedimento
imediatamente e fornecer oxigênio.

 Após aspirar as narinas, lavar a sonda, aspirando a água destilada

 Em seguida, realizar a aspiração da cavidade oral

 Realizar higiene em narinas com gaze

 Desprezar o material
Aspiração do paciente não intubado
 Retirar as luvas

 Lavar as mãos

 Deixar a unidade do paciente em ordem

 Reavaliar as condições respiratórias do paciente, inclusive


ausculta respiratória

 Lavar as mãos

 Registrar
Métodos de aspiração endotraqueal
(paciente intubado)
 Segundo o tipo de sonda

 Aberta

 Desconexão do paciente do ventilador

 Fechada

 Sonda de aspiração é conectada ao circuito do ventilador, sem


necessidade de desconectar o paciente do ventilador
 O que se pensa a respeito:

 Sistemas fechados são caros

 O que fazer:
• É preferível realizar a aspiração sem desconectar o paciente
do ventilador
• Sugerida para adultos com ↑ FiO2 ou PEEP, em risco de
atelectasia e para neonatos
Métodos de aspiração endotraqueal
(paciente intubado)
 Segundo a profundidade de inserção da sonda de aspiração
 Profunda
 A sonda é inserida até que se encontre resistência
 Não é superior à aspiração superficial e está associada à maior
ocorrência de eventos adversos

 Superficial
 A sonda é inserida até uma profundidade pré-determinada,
normalmente, o comprimento da via aérea artificial, além do
adaptador
 Recomendada para prevenir trauma à mucosa traqueal
Aspiração endotraqueal (paciente intubado)
 Etapas do procedimento (AARC Clinical Practice Guidelines, 2010)

 Preparo

 Aspiração

 Cuidados pós-procedimento
Preparo para o procedimento
Preparo para o procedimento

 Diâmetro deve ser o menor possível

 Quanto maior o diâmetro, menor a pressão de aspiração

 O diâmetro da sonda não deve ocluir

 mais que 50% do lúmen do TOT em crianças e adultos

 mais que 70% do lúmen do TOT em bebês


 O que se pensa a respeito:

 A sonda deve ser capaz de produzir pressão negativa o


suficiente para remoção das secreções
 O que fazer :
 O diâmetro da sonda não deve
ocluir
 mais que 50% do lúmen do TOT
em crianças e adultos
 mais que 70% do lúmen do TOT
em bebês
Preparo para o procedimento

 Aspirador portátil ou rede de gases

 Extensão de borracha

 Frasco coletor (vidro ou plástico)

 Sonda de aspiração – selecionar o tamanho conforme idade e


compleição física do paciente (nº 12 para adultos)

 Bolsa de ressuscitação manual (ambu)

 Gazes e luvas estéreis


Preparo para o procedimento

 Toalha (papel ou tecido)

 Água destilada 100 ml

 Saco plástico (para proteção de extensão após aspiração)

 Saco coletor descartável

 Óculos protetor, se necessário

 Máscara
Preparo para o procedimento

 100% FiO2 para crianças e adultos por 30 a 60 segundos


antes da aspiração
 ↑ 10% da FiO2 basal em neonatos

Como?
 Ajuste da FiO2 no VM
 A ventilação manual não se mostrou efetiva
Preparo para o procedimento

 Deve ser realizada antes de conectar/inserir a sonda no TOT e


antes de cada aspiração

 Pressão de sucção deve ser o menor possível e efetiva para


remover as secreções

 Pressão negativa

 Adultos: < 120 mmHg

 Neonatos: 80 – 100 mmHg


Preparo para o procedimento

 Durante e após o procedimento

 Serve de base para avaliar alterações induzidas pelo procedimento

 Ruídos respiratórios

 Saturação de O2 (coloração da pele, oximetria de pulso)

 Frequência e padrão respiratório

 Parâmetros hemodinâmicos (incluindo ECG, se indicado e


disponível)
Preparo para o procedimento

 Características da secreção (cor, odor, quantidade,


consistência)

 Características da tosse

 PIC, se indicada e disponível

 Parâmetros do VM (pressão inspiratória, volume corrente,


FiO2)
Aspiração endotraqueal (paciente intubado)
 Etapas do procedimento (AARC Clinical Practice Guidelines, 2010)

 Preparo

 Aspiração

 Cuidados pós-procedimento
Aspiração
 Explicar o procedimento para o paciente e a necessidade da
aspiração

 Higienizar as mãos

 Colocar EPI: avental, máscara e óculos de proteção

 Abrir o invólucro, expondo-a em sua extremidade distal e


conectá-la ao y (se a sonda não possuir este dispositivo),
mantendo-a protegida até o momento de uso
Aspiração
 Calçar as luvas estéreis (a mão dominante a partir de agora
somente poderá entrar em contato com materiais
esterilizados)

