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07/10/2019 Leninismo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Leninismo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O termo leninismo é utilizado para designar a corrente política surgida
pelo rompimento político com o economicismo da social-democracia
europeia no começo do século XX. Apesar de levar o nome de seu principal
fundador, o leninismo também carrega contribuições de revolucionários
como Grigory Zinoviev (por formular junto com Lenin a teoria do
desenvolvimento desigual) e Lev Kamenev.

Lenin procurou adaptar a teoria marxista do século XIX à realidade do


século XX e foi um dos principais teóricos marxistas e o principal líder da
Revolução Bolchevique de 1917, na Rússia.

Após a Revolução de Outubro de 1917, o leninismo foi a versão dominante


do marxismo na Rússia, e em seguida, a ideologia oficial do estado na
República Socialista Federativa Soviética Russa (RSFSR), antes de sua
fusão unitária para a União Soviética (URSS), em 1922.[1] Além disso, no
período pós-Lenin na Rússia, Josef Stalin integrou o leninismo na Pintura de Lenin no Instituto Smolny
economia marxista, e desenvolveu o marxismo-leninismo, que, em seguida,
tornou-se a ideologia de Estado da URSS.[2]

Índice
Adaptação do marxismo ao período imperialista
Autodeterminação nacional
Principais características
Críticas
Referências
Ligações externas
Bibliografia

Adaptação do marxismo ao período imperialista


Karl Marx defendia a revolução do proletariado contra a burguesia, a tomada do poder e a construção de uma
sociedade comunista. Marx dizia que isto só seria possível em um país onde o capitalismo já estivesse em um estágio
avançado e onde o operariado, trabalhadores da indústria, tivesse uma mentalidade revolucionária. Essas concepções
vinham do fato de que apenas num país onde o proletariado adquirisse uma consciência revolucionária, poder-se-ia
concretizar o levante que criaria a ditadura do proletariado.

A Segunda Internacional, organização herdeira do marxismo e liderada por Karl Kautsky, defendia uma linha
economicista, na qual a contínua luta da classe trabalhadora por melhores salários e condições de trabalho levá-los-ia
a uma consciência revolucionária. Para os países atrasados, o kautskismo defendia o etapismo, no qual uma revolução
liderada pela burguesia nacional, estabeleceria a condição prévia para uma revolução proletária num futuro incerto.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Leninismo 1/4
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A formulação de Lenin das leis do período histórico do imperialismo, no qual a maioria dos países são explorados por
alguns poucos (imperialistas), combate essa concepção de evolução capitalista igual de todos os países do mundo. Este
pensamento está expresso principalmente no livro Imperialismo: Fase Superior do Capitalismo. Para ele, essa linha
não se aplicaria aos países de industrialização tardia, onde apenas o proletariado poderia cumprir as tarefas antes
designadas como da revolução burguesa, como a reforma agrária, o fim do imperialismo, as condições básicas de
educação, saúde, etc. Da mesma forma, combatia a visão da social democracia, na qual a rotina da classe operária em
suas lutas econômicas poderia determinar uma consciência revolucionária de maneira objetiva. Para Lenin, adquirir
essa consciência revolucionária dependia de um fator subjetivo, a intervenção do partido revolucionário nas massas.

De certa forma, Lenin resolve um problema que Marx deixa em aberto. No modo de produção capitalista, a classe
trabalhadora é condicionada a uma progressiva alienação de suas potencialidades, tanto pelo papel no qual é forçada a
se enquadrar no trabalho (alienação do trabalho intelectual), quanto pelos meios de comunicação, pelas religiões, etc.
Um partido composto por toda a classe trabalhadora, no formato dos partidos da Segunda Internacional, tendia, em
momentos de contra-revolução, a adquirir um caráter rebaixado, que reproduzia a alienação de grande parte da classe.
Foi o que aconteceu na Primeira Guerra Mundial, na qual todos os partidos social-democratas da Europa se voltaram
para o campo nacional para apoiar suas burguesias, esquecendo-se do internacionalismo operário e caindo num
nacionalismo chauvinista típico de uma influência burguesa na classe operária.

