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Comparação:

Revolução “Derruba Mubarak” - Egito


Manifestações 2013 Passe-Livre – Brasil

Na sexta-feira de 11 de Fevereiro de 2011, Omar Suleiman, vice do ditador


Hosni Mubarak, anuncia através da TV a renuncia do ditador egípcio ao poder
diante dos tempos difíceis que o pais atravessava. Milhares, se não milhões de
cidadãos egípcios foram às ruas insatisfeitos com a violência policial, leis
de estado de exceção, o desemprego, o desejo de aumentar o salário mínimo,
falta de moradia, inflação, corrupção, falta de liberdade de expressão, más
condições de vida e fatores demográficos estruturais. Quando houve a
renuncia o povo clamava “O Egito está livre, o Egito está livre. O país está livre
após décadas de repressão.”. Os assuntos do Estado seriam dirigidos pelo
Conselho das Forças Armadas, ainda que soubessem que não eram uma
alternativa legitima diante do povo. Mubarak ainda tentou continuar no poder
até Setembro, sendo protegido pelo exército com quatro tanques contra as
manifestações e o povo que tentava convencer o exercito se unirem a eles.
“Vamos, o que estão esperando? Sua lealdade pertence a Mubarak ou ao
Egito?” clamava o manifestante. Na Praça de Tahrir, clérigos mulçumanos
comparavam as manifestações à luta de Moises contra o Faraó.

Todo o clamor popular, toda a manifestação mostram a voz e a vontade do


povo. Mostra que com um povo unido, formado, disposto a lutar por uma
causa, seja ela qual for, conseguindo seu objetivo. Mostra o quanto a voz
numerosa do povo muda a situação de um país. Muito se assemelha ao que
aconteceu no Brasil, com o movimento do Passe Livre e suas manifestações
que ocorreram em Junho e Julho de 2013. Foi a maior manifestação feita
desde o impeachment do então presidente Fernando Color de Melo. Teve seu
estopim com o aumento da tarifa do transporte público, o tal dos “Não são só
vinte centavos”. Em todas as manifestações houve repressão da policia,
respondia pelos militantes com o grito “Sem violência!”, mesmo que em vão,
mostrava a face pacifica do movimento. Apesar da maioria passiva, haviam os
chamados “black blocks”, um grupo que tumultua, destrói, age com violência
em sua atividade dentro da manifestação. Esse ardor é muito parecido com o
dos “riots” no Reino Unido, a manifestação violenta é comum em tempos de
revolta, o que é muito usado pela mídia para tratar as atividades de forma
negativa e para policiais, como ocorreu no Brasil, poderem se infiltrar, cometer
o tipo de banalidade que fosse e culpar as manifestações sem ser reconhecido,
justificando a truculência da policia depois. Logo no início das manifestações, a
mídia teve todo seu cuidado sensacionalista para tratar como uma
manifestação de “vagabundos”, de gente que não tem o que fazer, trabalho que
sempre foi conhecida por fazer, na tentativa de fazer o movimento perder força
e de perder o apoio popular.

Toda a manifestação cumpriu seu objetivo principal: Fazer com que fosse
retirado os 20 centavos que haviam sido adicionados na tarifa do transporte
público. Após a conquista, aos poucos foi perdendo seu foco e sua força. O
próprio MPL (Movimento Passe-Livre) já havia se retirado, mas as
movimentações ainda iam pra rua. Até “tomar” o telhado do Palácio do
Congresso Nacional em Brasília os manifestantes conseguiram. Foi o ápice da
voz popular, que assim como no Egito, mostrou a força de um povo unido.

São claras as similaridades entre os dois movimentos: Um povo insatisfeito que


vai para rua exigir seu direito, atingindo no coletivo o principal desses objetivos,
trazendo a mudança que tanto queriam. O povo unido luta contra o governo,
tendo suas manifestações de forma violenta ou pacifica, ambos sofreram
repressão militar e policial, mas continuaram firmes a sua vontade e sua
ideologia. Mas o que difere ambos os movimentos são seus efeitos após
cumprir o objetivo. No Egito, a saída de Hosni significou o passo em direção a
Democracia e a prosperidade de uma nação. Já no Brasil, perdeu-se o foco,
embora o aumento da passagem tivesse sido retirado, houve um aumento
massivo no preço da gasolina, o povo não mais foi a rua, não se manifestou
durante a Copa do Mundo, que tantos eram contrários devido aos gastos e o
roubo nas verbas para construção de estádios, aeroportos, etc...

Embora pareça que as manifestações foram em vão, elas deram forças para
outros movimentos como o MTST, dos sem teto e os movimentos de classe,
dando força à revolta das bases contra os próprios sindicatos, como o caso dos
rodoviários. Mas a classe média saiu da rua, a mesma que em 2013 parava
avenidas e tomava o Palácio do Governo, hoje se encontra em clima de
insatisfação e de duvida, como mostra o indicie de 30% dos eleitores que
tendem a votar nulo ou em branco, mostrando o desencantamento do brasileiro
em relação a política. Há também a queda nos índices de aprovação do povo
em relação a candidata Dilma Rousseff, caindo de 65% em Março de 2013,
para 33% em Junho de 2014. Apesar dos dados, os efeitos das manifestações
são incertos, afinal a candidata está no segundo turno na disputa presidencial.
Resta esperar o resultado da eleição para saber se a mesma classe média que
estava na rua, os que clamaram as mudanças, irá manter o mesmo poder ou
tentarão a mudança através da politica.

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