 Ligar o aspirador (pressão máxima de 120mmHg)

 Retirar a sonda do invólucro (cuidado para não contaminar),


segurando-a com a mão dominante

 Hiperoxigenar o paciente
Aspiração
 Desconectar o ventilador do paciente, assegurando-se que o cuff da
cânula traqueal esteja insuflado
 Introduzir a sonda de aspiração (profunda ou superficial) na cânula
num movimento único na fase inspiratória e sem ocluir o orifício
livre do y
 Recuar a sonda alguns centímetros
 Ocluir o orifício livre do intermediário em y com o polegar da mão
não dominante, simultaneamente à retirada da sonda em
movimentos giratórios – a duração de cada evento não deve
ultrapassar 15 segundos
Aspiração
 Conectar o paciente ao ventilardor e hiperoxigenar
 Repetir o procedimento quantas vezes forem necessárias
 Ao final, retornar o ventilador aos parâmetros basais e avaliar as
condições clínicas do paciente
 Lavar a extensão de látex aspirando a água do frasco
 Realizar a aspiração do nariz
 Lavar a extensão de látex aspirando a água do frasco
 Realizar aspiração da boca
 Lavar a extensão de látex aspirando a água do frasco
Aspiração
 Retirar as luvas, recolher todo o material utilizado, mantendo a
ordem na unidade do paciente

 Lavar as mãos

 Reavaliar as condições respiratórias do paciente, inclusive


ausculta respiratória

 Lavar as mãos

 Registrar
 O que se pensa a respeito:

 Lúmen interno do TOT reduz após alguns dias da intubação

 O que fazer :

 A aspiração somente deve ser realizada quando


clinicamente indicada para manter a VA pérvia
 O que se pensa a respeito:

 O evento de aspiração causa alterações hemodinâmicas,


hipoxemia, aumenta a PIC, etc

 O que fazer :

 Cada aspiração não deve ultrapassar 15 segundos

 Após cada aspiração, hiperoxigenar o paciente

 Repetir o procedimento tantas vezes quantas forem


necessárias
 O que se pensa a respeito:

 Pode ajudar a desprender secreções

 Pode acarretar danos ao paciente

 O que fazer :

 A hiperinsuflação manual está indicada em pacientes com


acúmulo de secreção traqueobrônquica
 O que se pensa a respeito:

 Pode desprender secreção

 Aumenta a quantidade de secreção removida

 Facilita a remoção de secreções espessas


 O que fazer:

 SF0,9% parece facilitar a saída de secreção por meio da


estimulação da tosse

 Não parece ter benefícios para o paciente

 Pode acarretar riscos


 O que se pensa a respeito:

 A aspiração intermitente causa menos invaginação da mucos


para dentro da sonda

 O que fazer:

 Durante o procedimento deve-se realizar a aspiração de


forma contínua
Aspiração endotraqueal (paciente intubado)
 Etapas do procedimento (AARC Clinical Practice Guidelines, 2010)

 Preparo

 Aspiração

 Cuidados pós-procedimento
Cuidados pós procedimento
 Hiperoxigenar o paciente durante 1 minuto

 100% FiO2 para crianças e adultos

 ↑ 10% da FiO2 basal em neonatos

 Hiperventilação não deve ser rotina

 As manobras de recrutamento alveolar podem ser realizadas


para os pacientes que têm clara indicação

 Monitorar o paciente com relação aos riscos e complicações


Como avaliar o resultado do procedimento
 Melhora na aparência dos gráficos mostrados no VM e nos
ruídos respiratórios

 Melhora nos parâmetros gasométricos e da oximetria de pulso

 Remoção da secreção pulmonar


Referências
 AARC Clinical Practice Guidelines. Endotracheal Suctioning of Mechanically
Ventilated Patients With Artificial Airways 2010. Respir Care
2010;55(6):758 –764.
 Overend TJ, Anderson CM, Brooks D, Cicutto L, Keim M, McAuslan D,
Nonoyama M. Updating the evidence base for suctioning adult patients: a
systematic review. Can Respir J. 2009;16(3):e6-e17.
 Pedersen CM, Rosendahl-Nielsen M, Hjermind J, Egerod I. Endotracheal
suctioning of the adult intubated patient—–What is the ev idence?
Intensive and Critical Care Nursing (2009) 25, 21—30.
 III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica. Fisioterapia no paciente em
ventilação mecânica. J Bras Pneumol. 2007;33(Supl 2):S 142-S 150.

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