A solução de Lenin foi a constituição de um partido centralizado, baseado na defesa de um programa revolucionário,
no qual só seria permitida a entrada mediante concordância básica com esse programa e captação para o partido
apenas dos elementos mais avançados da classe trabalhadora e da vanguarda que a compõe. Esse centralismo deveria
se refletir em todas as intervenções públicas externas deste partido. Apesar de parecer restritivo e anti-democrático, o
centralismo se contrapunha com uma característica interna democrática, na qual a disputa entre diferentes tendências
era livre pelo controle da linha geral do partido em seus congressos, fóruns e plenárias. Uma vez decidida a posição de
maioria dentro do partido, entretanto, todos os seus membros (mesmo os de minoria) devem defender publicamente
apenas a concepção dominante. Esse tipo de funcionamento é aquele que serve para melhor combater a influência de
ideologias burguesas e pequeno-burguesas entre a classe operária, evitando conflitos de pontos de vista partidários
fora dos fóruns do partido.

Como na maioria dos períodos anteriores à Revolução este partido não representaria a opinião da maior parte da
classe operária e seria composto sempre por uma ínfima parcela desta, era necessário intervir em inúmeros meios de
debate, lutas por reformas e outras oportunidades que possibilitassem ao partido influenciar a consciência das classe
para a Revolução. Essa tática ganhou o nome de frente única e geralmente reúne tanto o partido revolucionário quanto
os partidos reformistas como os da social-democracia. Nesses campos, o partido leninista disputa a liderança dos
trabalhadores com outras linhas políticas, o que também lhe permite recrutar novos membros. Dentre algumas frentes
únicas estão os sindicatos, as eleições do Estado burguês e mesmo os sovietes(conselhos operários) que em momentos
revolucionários são a forma operária de exercer o poder de Estado.

Autodeterminação nacional
Lenin reconheceu e aceitou a existência do nacionalismo entre os povos oprimidos, defendendo os seus direitos
nacionais à autodeterminação, e se opôs ao chauvinismo étnico da "Grande Rússia", porque tal etnocentrismo era um
obstáculo cultural ao estabelecimento da ditadura do proletariado nos territórios do deposto Império Russo
Czarista.[3][4] Na sua obra Direito das Nações à Autodeterminação (1914), Lênin citou:[5]

Lutamos contra os privilégios e violência do país opressor, e de forma alguma esqueceremos os esforços por
parte da nação oprimida... O nacionalismo burguês de qualquer nação oprimida tem um conteúdo democrático
que é dirigido contra a opressão, e é este o conteúdo que apoiamos incondicionalmente... Pode uma nação ser
livre se ela oprime outros povos? Não pode

https://pt.wikipedia.org/wiki/Leninismo 2/4
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As filosofias internacionalistas do bolchevismo e do marxismo são baseadas em luta de classes que transcende o
nacionalismo, o etnocentrismo e religião, que são obstáculos intelectuais à consciência de classe, pois as classes
dominantes burguesas manipulam o cultural status quo para dividir politicamente a proletária classe trabalhadora.
Para superar a barreira política do nacionalismo, Lênin disse que era necessário reconhecer a existência de
nacionalismo entre os povos oprimidos, e para garantir a sua independência nacional, como o direito de secessão, e
que, com base na autodeterminação nacional, era natural que Estados socialistas transcendessem o nacionalismo e
formassem uma federação.[6]

Principais características
Dessa forma, as principais características do leninismo podem ser resumidas a seguir:

1. Polêmica com a ala "economicista" da social democracia, a partir da defesa de uma intervenção no movimento
de massas que fosse além das demandas econômicas, pois só assim a consciência do proletariado poderia
atingir caráter revolucionário;
2. Defesa de um partido que interviesse de maneira centralizada em todos os espaços de discussão e militância do
proletariado (o centralismo democrático);
3. Compreensão da fase Imperialista do capitalismo como sua época de decadência (teoria do desenvolvimento
desigual); e
4. As consequências práticas dessa época para o caráter da revolução nos países de industrialização tardia e
hiper-tardia (desenvolvidas em 1917, nas Teses de Abril).
Tanto o ponto "1" como o "2" foram levantados por Lenin no II Congresso do Partido Operário Social-Democrata
Russo (POSDR), em 1903. Foi nesse congresso que se deu o histórico "racha" do POSDR nas frações menchevique
(minoritária, representada pela ala que perdeu o debate encabeçado por Lenin) e bolchevique (majoritária,
representada pela ala vitoriosa). Esses dois pontos caracterizaram um importante avanço para o marxismo e foi a
defesa dos mesmos que permitiu que os bolcheviques não se degenerassem em 1914 em uma corrente "social-
nacionalista", como ocorreu com boa parte da social-democracia.

Críticas
Em A Questão das Nacionalidades na Revolução Russa (1918), Rosa Luxemburgo criticou os bolcheviques e suas
políticas por: sua supressão da Assembléia Constituinte de Toda a Rússia (janeiro de 1918); a partição das
propriedades feudais para as comunas camponesas; e o direito à autodeterminação de todos os povos nacionais da
Rússia. Como marxista, Luxemburgo disse que os erros estratégicos (geopolíticos) dos bolcheviques criariam grandes
perigos para a Revolução Russa, como a burocratização que surgiria para administrar o país de grande porte que era a
Rússia bolchevique.[7] Em defesa dos expedientes da prática revolucionária, em Esquerdismo, Doença Infantil do
Comunismo, Lenin criticou os pontos políticos e ideológicos de críticos anti-bolcheviques que reivindicavam posições
ideologicamente corretas que estavam à esquerda.

Na filosofia marxista, o termo esquerda comunista identifica uma série de perspectivas políticas comunistas que são a
esquerda entre os comunistas. O comunismo de esquerda critica as ideias políticas que o Partido Bolchevique praticou
em certos períodos de sua história como um partido revolucionário de vanguarda. Ideologicamente, a perspectiva da
esquerda comunista é apresentada como mais autenticamente marxista e orientada ao proletariado do que a ideologia
leninista da Internacional Comunista, em seus primeiros congressos (1919) e segundo (1920). Os defensores da
esquerda comunista incluem Amadeo Bordiga, Herman Gorter, Anton Pannekoek, Otto Rühle, Sylvia Pankhurst e Paul
Mattick.[8]

Noam Chomsky ("The Soviet Union Versus Socialism", 1986) disse que o stalinismo não era um desvio ideológico das
políticas de Lenin, mas uma extensão lógica do leninismo. O modelo soviético resultante do comunismo na Rússia
apresentava um sistema político que organizava o trabalho pela coletivização e aplicava a lei com um estado policial,
continuamente apoiado com uma ideologia política totalitária.[9][10]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Leninismo 3/4
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Referências
1. The New Fontana Dictionary of Modern Thought Third Edition (1999) p. 476–477
2. Ver: The Questions of Leninism de Stalin
3. Lenin, V.I. (1914) The Right of Nations to Self-Determination, from Lenin’s Collected Works, Progress Publishers,
1972, Moscow, Volume 20, pp. 393-454. Ver em at:http://marxists.org/archive/lenin/works/1914/self-det/index.htm
(acessado em 2 janeiro 2013)
4. Harding, Neil (ed.) The State in Socialist Society, second edition (1984) St. Antony's College: Oxford, p. 189.
5. Lenin, V.I. (1914) The Right of Nations to Self-Determination, Chapter 4: 4. “Practicality” in The National Question;
from Lenin’s Collected Works, Progress Publishers, 1972, Moscow, Volume 20, pp. 393–454. Ver em:
http://marxists.org/archive/lenin/works/1914/self-det/index.htm (acessado em 2 janeiro 2013)
6. Lewin, Moshe. Lenin’s Last Struggle (1969)
7. «The Nationalities Question in the Russian Revolution (Rosa Luxemburg, 1918)» (http://libcom.org/library/nationali
ties-question-in-the-russian-revolution-luxemburg). Libcom.org (em inglês). 11 de julho de 2006. Consultado em 1
de agosto de 2017
8. "The 'Advance Without Authority': Post-modernism, Libertarian Socialism and Intellectuals" by Chamsy Ojeili,
Democracy & Nature vol.7, no.3, 2001.
9. Merritt Miner, Steven (11 de maio de 2003). «The Other Killing Machine» (https://www.nytimes.com/2003/05/11/bo
oks/the-other-killing-machine.html?pagewanted=all&src=pm). The New York Times (em inglês). Consultado em 1
de agosto de 2017
10. Chomsky, Noam (1986). «The Soviet Union Versus Socialism» (http://www.chomsky.info/articles/1986----.htm) (em
inglês). Our Generation. Consultado em 1 de agosto de 2017

Ligações externas
Vladimir Lenin (https://www.marxists.org/portugues/lenin/index.htm) (em português) no Arquivo Marxista na
Internet

Bibliografia
Arquivo das obras de Lênin (https://www.marxists.org/archive/lenin/works/1916/imp-hsc/)

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